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Fundamentos e Controle

Autor Sarnir N.Y.Gerges , Ph.D.


;Revisores : Roberto Müller Heidrich, M.Sc.
Elizabeth R. C. Marques, M.Sc.
Departamento de Engenharia Mecânica,
Universidade Federal de Santa Catarina,
Departamento de Engenharia Mecânica,
Laboratório de Acústica e Vibra<;Ões, LVA,
Cx.P. 476, Florianópolis, se. - CEP:88049
Tel:(0482)319227/344074 Fax:0482-341519
RUÍDO: Funda1ne11tos e Conh·ole
Copyright @1992
Sarnir N.Y. Gcrges

Primeira Edição - 1992

Reservado todos os direitos de publicação pelo autor. Nos termos da lei


que resguarda os direitos autorais. É proibida a reprodu~o total ou parcial,
bem como a produção de apostilas a partir deste livro, de qualquer forma
ou para qualquer mei~eletrônico ou meânico, inclusive através de proceaeo
xcrográfl.ocos, de fotocópia e de gravação, sem permiBBão por escrito do autor.

Registro legal na Biblioteca Nacional referência 68.521 e 71.586 em 1991.

Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária da Universidade


Federal de Santa Catarina

G367r Gcrges, Sarnir, N.Y.


Ruido: fundamentos e controle/ Samir N.Y. Gergcs;
revisores : Elizabeth R. C. Marques, Roberto Müller Heidrih.
Florianópolis : S. N. Y. Gerges, 1992.
XXXV I, 600p., il., grafs., taba.

ISDN 85-000046-01-X
Inclui apêndice.
Inclui bibliografia e índice.

1. Acústica. 2. Controle de ruído. 3. Engenhuia acústica.


4. Poluição sonora. 5. Ruído. 6. Ruido - Efeito ftsiol6gio.
7. Acústica arquitetônica. I. Título.
CDU 534

ÍNDICE PARA O CATÁLOGO SISTEMÁTICO (CDU)


1. Acústica . . ..................................... 534
2. Controle de ruído ..... , . , .... , , . . . . . . . . . . . . . . . . . . 534.83
3. Engenharia acústica . . ........................................ , . 534.8
4. Poluição sono1·a . . . . . . . ................................... , . . . 534.3
IS. Ruído . , ............... , . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1534.8
6. Ruído - Efeito fisiológico ....................................... 534.T
7. Redução de ruído . . . . . . . . . . . . . . . . ..................................... 534.83
8. Som . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1534.3
9. Acústica arquitetônica .............. , ............................... · · 534.84
10. Acústica conforto ...................... , ...... , ............. , , · · · 1534.843.5
11. Acústica de edificação . . ....................................... · , , · · 534.838
Gerges1 Sarnir N

Ruido fundamentos e controle

620. 23/G314r
(357872/96)

À memória de minha mãe, Aida Habib.

A meu pai, Nagi Yousri Gerges Rafael, pelo zelo e carinho


dispensado a nós três.

A meus irmãos, Amai e Mourad, pelos cuidados a mim


dedicados.
PREFÁCIO
Este livro não é uma obra perfeita e completa sobre o a11unto
de ruído; para assim ser, nunca poderia ser terminada. Foi con-
cluída após muitos anos, sendo uma cobrança da sociedade, dai
indústrias e das universidades.
O principal objetivo deste livro é preencher uma grande lacuna
que existe na bibliografia técnica brasileira sobre soluções de en-
genharia dos problemas de ruído ambiental, conforto acústico e
controle de ruido industrial, com o objetivo de melhorar a quali-
dade de vida e bem-estar do homem.
A grande demanda pelo conforto acústico e controle de ruído
e vibrações exige soluções de engenharia e desenvolvimento de
materiais e processos para problemas de ruído. Hoje, requisi-
tos fundamentais e especificações rigorosas, na fase de projt.to de
aparelhos, máquinas, processos industriais, ambientes internos e
externos, são exigidos e apoiados por legislações, como a lei do
silêncio elaborada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente, em
1990, dando proteção ao homem contra o meio ambiente poluído
acusticamente.
Esta grande demanda no mercado forçou.me, ao longo da mi·
nha vida profissional em vários países, a desenvolver técnicas e
soluções práticas para problemas de ruído. Além disso, passei a
escrever e reescrever versões atualizadas da minha apostila CON-
TROLE DE RUÍDO INDUSTRIAL, acrescentando as últimas
técnicas e conhecimentos, lançando mão da experiência ganha com
a participação efetiva no Instituto Internacional de Engenharia de
Controle de Ruído, como membro, e nos congressos internacionais
anuais do Inter-Noise, como membro do International Advisory
Committe.
Em 1988 a apostila chegou a 350 páginas, e foi usada nos cur·
sos intensivos de três dias (24 horas) que vêm sendo requisitados
em ritmo acelerado, por todo Brasil, e nas palesh·as dadas nos
congressos e seminários de engenharia, segu1·ança e medicina do
trabalho. Esta apostila, junto com Outra de ací1stica aplicada,
elaborada para alunos de graduação e pÓs·gradução, formaram a
base deste livro, que Cai atualizado com o acréscimo das técnicas
e soluções mais modernas.
Os a1&untos apresentados neste livro são integrados, não ha·
vendo a necessidade do leitor ter já conhecimentos na área de
acústica; embora que, para os sete primeiros capítulos, sobre fuo-
damentos de acústica aplicada, se faz necessário um embasamento
em equações diferenciais, álgebra linear e números complexos.
Este livro tem como objetivo orientar técnicos, engenheiros
de segurança, de projeto, de manutenção, de operação, gerentes,
médicos do trabalho e campos afins na área de controle de ruído
e conforto acústico.
Nos sete primeiros capítulos são apresentados: fundamentos de
acústica aplicada, instrumentos para medição e análise de ruído e
vibrações e seus efeitos no homem. Os capítulos 8 a 13 apresentam
métodos para identificar e quantificar as fontes de ruído de venti-
ladores, motores, válvulas, compressores, torres de refrigeração,
engrenagens, rolam.entos etc. e os procediinentos para elaboração
de projetos para redução de ruído na fonte, na trajetória e no
receptor, tais como: enclausurBillentos, divisores, silenciadores,
filtros acústicos e ressonadores. Um capítulo indispensável é apre-
sentado sobre os protetores auditivos, seus funcionamentos, ate-
nuações reais e problemas de utilização. São apresentados também
casos práticos de redução de ruído dos motores elétricos, jatos de
ar comprimido e computadores.
O livro é recomendado para alunos de graduação e pós-
graduação em ciências aplicadas e usado nas disciplinas de fun-
d8Dlentos de acústica, acústica avançada, conforto acústico e con-
trole de ruído, nos cursos de graduação e pós-graduação de Enge-
nharia Mecânica, Civil, Segurançà e Arquitetura.
Uma lista de referências bibliográficas acompanha cada
capítulo para fornecer aos leitores material de estudo mais pr0w
fundo.
O autor gostaria de receber comentários e críticas que, sem
dúvida, serão estudados para melhorar as próximas edições deste
livro, lembrando que alguns erros em equações e no texto podem
ainda haver, apesar dos cuidados tomados.
Meu agradecimento ao Prof. Frank J. Fahy, do Instituto
de Pesquisa em Som e Vibrações (ISVR) da Universidade de
Southampton, Inglaterra, não só pelo ensinamento de acústica du-
rante os 10 anos de minha vida na Inglaterra, como orientador de
meu trabalho de doutorado e pós-doutorado, mas também pelo
ensinam.ento sobre como pesquisar e como trabalhar em grupo.
Meu agradecimento também pela autorização para usar material
do seu livro Sound and Structural Vibration: Radiation, Trans-
mission and Response.
Meus agradecimentos aos professores de um grupo de Vi-
braçõea e Acústica do Departamento de Engenharia Mecânica
(EMC) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC): Ro-
berto M. Heidrich, Roberto Jordan, 11.enan R. Bruzalle ~ EJi.
Nbeth R.C. Marques, pela noHa luta, atravé, de projeloo de
peaquuaa (FINEP e CNPq) e trabalhos de extenaão para contri-
buir, completar e atualizar o Laboratório de Vibraçõe, e Acúsüca
(LVA) do Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC. Em
especial ao Roberto M. Heidrich e à Elizabeth R. C. Marque,,
que deixaram esta versão final revisada tecnicamente e sem ,ota-
que. Ao melhor aluno de pós-graduação desde o início do cur,o
de mestrado na área de vibraçõea e acú1tica do EMC/UFSC, hoje
colega professor e membro do mesmo grupo, Roberto Jordan, pe-
laa revuõea inicias de parte deste livro em 1986; e, também, ao
Renan R, Brazzalle, pela revisão inicial do terceiro capítulo sobre
instrumentação para medição e análise de ruído e vibrações.
Aos meus alunos do curso de graduação e pós-graduação em
Engenharia Mecânica da UFSC, pelas contribuições através doa
trabalhoa: de bolsas, pesquisas, teses etc.; e1pecialmente ao1 1e-
guintes que orientei: Marco A. N. de Ara,ljo, Jorge C. da Silva
Pinto, Humberto N. Bez, Luiz G. Martins, Ednardo Bezerra
de Andrade, Nicodemus N.C. Lima, Elias B, Teodoro, Marcus
A.V. Duarte, Ulf Hermano Mondl, Eduardo Giampaoli, Jaime P.
Céspedes, Marcus A. C. Nunes, Elvira B, Viveiroa da Silva,Paulo
H. Zanin, Sandra Buone Fredel, Rodrigo Rihl Knieat e Geraldo
C.N. Miranda. Um especial agradecimento àqueles que tiveram
aeua trabalhos publicados em peri6dicoa, reviztaa e congre8I08 noa
EUA e Europa, tais como: Journal ofSound and Vibration e Jour-
nal of Noiae Contrai Engineering. Ao Eduardo Giampaoli, pelas
reviaõea iniciais de quatro capítulos deste livro.
Aoa técnicos, Adilto Teixeira e Guillermo Ney Caprario, pelas
contribuiçõea no, trabalhos de ensino, pesquisa e extensão.
A Zuleide Lanzendorf, pelo excelente planejamento gráfico e
digitação do texto, com a colaboração de Sineide S. Steinbach,
A todo• que contribuíram de forma direta ou indireta neste
trabalho.

Samir N, Y. Gergeo
Conteúdo

Ondas Acústicas 1
1.1 Introdução . 1
1.2 As Ondas de Pressão Sonora 2
1.3 Velocidade do Som nos Fluidos 4
1.4 Propagação do Som 5
1.5 Nível de Pressão Sonora- O decibel (dB) 6
1.6 Adição de Níveis de Ruído . 7
1. 7 Subtração do Ruído de Fundo . 9
1.8 Ondas Acústicas de Propagação Unidimensional 12
1.9 Comportamento Elástico doa Fluidos . 12
1.10 Equação da Onda Plana . 16
1.11 Solução Harmônica da Equação da Onda Plana . 17
1.12 Densidade de Energia da Onda Plana 20
1.13 Intensidade Acústica 22
1.14 Impedância Acústica Especifica da Onda Plana 23
1.15 Ondas Acústicas com Propagação Tridimensional 24
1.16 Equação Geral da Onda 24
1.17 Equação da Onda em Coordenadas Esféricas . 26
1.18 Ondas Esféricas Harmônicas . 29
1.19 Impedância Acústica Específica 30
1.20 Intensidade das Ondas Acústicas 30
1.21 Equação da Onda em Coordenadas Cilíndricas 33
1.22 Nível de Potência Sonora 35
1.23 Diretividade de Fonte 37
1.24 Referências Bibliográficas 39
2 Efeitos do Ruído e de Vibrações no Homem 41
2.1 Introdução. . . . . . . . 41
2.2 O Ouvido Humano . . . . . . . . . . . 42
2.2.l Ouvido Externo 42
2.2.2 Ouvido Médio . . . 44
2.2.3 Ouvido Interno . . . 44
2.3 Mecanismo de Audição . . . . . . . . . . . . . 46
2.4 Ruído e a Perda de Audição . . . . . . . . . . . . . 46
2.5 Efeito do Ruído nos Sistemas Extra-Auditivos 47
2.6 Critérios para Perda de Audição . . . . . . . 51
2. 7 Escalas para Avaliação de Ruido . . . . . . . 53
2.7.1 Circuitos de Compensação A,B,C e D 53
2.7.2 Nível Total de Pressão Sonora. . . . . 55
2.7 .3 Nível de Pressão Sonora - Pico (dB {Pico)) . 55
2.7.4 Nível de Pressão Sonora- Impulsivo (dB (Impulso}) 56
2.7.5 Nível Sonoro Equivalente (Dose de Ruído}. . . 56
2.7.6 Distribuição Estatística no Tempo: LN . . . . . 58
2.7 .7 Nível de Interferência na Comunicação Verbal 59
2.8 Curvas e Critérios para Avaliação de Ruído . . 61
2.8.1 Recomendações ISO R 1996 e NBR 10151 . . . 62
2.8.2 Curvas de Avaliação de Ruído NR e NC . . . . 63
2.8.3 Curvas de Critérios de Ruído Preferido [PNC) . . . 65
2.9 Efeito da Vibração no Corpo Humano 65
2.1 O Programa de Conservação da Audição . . . . . . . . . . . 72
2.10.1 Mapeamento de Ruído. . . . . . . . . . . . . . 72
2 .10 .2 Zonas de Risco de Ruído e Avisos de Alerta . . . . 73
2.10.3 Controle de Ruído . . . . , . . . . . . . . . 74
2.10.4 Refúgios do Ruído . . . 74
2.10.5 Rotatividade de Função 74
2.10.6 Especificação de Ruído . 75
2.10.7 Proteção da Audição .. 75
2.10.8 Educação . . . . . . . . 75
2.10.9 Supervisão e Treinamento 76
2.10.lOAudiometria .. . 76
2.10.11 Conclusões ... . 77
2.11 Referências Bibliográficas 78
Conteúdo -------------------Xlll

1 3\ Instrumentação Para Medição e Análise de Ruído e Vibrações


81
3.1 Introdução. . . 81
3.2 Sinais de Ruído e Vibrações 82
3.2.1 Classificação dos Sinais 82
3.2.2 Análise de Sinais 84
3.3 Instrumentos para Medição de Ruído . 92
3.3.1 Microfones 92
3.3.2 Medidor de Nível de Pressão Sonora 97
3.3.3 Dosímetro . 97
3.4 Instrumentos para Medição de Vibrações . 99
3.4.1 Sensores de Vibrações .. 100
3.4.2 Medidor de Vibração . . 104
3.5 Filtros . . .. 106
3.6 Pré-Amplificadores . 113
3.7 Registradores .. 114
3.8 Gravadores de Fita . . 115
3.9 Analisadores de Freqüência ... 116
3.10 Intensimetria Acústica com dois Microfones .. 117
3.10.1 Introdução 117
3.10.2 Medição da Intensidade Acústica . 119
3.10.3 Análise de Erros 121
3.11 Referências Bibliográficas .. 123

4 Radiação Sonora de Estruturas Vibrantes 125


4.1 Introdução. . 125
4.2 Relações Gerais . . 128
4.3 Radiação de Ruido de uma Esfera Pulsante .. 131
4.4 Radiação de Ruído de um Pistão .. 136
4.4.1 Relações Gerais . 136
4.4.2 Banda e Índice de Diretividade . 140
4.4.3 Intensidade Sonora Próxima a uma Fonte Pistão . 142
4.4.4 Reação no Pistão Vibrante .. 144
4.4.5 Impedância de Radiação . 146
4.5 Radiação de Ruído da Esfera Vibrante . 150
4.6 Radiação de Ruído de um Pistão numa Superfície Esférica ... 151
X I V - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Conteúdo

4. 7 Radiação de Ruído de Corpos Cilíndricos . . . . . 152


4.7.1 Radiação de Ruido de uma Casca Infinita . 154
4. 7.2 Radiação de Ruido de uma Casca Finita . . 157
4.8 Radiação de Ruido de um Segmento de Casca . . 158
4.9 Radiação de Ruído de Placa Vibrante . . . . . . 160
4.9.1 Onda de Flexão em uma Placa . . . . . . 161
4.9.2 Radiação de Ruído de Ondas de Flexão Livres em uma
Chapa Infinita . . . . . . . . . . . . . . 164
4.9.3 Radiação de Ruido de uma Placa Finita . . 168
4.10 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169
4.11 Recomendações para Atenuação do Ruido 170
4.12 Referências Bibliográficas . . . . . . . . . . . 171

5 Isolamento de Ruído 175


5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . 175
5.2 Transmissão através de Dois Meios . . 179
5.3 Reflexão na Superfície de um Sólido . 184
5.4 O Tubo de Impedância . . . . . . . . 186
5.5 Perda de Transmissão de Paredes Simples . 186
5.5.1 Transmissão de Som Através de Três Meios . 186
5.5.2 Transmissão através de Parede Oscilante. . 193
5.5.3 Transmissão Através de Parede Vibrante. . 196
5.6 Parede Dupla . . . . . . . . . . . . . . . . . 205
5.7 Efeito de Aberturas e Paredes Compostas .. 210
5.8 Ruido de Impacto . . . . . . . . . . . . . . 213
5.9 Número Único para Isolamento Acústico . . . 213
5.9.1 Ruído Continuo . . . . . . . . . 213
5.9.2 Ruido de Impacto . . . . . . . . . . 215
5.10 Medição da Perda de Transmissão . . . . . 217
5.10.1 Medição com Duas Câmaras Reverberantes . 217
5.10.2 Medição com Medidor de Intensidade Acústica . 220
5.11 Referências Bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221
6 Propagação do Som no Ar Livre
6.1 Introdução . . . . . . . . . 223
6.2 AtenuaJão de Ruído com a nÍs~â·n~i~ : · · · · · . 223
6.3 Absorçao do Ar . . . . . . . . . . . . · .. 224
6.4 Efeito das Condições Meteorológicas : : . 229
6.5 Efeito da Vegetação . . . . . · .. 230
6. 6 Barreiras . · · · · · · · · · · ... 231
· · · · ... 237
6.7 Modelo Computacion;l para P;edi~ã,,"d~ R.~íd~ : ... 239
6. 7 .1 Fonte Sonora . . . . . . . . . . .. 241
6.7.2 Caminho de Transmissão ... 242
6.7.3 Ponto Receptor . . . . . . . . . . . . . . . 243
6.7.4 Resumo do Procedimento de Cálculo . . .. 243
6.7.5 Descrição da Fonte .. . . . . . . . 244
6. 7 .6 Fatores de Correção . . . . . . . 245
6.8 Referências Bibliográficas . 245

7 Acústica de Ambientes Fechados 249


7.1 Introdução. . . . . . . . . . 249
7.2 Crescimento da Intensidade Acústica . . 250
7.3 Decaimento da Intensidade Acústica . . . . 252
7.4 Absorção do Som no Ar . 257
7.5 Determinação de Potência Sonora. . .. 258
7.5.1 Medição em Campo Difuso (Câmaras Reverberantes)258
7.5.2 Medição em Campo Semi-Reverberante . . . .. 273
7.5.3 Medição em Campo Livre (Câmaras Anecóicas) . . . . . 274
7.6 Redução de Ruído por Absorção · 277
7.7 Freqüências Características e Densidade Modal ... 282
7.7.1 Salas Retangulares · 282
7.7.2 Salas Cilíndricas · 288
7 .8 Sala Retangular com Paredes Absorventes . 291
7.9 Referências Bibliográficas ... · · · 295
X V I - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Conteúdo

8 Materiais e Silenciadores para Absorção de Ruído 299


8.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 299
8.2 Materiais de Absorção Acústica . . . . . . . . . . . . . 300
8.3 Medição do Coeficiente de Absorção Acústica . . . . . . 305
8.3.1 Medição do Coeficiente de Absorção usando-se o Tubo
de Ondas Estacionárias . . . . . . . . . . . . . . . . 306
8.3.2 Medição do Coeficiente de Absorção em Câmaras Re-
verberantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 313
8.3.3 Determinação da Absorção Sonora de Materiais com
Sistema Computadorizado . . . . . . 315
8.4 Tipos de Materiais de Absorção Acústica . 329
8.5 Silenciadores Resistivos . 336
8.6 Referências Bibliográficas . 350

9 Filtros e Ressonadores Acústicos 357


9.1 Introdução . 357
9.2 Propagação de Ondas Sonoras em Dutos Retos . 358
9.3 Reflexão de Ondas em Dutos . 361
9.4 Ressonância em Dutos . . . . 365
9.5 Ressonadores de Helmholtz . 368
9.6 Teoria Geral de Abertura Lateral em Dutos . 371
9.7 Ressonador de Helmholtz na Abertura Lateral . . 374
9.8 Orifício na Abertura Lateral .. . 376
9.9 Tubo Fechado na Abertura Lateral . 380
9.10 Câmaras de Expansão . . . . . 381
9.10.1 Câmara de Expansão Simples . . 381
9.10.2 Câmara de Expansão Dupla .. . 384
9.10.3 Orifício na Direção de Propagação . 386
9.10.4 Câmara de Expansão Dupla com Orifício . 387
9.11 Absorção de Ruído em Baixas Freqüências . 388
9.11.1 Ressonador de Helmholtz . . 390
9.11.2 Painéis Vibrantes Tipo Membrana . 395
9.11.3 Painéis com Face Perfurada . 397
9.12 Controle Ativo de Ruído . 398
9.13 Referências Bibliográficas .. . 401
C o n t e ú d o - - - - - - - - - - - - - - - - - - - XVII

10 Isolamento de Vibrações e Choques


10.I Introdução . . . . . . . . . . . . . . 407
10.2 Fundamentos do Isolamento de V.ibr~çõ~ · : .. . . . . . 407
10.3 Procedimentos Simples de Projeto . . . . . . . . . 408
10.4 Sistema com Vários Graus de Liberdade .. . . . 415
10.5 Outros Fatores no projeto de Isolamento .. . . . . . . . 416
10.5.1 Ressonância do Sistema .. . 420
10.5.2 Rigidez da Base .... . . . . . 422
10.5.3 Ressonâncias Internas . .. 424
. . . . . . . 425
10.5.4 Efeitos de Altas Freqüências .
. .. 427
10.6 Tipos e Configurações de Isoladores. . .. 427
10.7 Isolamento de Choques. . . 435
10.8 Referências Bibliográficas .. 438

11 Ruído das Máquinas 439


11.1 Introdução · · · · · · · · · · · · · · · · . 439
11.2 Ruído dos Ventiladores e Exaustores . 440
.. 440
11.2.1 Introdução ·
. 440
11.2.2 Tipos
. 446
11 2 3 Fontes de Ruído · · · · · · · · · · · ·
11:2:4 Predição do Nível de Potência Sonora . 448
. 450
11.3 Ruído dos Motores ~létricoa . ~;~ ~lé·t;ic~~ : : . 450
11.3.1 Fontes de ruido em mot
. 454
l 1.3.2 Espectro do ruído · · . 455
11.4 Ruído de Válvulas · . 455
11.4.1 Introdução . 458
11.4.2 Nível de ruído ·
X V I I I - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Conteúdo

11.5 Ruído dos Compressores . 460


11.5.1 Introdução . . . . 460
11.5.2 Fontes de ruído . 460
11.5.3 Potência sonora de compressores centrífugcs . . 463
11.5.4 Potência sonora de compressores axiais . . 464
11.6 Ruído de Turbinas a Gás . . . . . . . . . . 465
11.7 Ruído de Motores Diesel . . . . . . . . . . . . . . 467
11.7.1 Nível de Pressão Sonora do Motor .. . . 467
11.7 .2 Ruído de Descarga de Motores Diesel com Silenciador 468
11. 7 .3 Ruído do Ventilador de Refrigeração do Motor Diesel . 468
11. 7.4 Ruído na Admissão de Motores Diesel . 469
11.8 Ruído de Torres de Refrigeração . . . . . . . . 469
11.9 Ruído e Vibrações de Engrenagens . . . . . . . 471
11.9.1 Vibrações Induzidas por Engrenagens . 471
11.9.2 Variação do Ruído com a velocidade . 472
11.9.3 Variação do Ruído com o Torque . . . . 472
11.9.4 Engrenagens Helicoidais . . . . . . . . . . . . . . . 475
11.9.5 Efeito da ~azão de Contato dos Perfis (PCR) . 475
11.9.6 Efeito do Angulo de Pressão . . . . . . . . . . 476
11.9.7 Efeito da Modificação do Perfil dos Dentes . . 476
11.9.8 Efeito da Lubrificação . . . . . . . . . . . . . . 476
11.9.9 Suporte de Engrenagens e Modificação da Carcaça . 478
11.9.10 Efeito da Carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . 478
11.9.11 Vibrações e Ruído de Engrenagens . . . . . . . 480
ll.9.12Controle de Ruído de Caixas de Engrenagens . 480
11. lORuído e Vibrações dos Rolamentos e Mancais . . . . . 483
11.10.1 Elementos Rolantes . . . . . . . . . . . . . . . 484
ll.10.2Redução do Ruído Produzido por Rolamentos. . 486
ll.10.3Mancais Planos (de Escorregamento). . 488
11.llReferências Bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . 489
conteúdo-~~~~~~~~~~~~~~~~
XIX
l2 Protetorea Auditi\'OII
12.1 Introdução. , . . . . . . . . . 493
12.2 Funcionamento do Protelar · · · · · · · · · · · · · · · · ... 493
12.3 Tipos de Protetores AuditiVO:. · · · · · · · · · · · · · · · · · · . 493
12.3.1 Tampão do Tipo Deac~tiiv~· : · · · · · · · · · · · · · · 496
12.3.2 Tampão do Tipo Pré-moldado · · · · · · · · · · · · · · 496
12.3.3 Tampão do Tipo Mold • 1 . . . . . . . · .. · .. · 498
12.3.4 P~tetor do
.
:~po ave · · · · · · · · · · ....... 498
Concha . . . . . . . . . . . . . . . . . 499
12.3.5 T1poe Especi&JB de Protetor.. Auditivos . . . . . . . . . 499
12.4 Redução ~e Ruído . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 500
12.5 Número Unico para Atenuação do Protetor . . . . . . . . . . . 505
12.6 Ensaio& de Atenuação de Ruído . . . . . . . . . . . . . . . . . . 507
12. 7 Desempenho doe Protetores DO Ambiente Industrial ..... 514
12.8 Tampão e Concha usados Simultaneamente . . . . . . . . . . . 518
12.9 Problemaa de Utilização dos Protetores Auditivos . . . . . . . . 523
12.9.1 Higiene . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 523
12.9.2 Desconforto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 524
12.9.3 Efeitos na comunicação verbal . . . . . . . . . . . . . . 524
12.9.4 Efeito na localização direcional . . . . . . . · · · · · · · 5244
12.9.5 Sinais de alarme . . . . . . . · . · · · · · · · · · · · · · 52
lf.9.6 Segurança . . . . . . . . . . · · · · · · · · · · · · · · · · :~:
12.lOCustoa . . . . · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 525
12.llConsiderações Finais · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 526
12.12Referências Bibliográlicss · ·· · · · · · · ·· · · · ·

529
13 Engenharia de Controle de Ruído . . .. . . .. 529
13.1 Introdução .. · · · · · · 1· · · ;.;,,~nto . . . . . . . . . .. 533
13 2 Controle de Ruído por Enc ausu .. . .. 534
. 13 2 1 Enclausuramentos Amplo · · · · · · · · · · ... 539
13:e:2 Enclausuramento Com~ac:oB~r~ir~ .. 540
13 2 3 Enclausuramento Parcial ... 547
13.3 R~ído de Computadores e Impressor~ . . . . .. 555
·.. . 555
13.4 Ruído de Jatos _· · · · · · : : . . . . . . · · ... 555
13.4.1 Introduçao : ; ·.'~de Jatos Livres · · · · · · ... 559
13.4.2 Ruído Aerodmam1cd Obstrução de Fluxo . . . . 560
13.4.3 Ruído Provement~I :ciosos . . . . . . . . . . . . . . . . 570
13.4.4 Bocais d; Jatos!' :ores Elétricos .. 575
13.5 Redução de Ruido e~ 0 . . . .
13.6 Referências Bibhográlicas ·
Apêndice 1: Unidades e Grandezas .............................. 579
Apêndice II: Propriedade das Substâncias,
Sólidos . . . . . .. . . .. .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. .. .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. .. 581
Líquidos e Gases .......................................... , . 582
Apêndice Ili: Valores Representativos do Coeficientes de
Absorção Acústica de Alguns Materiais Simples , , , .... , , 583
Apêndice IV: Valores Representativos do Coeficientes de
Absorção Acústica de alguns Materiais EUCATEX ..... 584
Apêndice V: Valores do Coeficiente de Absorção Médio
para Ambientes Industriais . .. . . . . . .. . . . . . .. .. . . . .. .. . . .. .. 585
Apêndice VI: Absorção Total em (m2) para Pessoas e Móveis 586
Apêndice VII: Valores Recomendados para Classe de
Transmissão Sonora de Paredes e Divisórias • CTS ... , .. 587
Apêndice VIII: Classe de Transmissão Sonora • CTS
para Materiais do Construção mais Usados .............. 587
Apêndice IX: Perda de Transmissão Média (IMPP)
Recomendada para Várias Condições de Privacidade ... 588
Índice ... , ........................................................... 589
Lista de Figuras

Lista de Figuras
----XXI
1.1 Propaga,ão da onda sonora
1.2 A pressão acústiê:a
1.3 Adição ~e níveis de ~r~s~ão ·s~n·o;a· 3
1.4 Subtra,ao do ruido de fundo .. 9
1.5 Deslo~amento de fluido devido à p,;.;.- · · d · · · · · · · · · li
1.6 Rela,oes de fase (a) Onda positiva (b) ~md e onda sonora . 14
1. 7 Elemento de volume . n a negativa 19
1.8 Coordenadas esféricas 25
1.9 Coordenada cilíndrica 27
1.10 Curva típica de diretividad~ .· 33
38

2.1 Contornos padrão de audibilidade para tons puros


42
2.2 Ouvido humano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.3 O Ouvido médio
44
2.4 A cóclea e os dutos . 45
2.5 Corte da cóclea 45
2.6 Perda de audição por idade . . . . . . . . . . . . 47
2.7 Órgão da cóclea,(a) Normal,(b,c e d) Danificada 48
2.8 Perda de audi,ão,( ..... ) sem e(-) com exposição de ruído 49
2.9 Perda de audição por ruído de impacto . 50
2.10 Efeito do ruido nos organismos do corpo humano 51
2.11 Níveis de pressão sonora para risco da perda de audição 52
2.12 Circuitos de compensação A,B,C e D . 55
2.13 Valor do pico, média e raiz média quadrática (R~·fS) 56
2.14 Medidor de doses de ruído ... 57
2.15 Mediaor de doses de ruído portátil 58
2.16 Nível de exposição sonora 60
2.17 Distribuição cumulativa do ruído 60
2.18 Curvas de avali,,_ão de ruído (NR) 67
2.19 Curvas de critério de ruído preferido - PNC 68
2.20 Corpo humano como sistema mecânico · ~
2.21 Direções de vibração do corpo e da mão . . . . . . 69
2.22 Os três limites estabelecidos pela norma ISO 2631 70
2.23 Limites de vibração vertical para posição sentado . 71
2.24 Limites de vibrações para as mãos · · · · · . · · · · · · · 71
2.25 Organização de um programa de conservação da audição . 72
2.26 Mapa do ruído .. 73
XXII - - - - - - - - - - - - - - - - - - Lista de Figuras

3.1 Classificação de sinais 83


3.2 Quatro amostras de sinais aleatórios . 84
3.3 Função densidade de probabilidade para uma onda seno 86
3.4 Cálculo da função densidade de probabilidade p(x) . . . 87
3.5 Funções de probabilidade para distribuição gaussiana . . 88
3.6 Propriedades de R,(T) de um processo aleatório estacionário . 89
3.7 Propriedades de R,,(T) de processos x(t) e y(t) . . . 90
3.8 Sistema básico para medição de ruído . . 92
3.9 Curva típica da resposta em freqüência de microfone 94
3.10 Corretores e protetores . . 95
3.11 Microfone capacitivo típico . . . . . . 96
3.12 Microfone eletreto . . . . . . . . 96
3.13 Medidores de nível de Pressão Sonora 99
3.14 Calibradores . . . . . . . . . 100
3.15 Medidor de dose de ruído 101
3.16 Transdutor eletromagnético 102
3.17 Material piezoelétrico 103
3.18 Curva típica da resposta e1n freqüência de acelerômetro e pre-
amplificador . 104
3.19 Fixação com parafuso ou cêra de abelha 105
3.20 Fixação por cimento ou pino/arruela isolante 105
3.21 Fixação por imã 106
3.22 Ponta de prova segurada à mão . . . 106
3.23 Diagrama de bloco do medidor de vibração 107
3.24 Sistema analógico de medição de vibração 108
3.25 Medição de nível global com filtro de banda larga . 109
3.26 Medição do espectro em bandas de 1/1 oitava . 109
3.27 Medição de espectro em bandas estreitas . llO
3.28 Os três tipos de filtros . llO
3.29 Larp;ura de 3 dB e efetiva . . 111
3.30 Filtros em escala logarítmica ll3
3.31 Filtros em escala linear. ll4
3.32 Curva de resposta para filtro de classe II e III 115
3.33 Gravadores típicos tipo Brüel & Kjaer . . . . ll6
3.34 Analisador FFT portátil de dois canais (Edisa/HP3560A) 118
3.35 Analisador FFT de laboratório tipo Brüel & Kjaer 2032 . 119
3.36 Arranjo dos microfones par.a medição da intensidade acústica 120
3.37 Medidor de intensidade sonora portátil tipo Brüel & Kjaer . . 121
Lista de Figuras
---------XXIII
4
.1 Sistema com
42 um grau de liberdade
. Resposta de sistema d . . . . . . 126
4.3 Esfera pulsante . . e um grau de liberdade . . 127
4.4 Eficiência de radiaçi, ·d· · · · · · · · · · · .. . . . 131
4.5 Relação entre raio e f ~.:sre_ra pulsante ... . . 134
4.6 Fonte hemisférica requencia para "rad = O, 9 . 135
. 136
4.7 Coordenadas do pi~t~ : :
. 137
4.8 Função 2J,(x)/x
:·~O
.
~iagrama polar d~ diretividade para pistão de raio a=O,lm
ampo sonoro prox1mo do pistão a = 4,\
..

. 140
139

4.11 Elementos ds e d , d ' · · · · · · · · · · · · 144


fí . d . ~ 6 usa os para obter a força reativa na su-

4.12 ~:ç: d; ;;;:~â~~i~ do pi,;~· : ·


4.13 Massa adicional do pistão vibrante e;,,· ,ig~~ (a~Ô,Í~)·
·
·
145
147
4.14 Esfera vibrante . . . · · · 149
4.15 Eficiência de radiação de três.tip~~ de·f~n~~: . !!~
4.16 Radiação de um pistão numa esfera . 153
4.17 Radiação sonora de casca infinita . . . 156
4.18 Casca finita em coordenadas cilíndricas .. 157
4.19 Radiação sonora de casca finita . . 159
. 160
4.20 Segmento de casca .
4.21 Diretividade de radiação de segmento de casca .. 161
. 162
4.22 Onda de flexão livre
4.23 Variação da velocidade da onda de flexão com a freqüência . 164
4.24 Radiação de ruído de uma placa finita circundada por plano
rígido 168
4.25 Radiaçao de Placa Finita . 169
4.26 Efeito de comprimento de placa - .. - 170
4.27 Cancelamento para placa com contornos livres 171
4.28 Eficiência de radiaÇ;ão da placa retangular de área ab (m 2 ) vi-
brante nos modos m, n . 172
4.29 Aplicação do amortecimento para redução de velocidade . 173
4.30 Caso típico de redução de área vibrante . . . . . . . . . . . 173
XXIV - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Lista de Figuras

5.1 Ruído carregado por ar e estrutura 176


5.2 Tipos de ondas no sólido . . . . . . 177
5.3 Reflexão e transmissão da onda plana 180
5.4 Onda estacionária, pressão máxima na superfície 182
5.5 Onda estacionária,pressão mínima na superfície 183
5.6 Som incidente no meio sólido . 184
5.7 Transmissão através de três meios . . . 187
5.8 Projeção da área esférica no plano . . . 191
5.9 Comparação entre PT, PT., e PT,amp . 192
5.10 Transmissão através de parede oscilante 193
5.11 Curva típica de PT para parede simples 197
5.12 Transmissão da parede vibrante . . . . . 198
5 .13 Condição de coincidência . . . . . . . . . 202
5.14 Determinação de PT usando o método do patamar . 206
5.15 Configuração física do modelo matemático para parede dupla . 207
5.16 Perda de transmissão de parede com aberturas . 211
5.17 Perda de transmissão para parede composta . . 212
5.18 Piso flutuante . . . . . . . 214
5.19 Classe de transmissão sonora(CTS) . 216
5.20 Curva CII padrão. . . . . . . . . . 217
5.21 Medicão de ruído de impacto . . . . 218
5.22 Medição de PT usando duas câmaras reverberantes . . 218
5.23 Medição da PT pela técnica da intensidade acústica . 220

6.1 Modelo para predição de ruído na comunidade . 224


6.2 Efeito da presença de superfície na diretividade . 226
6.3 Fontes lineares . . . . . . . . 228
6.4 Atenuação com a distância para vários tipos de fonte . . 228
6.5 Fonte pontual (alarme) e plana (vazamento de ruído) . . 229
6.6 Atenuação do ar em dB/km nas bandas de 1 e 2 kHz . . 231
6.7 Atenuação do ar em dB/km nas bandas de 4 e 8 kHz . . 232
6.8 Efeito de aumento da temperatura com altura . . 232
6.9 Efeito de diminuição da temperatura com altura . . . . 233
6.10 Variação do caminho das ondas acústicas com efeito do vento . 233
6.11 Atenuação para várias vegetações . 234
6.12 Atenuação para várias vegetações . 235
6.13 Grupos de vegetação n. = 2 . . . 236
6.14 Grupos de vegetação n. = dv/50 . 237
6.15 Barreira . . . . . 239
6.16 Atenuação da barreira para fonte pontual e linear . . 240
6.17 Distância para cálculo de atenuac;.ão de barreira finita . 240
6.18 Caminhos da transmissão . . . . . . . . . . 242
Lista de F i g u r a s - - - - - - - - - - - - - - - XXV

7 .1 Elemento da área e volume . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 250


7 .2 Crescimento e caimento do nível de pressão sonora . . . . . . . 254
7 .3 Tempo ótimo de reverbera<;ão . . . . . . . . . . . . . . . . . . 257
7 .4 Vista de uma câmara reverberante . . . . . . . . . . . . . . . . 259
7 .5 Modelo de câmara reverberante . . . . . . . . . . . . . . . . . . 272
1.6 Modelos de fontes sonoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 272
1. 7 Distribuição do campo sonoro em salas . . . . . . . . . . . . . . 275
7.8 Vista de uma câmara anecóíca . . . . . . . . . . . . . . . . . . 277
7 .9 Câmara semi anecóica típica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 278
7.10 NWS e NPS dentro de salas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 280
7.11 Efeito da absorção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 280
7 .12 Exemplo típico de uso de materiais absorventes suspensos SONEX
da llbruck Industrial Ltda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 281
7 .13 Biombo de fabrica<;ão Acústica São Luiz . . . . . . . . . . . . . 283
7.14 Resposta típica de sala nas baixas freqüências . . . . . . . . . . 286
7.15 Distribuição de freqüências . . . . . . . . . . . . . . . . . 287
7.16 Caimento de várias ondas em salas . . . . . . . . . . . . . . . . 296

8.1 Os mecanismos de dissipação da energia sonora nos materiais . 301


8.2 Varia<;ão do coeficiente de absorção com pf/ R . . . . . . . . . . 303
8.3 Varia<;ão do h, R e S . . . . . . . . . . . . . . . . . 305
8.4 Escolha de alternativas para colocação de materiais . . . . . . . 306
8.5 Car-acterísticaa típicas de materiais porosos . . . . . . . . . . . 307
8.6 Medição de absorção acústica em tubo de onda estacionária .. 308
8.7 Coeficiente de absorção Q 0 1 em função de DifJ. e L. . . . .. 312
8.8 Coeficiente de absorção aleatória 0 111 . . 313
8.9 Esquema de montagem da técnica de um microfone . . . . . 316
8.10 Vista em corte do aparelho de ondas estacionárias . . . . . . . 320
8.11 Espectro de pressão sonora, microfone nas posições 3,5 e 7 ... 324
8.12 Coeficiente de absorção, microfone n~ posições 5 e 7 . . . . . . 325
8.13 Coeficiente de absorção, microfone nas posições 2 e 7 . . . . . . 326
8.14 Absorção da terminação rígida, microfone nas posições 5 e 7 .. 327
8.15 Absorção da terminação rígida 1 microfone nas posições 2 e 7 .. 327
8.16 Função de coerência da figura 15 . . . . . . . . . 328
8.17 Função de coerência da figura 13 . . . . . . . . . . . . . . .. 329
8.18 Sobreposição de três curvas do coeficiente de absorção . . . . . 330
8.19 Coeficiente de absorção para materiais SONEX . . . . . . . . . 331
8.20 Aplicação de fibra de vidro por procesoo de jateamento (de
fabricação SANTA MARINA e EUCATEX MINERAL) . . . . 332
8.21 Caso típico de aplica<;ão dos painéis EUCAVIO de fabricação
EUCATEX MINERAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 333
X . X V I - - - - - - - - - - - - - - - - - Lista de Figura•
8.22 Estrutura microscópica de espuma,lã de vidro e lã de rocha . 334
8.23 Configuração para proteção ... . 336
8.24 Absorção, transmissão e re-radiação . 337
8.25 Absorção em várias montagens . 338
8.26 Silenciadores típicos para ventilador . 339
8.27 Silenciador retangular . . 340
8..28 Várias configurações de silenciadores retangulares . . 343
8.29 Atenuação de configurações de células paralelas e alternadas .. 343
8.30 Idem da figura 29, com células duplas . . . . . . . . . . 344
8.31 Atenuação de células paralelas para várias espessuras , . . . 345
8.32 Atenuação de configuração de células não paralelas . . . . . 346
8.33 Atenuação de células paralelas para vários comprimentos. . 347
8.34 Atenuação para ondas planas em dutos . . . . . 347
8.35 Resistividade ao fluxo em função da densidade . 348
8.36 Perda de pressão . . . 348
8.37 Silenciador tipo câmara forrada(plenum) . . . . . 349
8.38 Exemplos típicos de silenciadores . 351
8.39 Verificação de fabricação e montagem de silenciador de CitroSuco
Paulista S.A. 352

9.1 Coordenadas para propagação de ondas em dutos . . 358


9.2 Pressão acústica p(y) para vários modos . . . . . . . 360
9.3 Distribuição da pressão para a primeira freqüência de corte . 362
9.4 Reflexão e transmissão de onda plana na junta do duto. . 362
9.5 Ressonador de Helmholtz simples . . . 368
9.6 Filtro acústico de ramo lateral .. 372
9.7 Ressonador de Helmholtz na abertura lateral do duto ... 375
9.8 Perda da transmissão do ressonador na abertura lateral do duto 376
9.9 Redução de ruído de caldeira com Ressonador de Helmholtz .. 377
9.10 Perda de transmissão do orificio lateral. . . . . 379
9.11 Perda de transmissão do orificio com extensão . . 379
9.12 Perda de transmissão do tubo fechado na abertura lateral . 380
9.13 Perda de transmissão da câmara de expansão simples . . 382
9.14 Perda de transmissão na conexão cônica . . . 383
9.15 Pei'da de transmissão da câmara de expansão dupla . 385
9.16 Orifício em duto . 386
9.17 Perda de transmissão do orifício em duto . 387
9.18 Câmara de expansão dupla com orifício . 389
9.19 Perda de transmissão da câmara dupla com orifício . . 389
9.20 Silenciador típico com várias câmaras de expansão . , 390
9.21 Absorção sonora de diferentes tipos de dissipadores . , 391
9.22 Ressonador de bloco de concreto vazado com fenda · 394
9.23 Coeficiente de absorção para o bloco da figura 22 . . · 394
LÍBta de F i g u r a s - - - - - - - - - - - - - - - - XXVII
9.24 Coeficiente de absorção de tij.:>lo vermelho vazado . . 395
9.25 Rigidez do espaço de ar . . . . . . . . . . . . . . . . .. 395
9.26 Curva simplificada do coeficiente de absorção do painel vibrante 397
9.27 Conjunto de materiais absorventes e ressonador de Helmholtz . 398
9.28 Coeficiente de absorção de painel fino . . . 399
9.29 Coefi~iente de absorção de painel espesso . . . . . . . . . . . . 399
9.30 Princípio do controle ativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 400
9.31 Redução de ruído de ventilador industrial com controle ativo . 402
9.32 Escapamento de veículos automotivos com controle ativo . . . . 403
9.33 Níveis de pressão sonora NPS em dBA no compartimento do
carro; sem controle (linha contínua) e com controle ativo (linha
tracejada) . . . . . 404
10.1 Isolamento ativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 409
10.2 Isolamento passivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 409
10.3 Máquina fixada rigidamente numa base . . . . . . . . . . . 410
10.4 Máquina montada sobre isoladores . . . . . . . . . . . . . . 411
10.5 Transmissibilidade TF para sistemas simples amortecidos . 413
10.6 Fator dinâmico de amplificação para sistema amortecido . . 414
10.7 Eficiência do isolamento em sistema com montagem flexível . 415
10.8 Sistema com seis graus de liberdade . . . . . . 418
10.9 Transmissibilidade de seis modos com acoplamento . 418
10.IOMáquina com seis graus de liberdade . . . . . . . . . . . . 419
10.llSistema com três graus de liberdade . . . . · · .. · . · . 421
10.12Freqüências naturais dos dois modos acoplados . . . . . . 421
10.13Curva geral do nível de vibração admissível em máquinas . 423
10.14Curva típica de transmissibilidade com base flexível . . . . . 424
10.15Construção da base de inércia . . . . . · · · · · · · · · · · · · · 425
10.16Alinhamento do centro de gravidade com os pontos de fixação 426
10.l 7Curva típica de transmissibilidade com ressonância interna . 427
10.18Transmissibilidade com efeito das ondas estacionárias . . . . 428
10.19Exemplos de isoladores típicos de fabricação VIBRACHOC . 430
10.20lsolador de fricção . . . . . . . . . . . . · . . . . . . . . . . . 431
10.21Exemplos de isoladores metálicos de fabricação VIBRANIHIL . 431
10.22Problema de curto circuito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 432
l0.23Curva típica de força-deflexão em função da dureza . . . . . . . 433
10.24Exemploa de isoladores elastoméricos de fabricação VIBRANIHIL433
l0.25lsolador pneumático típico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 434
l0.26Juntas flexíveis típicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 435
10.27Sistema de isolamento de choque não amortecido . . . . . . . . 436
J0.28Transmissibilidade de forças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 437
J0.29Transm(ssibilidade de forças com variação do amortecimento . 437
J0.30Exc1taçao de choques períodicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 438
Lista de Tabelas - - - - - - - - - - - - - - - XXVIII
11.1 Component.ea básicoe do sistema axial • 441
11.2 Rotor axial com guias . 442
11.3 Rotor tubo axial . . • . . . . . . . . . • 442
11.4 Rotor hélice . . . . . . . . . . . . . . . . 443
11.5 Componentes básicoe do sistem• centrífugo . 443
11.6 Rotor com pás curvadas para a frente . . . . . . . . . • 444
11.7 Rotor com pás curvadas para trás ou retas inclinadas . 444
11.8 Rotor tipo Airfoil . . . . . . . . . 445
11.9 Rotor de pás radiais modificadas . 445
11.lORotor de pás radiais . . . . . . . . 446
11.l!Geração de ruído . . . . . . . . . . . 447
ll.12Caracteristica tlpica de um rotor centrífugo . 448
11.13Caracteristica típica de um rotor axial . . . . . 449
ll.14R.ecomendações para minimizar ruído na entrada e saída . . 451
ll.15R.ecomendações para minimizar ruído na entrada e saída . . 452
ll.16Tipos de válvulas . . . . . . . . . . . . • 459
11.17 Atenuação para cálculo do espectro . . . 459
l 1.18Compressor alternativo de membrana . 460
ll.19Compressor de engrenagens . 461
ll.20Compressor de lóbulos . . . .. 461
ll.21Compressor de palhetas . . 461
ll.22Compressor de êmbolo . . . 462
l 1.23Compressor de anel de líquido . . . 462
ll.24Espectro de potência sonora para compressores centrífugos. . 464
ll .25Torre de refrigeração de convecção natural . . • •• 470
l l.26Mecanismoe de geração de ruído . . . . 472
l l.27Variação do ruido com a velocidade . . . . . 473
ll.28Variação do ruído com o torque . . . . . . . . . 474
ll .29Variação do ruído com o ângulo da hélice . . . 475
1 l.30F.feito da razão de contato dos perfis PCR . . . 476
ll.31Efeito do ângulo de pressão . . . . . . . . . .. 477
l l.32Efeito da modificação do perfil dos dentes . . . .. 477
l l.33Efeito de reforços da carcaça . . . . . . . . . . .. 478
ll .34Enclausuramento externo . . . . . . . . . . . . .. 479
ll.35(a) Aplicação de amortecimento,(b) Disco cônico . . •. 479
l 1.36Variação do ruído com a carga . . . . . . • . . . . . . . . . . . 480
ll.37Sinal de vibração no tempo da engrenagem perfeita . • • . . . . 481
!1.38Espectro típico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 481
l l .39Sinal de vibração da engrenagem com falha . . . . . . . . . . . 482
! l.40Variação do ruído com classificação de qualidade (AGMA) . . . 483
ll.41Geometria do rohµnento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 485
l l.42Efeito da pré-carga axial no nível de ruído . • . . • . . . . . .. 487
1 l .43Rolamento com circulação de graxa pressurizada . . . . . . . . 488
ll .44Mancal hidrostático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 489
Liota de F i g u r a • - - - - - - - - - - - - - - - - - X XIX
12.1 Oo quatro caminhos de vazamento de ruído . 495
12.2 Atenuação por transmissão e vibração . 496
12.3 Tipos de protetoreo auditivos . . . 497
12.4 Protetor tipo pré-moldado . . . . . 499
12.5 Protetores tipo filtro passa-baixo . 501
12.6 Protetor auditivo com audiofone . 502
12.7 Protetor auditivo ativo . . . . . . . 502
12.8 Níveis de pressão sonora na cabina de avião jato sem protetor,
com protetor típ:co e com protetor ativo . . . . . . . . . . . . . 503
12.9 Valores típicos de atenuação média - 1 e - 2 desvios padrão .. 504
12.lOCabeça artificial (norma ANSI S3.19) . . . . . . . . . . 510
12.llAparelho da força de contato (ver norma ANSI S3.19) . 512
!2.12Comparação do N RR medido em oito laboratórios . . . 513
12.13Atenuação média dos tampões V-SIR e lã sueca . . . . . 515
!2.14Atenuação média dos protetores tipo concha e tampão de espuma5!6
t2.!5Desvio padrão dos quatro protetores das figuras 13 e 14 . . 517
!2.16Mudança do limiar de audição durante 8 horas (Grupo A) . 518
12.17Mudança do limiar de audição durante 4 horas (Grupo B) . 519
12.ISAtenuação e desvio padrão para tampões e conchas . 521
!2.19Atenuação e desvio padrão da combinação de dois protetores . 522
!2.20Atenuação em função da porcentagem do tempo de uso . 523

