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Pedro Silva - As Cartas de Abelardo e Heloísa, Entre Paixão e Razão (Artigo) PDF
Pedro Silva - As Cartas de Abelardo e Heloísa, Entre Paixão e Razão (Artigo) PDF
Introdução
Passaram-se quase nove séculos do romance entre Abelardo e Heloísa. A história
do affair se assemelha a muitas outras aventuras amorosas: a atração, o envolvimento, o
flagrante, a gravidez inesperada, o casamento secreto, a separação dos amantes, a
punição imposta ao sedutor e, por fim, o recolhimento de ambos na vida monástica. Fim
trágico. Mas talvez muito próximo, guardadas as devidas proporções, de outros tantos
romances legados pela história.
Fosse somente por conta dos elementos elencados acima, provavelmente em nada
esse romance se destacasse de tantos outros. Mas há motivos que o fazem único.
Motivos estes que tem recebido a atenção de estudiosos de vários ramos da ciência:
filósofos, literatos, cientistas sociais, historiadores, etc. Sejam quais forem os interesses
e as motivações dos estudiosos, é certo que o romance retratado nas cartas proporciona
o conhecimento de um modo de se compreender a relação entre razão e paixão, além de
oferecer um excelente retrato de época.
As Cartas
As origens do romance foram legadas pelo próprio Abelardo em sua Historia
Calamitatum (História das minhas calamidades), escrita provavelmente em 1132. Com
a intenção de confortar um amigo anônimo que passava por provações, Abelardo narra,
numa espécie de autobiografia, suas próprias desventuras, pois assim aquele ao
comparar suas provações a deste, poderia sentir-se consolado ante as vicissitudes da
vida. A Historia Calamitatum pode ser vista como uma autêntica apologia pro vita sua
ou como um astuto exercício de romance histórico, pois este documento definiu,
inevitavelmente, a percepção do caráter e da personalidade de Abelardo.
Tal texto faz parte de uma coletânea de cartas que compõe a correspondência, que
inclui ainda: uma Consolatio (carta de Heloísa a Abelardo, escrita depois que esta
tomou conhecimento da Historia Calamitatum); uma série de três cartas (de Abelardo a
Heloísa; de Heloísa a Abelardo e novamente de Abelardo a Heloísa); outras três cartas
escritas por Abelardo para orientar Heloísa e demais religiosas sob sua direção no culto
2
divino no mosteiro do Parácleto; por fim, uma regra também escrita por Abelardo para a
organização da vida religiosa das monjas sob a autoridade da abadessa Heloísa.
Quanto à datação e o contexto das cartas, as datas mais prováveis são os anos de
1132 a 1137. Heloísa, já no mosteiro do Parácleto, após a História das Minhas
Calamidades chegar às suas mãos, escreve a Abelardo reclamando uma atenção deste
que dispõe de tempo para escrever a um amigo, mas negligencia no cuidado necessário
à orientação das religiosas que reuniu e que lhe são como filhas. Abelardo, por sua vez,
em 1132, era abade no mosteiro de São Gildas, onde passou por outras provações
devido à vida corrupta que os monges, sob sua administração, cultivavam.
Com relação à autenticidade das cartas, parece fora de contestação a autoria da
História das Minhas Calamidades – disso não se segue, necessariamente, que Abelardo
apresenta um relato factual e objetivo da sua experiência ou das suas relações com
Heloísa. As demais cartas, sobretudo as que são atribuídas à Heloísa, foram motivo de
inúmeras controvérsias e, até hoje, não há um consenso sobre tal. Apesar das recentes
pesquisas1 realizadas após a publicação do primoroso estudo de Gilson, este ainda
continua se colocando como muito plausível:
A história do Romance
Em linhas gerais, a história se passa do seguinte modo. Abelardo, por volta de
1115, então com 36 anos aproximadamente, gozava de excelente reputação como
professor em Paris, ao mesmo tempo em que já angariava certas inimizades resultantes
de sua postura intrépida frente a seus antigos mestres, notadamente Guilherme de
Champeaux e Anselmo de Laon. Apesar de ter abandonado completamente a corte de
Marte para se recolher no regaço de Minerva e ter preferido a dialética e seu arsenal em
1
WETHERBEE, 2004, p. 46-7, menciona David Luscombe e Peter Dronke como dois recentes estudiosos
que reforçam a autenticidade das cartas.
2
GILSON, 2007, p. 196.
3
3
ABELARDO, EP I, 2002, p. 30. Considerando que a tradução aqui utilizada diz respeito ao conjunto das
cartas: CORRESPONDÊNCIA DE ABELARDO E HELOISA. Apresentação de Paul Zumthor e
Tradução de Luciana Martins. São Paulo: Martins Fontes, 2000; adotar-se-á a seguinte regra: EP I
(Epístola I), para a Historia Calamitatum, de Abelardo; EP II, de Heloísa para Abelardo; EP III, de
Abelardo para Heloísa; EP IV, de Heloísa para Abelardo e EP V, de Abelardo para Heloísa,
conservando-se, na sequência, o ano e a página da referida fonte.
