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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA

CRIMINAL DA COMARCA DE GOIÂNIA/ GOIÁS

PROCESSO Nº: 193353-85.2013.809.0175


CLASSE: Ação Penal
APELANTE: Ministério Público do Estado de Goiás
APELADO: Jhonatan Bryan Rodrigues Soares Silva

JHONATAN BRYAN RODRIGUES SOARES SILVA, já devidamente qualificado


nos autos, por meio de seu advogado, vem à Vossa Excelência, em razão de interposição de
recurso de apelação, com fulcro no artigo 600, caput, do Código de Processo Penal Brasileiro,
requerer juntada das

CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO

Requisitando seu recebimento, autuação, a fim de que seja improvido, por inteiro, o
apelo impetrado por meio do Ministério Público, mantendo o teor da sentença proferida pelo
juízo, em razão doa fatos que ao decorrer desta peça serão expostos.

Nestes termos,
Espera deferimento.

Goiânia, 21 de fevereiro de 2019

Advogado/OAB
CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO

Processo: 193353-85.2013.809.0175

Origem: Goiânia - 3ª Vara Criminal

Classe: Ação Penal

Apelante: Ministério Público do Estado de Goiás

Apelado: Jhonatan Bryan Rodrigues Soares Silva

Egrégio Tribunal de Justiça,

Colenda Câmara Criminal,

Doutra Procuradoria de Justiça,

Senhores Desembargadores.

Em que pese o laborioso trabalho do órgão ministerial, merece o apelo por este
interposto, ser julgado totalmente improcedente, mantendo-se irretocável a sentença
absolutória contida nos autos fls. 61/65, conclusão esta a que chegará esta colenda câmara
criminal após análise da argumentação defensiva que será apresentada a seguir:

I - FATOS

No dia 4 de junho de 2013, em Goiânia, Jhonatan Bryan Rodrigues Soares Silva,


fora preso por cometer delito descrito no artigo 157 do Código Penal Brasileiro, após subtrair
um celular modelo LG Galaxy, cor branca, avaliado em R$270,00. O julgado foi preso em
situação de flagrante e em depoimento confirmou a autoria do ato delituoso.
A denúncia foi recebida no dia 24 de julho de 2013, sendo o réu citado, de forma
regular e oferecendo resposta à acusação em 13 de maio de 2014. Fora realizada a audiência
de instrução e julgamento, sendo inquirida as testemunhas arroladas e houve o interrogatório
do acusado.
Em 2 de julho de 2014, fora proferida sentença condenatória, proferindo ao réu 4 anos
de reclusão, com início no regime aberto e multa de 10 dias.
Após nova intimação no dia 15 de janeiro de 2015, apresentou recurso e o acusado foi
submetido a um exame toxicológico.
Sendo então, após as alegações finais apresentadas pelo Ministério Público, o réu foi
condenado pelo delito descrito no artigo 157 do Código Penal Brasileiro, sendo interposto
RECURSO DE APELAÇÃO, pelo órgão de acusação.

II - DIREITO

1 CONDUTA SOCIAL

Referente a conduta social do autor, podemos alegar que o mesmo é réu primário, uma
vez que não corre processo criminal conta ele, além de possuir bons antecedentes.
Jhonatan é usuário de drogas, conduta a qual reflete em si mesmo e já demonstrou em
juízo, vontade de receber auxilio e/ou tratamento para sua adicção.

2 MOTIVAÇÃO

Conforme dito pelo autor do fato delituoso, o motivo do ocorrido foi a necessidade do
mesmo em satisfazer a sua necessidade derivada da dependência química. O mesmo
reconheceu em juízo que possui total conhecimento de que seu ato fora errado e demonstra
profundo arrependimento do que fez. Diz ainda que é uma pessoa doente e que necessita de
auxílio para sair do mundo das drogas e não reincidir no crime.

