Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Analise Metalografica SAE 1020
Analise Metalografica SAE 1020
CAXIAS DO SUL
2016
EVERTON GRANDO SILVA
FRANCESCO BALLICO PERIN
GABRIEL ABREU DE MEDEIROS
1
CAXIAS DO SUL
2016
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................4
2
2 OBJETIVO GERAL..........................................................................................................4
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.........................................................................................5
3.4.1 Cementação........................................................................................................7
3.4.2 Têmpera.............................................................................................................7
3.4.3 Revenimento......................................................................................................8
3.5.1 Inclusões.............................................................................................................8
3.5.2 Microestrutura...................................................................................................8
4 NORMAS ADOTADAS...................................................................................................10
5 FÓRMULAS E CÁLCULOS..........................................................................................11
5.1 TENSÃO.....................................................................................................................11
5.2 DEFORMAÇÃO........................................................................................................11
5.3 ÁREA..........................................................................................................................11
5.4 ESTRICÇÃO..............................................................................................................12
6 MATERIAIS UTILIZADOS..........................................................................................13
3
REFERÊNCIAS......................................................................................................................24
4
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho registra a análise técnica do aço SAE 1020 realizado pelos alunos do
curso de Engenharia Mecânica da Universidade de Caxias do Sul durante a aula de
Laboratório de Materiais e Metalografia.
Trata-se de um experimento comumente utilizado na área de atuação supracitada, de
modo que o estudo de seu procedimento através da redação deste relatório possibilita aos
estudantes maior compreensão de suas atividades profissionais garantindo assim uma melhor
preparação para a realização das mesmas.
Para assegurar o bom entendimento do parecer técnico apresentado, este inicia com uma
breve revisão bibliográfica acerca dos conceitos básicos que envolvem os procedimentos
utilizados. O texto segue identificando as normas utilizadas e explicando as fórmulas e
cálculos que nortearam as análises.
A apresentação dos materiais utilizados bem como a descrição dos métodos permite a
compreensão do processo em geral que culminaram nos valores apresentados no capítulo
posterior que expressa a interpretação dos resultados. Por fim, apresenta-se a conclusão dos
testes que aproxima as informações encontradas no referencial teórico em comparação com os
resultados obtidos nas atividades prática.
2 OBJETIVO GERAL
Realizar a análise técnica de quatro amostras do Aço SAE 1020. A primeira delas
apresenta o aço normalizado. A seguinte passou pelo processo de cementação a 930ºC durante
3 horas. A próxima, além de ser exposta ao mesmo processo da amostra 2, foi ainda
temperado a 840ºC por 1 hora e resfriado em água. Por fim, a última amostra passou pelo
mesmo processo da anterior e recebeu revenimento a 300ºC por 2 horas.
5
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O aço 1020 é um dos aços ao carbono mais comuns, possui composição química
média se 0,18 a 0,23% de carbono; 0,15 a 0,35% de silício; 0,3 a 0,6% de Manganês; no
máximo 0,03% de fósforo e máximo de 0,05% de enxofre. Utilizado principalmente como aço
para cementação com excelente relação custo benefício comparado com aços mais ligados
para o mesmo propósito. Possui excelente plasticidade e soldabilidade. É utilizado em
componentes mecânicos de uso corriqueiro tais como engrenagens, anéis de engrenagem,
eixos, virabrequins, eixos-comando, pinos guia, colunas, catracas, capas entre outros. A
Tabela 1 é um compilado de informações encontradas pelos autores para o aço 1020
normalizado.
CONDIÇÕES NORMALIZADO
TEMPERATURA DE AUSTETIZAÇÃO (°C) 870
RESISTENCIA À TRAÇÃO (Mpa) 440
MODULO DE ELASTICIDADE (Gpa) 205
LIMITE DE ESCOAMENTO (MPa) 250
ALONGAMENTO (%) 35,8
REDUÇÃO (%) 68
TÊMPERA (°C) 930
DUREZA (HB) Máx. 111
DUREZA (HRC) 55/62
IMPACTO (J) 118
MEIO ÁGUA/SALMOURA
DENSIDADE 7,87 g/cc
DUREZA BRINELL 131
DUREZA KNOOP 150
DUREZA VICKERS 136
DUREZA ROCKWELL B 73
Fonte: Elaborado pelo autor.