4
ABELARDO, EP I, 2002, p. 39.
5
Ibidem, p. 41.
6
ABELARD, 1971, p. 20.
7
ABELARDO, EP V, 2002, p. 140.
4
Pelo que segue, as lições entre os enamorados não tardaram a ignorar os livros e
se voltar aos prazeres amorosos, de modo que quanto mais experimentavam esses
prazeres, mas os prolongavam fervorosamente. Nas palavras de Le Goff, “entre o
mestre e a aluna é o amor à primeira vista: comércio intelectual, sem demora comércio
carnal8”. Heloísa é demasiado jovem, muito inocente e extremamente enamorada para
compreender que a chegada de Abelardo sob seu teto é o resultado de cálculos bastante
mesquinhos e que a ele não anima um sentimento da qualidade do dela9.
A situação ficou insustentável. Afirma Abelardo que a paixão voluptuosa que
sentiu o tomou completamente, de modo que negligenciou a filosofia e abandonou sua
escola, causando várias queixas de seus alunos10. Aquele Abelardo racionalista,
dialético, intrépido e beligerante havia baixado a guarda para os prazeres da carne.
Os cursos e os estudos, até então suas únicas paixões, há muito não o entretinham
mais. Pelo contrário, entediavam-no e fatigavam-no. Seu único prazer estava em
entreter-se com Heloísa e em escrever versos cantando a beleza da amada. “Em lugar de
comentar Aristóteles e a Bíblia, ele compõe canções em honra a Heloísa. Enfim, de
filósofo e teólogo, torna-se poeta, e ele próprio tinha bastante discernimento para não
considerar essa mudança como um progresso11”
Tal mudança repentina no comportamento de Abelardo não passaria muito tempo
despercebida. Primeiro os alunos e, apesar da proximidade com os acontecimentos, só
bem depois Fulberto. Recordando São Jerônimo, o qual afirma que “somos sempre os
últimos a conhecer as chagas de nossa casa e, enquanto todos os vizinhos se riem dos
vícios dos nossos filhos, das nossas esposas, somente nós os ignoramos 12”, Abelardo
sabia que não tardaria para que a verdade viesse à tona. A consequência do escândalo
foi a separação dos corpos, o que fez com que os corações se aproximassem ainda mais.
Pouco tempo após a descoberta do mal feito, Heloísa escreve a Abelardo
comunicando-o da gravidez. Abelardo, por sua vez, aproveita a ausência de Fulberto e
resolve raptar Heloísa e enviá-la para a casa da irmã dele, na Bretanha, onde nasceria
Astrolábio. Quando o tio da jovem toma ciência do seu rapto, aflige-se a ponto de beirar
à loucura. Abelardo decide então procurá-lo, prometendo reparar sua ação desposando
Heloísa com a única condição de que o casamento fosse mantido em segredo.
8
LE GOFF, 2003, p. 63.
9
Cf. PERNOUD, 1973, p. 55.
10
ABELARDO, EP I, 2002, p. 42.
11
GILSON, 2007, p. 34.
12
ABELARDO, EP I, 2002, p. 42.
5
Assim, para Abelardo o que está em jogo é a aparência que pretendia ostentar de
um estado de vida superior, conforme as concepções de Sêneca e São Jerônimo.
Ressalte-se que Heloísa, ao saber da promessa feita por Abelardo para reparar o mal
causado à imagem de Fulberto, reprovou tal intenção de Abelardo e tentou dissuadi-lo
do feito.
Heloísa sabia que seu tio não se daria por satisfeito com tal ato reparador. Além
disso, aceitar tal situação implicaria em duas ocasiões igualmente nocivas a Abelardo: o
perigo que este corria e a desonra que não deixaria de atrair contra ele. Além disso, ela
estava convicta de que o mundo exigiria dela uma explicação por obscurecer luminar
tão grande14. Ademais, a glória de Abelardo seria a glória de Heloísa. A desonra de
Abelardo, seria a desonra de Heloísa.
De nada adiantaram os argumentos de Heloísa. O casamento se fez como
Abelardo queria e naquilo que era possível. Casaram-se na presença de Fulberto e de
alguns amigos dos nubentes. Na esteira dos acontecimentos, a separação do casal é
novamente imposta, interrompida senão por alguns furtivos encontros.