3 CONSEQUÊNCIAS DO CRIME

Deve-se considerar que, o valor do bem subtraído é irrisório tendo em vista o valor do
salário mínimo em vigência. A própria vítima, em audiência de instrução e julgamento,
afirmou que seu esposo já havia comprado o celular usado, e que atualmente, o mesmo não
valeria mais do que a importância de R$ 200,00, ou seja, não há que se falar em grande
prejuízo financeiro, no que se refere ao bem roubado.
O próprio Jhonatan não obteve qualquer lucro significativo com o crime, tendo-o
cometido apenas com o intuito de satisfazer sua dependência química. Consta nos autos que o
apelante vendeu o bem subtraído pela importância de R$50,00, e trocou em drogas
imediatamente após o roubo.
III MÉRITO

1 AFASTAMENTO DA SÚMULA 231, STJ

Houve impetração de recurso por parte do Ministério Público por razão de a pena do
acusado ser inferior ao mínimo legal. Porém há de se fazer valer todas as atenuantes as quais
o Juiz aplicou para chegar a pena final.
Conforme o artigo 65 do Código Penal Brasileiro:

São circunstancias que sempre atenuam a pena:


I – ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta)
anos, na data da sentença.
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;

Conforme entendimento do Juiz de Direito do referido caso, a pena pode ser


reduzida sim, baseada em suas atenuantes e todo o contexto em que o crime fora cometido.
Existem entendimentos jurisprudenciais que corroboram com o pensamento aplicado no
referido processo:

HABEAS CORPUS. ROUBO QUALIFICADO. PENA-BASE FIXADA NO


MÍNIMO LEGAL. REGIME FECHADO. GRAVIDADE ABSTRATA DO
DELITO. INVIABILIDADE. 1. Esta Corte, em inúmeros julgados, entendeu que,
sendo o paciente primário, portador de bons antecedentes e de circunstâncias
judiciais favoráveis – tanto que a pena-base foi estabelecida no patamar mínimo
– , possível o estabelecimento do regime menos gravoso, como é o caso dos autos.
2. Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, "a opinião do julgador
sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a
imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada"
(Súmula nº 718), assim como "a imposição do regime de cumprimento mais
severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea" (Súmula nº 719).
3. Ordem concedida para estabelecer o regime semiaberto para início do
cumprimento da pena privativa de liberdade, estendo os efeitos da decisão aos
correús Vanderlei Silva de Jesus, Emerson da Silva Freitas e Willian Ataíde
Felício Soares.
(STJ - HC: 168081 SP 2010/0060750-5, Relator: Ministro OG FERNANDES,
Data de Julgamento: 25/05/2010, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe
21/06/2010)

Além do entendimento do Juiz, podemos, neste caso aplicar, o Princípio da


Individualização da Pena, disposto no artigo 5º, XLVI da Constituição Federal, onde é
assegurado que cada indivíduo, infrator, deve ter sua pena majorada de forma individual.
Uma vez não permitindo entendimento do Juiz em dar uma pena abaixo do mínimo
legal, o “engessamos” na sua dosimetria da pena e ferimos o Princípio do Livre
Convencimento Motivado do Juiz, que livra o magistrado de ficar preso ao formalismo da
lei e permite, com base em provas existentes nos autos, que ele profira uma sentença com
base em sua livre convicção pessoal motivada.

2 PRINCÍPIO DO “NON REFORMATIO IN PEJUS” INDIRETO

Ocorre na hipótese em que, anulada a sentença por força de recurso exclusivo da


defesa, outra vem a ser exarada, agora impondo pena superior, ou fixando regime mais
rigoroso, ou condenando por crime mais grave, ou reconhecendo qualquer circunstância que a
torne, de qualquer modo, mais gravosa. Entretanto, o juiz não poderá tornar a situação do
acusado mais onerosa do que aquela proferida na decisão inicial.
Podemos embasarmos no Art. 617, CPP, o qual diz: “O tribunal, câmara ou turma
atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável, não
podendo, porém, ser agravada a pena, quando somente o réu houver apelado da sentença. ”

4 PEDIDO

Ante o exposto, requer, respeitosamente à esta Colenda Câmara Criminal, que seja
juntada a presente petição de contrarrazões de apelação, para que, seja conhecido e ao final,
improvido o apelo ministerial, mantendo inalterada a sentença prolatada pelo juízo a quo,
em favor do apelado JHONATAN BRYAN RODRIGUES SOARES SILVA.

Nestes termos,
Espera deferimento.

Goiânia-GO, 21 de fevereiro de 2019

Advogado/OAB

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