13.1 Contribuição de cada fonte de ruido em uma moto-serra 531


13.2 Custo x benefício . . . . . . . . . . . 532
13.3 Fonte, trajetória e receptor 532
13.4 Exemplo de enclausuramento e cabine . 535
13.5 Enclausuramento em campo livre 537
13.6 Enclausuramento dentro de uma fábrica 539
13.7 Modelo simplificado de enclausuramento compacto . 541
13.8 Atenuação do NPS para vários valores de rigidez 541
13.9 Enclausuramento parcial típico 542
13.IOPorta acústica típica . . . 543
13.llJanela acústica típica. 544
!3.12Revestimento externo de tubulações . 545
13.130s elementos básicos de enclausura.menta . . . . 546
13.14Recomenda.c;ões para redução de ruído da impressora matricial 549
13.15Cabeça da impressora eletromagnética e piezoelétrica . . 550
13.16Ventilação por refrigeração forçada ou exaustão 550
13.17Refrigeração com convecção natural . 551
xxx - - - - - - - - - - - - - - - - L i s t a de Figura.
13.18Vazão / pressão estática mostrando os pontos de operação . . 552
13.19Grades para entrada do ar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 552
13.20NPS do ventilador centrífugo com rotor original e de discos . 553
13.21Disco fixo mostrando os locais dos isoladores de vibração . 554
13.22Ruído de jato livre . . . . . . . . . . . . . . . 557
13.23Estrutura do jato livre . . . . . . . . . . . . . 558
13.24Contorno da camada de mistura turbulenta . 558
13.25Perfia de velocidade da camada de mistura . . 559
13.26Espectro do NPS de um jato em três posições distintas . . 560
13.27NPS medidos a lm de um jato livre e de um jato obstruído . 561
13.28Encher a cavidade para limpeza de superfície . . 561
13.29Arredondar extremidades pontiagudas . . . . . . 562
13.30Níveis totais em limpeza de superfície e orifício . 562
13.31Bocal difusor múltiplo . . . . . . . 563
13.32Bocal difusor restritivo de fluxo . 564
13.33Bocal silenciador . . . . . . . . . . 564
13.34Bocal amplificador de ar . 565
13.35Espectro típico do nível de potência sonora de jato . 566
13.36Bocais convergentes nacionais . . . . . . . . . . . . 567
13.37Bocais convergentes com multi-orificios . . . . . . . . 568
13.38Bocais amplificadores de ar com fluxo secundário convergente . 568
13.39Boca.is amplificadores de ar com geometria variável . 569
13.40Bocais amplificadores de ar com fluxo central e secundário . . . 569
13.41Espectro do NWS para motor de 15 HP, com e sem ventoinha . 572
13.42Espectro do NPS de motor de 400 HP, com e sem ventoinha .. 573
13.43Silenciador para motor . . . . . . . . . . . . . . . . . 574
13.44Ventoinha de pás retas e pás curvas . . . . . . . . . . . . . . . . 574
13.45Motor TEFC com ventoinha de discos paralelos . . . . . . . . . 575
13.46NPS de motor de 20 CV, com ventoinha original e de discos . . 576
Lista de Tabelas - - - - - - - - - - - - - - - - X X XI

Lista de Tabelas

2.1 Atenuação da percepção auditiva A,13 e C 54


2.2 Limites do NPS-Portaria 3214/1978 . . . 59
2.3 Nível da voz em dB . . . . . . . . . . . . . 61
2.4 Correções em função das Outuações dos níveis 63
2.5 Correção em função do horário . . . . . . . 63
2.6 Correção de zoneamento . . . . . . . . . . . 64
2.7 Resposta estimada da comunidade ao ruído 64
2.8 Correções para interiores de residências . 64
2.9 NC recomendado para ambientes internos 65
2.10 Valores dB(A) e NC recomendados . . . . 66

3.1 Tolerâncias em dB(A) para medidor de nível de pressão sonora. 98


3.2 Filtros de 1/3 e 1/1 oitava. . . . . . . . . . . . . . . . . . 112

4.1 Valores típicos do fator de perda. mecânica. 'lm" . . . . . . . . . 130

5.1 Valores de /eh para vários materiais . 201


5.2 Método do Pata.mar . . . . . . 206
5.3 Valores típicos de IMRR . . . . 214
5.4 Exemplo para. cálculo de CTS . 215

6.1 Valores de º• por grupo de vegetação alta. e densa . . . . . . . 236

7.1 Relações de dimensões recomendadas para câmara . . . . . . . 259


7.2 Volume mínimo recomendado pela norma ISO 3740 . . . . . . . 260
7.3 Freqüência x Distância . 276
7.4
7.5
Freqüências e modos de ·r~.,;o~ãn~i~ ~~r~ ~;l; de 5x2 ·7~4 5;,,· 285
Valores de Omn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ' . . '. . . : 289
XX XII - - - - - - - - - - - - - - - - Lista de Tabelas

8.1 Faixa de validade de medição para cada s . 322


8.2 Atenuação em dutos em dB/m . . . . . . . 342
8.3 Atenuação em cotovelo em dB/m . . . . . . 342
8.4 Atenuação em cotovelos de dutos quadrados em dB/m . 350

9.1 Dados dos ressonadores de Helmholtz . 371


9.2 Valores extremos dos coeficientes para abertura lateral . 374

10.l Deflexão estática (cm) em função da rotação e transmissibili-


dade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 416

11.1 Valores do fator R usado nas equações 6,7 e 8 . 450


11.2 Valores do fator K usado na equação 11.9 . . . 453
11.3 Fator K usado na equação 10 . . . . . . . . . . 455
11.4 Potência sonora de motores abertos e enclausurados . 456
11.5 Atenuação em dB, alta (A), média (M) e baixa (B) . 457
11.6 Constantes me b usados na equação 11.11 . 457
11.7 Valores de A e B usados na equação 11.13 . . . . . 459
11.8 Valores de K usados na equação 15 . . . . . . . . . 463
11.9 Valores de K, e K, usados nas equações 25 e 26 . . 466
11. lOValores de K, . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 467
11.llCorreções a serem somadas aos valores Pborda ou Pcontue . 471

12.1 Cálculo do nível de pressão sonora com o uso do protetor . 506


12.2 Formato de cálculo do N RR . . . . . . . . . . . . . . . 507
12.3 Exemplo de cálculo do NRR. . . . . . . . . . . . . . . . . . 508
12.4 Comparação entre as normas ANSI (ver E.A.R log) . . . . . 509
12.5 ANSI S3.19 e ISO 4869-3 para o método objetivo (ver EAR log)511

13.l Desempenho dos bocais de jatos industriais . . . . . 567


Lista de S í m b o l o s - - - - - - - - - - - - - - - XXXIII

Lista de Símbolos
A absorção total (m 2 )
AT atenuação
a raio
velocidade do som
e coeficiente de amortecimento
e, coeficiente de amortecimento crítico
e, velocidade da onda longitudional (equação 4.90)
e, velocidade da onda de flexão livre
CII classe de isolamento de impacto
CTS classe de transmissão sonora
d deflexão estática
D fator de diretividade
D diferença de nível
D rigidez de flexão (página 199)
DI(O), d índice de diretividade
E módulo de Young
E, energia cinética
E, energia potencial
f freqüência em ciclo/seg (Hz)
f, freqüência crítica ou de corte
f, freqüência de engrenamento
Ím freqüência de ressonância
!, freqüência de passagem
GAP espectro cruzado
h espessura
h porosidade
hm função de Hankel esférica
Hm função de Hankel cilíndrica
HAP função de transferência
HP potência em HP
I intensidade sonora
XXXIV - - - - - - - - - - - - - - - Lista de Símbolos

lo intensidade sonora de referência= 10- 12 Watt/m 2


Ím função Bessel esférica
Jm função Bessel cilíndrica
KW potência do motor
k número de ondas
k rigidez
kt número de onda de flexão
l comprimento
L,, nível de poluição sonora
L, nível global de avaliação corrigido
L,, nível sonoro equivalente em dBA
L, nível critério
Lr,L 11 ,L:i dimensões da sala retangular
m,M massa
m, massa adicional
m=2a constante de atenuação do meio (página 257)
N número de pás
N número de Fresnel
N número de modos normais
N velocidade de rotação (rpm)
NI nível de intensidade em dB
NPS nível de pressão sonora em dB
N, número de esferas
NRR nível de redução de ruído
NWS nível de potência sonora em dB
p diâmetro primitivo (ver figura 11.41)
P(t) pressão acústica
p(:i:) densidade de probabilidade
P(:i:) distribuição de probabilidade
P. pressão atmosférica
Pn polinômio de Lagrange
Po pressão acústica de referência = 2 x 10- 5 N /m 2
P,(t) pressão total
P,ouPa. pressão estática
PT perda de transmissão ou pressão total
Q fator de diretividade
Lista de S í m b o l o s - - - - - - - - - - - - - - - xxxv

Q fator de perda mecânica


Q velocidade de volume (ou de fluxo)
R resistividade ao fluxo de ar
R constante de enclausuramento (ver equação 13.2)
rouR resistência acústica específica
R. autocorrelação
R., correlação cruzada
rpm velocidade de giro
Rrad resistência de radiação
R, resistividade específica ao fluxo de ar
r,9,z coordenadas cilíndricas
r,9,,J, coordenadas esféricas
s cqndensac;ão ou distância entre dois microfones
s área de seção transversal , área de superficie
s. densidade espectral de potência
s•• densidade espectral cruzada
t temperatura em ºC (página 5)
t tempo
T tempo de reverberação
T1 transmissibilidade
u,v,w velocidades da partícula nas direções x, y e z
w Potência sonora
V volume
V velocidade de vibração de superficies
v. amplitude de velocidade
xouX reatância acústica específica
z,y, z coordenadas cartesianas
x média
x• média quadrática
coeficiente de absorção
"' coeficiente de reflexão
coeficiente de transmissão
razão calorífica do gás
função de coerência
densidade de ene1·gia
comprimento de onda
XXXVI - - - - - - - - - - - - - - Lista de Símbolos

1Jmu fator de perda mecânica


TJrad fator de perda de radiação
1J1ot fator de perda total
V coeficiente de Poisson
ç razão de amortecimento
ç,ry,( deslocamentos da partícula nas direções x,y e z
p densidade do fluido
Pi densidade instantânea
Pr coeficiente de autocorrelação
P•Y coeficiente de correlação cruzada
desvio padrão
.,., variância
C1rad eficiência de radiação
if, velocidade potencial (página 13)
w freqüência em radiano/ seg
'v' laplaciano
Capítulo 1

Ondas Acústicas

1.1 Introdução
O som se caracteriza por flutuações de pressão em um meio com-
pressível. No entanto, não são todas as flutuações de pressão que
produzem a sensação de audição quando atingem o ouvido humano.
A sensação de som só ocorrerá quando a amplitude destas flutuações
e a freqüência com que elas se repetem estiverem dentro de deter-
minadas faixas de valores. Desta forma, flutuações de pressão com
amplitudes inferiores a certos mínimos não serão audíveis, como
também, ondas de alta intensidade, tais como nas proxiinidades de
turbinas à gás e mísseis, que podem produzir uma sensnção de dor
ao invés de som .. Pode-se mencionar também as ondas de choque
simples como as ge1·adas por explosões ou aeronaves de alta velo-
cidade. Ainda, existem ondas cujas f1·eqüências de repetição das
flutuações, acima referidas, estão acin1a ou abaixo de freqüências
geradoras da sensação auditiva e são, respectivamente, denomina-
das ondas ultrassônicas e ondas inf1•assônicas.
O som á parte da vida diária e apresenta-se, por exemplo, como:
música, canto dos pássaros, uma batida na porta, o tilintar do te-
lefone, as ondas do mar etc. Entretanto, na sociedade moderna
muitos sons são desagradáveis e indesejáveis, e esses são definidos
como ruído. O efeito do ruído no indivíduo não depende somente
das suas características (amplitude, freqüência, duração ... etc), mas
também da atitude do i11divíduo fre11te a ele.
Neste capítulo serão ap1•esentados os parâ1neti·os fisicos de inte-
resse, tal como: pressão sonora, velocidade do son1, escala decibel,
2 - - - - - - - - - - - - Capítulo 1 ONDAS ACÚSTICAS

intensidade, potência e impedância acústica. Sel'ão desenvolvidas


também as equações da onda unidimensional e tridimensional, em
coordenadas retangulares, esféricas e cilíndricas, e suas soluções.

1.2 As Ondas de Pressão Sonora


Na prática, a geração do ruído é causada pela variação da pressão
ou da velocidade das moléculas do meio. O som é. uma forma de
energia que é transmitida pela colisão das moléculas do meio, umas
contra as outras, sucessivamente. Portanto, o som pode ser repre-
sentado pc,r uma série de compressões e rarefac;ões do meio em que
se propaga, a partir da fonte sonora (ver figura 1.1}.

1, ). = c/f

Figura 1.1: Propagação da onda sonora

É importante ficar claro, no entanto, que não há deslocamento


permanente de moléculas, ou seja, não há transferência de matéria,
apenas de energia ( com exceção, por exemplo, em pontos nas
proximidades de grandes explosões). Uma boa analogia, é a de uma
rolha flutuando em um tanque de água. As ondas da superficie da
água se propagam e a rolha apenas sobe e desce, sem ser levada pe-
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __

)as ondas. A taxa de ocorrência da flutuação completa de pressão


é conhecida como freqüência. Esta é dada em ciclos por segundo,
ou ainda designada internacionalmente por Hertz (Hz). Na faixa
de freqüências de 20 a 20000 Hz as ondas de pressão no meio po-
dem ser audíveis. Ainda, outro fato que déve ser considerado é que
o ouvido hun1ano não é igualmente sensível ao longo desta faixa
de freqüência. Portanto, conforme já n1encionado anteriormente,
freqüência e amplitude do som são levadas em consideração na de-
terminação da audibilidade humana (Joudness). A amplitude de
pressão acústica P(t) se refere à magnitude da flutuação de pressão
total P,(t) em comparação com a pressão atmosférica estática
Pa {::::: 1000 milibar em condições normais de temperatura e pressão
ambiental), (ver figura 1.2); então tem-se: "

P(t) = P.(t) - Pa (1.1)

Silêncio

Tempo
Figura 1.2: A pressão acústica

É suficiente uma pequena variação de pressão acústica para pro-


duzir um ruído desconfortável (~ 10- 1 milibar). Por outro lado, a
sensibilidade do ouvido é tal que, \una pressão de 2x10- 1 milibar
pode ser detectada, caso a f1·eqiiência esteja na faixa nrnis sensível
de audi«;ão, que é aproxin1aclmncnte de 1000 Hz 11 4000 Hz.
4 - - - - - - - - - - - - Capítulo 1 ONDAS ACÚSTICAS

Pouquíssima energia acústica é necessária para manter a flu-


tuação de pressão nesta ordem. O grito de uma pessoa promove
um alto ruído, contudo a energia envolvida não ultrapassa 1/1000
de Watt. Para muitos tipos de máquinas a potência sonora emi-
tida pode ser estimada como uma fra,;ão da potência mecânica ou
elétrica. Esta fração, tipicamente enh•e 10- 4 e 10- 5 , ou seja, entre
10- 2 e 10- 3 por cento, é conhecida como eficiência ac,ística. Con-
trolar o ruido na fonte significa reduzir a eficiência acústica desta, o
que freqüentemente envolve alterações significativas no projeto de
máquinas. Alguns métodos mais práticos de controle de ruído de
máquinas já em funcionamento, consistem na absorção ou no isola-
mento do fluxo de energia acústica entre a fonte e o receptor. Esses
métodos, na realidade, não reduzem a eficiência acústica da fonte.

1.3 Velocidade do Som nos Fluidos


As ondas acústicas propagam-se através de meio fluido, e sua ve-
locidade e é definida pela raiz quadrada da primeira derivada da
pressão em relação à densidade do fluido:

2 âP
e = âp (1.2)

No processo termodinâmico do mecanismo de propagação de on-


das acústicas nos gases, não há tempo para haver troca de calor
entre as regiões de compressão e rarefação, sendo portanto, consi-
derado um processo adiabático, isto é:
p
-P' = constante (1.3)

onde "'{ é a razão entre o calor especifico do gás com pressão


constante e o calor específico do gás com volume constante. A
partir da equação 1.3 pode-se escrever:

(1.4)

Introduzindo o valor de P/[; na condição de equilíb1·io, no ponto


( P, p), na equação 1.4, obtém-se:

e' = -yP
p
(1.5)
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 5

Para o ar a OºC, tem-se P =


1, 013 105 N/m2, p = l, 293 kg/mª e
1 =1, 402. Neste caso a velocidade do som será:

(l,402) (1, 013) (105)


e= 1,293 = 331,4 m/s

Utilizando a forma geral da equação dos gases na equação (1.5),


obtém-se:

c2 = ,P
p
= ,R(273+t) (1.6)

onde R é a constante universal dos gases.

Assumindo um modelo simplificado, o som se propaga a uma


velocidade que depende apenas da temperatura do meio. Para o ar
a 20°C, a velocidade do som e é de 343 m/s. Uma fórmula aproxi-
mada para determinação da velocidade do som no ar, dentro de um
intervalo razoável de temperaturas t (em ºC), é:

e= 331 + 0,61 m/s (1.7)


Outra grandeza freqüe11ten1ente utilizada é o comprim.ento
da onda acústica representado pela letra À (A = e/!), que pode
ser definido como: a distância entre dois picos consecutivos de
pressão acústica, considerando-se onda harmônica (senoidal),
medida na direção de propagação.

1.4 Propagação do Som


Teoricamente o som se propaga em forma de ondas esféricas a
partir de uma fonte pontual. Duas situações podem dificultar
este m..'.>delo simples: a presença de obstáculos na trajetória de pro-
pagação e, em campo aberto, a não uuiforrnidade do n1nio, causada
por ventos e/ ou gradientes de te111pcratura.s.
Se uma onda sonora encontra um obstáculo co1n di1nensões me·
nores do que o seu comprimento de onda, o efeito não é perceptível,
ocorrendo o oposto se a dimensão do obstáculo for comparável ao
comprimento de onda do som. Portanto, para impedir a passagem
de som, barreiras devem ser colocadas perto da fonte ou do recep·
tor, e suas dimensões devem ser três a cinco vezes o comprimento
de onda do som envolvido.
6 - - - - - - - - - - - - Capítulo 1 ONDAS ACÚSTICAS

Vibra<;Ões de supe1·ficie de sólidos produzem excitações no ar


e desta forma o som é gerado. Qualquer processo que provoca
fiutua<;Ões no ar pode gerar ondas sonoras. Exemplos são: pás de
um ventilador e estrangulamento da passagem de ar em uma sirene.
Em todos os casos a fonte sonora pode ser representada por uma
superfície vibrante (ver capítulo 4). O fator crítico é o tamanho
desta em relação ao comprimento de onda. Uma superficie vibrante
terá que ter di~ensões be1n n1aiores do que o comprimento de onda
para ter umâ boa eficiência de radiação acústica. Por esta razão que
uma caixa acústica possui alto falantes de tamanhos diferentes, um
para cada faixa de freqüência.

1.5 Nível de Pressão Sonora - O decibel (dB)


O ouvido hwnano responde a uma larga faixa de intensidade
acústica, desde o limiar da audição até o limiar da dor. Por exemplo,
a 1000 Hz a intensidade acústica que é capaz de causar a sensação
de dor é 10 14 vezes a intensidade acústica capaz de causar a sensação
de audição. É visível a dificuldade de se ex1)ressar n'luneros de or-
dens de grandeza tão diferentes nun1a n1esn1a escala linear, portanto
usa-se a escala logarítn1ica. Um· valor de divisão adequado a esta
escala seria log 10 sendo que a razão das intensidades do exemplo·
acima seria 1·epresentada por log 10 14, ou 14 divisões de escala. Ao
valor de divisão de escala log!O, dá-se o nome de Bel. Dois
Bel é log 100, ... etc. No entanto, o Bel é um valor de divisão de
escala muito grande e usa-se então o decibel ( dB) que é um décimo
do Bel. Um Bel é igual a 10 decibéis:

1 Bel = 10 decibeis

Por exemplo:

10 log 10 14 = 140 dB

Portanto, um decibel corresponde a 10°· 1 = 1, 26 ou seja, é igual


a variação na intensidade de 1,26 vezes. Uma mudança de 3 dB
corresponde a 10º·3 = 2, ou seja, dobrando-se a intensidade sonora
resulta em um acréscimo de 3 dB.
O nível de intensidade acústica N I é dado por:

NI = 10 log loI (1.8)


sAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 7

onde:
I é a intensidade acústica em Watts/m2
lo é a intensidade de referência = 10- 12 Watts/m 2
lo corresponde, aproximadamente, a intensidade de um tom de
1000 Hz que é levemente audível pelo ouvido humano no,·mal (valor
de referência).
A intensidade acústica é proporcional ao quadrado da pressão
acústica (ver item 1.13), então o nível de pressão sonora é dado
por:
p2 p
NPS = 10 log pj 20 log Po (1.9)

onde Po = ,/plQc = ,/415 10- 12 =


0,00002 N/m 2 é o valor de
referência e correspondente ao li1niar da audição em 1000 Hz.
Outro aspecto hnportante da escala dB é que ela apresenta uma
correlação com a audibilidade hwnana muito melhor do que a escala
absoluta (N/m 2 )
Um (1) dB é a menor variação que o ouvido humano pode per-
ceber. Um acréscimo de 6 dB no nível de pressão sono1·a equivale a
dobrar a pressão sonora. Exemplo: para P = 0,1 N/m 2 , o NPS é
dado por:
O, l )"
N PS = 10 log ( 2 10 _ 5 • = 74 (UO)

para P = 0,2 N/m 2 , então NPS = 80 dB


Além do NPS e NI, tem-se a terceira grandeza ac1ística impor-
tante; o nível de potência sonora NWS definida por:

NWS = 10 log ( 10w_ 12 )


onde:
W é a potência sonora (watts)
10- 12 é a potência sonora de referência (watts) análoga a inten-
sidade lo da equação 1.8.

1.6 Adição de Níveis de Ruído


?onsidere-se que duas máquinas geram cada u1na, num deter-
minado ponto de medição, as pressões sono1·as P 1 e P2 respectiva-
mente. O quadrado da p1·cssão sonora total que essas 1náquinas
s - - - - - - - - - - - - Capítulo 1 ONDAS ACÚSTICAS
produzirão nesse mesmo ponto, quando operadas simultaneamente,
corresponde à soma dos quadrados das pressões P1 e P2. Entretanto,
quando se usa a escala dB, os níveis de pressão sonora L1 e L2 não
podem ser somados diretamente. O desenvolvimento matemático
para efetuar a soma é apresentado a seguir:

P,2 = Pf + Pi (1.11)

P,2 = PJ 10~ + PJ 10~

Então, o nível de pressão sonora total é dado por:

Pl =
10 log Pif 10 log 10"
h
+ 10 /og [ 1 +
L-L
10-<~>]

NPS,

NPS, (1.12)
onde

6.L = 10 log [l + 10-<L';;, L'l]

A figura 1.3 representa a relação entre:

(Li - L2) e 6.L

O procedimento para soma de níveis de pressão sonora (níveis


de potência sonora ou níveis de intensidade) é o seguinte:
Medir os níveis de pressão sonortt da n1áqui11a 1 e da máquina 2,
Li e L2 respectivamente. Achar a diferença entre os dois níveis (L 1 -
L2), considerando que L1 > L2• Entral' na figura 1.3 com a diferença,
subir até a curva, ·e então, obter 6 L no eixo das ordenadas, ou
calcular 6. L usando a equac;ão 1.12. Adicionar o valor de 6. L obtido,
ao maior dos dois níveis medidos.
Assim, obtém·se a soma dos níveis de pressão sonora N PSt das
duas máquinas:
SAMIR N.Y. GERGES ---------------9

1,0

Figura 1.3: Adição de níveis de pressão sonora

NPS, = L 1 + óL (1.13)
Exemplo: Para somar 85 dB e 82 dB, tem-se:
L 1 = 85 dB
L2 =82 dB
Diferença = 3 dB
Da figura 1.3: ó L 1,7 dB
Nível Total: NPS, L, + óL = 85+ 1,7 86,1dB=
1. 7 Subtração do Ruído de Fundo
Quando se efetuam n1edições de níveis de pressão sonora deve-se
considerar a influência de mais unia grandeza até aqui não men-
cionada que é o 1·uído de f_undo, isto é, o ruído ambiental gerado
por outras fontes que não o objeto de estudo. Obviamente, o ruído
de fundo não deve n1ascai·ar o sinal de interesse. Na prática, isto
significa que o nível do sinal deve estar no núuin10 3 dB acima do
nível de fundo, poré111, uma correção deve ainda ser necessária para
10 - - - - - - - - - - - Capítulo 1 ONDAS ACÚSTICAS

a obtenção do resultado correto. O procedimento para a medição


do nível sonoro de uma máquina, sob condições de elevado ruído de
fundo, é o seguinte:
Se o nível de pressão sonora de uma máquina L, foi medido sob
condições de elevado nível de 1·uldo de fundo L J, e deseja-se saber
qual é o nível de pressão sonora da máquina sob condições de ruído
de fundo zero, então:

p2 = P,2 - PJ (1.14)
onde
P é a pressão sonora da 1náquina se1n 1·uído de fundo
PJ é a pressão sonora do ruído de fundo
P, é a pressão sonora total

P.2
L, = lOlog(--',)
Po

p2
10 log (-.!,)
Po

Po = 2 10- 5 N /rn 2

. Portanto, o nível de pressão sonora da máquina eliininando os


efeitos de ruído de fundo é dado por:
p2
NPS = 10 log (PJ)

N PS = 10 log [ 10t-á- - 10*]

NPS = L, - l':.L (1.15)


A figura 1,4 representa a variação de 6 L com (L, - Li), portanto
o procedimento para subtração de 1•uído de fundo é:
Medir o nível de ruído total L,, com a máquina funci<>nando sob
condições de elevado ruído de fundo.
Medir o nível de ruído de fundo com a máquina desligada L 1 •
Obter a diferença entre os dois níveis L, - L 1 • Se for menor que
3 dB, o nível de ruído de fundo é muito alto para uma medição
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 11

confiável. Se apresentar um valor entre 3 e 10 dB, uma correção


será necessária.
Nenhuma correção será necessária se a diferença for maior que
10 dB.
Para fazer a correção, entrar no gráfico (Fig.1.4) com o valor da
diferença L, - L1, subindo até a curva; em seguida, obter /1,.L no
eixo das ordenadas. Subtrair o valor obtido /',. L do nível de ruído
L,. O resultado obtido será o nível de ruído da máquina NPS. O
mesmo procedimento pode ser usado para subtração dos níveis de
potência sonora ou níveis de intensidade sonora.

CD
3
...J
<J

+2,0

OL__L~__j_____J~____L===r==::i:~"""'""--..i.J
O 2' 4 6 8 10 12 14 16
L, - L 1 (dB)

Figura 1.4: Subtração do ruído de fundo

Por exemplo: Pa1·a subtrair 53 dD de 60 dB, tem-se:


NPS total: L, = 60 dB
NPS do Ruído de fundo: Li = 53 dB
Diferença: L, - L ! = 7 dB
Correção: 6 L = 1 dB (ver figura 1.4)
NPS da máquina= 60 - I = 59 dB
12 - - - - - - - - - - - - Capítulo 1 ONDAS ACÚSTICAS

1.8 Ondas Acústicas de Propagação


Unidimensional
As ondas acústicas de propagação unidimensional, também de-
nominadas ondas acústicas planas, são o tipo mais simples de
onda propagada através de meios fluidos. A propriedade carac-
terística de tais ondas é que a pressão acústica, o deslocamento
da partícula..• etc, têm mesma amplitude em todos os pontos de
qualquer plano perpendicular à direção de propagação. Um exem-
plo, são as ondas num fluido confinado em um tubo rígido, geradas
através da ação de um pistão vibrante localizado em uma das extre-
midadas do tubo. Qualquer tipo de onda divergente num meio ho-
mogêneo, também assume as ca1•acterísticas de onda plnna quando
se propaga a grande distância de sua fonte.

1.9 Comportamento Elástico dos Fluidos


As ondas acústicas planas têm muitas características em comwn
com as ondas longitudinais que são propagadas ao longo de uma
barra fina. Conseqüentemente, é possível deduzir uma equação de
onda para a propagac;ão através de um meio fluido que se admite
estar confinado em um cilindro rígido de seção transversal
constante. No sentido de efetuar essa dedução é necessário inici-
almente estabelecer uma relação entre as mudanças de pressão e
as defom1ações do fluido. Tal equação pode ser deduzida a partir
da combinação de uma equação que expressa as propl'iedades ter-
modinâmicas do fluido e uma que expressa o princípio básico de
conservação da massa.
Os seguintes símbolos serão usados na dedução e solução das
equações subseqüentes, para propagação de ondas planas ao longo
do eixo x:
:,; coordenada da posição de equilíbrio da partícula do meio
ç deslocamento da partícula da posição de equilíbl'io ao longo
do eixo de propagação :,;
u velocidade da partícula
p1 densidade instantânea em qualquer ponto
p densidade de equilíbrio constante do n1eio
condensação em qualquer ponto, definida coino:

8 = (1.16)
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 13

ou

P1 = p(I + s)
S Área da seção transversal do fluido
P, Pressão instantânea em qualquer ponto
P0 Pressão de equilíbrio constante do meio
P P1•essão acústica em qualquer ponto, definida como:

P=P,-Pa (!.17)
velocidade de propagação da onda
</> velocidade potencial, onde

u =

O termo, partícula do meio, deve ser entendido co1no um ele-


mento de volume grande, contendo 1nilhões de n1oléculas, tal que
possa ser considerado como u1n fluido contínuo, mas suficiente-
mente pequeno de maneira que certas variáveis acústicas, tais como
pressão, densidade e velocidade, possam ser consideradas constan-
tes dentro deste elemento.
Na análise que se segue serão negligenéiados os efeitos da força
da gravidade, e portanto p e Pa pode1n ser considerados co1n valores
uniformes através do meio, o qual é tambén1 suposto homogêneo,
isotrópico e perfeitamente elástico; isto é, não há forças dissipa·
tivas presentes, tais como as devidas à viscosidade ou perdas por
condução de calor. Finalmente, a análise será limitada para ondas
de pequenas amplitudes, de tal for1na que as mudanças de densidade
do meio serão pequenas c01nparadas com o seu valor de equilíbrio.
Quando uma onda plana se n1ove ao longo do eixo x, os planos
adjacentes de moléculas no fluido são deslocados de suas posições
de equilíbrio, como é mostrado na figura 1.5. En1 geral, esses des·
locamentos são funções das coo1·denadas de posição e tmnpo, e po·
dem ser representados pela função { (x, t). Nossa prin1eira tarefa é
deduzir uma equação relacionando esses deslocan1e11tos com as mu·
danças de densidade no meio. Para isso deve-se aplicai· o princípio
da conservação da n1assa do fluido não perturbado, contido entre
os planos posicionados ein z e x + dx. A n1assa desse clen1ento de
14 - - - - - - - - - - - - Capítulo 1 ONDAS ACÚSTICAS

dx

1
1
si _,d-r+~d
FO NTE*) ) ) s ~1 I Jx
X

1
\ 1

I
~ .1
X X+ dX
ONDA PLANA

Figura 1.5: Deslocamento de fluido devido à passagem de onda sonora

fluido é p S dx. A seguir adnlitir-sewá que na passagem de uma onda


sonora, o plano originahnente e111 J: é deslocado de { para a direita~ e
o que estava originahuente e111 :z: + dx é deslocado de uma distância
.; + ( ~ )dx. O volume conticlo portanto muda para S dx ( 1 + f ).
Conseqüenten1ente, a <lcnsidade do fluido contido enti·e _os planos
deve ser alterada, de tal 1nodo que a massa total possa perman_ecer
inalterada, como expresso pela equação:

â.;
P1 S dx(l + a,:) = pSdx

Usando a equação 1.16 pode-se substituir p 1 por p (1 + s) e can-


celar o termo comwn pdx, o que leva à equação:

â.;
(! + s)(l + âx) = 1 (1.18)

Como as mudanças na densidade e deslocarnento molecular são


pequenos (mesmo para os sons intensos no ar que são dolorosos ao
ouvido humano; nem se nem ~ excedem a 10- 4 ), 1>ode·se desprezar
o produto de s por ~ e a equação 1.18 simplifica·se para:

(1.19)

Essa é uma forma especial de u1na equação da dinâmica de fluidos


muito im.portante conhecida como Equação da Continuidade. Ela
afirma que quando um plano de 1noléculas no fluido, à direita de
um dado ponto, é deslocado 1nais pa1·a a direita do que um plano
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 15

s~milar à esquerda de tal ponto, ou seja, quando esses dois planos

equilíbrio, então, *
sao separados por uma distância maior do que sua separação de
é positiva e a densidade do fluido é diminuída.
Uma ~egunda propriedade dos fluidos que é usada na dedução
da equaçao da onda é a propl'iedade termodinâmica que relaciona
mudanças na pressão e densidade. Em geral, existem muitas dessas
relações, dependendo do processo termodinâmico envolvido. Por
exemplo, a equação que des<:1•eve o processo isotérmico para os gases
perfeitos é:

enquanto que para p1·ocessos adiabáticos:

(l.20)

Deve-se admitir que o processo adiabático é o maisn apropriado


para expansões e compressões alteradas do pequen9 elemento de
volume S d:z: da figura 1.5, quando perturbado por ondas acústicas.
Em geral, qualquer compl'essão do elemento de volume de fluido
requer um gasto de trabalho, que é convertido em calor aumentando
sua temperatura, a menos que o processo seja muito lento, e a
energia escoe no fluido circu:fldante.
Quando um fluido está transmitindo ondas acústicas,
os gradientes de temperatul'a enh-e partes adjacentes . do fluido
comprimidas e expandidas são relativamente pequenos. Con-
seqüentemente, pouca energia sob a forma de calor sai para fora
antes que cesse a con1pressão. Sob tais circuntâncias o p1·ocesso ter-
modinâmico pode ser dito adiabático. Portanto, admite-se que esse
processo é o mais adequado pa1·a descrever 1nuda11ças de pressões
acústicas e densidade nos fluidos.
No sentido de generalizar a dedução das equações para todos os
fluidos, sejam eles líquidos, gases reais ou gases perfeitos, considera-
se a seguinte variação entre a p1·essão P e a densidade p:

dP = (dP) dp (1.21)
dp

. onde ('!f.-l. é~ !-"clinação no ponto de coorden,ulas P e p de um


diagrama ad1abat1co de pressão ve1•sus densidade. Para as pequenas
mudanças que ocor1·em em ondas acústicas, podemos substituir a
16 - - - - - - - - - - - - Capítulo 1 ONDAS ACÚSTICAS

mudança incremental da pressão total dP pela pressão acústica P e


a mudan,;a incremental da densidade dp por sp (ver equação 1.16):

dP
p = (dp)ps (1.22)

Substituindo a equação 1.2 em 1.22 obtém-se:

P = c2 ps (1.23)
A equação 1.23 é uma expressão importante, relacionando
pressão acústica P e condensação s. Finalmente, substituindo s
pelo seu equivalente-*, obtém-se:

(1.24)

1.10 Equação da Onda Plana


Quando um meio fluido é deformado segundo a maneira descrita
da seção 1.9, as pressões resultantes nas duas faces do elemento
de volume S dz serão levemente diferentes, produzindo uma força
resultante que acelerará o elemento. Co1no a força externa que age
em cada face é igual ao produto da pressão pela árf!a da face, a força
resultante sobre S dx na direção :r. sei·á:

éJP ôP
dF, = [P - (P + ôrdx)]S = -(ôx)dxS (1.25)

Na dedução dessa equação foram ignoradas as forças causad~s

o gradiente *
pela pressão de equilíbrio Pa visto que sempre se cancelam. Somente
da pressão acústica é importante na produção da
força resultante sobre o elemento de volume. Fazendo-se essa força
igual ao produto da massa do ele1nento S pela sua aceleração, tem-
se:

(1.26)

A equação 1.26 pode ser combinada com a equação 1.24 para


eliminar P ou Ç, resultando, respectiva1nente:

(1.27)

ou
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 11

(1.28)
Sendo assim, essas são as duas formas particulares da equação
da onda acústica plana. Equações similares também se aplicam
para variáveis acústicas tais como velocidade da partícula u e con-
densação s. Entretanto, não é necessái·io resolver cada uma dessas
equações. A solução para P será suficiente. Uma vez que esta
solução tenha sido obtida, o con1portamento das outras variáveis
acústicas pode ser prontamente obtido usando as relações desenvol-
vidas anteriormente, tais como:

Um fluido não é, normahuente, constitWdo de n1oléculas que têm


posições médias fixas no meio, como se supõe na dedução da equação
da onda. Mesmo sem a presença de unia onda, as moléculas
estão em constante movimento, com velocidades médias maiores do
que qualquer velocidade de partícula associada com o movimento da
onda. Contudo, do ponto de vista estatístico, um pequeno elemento
de volwne pode ser tratado como uma unidade hnutávcl, uma vez
que as moléculas que saem de seus limites são repostas por um
número igual de moléculas com propriedades idênticas à média,
mantendo deste modo, as propl'Íedade n1acroscópicas do elemento
considerado.

1.11 Solução Harmônica da Equação da Onda


Plana
A solução geral da equação (1.28) é dada por:

P = Fi(c t - x) + F, (e t + ;o) (1.29)


onde e é a velocidade de propagação da onda.
18 - - - - - - - - - - - - Capítulo 1 ONDAS ACÚSTICAS

O mais importante tipo de solução é aquele que expressa a


pressão sonora como função de ondas harmônicas sob forma com-
plexa, que é:

(1.30)
onde A é a amplitude complexa de pressão sonora de uma onda
plana de freqüência w e número de onda k, propagando-se no sen-
tido positivo de x com velocidade e, e 11_ é a amplitude da onda
propagando-se no sentido negativo de x.
A equação (1.30) pode ser desmembrada em:

A velocidade da partícula, o deslocan1ento e a condensação


relativos às ondas f!.+ e E__, são rcspcctivan1ente dados por:

..4_ ei(wt- h)
14 = pc

lL _.!!:.. i(wt+h)
pc

íf!_ ei(wt+kz)
pc2k

_lJ_ ei(wt + b)
pc2

Os dois termos da equação 1.30 representam as pressões acústicas


produzidas pelas ondas movendo-se nos sentidos positivo e negativo
de x, respectivamente.
Essas relações complexas demonstram que, quando as ondas pla-
nas estão se movendo no sentido positivo de x, a pressão acústica
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 1 9

P+, a condensação s+ e a velocidad·e da partícula u+, estão em fase e


precedem o deslocamento por um quarto de ciclo ou 90º de ângulo
de fase. Por outro lado, quando as ondas planas estão se movendo
na direção negativa de x, a velocidade da partícula "-• precede o
deslocamento de 90°, mas a condensação s_ e a pressão P _ estão
retardadas de 90° do deslocamento. Essas diferenças de relações
de fase entre as diversas variáveis acústicas para o movimento das
ondas em direção opostas, devem-se ao fato de que a pressão e con ..
densação são quantidades escalares, enquanto que a velocidade e o
deslocamento são quantidades vetoriais. Observa-se que, indepen-
dente da direção de propagação da onda, um máximo de pressão e
de condensação é associado a um 1náximo de velocidade da partícula
na direção de propagação da onda. Estas relações de fase são mos-
tradas nas figuras 1.6.

P,s,u u, é)g/clx

(a)
CE} Cf;s
é>~/;Jx P,s (b)

Figura 1.6: Relações de fase (a) Onda positiva (b) Onda negativa

Considere os casos especiais, onde A e B são constantes reais.


Então:

P = Acos(wt - kx) + Bcos(wt + kx) (1.31)

A B
ç = pc>k sen (wt - k,;) pc'ksen(wt + kx) (1.32)

s= ~cos(wt - kx) B
pc + pc' cos (wt + kx) (1.33)
20 - - - - - - - - - - - - Capítulo 1 ONDAS ACÚSTICAS

A B
u -cos(wt - kx) - -cos(wt
pc pc
+ kx) (1.34)

1.12 Densidade de Energia da Onda Plana


As energias envolvidas na propagação das ondas acústicas em meio
fluido são de duas formas, a saber: a energia cinética das partículas
em movimento e a energia potencial do fluido comprimido.
Considere-se um pequeno elemento de volume de comprimento
dx, englobando as pa1•tículas com mesma velocidade u. A energia
cinética deste elemento será:

(1.35)

onde Vo = Sdx é o volun1e do elemento no fluido não perturbado.


À medida que o fluido é expandido e co111primido durante a
transmissão de uma onda acústica, o elemento de volume sofrerá
variações na seguinte forma:

ôf,
V = Vo ( 1 + a;) (1.36)
A mudança na energia potencial relacionada a esta variação de
volume será:

!:!.E, =- JPdV (1.37)

Quando a pressão acústica é positiva (+P), o volume do elemento


vai diminuir ( -dV), e o trabalho realizado tem que ficar positivo.
Por essa razão tem-se na equa(.;ão 1.37 o sinal negativo.
Usando-se a equação 1.24 na equação 1.36, onde(*) = -(,:,),
tem-se:

dV = -~dP (1.38)
pc'
Substituindo-se (1.38) em (1.37), tem-se:
1 p2
!:!.EP = ~
pc2 jPdP --Vo (1.39)
2 p c2
A energia acústica total será:
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 2 1

t:i.E = t:i.E, + t:i.E, = !p(u


2
2 + p• )V.0
p•c•
(1.40)

e a densidade de energia instantânea será:

e = energia total = t:,. E = ! (u' + ...!::.__ = pu• (1.41)


volume Vo 2p p2 c2)

Usando-se as equações (1.31) e (1.34) em (1.40), tem-se:

E+ = pu! (1.42)
pal'a propagação da onda no sentido positivo, e

e_ = pu': (1.43)
para a propagação no sentido negativo.

A densidade de ene1·gia instantânea fical'á, então:

e = E+ + E- = p(u! + u:) = pu 2 (1.44)


onde os índices ( +) e (-) indicam o movimento da onda no sentido
positivo ou negativo de z, 1-espectivamente. As vai·iáveis u+ ou
u_ são funções da posição x e do tempo t, e consequentemente a
densidade de energia e+, ou E-, não será constante dentro do meio.
A média da densidade de energia no tempo em qualquer ponto fixo
no meio, sobre um período T, será:

1 {T 1
(l+) = T fo pu!dt = 2 pU+ 2 (1.45)

onde U+ é a amplitude da velocidade de pai·tícula.

Como a relação entre u e P é:

u+ = P+
pc
então

(l+J1 (1.46)
22 - - - - - - - - - - - Capítulo 1 ONDAS ACÚSTICAS

Se, no lugar de se determinar a média no tempo em um ponto


fixo, se fizer a média espacial, em um instante t, sobre o compri-
mento de onda completo, então ter-se-á:

11~
(e+)• = À o e+ da: = 2pc2
A2 (1.47)

Identicamente, o valor médio da densidade de energia da onda


plana propagando-se na direção negativa ,: é:
B2
(L), = (L). = 2pc2 (1.48)

1.13 Intensidade Acústica


A intensidade acústica I é definida como a média no tempo da
razão do fluxo de energia através de uma área unitária normal à
direção de propagação da onda (unidade: Watts/m2 ). Toda a ener·
gia acústica contida na coluna de comprimento cdt (metros), isto
é, e e dt, vai passar pela área unitária durante o inte1·valo de tempo
dt. Conseqüentemente, a taxa instantânea do fluxo de energia
acústica através da área unitária é:

dE
ec (1.49)
dt
E a intensidade, ou média no tempo da razão do fluxo de
energia, é:

dE
I = (dt), = (e)'c (1.50)
Portanto, na direção :e positiva, tem-se:

l+ = CE = ~ = IE+ 12 (1.51)
+ 2pc 2pc
onde \ \ é o módulo.
Quando se usam amplitudes efetivas (raiz média quadrática no
tempo), como:
A
P, u, (1.52)
v'i'
então:
SAMIR N. Y. GERGES
23

l+ PeUe (1.53)
e semelhantemente,

B2 ILI'
L = c'l_ (1.54)
2pc 2pc

1.14 Impedância Acústica Específica da Onda


Plana
A razão entre a pressão acústica no meio e a velocidade de
partícula, é definida como impedância acústica específica z, que de-
pende do meio e do tipo de onda presente ( onda plana, cilíndrica,
etc). Para ondas planas propagando-se no sentido positivo de x,
tem-se:

4= f+ = pc (1.55)
Y+
Semelhantemente, para ondas planas propagando-se na direção
negativa de x, tem-se:

z__ = -pc (1.56)


z para ondas planas é um valor real de magnitude pc (kg/m 2 seg
= rayl),
A quantidade p e ten1 nuüta iinportância con10 propriedade ca-
racterística do meio, mais do que o valor de p ou e individualmente.
A impedância acústica específica do n1eio é u1na quantidade real
para ONDAS PLANAS PROGRESSIVAS. Mas, para ondas esta-
cionárias ou ondas divergentes, o valor de z em geral é complexo,
dado por:

r + ix (!.57)

onde:
r = resistência acústica específica
x = reatância acústica específica
Para ondas planas progressivas (equações 1.55 e 1.56)

1· == ± pc (1.58)
24 - - - - - - - - - - - Capítulo 1 ONDAS ACÚSTICAS

x=O
Para condições normais, temperatura de 20°C, densidade
p = l,21kg/m3 e velocidade do som e= 343 m/seg, a impedância
característica do ar é dada por:

(pc),o = 415,03 (rayl)

Para a água destilada tem-se:

(pc),o = (998,2)(1482,3) 1,479632 106 {l'11yl)

1.15 Ondas Acústicas com Propagação


Tridimensional
A equação geral da onda em três di1nensões, em fluido não dissipa·
tivo, pode ser desenvolvida através da con1bi11ação das três equações
básicas que seguem.
- Equação da conserv-dção da massa
- Equação das propriedades elásticas do fluido
- Equação da força (Lei de Newton)
Além disso, o desenvolvin1ento da equação será feito, conside-
rando pequena faixa de variação de pressão acústica, de densidade,
de condensação, de desloca1nento e de velocidade de partícula ( va-
riação linear, ver item 1.9).

1.16 Equação Geral da Onda


Considere-se uma partícula de fluido e1n equilíbrio na pos1çao
x 1 y, z; em geral essa partícula pode mover-se en1 qualquer direção e
seu deslocamento, representado por !l., ter,i co1nponcntes Ç, 1J e (

=
9.. %1- terá os componentes u =
2., P e s são funções de x, y e z.
*'
nas dii·eções z, y, z, respectivantente. O vetor velocidade de partícula
v = ~ e w = ~· As variáveis d.,
,
O estudo feito para uma dimensão, apresentado no item 1.11,
poderá ser usado para três dimensões; similarmente à equação 1.18,
tem-se, para ti·ês dimensões:
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 25

(! + s)(I + ~)(! + ~)(! + ~) (1.59)


ou

{)~ {)~ &(


s "' -('§; + 8y + n;l = -'1 d. (1.60)

onde '1 d. representa o DIVERGENTE do vetor d.


Usando a equação (1.23), obtém-se:

P = pc2 s = -pc 2 (?5._


&x
+ q!}_ + ~)
&y &z
= -pc2 ('7d.) (1.61)

Considerando agora a diferença das forças externas que agem


em cada par de planos pal'alelos do elen1ento de coluna dx, dy e
dz (veja figura 1.7), poderão sel' obtidas as três equações de força
similarmente à equação 1.26:

z
Figura 1.7: Elemento de volume

{)p
&P
- ih ày
(!.62)
26 - - - - - - - - - - - Capítulo 1 ONDAS ACÚSTICAS

Por diferencia<;ão de (1.62} e soma termo a termo:

a2p
- (8:z:2 +
a2p
8y2 +
a2p
ôz 2 }
a 2 ae
P at 2 ( a:z: +
ª" + a)
ôy
ô( (1.63)

ou

82 (V4) (1.64)
- v2 P p~

onde V 2 é o Laplaciano.
Usando-se (1.61} e (1.63} e eliminando-se V 4, obtém-se:

82 P _ 2 .-,2 p (1.65)
8t2 - C V

A "qua<;ão 1.65 é a forma geral da cqua<;ão da onda acústica; V 2


pode ser representado em coordenadas Cartesianas ( com a equação
1.63} ou em coordenadas esféricas ou cilíndricas.

1.17 Equação da Onda em Coordenadas


Esféricas
O operador Laplaciano em coordenadas esféricas ( ver figura 1.8)
é dado por:

v 2 = ~ + ~ ~ + _l_il(senO f,-) + __l_!!:..__ (1.66}


iJr2 r ilr r 2 seno ao r 2 sen 2 0 ii,/;2

onde:
z=rsenOcos,J,
y=rsenOsen,J,
z = r cos9
Se a onda tem simetria esférica, isto é, se a pressão acústica
p = P(r, t) é função do raio e do tempo (independente de O e ,/,), as
equações 1.65 e 1.66 podel'Q,( ser reescritas da seguinte forma:

a2p = c2 (i12 P + ~ ôP) (1.67)


11! 2 ilr2 r ilr

2 (i12 (rP)) (1.68)


e 11,2
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 27

z
P( r, 0, 'V)

Figura 1.8: Coordenadas esféricas

Se o produto rP nessa equação é conside1·ado uma variável sim-


ples, a equação tem a mes1na forma da onda plana (ver equação
1.29), e a solução geral é:

rP = F,(c t - r) + F2 (e t + r)
ou

P = !F,(ct - r) + !F,(ct + r} (1.69}


r r
onde:
F1 é a onda que dive1·ge (afastando-se da origem)
F2 é a onda que co11ve1·ge (ap1•oxiinando-se da o.-igem)

Sendo r nulo na origem, a equação nos dá um valor infinito para


a pressão acústica na origem da onda esférica. Na prática esse va-
lor torna-se finito e tão grande que 1nuitas das suposições feitas na
dedução da equação de onda não são mais válidas.

O caso mais geral é o da onda esférica vai·iando em r e 8 e inde-


pendente de V,J; isto é, P(r, O, t). A solução da equação da onda neste
caso é dada po1·:
28 - - - - - - - - - - - - Capítulo 1 ONDAS ACÚSTICAS

P(r,8,t) = Ae'"'' h~2 )(kr) P.(cos8) (1.70)


onde
h~2 ) é a função de Hankel, dada por [j.(kr) + in.(kr)]
in(kr) é a função de Besscl esférica
n.(kr) é a função de Neumann esférica
P.(cosO) é o polinomio de Legcndre
=
Para n O, a onda esférica divergente é independente de 8; neste
caso
P0 (cos0)=1e h~2)(b·) = ,•:',
Portanto a pressão sonora é dada
pela equação ( 1. 7 5).
Para n = 1, tem-se o caso de u1na esfera vibrante; neste caso:

P, ( cosO) = cosB

e a pressão sonora é dada por:

P( r, O,t ) 1 + -cosee
= A -r- ikr n i("'' - k,)
2

As equações 1.62 demonstram que o gradiente da pressão é pro-


porcional à aceleração radial da partícula; similarmente para a onda
esférica tem-se:

ôP
(1.71)
ôr
onde Ç é o deslocamento radial.
Integrando em relação ao tempo obtém-se:

u = ~
ôt
= - !p J
ôP dt
ôr
(1.72)

Para soluções harmônicas no tempo, onde P(r,t) P(r)e'"'',


tem-se:

u (1.73)
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 29

j udt u
iw
I
'-'ªP~
ôP(r,t)
(1.74)

1.18 Ondas Esféricas Harmônicas


O mais simples tipo de onda esférica é a do tipo divergente
harmônica, que pode ser escrita na forma complexa ( equação 1. 70
para n = O):

E.(r,t) = ~ei(wt-h) (1.75)


r
Usando-se as equações (1.73), (1.74) e (1.75), as demais variáveis
acústicas são:
l'.(r,t)
(1.76)
!=~

âE.(r,t) = (~ + ik) l'._(r,t) (1.77)


!!. - ii.,p -a;- r iwp

{= _J_ôE.(r,t) =
-(~+ik)l'.(;,t) (1.78)
'-''P ô,· r "'p
A fase entre f!.(r, t) e 1! pode ser obtida da equação (1.77).

iwp kr(kr+i) pckr iB


(1.79)
(~ + ik) pc (1 + k'r 2 ) v'l + k2 r 2 e
onde

tg8 = kr (1.80)

Quando r é grande, isto é, quando a distância entre a fonte acústica

e o observador é grande (kr > 1), P(r,t) eu estão e1n fase. Por outro
lado, quando kr - O, fJ - 90°, então P e u estão com diferença de
fase de 90°. Em fenômenos acústicos o parâmetro kr é 1nuito mais
importante do que k ou r individualmente. ler = onde À é ')r, =7
o comprimento de onda. •
30 - - - - - - - - - - - - Capítulo 1 ONDAS ACÚSTICAS

1.19 Impedância Acústica Específica


A impedância acústica específica zé definida como (veja a equação
1. 79):
k2,.2 kr
pe 1 + k2r2 + ip e 1 + k2r2 (1.81)

onde
R = pck 2r 2/(1 + k2 r 2) é a resistência acústica específica
X = pckr/(1 + k2 r 2 ) é a reatância acústica específica.

