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PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
GERÊNCIA DE ESTÁGIOS
gest@prograd.ufal.br - (82) 3214-1083
Maceió
2019
Dados do Estagiário
Nome: Anderson Samuel da Silva Melo
Registro Acadêmico: 13211327
Curso e Período: Psicologia/9º período
Período de Estágio
Início:12/11/2018 Término: 23/04/2019
Jornadas de trabalho: 20 horas semanais.
Total de horas: 300 horas em 2018.2
Maceió
2019
1. Introdução
2. Atividades desenvolvidas
A psicologia clínica como área de estágio foi escolhida a partir do interesse pessoal do
aluno pela clínica psicanalítica lacaniana, área de estudo e prática que vem se robustecendo há
décadas. O Serviço de Psicologia Aplicada da Universidade Federal de Alagoas é um espaço que
proporciona ao discente uma oportunidade ímpar de, ao mesmo tempo, desenvolver habilidades de
escuta clínica – notadamente, no cotidiano dos atendimentos e nas supervisões dos casos clínicos –
e proficiências relacionadas à articulação com a Rede de Atenção Psicossocial, uma vez que
encaminha, recebe encaminhamentos de outras instituições públicas de saúde mental e com estas
se relaciona.
Consequentemente, a clínica é atravessada por princípios éticos que são inerentes à prática
do estagiário e devem estar delimitadas na clínica, seja pelo Código de Ética Profissional do
Psicólogo, seja pela ética da psicanálise. A primeira, trata de um código de conduta comum a todos
profissionais da psicologia, elaborado pelo Conselho Federal de Psicologia, enquanto a segunda
trata de permitir ao sujeito o reconhecimento de seu desejo (ANDRADE JÚNIOR, 2007)³, sendo
importante a articulação dos dois. Para a clínica, uma reflexão sobre as posições que são dadas ao
analista e analisante é importante:
4. Conclusão
1 NASIO, Juan-David. Segunda Lição: o inconsciente. In: Cinco lições sobre a teoria de Jacques Lacan. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editora, 1993.
²ARITA, Anete. O que escuto é por ouvir. Escola Freudiana de Psicanálise, 2012. Disponível em: <
http://www.escolaletrafreudiana.com.br/wp-content/uploads/2012/06/12_oQueEscutoEporOuvir.pdf>
³ ANDRADE JÚNIOR, Moisés. O desejo em questão: ética da psicanálise e desejo do analista. Pshychê, São Paulo, n.
21, 2007.
A formação acadêmica em psicologia na UFAL foi essencial para a condução do estágio no
que se refere à ética profissional e à interdisciplinaridade, indispensável para qualquer serviço em
saúde. As questões específicas da teoria psicanalítica foram sanadas pelas supervisões de área e
pelos estudos pessoais. A supervisão local foi de capital importância para a viabilidade do estágio,
uma vez que deu o suporte necessário no que concerniu também à ética profissional e ao
tratamento das questões burocráticas.
Sem dúvida, o que se destacou na experiência de estágio foi o embate entre os discursos
psicanalítico, universitário e psiquiátrico, acepção de Jaques-Alain Miller (1997), à qual
acrescento o discurso oficial, isto é, aqui, particularmente, o conjunto de crenças que baseia
práticas de grande abrangência. Chamo atenção especialmente para o discurso psiquiátrico, uma
vez que é ele quem condensa os discursos oficial (aquele de quem detém o poder de financiar ou
determinar cortes orçamentários ao Serviço de Psicologia Aplicada, enquanto órgão federal) e o
discurso universitário. Estes dois últimos discursos, no que se refere à conjuntura brasileira,
tendem a uma lógica “producionista”, neologismo ao qual recorro para nomear uma posição
subjetiva que reclama o “retorno” do investimento público, os resultados terapêuticos, os artigos
“científicos” publicados em escala industrial, os prêmios Nobel, para ser exagerado. Mas o
discurso psicanalítico lacaniano tende mais à elaboração e à construção/atribuição de sentido à fala
do analisante - o que faz com que a visão do analista agigante o que para os discursos “oficial”,
universitário e psiquiátrico é microscópico -, ademais, sem muitas ambições terapêuticas.
Nesse sentido, o papel que me propus desempenhar foi o do provocador, aquele que “faz
tempestade com um copo d’água”, pois há tempestade, aquele que “vê chifre em cabeça de
cavalo”, pois há ali chifres, ou sentido no aparente nonsense. Mas, efetivamente, não fui capaz de
“ver” nada, senão ouvir. A escuta minuciosa e tecnicamente “curiosa” possibilitou o desvio de mal-
entendidos.
5. Bibliografia
DUNKER, Christian. Mal-estar, sofrimento e sintonia: uma psicopatologia do Brasil entre muros.
São Paulo: Boitempo Editorial, 2015.
MILLER, Jacques-Alain. Lacan Elucidado: palestras do Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.
______. O osso de uma análise + O inconsciente e o corpo falante. Rio de Janeiro: Zahar, 2015.
______. Perspectiva dos escritos e outros escritos de Lacan. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.
ZIZEK, Slavoj. Como ler Lacan. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 2010.
De acordo com