6
Tabela 2 - Comparação entre os principais parâmetros do aço 1020 nos referidos processos
AÇO PROCESSADO
PÂMETROS AISI 1020 AISI 1020 AISI 1020 AISI 1020
Normalizado cementado temperado recozido
Densidade 7,87 g/cc 7,87 g/cc 7,87 g/cc 7,87 g/cc
Dureza Brinell 131 255 163 111
Dureza Knoop 150 279 184 129
Dureza Rockwell B 73 98 84 64
Dureza Vickers 136 269 170 115
Limite de resistência à tração 440 Mpa 889 Mpa 475 Mpa 395 Mpa
Limite de escoamento 250 Mpa 495 Mpa 275 Mpa 295 Mpa
Alongamento 35,80% 11,40% 38,00% 36,50%
Estricção 67,90% 29,40% 62,00% 66,00%
Modulo de elasticidade 186 GPa 186 GPa 186 GPa 186 GPa
Fonte: Elaborado pelo autor.
O ensaio é utilizado para medir a resistência ao impacto de cada corpo de prova. O corpo
de prova possui um entalhe em “V” como prescrito pela norma. Basicamente possui um
pêndulo com um martelo na outra extremidade, que quando é liberado atinge o corpo de prova
e o rompe. O corpo de prova é posicionado em um suporte, na base da máquina de modo que
7
o martelo da máquina atinja o entalhe do corpo a ser testado. A altura de elevação do martelo
após o impacto dá a medida da energia absorvida pelo corpo de prova.
O martelo do pêndulo, com uma borda de aço endurecido de raio específico, é liberado de
uma altura pré-definida, causando a ruptura do corpo de prova pelo efeito da carga
instantânea. O teste pode ser conduzido em temperatura ambiente ou em temperaturas mais
baixas para testar a fragilização do material por efeito de baixa temperatura.
3.4.1 Cementação
3.4.2 Têmpera
3.4.3 Revenimento
3.5.1 Inclusões
São partículas não-metálicas presentes na matriz de metais e ligas, que podem ser muito
prejudiciais às propriedades mecânicas como tenacidade a fratura, resistência ao impacto,
resistência a fadiga e a trabalhabilidade a quente. Porém, o aço não pode ser totalmente livre
de inclusões, sendo que a sua quantidade é estimada segundo a norma ASTM – E 45 – 46 T,
que divide as inclusões nos tipos A, B, C, e D, desdobradas nas séries fina e grossa, com cinco
esboços diferentes e numerados de 1 a 5, para cada série. Os números indicam quantidade de
inclusões por unidade de área a 100 vezes de aumento no microscópio, sendo o nível 1
designativo de baixa e o 5 de alta porcentagem de inclusões. A norma ainda permite
classificar em ½ quando os níveis de inclusões são extremamente baixas. No aço SAE 1020 as
inclusão encontradas são normalmente do tipo sulfeto e globular de óxido, com serie fina e o
nível de ½ a 3.
3.5.2 Microestrutura
a) ferrita: designada muitas vezes como ferro alfa, dissolve insignificantes de carbono e
apresenta características de ductilidade muito alta e resistência relativamente baixa
9
4 NORMAS ADOTADAS
Foram adotadas as seguintes normas para a realização dos ensaios e análises presentes
nos procedimentos descritos neste relatório:
a) NBR ISO 6508/09 - Método de ensaio de dureza Rockwell;
b) NBR 6892/13 - Método de ensaio de Tração;
c) NBR ASTM E-23 - Método de ensaio de Impacto Charpy;
d) ASTM E-45 - Método de Análise de Inclusões;
e) ASTM E-112 - Método de Análise de Microestruturas (Tamanho de grão);
f) NBR 13284 - Método de preparação de corpos de prova para metalografia;
g) NBR 8108 - Método de ataque com reativos metalográficos.
11
5 FÓRMULAS E CÁLCULOS
5.1 TENSÃO
A fórmula geral para o cálculo da tensão, leva em consideração a força aplicada (F), a
área inicial (Ao), propiciada pela fórmula (3), e a gravidade (g), onde foi adotado o valor de
9,81m/s2. O resultado é obtido em Megapascal (MPa).
σ= ( AoF ) . g (1)
5.2 DEFORMAÇÃO
5.3 ÁREA
Tanto a área inicial (Ao), quanto a área final (Af) dos corpos de prova para o ensaio de
π
tração, dá-se pela multiplicação de pelo diâmetro elevado ao quadrado. Seja o diâmetro
4
inicial (do), ou o final (df). O resultado se dá em mm2 (milímetros quadrados).