Como já previsto por Heloísa e, aliás, invocado por ela como argumento contrário
à realização das núpcias, Fulberto, sempre que a ocasião permitia, tornava público o
casamento, violando o juramento de mantê-lo na confidencialidade. Heloísa, por sua
vez, sabendo da intenção de seu tio em prejudicar a reputação de Abelardo pela
divulgação do casamento, negava o ocorrido e protestava peremptoriamente. Tais
13
GILSON, 2007, p. 60. Necessário dizer que o termo clérigo no século XII designa todo estudante, de
modo que não é uma ordem religiosa e por isso, o clérigo não estava impedido de contrair matrimônio,
mas uma vez casado, não poderia casar-se novamente. O que ocorre é que um clérigo casado é visto como
incontinenti e, portanto, não vive um estado de perfeição.
14
Cf. ABELARDO, EP I, 2002, p. 44-5.
6
atitudes da moça lhe custaram o sofrimento de maus tratos por parte de seu tio. Diante
disso, Abelardo não hesitou em enviar Heloísa a um mosteiro próximo de Paris.
Frente a essa atitude de Abelardo, Fulberto sente-se vítima de um engodo: entende
que Abelardo enviara Heloísa para o convento para se livrar dela. Não tardou para que a
vingança de Fulberto fosse concretizada. Nestes termos descreve Abelardo o castigo
imputado a ele:
A vergonha sentida por Abelardo, ele nos diz, foi maior do que a dor causada pela
própria mutilação16. Ele, a glória de Paris, o cavaleiro da dialética, o mais ilustre dos
professores e o mais livre dos amantes, vê-se arruinado em toda sua carreira. Não
encontraria mais coragem para sua atividade docente, pois sua vergonha certamente
seria motivo de muitos risos e desrespeito diante do alunado – afinal, é sabido que os
espaços escolares são também lugares onde os gracejos e as traquinagens ocorrem com
frequência17 - assim como não dispunha mais das condições que a vivência do amor
torna necessária.
As duas paixões de Abelardo estariam impossibilitadas: nem a glória das escolas,
nem os prazeres de Heloísa. Que paixão mais poderia prendê-lo a esse mundo? Sua
decisão é resoluta: retirar-se do mundo, refugiar-se no mosteiro.
15
ABELARDO, EP I, 2002, p. 50.
16
ABELARDO, EP I, 2002, p. 51.
17
Le Goff, ao tratar dos goliardos e da vagabundagem intelectual no século XII, é incisivo em afirmar que
os goliardos, por exemplo, “representam o maior escândalo para os espíritos tradicionais. LE GOFF,
2003, p. 47-52.
18
GILSON, 2007, p. 35.
7
(é provável que ela tivesse na época entre 17 e 18 anos), também sofrerá infortúnios de
várias ordens.
Abelardo, que é criticado por seus opositores como extremamente racionalista,
como alguém que julgava a razão humana capaz de compreender tudo o que é Deus e,
consequentemente, esvaziar a verdade da fé cristã19, no princípio do romance assume tal
postura, desejando apenas a satisfação sexual com Heloísa20. O amor não o motiva, mas
apenas o prazer. Mas por que Heloísa e não antes uma meretriz?
Abelardo afirma que não apreciava o “comércio grosseiro das prostitutas 21”. Ao
mesmo tempo, declara que mantinha uma vida casta antes de envolver-se com Heloísa 22.
Pode-se invocar como argumento a favor de tais afirmações o fato de que Abelardo
exigiu que o casamento fosse secreto porque desejava continuar ostentando uma vida
superior, ou seja, uma vida que não desfrutasse dos prazeres libidinosos.
Assim, Heloísa reunia qualidades além daquelas necessárias à satisfação sexual de
Abelardo. Ela representava um novo desafio que ele, no auge da sua presunção, tinha de
conquistar e o qual julgava que não lhe seria tarefa nada difícil, pois que brilhava pela
reputação, juventude e beleza, e julgava que não havia mulher junto a quem seu amor
temesse recusa23.
A fama de Heloísa era conhecida por muitos. Pedro, o Venerável, que acolheu
Abelardo em Cluny quando este marchava em direção à sede do catolicismo com
intenções de reverter a sentença imposta pelo concílio de Sens em 1140, testemunha a
admiração que devotava à jovem amante de Abelardo:
19
“Petrus Abaelardus christianae fidei meritum evacuare nititur, dum totum quod Deus est, humana
ratione arbitratur se posse comprehendere”. SANCTI BERNARDI Abbatis Clarae-Vallensis, Epistola
Cxci ad Innocentium ex Persona Domini Archiepiscopi Remensis. Patrologiae Latina tomo CLXXXII, col
337.
20
“Meu amor, que nos arrastou a ambos no pecado, chamemo-lo de concupiscência, não de amor”.
ABELARDO, EP V, 2002, p. 147.
21
ABELARDO, EP I, 2002, p. 39.
22
Cf. ABELARDO, EP I, 2002, p. 42.
23
Idem, ibidem.
24
Pedro, o Venerável, Epístola XXVIII, Patrologia Latina, t. 189, col. 347ss. IN: GILSON, 2007, p. 148.