A equação 1.81 mostra que quando k,- - O, R - O e X - O, e


quando kr - oo, R - p e e X - O. Este é o caso da onda plana.
A equação 1.81 pode ser escrita na seguinte forma:

onde:

k,•
Iz I pc~ (1.82)
e
kr
O = cos-1 v'l + k2r 2

Também pode-se escrever

lz I pccosO (1.83)
e
I E(r,t) 1 = pccosO (1.84)
y

Quando kr - oo, O - O e z = pc ( caso da onda plana).

1.20 Intensidade das Ondas Acústicas


A parte real da equação 1. 75, considerando A real, é <la.da por:

P(r,t) = ~cos(wt
r
- k,·) = Pcos(wt - kr) (1.85)
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 31

onde P é a amplitude de pressão acústica


A pressão acústica da onda esférica varia com o inverso da
distância.

Usando-se 1. 79 ou 1. 77, a parte real da velocidade de partícula


é dada por:

A )1 + k2r 2
u = -per kr
cos (wt - kr - 8) = U cos (wt - k,· - 8) (1.86)

onde U é a amplitude da velocidade de partícula

A densidade média no tempo da energia cinética Êc (equação


1.35) é dada por:
A2 (! + k2r2)
(!.87)
4pc2 k2r 4
A densidade média no tempo da energia potencial lp (equação
1.39) é dada por:

p2 (r:,t)
(1.88)
~
Portanto, a densidade média total é:

A2 1 P2 1
i: = i:, + 0' = 2pc 2 ,·' (! + 2k2r2) = 2pc 2 (! + 2p,.2l (1.89)

A intensidade instantânea da. onda esférica não poderá ser ob-


tida multiplicando E por e como foi feito para onda plana; isto por
que parte da densidade de energia cinética das ondas esféricas
são devidas ao fato da pressão e da velocidade não estarem em
fase, e essa energia não é transmitida para fora do sistema. Pode-se
mostrar, no entanto, que a intensidade da onda esférica é dada pelo
produto de e pelo primeiro ter1no da equação 1.89, isto é:

J P(r,t) J2
(1.90)
~
32 - - - - - - - - - - - - Capítulo 1 ONDAS ACÚSTICAS

Pode-se observar que a equação 1.90 é idêntica à equação 1.51


da onda plana.

A intensidade da onda esfé1·ica poderá ser obtida considerando


o trabalho feito por unidade de área, e será igual a média temporal
do produto da parte real da pressão pela parte real da velocidade
de partícula, para um ciclo completo.

J{ P(r,t)udt
(1.91)
T
A
T1 Jo{ -;: cos(wt - kr) U cos(wt - kr - 6) dt (1.92)

1 = PUcosO
2
Desde que U cos6 = fc, as equações 1.90 e 1.92 são equivalentes.
A equação (1.90) é mais útil já que não está envolvido o fator
cos, que varia co1n a distância e a freqüência.

A potência sonora de uma fonte pode ser calculada integrando


a intensidade numa superficie esférica, de raio r, en1 torno desta
fonte. Para o caso de fonte onidirecional, ten1·se:

2,rA 2
w 4,rr 2 J
pc
(1.93)

Portanto, a potência sonora independe do raio da superfície de


passagem do fluxo de energia. Esta é uma conclusão consistente
com a conservação de energia no sistema.
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 33

1.21 Equação da Onda em Coordenadas


Cilíndricas
Em alguns casos é mais conveniente expressar a equação da onda
em coordenadas cilíndricas (ver figura 1.9), conforme segue:

z
P(,·,ef,,z)

Figura 1.9: Coordenadas cilíndricas

1 ô ô 1 ô2 ô2 1 éi'P(r,1>,z,t) (
[;;e,:(re,:) +;:, éiq,' + ôz 2 ]P(r,q,,z,t) =J ôt' 1.94)

Fazendo a função P(r, </), z, t) variar harmonicamente com


o tempo t, obtém-se:

P(r,</>,z,t) = P(r,q,,z)e'w' (1.95)


A derivada parcial de segunda ordem da expressão 1.95 em
relação ao tempo resulta em:

&2 P(r,q,,z,t)
&t' (1.96)
34 - - - - - - - - - - - Capítulo 1 ONDAS ACÚSTICAS

Substituindo (1.96) em (1.94), tem-se:

1 8 8 1 82 82
l;:a,:(ra,:) + ~ 84' 2 + ôz 2 ]P(r,q,,z) + 2
k0 P(r,tf,,z) =O (1.97)

onde ko = ~; ko é o núme1·0 de onda acústica.


A transformada de Fourier de P(r,q,, z) e sua inversa, são dadas
respectivamente por:

e
P(r, tf,, k) = L: P(r, q,, z) e-;k, dz (1.98)

P(r,q,,z) = -21 1f
j 00

-oo
P(r,q,,k)e;,, dk (1.99)

As derivadas parciais en1 relação a z pode1n ser executadas


como segue:

82 P(r, q,, z) = - k2 P( ,_ ) (1.100)


82z r,~,z
Tomando a transformada de Fourier de ambos os membros da
equação 1.97, tem-se:

1 00

-oo
18 8
[ -8- (r-
r r 8 1· ) + 2r
1a2
8..,,,_ 2 JP(r,q,,z)e-'"'dz
.

(1.101)

Usando as equações 1.98 e 1.100 em 1.101, 1·esulta:

1 8 a 1 a - 2 2 , -
[;:a,:(ra,:) +;:, Ôq, 2 ]P(r,</>,k) + (k 0 - k )P(r,q,,k) = O (l.102)

Obtém.se u1na solução para P(r 1 <J,, k) conside1·ando a radiação


sonora em ca1npo liv1·e; essa solução scl'á da fo1·ma:
00

P(r,</>,k) = L Amcos(m</>)llm(kr) (l.103)


m:O
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 35

onde:
li'= ki - k2
Hm(kr) é a função de Hankcl de ordem m, onde
Hm~r) = Jm(kr) + iNm(kr)
Jm(kr) é a função Bessel cilíndrica de ordem m
Nm(kr) é a função Neumann cilíndrica de ordem m
Am é uma função geral de k

Obtém-se a solução tomando o inverso da transformada de Fou-


rier P(r,q,, k),

P(r,q,, z) = 2111' 100 L"'


-oo m;::0
Am cos(mq,)Hm(kr) e"'' dk {1.104)

Finalmente, substituindo {1.104) em {1.95) tem-se como solução:

P(r,q,,z,t) = -
iwt 100 00

[}:Amcos(mq,)Hm(kr)]eik'dk (1.105)
211' -oo m:0

A equação (1.105) fornece a solução geral da equação da onda em


coordenadas cilíndricas e será usada no capítulo 4 para quantificação
da radiação sonora de cascas vibrantes.

1.22 Nível de Potência Sonora


Uma importante propriedade de qualquer fonte é a potência so-
nora W ou energia acústica total emitida pela mesma na unidade de
tempo. A potência sonora é apenas dependente da própria fonte e
independe do meio onde ela se e!lcontra. Por exemplo, se o nível de
pressão sonora NPS de uma 1náquina for medido em determinado
ambiente, quando essa máquina for levada a u1n outro ambiente
(por exemplo do campo livre para uma pequena sala), a pressão
acústica p1·ovavehnente n1udará bastante, n1as a potência sonora iv
permanece1·á inalterada. O an1bi.ente exerce influência na pressão
acústica pela introdução de absorção e reflexões.
É, portanto, importante a 111edição da potência sonora emitida
por qualquer 1náquina. A parth- dos dados obtidos é possível calcu·
lar a pressão acústica em qualquer ambiente de ta1nanho, a forma
e absorção das pa1·edes conhecidos.
36 - - - - - - - - - - - Capítulo 1 ONDAS ACÚSTICAS

Já foi visto (ver item 1.13) que a intensidade acústica I é a


energia W passando por uma área S p01· unidade de tempo para
fonte onidirecional, ou seja:

I = !::!:'._ (1.106)
s
As escalas para quantificação de intensidade acústica e de pressão
sonora foram descritas e1n for1na logarítniica; a potência sonora é
também quantificada da mesma forma. Assim, o uivei de potência
sonora NWS é dado por:

NWS 10/og-I- ~
Ire! 1

NWS 10/og loI + 10/ogS

NWS NPS + 10/ogS (1.107)


onde fo =~
e para S = 471'r 2

NWS = NPS + IO/og4.-r 2

NWS = NPS+lO/og1· 2 + 10/og4,r

NWS = NPS + 20/ogr + 11 (1.108)


Note que as equações 1.106, 1.107 e 1.108 são válidas para campo
livre. Considerando-se o caso de espaço sc1ni-esférico a élrea super·
ficial será 2,rr 2. Da 1nesn1a for1ua, outras superfícies podem ser
consideradas. Por exemplo, uma fonte em linha (fluxo de veículos
na estrada) pode gerar ruído que se propaga segundo uma superficie
semi-cilínd1·ica através de uma área 1rr por unidade de cotnprhnento.
No primeiro e segundo casos tem-se:

l". Caso: NWS = NPS + 20/ogr + 8


2". Caso: NWS = NPS + 10/ogr + 5
A potência sonora de u1na fonte pode ser determinada em câmara
anecóica, em câmara reve1·be1·ante ou usando o n1edidor de in·
tensidade sonora ( técnica de dois 1nicrofones ). A potência sonora
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 37

pode também ser determinada em campo através do método de


comparação, usando uma fonte calibrada.

1.23 Diretividade de Fonte


Fontes reais dificilmente irradiam ·so1n de for1na igual em todas as
direções; elas são, por exemplo, limitadas pelo chão.
É necessário, portanto, avaliar o Índice de Diretividade, que será
definido como:

DI(O) = 10/og Q, (1.109)


onde Q, é o Fator de Diretividade, definido con10:

Q, = I(O) (1.110)
I
011de 1(8) é a intensidade na direção 8 e à distância r da fonte,
desc1·ita por:
pZ(O)
1(8) (1.111)
pc
l = potência da fonte/área

I --
w
-4,rr 2
P'
(1.112)
pc
Então
pz(O)
Q, = P' (1.113)

Substituindo-se /(8) na equação 1.112 e na equação 1.113, tem-se


para uma fonte em campo livre:

Q, = P 2 (0) (1.114)
Ipc
O nível de p1·essão sonora N PS(O) na direção O em campo livre à
distancia r pode ser então expresso por:

NPS(O) = NWS + IO/og(-9.!_)


4'l[r2
38 - - - - - - - - - - - Capítulo 1 ONDAS ACÚSTICAS

NPS(O) = NWS + DI(O) - 20logr - 11 (1.115)


Para uma fonte onidirecional Qg = 1 em campo livre, e assim o
nível de pressão sonora que será produzido à distanciar (NPS) por
uma fonte irradiando uniformemente em todas as direções será:

NPS = NWS + 10/og( 4 1 2 ) ,rr

ou

NPS = NWS - 20/ogr - 11

que é similar à equação ( 1.108),

A figura 1.10 mostra um caso típico de diretividade de fonte,


onde é apresentada a curva do fator de diretividade (I(O)/ !) medido
na superficie ·de un1a 1náquina coniplexa e1n cân1ara anecóica. O
módulo do fator de diretividade é proporcional ao comprimento
dos raios representados pelas flechas na figura.

Figura 1.10: Curva típica de diretividade


SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 39

1.24 Referências Bibliográficas


[1] Kinsler L. E., Frey A.R., Coppens A.B. and Sanders .J.V.,
Fundamentais of Acoustics, John Wiley & Sons, 1982.

[2] Morse P.M, Vibration and Sound, McGraw-Hill, 1948.


(3] Reynolds D.D., Engiueering Principies of Acoustics - No'se
and Vihration Control, Allyn and Bacon Inc. 1981.
Capítulo 2

Efeitos do Ruído e de
Vibrações no Homem

2.1 Introdução

O ouvido humano é o mais sofisticado sensor de som. Devido a


deterioração do sistema auditivo por exposição prolongada ao ruído,
é necessário que se tenha conhecimento sobre o funcionamento e
o comportamento do sistema de audição. Também é hnportante
conhecer os efeitos de ruídos e vibrações no corpo hun1ano.
O objetivo deste capítulo é discutir e entender o 1:0.ecanismo da
audição e sua perda, as escalas usadas para a avaliação do ruído e
os efeitos de vibrações no corpo lnunano.
Som e ruído não são sinônimos. Um ruído é apenas um tipo de
som, mas um som não é necessarian1ente uru ruído. O conceito de
ruído é associado a som desag1·ad1i.vel e indesejável. Son1 é definido
como variação da pressão atinosférica dentro dos limites de ampli-
tude e banda de freqüências aos quais o ouvido humano responde.
O limiar da audição, isto é, a p1·essão acústica mí11in1a que o
ouvido humano pode detectar é 20xl0- 6 N/111 2 na freqüência de
1 kHz. A figura 2.1 mosh'a a variação do limiar de audição com a
freqüência e os contornos de audibilidade. Na banda de freqüência
auditiva, que vai de 20 Hz a 20.000 Hz, o ouvido não é igualmente
sensível.

41
1 2 - - - - - Capítulo 2 EFEITO DE RUÍDO E VIBRAÇÕES
140
130
"'r-,
" 130 fone
11!0 /
120 ,,_
,'\. I'
ãi
110
100
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limiar de/['.,_
audição
10
-- ... ,.
- 1

g
Q) 1 ..... , . . .

>
z -1 1 1 11 1111
0,02 0,05 0,1 Q2 0,5 1,0 21) 5,0 10 15
Freqüência (kHz)
Figura 2.1: Contornos padrão de audibilidade para tons puros

2.2 O Ouvido Humano

O ouvido humano é u111 sistema bastante sensível, delicado, com•


plexo e discriminativo. Ele permite perceber e interpretar o som.
A recepção e a análise do so1n pelo ouvido humano, são processos
complicados que ainda não são completamente conhecidos.
O ouvido pode ser dividido em três partes: o ouvido externo, o
médio e o interno, como está mostrado na figura 2.2.

2.2.1 Ouvido Externo

O ouvido externo é constituído por três elementos: pavilhão da


orelha, canal auditivo e tín1pano. O pavilhão da 01·elha tem forma
afunilada para coletar e ti·ansm.ith· as ondas so1101·as que excitam o
TÍMPANO (membrana que vib1·a).
SAMIRN.Y. GERGES 43

vestíbulo ne~o vesllbula/

Figura 2 ·2·· Ouvido humano


4 Capítulo 2 EFEITO DE RUÍDO E VIBRAÇÕES

2.2.2 Ouvido Médio


O ouvido médio atua como um 8Illplificador sonoro, aumentando
as vibrações do tímpano através de ligações deste com três os-
sos: o MARTELO, que bate contra a BIGORNA, que por sua
vez é ligada com o ESTRIBO. Esse último está lii;ado a uma mem·
brana (na cóclea) chamada JANELA OVAL. A COCLEA é o orgão
responsável por colher esses movimentos e tem a forma de espiral
cônica.
O ouvido médio contém llnportantes elementos para proteger
o sistema de audição, como a TROMPA DE EUSTAQUIO, que é
ligada à garganta e à boca para equilibrar a pressão do ar ( ver figura
2.3).

Figura 2.3: O Ouvido médio

2.2.3 Ouvido Interno


Os movimentos de vibração do tímpano e dos ossos do ouvido
médio são transmitidos por nervos até o cérebro. A c6clea é a
parte responsável por colher estas vibrações. Ela é uma espiral
cônica com três tubos comp1·hnidos lado a lado. Os tubos de cima
e de baixo comwiicam-se com o ouvido médio através da JANELA
OVAL.e JANELA REDONDA, respectivamente. Ambos os tubos
são cheios de um líquido chamado PERILINFA. O tubo do meio,
SAMIR N. Y. GERGES - - - - - - - - - - - - - - - 45

DUTO COCLEAR, também é cheio de um fluido chamado ENDO·


LINFA (ver figuras 2.4 e 2.5).

Figura 2.4: A cóclea e os dutos

OrQÕO de Corte
Células Ciliados
Duto Cocleor

Figura 2.5: Corte da cóclea


46 Capítulo 2 EFEITO DE RUÍDO E VIBRAÇÕES

2.3 Mecanismo de Audição


As ondas sonoras pe1·correm o ouvido externo até atingir o
tímpano, provocando vibrações que por sua vez são h-ansferidas
para os três ossos do ouvido 1nédio, que trabalhan1 con10 uma série
de alavancas; portanto o ouvido 1nédio atua co1no um a.111plificador.
As vibrações da janela oval geram ondas de pressão que propagam-
se até a cóclea, e viajan1 ao longo do tubo superior. Neste processo,
as paredes finas da cóclea vibran1, e as ondas passam para o tubo
central e depois para o tubo inferior até a janela redonda. As vi-
brações das meinbranas BASAL e TECTÓRIA, en1 sentidos opostos
(ver figura 2.5), estimulain as células a produziren1 sinais elétricos.
As ondas percorre1n distâncias diferentes ao longo da cóclea, com
vários tempos de atraso, dependendo da freqüência. Isto permite
ao ouvido distinguir as freqüências do son1.
A percepção da direcionalidade do son1 ocorre através do pro-
cesso de correlação cruzada entre os dois ouvidos. A diferença de
tempo entre a chegada do som. UlUU ouvido e no outro (ouvido es-
querdo e direito}, fon1ece inforinação sobre a direção ele chegada;
por isso é necessário manter os dois ou vi dos se1n perda de sensibi-
lidade.

2.4 Ruído e a Perda de Audição


Qualquer redução na sensibilidade de audição <~ conside-
rada perda de audição. A exposição a níveis altos d<i ruído por
tempo longo danifica as células da cóclca. O tí1npano, por sua vez,
raramente é danificado por ruído industi·ial.
Existe outro tipo de perda de audição, espcciahuentc nas altas
freqüências, causada por cnvelhcchnento. A figura 2.6 n1ostra valo-
res típicos da pe1·da de audição, cm várias fre<iÜências, em função
somente da idade, pa1·a hmnens e tnulhcrcs. O uívt!l O dD representa
audição plena.
O primeiro efeito fisiológico de exposição a níveis altos de ruído,
é a perda de audição na banda de freqüências de 4 a 6 kHz. Geral-
mente o efeito é acompanhado pela sensação de percepção do ruído
após o afastamento do campo ruidoso. Este efeito é temporário, e
portanto, o nível ol'iginal do liinia1· da audição é recupei·ado. Esta
é a chamada 1nudança tempo1·ária do litniar de audição (MTLA).
Se a exposição ao 1·uído é repetida antes da co1npleta rücuperação,
a perda tempo1·árl'Ía da audição pode tornar-se pcrtnanente, não
SAMIR N. Y. GERGES
0 ~~~~~~~~~~~~47

00 1oi--t-~~.._..::'~d---l
.:Q 20,,-,---i-~~~~~·
o
·i 3ut----t~+--+~~...+l.,....j
g 40r---t----t~+-~~J:l,,-
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o HOMEM
.,. 601t--t--t-~t---t---l'\-+I
~ 6000
~ 7io 30 40 so 60 70 ao~°oo-3~0-40~-50~00~-7~0__,ao
ANOS ANOS
Figura 2.6: Perda de audição por idade

somente na faixa de freqüências 4 a 6 kHz, mas também abaixo e


acima desta faixa. As células nervosas no ouvido interno são dani~
ficadas, portanto o processo da perda de audição é irreversível.
A figura 2. 7 mostra o ouvido interno em quatro estados:
(a) normal, (b) danificado parcialmente, (e) profundamente danifi-
cado e ( d) danificado totalmente. O ruído alto causa vibrações da
membrana basal, que p1·ovocam o cisalhamento das células e conse,.
quentemente distorções das células pilares e das fibras nervosas.
A figura 2.8 mosti·a a perda de audição p&1·a três grupos de idade:
18 a 29 anos, 35 a 43 anos e 43 a 51 anos. As curvas mostram a
diferença entre um grupo exposto ao ruído (85, 90 e 95 dB(A)) e
outro sem exposição aos altos níveis de ruído. O efeito por exposição
ao ruído de impacto mosh·a uma pei·da de até 55 dB nas faixas de
freqüências de 5 a 6 kHz, pa1·a até,30 anos de exposição (ver figura
2.9).

2.5 Efeito do Ruído nos Sistemas


Extra-Auditivos
Pesquisad01·es tem compilado dndos nos 1íltimos 30 anos sobre
o efeito de 1·uído no col'po humano. São couJ,ecidos sérios efeitos
tais como: acele1·ação da pulsação, au111euto da pressão sanguínea
48 Capítulo 2 EFEITO DE RUÍDO E VIBRAÇÕES

Células Ciliados
Internos e Externos Três Células Ciliados Ausentes
Células
Suporte
(b)

Fibras Células Pilares Células Pilares Células de


Nervosos Ap)iO
Distorcidos
Contra idos

(e)
Colapso do Cócleo

~
~
(d)

Redução do Número Fibras Nervosos Ausentes


dos Fibras Nervosos

Figura 2.7: Órgão da cóc\ea,(a) Normal,(b,c e d) Danificada


SAMIR N. Y. GERGES - - - - - - - - - - - - - - 49

, ,~:~ ,~r~1,r~,f
85 40
60
40
60
40
60
·==1
~ ºOI
4-16 ºLJI-
4 16 ºLJI
4 '6
90 ,g 20 20 ~ 20 ~
t 40 40 40
J.

0-
60 60 60
0 1 4 16 1 4 16 1 4 16

; 2~ 2~r3~·-, 2~u~-----
95 ~ 40 40 v
40 "....
60 60 60
1 4 16 1 4 16 1 4 16
Freqüência ( k Hz)

Figura 2.8: Perda de audição,( .... ) sem e(-) com exposição de ruido
5Q, _ _ _ _ _ _ _ _ Capítulo 2 EFEITO DE RUÍDO E VIBRAÇÕES

10

20
(D
~
o 3
,o
o-

"o 40
Q)
"O
o 26 'a 30 anos
'2 50
Q)
CL

500 700 10001400 2000 2800 4000 5600 8000


Freqüência (Hz)

Figura 2.9: Perda de audi~ão por ruído de impacto


SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 6 1

e estreitamento dos vasos sanguíneos. Um longo tempo de ex-


posição a ruído alto pode causar sobrecarga do coração causando
secreções anormais de ho1·mônios e tensões musculares(ver figura
2.10). O efeito destas alterações aparece em forma de mudanças
de comportamento, tais como; nervosismo, fadiga mental, frus--
trac;ão, prejuízo no desempenho no trabalho, provocando também
altas taxas de ausência no trabalho. Existem queixas de dificulda-
des mentais e emocionais que apa1·ecem como irritabilidade, fadiga
e mal-ajustamento em situações diferentes e conftitos sociais entre
operários expostos ao ruído.

Dilatação do pupilo

Aumento do produção
harmonias do tireóide
Aumento do ritmo de
batimento cordiaco
Aumento do produção de
adrenalina e corticotrofina

\ ~~;i:~ª"'1H-~º6~~g~~ndo estômago

Reação muscular

Contração de vasos
sanguineos

Figura 2.10: Efeito do ruído nos organismos do corpo humano

2.6 Critérios para Perda de Audição


Os seguintes fatos são confü·mados pela maiol'ia das pr.squisas re-
alizadas sob1·e perda de audição em relação aos níveis de ruído.
5 2 - - - - - - - - Capítulo 2 EFEITO DE RUÍDO E VIBRAÇÕES

(1) A função mais importante do ouvido é ouvir e entender a con-


versa humana.

(2) Dificuldade significativa na recepção de som ocorre


para perdas de audição maiores que 25 dB (valor médio
nas freqüências de 500 Hz, 1 kHz e 2kHz).

(3) Exposição a níveis de pressão sonora abaixo de 80 dB(A) -


para 90% da· população - não causa dificuldade na sensação e
interpretação do som.

(4) A perda de audição p01· exposição a níveis acima de 80 dB(A)


depende da distribuição dos níveis com o tempo de exposição
e da susceptibilidade do indivíduo.

A figura 2.11 n1ostra a relação desenvolvida por Eldt·idge sobre


critérios para pe,·da de audição. Um nível de 85 dB(A) na faixa de
3 kHz para 8 horas de exposição por dia pode ser considerado como
limite para perda de audição.

140
Duração ( min)
ai ~l.5
3 130
o
o
e: 120 3
o
U1
110 7
o
.,,.,,
,o
~
o.
"
-o
.;;
.:: 80
z O) 0,3 0/5

Figura 2.11: Níveis de pressão sonora para risco da perda de audição


SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 53

2.7 Escalas para Avaliação de Ruído

Várias escalas e critérios foram desenvolvidos para quantificar e


garantir o conforto acústico e o estado elo sistema auditivo. A se-
guir são apresentados os pl'incipais cl'itérios e escalas usados para
avaliação subjetiva do conforto acústico.

2.7.1 Circuitos de Compensação A,B,C e D

Os fatores que determinam a audibilidade subjetiva de um som


são tão complexos que ainda muita pesquisa continua a ser feita no
assunto. Um desses fatorns é que o ouvido humano não é igualmente
sensível a todas as freqüências, mas é mais sensível à faixa entre
2 kHz e 5 kHz, e menos sensível para freqüências extremamente
baixas ou altas. Este fenômeno é mais pronunciado para baixos
NPSs do que para altos. Isto pode ser visto na figura 2.1 que
mostra uma família de curvas que indicam o nível de pressão sonora
necessário, em função da freqüência, para dar a mesma audibilidade
(fones) aparente que um tom de 1000 Hz. Por exemplo: um tom
de 100 Hz deve tel' um nível de 5 dD mais alto, para dar a mesma
aitdibilidade subjetiva que um tom de 1.000 Hz, a um nível de 80
dB.
Circuitos eletrônicos de sensibilidade variável com a freqüência,
de forma a modelar o comportamento do ouvido humano. são pa-
di·onizados e classificados como A 1 D,C e D (ver figura 2.12 e tabela
2.1). O ch-cuito A apl'oxirna.se das curvas de igual audibilidade
para baixos NPSs (e do inverso da curva de 40 fones 1v~r figura 2.1).
Os circuitos D e C são análogos ao circuito A porém para médios
e altos NPSs respectivamente (inversos das curva de 70 e 100 fo-
nes respectivamente, ver figura 2.1). Hoje, entretanto, somente o
circuito A é largamente usado, uma vez que os circuitos B e C não
fornecem boa conelação cm testes subjetivos. Uma característica
especial, a curva de compensação D, foi pad1·ouizada para 1nedições
de 1·uído em aeroportos. Os níveis mostra<los na figura 2.12 são
níveis relativos, isto é, para um NPS <le 70 dD em 1 kHz. o ouvido
humano percebe integralmente 70 <lD(A), entretauto, se este nível
está em 50 Hz, o ouvido humano pe1·cebe um NPS = 70 - 30,2 =
39,8 dB(A).
54, _ _ _ _ _ _ _ _ Capitulo 2 EFEITO DE RUÍDO E VIBRAÇÕES

Freqüência Curva A Curva B Curva C


(Hz) dB(A) dB(B) dB(C)
10 -70,4 -38,2 -14,3
12,5 -63,4 -33,2 -25,6
16 -56,7 -28,5 -8,5
20 -50,5 -24,2 -6,2
25 -44,7 -20,4 -4,4
31,5 -39,4 -17,1 -3,0
40 -34,6 -14,2 -2,0
50 -30,2 -11,6 -1,3
63 -26,2 -9,3 -0,8
80 -22,5 -7,4 -0,5
100 -19,1 -5,6 -0,3
125 -16,1 -4,2 -0,2
160 -13,4 -3,0 -0,1
200 -10,9 -2,0 +o,o
250 -8,9 -1,3 +o,o
315 -6,6 -0,8 +o,o
400 -4,8 -0,5 +o,o
500 -3,2 -0,3 +o,o
630 -1,9 -0,1 +o,o
800 -0,8 +o,o +o,o
1000 +o,o +o,o +o,o
1250 +o,6 +o,o +o,o
1600 +1,0 +o,o -0,1
2000 +1,2 -0,1 -0,2
2500 +1,3 -0,2 -0,3
3150 +1,2 -0,4 -0,5
4000 +1,0 -0,7 -0,8
5000 +o,5 -1,2 -1,3
6300 -0,1 -1,9 -2,0
8000 -1,1 -2,9 -3,0
10000 -2,5 -4,3 -4,4
12500 -4,3 -6,1 -6,2
16000 -G,G -8,4 -8,5
20000 -9,3 -11,1 -11,2

Tabela 2.1: Atenuaç ão da percepção auditiva A,B e C


SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
55

ro
-o
E
<!)

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a; -30
a: A
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'ii, -40
-?
z
-50
20 50 100 200 500 lK 2K 5K 10K 20K
Freqüência (Hz)

Figura 2.12: Circuitos de compensação A,B,C e D

2. 7.2 Nível Total de Pressão Sonora

É uma grandeza que fornece apenas um nível em <lD ou dD(A)


sem informações sobre a distriblllção deste nível nas freqüências.
Constitui.se portanto uma medida global (RMS) simples, que pode
ser efetuada com um medidor de nível sonoro sem filtros ( ver figura
2.13). No medido1• de nível sonoro existem dois circuitos RC, um
com constante de tempo de 125 ms ( circuito rápido) e outro de t s
(circuito lento).

2.7.3 Nível de Pressão Sonora - Pico [dB (Pico)]

Este é o pico absoluto do som contínuo. Nol'Inalmente as carac·


terísticas dos equipamentos de medição limitam a du1·ação mínima
do pico do ruído medido. O circuito de pico de um medidor de
nível de pressão sonora permite a medição do níveJ do pico com
boa precisão, usando tempo de subida de 20µs ,conforme as normas
IEC R 179 A e DIN 45633(vci· figura 2.13).
56, _ _ _ _ _ _ _ _ Capítulo 2 EFEITO DE RUÍDO E VIBRAÇÕES

Figura 2.13: Valor do pico, média e raiz média quadrática (RMS)

2.7.4 Nível de Pressão Sonora - Impulsivo (dB


(Impulso)]
Medidores de nível de pressão sonora iinpulsiva de precisão, que
satisfazem as normas IEC R 179 A e DIN 45633-2 , possuem um
circuito incorporado de contagem quadrática, uma seção RC com
constantes de tempo de 35 nis para carregar e descarregar, e uma
seção que tira a raiz quadrada da voltagem através do capacitor
da seção RC. Isto significa que quando o 1nedidor está no modo
impulsivo, ele integra o ruído e1n u111 período de 35 ms simulando
a altura subjetiva do ruido in1pulsivo.

2.7.5 Nível Sonoro Equivalente (Dose de Ruído)


O potencial de danos à audição de um dado ruído depende não
somente de seu nível, 1nas taq1bén1 de sua duração. Unia exposição
de um minuto a 100 dB não é tão prejudicial quanto uma exposição
de 60 minutos a 90 dB. É possível estabelecer u1n valor único Le 9
que é o nível sonoro médio integrado durante 111na faixa de tempo
especificada. O cálculo é baseado na energia do ruído ( ou préssão
sonora quadrática). Leq é definido po1·:

L,,
1
= 10 log -T
1T P 2 (t)
- 2- dt
o Po
onde:
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - - 57

T é o tempo de integração
P(t) é a pressão acústica instantânea
Po é a pressão acústica de referência (2 x 10- 5 N/m 2 )
Leq representa o nível contínuo (estacionário) equivalente em
dD(A), que tem o mesmo potencial de lesão auditiva que o nível
val'iável considerado.
As normas IS0/1.995 e 1.099 definem o méto<lo para o cálculo
do Le 9 , existindo medidores (medidores de doses de ruído) para a
execução automática dos cálculos (ver figura 2.14). Esses medido-
1·es são disponíveis em versões fixas ou portáteis, sendo que estes
últimos podem sei· colocados no bolso de um operádo, com o micro-
fone montado próximo ao seu ouvido (ve1· figura 2.15). Os aparelhos
p01·táteis tem a finalidade de verificação da dose máxima permitida.
Esta dose é de 85 dB(A) pal'a uma jornada de trabalho <le 8 (oito)
horas (Portaria Brasileh·a 3.214 de 08/06/1978).

Figura 2.14: Medidor de doses de ruído

Existe outl'o valor chamado Nível de Exposição Sonora-NES que


é usado para l'uído tl'ansiente, tal como o ruído gerado pela passa-
gem de um avião. Ele é definido como o Leq normalizado para um
segundo de tempo de integração (ver figura 2.16).
A tabela 2.2 mostra os níveis 1miximos permitidos pela Portaria
Brasileira 3.214 e a duração de tempo para cada nível. A exposição
a níveis dife1·entes é considerada dcntl'o dos limites permitidos da
porta1·ia se o valo1· de Dose Dil\l·ia de Ruído - D. cnkulada pela
exp1•essão abaixo, não excede a unidade.
58_ _ _ _ _ _ _ _ Capítulo 2 EFEITO DE RUÍDO E VIBRAÇÕES

Figura 2.15: Medidor de doses de ruído portátil

onde:
Ci é o tempo real de exposição a um específico NPS
T; é o tempo total permitido para aquele NPS (ver tabela 2.2).

2.7.6 Distribuição Estatística no Tempo: LN


A análise estatística de ruído fornece informações valiosas com
relação às causas do dano à audição. O histog1·ama cun1ulativo do
ruído mostra o percentual do ten1po total de exposição um relação
ao nível de pressão sonora dB(A). O nível denominado L90 repre..
senta o valor acima do qual os demais níveis permanecem 90% do
tempo total (ver figura 2.17). Similarmente são definidos Lso e L10.
Os três níveis citados são usualmente empregados. L 10 é mais usado
para estudos de ruído ambiental (ruído de trânsito).
A variação do Leq com o nível de poluição sonora Lp, é dado
por:

Lp, = Le 9 + /{u
onde:
K = 2, 56 é uma constante, baseada em distribuição normal
(Gaussiana)
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 5 9

NPS dB(A) Máxima exposição


diária permissível
85 08 horas
86 07 horas
87 06 ho1·as
88 05 horas
89 04 ho1·as e 30 minutos
90 04 h01·as
91 03 horas e 30 minutos
92 03 horas
93 02 horas e 30 minÚtos
94 02 h01·as e 15 minutos
95 02 horas
96 OI hora e 45 miuutos
98 01 ho1·a e 15 minutos
100 01 h01·a
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 08 minutos
115 07 minutos

Tabela 2.2: Limites do NPS-Portaria 3214/1978

u é o desvio padrão em dD
Na maioria dos casos, o valor de Lp3 pode sei· ap1·oximado para:

2.7.7 Nível de Interferência na Comunicação Verbal


Uma das conseqüências do excesso de ruído nos ambientes indus-
triais é o aumento de acidentes devido à pe1·da de inteligibilidade
na comwticação vei·bal entre os trabalhadm·cs. Por exemplo, uma
pessoa alertando ou avisando a outra de um perigo, poderá não ser
ouvida, acanetando a oconência de acideute.
60, _ _ _ _ _ _ _ _ Capítulo 2 EFEITO DE RUÍDO E VIBRAÇÕES

NPS dB (A)

- NES

ls

Tempo (s)

Figura 2.16: Nível de exposição sonora

NPS 0 /o
dB(A)
100
---L10

Figura 2.17: Distribuição cumulativa do ruído


SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 61

O Nível de lntel'ferência na Comnnicação Vcrbal-NJCV pode


ser determinado de forma simples para quantificar a inteligibili-
dade na comw1icação verbal. O NICV é calculado atravcís da média
aritmética dos níveis de pressão sonora nas bandas de oitava cen·
tradas em 500, 1000, 2000 e 4000 Hz. As p1·i11cipais variáveis con-
sideradas para a inteligibilidade da fala são o uível geral das vozes
e a distância entre o emissor e o receptor. A tabela 2.3 indica em
quais condições obtém-se uma inteligibilidade mínima aceitável, em
função da distância e nível de voz necessários.
A comparação entre o nível calculado com os valores na tabela
dá uma 1·azoável precisão para avaliar a classe relativa em regime
permanente com respeito à sua qualidade de interferência na comu-
nicação. O método é limitado para ruídos com espectros suaves
(aproximadamente planos) em regime permanente. Existem
outros métodos que estabelecem escalas de classificação, tal como
o Índice de Articulação IA, que é usado na comW1icação telefônica
e na qualificação de ambientes internos de veículos e aviões.

Distância (m) Normal Alto Muito alto Grito


0,30 65 71 11 83
0,60 59 65 71 11
0,90 55 61 67 73
1,20 53 59 65 71
1,50 51 57 63 69
3,60 43 49 55 61

Tabela 2.3: Nível da vat em dD

2.8 Curvas e Critérios para Avaliação


de Ruído
Os países industrializados têm suas próprias normas e reco-
mendações sobre índices e uiveis de ruído para vários tipos de am-
bientes. Algumas, entre as mais in1po1·tantes 1 são:
ISO (Inte1·national Standard Organization) - R 1996 (1971) e R
1999 (1975).
BS (Bl'itish Standa1·d) - BS 4141 (1967).
NFS ( Association Ft·arn;aise de Normnlization) - NFS 31-010
(1974).
6 2 , - - - - - - - - Capítulo 2 EFEITO DE RUÍDO E VIBRAÇÕES

ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) - NBR 10151


e 10152.
IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) - Resolução
Conama 001 e 002 de 17 de agosto de 1990.
As normas geraln1ente leva1n em conta os parânteh·os que influ-
enciam o desconforto, a saber: variação dos níveis e hora do dia em
que ocorre a exposição.
Existe uma tendência de unificação de todas as normas nwna
única 11orn1a internacional (ISO).

2.8.1 Recomendações ISO R 1996 e NBR 10151


As recomendações ISO R 1996, NBR 10151 ou CONAMA 001 que
são basicamente sin1ilares, estabclecein para conforto acústico em
comunidade ( excluindo ruído de aviões) a co1nparação entre dois
níveis: um nível medido corrigido Lc e um nível critério Lr, defini-
dos como segue:

(1) O nível global de avaliação corrigido L, em dB(A) é baseado


no nível medido LA cm dD(A) (ou L,, cm dD(A) quando o ruído
varia de maneira co1nplcxa) que deve ser corrigido confor1ne a tabela
2.4.
Para um ruído de nível constante, Lc é dado por:

onde:
LB = 5dB(A) para ruído in1pulsivo e/ou co1n c01nponentes
tonais audíveis,
Lv é a correção para ruído intcr1nitente (ver tabela 2.4) expresso
em função de percentuais.
Para ruído de nível flutuante, Lc é dado por:

L, = L,, + Ls
(2) O nível critédo Lr em dD(A), é considci·ado o lin1ite superior
pe1·mitido, que provoca queixas sempre quando Lc ~ Lr,

O nível critério básico é válido para á1·eas 1·esidenciais com níveis


entre 35 dD(A) e 45 dll(A) de ruído externo (na NDR 10151 é
considerado apenas 45 dD(A)). Este nível básico deve ser corrigido
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 6 3

dependendo do horário (ver tabela 2.5) e zoneamento (ver tabela


2.6) para fornecer o nível critério Lr em dB(A).
A diferença entre o nível corrigido Lc e o nívol critério Lr dá
um indicativo da reação da comunidade. A tabela 2. 7 mostra uma
estimativa da reação do público esperada pa1·a valores de 6.L ::;;:
L, - L, entre O dB(A) e 20 dD(A).
A avaliação de ruído em ambientes internos residenciais pode
ser obtida ainda com a co1•reção de Lc dependendo da condição
das janelas, conforme tabela 2.8. No caso de ruído em ambientes
internos não residenciais, as curvas de avaliação NC (NR ou PNC)
podem ser usadas (ver scc;ão 2.8.3) com o nível classificado NC
mostrado na tabela 2. 9.

Características temporais do ruído Correção dB(A)


Fator de pico para ruído impulsivo +5
Presença de tons puros audíveis +5
Duração do ruído em (%) do tempo
100 a 56 o
56 a 18 -5
18 a 6 -10
6 a 1,8 -15
1,8 a 0,6 -20
0,6 a 0,2 -25
< 0,2 -30

Tabela 2.4: Correções em função das flutuações dos níveis

Horário correção dD(A)


Dia o
Anoitecer -5
Horário de sono -10 a -15

Tabela 2.5: Correção em função do horário

2.8.2 Curvas de· Avaliação de Ruído NR e NC


As curvas de avaliação de ru(do NR (Noise Ratiug) ou NC (Noise
Criteria), são conjwitos dos níveis de banda de oitava que podem
ser comparados com o nível de p1•essão ::;01101·a do ambiente. Curvas
6 4 , - - - - - - - - Capítulo 2 EFEITO DE RUÍDO E VIBRAÇÕES

Tipo de ocupação concção dD(A)


Residencial rural
Hospital o
Recreação
Residencial suburbana +5
Pequeno h'áfego 1·odoviário
Residencial urbana +10
Idem com algumas lojas ou co1nércio
nas avenidas principais +15
Cidade ( con1ércio, serviços,
ad1ninistração, etc) +20
Area predominantc1nente industrial +20

Tabela 2.6: Correção de zoneamento

Valor em dB(A) Resposta estimada da comunidade


de L, - L, Categoria Descrição
nenhuma não se observa reação
pouca queixas esporádicas
10 média queixas generali1.adas
15 enérgicas ação comw1itária
20 muito enérgicas açiio connmitária vigorosa

Tabela 2.7: Resposta estimada da comunidade ao ruído

NR podem ser encontradas na nol'ma ISO 1996/71 (ver figura 2.18)


e na NBR 10152.
Neste método, sobre as curvas padrão NR, são marcados os níveis
do ambiente, medidos por banda de freqüência (linhas horizontais
sobre a figu1·a 2.18). Pode-se então visualizar qual a classe da NR
que se acha associada ao ambiente sob análise, que é o valor mais
alto de NR obtido da interseção das cu1·vas padrão con1 os pontos
marcados x. No exemplo da figura 2.18 tem-se NR=78.
A tabela 2.10 mostra os valores de NC 1·ecomendados para

Condições das janelas coneção dD (A)


Janelas aberta~ -10
Janelas simples, fechadas -15
Janelas duplas, fechadas -20
Tabela 2.8: Correções para interiores de residências
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 65

Tipo de ambiente NC
G1·andes escritó1·ios sem datilografia
Lojas de comércio
Lojas de departamentos 35
Salas de estar
Pequenos restaurantes
Grandes 1·estaurantes
Escritório com datilografia 45
Grandes escl'itól"ios com datilog1·afia 55
Oficinas ( dependendo elo uso) 45 - 75

Tabela 2.9: NC recomendado para ambientes internos

vários tipos de ambientes,

2-8.3 Curvas de Critérios de Ruído Preferido [PNCJ


As curvas deste método são similares às NR e NC (ver figura 2.19)
e foram desenvolvidas por Bcranek nos EU A. a partir de muitas
entrevistas e medições de ruído em vários ambientes. O método é
baseado nas medidas dos níveis de interferência e nível sonoró. Os
resultados de análises nas bandas de oitava são plotados em curvas
PNC. O valo1· mais alto de PNC é escolhido como limite em função
do tipo de ambiente. Por exemplo:
PNC = 45 a 55 instalações de fábl"icas
PNC = 35 a 45 hotéis e escritórios
PNC = 25 a 35 bibliotecas e escritórios
PNC < 25 no subúrbio e escritórios executivos

2.9 Efeito da Vibração no Corpo Humano


O cm·po hwnano pode ser considerado como um sistema mecânico
complexo, de múltiplos g1·aus de liberdade (ver figura 2.20). Na
reação do co1·po humano em um campo de vibrações e choque,
deve-se considerar, não apenas a 1·esposta mecânica do sistema, mas
.também o efeito psicológico sobre o indivíduo. O primeiro estudo
quantitativo no assunto foi realizado por Goldmann e publicado
em 1960. Os efeitos das vibrações sob1·e o corpo humano podem
ser extremamente graves. Entre estes efeitos pode·se citar: visão
66, _ _ _ _ _ _ _ Capítulo 2 EFEITO DE RUÍDO E VIBRAÇÕES

Locais dB(A) NC
Hospitais
Apartamentos, enfermarias, be1·çários, centros 35 - 45 30 - 40
cirúrgicos, laboratórios, áreas para uso do público 40 - 50 35 - 45
Serviços 45 - 55 40 - 50
Escolas
Bibliotecas, salas de música, salas de desenho 35 - 45 30 - 40
Salas de aula, laboratórios 40 - 50 35 - 45
Circulação 45 - 55 40 - 50
Hotés
Apartamentos 35 - 45 30 - 40
Restaurantes, salas de estar 40 - 50 35 - 45
Portaria, recepção, circulação 45 - 50 40 - 50
Residências
Dormitórios 35 - 45 30 - 40
Salas de estar 40 - 50 35 - 45
Auditórios
Salas de concertos, teatros 30 - 40 25 - 30
Salas de conferências, cinemas e de uso n1últiplo 35 - 45 30 - 35
Restaurantes 40 - 50 35 - 45
Escritórios
Salas de reunião 30 - 40 25 - 35
Salas de gerência, projetos e administração 35 - 45 30 - 40
Salas de computadores 45 - 65 40 - 60
Salas de mecanografia 50 - 60 45 - 55
Igrejas e templos (cultos meditativos) 40 - 50 35 - 45
Locais para esporte
Pavilhões fechados para espetáculos e
atividades esportivas 45 - 60 40 - 55

Tabela 2.10: Valores dB(A) e NC recomendados


SAMIR N. Y. GERGES

120

110

YJ

90

!YJ
ÍD 70 80
~
cn 60
Q.
Z 50

40

30

20
10

~.,_~-.-~~--",-..e,.._~,.....'-- Hz
31,5 631252505001k 2 4 BFreq.iêncio
Figura 2.18: Curvas de avalia,;ão de ruído (NR)

turva, perda de equilíbrio, falta de concenh'ação, e até danificação


permanente de dete1•1ninados órgãos do corpo.
Indivíduos que trabalham com equipamentos vibratórios de
operação manual, tais como martelo peuumático e moto serra, apre-
sentam degeneração gradativa do tecido muscular e nervoso. Os
efeitos aparecem na forma de perda da capacidade manipuladora e
do controle de tato nas mãos, conhecido popularmente por DEDO
BRANCO.
A norma ISO 2631, estabelece curvas de limite de aceleração
máxima recomendada para cada tempo de exposição, de um minuto
a 12 horas. A faixa de freqüências na qual o corpo humano apresenta
mais sensibilidade é de 1 Hz a 80 Hz. O corpo pode ser submetido a
vibrações em várias direções e posições, em pé, sentado ou deitado
(ver figura 2.21).
Três códigos de severidade são encontrados na norma ( ver figura
2.22):
(1) Limite de conforto, aplicável para passageiros de veículos
(2) Limite de perda de eficiência, causado por fadig11, relevante
6 8 : - - - - - - - Capítulo 2 EFEITO DE RUÍDO E VIBRAÇÕES
80

70

60

50

40
'éD
~
30
CfJ
a..
z
20

10

OL--3.1-15_6_,_3_ _,12'-5-2_,50L__500..__l:J00_,___2000-"--4000L--9:XXJ.._~F re qüê ncia {H z)

Figura 2.19: Curvas de critério de ruído preferido - PNC

Ombros
(3-5 Hz)
,__,__...___ _ _ Parede do Torox
(50-GOHz)

Mão -Broco
Antebraço (20-2001-Íz)
(10-30Hz)

Mõo-Apertodo
(50-210Hz)

Figura 2.20: Corpo humano como sistema mecânico


sAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
69

Figura 2.21: Direções de vibração do corpo e da mão

para operadores de máquinas e motoristas.

(3) Limite de exposição sob condições específicas que oferecem pe-


l"igo à saúde.

A direção na qual o corpo é mais sensível à vibrações é vertical


(indivíduo em pé). Na faixa de freqüências de 4 a 8 Hz, se situam
as freqüências naturais dos elenientos do corpo humano ( massa ab-
dominal, ombros e pulmões). Nesta faixa de freqüências, o corpo
humano apresenta alta sensibilidade, por isso os limites dos níveis
de vibração são menores. Na dh·eção transversal e latera.l, a rigidez
do corpo é menor, portanto a faixa de f1·eqüências mais sensível é de
1 Hz a 2 Hz. As figuras 2.23 e 2.24 mostram os limites de aceleração
recomendados pela norma ISO 2631/1978 em função do número de
horas de exposição. A norma brasileira NR-15, Anexo 8, estabe-
lece os níveis máximo de vib1·ação, utilizando os dados especificados
pelas recomendações ISO 2631/1978.
101_ _ _ _ __ Capítulo 2 EFEITO DE RUÍDO E VIBRAÇÕES

.g
N
o
.g
w ongitudirol
i5 (Eixo Oz)
5i 1 '
TronsversalJ -
(a,e ayl :

l -
0. 2 L-----:'-...J2,--':,4-'8'------:8~0:-:F::-r~eqüência

Figura 2.22: Os três limite., estabelecidos pela norma ISO 2631


sJtMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - ~ 71
1 1 1 , JC'/

12, 5
1 1l
1 1 1
.
.... ....... ·- ·- • ~ gl\~~ - 17
1•
J...
6,3 1-.... 1 1
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ãi 0,4 .......
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1 / 1/ ~~

:t ..... ..._ "'h ,,


1/

0,20 ~
16h
24h'- Freqüênc!o H ~ t 1 , ' -
l~~
º'ó'.4 Q63 1,0 1,6 2,5 4P 6,3 10 16 25 40 63
Figura 2.23: Limites de vibração vertical para posição S<'ntado
2'50,00
,040

e
r;;:s3,oo
e
>--
x'C.31,50 ,015
., ~
~16,00
0,010 1
I BPO
,008
~

-Aceleroção
.,,
"'
-,
oi
06
05
1
!I
1
---Velocidade 1 004
1
1
003
1,00
e 20 50 125 315 800 Freqüência Hz
12,5 31,5 80 200 500
Figura 2.24: Limites de vibrações para as mãos
7 2 - - - - - - - Capítulo 2 EFEITO DE RUÍDO E VIBRAÇÕES

2.10 Programa de Conservação da Audição


Medidas de conservação da audição devem ser aplicadas tão logo
se suspeite da presença de um problema de ruído. O procedimento
básico enYolvido na iniciação de um programa de conservação da
audição é descrito a seguir e sumarizado na figura 2.25

Avaliação do Ruido

Sem Risco Área de Risco


1
Redução do Leq

Reduçào do Nível do Ruido Redução do Tempo de Exposição

Trajetória de Refúgios Ralação de


Redução do Isolamento Prute(ião da
Transmissão Proii:eido~ do
Ruído n:1 Fonte das Pi:s~oas A~diç;io Ocupação
Interrompida R~ido
1 1
1
füpecificaçào do Ruído Educação, Supervisão
para novas lnslalações e Mon1toramen10 Audiométrico

Figura 2.25: Organização de um programa de conservação da audição

O termo conse1·vação da audição deve ser compreendido· no seu


sentido mais amplo coruo o meio de prevenir o dano do sistema au·
ditivo, uma vez que um programa de couse1·vação da audição não
consiste meramente em se colocar à disposição sistemas de proteção
do ouvido às pessoas expostas. A conduta de uni empregador pru-
dente e racional pode ser su1narizada co1no segue:

2.10.1 Mapeamento de Ruído


Um dos primeiros passos en1 um projeto de 1·edução de ruído é
a preparação de um 1napa ou lcvautamento topográfico do ruído.
Um esboço razoavelmente exato deve ser desenhado, mostrando as
posições relativas de todas as máquinas~ p1·ocessos, e outros itens
de interesse. A esse esboço são adicionados os níveis de pressão glo·
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 73

balem dB(A), tomados em um número conveniente de posições em


torno da área que está sendo investigada. Quanto maior o número
de medidas, mais exato será o levantamento. Traçando-se linhas
de conexão entre os pontos de iguais níveis, tem-se uma melhor vi·
sualização dos modos de distribuição do ruído. Um levantamento
deste tipo mostrará, de imediato, as zonas de ruído perigosas. Este
é o ponto de partida para se planejarem as providências a serem to-
madas para a proteção dos trabalhadores. Quando as providências
necessárias tiverem sido tomadas, uma série de novas medições dará
uma clara imagem da extensão da mudança nos níveis de ruído, em
comparação aos iniciais. Um levantamento topográfico com zonas
vermelhas também pode ser usado, para indicar as áreas onde prote·
tores auriculares seriam obrigat6rios até que nova ação seja tomada
para redução de ruído na fonte (ver figura 2.26).

