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Universidade Federal de Minas Gerais

Instituto de Ciências Biológicas


Departamento de Bioquímica e Imunologia

Turma: 157C/ Medicina - Grupo 5

Lucas Peixoto Sudério


Lorenzo Gasparini Di Martino
Marden Augusto Viana de Morais
Mariana Moreira Andrade
Marina Lucia de Oliveira Nascimento
Mateus Saraiva Maciel

RELATÓRIO DE BIOQUÍMICA DE AULA PRÁTICA:


DETERMINAÇÃO DO pKa2 DE UM TAMPÃO FOSFATO E PREPARO DA
SOLUÇÃO DESTE TAMPÃO EM pH IGUAL A 7,5

Belo Horizonte
Abril, 2019
1. Introdução
Solução-tampão é uma solução que geralmente contém um ácido fraco com um sal desse ácido, ou
uma base fraca com o sal dessa base. Portanto, são soluções que resistem às modificações de pH quando
a elas é adicionada uma pequena quantidade de um ácido forte ou de uma base forte ou ainda quando
sofrem uma diluição (Rossi, 2009).
Nesses casos, soluções tamponadas recebem variação insignificante de pH, caso for adicionado ácido
ou base forte, se comparado à uma solução não tamponada. Tal propriedade lhe confere grande
importância para a hemostasia dos organismos vivos, tal como no ser humano.

2. Objetivos
2.1. Objetivo geral
Estudar a capacidade tamponante e a variação do pH em soluções tampão de fosfato, com mesmo pH,
mas a diferentes concentrações, por intermédio da adição de quantidades conhecidas de ácidos.
2.2. Objetivos específicos
● Medir o pKa2 do tampão fosfato;
● Preparar 200 mL de soluções tampão fosfato 50 mM e 200 mM em pH 7,5;
● Realizar a titulação das soluções produzidas, a fim de avaliar a capacidade tamponante de cada
preparado, à proporção da adição de um ácido forte à solução.

3. Metodologia
3.1. Reagentes e Materiais
● H3PO4 (Ácido fosfórico P.A) ● Papel indicador universal de pH
● NaH2PO4.H-2O (Dihidrogenofosfato de ● Espátula
sódio monoidratado) ● Papel alumínio
● Na2HPO4 (hidrogenofosfato disódico) ● Pipeta de Pasteur
● Na3PO4 (fosfato de sódio) ● Balão volumétrico
● HCl 3 mol/L (ácido clorídrico) ● Balança semi-analítica
● Água destilada ● pHmetro
● Béquer ● Agitador magnético
● Bastão de vidro
● Erlenmeyer

3.2. Procedimentos
Primeira etapa: Preparo de 200 mL de solução tampão fosfato pKa2 0,01 mol/L
Mediram-se 1,42 gramas (0,01 mol) de hidrogenofosfato de sódio em uma papel alumínio.
Todo o sal foi transferido para um béquer e em seguida e adicionaram-se 200 mL no recipiente.
Dissolveu-se todo o sal na água com auxílio de um bastão de vidro.
Em seguida, mediram-se 1,38 gramas (0,01 mol) de dihidrogenofosfato de sódio monoidratado.
O procedimento utilizado foi o mesmo descrito anteriormente.
Logo após, mediram-se 100,00 mL de cada solução em balões volumétricos. Depois essas
soluções foram misturadas em um béquer, obtendo-se 200 mL de um tampão fosfato. Essa solução teve
seu pH aferido por um pHmetro.

Preparo de 200 mL de soluções tampão fosfato 50 mM e 200 mM em pH 7,5


Mediram-se 1,18 gramas de hidrogenofosfato de sódio (Na2HPO4) que foi dissolvido em 100
mL de água destilada em um béquer. Em seguida, mediram-se 0,23 grama de dihidrogenofosfato de
sódio monoidratado (NaH2PO4.H-2O) que foi dissolvido em 100 mL de água destilada em outro
recipiente. Seguidamente, as duas soluções foram misturadas em um único béquer, obtendo-se uma
solução de 200 mL de solução tampão, que teve seu pH aferido por meio de um pHmetro.Para o preparo
da solução tampão fosfato 200 mM, foram utilizados os mesmos procedimentos para a solução de 50
mM, diferindo apenas na massa de cada substância utilizada, sendo 4,72 gramas de hidrogenofosfato
de sódio e 0,92 grama de dihidrogenofosfato de sódio monoidratado.

4. Resultados
Etapa 1: pKa2 prático = 6,53; pKa2 teórico = 6,80
Etapa 2: pH (50 mM) = 7,23; pH (200 mM) = 7,21; pH teórico = 7,5
Etapa 3:Variação de pH pela adição de gotas de HCl 3 mol/L em soluções tamponastes.
Quantidade de gotas 50 mM 200 mM
0 7,23 7,21
5 7,12 7,19
10 6,99 7,17
15 6,85 7,10
20 6,72 7,08
25 6,58 7,04
30 6,47 6,99
35 6,36 6,93
40 6,24 6,90
45 6,12 6,86
50 5,97 6,80
65 - 6,70
80 - 6,58
95 - 6,48
105 - 6,38
125 - 6,21
145 - 6,04

5. Discussão
Para encontrar o pKa2 da solução tampão foi utilizado a equação de Henderson-Hasselbalch e o
pKa2 (segunda ionização do ácido fosfórico):
[𝑏𝑎𝑠𝑒]
𝑝𝐻 = 𝑝𝐾𝑎2 + log
[á𝑐𝑖𝑑𝑜]

