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Educação

Postural
no Campo
Programa Qualidade de Vida

Saúde no Campo | Educação Postural 1


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Programa Qualidade de Vida


Curso Educação Postural no Campo

Presidente do Conselho Deliberativo


João Martins da Silva Júnior

Entidades integrantes do Conselho Deliberativo


Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA
Confederação dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG
Ministério do Trabalho e Emprego – MTE
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA
Ministério da Educação – MEC
Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB
Agroindústrias/indicação da Confederação Nacional da Indústria – CNI

Secretário Executivo do SENAR


Daniel Klüppel Carrara

Chefe do Departamento de Educação Profissional e Promoção Social


Andréa Barbosa Alves
Noções gerais de saúde
(ergonomia) e segurança do
trabalho
Módulo 1

Neste módulo, serão abordados os aspectos básicos


sobre segurança do trabalho nas atividades rurais, os
fundamentos da ergonomia e as principais disposições
da NR-31 para que você reconheça a importância da
aplicação de medidas ergonômicas para a preservação de
sua saúde e a melhora da produtividade.

Antes eu achava que realizar higiene básica e respeitar


a natureza eram suficientes. Só depois que fiquei de
repouso por um mês por conta de má postura ao tirar
leite foi que busquei informações consistentes e percebi
Fonte: Istockphoto que os detalhes fazem toda a diferença em nossa vida no
campo.

Ao final deste módulo, você será capaz de:

■■ identificar os aspectos básicos da segurança do trabalho nas atividades rurais e sua importân-
cia para a preservação da saúde do trabalhador rural;

■■ reconhecer a importância da ergonomia para o trabalho rural;

■■ compreender as principais disposições da Norma Regulamentadora (NR-31) relacionadas à


ergonomia.

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Aula 1

A segurança do trabalho nas atividades rurais

Nesta aula, vamos conhecer alguns aspectos básicos da


segurança do trabalho e entender como eles podem ser
aplicados no meio rural. O objetivo é que você entenda o
que ganha quando realiza as atividades rurais de forma
segura e organizada.

Siga em frente!

Fonte: Istockphoto

A produção agrícola e a segurança do trabalho


O século XX ficou caracterizado por um intenso e contínuo processo de mudanças tecnológicas e or-
ganizacionais que atingiram diretamente a produção agrícola, acarretando grandes transformações
nos processos e nas relações de trabalho, bem como o aumento da produtividade.

Com relação às alterações tecnológicas, três delas se destacam:


Fonte: Shutterstock

Mecanização de diversas atividades


agrícolas e a consequente
Mecanização agrícola substituição da mão de obra pela
maquinaria.

A introdução dos agroquímicos no


Fonte: Shutterstock

campo, em especial os agrotóxicos,


Uso de agroquímicos começou em 1930, e sua utilização
se intensificou a partir da Segunda
Guerra Mundial.
Fonte: Shutterstock

A introdução da biotecnologia
com a produção dos organismos
Biotecnologia geneticamente modificados - mais
conhecidos como “transgênicos”.

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A “modernização agrícola” tem gerado aumento de produtividade, mas também tem trazido proble-
mas à saúde física e mental dos trabalhadores rurais pelo aumento do número de fatores de risco
aos quais eles se expõem.

Sendo assim, a implementação de medidas de segurança do trabalho no setor agrícola faz-se cada
vez mais necessária para a preservação da saúde dos trabalhadores rurais, da melhora da produtivi-
dade e do menor custo operacional.

Riscos no trabalho rural


No trabalho agrícola é comum muito esforço físico, posturas penosas por longos períodos, condi-
ções ambientais desfavoráveis, exposição a produtos químicos e jornadas prolongadas de trabalho.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho – OIT, as atividades


laborais que mais matam são: agricultura, mineração, construção e pes-
ca comercial. Por isso foi criada, em 2005, a Norma Regulamentadora de
Segurança e Saúde do Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura,
Exploração Florestal e Aquicultura – NR-31, do Ministério do Trabalho e
Emprego – MTE.