2
π . do
Ao= (4)
4
π .d f2
Af = (5)
4
12
Para a área do corpo de prova de impacto (Ai), foram utilizadas as dimensões do entalhe.
A altura (h) foi multiplicada pela largura (k) e o resultado dividido por 100 para que a medida
final fosse expressa em centímetros quadrados (cm2)
h.k
Ai=
100
(6)
5.4 ESTRICÇÃO
A estricção (e) é a diferença entre a área inicial (Ao) e a final (Af), dividido pela área
inicial (Ao).
Ao−Af
e= (7)
Ao
Permite calcular o valor de tensão com que o material passa do regime de deformação
elástica e passa para o regime de deformação plástica, é necessário calcular o limite de
escoamento (Lesc). Para isso, basta utilizar uma variação da fórmula (1) e adotar a força de
escoamento (Fesc).
Lesc= ( Fesc
Ao )
.g
(8)
Outra variação da formula geral é utilizada para o cálculo do limite de resistência a
tração, assumindo no numerador a força máxima necessária para tracionar o material (Fmáx).
Lrt= ( FmAoá x ) . g
(9)
sua conversão através da multiplicação deste valor pela gravidade conforme a fórmula (10).
Esta mesma fórmula, quando dividida pela área do corpo de prova provê os valores de
resistência ao impacto (Ri), dados em Joules por centímetro quadrado (J/cm2).
E|,|2=E|,|1 . g (10)
E|,|2
Ri= (11)
Ai
14
6 MATERIAIS UTILIZADOS
Além dos 4 corpos de prova cilíndricos utilizados nos ensaios de tração e os 4 corpos de
prova utilizados no ensaio de impacto, foram necessários os seguintes materiais:
Os estudantes receberam 4 corpos de prova para ensaio de tração e outros 4 para ensaio
de impacto, todos usinados em aço SAE 1020 normalizados, que passaram pelos
procedimentos a serem descritos a seguir.
Dos corpos de prova recebidos, foram separados 3 corpos de cada grupo para o processo
de cementação. Este processo foi realizado cobrindo as amostras com um compósito rico em
carbono constituído por cal verde, soda cáustica e nitrato de sódio em um recipiente vedado
com argila, que foi ao forno por 3 horas a uma temperatura de 930ºC. Uma amostra de cada
grupo foi separada e identificada como AM 2.
Os 4 corpos de prova restantes, foram temperados. Para isso, foram colocados em uma
caixa com limalha de ferro (a fim de impedir a descarbonetação das amostras) e colocados no
forno por 1 hora a uma temperatura de 840ºC. Destes, foram separadas 2 amostras pra o
revenimento, processo é semelhante ao anterior, salvo que a temperatura utilizada foi de
300ºC, o tempo sob aquecimento foi dobrado e o resfriamento mais lento.
O último ensaio mecânico realizado foi o de impacto. Utilizou-se para isso o modelo
Charpy, uma máquina de ensaio com capacidade de 30 kgf.m, energia máxima de impacto
294J e 1,4J de perda máxima de energia do pêndulo por atrito.
Por meio deste, quantificou-se a energia absorvida por cada amostra, em kgf.m, que
posteriormente foi convertida para seus respectivos valores em Joule. Além disso, calculou-se
a área da fenda do corpo de prova e a resistência do material ao impacto.
Todos os resultados obtidos e calculados serão organizados e apresentados no capítulo
posterior para melhor visualização dos mesmos.
Para melhor visualização dos resultados, optou-se pela elaboração de um capítulo único
dedicado exclusivamente para a organização dos mesmos.
Assim, a Tabela 3 expõe as leituras obtidas pelo durômetro, nos ensaios de dureza dos
corpos de prova para tração, enquanto a Tabela 4 registra os valores deste mesmo
procedimento quando realizado nos corpos de prova para impacto.
Antes de iniciar o teste de tração, as dimensões iniciais dos corpos de prova foram
mensuradas e o equipamento que realizou o teste forneceu os valores da força de escoamento
e força máxima. Ao fim do ensaio, após a junção das partes que foram separadas pelo ensaio,
verificou-se novamente o diâmetro e o comprimento do corpo de prova. Todos estes valores
estão dispostos na Tabela 5, que possui os valores necessários para a determinação dos demais
parâmetros necessários, calculados a partir das fórmulas supracitadas, cujos resultados estão
compilados na Tabela 6.
Os asteriscos (*) presentes nas tabelas indicam valores que não puderam ser medidos ou
que não sofreram alteração. Isso se deve ao fato de que as amostras 3 (03T) e 4 (04T) tiveram
rompimento ainda na fase elástica, característica comum a materiais considerados frágeis. Na
prática, o material não apresentou escoamento, alongamento ou redução de área.
