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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS


Processo Nº. : 0005790-43.2016.8.05.0113

Classe : RECURSO INOMINADO


Recorrente(s) : BANCO BRADESCO S A

Recorrido(s) : ETEVALDO SILVA SOUZA

Origem : 3ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS - ITABUNA


(MAT
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

VOTO- E M E N T A

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. BANCO. COBRANÇA INDEVIDA RELATIVA


A PERÍODO POSTERIOR A PEDIDO DE ENCERRAMENTO DE CONTA CORRENTE.
PROTESTO DO TÍTULO. FALHA NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANOS MORAIS CONFIGURADOS NA
MODALIDADE IN RE IPSA. QUANDUM REDUZIDO, PARA ADEQUAÇÃO AOS
PARÂMETROS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA
PARCIALMENTE REFORMADA.
.

1. Trata-se de recurso inominado interposto contra sentença que julgou parcialmente


procedente a ação, nestes termos: “Posto isso, JULGO PROCEDENTE o pedido para declarar
cancelado débitos indevidamente lançados em nome da parte autora, bem assim para CONDENAR o
acionado a pagar ao autor a título de dano moral, o valor correspondente a 10 (dez) salários mínimos
atuais, qual seja, o valor de R$8.800,00 (oito mil e oitocentos reais), com correção monetária e juros
legais a partir desta data, bem como a devolver, em dobro, como requerido, o valor pago a título de taxa,
encargos, anuidades, bem como a taxa cobrada para o cancelamento da conta corrente com juros de
mora de 1% ao mês desde a citação e correção monetária (INPC) a partir da data do referido
pagamento.”.
Na origem o autor ajuizou ação alegando que teve título indevidamente
protestado, relativo a dívida gerada por conta corrente cuja solicitação de encerramento já
havia sido feita, requerendo a declaração da abusividade na cobrança, a restituição em
dobro dos valores pagos, bem como indenização pelos danos morais oriundos do
protesto.
O recorrente busca a reforma da sentença, aduzindo, em síntese, que não constam
provas acerca da negativação indevida, tendo ocorrido tão somente a cobrança relativa a
dívida legitimamente constituída, que a cobrança dos valores se referem a período
anterior ao pedido de cancelamento da conta, sendo portanto legítimo o procedimento
adotado pelo banco, não havendo que se falar em danos morais na espécie.

O exame dos autos evidencia que o ilustre a quo examinou com acuidade a
demanda posta à sua apreciação no que concerne à cobrança indevida, tendo em vista
que a parte autora colaciona aos autos no evento 01 o comprovante de solicitação de
encerramento da conta, datado de 09/12/2015.

Por outro lado, o autor junta com a exordial, no evento projudi 01, o
aviso de protesto de título em que figura como parte, realizado pelo banco réu, ,
desincumbindo-se assim do ônus de provar o fato constitutivo de seu direito , nos
termos do art.373, inciso Ido CPC. É cediço na jurisprudência pátria que o protesto
indevido de título gera dano moral in re ipsa, cujo prejuízo prescinde de
comprovação.

Logo, vislumbrada a necessidade de reparação do dano moral decorrente da cobrança


indevida, conjugada com o protesto indevido de título, que fora oriunda de manifesta falha
na prestação dos serviços, consistente na ausência de encerramento da conta , mesmo
após solicitação do autor, passo a discutir o quantum fixado.

Reconhecida a existência dos danos morais por parte da ré contra o autor, esses
devem ser fixados com equilibrada reflexão, examinando a questão relativa à fixação do
valor da respectiva indenização.
No particular, o prudente arbítrio do magistrado exige não deva ser considerada,
apenas, a situação econômica do causador do dano, porque, se tal for o critério, resvalar-
se-á para o extremo oposto, com amplas possibilidades de propiciar ao ofendido o
enriquecimento sem causa. Há que se atender, porém, e também com moderação, ao
efeito inibidor da atitude repugnada.
Inobstante, entendo que o valor arbitrado a título de danos morais exorbitou da justa
medida, e violou os parâmetros da razoabilidade e proporcionalidade, sendo mister a sua
redução, como forma de atenuar o desequilíbrio gerado pela condenação imposta, sem
deixar de reconhecer a reprovabilidade da conduta perpetrada.
Isto posto, voto no sentido de CONHECER DO RECURSO INTERPOSTO e DOU-
LHE PROVIMENTO, tão somente para reduzir o quantum condenatório arbitrado a título
de danos morais, que fixo em R$ 3.000,00 ( três mil reais ), corrigidos conforme
determinado na sentença, mantendo no mais a sentença objurgada pelos próprio
fundamentos. Sem custas processuais e honorários advocatícios, pelo êxito da parte no
recurso.
Salvador, Sala das Sessões, 13 de JULHO de 2017
BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo Nº. : 0005790-43.2016.8.05.0113

Classe : RECURSO INOMINADO


Recorrente(s) : BANCO BRADESCO S A

Recorrido(s) : ETEVALDO SILVA SOUZA

Origem : 3ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS - ITABUNA


(MAT
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e
Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, CÉLIA MARIA CARDOZO DOS
REIS QUEIROZ –Presidente, MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE – Relatora e
ALBÊNIO LIMA DA SILVA HONÓRIO, em proferir a seguinte decisão: RECURSO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO . UNÂNIME, de acordo com a ata do
julgamento. Sem custas processuais e honorários advocatícios, pelo êxito da parte no
recurso.

Salvador, Sala das Sessões, 13 de JULHO de 2017


BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente

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