Veremos mais sobre a NR-31 na Aula 3 deste módulo.

Fonte: Istockphoto

Confira, a seguir, os principais riscos aos quais o trabalhador rural está exposto no desenvolvimento
de suas atividades no campo.

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Fonte: Shutterstock
Acidentes com animais peçonhentos como cobras, aranhas e escorpiões são os mais comuns.
Acontecem ainda com taturanas, abelhas, vespas, marimbondos etc.

Fonte: Shutterstock

Exposição a agentes infecciosos e parasitários que provocam doenças como a esquistossomose (xistose),
a malária etc.

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Fonte: Shutterstock
Exposição ao sol por longos períodos, sem realizar pausas e cuidados com a alimentação e a hidratação
necessárias, pode causar uma série de problemas à saúde, tais como cãibras, desmaios, exaustão por
calor, envelhecimento precoce e câncer de pele.

Fonte: Shutterstock

Exposição a ruídos e vibração durante o uso de equipamentos como motosserras, colhedeiras, tratores
etc. O ruído pode provocar perda lenta e progressiva da audição, fadiga, irritabilidade, aumento da pressão
arterial, distúrbios do sono, dentre outros. Já a exposição à vibração ocasiona desconforto geral, dor nas
costas e problemas de coluna.

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Fonte: Shutterstock
A exposição a partículas de grãos armazenados, ácaros, pólen, detritos de origem animal, componentes de
células de bactérias e fungos provoca doenças respiratórias, com destaque para a asma ocupacional e as
pneumonites por hipersensibilização.

Fonte: Shutterstock

A divisão e o ritmo intenso de trabalho, condição particularmente observada em trabalhadores rurais


assalariados (como, por exemplo, os que executam atividades de colheita de cana, flores, café etc.),
têm ocasionado o surgimento da LER/DORT – Lesão por Esforço Repetitivo/Doença Osteomuscular
Relacionada com o Trabalho.

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Fonte: Shutterstock
Exposição prolongada a fertilizantes e agrotóxicos, que podem causar intoxicações graves e mortais. As
intoxicações registradas têm sido consideradas acidentais, envolvendo produtos do grupo dos fosfatos,
sais de potássio e nitratos, sendo a maior parte de substâncias cancerígenas.

Para melhor controle dos riscos, é importante identificá-los e avaliá-los, mapeando as classes. A
seguir está, veremos a classificação dos principais riscos ocupacionais divididos por grupos e cada
um possui uma cor correspondente.

Grupo Grupo

01 Riscos Físicos: 02 Riscos Químicos:


- Ruídos. - Poeira.
- Vibrações. - Fumos.
- Radiações ionizantes. - Névoas.
- Frio. - Neblinas.
- Calor. - Gases.
- Pressões anormais. - Vapores.
- Umidade. - Substâncias.
- Compostos ou
produtos químicos.

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Grupo Grupo

03 Riscos Biológicos: 04 Riscos Ergonômicos:


- Vírus. - Esforço físico intenso.
- Bactérias. - Levantamento e transporte
- Protozoários. manual de peso.
- Fungos. - Exigência de postura inadequada.
- Parasitas. - Controle rígido de produtividade.
- Bacilos. - Jornadas de trabalho prolongadas.
- Imposição de ritmos excessivos.
- Trabalho em turno e noturno.
- Monotonia e repetitividade.
- Outras situações causadoras de
estresse físico e/ou psíquico.
Grupo

05 Riscos de Acidentes:
- Arranjo físico inadequado.
- Máquinas e equipamentos
sem proteção.
- Ferramentas inadequadas
ou defeituosas.
- Eletricidade.
- Iluminação inadequada.
- Probabilidade de
incêndio ou explosão.
- Armazenamento inadequado.
- Outras situações de risco
que poderão contribuir para a
ocorrência de acidentes.

Fonte: Adaptado de Segurança do Trabalho – NWN (http://segurancadotrabalhonwn.com/riscos-ocupacionais/)

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Você prestou bastante atenção nas informações sobre a
classificação dos riscos?