Ao se analisar a fórmula, percebe-se que quando a concentração de base é igual a concentração de ácido
o resultado do logaritmo é nulo, pois log1=0. Sendo assim, o valor de pH será igual ao pKa quando a
concentração de ácido e base forem iguais na solução. Ao se medir o pKa2 obtido pela solução preparada
ficou abaixo do esperado, o valor teórico de pKa2 é de 6,80 e o prático, foi de 6,53.
Na segunda etapa, foi necessário preparar uma solução tampão fosfato de concentração igual a
50 mM e 200 mM e pH igual a 7,5. Os cálculos, foram baseados na equação de Henderson-Hasselbalch
e o valor de pKa2 utilizado correspondeu ao teórico.

[𝑏𝑎𝑠𝑒] [𝑏𝑎𝑠𝑒] [𝑏𝑎𝑠𝑒]


𝑝𝐻 = 𝑝𝐾𝑎 + log [á𝑐𝑖𝑑𝑜]; → 7,5 = 6,80 + log [á𝑐𝑖𝑑𝑜]; → 0,7 = log [á𝑐𝑖𝑑𝑜] ; →
100,7 = [𝑏𝑎𝑠𝑒]/[á𝑐𝑖𝑑𝑜]; → 5,0 = [𝑏𝑎𝑠𝑒]/[á𝑐𝑖𝑑𝑜]

Dessa forma, a concentração de base deveria ser 5 vezes maior que a de ácido (proporção 1:5;
ácido:base); sendo assim, para concentração de 50 mM tem-se que a concentração de ácido deverá ser
8,3 mM e a de base 41,7 mM. Para encontrar a massa de ácido utilizada para uma solução de volume
200 mL realiza-se o cálculo diretamente pela fórmula (m = massa; n = número de mol; MM= massa
molar; V= volume).
𝑚 = 𝑛 𝑥 𝑀𝑀 𝑥 𝑉 → 𝑚 = 8,3 𝑥 10−3 𝑥 142 𝑥 0,2
𝑚 = 0,23 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎 𝑑𝑒 á𝑐𝑖𝑑𝑜 (𝑁𝑎𝐻2𝑃𝑂4)

Para a massa de base realiza-se o mesmo procedimento, alterando-se apenas o número de mol
e a massa molar:
𝑚 = 41,7 𝑥 10−3 𝑥 138 𝑥 0,2 →𝑚 = 1,18 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑏𝑎𝑠𝑒 (𝑁𝑎2𝐻𝑃𝑂4)

Para a solução de 200 mM a massa pode ser encontrada quadruplicando os valores de massa da
solução de 50 mM, já que 200 é 4 vezes maior que 50.
O pH das soluções de 50 mM e 200 mM foram 7,23 e 7,21, valores abaixo do esperado, assim
como ocorreu na primeira etapa. Isso levou a crer que os resultados obtidos sofreram variação em
comparação aos calculados de forma teórica, em razão de diversos fatores. Um desses pode ser a
propagação de incertezas de medida ao longo do experimento.
Por exemplo, na realização das medidas de água foram utilizados instrumentos não adequados
para realizar medição volumétrica, como o béquer, que está sujeito a variações consideráveis em função
da sua elevada área de secção transversal na região graduada, resultando em imprecisão na obtenção da
medida na graduação de volume e erros de paralaxe. Outro exemplo de erro de medida a ser levado em
consideração são aqueles relacionados à obtenção da massa calculada dos sais de fosfato. A massa muito
pequena a ser obtida apresentava alterações relativamente consideráveis em razão da imprecisão gerada
na medida por fatores como o próprio vento. Outro evento correlato é o fato de uma parte considerável
do sal se aderir a superfície do papel alumínio utilizado sobre a balança para a medição. Ao medir
novamente a massa de sal sobre a superfície da folha de alumínio, após adicionar o sal à solução,
obtivemos valores de até 0,05g.
Em segundo plano, tem-se outros fatores a serem considerados, como os graus de hidratação
do sal, que ocasionalmente poderiam estar diferentes daqueles utilizados para os cálculos. Outra
possibilidade a ser considerada seria a presença de impurezas nas substâncias utilizadas, que poderiam
afetar na obtenção de resultados mais exatos.
A terceira etapa consistiu em comparar os efeitos tamponantes das duas soluções preparadas.
Os resultados se encontram na tabela 1. Como pode-se perceber a variação de pH da solução de 50 mM
foi mais acentuada se comparada àquela de 200 mM. Esse efeito já era esperado, uma vez que no tampão
de maior concentração há maior quantidade de matéria a ser consumida pelo ácido, devendo-se utilizar
uma maior quantidade de ácido.
Em suma, foi possível observar os conceitos observados em sala de aula, de forma a auxiliar a
compreensão da dinâmica desenvolvida entre a variação de pH e a configuração dos grupos ácidos e
básicos, com atenção especial ao meio intracelular.

6. Referências
[1] ROSSI-RODRIGUES, Bianca Caroline; OLIVEIRA, Elaine Aparecida de; GALEMBECK,
Eduardo. Sistemas tampão: uma estrutura didática teórico-prática. Quím. Nova, São Paulo
, v. 32, n. 4, p. 1059-1063, 2009 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
40422009000400040&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 3 de maio de 2019.

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