Figura 2.26: Mapa do ruído '

2.10.2 Zonas de Risco de Ruído e Avisos de Alerta


Todas as áreas e máquinas onde os níveis de ruido excedam os
valores estabelecidos em critérios, devem ser imediatamente desig-
nadas como ÁREA DE RISCO DE RUÍDO, mesmo que medidas
de controle de ruído possam ser aplicadas a longo prazo. Sinais de
7 4 t - - - - - - - Capítulo 2 EFEITO DE RUÍDO E VIBRAÇÕES

alerta devem ser colocados em pontos de acesso a áreas de risco de


ruído.

2.10.3 Controle de Ruído


A remoção dos riscos de ruído, ou de pessoas das zonas de ruído,
é o caminho mais correto para a prese1·vação da audição. A pra..
ticabilidade disto deve ser examinada em todos os casos. Infeliz-
mente, o controle de ruído de algu1nas máquinas ou processos se
torna difícil, seja pelo alto custo envolvido ou pela impossibilidade
técnica de serem feitas modificações. Em alguns casos, então, esta
forma de controle de ruído deve esperar até que uma máquina possa
ser dispensada ou substituida, ocasionando um atraso considerável
na implantação do programa.
Em algumas máquinas ou processos é possível aplicar enclau-
suramento ou outros tratamentos locais, sendo que problemas de
ventilação, refrigeração, acesso de materiais e pessoal, 111anutenc;ão
e assim por diante, não deve1n ser esquecidos.
A assistência e apoio de técnicos especializados em controle de
ruído é fundamental para um bom projeto de redução de ruído.

2.10.4 Refúgios do Ruído


Em vários processos contínuos, instrllDlentos de controle e mo-
nitoramento são freqüentemente instalados num console central,
que pode então ser enclausurado como um refúgio de atenuação
de ruído. Em outras situações onde so1ne11te inspeções regulares
são requeiidas, um refúgio de ruído pode ser providenciado, Onde
os operadores podem permanecer durante o período de tempo en-
tre tais inspeções. É importante lembrar que os refúgios geralmente
não proporcionam grande proteção para o pessoal da indústria, já
que, por exemplo, reduzindo-se· o tempo de exposição à metade,
obtém-se uma redução de somente 3 dB na dose de ruído.

2.10.5 Rotatividade de Função


A rotatividade de função se torna algo prático somente onde os
níveis de ruído estão um pouco acima dos limites aceitáveis, já que;
como já foi mencionado, uma redução no tempo de exposição à
metade, fornece redução equivalente de somente 3 dB na dose de
ruído.
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 75

2.10.6 Especificação de Ruído


Uma especificaç~o de ruído deve fazer parte de todos os contratos
envolvendo fornecimento de novas máquinas. Este dado fornecido
pelo fabricante, permitirá prever o aumento dos níveis d'e ruído no
ambiente de instalação do equipamento( ver capítulos 6 e 7).
Para que se possa prever com precisão o efeito da introdução de
uma nova fonte em um ambiente acústico, é necessário conhecer o
Nível d!! Potência Sonora da fonte (NWS), e desenvolver um modelo
matemático do ambiente .

2.10.7 Proteção da Audição


Quando técnicas de controle de ruído não possam ser aplicadas
imediatamente, ou durante períodos de hnplantac;ão, sistemas de
proteção da audição devem ser usados co1no solução paliativa. Na
prática, a modificação de u1na planta industrial pode levar anos, o
que obriga a que se tomem cuidados na seleção dos protetores de
ouvido a serem usados como solução paliativa.
Há vários tipos e marcas de protetores de audição no mercado,
e são vários os fatores a serem considerados na seleção do tipo
mais adequado para cada situac;âo. Alguns destes fatores são: con·
forto, custo, durabilidade, estabilidade quí111ica, higiene e aceite
pelo usuário (ver capítulo 12 sobre Protetores Auditivos).

2.10.8 Educação
Uma parte importante de qualquer programa de conservação da
audição é que ele deve ser aceito por pessoas de qualquer nível,
desde os trabalhadores e operadores até o pessoal da geri'!ncia (mais
altos escalões). O envolvimento de representantes dos trabalhadorES
nos estágios iniciais do programa -é um passo huportaute e normal·
mente isto resulta nu1na melhor e nmis a1npla cooperação por parte
do pessoal mais graduado da indústria.
Cada uma das técnicas de educação disponíveis, tais co1no pos·
ters, fitas de vídeo, palestras, folhetos, revistas, etc, devt:, ser empre·
gada para suplementai· o contato do pessoal co1n os departamentos
médico e de pessoal.
C6pias das portarias brasileiras e regulamentos sobre os riscos de
ruído, e qualquer publicação oficial subsequente de natureza similar,
devem estar disponíveis para o pessoal envolvido.
'O------- Capítulo 2 EFEITO DE RUÍDO E VIBRAÇÕES
2.10.9 Supervisão e Treinamento
Um programa de conservação da audição será mais efetivo
se a responsabilidade geral pela coordenação for dada a uma única
pessoa, que pode ser de um dos seguintes departamentos: engenha-
ria, segurança, pessoal ou médico. É possível que outros aspectos,
como por exemplo, especificação dos níveis de ruído, possam ser
delegados a outras pessoas dentl'o de uma grande organização. To-
das as pessoas engajadas num programa de conservação de audição
devem receber treinamento apropriado, e após, devem seguir
passos que mantenham o p1·ogl'ama atualizado e com o seu correto
desenvolvimento em campo.

2.10.10 Audiometria
Vál'ios argumentos podem ser colocados conh'a e a favor da audio-
metria na indústria. Ideahnente, a audio1netria não seria necessária
se todas as medidas de conservação da audição fossem tomadas cor-
retamente. Entretanto, devido às falhas humanas, os protetores de
ouvido não são sempre usados adequadan1ente. Adicionnhnente, os
limites de níveis de ruído conentemente aceitos são designados para
proteger somente u1na certa percentagem do 11ú1nero de pessoas ex-
postas.
A audiometria deve ser realizada em qualquer pessoa a ser em-
pregada pela primeira vez.
Testes audiométricos adicionais devem ser realizados como segue:
(a) Em qualquer pessoa que tenha mostrado, num audiograma ini-
cial, anormalidade de qualquer natureza.
(b) Em qualquer pessoa que tenha sido empregada por um período
de no máximo dois anos e1n á1·ea de risco de ruído. A partir dai
o próximo teste será feito no máximo ao final do ano seguinte,
devendo ser repetido conforme o resultado obtido.
(e) Para o pessoal com longo tempo de serviço sujeito a exposição
a ruido; feito em intervalos de dois ou h•ês anos.

É essencial que a audiometl'Ía seja feita em ambientes qualifica-


dos, caso contrário o limiar da audição será mascarado. O efeito
do mascaramento do ruído é normahnente 1nostrado conto aparente
desvio no limiar da audição em baixas freqüências. E1n muitos ca-
sos um.a cabine audiométrica se faz necessária para reduzir os nfveia
de ~uído de fundo a valores aceitáveis.
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - ' - - - - - - - - - - 77

2.10.11 Conclusões
U~ programa d:" conservação da audição incluindo audiometria,
se feito com entusiasmo e perseverança, e tendo o apoio da gerência
da empresa, sindicatos e corpo de segurança e saúd.:~, deve re-
duzir drasticamente a incidência da perda de audição ocupacio-
nal induzida por ruído dentro da indústria, A propaganda se faz
freqüentemente necessária para que seja superada a relutância apa-
rentemente irracional que é externada por alguns empregados em
usar adequadamente os protetores de ouvido. Mesmo assim, os
melhores programas de conservação da audição tem alcançado na
prática somente 70 a 90% de aceite do uso de protetores, exceto
quando o seu liso tem sido u1na condição para o emprego ser con-
seguido. O custo e os esforços necessários para assegurar a con-
servação da 8udição, simplesmente com o uso de protetores, podem
exceder os envolvidos com técnicas de engenharia para redução de
ruído; este último caminho deve sempre ser preferido. A respon·
sabilidade de ·tomar medidas apropriadas para a conservação da
audição dos empregados é das empresas co1no empregadoras, seus
gerentes e aqueles responsáveis pela sa\1de e segurança no trabalho.
Tendo sido começado o progran1a de proteção da audição, é im-
portante que todos os esforços sejam feitos para mantê~lo.
A educação do trabalhador é de importância fundamental dentro
deste programa.
Resumindo, um progran1a de conse1·vação da audição
segue então os seguintes proceditnentos:
(a) Medição do ruído: um levantamento detalhado dos níveis de
pressão sonora dB(A) deve ser feito nas áreas em que é possível
haver riscos à audição.
(b) Avaliação do risco: A medição do nível de ruído continuo equi-
valente ponderado-A (Le,A) deve ser comparado com o cor-
rente critério de 85 dB(A) e todas as máquinas, oficinas e
áreas onde este nível for excedido, sinalizadas co1no Área de
Risco de Ruído.
(e) Redução de ruído: há vál'ias situações onde a aplicação de
técnicas de controle de 1·uído é imp1·aticável, não econômica,
insuficiente ou shnples1nente os p1·ojetos são inviáveis. Nestes
casos, dispositivos pessoais de proteção da audição devem ser
providenciados e os passos necessários to1nados para assegurar
que eles sejam empregados.
7 0 - - - - - - - Capítulo 2 EFEITO DE RUÍDO E VIBRAÇÕES

(d) Monitoramento audioméh·ico: nos casos em que protetores


devam ser empregados para a redução do ruído a limites
aceitáveis, é essencial o monitoramento da audição de todo
o pessoal exposto a ruídos com potencial de dano. Isto por-
que, protetores auditivos são ,·aramente empregados na me-
lhor forma, e a proteção fornecida pode ser inadequada. Um
programa para ser eficiente, deve te1· então o apoio de todos,
desde os mais altos escalões da empresa até os emp1·cgados que
estão habitualmente expostos ao ruído. Ainda, o programa
será mais eficiente se for designado um membro responsável
da organização como coordenador para iniciar o programa, e
segui-lo em cada passo assegurando o apoio de todos.

2.11 Referências Bibliográficas


[1] Allen,.G.R., Proposed limits for exposure to whole-body ver-
tical vibration from 0.1 Hz to 1.0 Hz, Agard-CP 145, 1975.
[2] American Industrial Hygiene Association. Industrial Noise
Manual. 3ed. Westmont, 1966, lv.
[3] ANSI 53.1-1977,Criteria for permissible ambicnt noise during
audiometric testing.
[4] Brüel & Kjaer • DK-2850 Naerum-Denmark, Acoustic Noise
Measurements.
(5] Coermann, R., et ai: The passive dynamic mechanical proper-
ties of the human thorax • abdomen system and of the whole
body system. Aerospace Med. Vol. 31, p. 443, 1960.
[6] D.H. Eldridge and J.D. Miller., Acceptable noise exposure·
damage risk criteria. American Speech aud Hearing A.socia-
tion, Washington, DC, Feb-1969, pp.110-120.
[7] Cohen, Alexander., Extra-auditory effects of occupational
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nal Safety News, Chicago, 108(2),
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(8] Davies, D.R., Physiological effects ofnoise; a briefr.,view. Pro-
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Cardiff, 1967. London, 1970, Sect, 2.2.
[9] Elliott H. Berger & Jeffreg C. Morrill., Noise & Hearing Con-
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1986.
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 79

(10) Goldmann D.E. 8z Von Gierke M.R., The effects of shock


and vibration on man. Medical Research Institute, Bethesda
Maryland lecture and review series No. 60-3. USA, 1960.
[11) Kryter, K.D., The effccts of noise on man, Academic Press,
Inc, 1985.
(12) IBAMA, Resolução Conama 001 e 002 (Programa de silêncio),
publicado no diário oficial da união no dia 17 de Agosto de
1990, seção 1.
[13) ISO /R 1996-1971 Assessment of noise with respect to Comu-
nity Response.
[14) ISO 1995-1975. Assessment of ocupational noise exposure for
hearing conservation.
[15) ISO 263101978: Guide for lhe evaluation of hwnan exposure
to whole-body vibration.
(16) ISO Draft Addendum. Evaluation of exposure to whole-body,
z-axis, vertical vib,·ation in the frequency range 0,1 to 1,0 Hz.
(17) ISO/DIS 5349: Pdociples for lhe measurement anel the evalu-
ation of human exposure to vibration transmitted to the hand.
(18) NBR 10151 (dez.1987). Avaliação do ruído em áreas habitadas
visando o conforto da comunidade.
(19) NBR 10152 {dez.1987). Níveis de ruído para conforto acústico.
(20). Noise Effects Handbook, Published by the National Associa-
tion of Noise Contrai Officials - PO Box 2618, Fort Walton
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(21) National lnstitute for Occupacional Safety and Heulth(USA).
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[22) Reynolds, D.D. et ai, Hand-arm vibration parts 1, II and III,
JSV, vai. 51, No.2, 1977, pp 237-282.
Capítulo 3

Instrumentação Para
Medição e Análise de
Ruído e Vibrações

3.1 Introdução

As medições de ruído e vibrações permitem quantificações e


análises precisas de condições ambientais incomodas. Entretanto,
devido a diferenças fisiológicas entre os indivíduos, o grau de
incômodo não pode ser mensurado para cada pessoa. Portanto,
as medições são o meio objetivo de comparar incomodas, sob dife-
rentes condições. As medições e análise de ruído e vibrações são
poderosas ferramentas de diagnóstico nos programas de controle de
ruído e vibrações.

O objetivo deste capítulo é fornecer informações resumidas sobre


sistemas para medição de ruído e vibrações, suas características,
escolha de cada elemento, · calibração e análise dos sinais. No
início deste capítulo será ap1·esentado um resun10 das características
básicas dos diversos tipos de sinais de 1·uído e vibrações e dos siste-
mas usados pua medição e análise.

81
82 _ _ Capítulo 3 INSTRUMENTAÇÃO DE MEDIÇÃO E ANÁLISE

3.2 Sinais de Ruído e Vibrações


Acelerômetros, microfones, alto-falantes, excitadores eletro-
dinâmicos , dentre outros, são transdutores usados para transformar
sons ou vibrac;ões em um sinal análogo elétrico ou vice-versa. O si-
nal elétrico contém todas as informac;ões sobre o fenômeno tisico,
mas precisa ser colocado em uma forma aprop1iada para a análise.
A representac;ão da amplitude instântanea como func;ão do tempo
raramente permite tirar conclusões aplicáveis à soluc;ão de um pro-
blema. Por isso foram desenvolvidas outras formas de análise, como
a análise no domínio da freqüência, onde as amplitudes são função
da freqüência, e a análise estatística, que pode ser feita tanto no
domínio do tempo quanto no domínio da freqüência. Para a maioria
dos objetivos, a análise no domínio da freqüência tem demonstrado
ser mais útil.

3.2.1 Classificação dos Sinais


Como em todos os fenômenos fisicos, dados de vibrações e acústica
podem ser classificados, para efeito de análise, em dois grupos, a
saber: dados determinísticos e dados aleatórios (ver figura 3.1).

Dados Determinísticos
Os dados determinínisticos podem ser completamente descritos
por uma relação matemática explícita. São obtidos de um experi-
mento que, se realizado mais de uma vez, repete os mesmos resul-
tados. Dados representando um fenômeno determinístico podem
ser periódicos ou não periódicos, sendo que estes últin1os podem
ainda ser classificados em quase periódicos ( composto de várias
freqüências não múltiplas) e transitórios. Os dados periódicos, por
sua ve.z, se classificam em senoidais e compostos ( compostos de
várias freqüências múltiplas).

Dados Aleatórios
Os dados aleatórios não podem ser descritos por uma única relação
matemática explícita. Para caracterizá-los é necessário não apenas
um histórico temporal, mas todos os históricos temporais possíveis
que ocorrerem como resultado do experimento ou, quando isto não
for viável, um número de históricos temporais (amostras) capaz de
fornecer a confiabilidade e estatística necessária (ver figura 3.2).
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 83

DADOS

ALEATÓRIOS

PERIÓDICOS NÃO NÃO


ESTACIONMIO
PERIÓDICOS ESTl'CIONÁRIOS

SENOIDAIS COMPOSTOS ERGÓDICOS Nt<J


ERGÓDICOS

TRANSITÓRIOS

Figura 3.1: Classificação de sinais


84 _ _ Capítulo 3 INSTRUMENTAÇÃO DE MEDIÇÃO E ANÁLISE

Os dados aleatórios podem ser classificados como estacionários,


os quais tem uma mesma característica em qualquer instante, e não
estacionários. Os dados estacionários podem ser classificados em
ergódicos (mesmas características das amostras) e não-ergódicos.

Figura 3.2: Quatro amostras de sinais aleatórios

3.2.2 Análise de Sinais

A maioria dos fenômenos fisicos estacionários são ergódicos, de


modo que suas propriedades podem ser determinadas pelas
médias temporais de amostras individuais.
Quatro tipos principais de funções estatísticas são usadas para
descrever as propriedades básicas dos dados aleatórios: valor médio
(e variância), correlação, função densidade de probabilidade e den·
sidade espectral de potência.
A seguir serão revisadas as definições e os aspectos matemáticos
de cada uma das funções acima.
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 8 5

Valores Médios e Variâncias

A intensidade de um sinal pode ser representada pela média tem-


poral das amplitudes no tempo elevadas ao quadrado (valor médio
quadrático). Matematicamente, define-se como:

-z 2 = lim -J
T-oo T
1T
O
z2(t) dt (3.1)

onde:
~ é o valor médio quadrático de z(t)

No processamento de sinais e instnunentos de medição é comum


o uso da grandeza denominada raiz média quadrática (RMS), que
para x(t) seria~. onde~ é definido na equação 3.1.
Os dados z(t) podem ser representados por uma componente
estática (invariante no tempo) e uma componente dinâmica que
varia no tempo. A componente estática é dada pelo valor médio,
definido como:

m = ;.' lim .!_J.T z(t)dt


= T-oo {3.2)
T O

A componente dinâmica é descrita pela variância, que mostra


como os dados oscilam em torno da média. A variância é o valor
médio quadrático dos dados após subtraída a média. Naturalmente,
se a média é zero, a variância é o valor médio quadrático.
Matematicamente, define.se como:

.- 2 = lim .!_ fT [z(t) - :r-] 2 dt (3.3)


T-oo T }0
A raiz quadrada positiva da variância é chamada Desvio Padrão,
cr. Pode·se demonstrar que:

(3.4)

Função Densidade de Probabilidade


As médias e os valores médios quadráticos de um conjunto
de da?os ale~tó~ios nos ~ão uma indicação do efeito da amplitude,
mas nao contem mformaçoes para uma compreensão detalhada da
natureza variável do processo. Por exemplo, a onda senoidal da
86 _ _ Capítulo 3 INSTRUMENTAÇÃO DE MEDIÇÃO E ANÁLISE

figura 3.3 passa mais tempo perto do valor de pico (m + :i:o) do que
perto do valor médio.
Como se vê, a função densidade de probabilidade mostra este
comportamento quando assume valores maiores perto do pico e me-
nores perto da média.

x(t)

Nível
m m
I Médio
\
o
Tempo

Figura 3.3: Função densidade de probabilidade para uma onda seno

Em geral, a função densidade de probabilidade, de um conjunto


de dados aleatórios, descreve a probabilidade de que as amplitudes
assumam um valor dentro de um dado intervalo de tempo. Para o
histórico temporal mostrado na figura 3.4, a probabilidade de x(t)
estar entre x e x + Ll.x pode ser obtida tomando-se a razão T, /T, onde
T, é o tempo total em que z(t) está em tal intervalo, para um tempo
de observação T. Esta razão descreverá exatamente a probabilidade
quando T tende a infinito. Para Ll.z pequeno, a fun,;ão densidade
de probabilidade pode ser definida como:

p(z) = lim Problz < x(t) < x + LI.xi = r 1 Ir T. I (3.5)


.6z-o 6.x 61~o ôz T:_mro T

p(x) é sempre uma fun,;ão positiva real.


A probabilidade de que o valor instantâneo z(t) seja menor ou
igual a um certo valor x é definida pela fun,;ão distribuição de pro-
babilidade ou função distribuição cumulativa P(x), dada por:

P(z) = Prob lx(t)::; zl = j_'~ p(u)du (3.6)


SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 87

x(I)

x t4•

Figura 3.4: Cálculo da função densidade de probabilidade p(z)

É interessante notar que muitos processos aleatórios que ocorrem


na natureza têm uma função densidade de probabilidade conhecida
como configuração de sino, chamada distribuição Gaussiana ou Nor-
mal (ver figura 3.5), onde:

p(z) = __1_0 -(z-m)'t••' (3.7)


~
onde:
m e v são a média e o desvio padrão, respectivamente.

Funções de Co,·relação
Apenas as médias e as distribuições de probabilidade não são su-
ficientes para nos informar da existência ou não de periodicidade
do sinal no domínio do tempo. Esta informação pode ser obtida
tomando-se o produto das mnplitudes nos tempos te t + r, fazendo-
se a média através do tempo de registro T. Isto nos dá a chamada
autocorrelação.
A autocorrelação Rz(T) descreve como o valor da amplitude em
um instante depende ·do valor da amplitude ocorrida em um instante
anterior para uma única variável z(t). A autocorrelação é dada por:

R,(T) = . }1T
hm -T
T-oo O
z(t)z(t + T)dt (3.8)
88 _ Capítulo 3 INSTRUMENTAÇÃO DE MEDIÇÃO E ANÁLISE

p(x),P(x) P(x)
Distribuição · de
Probo biidade

Figura 3.5: Funções de probabilidade para distribuição gaussiana

Conforme falamos, a autocorrelação revela a presença de peri-


odicidade em um sinal aleatório. Para um sinal completamente
aleatório, mesmo uma pequena düerença entre t e t + T resultaria,
em geral, numa redução no produto x(t)x(t + r), de modo que um
valor significativo será obtido apenas para T próximo de zero. Este
não é o caso quando o sinal é periódico, onde um atraso da ordem
de meio período será necessál'io antes que haja uma substancial
mudança em R,(r).
O coeficiente de correlação ou covariância normalizada Pz é dado
por:

Pr = R,(r) 2- m; (3.9)
"•
onde mz eu! são a média e a variância de z(t). Os valores limites
de P• são -1 $ p, $ +1. Se P• =
± 1, há uma perfeita correlação e
se p, = O, não há correlação. Portanto os valores limites de R,( r)
são:

(3.10)
Assim, o valor da autocorrelação nunca pode ser maior que
cr~ + m!, nem menor que -u! + m;. A figura 3.6 ilustra estas pro-
priedades.
Um resultado similar pode ser obtido se as amplitudes são toma-
das de dados diferentes, x(t) e y(t), o que nos dá a correlação cruzada.
A correlação cruzada pode nos informar sobre a dependência de um
conjunto de dados com relac;ão a outi·o.
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 89

1 1
+Ux+m_x __ ______

---C'x.. +mx
--=r-

Figura 3.6: Propriedades de R•(T) de um processo aleatório estacionário

A correlação cruzada de dois conjuntos de dados 2:( t) e li( t) é de-


finida matematicamente como:

R.,(T) = lim
T-oo
_Tl 1T 2:(t)y(t+1')dt
o
(3.11}

O coeficiente de correlação cruzada p., é dado por:


P•• = R.,(T) - m.m, (3.12)
UstT'II

Os valores limites de Pzy são -1 :S Ps, :S +1 e, conseqüentemente,


os de R.,(T) são:

- "•"• + m.m, $ R.,(T) $ "•"• + m.m, (3.13)


As propriedades acima estão ilustradas na figura 3. 7.

Funções de Densidade Especti·al


As funções de densidade espectral fornecem informações sobre
os dados no domínio das freqüências tais como as funções de cor..
90 _ Capítulo 3 INSTRUMENTAÇÃO DE MEDIÇÃO E ANÁLISE

+Ci1 Ciy_+m,.my ____ _

Figura 3.7: Propriedades de R,9 ( r) de processos :i:(t) e y(t)

relação no doJDÍDio do tempo. A densidade espectral de potência


e a correlação constituem um par de transformadas de Fourier. A
transformada de Fourier é um procedimento matemático que trans-
fere um conjunto de dados do domínio do tempo para o domínio da
freqüência sem perda de informações. A transformada inversa de
Fourier faz o contrário.

As funções Densidade Espectral de Potência-DEP, descrevem


como a energia do sinal está distribuída no domínio da freqüência.
Para os presentes propósitos, definiremos a DEP pela transformada
de Fourier, como segue:

R,(r) = j_: S,(/)e"•I• d/ (3.14)

(3.15)

Para r-+ O, R,(O) = ;, =


no sinal.
J~: S.(J) df rep.-esenta a energia total
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - - 91

Assim como a densidade espectral de potência de um único re-


gistro temporal é a transformada de Fourier da função de auto-
correlação, a Densidade Espectral Cruzada (DEC) de um par de
registros temporais é a transformada de Fourier da função de cor-
relação cruzada. Devido à função de correlação cruzada não ser
uma função par do tempo (veja figura 3.7), a densidade espectral
cruzada é, em geral, uma função complexa da freqüência.

(3.16)

Assim, S~y(/) pode ser expressa com uma parte real e outra
imaginária ;

s,,Ul c.,u> - iQ,,Ul (3.17)


onde

Cz:y(/) é chamada de função densidade espectral coincidente e,


Q,,(f) é chamada de função densidade espectral quadrática.

O coeficiente de coerência ,;Y pode ser definido como:

1s.,U)l2 < 1 (3.18)


s. (/)S, (!) -

A função de coerência pode ser usada para verificar se a res-


posta do sistema é devida a u1na certa excitação, sem influências
de outras. A função de coerência quantifica a contribuição do sinal
:r:(t) no outro, y(t), e pode ser usada para identifica~ão das fontes de
ruído e vibrações em sistemas complexos.

Com o uso de analisadores digitais FFT, as funções espectrais


são estimadas diretamente tirando a transformada rápida de Fou-
rier FFT; as funções de correlação são estin1adas através da trans--
formada inversa de Foul'ier das funções espectrais de potência.
92 _ _ _ Capítulo 3 INSTRUMENTAÇÃO DE MEDIÇÃO E ANÁLISE

3.3 Instrumentos para Medição de Ruído


Um sistema básico para medição de ruído consiste de um mi-
crofone de alta qualidade para converter a grandeza tisica pressão
acústica em sinal elétrico; este sinal de pequena amplitude deve
passar por pré-amplificadores lineares e circuitos de compensação
(A,B,C ou D) e /ou filtro de passa banda (por exemplo 1/1 ou 1/3
de oitava). Depois o sinal passa a uma outra amplificação variável
e detector RMS com várias constantes de tempo de média. O sinal
é indicado em dB, dB(A), dB pico ou dB impulso. Esse sinal ins-
tantâneo é disponível em saída analógica para gravação,
monitoramento no osciloscópio, análise digital (FFT) ou anállse
analógica externa (ver figura 3.8). Nos próximos itens será dis-
cutido cada elemento deste sistema.

Figura 3.8: Sistema básico para medição de ruído

3.3.1 Microfones
Existem vários fatores que devem ser considerados na escolha do
tipo e tamanho de um microfone, dependendo das características
do campo sonoro a ser medido. As características de um microfone
são expressas através de: sua curva de resposta em freqüência, faixa
dinâmica, diretividade, estabilidade e sensibilidade. O microfone é
o elemento mais caro em um sistema de medição. A função de
resposta em freqüência do microfone fornece informações sobre a
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 93

sensibilidade (mV /Pa) e a faixa de freqüência de utilização. Os


microfones são fabricados em diâmetros de 1 ·, 1/2", 1/4" e 1/8".
Quanto menor o diâmetro do microfone menor é a sua sensibilidade,
mais larga é a sua faixa de freqüência e menos diretivo ele vem a
ser. Por outro lado os microfones maiores são mais sensíveis, mais
direcionais e operam dentro de uma faixa de freqüências menor.
Os microfones podem ser classificados e calibrados dependendo
do tipo de campo sono1·0 a ser medido. Os ti·ês tipos de microfones
mais usados são:
(1) Microfone de Incidência Aleatória
É projetado para responder ao som de incidência aleatória, de
todas as direções, como por exemplo, no caso de campo difuso
em câmaras reverberantes. Este tipo de microfone deve ter
característica' de diretividade o mais onidirecional possível.
(2) Microfone de Campo Livre
É projetado para compensar o distúrbio causado por sua pre-
sença no campo sonoro. É usado para medições externas em
campos abertos, portanto~ mais sensível na direção axial (in-
cidencia Oº).
(3) Microfone de Pressão
É projetado para responder na direção tangencial da mem-
brana. Este tipo de microfone tem resposta plana em
freqüência incluindo o efeito de sua presença no canipo. O
microfone de pressão deve ser orientado em um ângulo de 90º
com a direção de propagação da onda.

A figura 3.9 mostra as três curvas de resposta. A escolha de


um tipo de microfone pode ser definida de aco1·do com a norma
adotada. Por exemplo, a norma internacional da Con1issão Ele-
trotécnica (IEC), especifica o uso do medidor de nível de pressão
sonora com microfone de campo liv1·e, enquanto a norma americana
( ANSI) especifica o microfone de incidência aleatória.
A resposta do microfone de campo livre pode ser modificada para
aumentar a faixa de freqüência através da fixação do ressonador
na capa do microfone usando corretor de incidência aleatória ( ver
figura 3.10) ou através de circuito eletrônico interno. Portanto, esse
microfone pode ser usado em medições inte1·nas en1 campo aleatório.
Cuidado deve ser tomado para minhnizar erros causados por
vento com velocidade achua de 21n/s, através do uso do protetor de
94 _ _ _ Capítulo 3 INSTRUMENTAÇÃO DE MEDIÇÃO E ANÁLISE

vento, fornecido pelo fabricante. O protetor de vento é uma esfera


fabricada de espuma de poliuretano com células abertas colocada
sobre o microfone. O protetor de vento também protege o microfone
de poeira, sujeira e queda. Para medição em dutos com fluxo de ar
usa-se um protetor cônico (ver figura 3.10).

~ - - - - - - - - - - - - - - F r o q ü o n c l o (H1)

Figura 3.9: Curva típica da resposta em freqüência de microfone

V árias princípios são usadas no funcionamento dos microfones;


tais como nos microfones capacitivos, eletretos, eletrodinâmicos e
piezoelétricos.

( 1) Microfone Capacitivo
Consiste de um diafragma metálico fixo, montado próximo a
uma placa rígida; o diafragma e a placa constituem os eletro-
dos do capacitor (ver figura 3.11). A pressão acústica incidente
no diafragma provoca variação de tensão.
O microfone capacitivo tem alta estabilidade ao longo do
tempo, resposta plana em freqüência, alta sensibilidade que
é pouco afetada pela variação de temperatura (valor típico de
0,008 dB/ºC) e baixo ruído elétrico. Assim, este é o tipo de
microfone empregado em medições de precisão. O amorteci·
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - - 95


Protetor de Protetor Cônico Corretor de Incidência
Vento de Fluxo Aleatório

Figura 3.10: Corretores e protetores

mento é fornecido· pela forma da placa, tensão no ·diafragma e


espaço do ar entre eles. Este tipo de microfone é muito sensível
à umidade,

(2) Microfone Eletreto


Consiste de uma folha cletreto montada próxima a uma placa
metálica (distância típica entre a folha e a placa é de 10µ m).
A salda elétrica localiza-se entre a placa e a folha ( ver figura
3.12).
O microfone eletreto é um microfone capacitivo com dielétrico
sólido substituindo o diafragma. É recomendado para
medições de ruído em ambientes com materiais explosivos,
desde que não seja usada voltagem de polarização. Apresenta
uma variação de 0,03 dB/ºC de o0 a so 0 c. Também uma mu·
dança de ± ldB na sua sensibilidade pode acontecer no período
de 15 meses. Sua faixa de freqüências é geralmente menor do
que a do microfone capacitivo.
96 - - - Capítulo 3 INSTRUMENTAÇÃO DE MEDIÇÃO E ANÁLISE

Diafragma

Placa Rígida

Isolamento

Equolizoçóo

Figura 3.11: Microfone capacitivo típico

Placa
Rígida

Folho de
Elelrelo

Figura 3.12: Microfone eletreto

(3) Microfone Eletrodinâmico


Consiste de uma bobina que vibra em campo magnético pro-
duzindo tensão proporcional a pressão acústica. Po1·tanto, seu
funcionamento e sua forma construtiva são similares aos do
alto-falante. A curva de resposta em freqüência apresenta va-
riação ao longo do tempo e sua resposta de fase é considerada
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 97

pobre, portanto não satisfaz às normas para medição de pre-


cisão.

(4) Microfone Piezoelétrico


Neste tipo, a vibração da membrana por ondas acústicas com-
prime o material piezoelétrico produzindo uma flutuação de
tensão elétrica proporcional à pressão sonora. A ainplificação
neste sistema permite o uso de cabos longos. O limite superior
de freqüência é detel'minado por sua ressonância mecânica.

3.3.2 Medidor de Nível de Pressão Sonora


Não é recomendável o uso do nome decibelímetro para medidor
de nível de pressão sonora (NPS) já que esse termo significa medir
em escala dB. A princípio qualquer grandeza física pode ser medida
em dB. Medidores de NPS podem ser do tipo simples que fornece
apenas o nível global em dB(A) ou medidores sofisticados com re-
cursos capazes de fornecer dB (linear A,B,C ou D), dB impulso,
dB pico, espectro e/ou outras escalas (ver figura 3.13). Existem
quatro classes de medidores de NPS, conforme a norma ANSI Sl-
4-1971: classe 1 de precisão, classe 2 para uso geral, classe 3 para
uso comum e classe 4 para uso especial. As tolerâncias do nível de
pressão sonora dB(A) pal'8 os tipos 1 a 3 pai·a incidência aleatória,
são mostradas na tabela 3.1, incluindo as tolerâncias de todos os
elementos do medidor. Os valores -oo na tabela significam que o
medidor não responde ou a pressão sonora é nula. A tabelH mos-
tra que, por exemplo, dois medidores de fabricantes diferentes, de
mesmo tipo (1,2 ou 3), podem fornece,:- níveis diferentes.
A aferição do medidor é feita com calibrador eletro-mecânico
(pistonfone) ou eletro-acústico (calibrado1· do tipo alto-falante). O
calibrador gera um nível estável e alto de pressão sonora ,entre 90 e
125 dB, com variação até ±0, 2 dB. Portanto, é possível realizar cali-
bração em ambiente com nível alto de ruído de fundo. A freqüência
do calibrador é em geral de tom puro, entre 200 e 1250 Hz. A figura
3.14 mostra dois calibradores diferentes.

3.3.3 Dosímetro
É usado para medição da dose de ruído (nível equivalente) du-
rante a jornada de trabalho~ especialn1ente quando o nível de ruído
98 - - - Capítulo 3 INSTRUMENTAÇÃO DE MEDIÇÃO E ANÁLISE

Freqüência (Hz] Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3


10,0 ± 4,0 - -
12,5 ± 3,5 - -
16,0 ± 3,0 - -
20,0 ± 2,5 + 5.0,-oo +6.0,-oo
25,0 ± 2,0 + 4.0,-4.5 +5.0,-6.o
31,5 ± 1,5 + 3.5,-4.0 +4.5,-5.0
40,0 ± 1,5 + 3.0,-3.5 +4.0,-4.5
50,0 ± 1,0 ± 3.0 ± 4.0
63,0 ± 1,0 ± 3.0 ± 4.0
80,0 ± 1,0 ± 3.0 ± 3.5
100 ± 1,0 ± 2.5 ± 3.5
125 ± 1,0 ± 2.5 ± 3.0
160 ± 1,0 ± 2.5 ± 3;0
200 ± 1,0 ± 2.5 ± 3.0
250 ± 1,0 ± 2.5 ± 3.0
315 ± 1,0 ± 2.0 ± 3.0
400 ± 1,0 ± 2.0 ± 3.0
500 ± 1,0 ± 2.0 ± 3.0
630 ± 1,0 ± 2.0 ± 3.0
800 ± 1,0 ± 1.5 ± 3.0
1000 ± 1,0 ± 2.0 ± 3.0
1250 ± 1,0 ± 2.0 ± 3.0
1600 ± 1,0 ± 2.5 ± 3.5
2000 ± 1,0 ± 3.0 ± 4.0
2500 ± 1,0 +4.0,-3.5 ± 4.5
3150 ± 1,0 +5.0,-4.o ± 5.0
4000 ± 1,0 +5.5,-4.5 ± 5.5
5000 + 1.5,-2 +6.0,-5.0 ± 6.5
6300 + 1.5,-2 +6.5,-5.5 ± T.O
8000 + 1.5,-3 +6.5,-6.5 ± T.5
10000 + 2.0,-4 +6.5,-oo +T.5,-oo
12500 + 3.0,-6 - -
16000 + 3.0,-oo - -
20000 + 3.0,-oo - -
Tabela 3.1: Tolerâncias em dB(A) para medidor de nível de pressão sonora
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 99

Figura 3.13: Medidores de nível de Pressão Sonora

é variável, isto é, o trabalhador executa várias funções em ambi,..


entes diferentes durante a jornada de trabalho. O dosímetro é um
aparelho portátil, leve, com microfone que pode ser colocado perto
do ouvido, no bolso da camisa, na cintura ou no capacete (ver figura
3.15).
O dosímetro registra o nível equivalente e compara este com
a norma em vigor indicando se a dose de ruído passou de 100%.
Alguns tipos sofisticados de dosímetro tem memória digital que
pode ser ligada a computador PC para p1·oceSBamento e análise de
sinal.

3.4 Instrumentos para Medição de Vibrações


Um sistema básico para medição de vibrações mecânicas (ace-
leração, velocidade e/ou deslocamento) consiste de sensor de vi·
bração, amplificador, um integrador ou diferenciador que permite
a transformação da grandeza medida em sinal elétrico correspon-
d1,nte. O sistema pode ter um filtro passa banda regulado para
100 _ _ Capítulo 3 INSTRUMENTAÇÃO DE MEDIÇÃO E ANÁLISE

fl.
Figura 3.14: Calibradores

limitar a faixa de freqüência de interesse, eliminando assim, as in-


terferências de altas e baixas freqüências. O sinal instantâneo am-
plificado pode ser captado na saída AC para oscilosc6pio, gravador
ou analisador digital FFT, podendo também ser indicado no indi-
cador RMS em valor linear ou dB. A seguir serão discutidos os
componentes principais do sistema de medição de vibrações.

3.4.1 Sensores de Vibrações


Os transdutores de vibrações mecânicas podem ser classificados
em dois tipos: sensores sem contato, que permitem medição de
níveis relativos em relação ao seu ponto de fixação localizado fora
do sistema vibrat6rio, e sensores com contato~ que são fixados no
sistema vibratório e medem níveis absolutos e fases. São transdu-
tores sem contato: capacitivo e indutivo. São transdutores com
contato: eletromagnéticos e piezoelétricos.

Transdutor Capacitivo
É um transdutor de velocidade, sem contato, que consiste de um
eletrodo fixo no transdutor e outro na superficie vibrante, prando
variação de cap11dtância. Suas vantagens são: boa senaibilidade,
sem contato, larga b~.uda de freqüência e tamanho pequeno.
SAMlR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 10 1

Figura 3.15: Medidor de dose de ruído

Transdutor Indutivo
Gera um sinal (amplitude modulada) na bobina secundária, devido
a aproximação de superficie vibrante. O campo magnético neste
transdutor é gerado por bobina primária a qual é alimentada por
um oscilador com sinal de alta freqüência.

Transdutor Eletromagnético
É um sensor de contato, que consiste de uma n1assa de imã perma-
nente apoiada por molas de baixa rigidez para ter uma freqüência
de rezsonãncia muito baixa (::,, 10 Hz). Tem resposta plana até
1000 Hz aproximadamente e faixa dinâmica de 1000:1 (ver figura
3.16). Suas desvantagens são: peso e tamanho grandes em
relação aos outros transdutores, sensibilidade à orientação e a cam-
pos magnéticos.

Transdutor Piezoelétrico
É usado universalmente para medição de aceleração absoluta de
vibrações. O acelerômetro piezolétrico tem características gerais
superiores às de qualquer outro tipo de transdutor de vibrações,
com as seguintes vantagens:
Grande faixa dinâmica 1:30 106,
102 _ _ Capítulo 3 INSTRUMENTAÇÃO DE MEDIÇÃO E ANÁLISE

MMN e=Blv

Figura 3.16: Transdutor eletromagnético

Resposta plana em larga banda de freqüências,


Linear, robusto e estável ao longo do tempo,
Compacto, pequeno e leve,
Não necessita de uma fonte de energia externa, já que o material
piezoelétrico é auto gerador,
Saída proporcional à aceleração, podendo ser integrada para forne-
cer sinal proporcional à velocidade ou ao deslocamento de vibrações.

O transdutor piezoelétrico consiste de uma pastilha de cerâmica


artificialmente polarizada que quando submetida à pressão/ tensão
mecânica ou cisalhamento gera uma carga elétrica nas faces, pro ..
porcional à força aplicada (ver figura 3.17). Portanto, o sinal de
saída é proporcional à força (transdutor de força) ou proporcional
à aceleração da base do acelerômetro. O peso dos acelerômetros
varia entre 0,4 gramas e 500 gramas. O acelerômetro escolhido não
deve ter peso maior que 10% do peso efetivo da parte vibrante. O
sinal de saída do acelerômeti·o passa pelo pré-amplificador, que con·
verte a impedância para valores bem menores. O limite inferior de
freqüência é determinado pelo amplificador de carga e o limite su·
perior de freqüência é determinado pela freqüência de ressonância
mecânica do acelerômetro (geralmente o limite superior de uso é
1/3 da freqüência de ressonância; ver figura 3.18).
Existem vários métodos para fixação do acelerômetro no ele·
mento vibrante:

1, Com parafuso rosqueado na superficie plana e lisa do ace-


SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 103

Pressão/ Tensão Cisalho mento

'1-M e[mV] 'N-tv eúnV]


q[pC] ~ - - - q[pC]
Figura 3.17: Material piezoelétrico

lerômetro e no elemento vibrante. Uma fina camada de graxa


aplicada à superticie ajuda a aumentar a firmeza da montagem
(ver figura 3.19).

2. Com cêra de abelha para aderir o acelerômetro no elemento


vibrante. A limitação desta fixação é de temperatura, que não
pode passar de 40°C (ver figura 3.19).

3. Com piso cimentado usando cola (por exemplo epoxi), para ca-
sos de acelerômetros fixos permanentes. Uma arruela de mica
pode ser usada como pino isolante para eliminar o circuito de
terra, provocado pelo acelerômetro e equipamentos de medição
(ver figura 3.20).

4. Com imã permanente para facilitar a fixac.;ão e medição em


vários pontos na superficie magnética. Este método reduz a
freqüência de ressonância do acelerômetro, por exemplo de 30
kHz para 1 kHz. Portanto não pode ser usado para medição
em freqüência superior a 2 kHz. A força de fixação do imã é
suficiente para níveis de acelaração de vibração até 2000 m/ s 2
(ver figura 3.21).

5. Com ponta de prova segurada com a mão para facilitar aces-


sos difíceis e ter inspeção rápida. Neste caso, os resultados
de várias medições não são repetíveis e a freqüência de res-
sonância cai para 2 kHz por falta de rigidez de contato; assim
a faixa de medição não pode ser maior que 1 kHz (ver figura
3.22).
104 - - Capítulo 3 INSTRUMENTAÇÃO DE MEDIÇÃO E ANÁLISE

Fixado por Cabo,


+ Preomplificodor
+Ambiente Fixado por
Acelerômetro=l/3 fr

o
• fr

i
"'
; Freqüêncio
Limite Inferior

Freqüência Hz

Figura 3.18: Curva típica da resposta em freqüência de acelerômetro e


pre-amplificador

Os acelerômetros de uso geral toleram te1nperaturas até 250°C.


Em temperaturas mais elevadas, a mudança de sensibilidade pode
ultrapassar 15%. Geralmente, o fabricante fornece a curva de va-
riação da sensibilidade com temperatura.
Cuidado deve ser tomado em manter o cabo do acelerômetro fixo
na superficie vibrante para evitar deflexão mecânica no cabo e con-
seqüentemente variação de carga. Não se deve permitir quedas do
acelerômetro ou pancadas violentas sobre ele, para evitar vibração
na sua ressonância e perda da sensibilidade. É aconselhável, por-
tanto, proceder calibrações periódicas do acelerômetro.
Tensões mecânicas na base de fixação podexn gerar saída elétrica de·
vida a transmissão de tensões ao ele111ento sensor. O acolerômetro
tipo cisalhante apresenta uma sensibilidade de base vibrante muito
baixa.

3.4.2 Medidor de Vibração


A figura 3.23 mostra o diagrama do medidor de vibração com
sensor de aceleração piezoelétrico. O uso do amplificador de carga
permite medição com· cabo longo. Um integrador permite a con-·
versão para medição de velocidade e deslocamento de vibração. O
ruído elétrico e outros podem ser diminuidos usando filtros passa-
alto e/ou passa-baixo regulados. Depois o sinal instantâneo é am-
plificado e pode ser tomado e1n várias saídas:
SJ.MIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ lOS

Pino Rosqueodo

Cera de Abelha

·"ªJl1--~~~~~~~~~~...,
29 31 Frecjjêncio (kHz)
Figura 3.19: Fixa,;ão com parafuso ou cera de abelha

Cimento Epoxy
ou Pno/Arruelo
isolante

Figura 3.20: Fixação por cimento ou pino/arruela isolante

(1) Saídas AC do sinal instantâneo para osciloscópio , gravador de


fita magnética , análise em tempo real ou com analisador de
freqüência digital(FFT).

(2) Saída retificada do sinal para medidor ou registrador. O de-


tector pode indicai· o nível RMS, pico-pico ou indicação em
escala logarítmica que abrange várias dezenas.
O uso de filtro externo de passa banda pr.rmite fazer análise
espectral analógica.
Um sistema de medição de espectro de vibrações é composto de:
sensor (transdutor), ligado a um medidor de vibrações que fornece
o valor global, filtro externo para análise espectral analógica e regis-
trador gráfico (ver figura 3.24). Hoje, com o avanço dos sistemas di-
gitais, as medições podem ser feitas com facilidade e rapides, usando
o analisador de tempo real ou analisador de freqüência digital(FFT).
106 _ _ Capítulo 3 INSTRUMENTAÇÃO DE MEDIÇÃO E ANÁLISE

Imã
Magnetice

"'7kHz Freqüência

Figura 3.21: Fixação por imã

e
i
·e
Q)
ãi
~
.g Ponta de Provo
.g>-------- Segurada 'o
~ M~
(/)L-~~~~~~_Jf--_.,_~~-'-~~~~~----
"-2kHz Freqüência
Figura 3.22: Ponta de prova segurada à mão

Neste analisador um grande número de bandas de freqüências são


filtradas, quase que instantaneamente e os espectros são mostrados
na tela e atualizados continuamente. Esses espectros podem ser re-
gistrados em impressora digital. Os analisadores de tempo real tem
saída digital para ligação com computador PC tornando o sistema
de análise automático. Os sistemas de medição de vibrações devem
ser calibrados usando um calibrador fornecido pelo fab1·icante, por
exemplo, um vibrador fornecendo aceleração de 10 m/s 2 • A volta-
gem de saída do sistema de medição é então captada e ajustada,
caso necessário.

3.5 Filtros
Os medidores de ruído ou vibração fornecem apenas níveis glo-
bais das grandezas envolvidas em faixas amplas de freqüências que
dependem de cada tipo de medidor. Para revelar cada um dos
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 107

Figura 3.23: Diagrama de bloco do medidor de vibração

componentes de freqüência do sinal expresso nestas faixas amplas,


realiza-se uma análise de freqüência ou análise espectral. Os filtros
deixam. passar só aquelas componentes do sinal de ruído ou vibração
contidas em uma certa banda de freqüência. Com respeito à lar-
gura de banda , os filtros podem ser: de banda larga, com cortes
somente de freqüências muito altas e baixas, para medição de valo-
res globais; de banda larga do tipo, por exemplo, 1/1 oitava e 1/3
oitava e de banda estreita do tipo, por exemplo, 1 % , 0,1 % e 0,1
Hz. É mostrada nas figuras, a seguir, a análise de um siuaI através:
de seu nível global (figura 3.25 ), de bandas largas (figura 3.26) e de
bandas estreitas (figura 3.27).
O filtro é um sistema (analógico ou digital) que pern1ite a pas-
sagem apenas das componentes com freqüências que estejam dentro
da sua largura de banda, atenuando consideravelmente as demais
componentes.
A figura 3.28 mostra os três tipos de filtro. Passa baixo, que per-
mite apenas passar as componentes de baixas freqüências abaixo da
freqüência de corte especificada; filtro passa alta, que permite pas-
sar apenas as componentes de altas freqüências, acllna da freqüência
de corte especificada; e fi]tro passa banda, que permite apenas pas-
sar componentes de freqüência entre a superior h e a inferior /1,
dentro de uma banda (!2 - fi), sendo normalmente ident.illcado pela
freqüência central /e• Para análise espectral o filtro usado é do tipo
108 _ _ Capítulo 3 INSTRUMENTAÇÃO DE MEDIÇÃO E ANÁLISE

Pré - Amplificodor de Medida


Ampli ou
ficador Analisaoor de Freiência
,-----"--,-----,
o ~ o L-....1---h-+1

FUtro

Figura 3.24: Sistema analógico de medição de vibr,u;ão

passa banda.
Existem duas maneiras de defüúr a largura de um filtro (ou
mesmo largura de qualquer pico de 1·uído ou modo de
ressonância de um sistema mecânico). Na primeira, a largura da
banda é definida como sendo a largura do filtro ideal ( retan•
guiar) que deixa passar a mesma potência do sinal, e é .-.hamada de
largura de ruído ou de faixa efetiva (ver figura 3.29). A segunda de-
finição é a largura correspondente a uma atenuação de 3 dB abaixo
do n{vel de transmissão; esta largura é chamada de banda de meia
potência ( ver figura 3.29).
Do ponto de vista do valor da largura de banda, são dois os ti-
pos básicos de filtros: os filtros de banda constante que permitem
análise refinada ao longo de toda a faixa de f1·eqüências de interesse
(por exemplo; largura de banda 1 Hz, 3,15 Hz, 10 Hz ou até 1000
Hz). Esses filtros tem largura de banda independente da freqüência
central do filtro, isto é, em qualquer freqüência central a largura do
filtro é a mesma. E o outro tipo, que são os filtros de banda per-
centual constante, que tem largura de banda sempre igual a uma
porcentagem fixa da f1·eqüência central. Esses filtros são padro-
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 109

Freqüência

Figura 3.25: Medição de nível global com filtro de banda larga

Filtro

1 ! :
.-T-·-rr
Níveis Filtrados
__ T_r_r_r
1 : 1 : :
~
®
f ! 1 1 1 1
1 1 : [D
Me ,dor e 1brcçôo
LJILlL.J!JL.JlL....LLI-'--'--'-_._.._F~,e.qüê ncio

Figura 3.26: Medição do espectro em bandas de 1/1 oitava

nizados em 1/1 oitava, 1/3 oitava, 1/8 oitava ou até 1/24 oitava.
Outros ainda podem ser de qualquer valor, tais como 3%,1 % .. etc.
A lai·gura destes filtros é então variável, dependendo da freqüência
central. Por exemplo, para filtros de 1 %, as larguras nas freqüências
centrais de 100 Hz e 1000 Hz são 1 Hz e 10 Hz respectivamente.
As figuras 3.30 e 3.31 mostram os dois tipos de filtros, cujas largu-
ras de banda então plotadas em escala: logarítmica e escala linear de
freqüências respectivamente. O filtro de largu1·a de faixa percentual
constante mostra uma largu1·a de faixa constante quando é plotado
numa escala logarítmica de freqüências, que é a ideal quando se
precisa abranger uma runpla faixa de freqüências. A figura 3.31
mostra os dois tipos de filh·o nu1na escala de freqüências linear; o
110 _ Capítulo 3 INSTRUMENTAÇÃO DE MEDIÇÃO E ANÁLISE

_.,-----',Filtro
-- N1vel
/ Filtrado
"!_redro Cootinuo t-_ /

,,
li
,1

Freqüência

Figura 3.27: Medição de espectro em bandas estreitas

\H(f)\f\
10 [H~p f\fc \H(iV2?\ )__
ill_ 2
1
·'
1
1 1
1
1
! •
te f fl f2 f fc f
Possa Bairn Posso Banda Passo Alto

Figura 3.28: Os três tipos de filtros

filtro de largura de faixa constante apresenta resolução contínua.