Os prejuízos que os acidentes de trabalho podem trazer


vão desde interrupções da produção, danos materiais,
atraso na execução do trabalho até diminuição do
rendimento durante a substituição de trabalhadores.

Trabalhar com um trator, por exemplo, em condições ruins


e por um período prolongado, pode causar desgaste na
coluna vertebral resultando em hérnias ou lombalgias.
Fonte: Istockphoto

Medidas de segurança no trabalho rural


Várias medidas de controle de riscos são propostas pela segurança do trabalho e pela ergonomia,
no sentido de tornar o trabalho no campo menos prejudicial à saúde do trabalhador, diminuindo o
índice de acidentes.

Desse modo, essas medidas de segurança devem ser propostas a partir de uma criteriosa identifi-
cação dos fatores de risco. Confira algumas dessas medidas:

■■ introdução de pausas para descanso ou mudanças de atividade;


■■ rodízio de trabalhadores de diferentes tarefas;
■■ capacitação da mão de obra;
■■ adequação de máquinas e equipamentos;
■■ sinalização de segurança nos postos de trabalho agrícola;
■■ disponibilização pelos empregadores dos EPIs específicos e adequados às tarefas;
■■ adequação de posturas e movimentos durante a realização das atividades;
■■ planejamento da frequência de movimentos de trabalho, diminuindo os gestos repetitivos nas
atividades rurais;
■■ realização de ginástica laboral para favorecer a melhora das condições física e psicológica do
trabalhador.

EPIs: Equipamentos de Proteção Individual

A implementação de medidas de segurança do trabalho em atividades


rurais busca, além do bem-estar do trabalhador, maior produtividade
e menor custo de produção, resultantes da realização do trabalho com
satisfação e eficiência.

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Aula 2

Conceitos básicos sobre ergonomia

Você sabia que existe uma área da ciência que estuda


e desenvolve práticas e cuidados direcionados a você
para a realização de suas atividades diárias com mais
conforto, saúde e segurança?

Essa área é chamada de ergonomia, importante no dia a


dia e em diversos setores, inclusive nas atividades rurais.

Vamos começar!

Fonte: Istockphoto

Veja algumas atividades que realizamos no nosso dia a dia e perceba que nem sempre damos muita
importância para a postura.

Pegar objeto no alto

❌ ✓
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Sentar no computador

❌ ✓
Carregando sacola

❌ ✓
Saúde no Campo | Educação Postural 12
Levantar objetos pesados

❌ ✓
Fonte: Adaptado de Saúde - IG (http://saude.ig.com.br/bemestar/2011-12-05/certo-e-errado-nas-posturas-do-dia-a-dia.
html)

Você prestou atenção nas posturas corretas e incorretas?


Você procura corrigir a postura enquanto está realizando
essas atividades?

Espero que sim!

Para nos ajudar a entender a importância de utilizar


a melhor postura no dia a dia, vamos saber o que é
ergonomia. Acompanhe!

Fonte: Istockphoto

Saúde no Campo | Educação Postural 13


Ergonomia é uma palavra de origem grega, sendo que
o termo ergos refere-se a trabalho e nomos às leis,
normas e regras. Trata-se de um estudo sobre as ati-
vidades que desempenhamos no nosso dia a dia, seja
em casa ou no ambiente de trabalho, que verifica al-
Fonte: Shutterstock

gumas condições, como excesso de calor, ritmo ace-


lerado das atividades, posturas incorretas, esforços
repetitivos, uso inadequado de equipamentos, entre
outras.

A partir do estudo sobre as causas e as consequências dessas condições de trabalho, são propos-
tas medidas ergonômicas que visam melhorar a postura do trabalhador no momento em que está
realizando determinada atividade. É possível adequar máquinas e equipamentos, e também diminuir
o ritmo das atividades, os movimentos repetitivos e os esforços em excesso inserindo pausas du-
rante a jornada de trabalho, por exemplo.