8
25
GILSON, 2007, p. 32.
26
PERNOUD, 1973, p. 55.
27
HELOÍSA, EP II, 2002, p. 95.
28
GILSON, 2007, p. 117.
9
vida de um filósofo, confessa que preferiria ser uma meretriz a ser esposa de Abelardo e
motivo de sua ruína:
É verdade que Heloísa sofreu muito, e sofreu por Abelardo, mas duas coisas
ao menos são certas: que ela faria novamente dez vezes aquilo que fez, com o
risco de subir dez vezes o mesmo calvário, e que experimentaria como a pior
injúria se se desejasse engrandecê-la rebaixando Abelardo32.
29
HELOÍSA, EP II, 2002, p. 95.
30
Pela instituição sacramental do casamento, um passa a ter direito sobre o corpo do outro, de modo que
não somente Heloísa não poderia ter direito sobre Abelardo, porque este estava impossibilitado de atender
às exigências das relações conjugais, como também a própria Heloísa desejava uma vida para ambos
compatível àquela ideologia que se tinha acerca do estilo de vida dos intelectuais.
31
HELOÍSA, EP IV, 2002, p. 121.
32
GILSON, 2007, p. 27.
10
Conclusão
O dramático romance entre Abelardo e Heloísa, legado pelas cartas que
escreveram, figura como um dos mais belos textos em que o amor cortês se manifesta.
Paixão e razão não se dissociam no caso de Abelardo e Heloísa. Abelardo, se
inicialmente se deixa envolver no romance por interesses meramente libidinosos, não
muito depois dá mostras de amor por Heloísa, ainda que ao seu modo e não
necessariamente ao modo que Heloísa esperava e como muitos leitores gostariam de
encontrar – mas às vezes é necessário assistir a essa trama como expectador e não como
diretor que pretende mudar o roteiro.
Heloísa, por sua vez, encarnou o amor. Dedicou sua vida toda a esse sentimento
que nutria por Abelardo. Não se lhe opôs em momento algum, pois mesmo no episódio
33
Cf. nota 19 supra. Ressalte-se que nessa carta, supostamente a última de Abelardo a Heloísa de cunho
pessoal, Abelardo assume diante de Heloísa toda a culpa das desventuras que sofreram e se mostra
conformado com a sorte que teve.
11
do casamento, atendeu à vontade dele. Amou Abelardo por ele mesmo, sem esperar
nada em troca, nenhum reconhecimento qualquer. Nem mesmo o de Deus ao ingressar
na vida religiosa, pois ela é taxativa em afirmar que Deus não a poderia recompensar
por algo que fez somente pelo amor de Abelardo34, não obstante sua vida como abadessa
ter sido elogiada por muitos de seus contemporâneos como de grande piedade.
Heloísa não esconde nada: tudo o que pensa e sente, explicita nas cartas. Seu amor
por Abelardo, sua conversão e até sua piedade religiosa, ela o disse, não passavam de
hipocrisia, de modo que o hábito religioso (vestimenta) não poderia suplantar o hábito 35
da religiosa.
Abelardo e Heloísa experimentaram com intensidade os sofrimentos impostos
pelas vicissitudes de suas vidas marcadas pela paixão e pela razão. Apesar disso e talvez
por causa disso, entregaram-se vivamente a esse romance imortalizado na história e na
literatura.
Desse modo, pode-se concluir com Gilson afirmando que
[...] a paixão que devia dominar a vida inteira de Heloísa parece ter sido total
desde o início. Essa paixão não devia, aliás, tardar a ganhar o próprio sedutor.
Pois, após a sedução de Heloísa, Abelardo não é mais o frio calculista que
fora inicialmente. Esses dois amantes foram amantes felizes36.
Referências
34
HELOÍSA, EP IV, p. 99.
35
A propósito da distinção entre o hábito como vestimenta e o hábito como simulação (hipocrisia), cf. o
interessante artigo de: FINDLEY, 2006, pp. 248-275.
36
GILSON, 2007, p. 34.
12
ABELARD, Peter. Ethics. An edition with introduction english translation and notes by
D. E. Luscombe. Oxford University Press, 1971.
FINDLEY, Brooke Heidenreich. Dos the Habit Make the Nun? A Case Study of
Heloise’s Influence on Abelard’s Ethical Philosophy. Vivarium, 44, 2-3. Leiden:
Koninklijke Brill NV, 2006, p. 248-275.
GILSON, Étienne. Heloísa e Abelardo. Tradução Henrique Ré. São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo, 2007.
PEDRO, O VENERÁVEL. Epístola XXVIII, Patrologia Latina, t. 189, col. 347ss. IN:
GILSON, Étienne. Heloísa e Abelardo. Tradução Henrique Ré. São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo, 2007.