O filtro de largura de percentagem constante, mostrado numa es-
cala de freqüências linear, apresenta uma largura de faixa cada vez
maior com o aumento da freqüência, o que realmente não é prático.
A análise com largura percentual constante é gerabnente reali..
zada em escala logarítmica de freqüências e é usada para comparar
respostas dos sistemas mecânicos à vibração forçada, e permite que
uma ampla gama de freqüências possa ser plotada num quadro com-
pacto. Além disso, é o método mais usado na medição de vibrações
e ruído em bandas de"l/1, 1/3, 1/12 ou 1/24 oitava.
A análise de largura de banda constante oferece maior de-
composição em freqüências altas e, ao ser plotada numa escala
de freqüência linear, é exh·emamente valiosa para se identificar
harmônicos e outros.
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - Ill

Largura do Faixo Largura do Faixa


--, r-

Filtro
Prático

(A)Lorguro do Faixa Efetiva (B) Faixa de Freq'úência Entre as


Posições de -3d8
Figura 3.29: Largura de 3 dB e efetiva

Os filtros de banda percentual constante mais usados são os de


1/1 e 1/3 oitava. A tabela 3.2 mostra as f,·eqüências centrais /.,
limite inferior / 1 e superior /,, de cada tipo; onde:

!, r~ J.

/,=2"/i
sendo:
n = J para filtro de 1/1 oitava
n = 1/3 para filtro de 1/3 oitava, •.. etc.
Portanto a largura percentual é dada poi·:

Isto é;
/1= 70,7% para filt,-o de 1/1 oitava
/1 = 23.3% para filtro de 1/3 oitava
112 ___ Cap,tu
• lo 3 INSTRUMENTAÇÃO DE MEDIÇÃO E ANÁLISE;

Banda de 1(1 oitava Hz Banda de 1]_3 oitava Hz


/inj_erl07" /cenlro.l f,':9!!:_rior /tn/erior feentrql /,uperior
11 16 22 14,1 16,0 17,8
17,8 20,0 22,4
22,4 25,0 28,2
22 31,5 44 28,2 31,5 35,5
35,5 40,0 44,7
44,7 50,0 56,2
44 63 88 56,2 63,0 70,8
70,8 80,0 89,1
89,1 100,0 112.0
88 125 177 112,0 125,0 .141,0
141,0 160,0 178,0
178,0 200,0 224,0
177 250 355 224,0 250,0 282,0
282,0 315,0 355,0
355,0 400,0 447,0
355 500 710 447,0 500,0 562,0
562,0 630,0 708,0
708,0 800,0 891,0
710 1000 1420 891,0 1000,0 1122,0
1122,0 1250,0 1413,0
1413,0 1600,0 1778,0
1420 2000 2840 1778,0 2000,0 2239,0
2239,0 2500,0 2818,0
2840 2818,0 3150,0 3548,0
4000 5680 3548,0 4000,0 4467,0
4467,0 5000,0 5623,0
5680 5623,0 6300,0 7079,0
8000 11360 7079,0 8000,0 8913,0
8913,0 10000,0 11220,0
11360 11220,0 12500,0 14130,0
16000 22720 14130,0 16000,0 17780,0
17780,0 20000,0 22390,0
Tabela 3.2: Filtros de 1/3 e 1/1 oitava
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 11 3

Lorg1So de
Laguro de Faixo de
Faixo Coretonte
Porcentagem Constante

Obs Escalo de Freqüência Freqüência


Logarítmico

Figura 3.30: Filtros em escala logarítmica

Os filtros devem satisfazer as normas internacionais e nacionais


para cada classe dependendo da precisão da sua curva de resposta
em freqüência. A figura 3.32 mostra curvas de resposta para clas~es
II e III, conforme a norma ASA Sl.l (1971), mostrando os limites
máximo e mínimo. Na escolha de um filtro deve-se considerar a
precisão necessária para as medições que determina a classe do filtro
adequado.

3.6 Pré-Amplificadores
Os sinais de saída de sensores, tanto microfones quanto sensores
de vibrações, são geralmente muito fracos. O pré.. amplificador é
usado para amplificar os sinais fracos e tan1bém para transformar
as altas impedâncias de saída dos sensores em valores baixos. Uma
das características básicas de amplificadores é a Razão de Ruído-
RR, definida por:

(S/R),
Rll
(S/R),
onde:
(S/ R), e (S/ R), siio as razões enll'e sinal/ruído na entrada e saída,
respectivamente.
114 - Capítulo 3 INSTRUMENTAÇÃO DE MEDIÇÃO E ANÁLISE

Largura de Fai,o Largura de Faixo


Porctntuol Constante Constante

~o
~
Q)

cc Obs Escalo de Freqüêncio


linear
ll
FreqUênc'!a

Figura 3.31: Filtros em esca\a linear

O valor de RR é sempre m.aior que a unidade e depende da


freqüência, podendo ser expresso em dD coroo 10 log RR. Os pré-
amplificadores podem ser de voltagem ou de carga. A grande van-
tagem do amplificador de catga ( como por exemplo os cinpregados
com acelerômetros), é que ele uão é sensível à capacitânda do cabo
entre o transdutor e o pré-amplificador, pe1·mitindo o uso de cabo
longo. Além disso, o pré-amplificado1• de ca1·ga pode chegar a um
limite inferior de freqüência muito baixo (por exemplo até 0,1 Hz).

3.7 Registradores

Os registradores analógicos fornecem registro automático de níveis


de vibração ou ruído no domínio do tempo ou da freqüência. Para
isto o filtro pode ter varredura de passa·banda sincronizada com
o papel do registrador pa1·a obten1;ão do espectro. O sincronismo
pode ser mecânico, como po1· exemplo ah•avés de eixo flexível ro·
tativo, ou eletrônico, ah·avés de pulsos que acionam o filtro passo
a passo. O tempo de varredw-a dos filtros depende da freqüência
central e das velocidades mecânicas da pena do registrador e da
1aída do papel.
sAMIR N.'/. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - - 1 1 5
o
-10 -3c8

êõ -20
E
-30 -35dB
o
.,!:
õ.; -40
o:: -50
o
--.;; -60,
oo.
"'CP -70
o::
2f2
f2= 2116f e
Freqüência
Figura 3.32: Curva de resposta para filtro de classe II e III

3.8 Gravadores de Fita


São usados em medições de 1:uído e vibrações para coleta de dados
em campo. Uma grande quantidade de dados grava.dos em. campo
pode ser analisada poste1·ioru1ente no laboratório. A gravação pode
ser feita em fo1·ma analógica ou digital. O gravador analógico de fita
magnética pode gravar o sinal'dil"etamente em sistema AM (a:m.pli-
tude modulada) ou FM (freqüência modulada). Os gravadores AM
tem limite infcl'io1· para grava~ão de sinal de baixa freqiiência mas
não necessitam de alta velocidade da fita. Po1· outro lado, os grava-
dores FM, tem resposta até a freA,Üência zc1·0 mas pat·a gravar altas
freqüências requerem unia velocidade da fita elevada, por exemplo,
0,381 m/s (15 pol/s) pa1·a freqi..iência supe1·ior até 1 kHz e 0,762
m/s (.30 pol/s) para 10 kHz. Os gra"Vado1·es podem. ser Inulticanais
(2,4,8 ou até 16 canais), e sua faixa dinâmica (relação sinal/ruído
elétl'ico) pode chegar a 80 dD. Uma das vantagens do gravador é
a possibilidade de gravação de sinal de curta dura.;.ão, coino por
exemplo, choque mecânico ou 1·uído de i111pacto. Neste caso o pe-
queno comprimento de fita gravada é transformado em loop que
pode então ser analisado 1101·111ahnente co1no uma fita contínua.
Os gravadores digitais podmn armazenar qualquer sinal e re-
116 - - Capítulo 3 INSTRUMENTAÇÃO DE MEDIÇÃO E ANÁLISE

produ,í-lo em qualquer velocidade desejada. As fitas tem mesma


ordem de velocidade de grava~ão FM m&.B armazenam e reprodu·
zem até vários Mbites de sinal digital com velocidade de conversão
até vários kBites/s. A figura 3.33 mostra gravadores típicos deste
tipo.

1!1-
1 1-.
: I l i : Iliº 1
111·111 .,

Figura 3.33: Gravadores típlCos tipo Brüel &. Kjaer

3.9 Analisadores de Freqüência


O analisador de freqüêneia analógico é um conjunto de filtros
analógico• passa banda associado a um amplificador de medição
permitindo assim quantificar os níveis de ruido ou vibrações em
cada banda de freqüência do filtro. Geralmente são conectados a
regiatradorea analógicos para traçar o espectro medido.
Por outro lado, anafuadorea digitais tornam·se cada dia maia
baratos devido ao desenvolvimento rápido de sistemas digitai,;
como computadores e calculadoras. O analiaador digital teve uma
aceitação muito grande no mercado depois do desenvolvimento
do algor(tmo da transformada de Fourier rápida e processadores
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - - 117

(hardware) de FFT em microcomputadores, que permitem a con-


versão do sinal de domínio de tempo para freqüência em. fração
de segundos. Os analisadores FFT digitais possuem um conver-
sor analógico/digital para converter o sinal analógico em valores
numéricos. O processo de conversão consiste em definir o núm.ero
de amostras por segundo a ser convertido (freqüência de a.mostra-
gem) e quantificar os níveis de amplitude do sinal. Conforme a
teoria básica de conversão A/D, a f1·eqiiêucia de a.m.ostragem. deve
ser duas vezes maior que a freqüência máxima no sinal (geralmente
usa-se valor entre 2,56 a 10 vezes). Um filtro analógico de passa
baixo de alto caimento é usado antes do conversor A/D para li-
mitar a freqüência máxima do sinal e definir então a freqüência
de amostragem. O deslig8.Jllento deste filtro passa-baixo introduz
o erro de aliasing. As figuras 3.34 e 3.35 mostram analisadores
FFT que variam entre tipos leve e portáteis até os de laboratório
de multi-canais.
O analisador de tempo real (ATR) é um conjunto de filtros digi-
tais de banda de 1/1, 1/3,..... até 1/48 de oitava, permitindo assim
quantificar os níveis de 1·uído ou vibrações em cada banda.

3.10 Intensimetria Acústica com dois Micro-


fones
3.10.1 Introdução
Por definição, o vetor intensidade acústica ou vetor fluxo de ener-
gia fé uma quantidade que caracteriza o fluxo de energia acústica
em uma dada posição. Assim, a potência acústica W através de
uma superãcie S é, por definição:

A intensidade acústica instantânea, numa dll·eção r qualquer, é


o produto entre a pressão sonora e a velocidade da pa1·tícula nessa
direção. Desta maneira:

l. = p º·
A estimativa da intensidade acústica Ir, na direção r, é a média
temporal da intensidade instantânea. Então:
118 - - Capítulo 3 INSTRUMENTAÇÃO DE MEDIÇÃO E ANÁLISE

Figura 3.34: Analisador FFT portátil de dois canais (Edisa/HP3560A)

(3.19)
onde a barra significa média temporal.
Uma das propriedades da intensidade acústica é a distinção que
ela faz entre o campo sonoro ativo e o reativo. NO campo reativo,
a velocidade da partícula está defasada 'lf/2 em relação à pressão
acústica. Por isso, um instrwnento apropriado para medir 8 inten·
sidade acústica responde apenas à parte ativa, ignorando a parte
reativa do campo sonoro.
Um exemplo de um campo sonoro puramente ativo é visto na
propagação de ondas planas num campo livre, onde o m6dulo da
intensidade acústica é dado por:

I = P'(!)
pc
SAMill N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
119

...•••. •••
3.10.2
/Íj .--,,, ....
••• -=- •••

Figura 3.35: Analisador FFT de laboratório tipo Brüel & Kjaer 2032

Medição da Intensidade Acústica


A equação 3.19 sugere um método para medição da intensidade
acústica. A pressão acústica pode ser determinada facilmente
utilizando-se microfones, ao passo que a determinação da veloci-
dade da partícula é tarefa mtÚto dificil, sendo necessário o uso de
técnicas sofisticadas.
A intensidade também pode ser determinada por um outro
método utilizando os sinais captados por dois microfones idênticos,
o que é acessível devido a sua fácil calibração. d método é baseado
na relação entre as p1·essões acústicas captadas pelos dois microfones
próximos e a velocidade da partícula, expressa por:

8U, 8P
p- = -- (3.20)
8t 8r
A velocidade da partícula é determinada diretamente da equação
3.20, que após substituição na equação 3,19 fornece a estimativa da
120 - - Capítulo 3 INSTRUMENTAÇÃO DE MEDIÇÃO E ANÁLISE

intensidade acústica no dommio do tempo:

1, = _!P(t)jâP(t)dt (3.21)
p âr
A medição da intensidade é fei_ta CODl algumas ap1·oximações,
tomando-se os sinais de pressão de dois microfones idênticos se~
parados por uma pequena distância. Uin arranjo utilizando dois
microfones é mostrado na figura 3.36.

Figura. 3.36: Arranjo dos microfones para medí<;.ão da intensidade acústica

Na prática, a medi<;,ão da intensidade acústica é feita


determinando.se a pressão e o gradiente de pressão sonora, em um
ponto médio entre os dois microfones, sobre urna linha que une os
seus centros, paralela à dire~ão de propagação de energia acústica.
As aproximações feitas são:

P(t) = 21 [P,(t) + P,(t)J (3.22)

OP(t) P,(t) - P1(!)


a;- : : Õ.r (3.23)
Substituindo 3.22 e 3.'23 em 3.21, tem·se:

J, = -- 1-[P,(t) +
2p!:,r
P,(t)J f [P,(!) - P,(t)] dt (3.24)
Um medidor de intensidade acústica em tempo real pode ser ba-
aeado na equação 3.24, como por exemplo, o medidor de intensidade
acústica da B1·üel &: Kjaer 3360 ou 4433 (ver figura 3.37).
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 1 2 1

Um outro método é baseado ua densidade espectral cruzada dos


sinais de pressão dos dois microfones. Este método, também cer
nhecido como método indireto, é baseado na análise em freqüência
dos sinais dos dois mic1·ofones. Neste método, a medição é feita
no domínio de freqüência, aplicando-se as mesmaa aproximações do
método direto. O espectro de intensidade acústica é dado por:

I (f) = _ [GAsl;mog (3.25)


r pw/::J.r
onde GAB representa a densidade espectral cruzada dos sinais dos
microfones. Este espectro é determinado por meio de um analisador
digital de freqüência com dois canais.

.'•

Figura 3.37: Medidor de intensidade sonora portátil tipo Brücl & Kjaer

3.10.3 Análise de Erros


O medidor de intensidade acústica aqui apresentado baseia... se na
densidade espectral cruzada (método indireto). Na prática, todas
as medições feitas em um campo acústico estão sujeitas a erros tais
122 _ _ Capítulo 3 INSTRUMENTAÇÃO DE MEDIÇÃO E ANÁLISE

como: presença de ruído indesejável, tempo de integração insufici-


ente e calibração imprecisa. Na estimativa da intensidade acústica
com a técnica de dois mic1·ofones, outras fontes de erro estão pre-
sentes.
Uma fonte de erro é devida a diferença de fase entre os dois canais
empregados na instrumentação. Os procedimentos utilizados nos
laboratórios, tais como, ca.lib1·ac;ão eficiente, monitoramento de sinal
e casamento preciso entre os componentes, tornam-se impraticáveis
em medições rotineiras.
Na prática, o uso da equação 3.25 é muito sensível à diferença de
fase entre os dois canais de medição. Chung desenvolveu um circuito
que consiste em alternar os canais de medição, ou inte1·cambiar as
ligações dos mesmos. Com isso, ele determinou uma função de
transferência que corrige a difel'ença de fase entre os dois canais da
instrumentação.
O principal erro sistemático é devido às apL·oximações feitas para
a determinação da pressão e do gL·adi.eute de p1·essão ( ver equações
3.22 e 3.23). Estas aproxhnaçôes conduzem a erros na estimativa
da intensidade. Estes e1·ros foram estudados com o uso de fontes
padrão.
A análise de erro é feita detcrminaudo·se a intensidade exata
para as fontes padrão e a estimada pela equação 3.25. O nível de
erro na estimativa da intensidade actística é dado por:

L, = lO lo!J lwimado
lc::1110

Fahy, Thompson, Tree e Elliott estudaram os valores de erro em


fontes pad1·ão, tais como: ondas planas, monopolo, dipolo e quadri·
polo lateral. Para estes tipos de fontes o nível de erro é determinado
em função do espaçamento entre os microfones, 6.r, da distância
entre a fonte e o ponto de medição r, e do número de onda k = w/c.
Para um nível de erro de± 1,5 dD, foram determinadas as seguintes
faixas 6timas:

O, l '.S o S 1,3

0:,/l:,0,5
onde:
a = kór e /l = ór/r
SAMIR N. Y. GERGES - - - - - - - - - - - - - - 123

Gerges analisou o nível de erro ao longo do eixo .:cimétrico de


uma fo~1te pistão, Na análise de erro da estimativa da intensidade
acústica, produzida por esta fonte, além dos fatores estudados an·
teriormente, deve-se considerar o trunanho da fonte. Para um nível
de erro de± 1,5 dB concluiu que a/r > 2, onde a é o raio da fonte.

3.11 Referências Bibliográficas


(1) 1 e II lnternational Congress on Acoustic Intensity, Senlis,
França, i981 and 1985 •
[2] Bendat, J.S. and Piersul, A.G., Random Data; Analysis and
Measurement Procedures, John Wiley & Sons, 1986.
[3] Droch, J.J., Mechanical Vibration and Shock Measurements,
Brüel & Kjaer, 1980.
[4] Chung, J.Y., Cross~Spcctral Metbod of Measururing Acoustic
Intensity Without Errar Caused by lnstrwnent Phase Mis-
match, J, Acoust. Soe. Am. vol. 64, 1978, pp 1613-1616.
[5] Chung J.Y. and Pope, J., Practical Measurement of Acous-
tic Intensity - Two Microphone Cross-Spectral Method, Inter
Noise 78, pp. 893-900.
{6] Elliot, S.J., Errors in Acoustic lutensity Measurement. J.
Sound and Vibration, vol. 78, 1981, pp.439-445.
[7] Fahy, F.H., Measurement of Acoustic lntensity Using the
Cross-Spectral Density ofTwo Microphone Signals, J, Acoust.
Soe. Am. vol. 62, 1977, pp.1057-1059.
[8] Fahy, F .H., Sound Intensity, Elsevicr Applied Science, 1989.
(9) Gerges, S.N.Y., Inhe1·ent Errar in Acoustic Intensity Measu-
rement for Piston type Source, biter Noise 83, pp. 1055-1058.
[tOJ Hassall J.R. & Zaveri, K., Acoustic Noise Measuren1ent, Brüel
& Kjae1·, 1979.
[11] Rion • Technical Repo,·t 201, 202, 203 e 204, Riou Co. Ltd.
Tokyo-J apan.
(12] Sessler, G.M. and Wesr, J.E., Elccti·ct 'I'l·ansducers: A Review,
JASA, Vol 53, No 6, 1973, pp. 1589-1600.
(13] Thompson, J.K., T.:ee D.R. Finite Diffcrence Approxiination
Errors in Acoustic Intcnsity Measu1·ement, J. Sound and
Vibration, vol. 75, 1981, pp.229-238.
Capítulo 4

Radiação Sonora de
Estruturas Vibrantes

4.1 Introdução
Antes de 1e examinar 1nétodos de redução de ruído en1 máquinas,
seria proveitoso mencionar alguns pontos simples da teoria de vi-
brações, uma vez que a maior parte dos 1·uídos irradiados por
máquinas é gerada pela vibração de suas estruturas.
Todas as estruturas ou seus elementos têm uma série de
f1·eqüências naturais de vibrações, isto é, se elas são excitadas,
vibram e podem então emitir sons em várias freqüências. O
elemento mais simples para análise de vibrações, consiste de uma
massa m (kg) suspensa sobre uma mola de rigidez k (N/m) (ver fig.
4.1).
Se a massa é deslocada e liberada, ela oscilará em uma freqüência
denominada Freqüência Natural ou Freqüência de Ressonância /,
dada pela fórmula:

!=J... fI
211' y;;

O si$tema ideal da figw·a 4.1 continuará oscilando para sempre.


Enh·etanto, sistemas reais sempre têm alglllna forma de amorte-
cimento que reduz a amplitude de oscilação para zero, após al-
gum tempo. Um sistema elementar com um grau de liberdade,
como o mostrado, tem somente uma f1·eqüê11cia natural. Sistemas

I?~
126 Capítulo 4 RADIAÇÃO SONORA DE ESTRUTURAS VIBRANTES

Mosso 11
m11

Rigidez 11
k 11

Base

Figura 4.1: Sistema com um grau de liberdade

mais complexos, com massa e rigidez distribuidas, apresentam uma


freqiiência natural fundamental e outras de ordem superior.
O efeito da freqüência natural do elemento também se apresenta
quando uma força variável pel'iôdica é aplicada na base. Quando
a freqüência de excitação é igual à freqüência natural do elemento,
a resposta de amplitude do elemento é máxima. Se a freqüência
de excitação é aumentada a partir do ze1·0, a resposta do elemento
acompanha a curva mostrada na figu1·a 4.2
A altura do pico dessa curva é determinada pelo amortecimento
aplicado sobre a parte elástica do elemento.
Para se entender o processo de geração de ruídos em máquinas, é
necessário desenvolver um pouco mais o modelo teórico, pois quase
todas as máquinas geram vibrações em um número muito grande
de componentes de freqüêucias.

O ruído gerado por vibrações de estruturas pode ser quantificado


através do nível de pressão sonora ou 1úvcl de potência sonora. O
nível de pressão sonora N PS medido, depende dos seguintes fatores:
• Distância entre a fonte (máquinas ou equipamentos) e o medi-
dor de nível sonoro;
- Orientação ou diretividade da fonte do ruído;
- Ambiente no qual o nível de pressão. sonora é medido.

Por outro lado, o nível de potência sonora NWS é uma proprie-


dade iisica característica da fonte de ruído, independente do ambi-
ente onde está montada. Por isso, a potência sonora é um parâmetro
absoluto importante para o controle de ruído. A potência sonora
pode sei' usada para:
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ J27


3P u,05
0,1,0
0,]5Ç=L
O 25 Cc

~o
2,0
f 1' 1
0,375
o.
.,"' ~
À i----,_ [\_ t0.50
O'. 1,0 ........_
~ '~~
---- ,____"'!!! ...
o 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0
Razão de Freqüência ~n
Figura 4.2: Resposta de sistema de um grau de liberdade

- Avaliar a qualidade acústica da máquina ou equipamento;


- Auxiliar no desenvolvimento de máquinas e equipamentos si-
lenciosos;
- Calcular o nível de pressão sonora N PS a uma dada distância
da máquina, operando em um ambiente específico ( a determinação
de potência sonora é apresentada no capítulo 7).
Máquinas industriais possuem formas fisicas complicadas, com
distribuição de níveis de vibração va1·iáveis no espaço (ao longo
da superficie), no tempo e na freqüência. Como nestes casos
a avaliação da potência sonora irradiada torna-se dificil, podemos
estudar a potência irradiada de fontes simples, extrapolando os re-
sultados para modelos de fontes mais complicadas, considerando-se,
por exemplo, que uma máquina, é composta de corpos rígidos pul·
santes e/ou vibrantes.como vigas, barras, placas, cascas etc.
O espectro do ruído irradiado é dctcnninado pelo espectro da
força. lmagina·se que a máquina é excitada por um vibrador de
freqüência variável, aplicado no ponto em que a força oscilatória
gerada pela máquina normalmente atun. Se a força Jo vibrador
permanece constante e a freqüência é variada, o nível de ruído ge.
128 Capitulo 4 RADIAÇÃO SONORA DE ESTRUTURAS VIBRANTES

rado por unidade de força pode ser medido e plotado em relação à


freqüência, Este é chamado de espectro do ruido.

4.2 Relações Gerais


A potência acústica emitida é um parâmetro p1·ático de controle
de ruído. Quando o ruído é U·1·adiado po1· um corpo vibrante, esse
corpo perde energia por este mecanismo. A potência acústica ir-
radiada W é relacionada com a Resistência de Radiação Rrad, com
o Fator de Perda de Rac!iai;ã.o l'Jrad e com a Eficiência de Radiação
urad através da seguinte expressão:

W = R,. d <ii
0 2 >= wAf1J,..ad <V2 > = pcSa,.ad <V 2 > (4.1)
onde:
< i' > é a velocidade média quadrática (m/s)2
p densidade do meio (kg/m3 )
e velocidade do som ( m/ s)
S áxea de supcl'ficic da fonte vib1·ante (m2)
w freqüência em ratlianos por segundo (rad/s)
M massa modal da fonte vibrante (kg)
<> média espacial
média temporal
O parâmetro adimensional, eficiência da radiação, O'rc:id, fornece
uma indica~ão de como a fonte de ruído irradia energia sonora.
Estes valores são normalizados com a área da superfície vibrante S
e a velocidade < ii2 > normal à superfície.
A resistência de radiação ~od é a pllrte real da impedância de
radiação Zr e tem como unidade {Watt/(velocidade)2]. O fator de
perda de radiação é adhnensional.
O fator de perda total '1 pode ser considerado como sendo a soma
do fator de perda mecânica 'lmi~, associado com o amortecimento
interno do material, e o fator de perda de radiação 'lrod, correspon-
dendo à radiação sonora. Portanto:

'ltol = 'f}mic + 71rod ( 4.2)

O fator de perda mecânica '7mic é responsável pela dissipação da


energia vibratória dentro do mate1·ial;
Energia dissipada w (4.3)
'lmic = Energia vibratória wM <V2 >
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ !29

onde W é a energia dissipada internamente. Portanto, quanto


maior for a dissipação interna de energia de vibração ( 7lmec
alto), menor será a velocidade de vibrações de auperficies e con-
seqüentemente menor será o nível de ruído gerado.
O fator de perda mecânica está relacionado ao fator de qualidade
Q e à razão de amortecimento {, da seguinte forma:

Q= (4.4)
'lmu

e 'lmec
(4.5)
e;
onde:
C é o coeficiente de amortecimento
Cc é o coeficiente de amortecimento crítico
e,= 2 ../KM
A tabela 4.1 mostra valores típicos de fJmec para vários materiais.

As dissipações em juntas podem contribuir significantemente


para o fator de perda mecânica. Para pressões de contato, altas
e baixas, as energias dissipadas ~ão pequenas, portanto, existe uma
pressão ótima para dissipação máxima. No caso de junta parafu·
sada, uma pressão ótima é da ordem de 0,5xl0 6 a 5x10 6 N/m 2 e cor·
responde a um fator de perda mecânica de 4%, aproximadamente.
A introdução de materiais de alta perda mecânica em juntas,
como por exemplo, materiais viscoelásticos ou materiais granulares
(areias), pode aumentar o fator de perda mecânica até um valor de
10%.
A potência acústica irradiada po1· um corpo vibrante pode ser ob-
tida através da solução da equação da onda submetida às condições
de contorno de uma supei·fície vibrante, e pode ser calculada por
um dos métodos que segue:
A) Em um campo próximo; pela média temporal da integração
do produto da pressão sonora P, pela velocidade da supedicie do
corpo V. sobre a área vib1·ante ds:

W = 1 P,V.ds (4.6)
onde:
P, e V. são respectivamente, a parte real da expressão da pressão
sono1•a de campo próximo e a velocidade de supedlcie.
130 Capítulo 4 RADIAÇÃO SONORA DE ESTRUTURAS VIBRANTES

Material Fator de perda mecânica


alumínio 10-•
latão, bronze 10- 3
tijolo 1 a 2 10- 2
concreto
leve 1,5 10- 2
poroso 1,5 10- 2
denso 1 a 5 10- 2
cobre 2 10-•
cortiça 0,13 a 0,17
vidro 0,6 a 2 10- 3
placa de gesso 0,6 a 3 10- 2
chumbo 0,5 a 2 10- 3
magnésio 10-•
bloco de construção 5 a 7 10- 3
carvalho 0,8 a 1 10- 2
plástico 5 10- 3
acrílico 2 a 4 10- 2
madeira compensada 1 a 1,3 10- 2
areia seca 0,6 a 0,12
aço, ferro 1 a 6 10-•
estanho 2 10- 3
placa de madeira 1 a 3 10- 2
zinco 3 10-•

Tabela 4..1: Valores típicos do fator de pe!da mecânica 1Jmcc

B) Em um campo afastadoj pela média temporal da integração


da intensidade acústica I sobre uma superticie fechada contendo a
fonte ds:

W = j I ds (4.7)

C) Através da multiplicação da parte real da impedância de ra-


diação pela velocidade < ti 2 >:

w = <'U2 > R,.(1(1 (4.8)


SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 1 3 1

4.3 Radiação de Ruído de uma Esfera


Pulsante
Do ponto de vista teórico, a fonte mais simples é a esfera pul-
sante, isto é, um esfera cujo raio varia senoidalmente com o tempo
(ver figura 4.3). É 6bvio, pela simetria, que tal fonte gerará ondas
esféricas harmônicas onidirecionaia. Exemplos práticos de tal tipo
são: ruído de cavitação, explosão, ruído da queima de uma gota de
combuatlvel, ruído do gás de escape de ailenciadore• etc.

z p (r)

Figura 4.3: Esfera pulsante

A potência sonora irradiada pode ser obtida através da solução


da equação da onda acústica em coordenadas esféricas (ver
Capitulo 1). Para fonte simétrica (8 ~= = O) e harmônica
no tempo, a pressão acústica é dada por:

P(r,t) = 4.•cwi-t,) (4.9)


- r
onde:
E.(r,t) é a pressão acústica complexa a uma distância radial r
no tempo t;
132 Capitulo 4 RADIAÇÃO SONORA DE ESTRUTURAS VIBRANTES

t é uma constante complexa que depende das condições de


contorno;
é a distância da fonte ao ponto de observação ;
é o número de onda (k w/c). =
A velocidade da partícula é dada pela seguinte equação ( ver
Capítulo 1):

ll.(r,t) = :- 1 ~ = (~ + ik) Â,•(•<-h) = (1 + J___)E(r,t) (4.10)


iwp ar r iwpr ikr pc

Satisfazendo-se a condi~ão de contorno, a velocidade da su-


perficie da esfera deve ser igual à velocidade da partícula no meio,
para " = a, onde a é o raio da esfera. Então a constante .d. é dada
como segue:

ou

A = pckQ (ka + i)e"' (4.11)


41l' 1 + k2 a2
d "' ipckQ para ka << 1 (4.12)
4•
Onde:
Vo é a amplitude de velocidade na superfície da esfera
Q = 41ra 2 V0 é a velocidade de volume (m3 /seg).

Para ka << 1 ou 2,ra << >., isto é, quando a circunferência da


esfera é bem menor do que o comprimento de onda, tem-se a fonte
pontual ou monopolo.
Substituindo a equação (4.11) ou (4.12) em (4.9), a pressão
acústica irradiada por uma fonte de 1·uído pulsante é dada por:

E(r,l) = pckQ (ka + i) ,;<••-••+••> (4.13)


41fr 1 + k2a 2
ou
f_(r, t) ~ ip::~ ei(.... i-1:r) para ka << 1 (4.14)

e a intensidade acústica é dada por:


SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 133

pr2mJ pck2 Q 2
I
pc 32 ,,.,r, para ka << 1 (4.15)

onde
P;m, é a pressão sonora média quadrática no tempo.

A potência sonora irradiada pode ser calculada pela integral da


intensidade acústica sobre qualquer superficie fechada contendo a
fonte, isto é:

W o, pc4,ra 2 fV.' k a2 2 para ka << 1 (4.16)


ou

w o, pck'Q' para ka << 1 (4.17)


8,r
Então as seguintes observações podem ser feitas:
1. A pressão acústica irradiada é inversamente proporcional à
distância r (ver equação (4.14)). Assim, tem·se um caimento de 6
dB a cada duplicação da distância (20 log 2 = 6 dB).
2. A eficiência de radiação CTrad pode ser obtida substituindo a
equação da potência em ( 4.1):

(4.18)

t1rad = 1 para ka >> 1

<Trad = O para ka - O
A figura 4.4 mostra que a eficiência de radiação tTrad é alta quando
ka 2=: 1, isto é, quando o perímetro da se4são da esfera é maior ou
igual ao comprimento da onda (21fa ~ A).
3. A potência sonora irradiada é pequena para ka << 1 (pequeno
raio a e/ou em baixas freqüências), o que indica a necessidade de
um alto-falante com raio grande para geração de som em baixas
freqüências. Por exemplo, para u,. 0 ,=constante, temos a seguinte
relação entre a freqüência e o raio (ver equação 4.18):

/ 2a 2 - c 2 '1'rad = constante (4.19)


- 4,r2 (1 - u,. 4 )
134 Capítulo 4 RADIAÇÃO SONORA DE ESTRUTURAS VIBRANTES

G",ad

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

1,0 21) 3,0 4,0 ka 5,0

Figura 4.4: Eficiência de ra.di~ã.o da esfera pulsante

A figura ( 4.5} mostra que para as baixas freqüências precisa-se de


um radiador com grande raio. Então, por exemplo, um alto-falante
com raio = 18cm apresenta boa radiação sonora para freqüências
acima de 800 Hz.
4, A potência sonora W aumenta com pc. Por exemplo, a ra-
diação na água é maior do que no ar, W também aumenta com a
velocidade de volume, Q, da superfície da fonte.
5. A equação (4.10) mostra que, para kr < 1, a pressão acústica e
a velocidade da partícula estão fora de fase (para kr = 1, temos 45°
de diferença de fase), Então tem-se um campo sonoro REATIVO
dominante quando kr $. l (efeito do movimento da massa e/ou rigi-
dez sem elemento dissipativo). Por outro lado, quando kr > 1, tem-
se um campo RESISTIVO dominante e ~ componente da pressão
acústica está em fase com a velocidade da partícula. Nesta região
tem-se a energia acústica irradiada para fora. Então, para a medição
da potência sonora irradiada, o microfone deve ser colocado numa
distância r > f; (uma di~tância der> >../2 é aceitável).
6. Um exemplo interessante é o de uma fonte hemisférica pul-
sante, montada na superfície de um plano infinito rígido (bo///ed).
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 135

0,6

"rad=0,9
E
0,4
'o
.Q
o
Q:'.

0,2

104
Freqüência (Hz)
Figura 4.5: Rel~ão entre raio e freqüência para Urod = O, 9

Neste caso a radiação é confinada a somente um lado do plano (ver


figura 4.6).
Pela simetria existente, a pressão acústica gerada em um lado
é análoga àquela que é produzida em campo livre por uma fonte
esférica, sendo dada por:

E(r,t) = ipck Q, eó(w<- ••) (4.20)


2~r
onde Qh é a velocidade de volume da fonte, dada por:
Q,a = 21ra 2 Vo
Similarmente, a intensidade acústica e a potência sonora são da-
das por:

(4.21)

(4.22)
7. O ruído gerado pela cavitação em válvulas, bombas, ... etc,
é o resultado da explosão de bolhas de gases, as quais podem ser
!36 Capítulo 4 RADIAÇÃO SONORA DE ESTRUTURAS VIBRANTES

Figura 4.6: Fonte hemisférica

consideradas como fontes acústicas do tipo moaopolo. Nas baixas


freqüências as fontes monopolo são mais eficientes do que as fontes
dipolos e/ou quadripolos (ver figura 4.15).
A cavitação será um problema desde que possa atingir estágios
de desenvolvimento bastante aw.nçados capazes de danificar a parte
estrutural,

4.4 Radiação de Ruído de um Pistão


4.4.1 Relações Gerais
Em geral, a radiação de ruído produzido pela vibração ~e uma
superficie com dimensão maior do que um comprimento da onda,
não tem simetria de diretividade. A pressão acústica de tal fonte
produzida em qualquer ponto será a soma das pressões produzidas
por fontes simples (ver figura 4.7). Um elemento infinitesimal de
área ds de uma superficie vibrante produz uma pressão dP dada por
(ver equação 4.20):

dP = ipck (V ds) ,•<w• - '"'l (4.23)


- 2,rr' -
onde r' é a distância do elemento da superficie ao ponto do meio
onde dP será medido.
Uma equação para a pressão acústica irradiada pode ser obtida
via Wtegrac;ão da equação 4.23 na superficie do pistão circular rígido
vibrante com velocidade normal a sua su1>erficie V= Vocoswt. A ra-
diação será simétrica em relação ao eixo ;1:. U sanda-se coordenadas
esféricas {r,9) para medir a pressão sonora, e coordenadas polares
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 137

X
o

Figura 4.7: Coordenadas do pistão

(o-, tb) para o elemento da superficie do pistão (veja figura 4.7), um


elemento de área pode ser representado por:

ds = crdcrd,f, (4.24)
A distância r' é dada por:

r' = J(r2 + cr' - 2rcrsen8cos,f,)

r' ~ r(l - ;senOcos?p) para ; << 1 (4.25)

Também, a contribuição de cada elemento do pistão para a


pressão total em um ponto consideravelmente distante (r >> a)
será aproximadamente igual (para todos os elementos). Então, a
distância r' no denominador da equação 4.23 pode ser tomada como
r(r' ~ r). Assim, substituindo as equações 4.24 e 4.25 em 4.23, tem-
1e:
138 Capítulo 4 RADIAÇÃO SONORA DE ESTRUTURAS VIBRANTES

,iP ipck Voe'(wi-lr)i*"•enleo,VJ ds


2.-r
ou

.f(r,6,t)

P(r 9 t) _ ipckQ 2Ji(kasen9) e;(wl- ") (4 .26)


- ' 1 - 21rr kasen6
onde:
J1 é a função de Bessel e,
Q é a velocidade de volume da fonte (Q = 1ra2 Vo)
As equações 4.14, 4.20 e 4.26 são similares, com exceção da pre-
sença do termo de diretividade:

2J,(kasen6) _ 1 _ (kasen9) 2
(4.27)
kasen8 - 8
para ka sen8 < 1
Assim a pressão acústica produzida por um pistão ao l9ngo do
eixo X(O =O) é igual à pressão da fonte simples hemisférica. Os
valores do termo de diretividade em funi;ão do ângulo são mostrados
pela figura 4.8.
Os valores de pressão são nulos quando:
2J 1(kasen6) _ 0
kasen8
e os valores de correspondentes aos zeros são:
seno _ 3,83 7,02 10, 75
(4.28)
- .ka' ka' ka
Então, o primeiro ângulo é dado por:
· 3 83
81 = sen- 1 Ta
que marca o ângulo extremo do lóbulo maior.
Portanto, quando o raio do pistão é grande em relação ao compri·
mento de onda (ka >> 1), a forma da diretividade será com muitos
lóbulos e se ka ~ 3,83 só existU.·á o lóbulo maior (ver figura 4.9).
Se ka < < l o termo de diretividade é quase unitário ( onidireci·
onal).
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ J3g

-0.2

Figura 4.8: Função 2J1(x)/x

A intensidade acústica é dada por:

P' pck'V?1r'a' [2J 1(ka senO) J'


I = -2pc S1r2r2 ka senO
ou

2J1 (kasen0) ]'


I = lo [ ka senO (4.29)

A figura 4,9 mostra o gráfico polar da diretividade para um pistão


de r~o a =O,lm, isto é, a va.l'iação do log (//lo) com 8 em várias
frequências.
A potência sonora é dada por:

W = J Ids
140 Capitulo 4 RADIAÇÃO SONORA DE ESTRUTURAS VIBRANTES

W = pc(!'.ít)S[I
2
- 2J,(2ka))
2ka
(4.30}
Então a eficiência de radiação "••• é dada por:
_ 2J1(2ka)
O'rad = 1 2ka
(4.31)
Então
O para A:a - O
O'rctd -
O'rad - 1 para A:a >> 1
A figur& 4.15 mostra a variação da eficiência de radiação do pistão
com ka.

- ~
OdB -20 -40 - 50 -"&l -10
\o) !=250 Hz

_mt~t
OdB -20 - 40
\e) f
-50 -"&l -10
=2.000 Hz
OdB -20 -40 -50 -30 -10
\d) f = 4000 Hz

Figura 4.9: Dia.grama polar de diretividade para pistão de raio a=O,lm

4,4,2 Banda e Índice de Diretividade


Um método para especificar a diretividade da fonte tal como o
pi.tão idealizado, é a banda do lóbulo maior. Teoricamente a inten-
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 1 4 1

sidade é zero no primeiro ângulo polar dado por sen 8 = 3, 83/ka =


0,61.\/a. Na prática, no entanto, a intensidade nula não é encon·
trada devido à existência inevitável de ruído de fundo no ambiente
se fazendo necessário usar então um valor para especificar a banda
28. A razão usada por vários autores varia da seguinte forma: por
exemplo, para ka = 81r:
máximo f, = 0,5(-3dB) 28 = 7,4º
máximo f,;=0,25(-6dB) 20=10,lº
máximo f, = O, 1 (-JOdB) 28 = 12,9°
maxuno f, = (-17,5dB) 20 = 17,3º
Outro método para especificar a dh·etividade de fontes sonoras
é através do Fator de Diretividade D, dado por:

D=~
1,.,
ou índice de diretividade d, dado por:

lo
d= IOlogD = IOlog I,., (4.32)

onde
w (4.33)
Ire/ = 4,rr2

W = f IdS é a potência total irradiada pela fonte.

O fator de diretividade varia enh•e a unidade (para uma fonte


si.métrica tal como uma fonte shnples isolada) e vários valores mai·
ores para fontes altamente direcionais. O fator de diretividade para
uma fonte simples irradiando em um lado de um espaço se1ni-i.llfi11ito
é D=2,
Teoricamente o fator de diretividade pa1·a um pistão irradiando
som em um lado de um espaço infinito pode ser deduzido. A inten-
sidade na direção (J é dada por:

I = lo 4Jr(ka sen8)
(ka senO)'

Considerando-se um elemento de área ds = 211'r2 senlJ d(J na su-


perfície da esfera de raio r com centro no centro do pistão, a
potência acústica é dada por:
142_ Capitulo 4 RADIAÇÃO SONORA DE ESTRUTURAS VIBRANTES

w 8
1IT
2 lf
O
Jl(kasen6)
(ka sen6) 2 sen
6 d6

ou

W = 41rr2 Io [ 1 _ 2J1(2ka)] (4.34)


k'a' 2ka
E o fator de c,iretividade

D = 4,rr2 Io (4.35)
w 1_ 21~<:;·>
Se 2ka<l D=2
Se 2ka >> 1 D :::, k2 a2 = ~
A expressão teórica para o índice de diretividade pode ser obtida
fazendo
d= lOlog D= 201og(ka) para 2ka >> 1.

4.4.3 Intensidade Sonora Próxima a uma Fonte Pistão


Nas seções anteriores, considerou-se r' e r >> a, isto é, a p1·e1são
e a densidade produzidas por um pistão em distâncias bem maiores
do que o comprimento de onda. A análise nos pontos proximos ao
pistão é complexa e portanto restringir-se-á o tratamento à análise
em pontos sobre o eixo onde:

i''=r'+.-' (4.36)
Desta forma a equação (4.23) ficaria:
• L -ilr .Jr'i'+'if
d=~Voi"''e dS
P. 2,r ,/r• + .-'
Integrando-se sobre a superticie do pistão, tem-se:

J! = -pcVoeiw'(e-ilrv'ri+o'J _ e-iir) (4.37)


A parte real da equação 4.37 representa a pressão verdadeira e
pode ser usada para determinar a intensidade axial lo, sendo

lo = 2pc v: aen l~ (v'r2 + a• - r)1


2 (4.38)
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 143

No centro da superficie do pistão, onde r=O,

Assim, a pressão e intensidade são iguais a zero quando !f =


n,r,
onde n é um número inteiro. Similarmente a pressão e intensidade
são iguais ~ zero na distância r no eixo do pistão, onde:

~(v'r2 +a 2 -r) = n.- (4.39)


O maior valor de r que satisfaz a equação 4.39 é o que corres-
ponde a n=l;

~-r=À (4.40)
Se a freqüência é baixa ou a :::; ..\ a equação não terá solução
real. A intensidade em pontos no eixo x tende a zero quando
r cresce até infinito. Nas freqüências altas, onde a > > À, a equação
4.40 será:
a•
r :::::: 2..\

Finalmente, para distâncias grandes em comparação com o raio


do pistão, a equação 4.38 será:

pck 2 a4 Vo'
[=~ (4.41)

que é igual a equação 4.29.

Em geral, a intensidade axial próxhna à superficie do pistão


sofre grande variação. Aumentando.se a distância, a intensidade
apresenta uma série de picos de amplitudes constantes, alternados
por posições de intensidade zero, A última posição de intensidade
zero ocorre na vizinhança de r = ~- A uma grande distância a
intensidade atinge seu último máximo e então, quando r > 2 f, de-
cresce inversamente com o quadrado da distância. A equação 4.41
f.
é válida para distâncias r > ·2 Para distâncias menores que f
o
som irradiado pode ser entendido como se estivesse confinado em
um cilindro de raio a, enquanto que, além desse ponto, tem-se apro-
ximação esférica dive1·gente. A figura 4.10 n1ostra de que maneira
a intensidade varia com r quando a = 4.:\.
144 Capítulo 4 RADIAÇÃO SONORA DE ESTRUTURAS VIBRANTES

í
2o __
- -
---
-- /À
...jl'I---
'VVW>.
(o)

L~------~-.,. ___
1.- o2f>...=4o-----\

1.0·
~ Rf\f\. ~ tbl
2pcU5~
o ~ ~ ~ ~
Dis!&ncio A,iol

Figura 4.10: Campo sonoro próximo do pistão , a = 4À

4.4.4 Reação no Pistão Vibrante


Para a determinação da equação diferencial do movimento
dinâmico do pistão é necessário incluir, não somente as cons-
tantes dinâmicas (massa, rigidez e resistência mecânica), mu
também a força com a qual o meio reage na superficie do pistão.
Essa força de reação é necessál'ia no sentido de transferir- energia
do comando para o meio e poderá ser computada da expressão da
pressão acllstica em pontos no meio bnediatamente adjacente à su-
perficie do pistão.
Considerando uma área infinitesimal d• da superficie do pistão,
df como o incremento na pressão que o movimento de da produz
no ponto acljacente de algum outro elemento da área do pistão d,'
(ver figura 4.11), a pre18ão acústica total I! no meio acljacente a
da' pode ser obtida integrando-se a equação 4,23 na superficie do
pistão. Assim,

l!. = jj ipck
2 ...
Voe'(w•-••ld, (4.42)

A força reativa total agindo no pistão será


SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 145

Figura 4.11: Elementos ds e ds' usados para obter a força reativa na superfície
do pistão

(4.43)
ou

l . k Vo iwt
= -;./ !! !! =-;-
ds' -;>, ds (4.44)

A força reativa agindo no elemento ds' devido ao movim.ento de


ds é a mesma de ds devido ao movimento de ds'; portanto deve-
mos duplicar o resultado final para incluir cada par de elementos.
Conforme figura 4.11:

ds' qdad,J,

onde
O< ,J, < 2,r
O<"< a
e
ds = rdOdr
onde
=f<O<j
O< r < 2acos8-
Portanto,
146 Capítulo 4 RADIAÇÃO SONORA DE ESTRUTURAS VIBRANTES

A integração fornece:

(4.46)
onde
R1(z) e X,(z) são as funções impedância do pistão sendo:
z2 z4 z6
R,(z) = (2)(4) - (2)(42)(6) + (2)(42)(6 2)(8) .....
e
4 z z3 z5
X,(z) = ;(3 - (3 2 )(5) + (32)(52)(7))
R,(z) é a função de resistência
X1 (z) é a função de reatãncia
(Veja figura 4.12)

Para z << 1
R,(z) ::, ~ e
(4.47)

4.4.5 Impedância de Radia,;ão


b é a relac;ão entre a forc;a exercida pelo pistão no meio e a
velocidade do pistão, De acordo com a terceira lei de Newton da
igualdade entre a ação e reação, essa força deve ter sinal negativo.
Usando-se a equação (4.46) pode-se escre'Ver:

-f
k =V,;~,= pc,ra 2 [R,(2ka) +iX 1 (2ka)] (4.48)
A força de reação pode ser expressa em termos da Ílnpedância
de radiação

(4.49)
A equação diferencial de movimento do pistão, excitado por uma
força complexa F eiwt seL·á:
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 147

2 4 8 12 16
x-
Figura 4.12: Função de impedância do pistão

m 02€ + R., ~ + s< = F


Ot 2 "Ot ' -
,,w, - =z V, ,•wt
0
(4.50)

onde
{ é a coordenada de deslocamento
m é a massa do pistão
Rm é a resistência mecânica
s é a constante de rigidez
A soluc;ao da equac;ão (4.50) é dada por

(E - Z., Vo) ,,w,


(4.51)
!'.'., = R..n + i(wm - s/w)
Desde que o movimento inicial do pistão seja l'.:.p
equação 4.51 torna-se:

F
.!::'.,, = R..n + i(wm - s/w) + Z.,
ou

.l:'.o = E (4.52)
Z.rn + Z..r
onde Zm :i:: Rm + i(wm - s/w) ê a impedância mecânica.
148 Capítulo 4 RADIAÇÃO SONORA DE ESTRUTURAS VIBRANTES

A impedância total agindo no pistão oi a soma da iJDpedância


mecânica Z.,. e a impedância de radiação z.,.
Sendo ambas funções
da freqüência, a amplitude da velocidade Vo não será constante
quando a freqüência varia, a menos que a força motriz também
varie de forma a manter F/(Z.,,. + Z..) constante. As unidades de
Z.,,. ou Z.. são kg/ seg,
As componentes real e imaginária são defiuiJas como resistência
de radiação e reatância. Para um pistão cll·cular montado em espaço
infinito, tem-se:

rpca 2 R,(2ka) (4.53)

X, = ,rpca 2 X,(2ka) ( 4.54)


A reatância é sempre positiva e seu efeito é equivalente ao se
somar, à massa real do pistão, uma massa adicional m,. dada por:

m, = ~ = ira' p X 1 (2ka) (4.55)


w k
Em baixas freqüências, onde 2ka < < 1, tem-se:
4 2ka
X 1 (2ka)"' ; 3 (4.56)
e
8
m,. = 3pa 3 = p1ra 2 1::J.i (4.57)

Essa massa é equivalente à massa elo cilindro imaginário de


mesmo raio que o do pistão e tendo cmnprimento Ll.l = ~-
A carga da massa adicional reduz a freqüência de ressonância
para:
s
m+mr
Sem carga da massa adicional a freqüência de ressonância é

m
Em altas freqüências ka >> 1
2
X 1(2ka)
rka
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 1 4 9

(4.58)

Nota-se que em altas freqüências a carga da massa adicional


produz efeito menor do que em baixas freqüências (ver figura 4.13).