Saiba mais

Para saber mais sobre ergonomia, leia o livro A evolução histórica da ergonomia no mundo
e seus pioneiros, disponível na Biblioteca do curso no Ambiente de Estudos.

Objetivos da ergonomia

■■ adaptar os trabalhadores, dentro de suas habilidades, às novas tecnologias;

■■ identificar, analisar e diminuir riscos


como ruídos, calor excessivo, vibra-
ção, posturas incorretas e força ex-
cessiva;

■■ adequar os locais de trabalho, res-


peitando as características do tra-
balhador;

■■ proporcionar aos trabalhadores jor-


nadas de trabalho menos exausti-
vas e com pausas, respeitando seus
Fonte: Shutterstock

limites físicos e psicológicos;

■■ melhorar a motivação do trabalha-


dor, o que aumenta a sua satisfação
e, consequentemente, a sua produ-
tividade.

Saúde no Campo | Educação Postural 14


A ergonomia no trabalho rural
A ergonomia pode ser aplicada em diversas atividades do nosso cotidiano, sejam elas domésticas
ou de lazer, e também em muitos setores, como nas indústrias, nas fábricas e na agropecuária.

Como vimos na aula anterior, a OIT (Organização Internacional do Trabalho) aponta a atividade agrí-
cola como uma das categorias de trabalho mais perigosas e insalubres. Alguns pesquisadores da
área também concordam e afirmam:

“Na agricultura, os trabalhadores costumam realizar um conjunto de atividades que exigem elevados
esforços que compõem a rotina de trabalho, como longas caminhadas com carregamento de peso,
que costumam acompanhar a vida dos agricultores desde a infância até a velhice.” (MONTEIRO;
ADISSI, 2000).

Entre as características que levam a essa constatação, temos:

■■ trabalho sob as mais diferentes condições ambientais, como frio, calor, presença de ruído, vi-
brações mecânicas e outras;

■■ operação de grande variedade de máquinas e equipamentos, nem sempre dotados dos itens de
segurança necessários;

■■ tarefas dispersas, com elevada exigência energética e muscular;

■■ treinamento precário;

■■ jornadas extensas;

■■ indistinção entre os ambientes familiar e de trabalho.

Fonte: Shutterstock

Saúde no Campo | Educação Postural 15


Aula 3

NR-31 e suas principais disposições


relacionadas à ergonomia

Agora vamos conhecer a Norma Regulamentadora


– NR-31, responsável por reger o planejamento e o
desenvolvimento do trabalho agrícola com saúde e
segurança.

São determinações relacionadas à ergonomia e aos


direitos, deveres e atribuições dos empregados e
empregadores para a realização de atividades rurais.

Siga em frente!
Fonte: Istockphoto

A evolução da agricultura e a NR-31


A modernização da agricultura trouxe grandes mudanças no processo produtivo. Antes, ele era ba-
seado na mão de obra de trabalhadores que realizavam todo o trabalho manualmente e com tração
animal.

No Brasil, desde a década de 1970, vêm sendo introduzidas máquinas e equipamentos para subs-
tituir o trabalho manual nas propriedades rurais. Em paralelo, os equipamentos químicos e mecâ-
nicos fizeram surgir novas funções na agricultura, desencadeando outras tarefas e operações. Os
trabalhadores também foram expostos a riscos até então inexistentes ou pouco significativos no
contexto da época.

Porém, em 1988, a Constituição Federal resguardou os trabalhadores rurais em relação a alguns


direitos, conforme citado a seguir:

CAPÍTULO I
Dos Direitos e Art. 5.º Todos são iguais perante a lei,
Deveres Individuais sem distinção de qualquer natureza.
e Coletivos

Art. 7.º (*) São direitos dos trabalhadores


urbanos e rurais:
CAPÍTULO II XXII - redução dos riscos inerentes ao
Dos Direitos Sociais trabalho, por meio de normas de saúde,
higiene e segurança.

Saúde no Campo | Educação Postural 16


Com base nesses direitos descritos na Constituição, foi organizada a Norma Regulamentadora Ru-
ral (NRR) de 1988, já pensando na saúde e segurança do trabalhador.