A Tabela 7 detém todos os parâmetros referentes ao ensaio de impacto, tanto aqueles
fornecidos pelo equipamento ou obtidos pela verificação das medidas dos corpos de prova,
quantos os parâmetros calculados pela utilização das fórmulas que já foram descritas.
No que diz respeito aos resultados obtidos pela análise metalográfica percebeu-se que a
primeira amostra, normalizada, apresentou uma matriz praticamente totalitária de ferrita com
pouca presença de perlita, demonstrada na Figura 1.
A amostra seguinte, cementada, revelou uma camada com espessura a ser confirmada,
mas constituída com 100% de perlita, Figura 2, enquanto seu núcleo, Figura 3, teve resultado
semelhante ao da AM1.
20
A próxima amostra (AM3), temperada, exibiu uma matriz martensítica com alguns pontos
de ferrita acicular, alguns resquícios de ferrita e muito pouca perlita no núcleo. A camada de
carbono desta amostra também de matriz martensítica demonstrou ainda perlita fina e ferrita.
Conforme demonstra a Figura 4.
21
Fonte:Figura
Elaborado pelo autor.
4 - Microestrutura do núcleo e camada da amostra 3, ambos com aumento de 1000 vezes
A última amostra, revenida, expos martensita revenida conforme esperado e ainda ferrita
em sua camada. O núcleo também constituído por estas duas microestruturas teve ainda ferrita
acicular e perlita fina. Como pode ser observado na Figura 5.
Figura 5 - Microestrutura do núcleo e camada da amostra 4, ambas com 1000 vezes de aumento
descobertos em laboratório são muito distantes dos equivalentes de conversão dos valores
fornecidos na revisão bibliográfica pelo recurso online de informação sobre materiais matweb.
Outro ponto a ser avaliado são os valores de limite de escoamento, alongamento e
estricção que na prática não ocorrem. Devido à fragilidade do material, o rompimento
acontece antes mesmo do escoamento, ou seja, não acontece deformação plástica. Por isso
não foram apresentados valores resultantes para estes três parâmetros no capítulo anterior.
O que se conclui destas amostras é que os resultados estão dentro do esperado. O
processo de têmpera conferiu às amostras uma matriz martensítica, que conforme citado no
referencial teórico, apresenta grande fragilidade. Esse foi o principal motivo pelo qual ambas
romperam-se sem sofrer deformação visível. Como comprovação, as duas últimas curvas do
gráfico demonstram o rompimento ainda na região elástica, caracterizando a amostra como
frágil. Ainda assim, existe uma diferença entre as amostras. Aquela que além de temperada,
passou por revenimento (AM4) demonstrou um comportamento mais favorável, pois além de
não possuir dureza tão elevada, devido ao alívio das tensões, registrou menor fragilidade em
função do aprimoramento da tenacidade garantido por sua microestrutura de martensita
revenida.
O último ponto a ser salientado é em relação ao ensaio de impacto e dureza da última
amostra (04I). Com valores muito próximos aos da primeira (01I), apresentou características
totalmente inesperadas. Acreditava-se que o revenimento teria o mesmo efeito nas duas
amostras de número 4 (04T e 04I), pois foram realizados simultaneamente, utilizando os
mesmos equipamentos. Em outras palavras, a amostra de impacto deveria revelar menor
dureza, próxima aos 58 HRC e absorver muito menos energia de impacto.
Contudo, os resultados apresentados qualificam as peças para aplicação, de modo que as
principais características do material foram mantidas. Em linhas gerais, o material obteve
êxito nos testes realizados.
25
REFERÊNCIAS
______. AISI 1020 Steel, hot rolled, quenched and tempered, 0.2% offset, 19-32 mm
(0.75-1.25 in) round. Disponível em: <http://www.matweb.com/search/DataSheet.aspx?
MatGUID=ac54866df849406fa1a8a9d24e7f4d95>. Acesso em: 28 nov. 2016.
______. AISI 1020 Steel, mock carburized at 915°C (1680°F) for 8 hours, 775°C (1430°F)
reheat, water quenched, 175°C (350°F) temper, 13 mm (0.5 in.) round. Disponível em:
<http://www.matweb.com/search/DataSheet.aspx?
MatGUID=a38224a67dbb45b69710a54fffb43f65>. Acesso em: 28 nov. 2016.