O'----'-----'---'----=""'"__,
50 100 500 lk 5k lOk
Frequ&ncio ( Hz)

Figura 4.13: Massa adicional do pistão vibrante em água (a=O,lm)

Existe uma relação direta entre a potência acústica gerada pelo


pistão e o trabalho feito contra a resistência de radiação R,.. A
potência média expressa em Watts é dada por uma equação similar
àquela do oscilador simples.

w (4.59)

Usando-se a equação 4.53

1
W = 2pc.-a 2 V;R 1(2ka) (4.60)

Quando 2ka < 1, isto é, pequenos pistões ou baixas freqüências

= -k 2-a
2 2
R,(2ka) (4.61)
Portanto,
150 Capítulo 4 RADlAÇÂO SONORA DE ESTRUTURAS VIBRANTES

(4.62)

O que mostra que

W = pck2
4.-
52\-'.2
o
ao se verificar a equação 4.22 de uma fonte simples com veloci-
dade de volume Q• = SV0 •
Quando ka >> 1, isto é, grandes pistões ou altas freqüências:

e então

21 pcSVo ' (4.63)

Assim, a potência sonora W é a mesma de um pistão (veja


capítulo 1) irradiada uma onda plana dentro de um tubo de raio a.

4.5 Radiação de Ruído da Esfera Vibrante


Em muitos casos não se pode utilizar o modelo da esfera pul-
sante (item 2.3). No caso da vibração de motores diesel, elétricos,
transformadores ou compressores herméticos, onde se tem um corpo
rígido vibrante (ver figura 4.14), utiliza-se a expressão da velocidade
da superfície normal de uma esfera vibrante dada por;

V = Vo cos6 eiwt (4.64)


Similarmente ao caso da esfera pulsante, aplicando a condição
de contorno, a intensidade e a potência sonora são dadas por (ver
capítulo 1 ):
pca2 V(f cos2 9 (ka)4
(4.65)
2r2 (ka) 4 . + 4
e

(4.66)

Portanto, a eficiência de radiação é dada por:


5AMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 1 5 1

Figura 4.14: Esfera vibrante

(ka) 4
(4.67)
(ka) 4 + 4

(ka) 4
lrrad !:::! - 4- para ka << 1, fonte dipolo
A figura 4,15 mostra a comparação das três fontes: esfera pul-
sante, pistão e esfera vibrante. Nota-se que para todos os casos a
eficiência de radiação ",ad _, 1 para ka >> 1,

4.6 Radiação de Ruído de um Pistão numa


Superficie Esférica
Um modelo idealizado da radiação do ruído de um pistão vibrante
em um corpo rígido de esfera (a boca humana, um alto-falante,
caixa acústica, etc) pode ser obtido pelo tratamento matemático
do ruído irradiado por um pistão vibrante, com velocidade Vo eu..,'
(normal à superficie) subtendido por um ângulog 2<> e com um raio
152 Capítulo 4 RADIAÇÃO SONORA DE ESTRUTURAS VIBRANTES

úrad

1,0

0,8

0,6 I
I ESFERA PULSANTE
1 / I (MONOPOLO)
o,t I!
/l
· ~

1 / ~ ESFERA VIBRANTE
0,2~ / (DIPOLO OU DOIS MONOPOLOS)

1 /

'1 /

2
Figura 4.15: Eficiência de radiação de três tipos de fontes

efetivo b = a seno. O 1·estante da esfera permanece rígido . .A. análise


matemática deste caso é complicada, e foi apresentada por Morse
em 1948. A potência sono1·a gerada é dada por:

1 2
W == 2 Va pcAO'rad (4.68)
onde CTrad é a eficiência de ra<lia<;ão, dnda na figura 4.16.
A figura 4.16 mostra que para kb 2: 3 o valor de Urad :::::: 1, inde-
pende do raio da esfera a.

4.7 Radiação de Ruído de Corpos Cilíndricos


A radiação de ruído a pa1·tir de c01·pos cilíndricos é em geral a
fonte mais comum de ruídos em fábricas. Incluem-se nesta catego-
ria suportes de estruturas~ tubulações, prensas, máquinas têxteis,
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
153

8
bk

Figura. 4.16: Radiação de um pisLão numa esfera

pilares, etc.
Nesta seção, a solução geral da equa~ão de onda em coordena-
das cilíndricas é apresentada para as cascas infinitas e finitas. As
soluções p&·a os casos especiais tais como vigas cilfndricas, cascas
pulsantes, etc, podem ser obtidas.
A potência acústica pode ser determinada calculando-se a
pressão acústica na superficie vibrante, e obtendo-se a potência
média no tempo, pela integração do produto da pressão pela ve-
locidade superficial normal sobre a supe.-ficie da esti·utura. Isso
requer que a solução da equação da onda satisfaça duas condições
de contorno:
A) Igualdade enh•e a velocidade da pa.l'tfcula do fluido em contato
com a casca e a velocidade superficial normal.
D) Somente as ondas que deixam a superficie devem ser consi-
dc1·adas pa1•a satisfazer a condição de campo livre.
A solução da equação da onda em coordenadas cilíud1·icas é dada
no capítulo 1 como:
lM Capítulo 4 RADIAÇÃO SONORA DE ESTRUTURAS VIBRANTES

(4.69)

onde:
P é a pressão acústica
r, ,. z são as coordenadas cilíndricas
Hm é a função de Hankel de ordem m, Hm =Jm + iYm
Jm é a função de Bessel
Ym é a função de Neumann
I'=kã-k'
ko ='"
O vafur de Am será obtido pela condição de contorno da igualdade
entre a velocidade de partícula e velocidade de superfície, isto é:
-1 8p
VI,=• = iwp 8r !,=• (4.70)

4.7.1 Radiação de Ruído de uma Casca Infinita


Para um cilindro infinito vibrante com número de modo axial S
(ou número de onda estrutural, k, = ,rS/1, onde I é o comprimento
do cilindro considerado) e com modo circunferencial m, a seguinte
fórmula expressa a velocidade superficial normal:

V = Vo sen(k,z) cos(m,) .-ówl -oo < t < 00 (4.71)


Aplicando as condições de contorno, a potência sonora gerada ê
dada por:

Vfwpt 1
w -2-I'!Hm(ka)!'
(4.72)

~pde
/e = 1:g - k!, é o número de onda;
Hm é a primeira derivada da função de Hankel.

Portanto, a resistência de radiação e o fator de perda de radiação


são, respectivamente:

R.-., w 4wpl
(4.73)
<ir> I 2 1Hm(Ia) I'
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 155

41,Jpl 1
(4.74)
J//Hm(ka) /2 wlpm,r(a 2 - a?)
onde
M é a massa da casca
Pm é a densidade do material da casca
Em altas freqüências, quando ka >> (m + 1/2), tem-se:
" _ 4wpf irka
,,,,.,d - k2 2 (4.75)

e a eficiência de radiação será:

Rrad
(J'rad = pc21ral = 1 (4.76)

A eficiên'cia de radiação é máxima e1n altas freqüências e isto


ocorre porque nessas freqüências a pressão acústica e a velocidade
da partfcula estão em fase e fornecerão um valor máximo para a
radiação de ruído. A figura 4.17 mostra a variação de 1Jrad com a
freqüência para düerentes modos circunferenciais m.
No caso de tubo pulsante, em baixas freqüências, tem·se: m = O
e /Ho(ka)/ = 4/(,rka), então:

wpbr 2 a 2
R,.,d (4.77)
4
e

CTrad = 81rka (4.78)

No caso de tubo oscilante, nas baixas f1·eqüências, tem·se: m =1


e H 1 (ka) "' 2/(,rk 2 a 2 ), então:

Rr•• (4.79)
e

,r(ka)3
tTrad = - 2- (4.80)
Portanto, em baixas freqiiências fontes do tipo pulsantes são mais
eficientes do que as do tipo oscilante.
,--.

~ 1
0
J\Q'\
~
d
N

10 12 \4
4
8
2
o~v ~~-~-,

Figura 4.17: Radiação sonora de casca infinita


SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 1 5 7

4,7.2 Radiação de Ruído de uma Casca Finita


Neste caso, a velocidade de superffcle é dada por (ver figura 4.18):

V= 0,0 para

(4.81)

V= Vocos(~)cos(m,p)e_;..,, para

,O',\\
~-,

~, - /
Modo Circunferencial m =3

I
.1
Figura 4.18: Casca finita em coordenadas cilíndricas

Similarmente, aplicando as condições de contorno, a eficiência


de radiação é dada por:

tTrad
16
= --
1r•at
J.''
o
2 cos2 ('•';···>
k2[1-
,
~cos•IJ]
1
IHm(ol:osen/J)l 2 •en/J
d/J (4.82)
z ••

Não existe uma solução em forma explícita para a equação 4.82.


Uma solução aproximada para o caso de l:ol > 10 e l:0 /k, <: 1, é dada
por:
158 Capitulo 4 RADIAÇÃO SONORA DE ESTRUTURAS VIBRANTES

- ~(~)'(~)2m+2(~)2m+l .-2m52m (~2m-2 .. }) (4.83)


"'"ª - .., m! k, e 22m+2 2m + 1 2m - 1 3
A solução numérica da equação 4.82 é demonstrada na figura
4,19. Portanto, a eficiência de radiação é sempre função de
m = número de modo circunferencial, S =
uúme1·0 de modo
axial, e de k0 /k, =número de onda acústica/número de onda es-
trutural (k, = .-S/t e t/a = comprimento da casca/raio externo
da casca). Para valores pequenos de ko/k, (baixas freqüências) a
eficiência de radiação cai exponencialmente ( ou linearmente na es-
cala logarítmica). Para valores grnndes de ko/k, ( ko/k, :> !), a
radiação da casca finita aproxima-se assintoticamente da radiação
da casca infinita e '7 rad = 1.

4.8 Radiação de Ruído de um Segmento de


Casca
No item 4.6 foi tratado o caso da radiação de ruído de um pistão
numa esfera e demonsti·ado que para pequenas partes vibrantes,
a radiação de ruído é independente do raio da esfera e da forma
da parte vibrante. A potência sonora ge1·ada no caso de duas di-
mensões, isto é, um segmento de casca de raio a subtendido por
um ângulo a (ver figura 4.20), que vibra com velocidade V0 e-iwc
(independente de coordenadas z), é dada por (8):

W = pc'(Voo)' [ 2.
2w3/
f ...!_]
e;; + m:1 ci.
(4.84)

onde:

1
Co= /8
Vda para ka >> m + 2 (4.85)

para ka « m+ 21 (4.86)

Para baixas freqüências, onde ka <.: 1, tem-se:


SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 1 5 9

o
50
/
/

.:s -1 o:
J
...
-1 50
/
E
j -2 00 /
s=30
!2 -2 50 m=5 --
Lia =100
-300

-3 --
-- 1p
0,1 1,0 10 100
k/k2

o
-50
'/ -50 /
...I! -r ./
/ -10 /
1.:, - 150 -15~
/
e
1- 200 -20~
Q s= 8 s =30
25r m=2 - 2"'" m=8 -
1 /a=lOO 1 /a =10
300 -30:;
~~-

0,1 10
-
100 0,1 1p 10 100
1,0
k/kz k/kz

Figura 4.19: Radiação sonora de casca finita


160 Capítulo 4 RADIAÇÃO SONORA DE ESTRUTURAS VIBRANTES

kaa
t1re1d = 16 (4.87)
Portanto a eficiência de radiação para 6 = 21ra, isto é, para o caso
do tubo pulsante, é dada por:

(4.88)
O comportamento da diretividade de radiac;ão e potência sonora
são mostrados na figura 4.21.

N
1/o

~
\L)
Figura 4.20: Segmento de casca

4.9 Radiação de Ruído de Placa Vibrante


Algumas fontes de som apresentani-se na forma de chapas finas ou
painéis vibrantes. Precisa-se entende.r a influência do carregamento
do fluido e dos parâmetros estruturais na eficiência de radiação de
SA~Ill N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - 1 6 1

Cilindrico ka=0,4 ka= 1

~ +O

o 2 3 4 5
ko
Figura 4.21: Diretividade <ie radiação de segmento de casca

tais estruturas, a fiin de que se possam fuer estimativas teóricas da


radiação sonora, e se possam aplicai• medidas de controle de ruído.
Existem dois tipos de efeitos a serem considerados: as excitações
mecânicas localizadu, que ocorrem na estrutura da chapa, e a ex-
citação distribuida, devida a presença do fluido circundante, que
é uma excitação acústica (ou hidrodinâmica). No primeiro tipo
a excitação mecânica localizada gera ondas de flexão livre que se
propagam com número de onda k,. No segundo tipo, o campo
8.uido impõe um movimento de onda na chapa com número de onda
próprio,
Antes de se considerar a radiação da chapa vibrante, ans.lisa-se
o problema geral da radiação de ondas de flexão livre em chapas
finas, infinitas e de espessura unüorme.

4.9.1 Onda de Flexão em uma Placa


Utilizar-se-á para o tratamento deste problema o modelo de ondas
de flexão unidimensionais. Ondas acústicas planas geram ondas de
flexão em paredes infinitas. A equação diferencial do movimento
162 Capítulo 4 RADIAÇÃO SONORA DE ESTRUTURAS VIBRANTES

de flexão livre unidimensional de uma placa não amortecida é dada


por (ver figura 4,22):

.,....., ~ ~'jj =Deslocamento


'-..,_....,~ •z

Figura 4.22: Onda de llexão livre

o (4.89)
onde:
{ é a coordenada de deslocarneuto
M é a massa da placa por unidade de área
D é a rigidez de flexão da placa
D =
E h3 /12(1- v2 ), para a placa homogênea
h é a espessura da placa
II é o coeficiente de Poisson
E é o módulo de Young
A equação (4.89) é válida para freqüênciaz dadaz por:

••
J < 20h
onde e, é a velocidade da onda longitudinal, dada por:
•• = ri
v-;; (4.90)

p, aendo a densidade do material da placa.


SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 1 6 3

Se for considerada uma onda simples, harmônica, para a forma


de flexão da placa:

(4.91)
onde
~ é a amplitude complexa de deslocamento de vibração
k1 é o número de onda de flexão livre
Substituindo-se 4.91 em 4.89, tem-se

(4.92)
e

D 4ir2
Ai -'J
ou

2M 14.93)
w -
D
Então:

w r: .(D ~!
c1 = kjvwyM = vwr: • Eh 3
12 p,h = yl,8Jc,h (4.94)

Portanto, ondas de flexão em placas são dispersivas, isto é,


propagam-se com uma velocidade que depende da freqüência
(velocidade de propagação do som em fluidos não depende da
freqüência).
Para qualquer placa, existe uma f1·eqüência onde a velocidade da
onda de ftexão CJ é igual a velocidade do som no Ouido circundante
c(c1 = e). Essa freqüência crítica ""e é dada por:

ou

J, = _2c,r2 {H.D = _e_•_ (4.95)


Vn 1,Bhc,
·A freqüência crítica /e é inversamente proporcional à espessura
da placa h.
164 Capítulo 4 RADIAÇÃO SONORA DE ESTRUTURAS VIBRANTES

Da figura 4.23, pode-se ver que existem faixas de freqüências


nas quais ondas de flexão se propagam com velocidades inferiores
à velocidade do som, e outras nas quais ondas se propagam com
velocidades superiores à velocidade do som.

fc Freqüência

Figura 4.23: Variação da velocidade da onda de flexão com a freqüência

4.9.2 Radiação de Ruído de Ondas de Flexão Livres em


uma Chapa Infinita
O número de onda de flexão livre é dado por (veja a equação 4.93)

(4.96)

onde M e D são a massa e a rigidez de flexão por unidade de


.área, para placa uniforme, homogênea de espessura h, densidade p,
e módulo de elasticidade E. D e M são dados respectivamente por:
SAMIR N. Y. GERGES
166

E/i3
D = 12(1 - 112) (4.97)
e

M p,h (4.98)
Então,

,., = 1,86(,."'e, )i (4.99)

/eJ é o número de onda de flexão para uma placa no vácuo.


Quando a placa está em contato com um fluido em um ou em ambos
os lados, a reação do fluido ao movimento da placa produz forças
de carregamento que modificam 1e,.
Se o parâmetro pc/"'M (onde p
é a densidade do fluido e e é a velocidade do som) é menor do que a
unidade, a influência do carregamento do fluido sobre k1 é pequena;
isto acontece para placas de aço em contato com o ar.

O fluido em contato com uma placa onde se propaga uma onda


de flexão livre, com número de onda k1, obedece a equação da onda
acústica e satisfaz as condições de contorno na superlicie da placa.
lato significa que a velocidade de partícula na direção normal à
superlicie da placa é igual à velocidade transversal da placa (v ).
A equação da onda em li e z é dada por:

ll2P lJ2P 2
8112 + {Jz• + k0 P = O (4.100)

com

ko = ~
e

A condição de contorno é dada por:

lJP . lJ( . pa,·a


lJy = -,wp lfi = -IWpV 11= O (4.101)

A solução da equação 4.100 toma a forma:

P(y,z,t) = P(11)e'Cw•-•1•l (4.102)


166 Capítulo 4 RADIAÇÃO SONORA DE ESTRUTURAS VIBRANTES

Substituindo-se 4.102 e1u 4.100, tem-se:

&' P(y) + (kõ - k12 ) P(y) o (4.103)


ây'
ou

(4.104)
Considerando-se a onda negativa, e usando-se as equações 4.101
e 4.104, tem-se:

- iwpv = -i(kõ - kj)! ( 4.105)


Então,

P,=• = pc
= !w (4.106)
J1 - (kJ/k 0) 2
onde ~ é a impedância da onda de fluido.

Tem-se três casos interessantes:

(a) Ondas de flexão subsônicas (acusticamente lenta•) k1 > ko


pc
z
~ - J1 -(};)'
- (4.107)

A impedância de onda é imaginária e positiva. Entretanto, o


carregamento de fluido é inercial (tipo massa). Não há potência
sonora irradiada.

(b) Ondas de flexão sônica (k1 = ko)

(e) Ondas de flexão supersônicas (ondas acusticamente rápidas)


k1 < ko
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 1 6 7

pc
(4.108)
../1 - (ktfk 0 ) 2
A impedância é real, portanto existe energia sonora irradiada
para_..., - pc quando ktfko - O ou"' - oo. A impedância da onda é
puramente real (resistiva) neste caso.

A potência acústica irradiada W por unidade de área da placa é


dada por:

(4.109)

Pode~se definir a eficiência de radiação cr rad por:

(4.110)
onde (V2 ) é a velocidade média da placa em tempo e espaço.

Usando-se 4.110 e 4.109, tem-se:

para (4.lll)
"••• = ../1 - (k1/ko) 2
e

CTrad o para

Foi visto, entretanto, que a condição k I = ko ( a freqüência crítica


de radiação do som) divide o nú1nero de onda em duas faixas:

k1 > ko sem potência sonora gerada,


k1 < ko com potência sonora gerada.
168 Capítulo 4 RADIAÇÃO SONORA DE ESTRUTURAS VIBRANTES

4.9.3 Radiação de Ruído de uma Placa Finita


Placas finitas vibram segundo os seus modos de vi-
bração ( ondas estacionárias). Cada modo tem uma freqüência na-
tural associada. Por simplicidade pode-se considerar inicialmente
os modos unidimensionais de placas simplesmente apoiadas com dis-
tribuição senoidal para os deslocamentos transversais. A forma de
vibração ou modo é mostrado na figura 4.24. Os contornos da placa
são rígidos como se a placa fosse circundada por um plano rígido
(baffled).

Placa Vibrante
Boffle

Figura 4.24: Radiação de ruído de uma placa finita circundada por plano
rígido

Pode ser demonsh·ado que a eficiência de radiação de placas


finitas é dependente de três parâmetros:
A) Da razão entre o contprimcnto e a largura da superficie da
placa
B) Do número do modo de vihl'a<;;ão
C) Da razão entre ko e k1 (ver equação 4.111)

Em geral, uma explanação sobre a capacidade de placas fini-


tas irradiarem abaixo da f1·eqüência crítica é dada pela figura 4.25.
Quando o comprimento da onda de flexão À/ é muito menor do
que o comprimento da onda acústica Ào, avaliado na freqüência na·
tural modal (ko < k1), o fluido é deslocado de uma região positiva
para uma região negativa como mostram as flechas (ver figura 4.25).
Portanto, o fluido só é significativamente comprimido nas extremi·
d.ades da placa (fontes acústicas). Portanto,dependendo do modo de
vibração (simétrico ou antisimétrico), ocorre mecanismo de cance·
lamento destrutivo e construtivo do campo sonoro (ver figura 4.26).
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 169

Uma placa com contornos livres (sem ba//le) tem uma baixa
eficiência de radiação porque as zonas limites não podem comprimir
o fluido (ver figura 4.27).
A figura 4.28 mostra a eficiência de radiação da placa (baf fled)
retangular de área ab(m 2 ) vibrante nos modos m, n em função de
k0/k, (calculada por Wallace C.E.), onde:
( 4.112)

Figura 4.25: Radiaçiio de Placa Finita

4.10 Conclusão
A potência sonora gerada W (Watt) por uma estrutura vibrante
é dada por:
-2
W = Spc < V > <7,ad ( 4.113)
A equação acima pode ser escrita em termos do nível de potência
sonora NWS (em dB) como:

NWS = 20/ogV + 10/ogS + 10/ogu,ad + 146,2 (4.114)


onde:
s é a área total da superficie da estrutura
p é a densida:de do meio
e é a velocidade do so1n
< V2 > é a velocidade tnédia quadrática das vibra.ções da es~
trutura em espaço e tempo
<T,-ad é a eficiência de radiação
170 Capítulo 4 RADIAÇÃO SONORA DE ESTRUTURAS VlBRANTES

------0
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- . . : l1
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}I~ ))))/)))))

1 11\
Modo Anti-simétrico

Figura 4.26: Efeito de comprimento de placa

O'ro.d:::: 1 nas altas freqüências, quando f > if; onde n é o número


do modo de vibração (nún1ero intell·o) e I. é o comprimento da es-
trutura.
Os valores de O' rod nas baixas freqüências são menores do que a
unidade, dependendo do tipo de estrutura, condições de contorno,
material, forma e freqüência. Uma redução de velocidade de vi-
bração com fator de 50% fornece uma atenuação de 6 dD no NWS,
equando que uma redução da afca com o n1esmo fator fornece ape-
nas 3 dB de atenuação.

4.11 Recomendações para Atenuação do


Ruído
As seguintes recomendações podem ser consideradas para
atenuação de ru{do gerado por vibrações de superficie:
(1) Atenuação da velocidade de vibração através da aplicação de
amortecimento (ver figura 4.29), ou 1úastamento das freqüências
excitadoras das freqüências naturais do sistema. Isto pode ser feito
modificando a distribui<,ião da massa ou da rigidez do sistema.
(2) Afastar a freqüência ci·ítica para valor maior, por exemplo,
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 171

~\ I
~

Figura 4.27: Cancelamento para placa com contornos livres

através da diminuição da espessura da chapa.


(3) Usar chapa perfurada ou tela; isto permite o cancelamento
das regiões de compressão e rarefação nos dois lados da chapa ( ver
figura 4.30). Neste caso, o mecanis1no de radiação é bem diferente.
Uma atenuação de 15 a 30 dD pode ser obtida apenas trocando a
chapa por outra perfurada ou por tela; em baixas freqüências são
alcançadas atenuações maiores.
(4) Diminuir o raio ou o pcrfinetro da seção transversal da es-
trutura.
(5) Redução das áreas das estruturas vibrantes.

4.12 Referências Bibliográficas


(1] Gerges, S.N.Y., Acoustic interaction between trnnsverse vi-
bration of slender bea1ns and a bounded surrounding ffuid,
Ph.D. Thesis University of Soutba1nptou, Institute of Sound
and Vibration Rescarcb, Inglaterra, 1974.

(2) Gerges, S.N.Y. and Fahy, F.J., Sound 1·adiation fi-om transver-
saly vibrating unbaffled beam, J. of Soun<l and Vibration, Vol.
26(4), pp. 437-439, 1973,

[3] Gerges, S.N.Y. and Fahy,F.J., Acoustic radiation by unbaf-


fled cylindrical benm in multi-modal transverse vibration, J.
of Sound and Vib1·ation, Vol,40(3), pp. 299-306, 1075,

(4) Gerges, S.N.Y. e Pinto, J. C. S., Acoustic radiation by finite


172 Capítulo 4 RADIAÇÃO SONORA DE ESTRUTURAS VIBRANTES

- TI 11
=ffl{Fl,l
::.. b/a
~~
.,
L.- i-

1
ê 1~
e
/ Íb
~

"",u I .,
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~ 1.~

'., 1-1
.5 ~~~ ~
I "'-rn.n=2,2
bla
5 '" 1
.. -l.<ll 3~ ,, "tj
_,, 2

10. 0.1 O.l , k/kp

Figura 4.28: Eficiência de radiac;ão da placa retangular de área ab (m2 ) vi-


brante nos modos m, n

shells, the 100• 11 Meeting of American Society of Acoustics,


Nov/1980, Los Angeles, EUA.
[5] Junger, M.C., Radiation loading o[ cylindrical and spherical
surfaces, J. Acoustical Soe. of Am. Vol. 24(3), pp. 288-289,
1952.
[6] Kinsler, L.E. Fundamentais o[ Acoustics, John Wiley &; Sons,
1982.
[7] Manning, J .E. Maidanik, M., Radiation properties of cylindri-
cal shells, J. o[ Acoustical Soe. of Am. Vol. 36(9), 1964.
[8] Morse, P. M., Vibration and SoW1d, McG1·aw-Hill Book Com-
pany, 1948.
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 1 1 3

"" dl

Figura 4.29: Aplicação do amortecimento para redução de velocidade

eober tura SÓiida sobre


Polia e Correia

Figura 4.30: Caso típico de redução de área vibrante


174 Capítulo 4 RADIAÇÃO SONORA DE ESTRUTURAS VIBRANTES

[9) Pinto, J.e. S., Radiação Acústica de cascas finitas, tese M.Sc.,
UFSe (sob orientação do prof. Samir N.Y. Gerges), 1980.
[10) Wallace, e.E., Radiation resistance of baffled plate, J. Acous-
tical Soe. Am. Vol. 51(3), pp. 946, 1970.
[11) Wallace, e.E., Radiation resistance of a baffled beam, J.
Acoustic Soe. Am, Vol. 51(3), pp. 936-945, 1970.
[12) Williams, W. Parke, N.G. Moran, D.A. and Sherman, e.M.,
Acoustic radiation fron1 finite cylinder, J, Acoustical Soe. of
Am. Vol. 36(12), pp, 2316-2322, 1904.
Capítulo 5

Isolamento de Ruído

5.1 Introdução
O isolamento de ruído fornecido por paredes, pisos, divisórias ou
partições, á apenas uma maneira de atenuar a ti·ansmissão da ener·
gia sonora de um ambiente para outro.A energia sonora pode ser
transmitida via aérea (som carregado pelo ar) e/ou via sólido (som
carregado por estrutura}. A figura 5.1 mostra as duas trajetórias
da propagação.
A propagação de uma onda acústica no ar se dá apenas por ondas
do tipo longitudinal, isto é, a vibração das partículas de ar ocorre na
mesma direção da propagação da onda. Em sólidos existem vários
tipos de ondas. A figura 5.2 mostra os vários tipos de ondas que
podem ocorrer em meio sólido.
No projeto e construção de partições ou paredes de isolamento
acústico, deve-se considerar os princípios fisicos básicos. Nas diver-
sas faixas de freqüência existem parâmetros variáveis que permitem
determinar o nível de ruido transmitido.
Este capítulo aborda os princípios fisicos e quantifica os
parâmetros que determinam o comportamento acústico do.s mate-
riais usados no isolamento acústico, bem como ensaios necéssários
para quantificação destes parâmetros.
As características de materiais ou dispositivos para iso-
lamento acústico ( enclausuramentos, divisórias, etc) podem
ser estabelecidas atravás da determinação das seguintes grandezas
físicas: Perda de Transmissiio(PT) e Diferença de nível (D).
Capítulo 5 ISOLAMENTO DE RUIDO
.
176-----~

",/V> Ruíd
V o Carregado
'º Estrutura
@ Ruido e
Via Ar arregado

Figura 5.1: Ruído carregad o por ar e estrutura


SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 177

Illlllllllllllllllllllll Onda Longitudinal

~
Onda de Cisalho-
UJil]]]IIIIIllJ menta
1 i--1'.--1
'- '

~
t"'--1
Onda Torcional
--~
1

\D )
L __ J
[]11IIlIIIIIJ}I
!--1'.----1
Onda de Flexão

Figura 5.2: Tipos de ondas no sólido


178 - - - - - - - - - Capítulo 5 ISOLAMENTO DE RUÍDO

Perda de Transmissão de Ruído (PT)

Tal índice relaciona loga1·ihnicamente a enel'gia sonol'a transmi-


tida com a energia sonora incidente em uma parede. E1n tern1os
matemáticos te1n-se:

PT 10/og..!._
"'
onde
Ot = coeficiente de ti·ansrnissão acústica
energia fransmitida
energia incidente

Valores altos da perda de transmissão te1n como significado físico


uma baixa ti·ans1uissão de energia acústica e vice-ve1·sa.

Diferença de Nível (D)

A redução de ruído através do uso de dispositivos como paredes


ou enclausuramentos pode ser quantificada pela Diferença de Nível
de Pressão Acústica D, que expressa a dife1·ença do NPS antes e
depois da colocação do dispositivo isolador. Maten1aticamente tem-
se:

D NPS1 - NPS,

onde:
N P S1 =nível de pressão sonora antes da colocação do dispositivo
isolador.
N P 82 = nível de pressão sono1·a após a colocação do dispositivo
isolad01·.

A diferença de nível D não depende apenas das características


intrú1sccas dos materiais, mas també1n de ouh·os fatores como: lo-
cal da medição dos níveis de pressão sonora, volume do enclausura-
mento, orifícios existentes, absorção acústica, .. etc. É portanto um
parâmetro de um dispositivo específico.
Em te1·mos técnicos é preferível o uso da grandeza perda de
trans1nissão, já que esta é baseada somente na razão das energias
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 1 1 9

acústicas incidente e transmitida, independentemente dos ambien-


tes.
O modelo mais simples para o estudo do isolamento acústico é o
de transmissão de som através de dois meios. Apesar de tal modelo
ser n111ito shnples, ele fornece os conceitos básicos usados na prática
do controle ele ruído. Portanto, será desenvolvido primeiramente o
modelo da transmissão de som através de dois meios. Ainda, um
modelo de trans111issão de som através de três meios fornece in-
forniaçõcs sobre as características necessárias do segundo meio para
atenuar a energia sonora trans1nitida. Tal modelo será tratado em
for111a mais geral, pcr111itindo a vibração da parede em for~a de
corpo l"Ígido e em for111a de onda de flexão. Pol'tanto, serão apre-
sentados vários modelos para transmissão de som através de dois
meios, três meios, dois n1eios separados com parede fina oscilante
e vibrante e1n ondas de flexão, isolamento de paredes con1postas e
duplas e as técnicas para detcr1ninação do isolamento acústico em
laboratório.

5.2 Transmissão através de Dois Meios


Quando uma onda plana progressiva, propagando-se em um meio
fluido, incide em uma supei•ficie de um segundo meio, forma·se uma
onda 1·efl.etida (no prhneiro meio) e uma onda transmitida (no se-
gundo 111eio). As razões entre as intensidades e amplitudes das
p1·essõcs das ondas refletida e trans1nitida e da onda incidente, de-
pende1n das impedâncias características dos meios e do ângulo de
incidência da onda.
A figura 5.3 1nosh·a a supcrficie MN que separa os dois meios;
o 1neio I com impedância ca1·acterística Pi c1 e o meio II com im-
pedância característica p2 c2 ; onde p é a densidade do meio e e é a
velocidade do som. Considera-se a onda acústica plana progressiva
propagando-se na direção positiva de :t co1n incidência nor1nal na
superficie MN. Esta onda incidente pode ser representada por:

(5.1)
onde A1 é u1na constante 1·eal que representa amplitude de
pressão da onda.
Quando a onda!!.; incide na superficie MN, onde z = O, produz-se
uma onda 1·efletida E., e uma onda h·ansn1itida I!..i, onde:
I S O - - - - - - - - - Capítulo 5 ISOLAMENTO DE RUÍDO

M
Meio I Meio lI

--- _,p.
.'.',

N
X =O

Figura 5.3: Reflexão e transmissão da onda plana

(5.2)
e

(5.3)
As ondas transmitida e refletida têm a mesma freqüência da onda
incidente, mas devido a diferença de velocidades do som nos meios
I e II, tem-se o número de onda do meio I igual a k 1 = w/c 1 e do
meio II, kz = w / c2.
Há duas condições de contorno:
( 1) As pressões acústicas nos dois lados da superfície de se-
paração são iguais; e
(2) As velocidades de partícula normais à interface são iguais.
Como a pressão é uma quantidade escalar , a primeira condição
de conto1·no, em x = O, fornece:

E.; + E., = E.,


Isto é:

(5.4)
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 181

As velocidades de paI·tícula das três ondas são:

(5.5)

A velocidade de partícula no meio I é U; + U., e a segunda


condição de contorno é dada então por:

Ll+!l..=IL,
ou

(5.6)

Combinando as equações 5.4 e 5.5, tem-se:

(5.7)

A equação 5. 7 mostra que a constante complexa Ili é agora uma


quantidade real B1 que tem valor positivo quando p2c2 > p 1c 1 (a
pressão acústica da onda refletida está em fase com a onda inci-
dente), e negativo quanto p2c2 < p 1 c 1 (a pressão sonora da onda
refletida está 180° fora de fase com a onda incidente).
Te1n-se ~--+ 1 (t =
= e' 8JJ O) quando p1cifp2c2--+ O; neste caso
a onda reffet\da está e111 fase e ta111bém co111 a n1esma amplitude da
onda incidente. A forn1a da onda estacionária resultante é estável,
com amplitude de p1·essão na supel'flcie igual a 2A1 (veja figura 5.4).
Tetn-se ~ --+ -1 (~ =
ei 8 ,B =
1r) quando p1ci/p2c2--+ oo; neste
caso a onda 1~efletida e;tá fora de fase e com a mesma a1nplitude da
onda incidente. A fo1·1na da onda estacionária resultante é ·estável
com pressão nula na superficie (veja figura 5.5).

A pressão total no meio I é:

E.= Aiei(wt-J:1.t") + B.ii(wt+J: 1.t")


Escrevendo !1 = B 1ei 8 , tem·se:

A 1nédia quadrática no tempo da pressão acústica total, é dada


por:
182 - - - - - - - - - Capítulo 5 ISOLAMENTO DE RUÍDO

p'i = T1 J.To P,..,


2
dt

1 0 2 2 0
P2 = 2[(A 1 + B,) 2 cos 2 (k,x + 2) + (A, - B,) sen (k,x +2 )] (5.9)

P2 tem valor máximo= !(A, +B,) 2 quando k,x+! = ±n,r, onde n


é um número inteiro, e P2 tem valor mínimo= !(A 1 - Bi) 2 quando
!
k 1 x + = ±(2n - l}t (ver figuras 5.4 e 5.5).

Pressão
Máxima

P,, e,, << P2C2


9=0

Figura 5.4: Onda estacionária, pressão máxima na superfície

O coeficiente de reflexão definido pela relação de intensidades


das ondas refletida Ir e incidente li, é dado por:

º• _ I, _ J.!l.!J _ [p,c, -p,c, 1, _ [ROE


l; A, p,c, + p 1 c 1 ROE+ 1
-11' (S.lO)

onde ROE = !~!§: = (pressão ntáxima/pressão mínima) ou


razão da onda estacionária.
Combinando as equações 5. 7 e 5.4, tem·se:
SAAIIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 183

Figura 5.5: Onda estacionária,pressão núnima na superfície

.d2 = A,
2p2C2 (5. 11)
P,C2 + p1c1
A equação 5.11 mostra que a constante complexa ,i2 é uma quan-
tidade real e sempre tem valor positivo.
A amplitude A2 tende a 2A 1 quando p2c.f p1c1 ... oo (por exemplo,
meio II é água e meio I é ar), e
A2 tende para O quando p,c,/p1c1 ... O (meio II é ar e meio I é
água) ·
O coeficiente de transmissão definido pela relação de intensidade
das ondas transmitida li e incidente li, entre os meios I e li, é
dado por:

(5.12)
Por exemplo, para uma onda em ar incidindo em uma supertlcie
de água, tem .. sc:
= (4)(1480000)(415) = O 00112
<>, (1480000+415) 2 '

Po1·ta11to a intensidade da onda plana, passando do meio água


para o meio ar (ou do ar para a água), é reduzida de .im fator de
184 - - - - - - - - - Capítulo 5 ISOLAMENTO DE RUÍDO

0,00112 (ou -29,5 dB). O fato de na transmissão de energia sonora


da água para o ar (ou vice-versa) ter u1na reduc:;ão de 29,5 dD é de-
vido a um alto gradiente de in1pedância. Tal fato pode ser usado na
prática para o controle de ruido. É possível, por exemplo, executar
processos ruidosos subn1ersos em água, tais como: corte de mate-
riais (telas) e explosões, sem que o ambiente circundante apresente
alto nlvel de ruído.

5.3 Reflexão na Superfície de um Sólido


A caracte1·ística do comportamento da superficie de um sólido
pode ser simulada através do parâmeti·o Zn, isto é, a impedância
acústica específica n01·mal (ver figura 5.6), que é definida como:

MEIO I MEIO lI

Fluído Solido

_,p.

P,

Figura 5.6: Som incidente no meio sólido

Zn = (pressão acústica)/(velocidade normal da partícula)


Como a pressão acústica nem sempre está em fase com a velo.
cidade da partícula do fluido na supedície, a hnpedância específica
acústica normal é ge1·almentc complexa, dada por:

1.n = Tn + Í:Cn (5.13)


onde
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 185

rn é a componente resistiva
Xn é a componente reativa

As condições de contorno de continuidade da pressão e da velo-


cidade da partícula em x = O, fornecem:

(5.14)

Usando as equações 5.1, 5.2 e 5.13, obtém-se:

A1 +!l. 1
(5.15)
Ai -!l., p1c1 = l:n

Isolando-se o valor de fl. 1 , chega-se a:

fl.t = Ai (rn - p1c1) + ixn (5.16)


(rn + P1C1) + 1Xn
Tomando-se o módulo da equação 5.16, tem-se:

IB I' = A' (rn - p,c,)' + X~ (5.17)


-l 1 (rn + p 1c,) 2 + X~
O coeficiente de reflexão será:

lfl.,1 2 (rn - p,c,) 2 + x~


(5.18)
Or = Af = (rn+P1C1)2+z~
Como a energia incidente é igual a energia transmitida mais a
energia refletida (lei da conservação da energia), pode~se escrever:

Or + Ot = 1 (5.19)
Po1·tanto, o coeficiente de transmissão Ot é dado por:

l - Or (5.20)
"''
186 - - - - - - - - - Capítulo 5 ISOLAMENTO DE RUÍDO

5.4 O Tubo de Impedância


O tubo de onda estaciouál'Ía (ou tubo de impedância) é usado
para medição do coeficiente de absorção e impedância acústica dos
materiais. O tubo possui numa das suas extreinidades um alto
falante. Na outra extremidade é fixado o material a ser testado
seguido por uma tampa com alto isolamento acústico. O microfone
de medição pode se deslocar axialmente ao longo do tubo, captando
o nível máximo [!{A+ B)] e o mínimo [!{A - B)] da pressão sonora
dado pela equação 5.9(ver capítulo 7, seção 3.1).
O valor de 9 (ver seção 5.2) pode ser calculado quando se mede
a posição do primeiro míni.J.no, k 1:r + ! = -~ ou (J = -,r - 2k1x,
Medindo-se o valor das p1·essões acústicas máxima e mínima, o valor
da razão da onda estacionária ROE e do coeficiente de absorção
podem ser calculados (ver equações 5.9, 5.10, e 5.12).
Sabendo·se o valo1· de I!..i, a hnpcdância específica acústica nor-
mal .!.n pode ser calculada usando-se a equação 5.15.

5.5 Perda de Transmissão de Paredes Simples


Se1·ão apresentados aqui, h·ês modelos matemáticos para a
predição da perda de trans1nissão através de três meios, parede
oscilante e parede vib1·ante.

5.5.1 Transmissão de Som Através de Três Meios


A figu1·a 5. 7 mostra a transmissão de onda plana, com incidência
normal, através de h·ês meios. A onda plana no meio I é transnútida
a um segundo meio li e, posteriormente, a um meio III. Supõe-se
que a onda incidente se propaga na direção positiva de x, que o
limite entre os meios I e li está localizado em x = O, e que o limite
entre os meios II e Ili está localizado em x l.=
A onda incidente no meio I pode ser representada por:

(5.21)
No estado estacionál'io as ondas transmitidas e 1·efl.etidas são:

(5.22)

(5.23)
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 187

Meio I Meio :n: Meio m

------Pt2
----P13

Pn - - - - - -

X= o xd

Figura 5.7: Transmissão através de três meios

(5.24)

e
f!..t3 = .:d.1ei[wt+.l:3(;-l)J (5.25)
Usando as condições de contorno em x = O tem-se:
~l + E.ri = .f!..12 + E..r2
ou

A, + Jl., = A, + .!l.2 (5.26)


Usando a propi-iedade da continuidade da velocidade da partícula
en1 x = O, pode -se escrever:

Li.,, + Ll-, = IL, + Li.,,


ou

(5.27)
188 - - - - - - - - - Capítulo 5 ISOLAMENTO DE RUÍDO

Similarmente em z = i, a condição da continuidade de pressão


leva a:

E.,2+.f,, = E.,a
ou

(5.28)
A continuidade da velocidade da partícula em z = t, fornece:

ou

(5.29)

Para se. detei·minar Aa é necessário eliminar I1._ 1, A.2 e 1J..2 entre


as equações 5.26, 5.27, 5.28 e 5.29. Combinando-se 5.26 e 5.27
elimina-se B..1, assim:
A, = (P2<2 + P1<1)i!.2 + (P2<2 - p,c,),!!2
(5.30)
2p2c2
Combinando-se 5.28 e 5.29, tem-se:

A, = (paca + P2<2) .1!_.,e;•,• (5.31)


2p3C3
e

J!
2
= (p3C3 - p2c2) .11a,-;,,t
(5.32)
2p3C3
Substituindo-se estes valores na equação 5.30, obtém-se:

~ = (Pa<a + p,ci)cosk,t + i(p~c~ + p3cap,c,)senk2l


(5.33)
,ia 2p3C3 2p3C3p2C2
O coeficiente de transmissão sonora o, do meio I através de II
até Ili será:
/13 l.e.al 2 /2p,ca
"i;;: l~11'/2p1c1
ou
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 189

(5.34)

Existe unia sél'ic de forn1as particulares que podem ser derivadas


da fo1•n1a geral, po1•ém, o caso mais prático, é quando a densidade
do meio II e sua velocidade de propagação do som são maiores do
que as dos meios I e III (sempre válido, desde que os materiais
das pa1·tiçõcs tem p2c2 111aior do que p1ci, que neste caso é igual a
p3c3 do ar). Po1•tanto,

Além disso, as espessuras das paredes, na maioria dos casos, são


menores do que o comprimento da onda sonora incidente, ou seja:

k,t «. I,
e

p,c, senk2 t «. 2cosk,t


p1c1
ou
p,c, k 2l «. 2
p1c1

Introduzindo as ap1•oximações práticas acima citadas, obtém-se:

( p,c,)2_1_ (5.35)
.- M'f'
onde
M =
p2 l é a densidade de área do n1eio II.
Em ter1nos da Perda de 'li·ansmissão PT, definida por:

PT = 10/og ..!_
"•
tem-se então:

PT= 20/og....!._ + 20/ogM/ (5.36)


P1C1

e usando p1c1 = 415 1·ayl pa1·a o a1·(condic;ões normais), resulta:


HlO - - - - - - - - - - Capítulo 5 ISOLAMENTO DE RUÍDO

PT = -42,4 + 20/ogMJ (5.37)


A equação 5.37 mostra que a ti-ansmissão de som ah·avés de h·ês
meios depende apenas da densidade de área do mate1·ial do meio II
e da freqüência da onda incidente, considerando que os meios I e
III são ar. Esta é cbatnada de Lei das Massas.
Nestas circunstâncias PT tende a apresentai um aumento de
6 dB para cada duplicação de M ou da freqüência da onda inci-
dente. Uma conclusão importante é que para isolar um ruído, é
necessário usar n1atCriais de alta densidade superficial. Adicional-
mente conclui·se que as altas f1·eqÜências são mais fáceis de serem
isoladas do que as baixas f1·eqüências. Este modelo, apesar de ser
muito simples, fornece conclusões interessantes. As hipóteses e sin1~
plificações que foram adotadas em tal modelo, são:
Ondas planas longitudinais co1n propagação unidirecional
Incidência nonnal à superfície
Parede rígida, sem vib1·ação
Não há dissipação de ene1·gia nos meios 1, II e III
E algu1nas aproximações que só são válidas para baixas
freqiiências e/ou paredes densas.
A segunda hipótese pode ser eliminada considerando um modelo
de incidência aleatória e integrando o coeficiente de ti·ansmissão ao
longo de todos os ângulos de incidência.

T1·ansmissão Sonora co1n Incidência Aleatória


Na prática, o campo sonoro em uma sala , incidente numa das
paredes, é aproximadamente· aleat61·io. Isto é, todos os ângulos
de incidência são iguahnente ( campo difuso) prováveis. Então, um
coeficiente de transmissão médio pode ser estimado considerando
todos os ângulos de incidência de O até 90°, integrando a( lp) com
um elemento infinitesimal de area dA = r 2 cos4, sen(j, dlp dlp ( ver figura
5.8); isto é:

J;' 2 J;' r2 a(,f,)cos,f,sen,f,d,J,d,f, (5.38)


Ornedia = forr/2 J:,r ,.2costJ, sen(j, dlp d(/,
onde a( tJ,) é dada pela equação 5.65 na fm·ma de PT. Pela lei das
massas, aplicando-se a equação 5.65 na 5.38, tem-se:

PT., = !Olog(-1- )
O'medio.
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ 19)

PT., °' PT - 10 /og (O, 23 PT) dB (-5.39)


onde
PT é a perda de transmissão à incidência normal
PT01 é a perda de transmissão à incidência aleatória (Oº até 90°).
A equação 5.39 pode ser usada desde que "'!;- > !. PT., au-
menta aproximadamente de 5 dB/oitava e é menor do que a PT.
Na prática é 1nais correto se usar a perda de ti·ansmissão de campo,
isto corresponde ·a incidências com ângulos até 78°, e é dada por:

PT,amp = PT - 5 (5.40)
Medições ein laboratório e em campo mostram que PTcamp é um
valor n1ais real do que PT0 1.

Portanto, a perda de transmissão (equações 5.37 e 5.40) é dada


por:

PT,amp = 20/ogMf - 47, 4 (5.41)


A figura 5.9 mostra a variação de PT, PTar, PTcamp com Mf, dados
pelas equações 5.37, 5.39 e 5.41.

Figura 5.8: Projeção da área esférica no plano


l92 - - - - - - - - - Capítulo 5 ISOLAMENTO DE RUÍDO

80

70
60
ai"
:s 5
,8.,
., 40
·e:.,
e
o
30

.
,!::

"O
20

o
.
'e
o..
106
Freqüência x Densidade de Área (Kg/m 2 )(Hz)

Figura 5.9: Comparação entre PT 1 PT0 1 e PTcamp


sAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 1 9 3

5,5.2 Transrnissão através de Parede Oscilante

K
Pc Pc
_,

-----•.f't
----- i'r

e /

X=o

Figura 5.10: Transmissão através de parede oscilante

A pa1·cde pode ser representada por amortecedores e molas, C e /(,


dish-ibuidos por unidade de área e tendo uma massa por unidarle de
área M (ver figura 5.10 ). Para este sistema a equação do movimento
é dada por:

82 € ô€
M ôt' + C 81 + K{ = (E.; +E., - E.,),=o (5.42)

Satisfazendo-se as condições de contorno com a igualdade das


velocidades de vibração da supel'ficie e de partícula, sendo a velo-
cidade da onda incidente l'.:.i, da refletida .l:'.:.r e da transmitida l::.i,
tem-se:

ô€ J!.; - E_, 1<=0


l'.'.; +l'.'., 7ltl•=O (5.43)
pc

fJ€
l'.'., 7ltl<=O ~1<=0
pc
(5.44)
l94 - - - - - - - - - - Capítulo 5 ISOLAMENTO DE RUÍDO

As equações 5.42, 5.43 e 5.44 fornecem:

&'€ &€
M &t' + (C + 2pc) 8t + K{ = 2(.E,),=o (5.45)

A equação 5.45 representa u1n sistema com 1nassa por unidade


ce área M, am01·tecimeuto (C + 2pc) e rigidez]( (um grau de liber-
lla<le), sendo excitado po1· un1a p1·essão que é o dobl'O da pressão
sonora do ca1npo incidente. Estão envolvidas no sistema quatro
ondas acústicas:
(i) A onda sonora incidente Pi.
(ii) A onda sonora refletitla pela supe1·fície quando esta é bloque-
ada; neste caso Pb1 = Pi, então a pressão bloqueada total é
igual a 2Pi (ge1·ahuente válida).
(íii) A onda transn1iti<la para a direita Pi = pc%f.
( iv) A onda irradiada devido ao 1novhneuto da parede Prr = - pc ~

2pc%t é um tenuo de amortecimento acústico, responsável pela


.:..1e1·gia de radia~ão da pm·ec.le. A impedância de radiação ~r = 2pc é
e pressão i1Tadia<la dividida péla velocidade normal (é sempre real).
A impedância mecânica da parede é a fo1·ça por unidade de ái.-ea
·~querida para produzir uma velocidade unitária normal (no vácuo):

Af::; + C~ + f<{ = For<:;a aplicada/unidade de área

Considerando solução ha1·1nônica, teinwse:

(iAíw +C - iH/w)~ = Força aplicada/unidade de área.