Em virtude do crescimento mundial de proteção ao trabalhador e como parte integrante do órgão


internacional que regula o trabalho - OIT, o Brasil se associou às normas internacionais.

Em 2005, a Norma Regulamentadora 31 (NR-31) entrou em vigor, substituindo a NRR de 1988 citada
anteriormente, passando a regulamentar de forma mais abrangente a segurança e saúde do traba-
lhador na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura.

Estão presentes na NR-31 as seguintes temáticas:

01. Campos de aplicação, obrigações 10. Ferramentas manuais.


e responsabilidades.
11. Máquinas, equipamentos e
02. Serviço especializado em implementos.
segurança e saúde do trabalho
rural (SESTR). 12. Secadores.

03. Comissão interna de prevenção 13. Silos.


de acidentes do trabalho rural
(CIPATR). 14. Acessos e vias de circulação.

04. Controle da saúde dos 15. Transporte de trabalhadores.


trabalhadores.
16. Transporte de cargas.
05. Medidas de proteção pessoal.
17. Trabalho com animais.
06. Agrotóxicos.

07. Comissões permanentes de 18. Fatores climáticos e topográficos.


segurança e saúde no trabalho
19. Edificações rurais.
rural.
20. Instalações elétricas.
08. Meio ambiente e resíduos.

09. Ergonomia. 21. Áreas de vivência.

Fonte: Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais – ABIOVE (http://www.abiove.com.br/palestras/pales-


tra_sojaplus_nr31.pdf)

A finalidade da NR-31 é orientar empregadores e trabalhadores quanto


à segurança e à saúde no trabalho rural. O empregador é responsável
por garantir as condições adequadas de trabalho segundo as normas
emitidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego – MTE. Já o trabalhador
deve cooperar na aplicação das normas, adotando as medidas de
proteção indicadas pelo empregador.

Saúde no Campo | Educação Postural 17


Objetivo da norma
A NR-31 tem por objetivo estabelecer os preceitos a serem observados na organização e no ambien-
te de trabalho, de forma a tornar compatíveis o planejamento e o desenvolvimento das atividades
de agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura com a segurança e a saúde
(NR-31, item 31.1.).

Principais disposições
A seguir, estão algumas disposições da NR-31 para que você identifique os principais pontos rela-
cionados à implementação da ergonomia e aos direitos e deveres de empregados e empregadores
quanto ao cumprimento da norma:

Esta Norma Regulamentadora se aplica a quaisquer atividades de agricultura,


Item 31.2.1 pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura, verificadas as formas de
relações de trabalho e emprego e o local das atividades.

Esta Norma Regulamentadora também se aplica às atividades de exploração


Item 31.2.2 industrial desenvolvidas em estabelecimentos agrários.

Compete à Secretaria de Inspeção do Trabalho – SIT, por meio do Departamento de


Item 31.3.1 Segurança e Saúde no Trabalho – DSST, definir, coordenar, orientar e implementar a
política nacional em segurança e saúde no trabalho rural.

Direitos e deveres de empregados e empregadores

Zelar pela saúde e pela segurança no trabalho rural é dever de todos os


envolvidos no processo produtivo, desde o empregador até o
trabalhador rural.

Saúde no Campo | Educação Postural 18


Sendo assim:

Cabe ao empregador rural ou equiparado (item 31.3.3)

■■ garantir condições adequadas de trabalho, higiene e conforto para todos os trabalhadores,


segundo as especificidades de cada atividade;

■■ realizar avaliações de riscos e adotar medidas de prevenção e proteção no ambiente de traba-


lho e no uso de máquinas e equipamentos;

■■ assegurar a divulgação de direitos, deveres e obrigações que os trabalhadores devem conhe-


cer relacionados à segurança e à saúde no trabalho.

É direito do trabalhador rural (item 31.3.4)

■■ realizar suas atividades em ambiente de trabalho seguro e saudável;

■■ escolher sua representação* em matéria de segurança e saúde;

■■ interromper o serviço em caso de risco iminente;

■■ receber instruções sobre segurança e saúde, bem como orientação para atuar no processo de
implementação das medidas de prevenção que serão adotadas pelo empregador.

*Essa representação refere-se à Comissão Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho Rural, que deve
ser criada e coordenada pelo empregador que possui no mínimo 20 empregados. Para saber mais consulte
as disposições da NR-31 a partir do item 31.7.

Cabe ao trabalhador rural (item 31.3.)

■■ colaborar com a empresa na aplicação da NR-31 e cumprir as determinações sobre as for-


mas seguras de desenvolver suas atividades, especialmente quanto às ordens de serviço para
esse fim;

■■ adotar as medidas de proteção determinadas pelo empregador, em conformidade com a NR-


31. Caso contrário, o empregado poderá ser penalizado.

Sobre capacitação dos trabalhadores


Para que a legislação seja cumprida e para que os trabalhadores saibam realizar as atividades com
a postura correta, capacitar é essencial.

Saúde no Campo | Educação Postural 19


No item 31.8.8.3 consta que são considerados válidos os programas de capacitação que seguem os
critérios estabelecidos pela NR-31. Dentre as entidades devidamente regulamentadas que oferecem
programas de capacitação, estão:

■■ órgãos e serviços oficiais de extensão rural;

■■ instituições de ensino de níveis médio e superior em ciências agrárias;

■■ Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR;

■■ entidades sindicais;

■■ associações de produtores rurais;

■■ cooperativas de produção agropecuária ou florestal;

■■ associações de profissionais.

A norma também garante ao empregador escolher quaisquer um desses estabelecimentos para


realizar a capacitação necessária.

Sobre ergonomia
A ergonomia é tratada na NR-31 a partir do item 31.10 e abrange as seguintes informações:

■■ o empregador deve adotar princípios ergonômicos que visem à adaptação das condições de
trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores e realizar treinamentos para os
trabalhadores que orientem sobre as técnicas e os métodos mais indicados para a execução
das atividades;

■■ para as atividades que exigem maior esforço físico, como, por exemplo, transporte e levanta-
mento de carga, devem ser incluídas pausas para descanso e outras medidas que preservem a
saúde do trabalhador;

■■ o levantamento e o transporte manual de carga com peso que possa comprometer a saúde do
trabalhador são proibidos;

■■ o transporte e a descarga de materiais feitos por impulsão ou tração de vagonetes sobre trilhos,
carros de mão ou qualquer outro aparelho mecânico deverão ser executados de forma que o
esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com suas saúde, segurança e capaci-
dade de força;

■■ todas as máquinas, equipamentos, implementos, mobiliários e ferramentas devem proporcio-


nar ao trabalhador condições de boa postura, visualização, movimentação e operação;

■■ para as atividades que forem realizadas necessariamente em pé, devem ser garantidas pausas
para descanso.

Saúde no Campo | Educação Postural 20


Saiba mais

Você pode conferir a NR-31 completa na Biblioteca do curso no Ambiente de Estudos.

A realização do trabalho rural com mais conforto, saúde


e segurança pode acontecer, desde que as disposições
relacionadas na NR-31 sejam cumpridas tanto pelo
empregador quanto pelo empregado.

Fonte: Istockphoto

Saúde no Campo | Educação Postural 21


Vamos relembrar?

Olá! Espero que você esteja gostando do curso!

Que tal relembrar rapidamente o que vimos neste


módulo?

Na primeira aula estudamos os aspectos básicos da


segurança do trabalho e sua aplicação no meio rural. São
eles que permitem a realização das nossas atividades no
campo de forma mais segura e organizada.

Já na segunda aula conhecemos o conceito, o objetivo e a


importância da ergonomia, lembra?!
Fonte: Istockphoto
A ergonomia é uma área da ciência que estuda e
desenvolve práticas e cuidados direcionados ao
trabalhador. Tudo isso para realizarmos nossas atividades
diárias com mais conforto, saúde e segurança.