Então:

.'.n,., = C + i(Mw - K/w) (5.46)


Portanto, a adição de fmec e ;_, produz uma Ílnpedância mecânica
u_odificada por carregamento do campo sonoro (acoplamento entre
ef.trutura vibrante e campo acústico). Assim., a equação 5.44 pode
ser escdta na seguinte fonna:

2(E_)x=O (5.47)
sAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 1 9 5

A ;,ressão transmitida nn superfície é dada pelas equações 5.44


e .,,47:
2pcE., __;_trE.i
E,
(C + 2pc) + i(wM - K/w) .fme.: + 1.,,
En,ão,
A, ~ (5.74a)
A, ~mec + .f.,.
e o coeficiente de transmissão é dado por:

A 4p2 c2
(5.L8)
0 ' = I~: I' = (C + 2pc) 2 + (wM - I</w)2
H.:í três casos especiais a sel'em analisados:
(a) Nas bai.xas freqüências onde w «. JK/M e (C + 2pc) «. K/w, a
equação 5.48 iica:

_ (2pcw) 2 (5.49)
º' - J{

o 1 é controlado pela rigidez e a perda de transmissão é dada


por:

PT= 10/og(l/o,) = 20/og(J<Jf)-74,2 dB (5.5C)


(b) Nas altas freqüências onde w :)> ,/K7M e (C + 2pc) «. Mw, a
equa.ção 5.48 fica:

o, = (2pc/Mw) 2 (.3.51)
oe é controlado pela JI.lassa e a perda de transmissão é dada
por:

PT = - 42, 4 + 20/og(J M) dB (5.52)


Esta é a lei das n1assas na incidência normal do som (veja
equação 5.37)
A equação de PT da lei das massas indica um a.umcnto de 6 c:1.B
co1n a duplicação da freqüência ou da densidade de supedicie
M.
196 - - - - - - - - - Capitulo 5 ISOLAMENTO DE RUÍDO

(e) Na freqüência de ressonância onde"'="'º = JI</M


1
(5.53)
"' = (1 + C/2pc) 2
o 1 é indepeude11te de w0, 1nas depende de C.
a, - (~) 2 para C » 2pc (controlada pelo amortecimento)
o, -+ 1 para C <: 2pc transmissão completa de energia sonora.

Se o amol'tecimento mecânico C = O, na ressonância, a pressão


transmitida é igual a pressão incidente e a pressão refletida bloque-
ada é igual a pressão irradiada. Então, não há reflexão líquida e a
onda passa através da parede como se esta não existisse. Po1·tanto,
no projeto de enclausura111entos ou divisórias acústicas, não se deve
ter freqüências de ressonâncias perto das freqüências do ruído inci-
dente. A figura 5.11 inostra a perda de ti·ansmissão nas três bandas
de freqüências (a,b e e).
Este modelo mostra que o isolamento de uma parede é muito
pobre quando a freqüência do ruído se aproxima da freqüência de
ressonância da parede. Para uma parede plana de material ho-
mogêneo retangular fixada nos seus quatro lados (janelas, portas,
paredes, etc), as freqüências de ressonância são dadas por:

fn,m = 0,45h P~ [(~) 2 + (~)'] (5.54)

onde:
h é a espessura da parede
Pm é a densidade do 111aterial da parede
E é o módulo de Young do material
a e b são o comprimento e a largura da parede
n em são números inteiros (0,1,2,3, ... ) relativos aos modos na-
turais de vibração mecânica da parede

Freqüências de ressonância de outros siste1nas podem ser cal-


culadas a parth· da teoria de vibrações mecânicas ou através de
programas de elementos finitos. Também podem ser medidos em
campo através de excitação controlada do sistema.

5.5.3 Transmissão Através de Parede Vibrante


Antes de analisai· a ti·ansmissão do som ah·avés de paredes vibran-
tes, devemos estudar o comportamento de ondas de flexão livres em
sAMlR N. Y. GERGEs _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
197

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1
IRessonon-
! A
Freqüência (Hz)
cio

Figura 5.11: Curva típica de PT para parede simples


198 - - - - - - - - - Capítulo 5 ISOLAMENTO DE RUÍDO

estruturas de tal tipo. Quando a velocidade de passagem das ondas


do som no ar se aproxima da velocidade da onda de flexão livre
na parede, percebe-se facilmente que o campo sonoro faz vibrar a
parede e o isolamento acústico se torna pobre. Mas quando essas
velocidades são muito diferentes, o isolamento acústico melliora. A
velocidade de propagação da onda de flexão livre foi apresentada
no Capítulo de Radiaçiio Sonora; essa velocidade eJ é dada por:

CJ = .j!,8/cJh

O caso mais geral é o da p&·ede vibrante em forma de onda com


campo acústico de incidência oblíqua (ver figura 5.12). Neste caso,
a parede é fina e unifot"Dle, e a incidência da onda sonora se dá com
um ângulo Oi arbitrái·io.

z
I / I
I ~ /
TI I ..; /
/\./ / / /
I / / /
-r-frl--
1 01/ / X
/ /
I
I / /
/ I Pr I

Figura 5.12: Transmissão da parede vibrante

A pressão acústica incidente é dada por:

(5.55)
Os ângulos de incidência Oi, de reftexão Br e de transmissão O,
são iguais ; 9; = Br = 8i ::: tp no caso do Ouido ser o mesmo nos dois
lados da placa.
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 1 9 9

A onda bloqueada 1•efletida ~' é naturalmente uma imagem re-


fletida, e as ondas reirradiada E.,, e transmitida E., são dadas por:

(5.56)

(5.57)

e, = '12e;(wl- ...... -., .....) (5.58)


A impedância mecânica Zmec deste tipo particular de carrega-
mento é obtida, considerando a equação do movimento da placa:

(5.59)

onde:
D é a rigidez à flexão e igual a Eh 3 /I2(1- v 2 ), para uma placa
hoinogênea
E é o módulo de Young
h é a espessura da placa
II é o coeficiente de Poisson

Os deslocamentos da vib1·ação da placa podem ser escritos na


seguinte forma:

(5.60)
onde:
fo é a amplitude complexa do deslocamento
kj é o número de onda de flexão livre

Substituindo a equação 5.59 na equação 5.58, e introduzindo um


termo de amortecimento mecânico com a substituição de D por
D(I + iry), tem-se:

/?. = [D(! + iry)kJ sen 4 ,p - w1 2 M] { (5.61)


A iinpedância mecânica Zmec é portanto dada pela razão entre a
pressão e a velocidade:

(5.62)
200 - - - - - - - - - Capítulo 5 ISOLAMENTO DE RUÍDO

A impedância de radiação Zr é obtida a pa1·tir das condições de


contorno ( ver item anterior):

;.. = 2pcsec,J,
Portanto, a forma explicita da razão T
é dada por ( ver equação
5.74a): -•

2pcsec,J,
(5.63)
(2pcsec,J, + f;~kJsen,J, 4 ) + i(wM - i;kJsen 4 ,J,)

A perda de transmissão PT é:

Portanto, a razão !Ai/.d.21 deve ser a n1aior possível para que


se tenha um bo1n isolamento acústico. Quando os termos wM e
DkJ sen4 <l)/w são iguais , pode haver unia queda no valor de PT
(condição de coincidência}. Ti·ês situações importantes podem
então ser analisadas:

(a) Transmissão Controlada com Massa /,.u. < f << /coin

Nas freqüências bem abaixo da f1·eqüência de coincidência pode-


se ig1101·ar a rigidez e os amortecimentos 1necânico e acústico, então:

2pcsec,J,
(5.64)
2pcsec,J, + iwM
e portanto,

(5.65)

Considerando wM/pc >> 1, tem-se:


PT ::, 201og fMcos,J, - 42,4 (5.66)
PT diminui con1 o au1nento de t/) e tem o seu maior valor para
4> =Oº (incidência normal). Então, as ondas sonoras com incidência
oblíqua propagam·se através da placa mais fucilm_ente (a teoria é
inadequada para t/) :::: 1r/2). Para <f, == O, a equaçao 5.66 se torna
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 2 0 1

similal' às equações 5.37 e 5.52.

(b) Transmissão de Som na Coincidência:

Para a incidência nor1nal 'P =


O, a condição de concidência é
chamada crítica. A freqüência crítica é dada por ( ver capítulo de
Radiação Sonora):

!,

onde:
e,é a velocidade da onda longitudinal no sólido, que depende do
módulo de Youug E, da densidade do material Pm e do coeficiente
de Poisson v do material, na seguinte forma:

e,' = (p..,(1E- v 2)]

O produto da freqüência c1·ítica /e pela espessura da parede h


depende apenas do material da parede e da velocidade do som no
ar. A tabela 5.1 mostra valores de fch para o ar a 20°.

Material f,h [m/s)


Aço 12,4
Alumínio 12,0
Bronze 17,8
Cobre 16,3
Vidro 12,7
Madeh-a 20 a 23
Conc1·eto 17 a 33

Tabela 5.1: Valores de !eh para vários materiais

A condição de coincidência acontece quando o compri-


mento da onda acústica p1·ojetada na estrutura é igual ao
comp1·imento da onda de flexão livre no painel (ver figul'a 5.13), ou:

,\ / -- -"-
sen(p
ou k1 = k sen,t, (5.67)
202 - - - - - - - - - Capítulo 5 ISOLAMENTO DE RUÍDO

"-t

Figura 5.13: Condição de coincidência

A freqüência de coincidência pode ser obtida colocando-se a


parte imaginária do denominador da equação 5.63 igual a zero,
quando então se obtém o valor máxbno de ,42/ A.1 ; isto é:

ou

f• - -e'- ~ -
- 2,rsen>ql D
(5.68)

Ondas sonoras no ai· são longitudinais, com velocidades inde-


pendentes da freqüência (ver ~ítulo 1), EntL·etanto, nos sólidos, a
propagação do som se dá po11 ondas longitudinais, transversais, de
8exão, cisalhamelito, etc ... (ve.r figura 5.2), Os deslocamentos gera-
dos nos sólidos por ondas de flexão podem se acoplar com o desloca-
mentos no ar ge1·ados por ondas acústicas longitudinais. Neste caso
a propagação ocorre na f1·eqüência de coincidência f 41 e a equação
5.63 fica:
SAMIR N.Y. GERGE5 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 2oa

2pcsec,f,
(5.69)
2pcsec,f, + 8_11k/ sen4,f,
Então:

PT = 10/og(I + Mw,;1/ )2 (5.70)


2pcsect/,
e o isolamento acústico é controlado pelo amortecimento 1/ (ver
capítulo 4, tabela 4.1).

Comparando-se as equações 5.65 e 5.70 para 1/ > 2pcsec,J,/(Mw,;)


vc.. se que a perda de b·ansmissão PT na coincidência é aproxima-
damente 20 log1] menor do que no caso quando a lei das massas foi
considerada. Para valores de 1/ na 01·dem de 10- 2 a 10-•, esta dife-
rença poderá ser de 40 a 60 dB (ver figura 5.11 ).

(e) Transmissão Sonora em Freqüências acima da Freqüência de


Coincidência

Quando w/w,; > 1, a equação 5.63 pode ser dada por:

ª' = 1<i1
Â2
I' =
l + [Dt,•un';ccmlt] 2
(5.7!)
2cpw

Po1·tanto, o isolamento acústico é controlado pela rigidez, e a PT


é dada por:

PT= IO/og[l + (Dk,4sen 4,J,cos,f,)'] {5.72)


2cpw
A equação 5. 72 mostra que acima da freqüência de coincidência
a perda de ti·ansmissão aumenta 10/og 26 = 18 dB por oitava.

A análise ap1·esentada nesta seção para o isolamento de


pai·edes siinples vibrantes, mostra que deve-se considerar
toda a banda de freqüências de interesse. Existem cinco bandas de
freqüências onde o mecanismo de isolamento é diferente; as cinco
bandas de freqüências são:

(1) Abaixo da freqüência de ressonância mecânica do painel


Nesta banda de freqüências a perda de transmissão é dada pela
equação 5.50;
204 - - - - - - - - - Capítulo 5 ISOLAMENTO DE RUÍDO

[(
PT= 20/ogf - 74,2

Portanto, a PT aumenta 6 dB a cada duplicação da rigidez,


caindo 6 dB a cada duplicação da freqüência.

Nesta banda tem-se w = n,


(2) Na freqüência de 1·essonância mecânica do painel

é dada por (ver equação 5.53):


e portanto a perda da transmissão

PT = 20 log (! +
e
2pc)

Isto é, a PT depende de C que é a razão de amortecimento


mecânico do sistema. Geralmente tem-se C ,« 2pc, e então, PT - O,
ou seja, 100% da energia sonora é transmitida de um lado para ou-
tro.

(3) Acima da freqüência de ressonância mecânica e abaixo da


freqüência crítica
A perda de transmissão é dada por (ver equação 5.41)

PT"mp = 20/ogM f - 47,4


Nesta banda de f1·eqüências PT é controlado pela densidade de
área M = Pm h, onde Pm é a densidade superficial do material do
painel e h é a sua espessura.

( 4) Acima da freqüência de coincidência


Nesta banda de freqüência PT é dada por (ver equação 5.72):

PT = IO/og [i + 1
(Dk/sen 4 ,f,cos,f,) 2
2pcw
Po1·tanto a PT é conh·olada pela 1·igidez D. Neste caso temos
um aumento de 18 dB por oitava. Outras teorias mostram que o
aumento de PT é meno1· que 18 dB por oitava, dependendo do tama-
nho do painel, dos seus contornos e do seu amortecimento interno.
Tal aumento pode chegar até 10 dD/oitava.
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 2 0 5

(5) Na freqüência de coincidência


O 1necanismo de transnússão nesta faixa de freqüências é muito
complexo para que possa ser modelado matematicamente. Entre-
tanto, resultados de medições em laboratórios mostram
coerência dos valores obtidos com o método do patamar.
Neste método é considerado um campo acústico difuso nos dois Ja.
dos do painel. Considerando que a razão largura/ altura da parede
é 111aior do que 20, os seguintes passos podem ser tomados para se
determinar a PT na freqüência de coincidência (ver figura 5.14):
(1) determina-se a PT do sistema em 500 Hz usando-se a equação
5.41 e traça-se uma linha com 6 dB de aumento/oitava.
(2) Obtém-se a altura do patamar (ver tabela 5.2) e a interseção
desta com a linha obtida ein (1), definindo a freqüência inferior de
coincidência.
(3) A freqüência superior de coincidência é dada pela multi-
plicação da freqüência inferior obtida em (2) pela largura do pa-
tamar na últiana coluna da tabela 5.2.
(4) Acima da freqüência superior de coincidência, a PT mostra
aumentos entre 10 a 18 dB/oitava.

Portanto é iinportante conhecer bem o espectro do ruído a


ser isolado e escolher adequadamente a parede para o isol~~nto
acústico, de maneira que não ocor1·a ressonância mecânica e/ou
efeito de coincidência. Gerahnente, na 1naioria dos problemas
práticos tem-se ruídos com conteúdos de freqüências acima da res-
sonância mecânica da parede ou painel. Nestes casos, o controle de
ruído é feito baseado no princípio da lei das 1nassas.

5.6 Parede Dupla


Uma melhor solução em projetos de sistemas de alta perda de
transmissão, sem o e1nprego de grandes Jnassas, é o uso de paredes
duplas (ou triplas).
Por excn1plo, pa1·a duas paredes idênticas de mesma espessura,
sem espaço de ar entre elas (em contato), tem-se uma perda de
transmissão de 6 dB acima da PT de apenas un1a delas ( dobra-se a
espessura, aumentando-se com isso a PT de um fator de 20 log2, ou
206 - - - - - - - - - Capítulo 5 ISOLAMENTO DE RUÍDO

PT (dB)

~
, Largura do
1
·I .e,
Potomor -tl

500 Freqüência {escalo \og) H z

Figura 5.14: Determinação de PT usando o método do patamar

Material Densidade de área Altura do Largura do


kg/m 2 porcm patamar dB pat81llar
Alumínio 26,6 29 11
Concreto 22,8 38 4,5
Vidro 24,7 27 10
Chumbo 112 56 4
Aço 76 40 11
Tijolo 21 37 4,5
Madeira 5,7 19 6,5

Tabe\a 5.2: Método do Patamar


SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 2 0 7

seja 6 dB ). Quando as duas paredes estão bem afastadas e isoladas !


uma da ouh'a, a perda de transmissão é igual ou maior do que a/ /
soma a1·itmética das PT das duas paredes. _
Em sistc1nas com paredes duplas, a incorporação de um espaço~--
de ar de ló a 200 mm fornece um aumento ua perda de transmissão V
de aproximadamente 6 dB acima da soma aritmética das perdas de
transmissão de cada uma das duas paredes.
Considera-se agora um modelo com cinco meios acústicos adja-
centes, conforme mostrado na figura 5.15. As impedâncias carac-
tei·ísticas são dadas por Zn = Pn•n• Uma onda plana com incidência
normal propaga-se através do conjunto refletindo-se parcialmente
a cada fronteira de dois meios adjacentes. Ainda, Pn é a massa
especi1ica do meio n e e,. a velocidade do som neste mesmo meio.

(I) (JI) (][) C&l (::lZ:)

'~~~
P;, P12
Pr, Pr2 Pr3 Pr4

z, Z2 Z3 Z4 Z5

Figura 5.15: Configuração física do modelo matemático para parede dupla

As equações das p1·essões acústicas das ondas incidentes em cada


meio e das t1·ansmitidas correspondentes, podem ser escritas como:

(5.73)

(5.74)

(5.75)

(5.76\
208 - - - - - - - - - Capítulo 5 ISOLAMENTO DE RUÍDO

(5.77)
onde:
&, é a amplitude complexa da pressão acústica
k. é o número de onda
"' é a freqüência angular
t é o tempo
i=A
e é a base do logaritmo natural
t,. é a espessura do meio n considerado.
Nesta formulação considera-se i 1 e t. = oo.
As equações· das pressões acústicas das ondas refletidas podem
ser escritas como:

(5.78)

(5.79)

(5.80)

(5.81)
onde:
1La é a amplitude complexa da pressão acústica da onda refletida.
As condições de contorno na fronteira entre dois meios adja-
centes são fisicamente definidas como: a igualdade da pressão e a
continuidade da velocidade da partícula.
Usando-se as equações 5. 73 a 5.81 pode-se chegar a
um conjunto de equações que relacionam as impedâncias carac-
terísticas dos meios L e o fator de propagação 8,. = lnlcn, com as
amplitudes da onda incidente, das ondas transmitidas e das refleti-
das. Matematicamente estas equações são escritas como:

.d., _ .6.2<.Z:2 + .Z:,) + 1!,(.Z:2 - .Z:i) (5.82)


- 2.Z:2

42 = &(b + .Z:2) + Jh(b - .Z:2) •"' (5.83)


2.Z:.
D - &(.Z:. - Z,) + Jh(b + .Z:,) .;,, (5.84)
..... - 2.Z:.
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 209

.i,(b + k) + Il.,(Z.. - k) ...


2b e (5.85)

L\.i(b - b) + &(b + b) e;•,


2z.. (5.86)

.i, = k (Z:s + b) e;•,


2z:. (5.87)

A solução d~s equações 5.82 a 5.87 ÍOl'nece uma relação explícita


entre as pressões acústicas .d, 1 eA,5 •

No caso de isolamentos acústicos realizados com paredes duplas


de materiais co1no alvenaria, gesso, metais, vidt"o, etc, separados
por um espaço de ar, é possível fazer-se significativas simplificações
sem haver perdas na exatidão dos resultados finais.
Considera-se os meios II e IV fo1·mados por materiais com im-
pedância característica muito maior do que as dos meios I, III e V.
Assim, a perda de transmissão entre os meios I e IV, pela fórmula
simplificada, será:

PT = PT,+ PT•+ 20logjsen 2"ff3 1 + 6,0 {5.88)


e
Onde PT2 e PT4 são as perdas de transnússão das paredes sim.pies
dos meios II e IV, dadas pela equação 5.41. O termo contendo a
função seno pode apresentar valores nulos, significando fisicamente
a possibilidade. de oco1·1'ência de ressonância acústica na cavidade
de a1• entre as pru·edes duplas, o que redundal'á em baixas perdas
de t1'ans1nissão. Neste caso PT - -oo. Portru1to, é 1·ecomendado o
preenchhnento deste espaço cmn 1natel'ial de absorção acústica para
eliminar as 1·esso11âncias da cavidade.

A equação 5~88 não é usada para o cálculo da PT, quando o argu-


n1ento do seno foi· zc1·0. Sha1·p ap1·esentou resultados confirmados
por modelos te61'icos e ensaios expel'Ímentais abaixo da freqüência
crítica;

Pal'a f > c/2,rd

PTss PT1 +PT2 +6 (5.89)


210 - - - - - - - - - Capítulo 5 ISOLAMENTO DE RUÍDO

Para /mom < / < c/21rd


PT "" PT1 + PT, + 20log2kd (5.90)

Para pc/1r(m1 + m,) « / :,'. Ímom


PT:: 201og(m 1 + m,)J - 47,4 (5.91)
onde fmam é a freqüência n1assa-a..r-massa. Nesta freqüência as
duas paredes formarão um sistema mecânico ressonante com a rigi..
dez do volume de ar, e o valor da PT cai.

Ímam = ~e (5.92)

onde:
m 1 e m2 são as densidades de superfície das paredes
d é a distância entre paredes (espai;o de ar)
É também recomendado usar pai·edes co1n diferentes espessu-
ras e/ou materiais para evitar a excitação das freqüências de res-
sonância das duas paredes simultaneamente.

5.7 Efeito de Aberturas e Paredes Compostas


Na prática as pai.-edes de enclausuram.entos são muitas vezes com-
postas de diferentes materiais, podendo ter estes, ainda, diferentes
espessuras e áreas. Neste caso a perda de transmissão total PT é
dada por:

- 1 í::·S;
PT= IOlog= = 1 0 / o g ~ (5.93)
a: ~,Siai
Por exemplo, pa1·a duas paredes com áreas S 1 e S2 e com coefi-
cientes de transmissão o 1 e o 2 , respectivaJDente, tem-se:

As aberturas.e/ou elementos de baixa perda de transmissão po-


dem ser considerados como acústicam.ente transparentes.
Para estes casos as fórmulas são aproximadas, pois não lev8lll em
conta as diretividades, efeitos de ressonâncias, etc. Por exemplo,
uma parede de PT1 =30dB (o 1 =
10- 3 ) com á,,ea S1 =
lm2 , tendo
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 2 1 1

un1a abe1·tura S2 = 0 1 01 m 2 e o 2 1,0 (abertura), apresenta uma


perda de transmissão total:

PT = 10/og =--:-:-c=--1~ ~ - -
(0, 0l)(l) + (0,99)(0,001)

PT= 19,6 dB

Ou seja, uma abertura de 1 % da área total provoca uma redução


na PT de 30 para 19,6 dB, ou seja, uma redução de 10,4 dB.
Portanto, aberturas, frestas, etc, podem reduzir a perda de
transn1issão, podendo, por ouh'o lado, até amplificar o ruído em
algu1nas freqüências (ressonâncias acústicas). A figura 5.16 pode
ser usada para quantificar a perda de transmissão de parede com
aberturas e a figura 5.17 é usada para quantificar a perda de trans-
missão de paredes compostas.

e
~
t
.o
<t
E
o
u
....
Q.

PT Sem Abertura (dB)


Figura 5.16: Perda de transmissão de parede com aberturas
212 - - - - - - - - - - Capítulo 5 ISOLAMENTO DE RUÍDO

6o
5o
4 o~ ~

S2/S1 % - ,..
~ ,-...,..
,. . . .~ ~.,,
~
.,.,,.. ......
Jlf
-
~ ~
~
3o 1,-Ü,l,_,i.-
O2
Vi,..,
'-" ~ ....../. -; ~
L.---- 0,'5 v V /1/ ~

-
2-~i..--_
.-1,0~ I,;
V ~

.e:- i.,.5,0 .,..


""""" 2,~... --
~
.... 1,,
I,;

B~ 10. ,~
lL 20 1,, !,
~D y I-'
cn
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5
41,.L- +-- 50
1-"'
a. 3
1
....__ 100
1/

2b" 1,
>-'
a. I/
J/ 2 3 4 5 6 7 8 10 20 e() 40 50 60
PT1 - PT (dB)

Figura 5.17: Perda de transmissão para parede composta


SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 2 1 3

5.8 Ruído de Impacto


Os ruídos de impacto são causados por contato ou atrito mecânico
de um corpo sobre outro; por exemplo, máquinas de prensar, que-
das de objetos no piso, passos, .. etc, A transmissão de rtúdo de
impacto em p1·édios depende de vários fatores que podem levar
uma lage a vib1·ar, ti•ansmitindo ruído ao ambiente inferior, ou as
vezes até amplificando o ruído de impacto gerado no andar supe-
ri01·, Ondas de impacto podem-se propagar a longas distâncias sem
atenuação, devido aos altos valores de densidade e de velocidade do
son1 nos mate1·iais sólidos. Nas edificações residenciais e industriais,
consti-uidas com vigas de aço ou concreto, a trasmissão do som via'
lages e vigas é muito favorecida em toda a estrutura da edificação
(som carregado via estruturas).
A energia sonora procura as trajetórias mais fáceis de propagação
assim como elementos dissipadores, como por exemplo elementos
em estado de ressonância.
O isolamento acústico de impacto pode ser feito por piso flutu-
ante que consiste basicamente na inti·odução de material resiliente
entre a lage esti·utural e o contrapiso (ver figura 5.18). Então o con-
trapiso e todas as cargas (massa) ficam montados sobre o material
resiliente (mola) funcionando como um sistema massa-mola, cuja
prhneh·a f1•eqüência de l'essonância está ben1 abaixo da freqüência
míniina de excitação. Os mate1·iais rcsilieutes usados para piso Ou-
tuaute podem sei• do tipo espu1118 de polietileno extrudado com
células fechadas (por exemplo ETHAFOAM fabricado pela DOW-
Espumas Industriais) ou lã de vidro.

5.9 Número Único para Isolamento Acústico


Na p1·ática é importante a avaliação da PT atráves de um número
único. O objetivo é facilitar a comparação inicial e restringir a es-
colba final entre um número menor de configurações. Este número
único deve ser usado com cuidado já que a perda de transmissão
depende da f1·eqüência.

5.9.1 Ruído Contínuo


O valor médio do somatório aritmético da perda de transmissão em
bandas de 1/3 de oitava, de 100 Hz até 3150 Hz, é chamado índice
médio de redução de ruído (IMRR). A tabela 5.3 mostra valores
214 - - - - - - - - - Capítulo 5 ISOLAMENTO DE RUÍDO

típicos do IMRR para vários matel'iais (ver tambéir. apêndice IX).


O -valor do IMRR e geralmente muito próximo do Yalcr da P'.!.' na
frequência de 500 Hz.

Material Espessura Densidade de IMRR


(cm) área (kg/m 2 ) (dB)
Tijolo inteiro 25 480 53
Meio Tijolo 12,5 240 48
Tijolo de Cimento 30 418 43
Porta de Madeira 3,5 70 24
Vidro Temperado 1,5 150 1 38

Tabela 6.3: Valores típicos de IMRR

A Classe de Transmissão de Som Nominal . CTS é um número


único determinado através da comparac;ão entre a perda de trans-
missão medida em bandas de 1/3 de oitava nas freqüências de
125 Hz até 4000 Hz e uma curva de CTS padrão (ver figura 5.19,
apêndices VII e VIII).
O número único da C":'S é determinado satisfatoriament.e
cumprindo-se as seguintes condições:

[i) Uma diferença máxima de 8 dB da PT abaixo da curva de CTS


SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 215

[ií] Uma soma máxima de 32 dB, das diferenças dos valores de PT


em bandas de 1/3 de oitava abaixo da mesma curva de CTS.

Por exemplo, a determinação da CTS para os valores de perda


de transmissão mostrados na tabela 5.4, é mostrada na figura 5.19;
CTS é o valor na freqüência de 500 Hz.
A figura 5.19 mostra uma diferença máxima de 6 dB em 125 Hz
e a soma das diferenças abaixo da curva CT S fornece:

6 + 5 + 4 + 2 + 2 + 1 + 2 + +2 + I + 1 = 26 dB

que é menor do que 32 dB. Portanto o CTS = 47.


As apêndices VI e VII 1nostram valol'es de CTS para materiais
de construção 111ais usados e para paredes e divisórias.

Freqüência fHz] PT [dD]


125 24
100 27
200 33
250 38
315 41
400 45
500 45
630 46
800 48
1000 48
1250 51
1600 50
2000 54
2500 55
3150 58
4000 64

Tabela 5.4: Exemplo para cálculo de CTS

5.9.2 Ruído de Impacto


Existem dois n1étodos pa1·a avaliação do isolan1ento acústico de
ruído de impacto:
(1) Classe de Isolamento de Impacto (Cll)
216 - - - - - - - - - - Capítulo 5 ISOLAMENTO DE RUÍDO

70,r-,-,-.----.--.,

60
ín
.:':!

...
,8 50

.
E
e:
o 40
47

~
..,"
o 301--+-+-+--t
'E
,!'.
Freqü~nci:J (Hzl
2o~~~~~~~L_,_,
125 250 500 lK 2K 4K
Figura 5.19: Classe de transmissão sonora(CTS)

É um número único determinado ah·áves de comparação entre


uma curva CII pad1·ão (ver figura 5.20) e os níveis de pressão sonora
de impacto transmitida (NPSI) medidos em bandas de 1/3 de oitava
de 100 a 3150 Hz na sala recepto1·a. A sala da fonte é excitada por
uma máquina de impacto pa<ll'ão (ver figura 5.21). Tem-se então:

R,
NPSI = NPS - 10/ogRo

onde;
NPS é o nível de pressão sono1·a de impacto na sala receptora
Ri é a absorção total da sala receptora (m2 )
Ra é valor padrão de 10 m 2
O número único Cil é determinado como o CTS ( ver condições
[i} e [iiJ acima) e o valor único coincide com o nível da curva padrão
em 60 dB.

(2) Avaliação do Ruído de Impacto (ARI)


É usado nos EU A por 01·gãos fcde1·ais e sua determinação é muito
similar ao CII. A relação enti·e eles é :

CII "' ARI + 51


SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 2 1 7

Um valor de ARI = O significa que o isolamento de ruído de im-


pacto é satisfatório, enquanto que valores positivos de ARI indicam
um isolamento mais do que satisfatório.

Figura 5.20: Curva CU padrão

5.10 Medição da Perda de 'lra~smissão


Dois métodos principais são usados em laboratório para a medição
da pe1·da de ti·ans1nissão: 1nedição co1n duas câmaras reverberantes
e medição ahavés de 1nedidor de intensidade acústica, descritos a
seguir.

5.10.1 Medição com Duas Câmaras Reverberantes


A medição da pe1·da de transmissão de uma amostra de ma-
terial é feita posicionando-se a amostra entre as duas câmaras re-
verberantes (ISO R 140/1978), Mede-se então o nível de pressão
acústica médio no espaço e no ten1po em cada câ.Inara, colocando-se
em uma delas uma fonte sonora (ver figura 5.22).
A pressão acústica média obtida na cân1ara I é dada por:
218 - - - - - - - - - Capítulo 5 ISOLAMENTO DE RUÍDO

Maquina de
Impacto Padrão

Sala
Receptora

Figura 5.21: Medicão de ruído de impacto

CÂMARA I CÂMARA lI

1J Amostra de
VTeste
NPS 1 NPS2

&.!onte
r

Figura 5.22: Medição de PT usando duas câmaras reverberantes


SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 219

(5.94)
onde:
a· é a absorção total da câmara I
W é a potência sonora da fonte
p é a densidade do ar na câmara
e é a velocidade de som
O coeficiente de transmissão é definido como a razão entre a
energia transmitida na câmara II (W2) e a energia incidente na
amostra na câmara 1 (Wi);

(5.95)

A energia incidente na amostra depende da área aberta entre as


duas câmaras (com coeficiente de absorção 100%) em comparação
com a área total da câina1•a I. Então a energia sonora incidente W1
na amostra de área S é dada por:

(5.96)

A pressão acústica média no espaço e no tempo na câmara II é


dada por:

< p; > = 4pc W, (5.97)


ª'
onde:
a 2 é a absorção total da câmai·a II (a2 ° 1~! v, ). Substituindo
5.95 e 5.96 em 5.97, tem-se:

<P; >=<P; > .§...,


ª'
ou

PT= 10/og!
r
= NPS, - NPS, + 10/og(.§_)
~
(5.98)

onde:
N PS 1 e N PS2 são os níveiS de pressão acústica médios no espaço
e no tempo medidos nas câmaras I e II respectivamente.
PT é calculada pa1•a cada faixa de f1·eqüência (1/3 ou 1/1 oitava),
medindo~se NPS1, NPS2 e a2,
220 Capitulo 5 ISOLAMENTO DE RUÍDO

5.10.2 Medição com Medidor de Intensidade Acústica


A vantagem do uso do Medidor de Intensidade Acústica de dois
microfones próximos ( ver figura 5.23 ) é não ser necessário o em-
prego de duas câmaras reverberantes, além do fato de se poder
medir PT no campo.
Por definição, a perda de transmissão é dada por:
PT 101 Energia Incidente
= 09 Energia Transmilida

PT = 10/og < p'i > / 4pc (5.99)


I,
onde:
I, é a intensidade acústica transmitida, medida com o medidor
de intensidade sonora
< p2 > /4pc é a intensidade acústica incidente na amostra
I, e < P 2 > são medidos em bandas de frequência de 1/1 ou
1/3 oitava e a PT é calculada usando a equação 5.99.

L--Amoslro
de Teste

NPSl

9
Figura 5.23: Medição da PT pela técnica da inteDBidade acústica
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 221

5.11 Referências Bibliográficas


[1] ASTM E90-70, Recommended practice for Jaboratory measu-
rement of airborne sound transmission loss of building parti-
tions, American Soe. for Testing Materiais, 1916 Race Street,
Philadelphia, Pennsylvania, 19103

(2] Bazley, E.N., The airborne sound insulation ofpartitions, N&.-


tional Physical Laborat01·y, London, Her Majesty's Stationa.ry
Office, 1966.

[3] Ileranek, L.L., Noise and vibration control, McGraw-Hill Book


Company, 1971.

[4} Brekct, A., Calculation 1nethods for the transnllssion loss


of single, double and tl'Íple partitions, Applied Acoustics,
V.14(1981), pp-225-240.

[5] C1·ocker, M.J. D1·attacharyua, M.C. e Price, A.J., Sound and


vibration h·ansniission through paneis and tie beams using sta-
tistical e11e1·gy analysis, ASME J. Eng. Iud. aug/1971, pp,775-
782.
[6] Donato, R.J., Sound ti·ansnússion through a doublt! leaf wall,
J. Acoust. Soe. Am, V.57(3)1972.
[7] Fahy,F.J., Sound and Structural Vibration, Academic Press,
1985.
[8] ISO 140/78, Measurement of sound insulation in buildings ar.. J
building ele1nents.
[9] Kinsle1·, L. & Frey, A., F\u1da1nentals of acoustics, John Wileg
& Sons, 1982.

[10] Magrab, E.B., E11viro111nental noise control, John Wiley &


Sons, New York, 1975.

[11] Mondl, U.H. e Gerges, S.N.Y., P1·cdição do isolamento


acústico de paredes duplas, COBEM-85, CTA, São Jose dos
Campos/SP, pp.657-660.

(12] P1·ice, A.J. & Crocke1·, M.T., Sound trans1nission through dou-
ble paneis using statistical enc1·gy analysis. J, Acoust. Soe.
Am, V.47(3), 1970.
222 - - - - - - - - - Capitulo 5 ISOLAMENTO DE RUÍDO

[13] Reynolds, D.D., Engineering principies ofacoustics, Noise and


Vibration Control, Allyn and Bacon, 1981.
[14] Sharp, B., Prediction methods for the sound transmission of
building elements, Noise Contl'Ol Engineering, sep/oct. 1978.
[15] Utlei, W.A. & Mullholland, K.A., The transmission loss of
double and tripie walls, Applied Acoustics, V.1(1968),
pp.15-20.
Capítulo 6

Propagação do Som no Ar
Livre

6.1 Introdução

A energia gerada por fontes sonoras sofre atenuação ao se propa-


gar em ar livre. Os fatores causadores de atenuação são: distância
percorrida, barreiras, absorção atmosférica, vegetação, variação de
temperatura e efeito do vento. Na análise do campo acústico em
comunidade é importante desenvolver relações entre a pot_ência so-
nora das fontes, os níveis de pressão sono1·a no receptor e a influência
dos vários caminhos de propagação (ver figura 6._1). A predição de
níveis de pressão sonora em áreas externas adjacentes a fontes de
rtúdo requer a análise da propagação de som no ar livre. Esta
propagação é afetada pela atenuação ao longo do caminho de trans--
missão e é estimada através de cOrreções aditivas para divergência
esférica, absorção no ar, reHexões, efeito da vegetação, efeito da
topografia do solo, efeito de barreiras e espalhamento nas próprias
instalações. A p1·opagação externa também é afetada por variações
nas condições atmosfé1·icas tais como: umidade relativa cio ar e
temperatura. Neste capítulo são apresentados métodos para quan-
tificação das atenuações que ocor1·cm no caminho de propagação. É
apresentado também uni modelo con1putacional para predição dos
níveis de pressão sonora (em bandas de oitava) em áreas residenciais
adjacentes a fontes sono1·as de instalações industriais.

223
224------ Capitulo 6 PROPAGAÇÃO DO SOM NO AR LIVRE

Fonte

~'i:·~·~
\ \ Cominhos de

Ponto Recept;;-~p ~
Figura 6.1: Modelo para predição de ruido na comunidade

6.2 Atenuação de Ruído com a Distância


A atenuação do nível de pressão sonora com a distância depende
da distribuição das fontes de ruído. Vá.rios tipos de distribuição
podem ser considerados:

(1) Fonte pontual simples


Neste caso, tem-se por exemplo fonte monopolo onidirecional
Q, = 1, em ar livre. A relação entre o nível de potência sonora
NWS, o nível de pressão sonora N PS e a distância entre a fonte e o
ponto de medição ré dada pela equação 1.115 do capítulo 1, como:

N PS = NWS + DI(8) - 20/ogr - 11 (6.1)

onde:
DI(8) é o índice de diretividade= 10 log Q,
Q, é o fator de diretividade de superfície.
Então tem-se 6 dD de atenuação para cada duplicação da
distância r.

A presença de uma superücie rígida infinita (por exemplo, fonte


fixa no chão) causa a reftexão de toda a energia sonora para um
espaço semi·infinito. As ondas de propagação são semi-esféricas e
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 2 2 5

a energia sonora atravessa uma área de valor 2,rr 2 , sendo o fator


de diretividade neste caso:

Q, 2
e

DI(O) = 3 dB

No caso de fonte onidirecional posicionada na aresta (interseção


de duas superfícies rígidas infinitas), tem-se propagação através de
uma área de 1rr 2 e então,

Q, 4

Dl(O) =6 dB

Para o caso da fonte no vértice (interseção àe três superfícies


rígidas infinitas), tem-se:

Q,
e

DI(O) = 9 dB

A figura 6.2 mostra o efeito da prese.oça das superflcies. A in-


fluência da presença de superõcies na pressão sonora irradiada por
outras fontes, como por exe1nplo, dipolo, pistão, etc ... é mais com-
plexa (ver a lista de referência). Nas baixas freqüências, onde o
comprimento da onda acústica À é maior do que o tamanho da
fonte, tem-se radiação onidirecional (ver figura 4.9); então pode-se
usar os valores de Q,, apresentados na figura 6.2.

A relação entre N PS, (na distância ri) e N PS2 (na distância r 2 )


é dada por:

NPS, - NPS2 = 20log~


r2
(6.2)

Então tem-se 6 dD de cahnento do nível de pressão sonora para


cada duplicação da distância.
2 2 : n - - - - - Capitulo 6 PROPAGAÇÃO DO SOM NO AR LIVRE

ú Q= 1
Q =2

~.~
{a)
~ij~
( b)

{e) (d)

Figura 6.2: Efeito da presença de superfície na diretividade


SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 227

(2) Fonte Linear


Um fluxo de veículos em uma estrada ou um duto longo car-
regando fluxo de fluido turbulento podem ser considerados como
fonte sonora em linha de comprimento f. Neste caso tem-se:

NPS = NWS + DJ(O) - 10/og2,rrf


ou

N PS = NWS + DI(O) - 10/og rf - 8 (6.3)


Então tem-se 3 dB de atenuação para cada duplicação da
distância. A relação entre N PS 1 (na distância ri) e N PS2 (na
distância r 2 ) na mesma direção 8 é dada por:

NPS 1 - NPS 2 = r,
IOlog?:2. (6.4)

Portanto, a predição dos níveis de pressão sonora em qualquer


distância r 2 pode ser obtida a partir de um nível medido em qual-
quer outra distância r1,

( 3) Fontes Pontuais em Linha


Uma linha de máquinas idênticas como por exemplo no caso
de máquinas de tecidos ou fios, máquinas de estamparia etc, pode
ser considerada uma linha de fontes.
Rathé mostra que para fontes incoerentes, ao longo da distância
radial r < b/ 1r, onde b é a distância entre as fontes, a propagação
do som é similar ao de fonte pontual simples com atenuação de
6 dB para cada duplicação da distância (a contribuição das fontes
afastadas é pequena). Entretanto, para 1· '> b/1r, a propagação é
similar ao caso da fonte em linha, com atenuação de 3 dB para
cada duplicação da distância (a cont:ribuição de todas as fontes é
significante). Essas ca1·acterísticas são mostradas na figura 6.4,

(4) Fonte Plana


A transmissão de ruído através de u1na porta, janela ou parede
de uma casa de máquinas, pode ser considerada como fonte plana
finita (ver figura 6.5). Rathé também mostrou que para 1· < b/rr não
22:!!.----- Capitulo 6 PROPAGAÇÃO DO SOM NO AR LIVRE

b b b b

' \ I /
', \ I /
' ,
\1 II / /
' 1 / /
' \ I /
', 1 ,' /
'
' '
\
\
\
//
I /
I

'\ / I
, , li
Receptor

Figura 6.3: Fontes lineares

- - - - --f'........ / Fonte Plana


Fontes _Pontuais '3°ie'::---..
em Linha I Po,- _
1 <lorªºPli~
Fonte
~ Pontual
Oo :"-..
'6' 1 e' ',
cn O'&_... 1 1 '8>_..."
Cl. ~,;,~- 1 ~O'~
z
ll'0c, -3--:---._ 1, ,. ~~
1
1
~ ,. ae,,,~Plicap-
- -1---
I q, <ia -
I r --
I I Distância
_Q_
=~
r=
lf r

Figura 6.4: Atenu&(ião com a distância para vários tipos de fonte


SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 229

existe atenuação e para b/,r < r < c/,r tem-se -3 dB por duplicação da
distância (fonte linear). Para r > c/,r tem-se -6 dB por duplicação
da distância (fonte pontual). Essas atenuações são mostradas na
figura 6.4.
Segundo Ellis, as atenuações fornecidas pela figura 6.4 devem
ser usadas para distâncias radiais e propagação divergente da fonte.
Nessas atenuações não foram consideradas as interações entre as
fontes, isto é, o cancelamento ou reforço ( campo destrutivo ou cons-
trutivo) que pode ocorrer. Além disso, foram consideradas apenas
as fontes simples fundamentais e sua propagação básica. Cuidado
deve ser tomado com fontes complexas, onde as atenuações são ba-
seadas nos conceitos simples de atenuação com distâncias, sem a
complexidade de cada fonte ou acoplamento entre elas. Portanto,
os resultados são mais realistas para fontes pontuais, tipo monopolo
onidirecional (em fase) a distâncias maiores do que o comprimento
de Onda.

Figura 6.5: Fonte pontual (alarme) e plana (vazamento de ruído)

6.3 Absorção do Ar
Como o ar não é um meio perfeitamente elástico, durante
suas sucessivas compressões e rarefac;ões ocorrem vários proces-
2 3 0 • - - - - - Capitulo 6 PROPAGAÇÃO DO SOM NO AR LIVRE

sos irreversíveis complexos de absorção sonora qne dependem da


freqüência.
A absorç_ão sonora no ar estático e isotrópico, é causada por dois
processos. O primeiro é resultado das combinações dos efeitos de
viscosidade e de condução do calor durante um ciclo de pressão.
A atenuação devida a este processo, chamada absorção clássica,
pode ser calculada ati·avés das leis de Kirchoff. Gill apresentou a
expressão para o coeficiente de atenuação por absorção clássica no
ar a 20° como:

º'
= 1,2 10- 10 12 [dB/m] (6.5)
O segundo efeito na absorção atn1osfé1·ica é conhecido como re-
laxação molecular e ocor1·e pela dissipação do energia durante o
processo de relaxação vibratória das 1uoléculas de oxigênio. O pro-
cesso é dependente da umidade, temperatura e pressão.
Para temperaturas do ar entre ± 10°c, a absorção por relaxação
molecular pode ser dada por:

0
_ 7,4.10-• / 2
[dB/rn] (6.6)
2 - u(l + 4.l0- 6 6t !)
onde:
6t é a diferença de temperatura relativa a 20ºC
u é a umidade relativa %
Portanto, a absorção total do ar é então dada por:

(6.7)
Em trabalhos mais complexos sobre a absorção no ar, tmnbém
são considerados os efeitos de relaxação 1nolecular do nitrogênio· do
ar. As equações aqui apresentadas não consideram a relaxação do
nitrogenio e portanto são aproximações. Valores de o com mais
precisão foram apresentados por Ha1·ris para uso em indústria ae-
ronáutica. As figuras 6.6 e 6.7 mostrnrn as atenuações em dB/km
em função de temperatura e umidade,

6.4 Efeito das Condições Meteorológicas


Os caminhos de propagação do som são influenciados por variações
de temperatura e velocidade do vento. O aumento de temperatura
com a altura (inversão térmica) provoca um au1ncnto das velocida-
des de frente de ondas que causa a nmdança de dii·eção das ondas
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 2 3 1

40 000 Hz Um,· dade Relat,·va º'


10 'º

,g
o.
o
;;)
e
Q)

Temperatura

Figura 6.6: Atenuação do ar em dB/km nas bandas de 1 e 2 kHz

ascendentes, empu1Tando-as ua direção do solo (ver figura 6.8). Se a


tempe1·atura diminui com a altura, tem-se con1portam.ento oposto,
ou seja, as frentes das ondas descendentes divergem afastando-se do
solo e formando uma sombra acústica como está mostrado na figura
6.9. A variação da velocidade do som com a altura pode ser dada
pela primeira derivada da equação 1. T (ver capítulo 1), como:

de dt
dz 0,6 dz (6.8)
onde:
z é a altura
t é a temperatura em 0 c.
O mesmo conceito pode ser aplicado para o efeito do vento. É
formada uma zona de son1b1·a acústica na direção de chegada do
vento dificultando a percepção do ruído nesta posição ( ver figura
6.10).

6.5 Efeito da Vegetação


Zonas de árvores, folhagens, gramas, O.aresta, etc... são apro-
veitadas para atenuação de ruído na co1nunidade. Resultados de
2 3 , ~ - - - - Capitulo 6 PROPAGAÇÃO DO SOM NO AR LIVRE

Ê
.,.
'CD
;s
-10 O 10 20 30 40

-10 O 10 20 30 40
Temperatura {ºC)

Fil!_!1.fª 6.7: Atenu~ão do ar em dB/km nas bandas de 4 e 8 kHz

:~\ i&
ee
~Fonte
Raios
Acústicos
3. ~ /~/.. . ., /'7-.-'------''--'-;-;-;
Solo

Figura 6.8: Efeito de aumento da temperatura com altura


SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 233

Sombra
Acústica

Solo

Figura 6.9: Efeito de diminuição da temperatura com altura

Direcão do Vento

Sombra
Acústica

Solo

Figura 6.10: Variação do caminho das ondas acústicas com efeito do vento
23..__ _ _ _ Capitulo 6 PROPAGAÇÃO DO SOM NO AR LIVRE

atenuação em dB para 100 metro• de distância de veget&ção obti-


doo por Hoover, Embleton, More, Aylor, Meister, Wiener e Keast
são mostrados nas figuras 6.11 e 6.12.
A atenuação causada pela vegetação é geralmente maior
nu altao freqüências. Embleton e Aylor mostram que entre 160
e 450 Hz ocorre uma atenuação de até 4,5 dB/lOm de distância de
árvores altas (tipo Pinho) e vegetação densa baixa. Hoover mostrou
que na média, uma zona de árvores densa de lOm de distância e de
20m de largura fornece 2 dB em 1 kHz. Quando existe grama densa
e folhagem no solo, esta atenuação aumenta para 4 dB.. Apesar
da vegetação fornecer pouca atenuação de ruído, ela pode servir
como isolador visual do receptor, fornecendo um efeito psicol6gico
favorável.
50r-----..---~·n-n~----.-~~~
45t---~~------1~~--i.~-1

o
,o
<.>
o::,
ái
q

,,_ •• _,, A~vores Duras (Aylor)


+- · - + Árvores Duras no Outono (Aylor)
•-----x Folhagens Densas (More)
o---o Grama (More)
Figura. 6.11: Atenuação para várias vegetações

Se o caminho de propagação atravessa vegetação densa formada


de árvores e arbustos, deve-se incluir uma atenuação At(dB) na
função de transferência do ca1ni11ho de transmissão.
Um caminho de transmissão curvo pode ser considerado; a altura
6.h do caminho de transmissão curvo acima da linha reta entre a
fonte e o ponto receptor é dada por:
s,1.MIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 235

45,----.,;-.-r,-,,.,..,,-~~~~
40t---t-'t---t--------l
E 35t--t---t-----t----~..L-l
~ 30
, 251---Jl\f---l',ç,,<.--+-~....-e:::_-.-'t--l
!g 20f--Jl,--"'.-!,::':!::1'.-__:__"'--hL/-~
o 15
'ªo-
a 10
::,
e
Q) 5 Freqüência (Hz)
<! o
100 2 4 6 81K 2 4 68DK
o---o Plantação Hemlocks de 10 Anos (Aylor)
x - - x 16m Alfura de Pinho (Aylor)
Valor médio poro Floresta da EUA (Hoover)
a------e Floresta Canadense (Embleton)
+--+ Area Verde Densa (Wiener e Keast)

Figura 6.12: Atenuação para várias vegetações

(6.9)

onde d= d 1 + d 2 ; d 1 e d2 são as distâncias mostradas na figura


6.13.
Kraphn, Anderson e Jakobsen ap1·ese11tam as seguintes consi-
derações para quantificar a atenuação causada pela vegetação :
(1) A altura da vegetação deve exceder a altura do caminho de
transmissão curvo e1n pelo menos um metro (ver figura 6.13).
(2) Um grupo de árvores e arbustos é considerado denso se ao
longo do caminho de transmissão é impossível ver através da ve-
getação; isto é, o caminho de tl'ansmissão é visuahnente bloqueado.
(3) Se o cam.inho de transmissão atravessa um número conse-
cutivo de grupos de árvores e arbustos, e cada grupo bloqueia vi-
suahnente o caminho de ti·ansmissão, fica considerado um número
máximo de quatro grupos como influentes na atenuac;ão.
(4) Uma floresta densa é considerada. como um conjw1to de gru-
pos. Cada 50 metros de caminho de transmissão (ver figura 6.14)
que atravessa a floresta rep1·esentn um grupo.
2 3 6 , - - - - - Capftu/o 6 PROPAGAÇÃO DO SOM NO AR LIVRE

A atenuação AT, causada por vegetações é calculada pela ae-


guinte equação:

AT, -n\l •QV (6.10)

onde:
n" é o número de grupos de vegetação
O'v é o coeficiente de atenua«_;ão por grupo

A tabela 6.1 mostra valores deº• por grupo em dB/grupo,para


cada bauda de 1/1 oitava. Se n, > 4, n, é tornado igual a 4.

63 125 250 500 lK 2K 4K SK


O O 1 2 3

Tabela 6.1: Valores de o, por grupo de vegetação alta e densa

Os valores de 0 11 são válidos tanto para condições de verão como


de inverno, desde que o caminho de transmissão seja visualmente
bloqueado. No outono os valores da tabela 6.1 devem ser multipli·
cados por 0,5.