E por fim, na última aula, conhecemos as principais


proposições da NR-31. Esta é a Norma Regulamentadora
que trata da ergonomia e das atribuições de empregados
e empregadores na realização das atividades rurais.

Lembre-se que os cuidados necessários para evitar


acidentes no trabalho rural, na maioria dos casos,
requerem práticas simples e observações do óbvio.
Isso não exige grandes gastos de energia ou tempo de
nenhuma das partes (empregado ou empregador).

Chegou a hora de exercitar o que você aprendeu! Realize a


atividade a seguir.

Boa prática!

Saúde no Campo | Educação Postural 22


Atividade de aprendizagem
Chegamos ao final do Módulo 1 do curso Educação Postural no Campo.

A seguir, serão apresentadas cinco questões relacionadas ao conteúdo estudado neste módulo.

Atenção! Será necessário que você acesse o Ambiente de Estudos ou


entre em contato com a equipe de atendimento para registrar suas
respostas no sistema e também para verificar as explicações de cada
questão. O próximo módulo só será liberado após o registro das suas
respostas.

Caso você ainda tenha dúvidas ou se sinta inseguro com relação a algum dos conteúdos abordados,
retome seus estudos e/ou entre em contato com nossa equipe de apoio.

Questões

01. Assinale a alternativa que corresponde aos riscos presentes na realização das atividades
rurais.

a) Exposição por tempo prolongado ao sol e pausas durante jornada de trabalho.

b) Acidentes com animais peçonhentos e manuseio de equipamentos e ferramentas adequa-


dos.

c) Trabalhar com máquinas e equipamentos sem proteção e exposição a ruído e vibração.

d) Uso de EPIs adequados e ritmo intenso de trabalho.

02. Assinale a alternativa relacionada aos benefícios da segurança do trabalho nas atividades
rurais.

a) Diminuição da produtividade e aumento do custo de produção.

b) Controle de riscos e preservação da saúde do trabalhador.

c) Aumento do número de acidentes de trabalho e insatisfação dos trabalhadores.

d) Melhora da qualidade de vida e aumento de afastamentos por acidentes de trabalho.

Saúde no Campo | Educação Postural 23


03. Quanto às aplicações da ergonomia, é CORRETO afirmar que:

a) A ergonomia tem sido aplicada apenas no setor agrícola sem representatividade em outros
setores produtivos.

b) No dia a dia, a ergonomia é aplicada para facilitar a vida das pessoas, possibilitando que
realizem suas atividades diárias com mais conforto e saúde.

c) Os equipamentos são fabricados hoje em dia sem qualquer preocupação com adequações
ergonômicas.

d) No trabalho rural, a ergonomia utiliza-se da tecnologia para o desenvolvimento de produtos,


máquinas, ferramentas e equipamentos que aumentem o tempo de produção.

04. Com relação às atribuições do trabalhador rural estabelecidas pela NR-31, é CORRETO afir-
mar que:

a) O trabalhador rural é o responsável por realizar avaliações de riscos.

b) Cabe ao trabalhador rural desenvolver suas atividades sem a necessidade de seguir as de-
terminações de segurança estabelecidas pelo empregador.

c) O trabalhador rural é o responsável por garantir as adequadas condições de trabalho, higiene


e conforto definidas pela NR-31.

d) É dever do trabalhador rural colaborar com a empresa na aplicação da norma e cumprir as


determinações sobre as formas seguras de desenvolver suas atividades.

05. Com relação aos objetivos da ergonomia no trabalho rural, assinale a alternativa CORRETA.

a) Manter os modos de produção antigos sem adaptar os trabalhadores, dentro de suas habili-
dades, às novas tecnologias.

b) Apenas identificar e analisar riscos como ruídos, calor excessivo, vibração, posturas incorre-
tas e força excessiva.

c) Adequar os locais de trabalho, respeitando as características do trabalhador.

d) Proporcionar aos trabalhadores jornadas de trabalho menos exaustivas, considerando que


todos possuem os mesmos limites físicos e psicológicos.

Saúde no Campo | Educação Postural 24

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