~ • • d

Figura 6.13: Grupos de vegetação nv = 2


SA.MIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 231

;;,lm

s óh
·~~----r-~~~~~---L~~~--+--..:::~
dv ./

Figura 6.14: Grupos de veget~ão n, = dv/50


6.6 Barreiras
Barreiras são usadas para atenuação de ruído de tráfego causado
por fluxo de veículos, máquinas de construção , geradores ou trans-
formadores. Também podem ser usadas em mnbientes internos para
separar processos ruidosos. A presença de barreira ou divisor, blo-
queia a linha reta de visão entre a fonte e o receptor causando
atenuação por difração. A zona de sombra acústica é maior para
barreii•as altas e em altas freqüências (ver figura 6.15). A atenuação
obtida depende da altura e da posição da barreira e do compri-
mento da onda acústica. Essas variáveis são incorporadas em um
parâmetro adimensional; o número de Fresnel, dado por:

{6.11)

onae:
A é a distância entre a fonte até a ponta da barreira
B é a distância entre o receptor até a ponta da barreira
C é a distância enh·e a fonte e o receptor

Maekawa desenvolveu a seguinte equação para cálculo de ate-


nuação da fonte pontual:

AT = 20 log [ ../fiFi
../fiFi ] +5 para N ;;:: -0, 2
tgh( 21rN)
23.,__ _ _ _ _ Capitulo 6 PROPAGAÇÃO DO SOM NO AR LIVRE

AT =O para N :5 -0, 2
onde:
N é o número de Fresnel dado pela equação 6.11
AT é a atenuação em dB; a diferença entre o N PS sem e com
barreira

Kurze e Anderson's estenderam o modelo de fonte pontual para


fonte linear, subtraindo 2 a 8 dD dos valores de atenuação referentes
a fonte pontual. A figura 6.16 mostra valores de atenuação para
fonte pontual e fontes não coerentes lineares. Os resultados da
fonte linear foram verificados por ensaios em escala por Koyasu e
Yamashita.
No caso prático de harreira finita, as ondas sonoras dobram por
difração não só no bordo superior da bar1·eira, mas também nos
dois bordos laterais diminuindo a atenuação (ver figura 6.17). A
atenuação de cada lado pode ser calculada pela mesma fórmula
usada no cálculo da atenuação por cima.
A atenuação total considerando o bordo superior AT1 e os dois
bordos extremos AT2 e AT3 é obtida pela soma logarítmica abaixo:

AT,,,., = 10/og[IO-AT,/to + 10-AT,/to + 10-AT,/l°] (6.12)


Na prática a atenuação máxima por difração fica em torno de 24
dB.
Uma maneira prática de aumentar a atenuação de barreiras é
colocar materiais absorventes nos bo1·dos diminuindo a parcela de
energia sonora dobrada por difração.
No cálculo de atenuação total da barreira deve.se incluir, além
da atenuação por difração citada acima, também a atenuação
por transmissão. Considerando que ATd é a atenuação por difração
da barreira e ATt é a atenuação por transmissão, então a atenuação
total é dada por:
AT,., = -10/og [10-AT,/lO + 10-AT./lO]

AT,,, = AT, - 10 log [l + 10(AT, - AT,)/101 (6.13)


Para que ATtot seja o maior possível, o segundo termo deve ser
o menor possível, isto é, AT1 » ATd.
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 239

Então, a perda de transmissão de barreiras deve ser 6 dB apro-


ximadamente maior que a atenuação fornecida por difração . Por-
tanto, a barreira não precisa ser feita de material maciço. Na mai-
oria dos casos uma barreira com material de densidade superficial
de 10 a 20 kg/m 2 é suficiente.

Alta- Freqüência

Figura 6.15: Barreira

6. 7 Modelo Computacional para Predição de


Ruído
Existem vários procedimentos para predizer os níveis de pressão
sonora em áreas adjacentes a instalações industriais, utilizando da-
dos de potência acústica das fontes. Estes rnétodos consideram as
fontes de emissão de ruído con10 mooopolos equivalentes à fonte
real e quantificam os níveis de pressão sonora em bandas de oitava
(63 - 8000 Hz).
Um procedimento foi ap1·esentado por Hearing, Polt'hier, Sank
R., que é, na verdade, um resumo das normas VDI-2714 e 2517.
Este método de predição, basicamente considera os mesmos fatores
de atenuação do nível de p1·essão sonora ao longo do caminho de
transmissão apresentado nas normas, mas difere destas por se tratar
de um método baseado em dados de nível de pressão sonora das
fontes expressos em dB (A).
24U------ Capitulo 6 PROPAGAÇÃO DO SOM NO AR LIVRE

3Q,~-------,-----,-,-,---,-,-TTT------r-r,-~

25

20
s4~R
::g 151---~.--~~~~...c+-----,----=--l"f-f+t+t-~=r=c,-+-,
o
'º0-0
::,
e:

~"'

00,1 0,2 0,3 0,5 1,0 2 3 5 10 20 30 50


N= 26/ À

Figura 6.16: Atenuação da barreira para fonte pontual e Hnear

Figura 6.17: Distância para cálculo de atenuação de barreira finita


SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 2 4 1

Outro método apresentado no trabalho de Gill, embora desen-


volvido especificamente para predição de níveis de pressão sonora
em áreas adjacentes a obras de construção civil ou de demolição de
prédios, é bastante útil pois trata detalhadamente doa fatores de
atenuação em propagação externa.
Não há grande divergência entre os métodos existentes para
predição dos níveis de pressão sonora em áreas externas adjacentes
a fontes de ruído industrial. Em alguns casos, é mais interessante
um método baseado em níveis equivalentes de pressão sonora com
ponderação L,q [dB(A)]. Mesmo nestas situações , o método base-
ado em níveis de pressão sonora equivalente em bandas de oitava
poderá ser utilizado, desde que se faça um julgamento das band..,;
de oitava dominantes no espectro das fontes de ruído.
Nesta seção é definido um método para predição dos níveis de
pressão sonora em áreas externas adjacentes a instalac;ões indus,.
triais. O método escolhido é, basicamente, o descrito por Kragh,
Anderson e Jakobson. Este trata as fontes de ruído como monopo-
los, e analisa a propagação sonora ao ar livre em bandas de oitava
( 63 • 8000 Hz) considerando vá.rios efeitos ao longo do caminho de
propagação. O método é resultado de um trabalho conjunto que
envolveu as agências de proteção ambiental da Din8lllarca, Noru-
ega e Suécia e se baseia em grande parte nu1n método Holandês de
Backenhoff que é um trabalho mais elaborado e refinado, realizado
a partir de um método alemão publicado nas normas VDI-2714 e
2571.
O método em discussão utiliza como entrada os dados relativos
às fontes sonoras e dados topográficos. Baseadas nestes dados, são
calculadas as contribuições para o nível de p1·essão sonora no ponto
receptor, para cada caminho de transmissão, para cada fonte sonora
e para cada banda de oitava de freqüência central de 63 a 8000 Hz.

6.7.1 Fonte Sonora


Cada fonte real é representada por um monopolo equivalente como
mostrado na figura 6.1.
Neste caso o ruído no ponto de recepção é devido a quatro dife-
. rentes fontes (j=4). Para cada fonte de ruído existe um caminho de
transmissão até o ponto receptor e neste caminho são considerados
os vários fatores influentes na p1·opagação sonora em ar livre.
Cada monopolo equivalente é caracterizado por sua posição e
capacidade de emissão sonora, isto é, seu nível de potência sonora,
24.__ _ _ _ Capitulo 6 PROPAGAÇÃO DO SOM NO AR LIVRE

NWS(<I>), <I> é o ângulo entre uma direção de referência na fonte


emissora e a direção do caminho de propagação da fonte ao ponto de
emissão. Estes dados devem estar disponíveis em bandas de oitava,
isto é, um espectro de potência sonora , NWS(<i>), em bandas de
oitava i ( ver capitulo 11 sobre Ruido de Máquinas).

6.7.2 Caminho de Transmissão


É calculada a contribuição de cada fonte para o nível de pressão so-
nora no ponto receptor, considerando cada caminho de ti-ansmissão
da fonte emissora ao ponto receptor. A figura 6,18 mostra uma
fonte emissora S; e dois caminhos de transmissão: através de uma
barreira t = 1 e através da reflexão na fachada do edificio t = 2, As
energias sonoras que cbegam através desde& dois caminhos devem
ser somadas para obter o nível de pressiio sonora total no ponto
receptor.


•,
J --
_,-- --- -- -------~
I
,~~~
,........_ / Refletora

11=2
1

" "",,,..;1
I> Ponto Receptor

Figura 6.18: Caminhos da transmisaão

Para cada caminho de transmissão é calculada uma função de


transferência (E 6N) 1;, Este somatório representa as influências
doa eventos ocorridoe ao longo do cmninho de transmissão de ordem
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 2 4 3

t. O índice i indica o número da freqüência central de oitava, uma


vez que, em geral, !::,.N é dependente da freqüência.

6.7.3 Ponto Receptor


As contribuições da energia sonora, cm bandas de oitava, que
chegam ao ponto receptor são calculadas adicionando cada nível de
potência sonora e correspondente valor da função de transferência
do caminho de pr.opagação (ver equação 6.14). Pela adição destas
contribuições , com base na energia, é obtido o espectro ( em bandas
de oitava) do nível de pressão sonora no ponto receptor (ver equação
6.15).
Para obter o valor total do 1úvcl de pressão sonora com pon-
deração A no ponto receptor, são aplicados os valores de correção
da curva A aos níveis de pressão sono1·a por bandas de oitava (ver
equação 6.16) ou alternativamente, a correção da curva A pode ser
aplicada aos níveis de potência sonora da fonte.

6.7.4 Resumo do Procedimento de Cálculo


O nível de pressão sono1·a é dado por:

NPS,;; = NWS(q,),,, + ("j:_t::,.N),;; (6.14)

onde:

N P SH; é a contribuição para o nível de pressão sonora no


ponto receptor, na banda de 1/1 oitava i, referente ao caminho
de transmissão t da fonte j [dB ref 20 µPa]

NWS(q, 1);; é o nível de potência sonora na banda de 1/1 oitava


i, na direção q, 1 do caminho de transmissão t da fonte j {dB re
10- 12 wJ

CE, .6.N)H; é o valor da função transfe1·ência na banda de 1/1


oitava i, para o cami..nho de ti·ansnllssão t entre a fonte j e o
ponto receptor (dD]. Este valor é dcte1"111inado pela soma das
correções referentes aos vái·ios efeitos ao longo do caminho de
transmissão.
Então, o nível de pressão sonora em bandas de 1/1 oitava, no
ponto receptor, é dado por:
24,.,____ _ _ _ _ Capitulo 6 PROPAGAÇÃO DO SOM NO AR LIVRE

m n
NPS; 10 log10 L ~ 10 NP1!hi (6.15)
t=l j=l

onde:
N PS; é o nível de pressão sonora total na banda de 1/1 oitava
i, no ponto receptor, calculado pelos somatórios das contribuições
através dos caminhos de transmissão t = 11 2, .... 1 m das fontes j =
1, 2, .... ,n.
n é o número total das fontes contribuintes para N PSi (incluindo
fontes imagem).
m é o número total dos caminhos de tranSinissão da fonte j ao
ponto receptor.
O nível de pressão sonora total com ponderação A é:

N PSA :::::: lOlog10 L• lO(NPS\!AN., (6.16)


i=l

onde:
N PSA é o nível de pressão sonora com ponderação A, no ponto
receptor.
l:lNAi é a correção correspondente a curva A na banda de 1/1 de
oitava i.

6. 7 .5 Descrição da Fonte
Com base neste método de predição, cada fonte deverá ser re-
presentada pelo seu monopolo equivalente. Este é definido como
uma fonte pontual hipotética, que ao substitutir a fonte real gera o
mesmo nível de pressão sonora da fonte real.
A capacidade de emissão acústica de um monopolo é defi-
nida como o nível de potência sonora relevante no ponto receptor
NWS(,f,), em bandas de 1/1 de oitava. NWS(,f,), em geral, depende
da direção do caminho de transmissão entre a fonte e o ponto recep-
tor considerado, o que é indicado pelo ângulo <J,. A expressão, nível
de potência so:riora relevante, indica que NWS(t/,) não é, em geral,
o mesmo que nível de potência sonora total da fonte, mas é apenas
uma parte da energia sonora emitida atingindo o ponto receptor.
Assim no presente método, é considerada a emissão no plano ho-
rizon~. Portanto, NWS(t/,) é denominado nível de potência sonora
direcional no plano horizontal.
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 245

Se as características de operação da fonte são variáveis com o


tempo, deve-se calcular um valor equivalente de energia durante o
período de operação •
No caso de fontes distribuídas a representação pode ser feita por
vários monopolos, cor1·espondendo cada um a uma parte da fonte.

6.7.6 Fatores de Correção


A função transferência do caminho de transmissão é determi·
nada pela sonia do n1ímeros de correc;ões, em geral indicadas com
símbolos ôN. O índice associado indica a causa da correção consi-
derada. A função transferência do caminho de transmissão, "'E, .ô.N,
em bandas de oitava, é determinada pela seguinte equação:

.ô.N, +.ô.Na+ .ô.N, + .ô.N, + .ô.N. + .ô.N, (6.17)

onde:
ll.Nd é a atenuação devida à distância
6.N0 é a atenuação devida à absorção do ar
6.Nr é a atenuação devida aos obstáculos refletores
6.N, é a atenuação devida às barreiras
6Nv é a atenuação devida à vegetação
l::.N9 é a atenuação devida a outros mecanismos tais como:
espalhamento interno e efeitos do solo .... etc.

Existem vários progrwnas computacionais desenvolvidos em


computadores PC, baseados nos conceitos apresentados nesta·seção,
para estimativas dos níveis de pressão sonora em bandas de
freqüências. Tais programas servem para planejam.ento de expansão
de cidades perto de instalações industriais, com objetivo de evitar
problemas de ruído e fornecer conforto acústico adequado em áreas
residenciais.

6.8 Referências Bibliográficas


[1) ANSI 1.26, American National Standard, Method for the caJ.
culation of the absorption of sound by the atmosphere, New
York, 1978.
24.<>------ Capitulo 6 PROPAGAÇÃO DO SOM NO AR LIVRE

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(3) Beraoek, L.L., Noise and vibratioo cootrol, McGraw-Hill, New


York, 1971.

(4) Ellis, R.M., The souod pressure of a uniform finite plane


source. J. Souod Vib. 13(4), 1970.

(5) Embletoo, T.F.W., Souod propagatioo io homogeoeous deci-


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(6) Gerges,S.N.Y., Hied,·ich,R.M., Drazzalle,R,R. e Jordao,R. Re-


latório final do contrato CODRADI/FEESC, Três modelos
computacionais para predição dos níveis de potência sonora
das fontes, ruído externo e interno co1n aplicações para caso
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temperature. JASA, vol 40, pp.148-153, 1966.

[10] Hoover, R.M., Tree zoncs as barriers for contrai ofnoise dueto
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[11) Jonasson, H. Eslon. L., Determination of sound power leveis of


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- Some measurements - Technical Report, SP-Rapp, 1981:45,
Statens Provningsanstalt, Doras, Sweden, 1981.

[12] Jakobsen. J., Prediction of noise emissiou from façades of


industrial building, Report ng 25, Danish Acoustical Lab.,
Lyngby, 1981.
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Appl. Acoust. Vol.6, pp.232-242, 1973.
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 247

[14] Kragh J. Anderson B. and Jakobac,.., J., Environmental noise


from industrial plants: gener,J prcdiction method. Danish
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[15] Kurze,U.J. and Anderson,G.S., Smmd Attenuation ofbarriers,
Appl. Acoust. vol.4, pp.35-53, 1971.
[16] Lahti,T. and Tuominen,H.T., Second draft proposal for me-
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large industrial sources, Technical Research Center of Finland,
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vol.1, pp.157-173, 1968.
[18] Maekawa z., Noise reduction by screens of finite size, Mem.
Fac. Eng. Kobe University, 12, 1!!66.
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areas on the propagation of noise, Lãrmbekamptung 3, 1959.
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barrier, J. Noise Contrai Eng. vol.1, nQ 2, pp.98-101, 1973.
[22] Rathé, E.J., Note on two common problems of sound propa-
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[23] Wiener F.J. and Keast D.D., Experimental study of the pro-
pagation of sound over ground, JASA, vol 31, pp. 724, 1959.
[24] VDl-2714: Outdoor sound propagation, VDI Verlag GmbH,
Düsseldorf, 1976.
[25] VDl-2571: Sound 1·adiation from industrial building, VDI Ver-
lag GmbH, Düsseldo..C, 1976.
Capítulo 7

Acústica de Ambientes
Fechados

7.1 Introdução
No estudo do campo sonoro de ainbientes fechados, deve-se con-
siderar variáveis complexas, tais como: a forma geométrica do 8.Jll.·
biente, absorção acústica, reflexões e difrações das várias paredes
e elementos inte1·nos, fontes sonoras, seus espectros e diretividade,
posição das fontes, efeitos das aberturas no a:mbiente ... etc.
Os ambientes internos devem satisfazer condições acústicas de-
pendendo de seus objetivos. Por exemplo; igrejas, auditórios, salas
de aula .. etc., devem ter inteligibilidade máxima. Fábricas e ofici-
nas devem ter nível de pressão sonora abaixo do limite permitido
(85 dB(A) para 8 horas por dia). Teatros, estúdios de gravação, TV
e rádio, também devem ter características acústicas adequadas.
Este capítulo fornece os fundamentos acústicos para ambientes
internos fechados, especialmente de forma retangular, e apresenta
os dois limites de campos sonoros, isto é, campo difuso em câmara
reve1·berante e campo livre em câmara anecóica. As utilidades des.
sas câmaras na dete1·minação de potência sonora, absorção de mate.
riais e diretividade, são apresentadas. Análise modal é usada para
predição da 1·esposta da sala mostrando a variação espacial da ener-
gia sonora. Será discutida em primeiro lugar a resposta transiente
da sala, isto é, crescimento e caimento do campo sonoro difuso den·
tro de salas, freqüências características e densidade modal.

249
250 Capítulo 7 ACÚSTICA DE AMBIENTES FECHADOS

7.2 Crescimento da Intensidade Acústica


Se uma fonte opera continuamente em uma sala, somente a ab,.
sorção nas paredes e no ar permitirá um estado estacionário dentro
da sala. Nesta condição a energia emitida pela fonte é igual a ener-
gia absorvida pelas paredes e ar. Ps,ra salas pequenas a absorção
do ar é negligenciada, especiahnente em b~ixas freqüências.
O nível de intensidade acústica e seu crescimento até o estado
estacionário dentro de uma sala são controlados pela absorção das
paredes. Se a energia absorvida é grande, o estado estacionário
estabiliza-se rápidamente. Por outro lado, se a energia absorvida é.
pequena, o crescimento da intensidade é lento.
Considera-se dS o elemento de área da parede e dV o elemento
4e volu1ne no meio à distância r de dS (veja figura 7.1). Supondo-se
que a densidade de energia acústica dentro do elemento de volume
dV seja uniforme, a ene1·gia presente em dV será cdV. A área da
esfera de raio r circundante é 471'r 2 • A projeção da área em qualquer
ponte da esfera é dScosO; então a razão dScos0/411'r 2 representa a
fração de energia cm dV incidente em dS por transmissão direta.

SP

I\P
Figura 7.1: Elemento da área e volume

Portanto, ~E, parte da energia em dV que incide diretamente


em dS, é dada por:

ôE = ,: dV dS cos9 (7.1)
411'r2
Supondo que o volume dV = 21rr 2 se.n8d8dr é ag~ra UJll anel cir-
cular do campo sonoro uniforme (veja figura 7,1), então, ó.E para
o campo sonoro é dado por:
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 251

C::.E = -tdSdr
2- lof''' sen8 cosO d8 = --
,dSdr
4- (7.2)

Como o intervalo de tempo para chegada da energia é ~t == dr/e,


então a variação de energia sonora no tempo é dada por:

t::.E = tcdS = JdS (7.3)


t::.t 4
Portanto, a intensidade deste campo sonoro difuso incidente nas
paredes será:

I = ::.
4
(7.4)
Então, o valor da intensidade no campo fechado uniforme é 1/4
do valor encontrado no caso da onda plana ( ver equação 1.50).
Se 01, 02 1 03 ... são coeficientes de absorção (representam a taxa
de potência sonora absorvida em relação a incidente) dos diferen-
tes materiais com áreas S1, 82, Sa, ... no interior da sala, a taxa da
potência sonora absorvida total será:

(7.5)

e a potência absorvida pelas paredes igual a ccA/4. A equação


dife1-encial que governa o crescimento da potência sonora é então
dada por:

W =V~+ Act {7.6)


dt 4
onde
W energia gerada pela fonte
V~ crescimento de energia dentro da sala
A:t
energia absorvida nas paredes

A solução da equação 7 .6 é dada por:

€ = ~ (J _ e-(A,/4V)t) = <~ (J _ ,-(A,/4V)I) ( 7 .7 )

Usando a equação 7.4, a intensidade e a pressão acústica são


dadas respectivamente por:

J(t) = ~[! _ ,-(A,/<V)t] J~[J _ ,(-A,/4V)t]


(7.8)
252 - - - - - Capítulo 7 ACÚSTICA DE AMBIENTES FECHADOS

P'(t) = 4W pc [l _ ,-(A,/4V)I] = P;.,[l _ ,-(A,/4V)1] ( 7.g)


A
onde Pro, Iro, <ro são valores do estado estacionário (t > 4V/ac).

A expressão 4V/Ac é denominada constante de tempo. Se a ab-


sorção A é pequena, a constante de tempo é grande e precisa de
um período longo de tempo até que os valores P00 100 ou € 00 se
estabilizem.
Os resultados desta seção aplicam.. se só no caso de campo sonoro
com distribuição espacial uniforme, isto é, campo difuso ( na prática,
este campo pode ser gerado em câmara reverberante). A equação
7, 7 indica que a densidade de enel'gia final é uniforme e não depende
do volume ou da forma de sala, apresentando valores idênticos em
qualquer ponto dentro da sala. Eo:, só depende da absorção total
A. Os resultados não podem ser aplicados, por exemplo, no caso
de salas esféricas onde as ondas acústicas tendem a ser refletidas
ao centro do ambiente, não sendo mantido, portanto, campo difuso.
Portanto, para uma fonte gerando potência sonora W dentro de
uma câmara, onde a energia sonora gerada é distribuida uniforme-
mente no volume da câmara ( campo difuso), a relação entre pressão
acústica e potência sonora, no estado estacionário (t > 4V/Ac) , é
dada por:

w (7.10)

onde:
< P 2 > = P! é a pressão acústica média ( espacial e temporal)
quadrática.
A equação 7 .10 é usada para determinação da potência sonora
em câmaras reverberantes (ver seção 7.5.1) e pode ser escrita em
escala dB como:

A
NWS = NPS + !Olog( 4 ) (7.11)

7 .3 Decaimento da Intensidade Acústica


A equação dife1·encial formulada para representar o decaimento
da distribuição uniforme do campo sonoro difuso em salas é obtida
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 253

colocando W = O na equação do balanço de energia (equação 7.6).


Supondo que a fonte seja desligada em t =
O, a solução da equação
diferencial 7.6 é dada por:

e = eo e-(Ac:/4.V)t
onde:
to representa a densidade de energia em t = O

Similarmente, a intensidade I em qualquer tempo t é dada


por:

l = lo .-(A,/<V)• (7.12)
onde 10 é a intensidade incial em t = O.
A mudança no nível de intensidade é dada por:

ANl = 1OIoge -(A,/<V)• = -


.._. -1,087Act
-V--

A razão de decaimento D = t:J.~I , em dB por segundo, é dada


por:
D = l,087Ac (7.13)
-V-
De acordo com Sabine, o tempo de reverberação T é definido
como o tempo correspondente ao caimento do nível de intensidade
de 60 dB, então:

T = 60 55,2V 0,161V
-A- (7.14)
D ~
onde:
V é o volume (m3 )
A é a absorção total (m 2 ) dada pela equação 7.5
A figura 7 .2 mostra o crescimento e o decaimento do nível de
pressão sonora com o tempo.
A mudança no tempo de reverberação obtida numa sala inicial-
mente vazia e posteriormente com material adicional permite de-
terminar o coeficiente de absorção sonora do material adicionado.
Câmaras reverberantes, que satisfazem a condição de campo difuso,
são usadas para detm.·minação de coeficientes de absoÍ-ção dos ma-
teriais (ver capítulo 8). A equação 7.14 foi deduzida para campo
düuso (onde as reflexões durante o crescimento e decaimento do
254 - - - - - Capítulo 7 ACÚSTICA DE AMBIENTES FECHADOS

o Tempo (seg.) T
Figura 7.2: Crescimento e caimento do nível de pressão sonora

som, assint como a energia refletida, são suficientes para criar uma
distribuição de densidade de ene1·gia uniforme) não sendo aplicável
no caso em que o coeficiente de absorção é alto, isto é, quando o
tempo de reverbe1·ação é pequeno. Na equação 7.14, se o coeficiente
de absorção for n1aio1· do que 0.2 (20%), estar-se-á cometendo erros
na faixa de 10%. Portanto, neste caso o crescimento e o decaimento
do som devem ser tratados através de outras abordagens.
Uma aproximação para ambientes de alta absorção foi sugerido
por Eyring, que considera as múltiplas reflexões das paredes como
um grupo equivalente de fontes imagem. A energia acústica em
qualquer ponto consiste da acumulação de incrementos sucessivos
provenientes da fonte verdadeira, da reflexão simples (1 - ci)W, mais
a da segunda reflexão (1 - ci) 2 W ... etc. Portanto, o crescimento da
densidade de energia é:

4W [ 1 _ ezp[cS/n~V- o)tl] (7.15)


' = -cSln(1 - o)
A equação 7.15 é similar à equação 7.7 para salas reverberantes,
com a absorção total equivalente dada por:

A = -Sln(l - a) (7.16)

onde:
S é a área interna da supedicie da sala
Q é o coeficiente de abso1·c;ão médio dado por:

I:;a;S;
õ = -s- (7.17)
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 255

Note que para O<< 1, a equação 7.15 tende ao mesmo valor da


equação 1.1.

Similarmente, o decaimento da energia sonora é dado por:

e = c 0 exp [
cS/n(I -
4V
õ)t] (7.18)

onde a razão do decaimento em dB por segundo é:

l,087cS/n(I - õ)
D= (7.19)
V
Então, o tc1npo de reverberação é dado por:

T = 0,161V (7.20)
-S/n(I - a)
onde V é dado e1n m 3 e S em m 2•

Morris supõe que a densidade de energia é reduzida de ( 1 - 'a)


cada vez que há reflexão. Além disso, o caminho médio livre L~
definido como a distância média na qual o raio sonoro caminha
através do ar entre duas reftexõeS sucessivas é dado por ( verificada
experimentalmente e teoricamente):

L = 4V (7.21)
s
Então o número n de reflexões expe1·imentadas por um raio no
intervalo de tempo t é dado por:

ct Sct
n = - (7.22)
L 41'
Portanto, a densidade de energia decrescerá do valor inicial de
e:o para e: de acordo com:

(7.23)
Em geral, o temp9 de reverberação calculado pela equação 7 .20 é
menor do que o calculado pela equação 7 .14. Para O> 20%, o tempo
de reverberação medido tem melhor conco1·dância com a equação
7.20 do que com a equação 7.14.
256 - - - - - Capítulo 7 ACÚSTICA DE AMBIENTES FECHADOS

Outra aproximação é a de Millington e Sette, onde a absorção


total é dada por:

A = I:-S,ln(l - o,) (7.24)

o que leva a um tempo de reverberação dado por:

T = 0,161V (7.25)
I:, -S, ln(! - o;)
A equação 7.25, para salas absorventes, pode ser obtida da
equação da sala reverberante (equação7.14), substituindo-se o coe-
ficiente de absorção Oi por:

o; =-ln(l - o;) (7.26)


Quando se tem materiais de absorção com coeficientes de ab-
sorção em faixas mais altas, a equação 7 .25 fornece valores com me-
lhor precisão do que a equação 7.14 ou a 7.20 no cálculo do tempo
de reverberação.

O tempo de reverberação é uma característica importante da


sala. A absorção das paredes depende do campo sonoro dentro
da sala e do seu espectro. Portanto, salas projetadas para bai-
xas freqüências não tem boas características acústicas em altas
freqüências. A figura 7 .3 mostra o tempo ótimo de reverberação
para cada tipo de sala em função do volume, nas bandas de 1/1
~va para freqüencias centrais ~ 500Hz. Para as bandas de
25Q Hz e 125 Hz, o tempo de reverberação é obtido multiplicando
o valor da figura 7.3 por 1,14 e 1,48 respectivamente.

Escolher um tempo ótimo de reverberação de uma sala depende


do seu uso (sala de aula, de concerto, teatro, ..• ,etc). Os fatores que
determinam o tempo de reverberação são: volume, forma da sala
e tipo e distribuição dos materias de absorção. Para salas médias
e pequenas, usadas para escritórios, o tempo de reverberação pre-
ferido é de 0,5 segundos aproximadamente. Em geral, uma sala
de música deve ser mais reverberante do que uma sala de aula.
Um fator muito importante no projeto de um auditório é o efeito
da presença da audiência no tempo de reverberação. Como a ab-
sorção sonora média do corpo humano fica em to~n..? de A=~,...5 ~ 2
(ver equação 7.5), uma variação em número e pos1çao da aud1enc1a
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 2 5 1

produz muita variação no tempo de reverberação. Por exemplo, o


campo sonoro durante o ensaio em um auditório vazio é hem dife-
rente do que durante o concerto, com o auditório cheio. Isto deve-se
às absorções das pessoas e assentos.

o
o.
E
~
Volume (m 3 )
O 50 100 500 ooo sooop 10.000,0
Figura 7.3: Tempo ótimo de reverberação

7 .4 Absorção do Som no Ar
Na teoria desenvolvida até agora para o campo sonoro reverbe-
rante, foi considerado que a absorção da energia sonora pelo ar era
negligenciável. No entanto, a onda sonora perde energia durante a
sua propagação. Em particular a intensidade da onda decresce de
acordo com a seguinte equação :

(7.27)
onde m 2o é uma constante de atenuação do meio (o aqui é
258 - - - - - Capitulo 7 ACÚSTICA DE AMBIENTES FECHADOS

O coeficiente de absorção do ar), Para 20°C "' é dado aproximada-


mente por:

a = 85
u
•º / 2 lo-• por metro (7.28)

onde, u é a umidade relativa percentual (ver capítulo 6).

Valores mais precisos do coeficiente de absorção do ar foram


apresentados no capítulo anterior.
Durante um pe1·íodo t, a distância z = ct, então 1 = lo e-me,
Introduzindo a absorção do ar na equação 7.12, tem-se:

Então, o tempo de 1·everberação torna-se:

T = O, 161V (7.29)
A+ 4mV
O coeficiente de absorc;ão sonora do ar aumenta com a freqüência.
Portanto, deve-se considerar o efeito de absorção do ar para
freqüências aci1na de 2 kHz aproximadamente.

7 .5 Determinação de Potência Sonora


Vários 1nétodos são disponíveis para a medic;ão da potência sonora
de uma fonte de ruído. A escolha adequada depende de vários
fatores, incluindo o objetivo e precisão da medição, a natureza e
o tamanho da fonte, as ca1·acterísticas do campo sonoro irradiado
e a disponibilidade de câmaras acústicas. Não se tem aqui como
finalidade a desc1·ição de detalhes das várias normas nacionais ou
internacionais que existem para' determinação de potência sonora,
mas a apresentação dos p1·incípios básicos que regem cada método.

7.5.1 Medição em Campo Difuso (Câmaras


Reverberantes)
Todas as superticies de uma câmara de reverberação são feitas
tão duras e 1·eftetivas quanto possível, com coeficiente de absorção
1nédio das paredes de 6% no máximo, exceto abaixo da freqüência
/. = 2000/V 1i 3 (f1·eqüê11cia de Wate1"11ouoe) em que ê recomendável
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 259

aumentar o coeficiente até 16% no máximo para aumentar a lar-


gura dos modos acústicos devido a baixa densidade modal em bai-
xas freqüências (ver norma ISO 3471, 1988). As paredes de uma
câmara revei·berante são não paralelas (ver figura 7.4), o que cria
um pretenso campo difuso onde a energia sonora é uniformemente
distribuída no volume da câmara. No estado estacionário, a taxa
de emissão de energia sonora da fonte é absorvida nas paredes.

câmara Reverberante
de Forma lrreguiar -.

Isoladores de

...8.lif:~~=-=-~~~S~:J:J.~Vibrações

Figura 7.4; Vista de uma câmara reverberante

Para câmaras retangulares de volume em torno de 200 m 3 , é


recomendado (ANSI Sl.21, 1972 ou ISO 3471,1988) usar relações
entre largura/comprimento (L,/L,) e altura/comprimento (L,/L,)
conforme a tabela 7.1, ou uma relação de L~: Ly : L:i equivalente
a 1 : 2t : 4t para evitar concentração das ressonâncias acústicas
em faixas estreitas de freqüência.

L /L, 0,83 0,83 O, 79 0,68 0,70


0,47 0,65 0,63 0,42 0,59

Tabela 7.1: Relações de dimensões recomendadas para câmara

Também existe um volume mínimo recomendado dependendo da


freqüência de corte da câmara (ver tabela 7.2). Para uma câmara
de uso geral (por exemplo em centros de pesquisa e universidades) o
volume máximo deve ser 200 m3 para evitar o efeito de alta absorção
do som no ar nas altas freqüâncias.
Em câmara reverberante é possível determinar o coeficiente de
260 - - - - - Capítulo 7 ACÚSTICA DE AMBIENTES FECHADOS

absorção de materiais (ver capítulo 6) e a potência sonora de fontes,


pois o nível de pressão sonora, em qualquer direção ou posição den-
tro da câmara, é praticamente o mesmo. Estas câmaras são menos
dispendiosas de se construir do que as câmaras anecóicas e encon-
tram uso bem definido para investigações de ruído de máquinas e
absorção de materiais, além de serem usadas para investigação da
resposta de estruturas excitadas por campo sonoro reverberante.

Freqüência mínima Volume mínimo


125 Hz banda de oitava 200 (m3 )
100 Hz banda de 1/3 oitava 200 (m3 )
125 Hz banda de 1/3 oitava 150 (m")
160 Hz banda de 1/3 oitava 100 (m3 )
250 Hz banda de oitava 70 (mª)
200 Hz banda de 1/3 oitava 70 (m")

Tabela 7.2: Volume mínimo recomendado pela norma ISO 3740

A intensidade total na câmara é a soma da intensidade direta


dada pela equação 1.111, ruais a contribuição do campo reverbe-
rante dada pela equação 7.9, resultando:
< p2 > P 2 (0) + P;.,
pc pc pc
ou

< p2 > = W(-2!._ + !) (7.30)


pc 4irr2 A
A equação acima pode ser expressa em dB como:

NPS Q', + !)
= NWS + 10/og(·4irr A
(7.31)
onde:
ré a distância da fonte ao ponto de observação
Q, é o fator de diretividade
A é a constante da câmara S<i/(1 - <i)
S é a área total da superfície da câmara (m2 )
Q é o coeficiente de absorção médio da câmara

Para supert'icies altamente refletoras da câmara reverberante, õ


é muito pequeno , portanto A pode ser posto igual a Sei .
SAMIR N.Y. G E R G E B - - - - - - - - - - - - - - 261

Para o método de determinação de potência sonora em câmaras


reverberantes são tomadas precauções para garantir que o micro-
fone seja posicionado longe da fonte de ruído. Então:
Q, 4
41rr2 ~ A
e a equação 7.31 ficará:

4
NPS = NWS+IO/og(A) (7.32)
A constante da câmara A ~ Sõ pode ser calculada através da
medição do tempo de reverberação T e da aplicação da fórmula de
Sabine (equação 7.14) dada por:

T = O, 161 V (7.33)
A
Substituindo 7.33 em 7.32, tem-se:

NWS = N PS+ 10/og V - 10/og T '- 14


As normas ISO 3740 e ANSI S121 recomendam que os micro-
fones sejam posicionados a uma distância maior do que meio com-
primento de onda (~/2 = c/2!) das paredes da câmara. Assim Wa-
terhouse inclui um fator de. correção devido à energia não conside·
rada, próxima às paredes (1 + ~). A contribttlção da energia perto
das paredes foi investigada em detalhe por Marco A. Nabuco (ver
lista de referências bibliográficas). Incluindo o termo de correção
de Waterhouse, a equação acima será dada por:


NWS = NPS + 10/ogV - 10/ogT- 14 + 10/og(l + SV) (7.34)

A equação 7 .34 é usada para determinação da potência sonora,


onde:
N PS é o nível de pressão sonora médio dos sinais dos microfones
para cada banda de freqüência, calculado na forma abaixo:

NPS = 10/og [.2._ t10NPS,/10]


M t=t

A precisão da medida depende da uniformidade do campo difuso;


por isto usam-se vál'ias posicões da fonte e dos microfones. Cuidados
devem também ser tomados para evitar o efeito do campo direto.
262 - - - - - Capítulo 7 ACÚSTICA DE AMBIENTES FECHADOS

Uma das dificuldades na medição do tempo de reverberação é a


formação de uma configuração de ondas estacionárias com grande
variação entre pressões máxima e mínima. A colocação de su-
perficies refletoras ( difusores rotativos perto do centro da câmara
reverberante) diminuem os efeitos das ondas estacioniirias, O efeito
dos düusores é equivalente ao de se medir a pressão em um grande
número de pontos ou de se calcular o valor médio quadrático da
pressão sonora.

O tempo de reverbe1•ação pode ser medido usando um conjunto


formado por: medidor de nível de pressão sonora, filtros, registra-
dor de nível e uma fonte sono1·a.

A seguh· apresenta-se uma análise da resposta acústica da câmara


reve1·be1·ante e da distruibuic;ão estatística espacial da energia so-
nora uo seu inte1·io1· para maio1· entendimento do comportaJDento
do campo sonoro em tais câmaras. O objetivo é melhorar a precisão
das medições. As análises apresentadas a seguir foram desenvolvi-
das e publicadas no J. Sound and Vibration apartir de 1972 por
Gerges (ver lista de 1•eferências).

Resposta Acústica da Sala Excitada por Fontes Distribuidas


Quando uma fonte sonora, com distribuição de velocidade de vo-
lume q(z,y,z,t) m3 /s, é colocada em funcionamento em uma sala, a
equação düerencial da onda forçada, em coordenadas retangulares,
é dada por:

v• pz,y,z,
( t) 1 82 (
-;'iat2PZ,Y1Z,
t)
=p
{}q(:i:,y,z,t)
lJt (7.35)

onde:
p(z,y,z1 t) é a pressão sonora instantânea no ponto (z,y,z) da sala
p é a densidade do meio
e é a velocidade do som no meio
A resposta de uma sala devida a uma fonte de ruido é composta
de duas partes: pressão sonora de regime transitório e pressão so-
nora de 1·egime permanente.
A equação do movimento que corresponde ao estudo transitório
é a equação homogênea associada à 7.35, ou seja:
2 1 a•,,(.,, 11, •• t)
V p(z,y,z,t) - ;;. at• = O (7.36)
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 263

Neste n1odelo consideram-se as superficies da sala retangular


con10 sendo pe1·feitarnente 1·ígidas ( absorção das paredes nula, caso
aproximado da câmal'a reverhel'ante ). Isso significa que tem-se
como condições de contorno velocidade de partícula nula (normal
às paredes) nas paredes. Se a origem das coordenadas estiver em
um dos cantos da sala, que possui dimensões Lz, L,, e Ln então:
Uz=O para x=O e z=Lz
u, = O para y = O e y = L,
u., =
O para z =
O e z = Lz
onde:
U:i-, u 11 , Ui: são as velocidades das partículas nas direções x, y, z
1·espectivan1ente.

Supondo que p(x,y,z,t) seja uma função harmônica no tempo,

p(,:,y,z,t) = p(x,y,z)e•w• (7.37)


Substituindo a equação 7.37 na equação diferencial homogênea
7.36, tem-se:

w'
'v 2 p(x,y,z,t) + ~p(x,y,z,t) = O (7.38)

Como a velocidade de partícula é nula nas paredes;


~=O para x=O e z=L,
~ = O para y = O e y = L,
~ =O pa1·a z =O e z = Lz

já que Uz- ex *
etc .••
A solução da equação dife1·encial 7 .38 é conhecida e igual a:

p(x, y, z) = I;A 0 p0 (x, y, z) (7.39)

sendo

(7.40)

onde
An são coeficientes a dete1·minar
nz- 1 ny e n,., = 0 1 11 2 1 ... (tl'Ío de números n)
Tem-se ainda
264 - - - - - Capítulo 7 ACÚSTICA DE AMBIENTES FECHADOS

n,,r w,
"· T;
n,ir ~
"· T;
(7.41)

E então o número de onda é dado por:

(7.42)
onde:
k:r, ky e kz são os nú1ne1·os de onda correspondentes às freqüências
de ressonância ( ou naturais) da sala para um determinado modo
norn1al (n:r, ny e nz).
A freqüência de ressonância da sala é dada pelas equações 7.41 e
7.42, como:

(7.43)

para o modo (n:r, ny, nz).


As funções Pn(x,y,z) são conhecidas como ondas estacionárias e são
resultados das sucessivas reflexões das ondas sonoras nas seis pare-
des da sala.

As funções Pn, conforme a equação 7.40, são também chamadas


de funções características, e poSsuem a propriedade da ortogonali-
dade, ou seja:

fvPn(z,y,z)pm(z,y,z)dV = f para m=n (7.44)

fvPn(z,y,z)pm(z,y,z)dV = O para m#n (7.45)

onde
V = Lr Ly Lz = volume da sala
A = én:rényênz
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 265

to = 1; E1 = E2 = €3 = ..... =2
A equação 7 .39 mostra que o valor da pressão sonora será função
da posição de medição, bem como das freqüências normais da sala
ou do modos naturais que estarão sendo excitados.
Para determinar os coeficientes Àn da equação 7.39, que cor·
respondem às amplitudes das diversas ondas estacionárias que
compõem o campo sonoro p(z, y, z), pode-se escrever a equação não
homogê1;1ea 7 .35, considerando, como já foi visto, que a fonte sonora
é harmônica (excitação harmônica) no tempo, ou seja, com

q(z, y, z, t) = q(z, y, z) ,,~, (7.46)


q(z,y,z) pode ser desenvolvida em função dos Pn(z,y,z), o que só
é possível em vista dos 1nesmos formarem um conjwito completo e
ortogonal de soluções da equação 7 .38. Então

q(z,y,z) = }:BnPn(x,y,z) (7.47)

Da equação homogênea 7.36, sabe-se que:

v' 2p.(x,y,z) = -k~p.(x,y,z) (7.48)


e substituindo-se as equações 7.46, 7.47, 7.37 e 7.39 em 7.35,
tem·se:

L An (-k~ Pn(x,y,z)) + k2 L An Pn(x,y,z) = iwp }:B,. Pn(z,y,z)


n
(7.49)
ou

L [(k' - k!) An Pn(z, y, z)] = iwp L Bn Pn(z, y, z)

Utilizando-se as condições de ortogonalidade 7.44 e 7.45, tem-se:

A _ (iwpB,.) _ iwpifv q(z,y,z)p.(x,y,z)dV


n - (k 2 - k~) - (k2 - k~) (7.50)

Substituindo a equação 7 .50 na 7 .39, a pressão sonora ins-


tantânea no ponto (x,y,z) fica:
266 - - - - - Capítulo 7 ACÚSTICA DE AMBIENTES FECHADOS

p(z,y,z,t)
. .._.., [~ fv q(z,y,z)pn(z,y,z)dV] ·Pn(z,y,z)
= ,wp ~n (k2 _ k2)
,,w,
n
(7.51)
Se a sala for excitada por uma fonte na f1·eqüência de ressonância
""", a pressão sonora tende a um valor infinito. Isto ocorre em função
da sala não possuir amortecimento algum (absorção sonora nula).
Evidentemente, esta condição é impossível na prática e pode--
se, então, sem alterar substancialmente as freqüências naturais da
sala dadas por 7.43, considerar as paredes da sala como sendo quase
rígidas ou com amortecimento baixíssimo ( como será visto na última
seção deste capítulo).
Considerando que as paredes da sala possuem algum amorteci-
mento, o que pode ser representado por um termo de amorteci-
mento {3, então a pressão sonora é dada por

( . .._.., [~ fv q(x,y,z)p.,(x,y,z)dVJ Pn(z,y,z) iwl


t) -_ 1wpL- (
7 .52 )
pz,y,z, [ e
n k 2 - k~ - i2knf3(...._.
Lz
+ !.,.,.
L 11
+ <......)]
L.

Se a freqüência de excitação w for igual à freqüência de res·


sonância wn, a resposta não tende mais a infinito, como pode ser
visto na equação 7 .52.
Considerando un1a fonte de excitação tipo monopolo, que é uma
esfera pontual pulsante, com raio a bastante pequeno comparado
com o comprimento de onda (ver seção 4.3), tem-se:

ka «: 1 onde k = ~

A função de distribuição de velQcidade de volume de um mono..


polo pode ser escrita como:

q(z, y, z) = Qo6(,: - "o) 6(y - Yo) 6(z - zo) (7.53)


onde:
Qo é a velocidade de volume da fonte em m 3 /s
6(x - zo), 6(y - Yo) e 6(z - zo) são os funções delta de DIRAC
aplicadas em xo , Yo e zo respectivamente.
O problema se resume, então, em encontrar o resultado da inte-
gração entre as chaves do numerador na equação 7.52, como segue:
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __..:..__ 267

f q(x,y,z)pn(x,y,z)dV =
Jv J.L, J.L' J.L, Qo6(x -
0 0 0
xo)

6(y - Yo)6(z - zo)Pn(x,y,z)dzdydx

Substituindo Pn da equa<_;ão 7.40 e resolvendo a integração, tem·


se:

f q(x,y,z)pn(x,y,z)dV = Qocos(L' .. x 0 )cos(" .. y0 )cos(' .. zo)


Jv :c L 11 L1
(7.54)
e a pressão sonora é dada pelas equações 7.54 e 7.51 (ou equação
7.52).

Para um dipolo, que é formado por dois monopolos próximos


un1 do outro e pulsando fora de fase, a distribuição de velocidade
de volwne da fonte será do tipo:

q(x, y, z) = Q,6[x - (x 0 - ti.x/2)]6[y - (Yo - ti.y/2)]6[z - (zo - ti.z/2)]

- Q,6[x - (xo + ti.x/2)]6[y- (Yo + ti.y/2)]6[z - (zo + ti.z/2)] (7.55)


onde:
Qd é a velocidade de volume do dipolo en1 m 3 /s
(zo, Yo, zo) é a posição do dipolo
ilx , liy , liz são as distâncias entre os dois n1onopolos e são
muito pequenas c1n relação ao raio de cada monopolo.
Então a pressão sonora da resposta da sala é dada pelas equações
7.55 e 7.51 (ou equação 7.52).
A formulação aciina per1nite estin1ar a resposta da sala retangu-
lar excitada por u1n conjwito de fontes de ordem superior ( dipolo,
quadripolo, .. etc).
No próximo {tem é apresentada uma análise sobre a variação
espacial estatística da ene1·gia sonora em câmara revei·berante e são
feitas recomendações sobre a p1·ecisão na determinação da potênc.ia
sono1·a de uma fonte.

Variação Estatística do Ruído e1n Cântara Reve1·berante


Desenvolve-se nesta seção um modelo matemático pa1·a a câ111ai·a
reverberante, que per1nith·á um 1nelhor entendimento das condições
268 - - - - - Capítulo 7 ACÚSTICA DE AMBIENTES FECHADOS

nas quais a potência sonora medida em uma câmara reverberante é


igual àquela medida no campo livre.
Considera.se a câmara reverberante retangular (mostrada na fi.
gura 7.5) de dimensões Lz, Ly, e Lz com paredes de condutância
específica /J pequena.
A pressão sonora p(x,y,z,t) produzida no ponto (x,y,z) por uma
fonte de ruído situada em (xo, Yo, zo) é dada pela equação 7.52 como:

( ) = iwpeiwt Ap.(x,y, z) J q(x, y, z)p0 (x, y, z) dV


px,y,z,t V
[k2 - k;{ - 2ik.fJ(!..a..
Li:
+!..o..+=)]
Lv L.
(7.56)
onde:
w é a freqüência angular da fonte (rad/s)
k é o número de onda acústica (k =
w/c)
kn é o número de onda da câmara

Pn é a função característica da câmar

p0 (x,y,z) = cos(k,x)cos(k.y)cos(k,z)

nr, ny e n: são os nún1cros dos modos da câmara


A é o fator normalizado

Co = 1 e l"n = 2 para n > O


e q é o termo da fonte (fluxo de volume).

Grande parte da energia acústica é dissipada nos contornos da


câm.ara reverberante, especialmente em baixas freqüências, onde
pode ser desprezada a absorção do ar. No estado estacionário, a
potência acústica média temporal < W > emitida pela forite é igual
àquela absorvida pelas paredes da câmara:

<W>= jpp•/JdA (7.57)


2pc
onde p• é o complexo conjugado de p.
A integração na expressão 7 .57 é feita sobre todas as superficies
da câmara (seis paredes).
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 269

Substituindo-se a expressão 7.56 na 7.57, os resultados obtidos


por Gerges mostram que, a potência sonora irradiada por uma fonte
sonora tipo monopolo (uma pequena esfera pulsante, ver figura 7.6),
quando obtida a partir da média dos valores referentes a divenas
posições da fonte no interior da câmara, apresenta valor igual ao
obtido em campo livre. Os mesmos resultados foram obtidos para
uma fonte tipo dipolo pontual (ver figura 7.6), para uma fonte tipo
quadripolo (ver figura 7.6) e para uma fonte unidimensional, tal
como uma barra vibrando transversalmente.
Portanto, é possível concluir que, para qualquer tipo de fonte
sonora, resultados precisos da potência sonora podem ser obtidos
efetuando a média da potência emitida em tantas posições quanto
possíveis no interior da câmara reverberante.
O desvio padrão espacial normalizado correspondente, u, para
cada tipo de fonte sonora, é o seguinte:

1. Fonte Sonora Monopolo

(T = (7.58)

onde:
/ é a freqüência da fonte em Hz
V é o volume da câmara reverberante em m3
T é o tempo de reverberação em segundos

2, Fonte Tipo Dipolo Pontual

1680 [T
"= -- -(! 16
- -(sen 4 8cos 2 ;sen 2 ; + cos 28sen 2 8))]
1 2
1 (7.59)
/ V 9
onde 9 e ,j, são os ângulos de azimute e o ângulo axial do dipolo,
respectivamente, em coordenadas esféricas.
Um valor mínimo para " é obtido para um dipolo obliquo com a
seguinte direção : 8 = tag -,V2 e ; = ,r/4, e é dado por:

. _ !070(I:)1/2
Um,n - f V (7.60)

Este valor minimo é devido ao alto número de modos oblíquos


sendo excitados; D'min é sempre maior que zero.
270 - - - - - Capítulo 7 ACÚSTICA DE AMBIENTES FECHADOS

Um valor máximo para o desvio padrão normalizado é obtido


para a seguinte direção do dipolo: 8 = O ( um dipolo que vibra
paralelo às paredes da câmara), e é dado por:

_ 1680(!_)1/2
<Tma• - f V (7.61)

Este valor máximo é devido à orientação paralela ao canto da sala


e também à proximidade das paredes (um dipolo que vibra para-
lelamente e próximo a uma superficie rígida, irradia mais potência
que aquele no campo livre, devido ao campo de interferência cons~
trutivo). A razão entre <Tma~ e O'min, com respeito à orientação do
dipolo, é:

O'ma:r: = 1, 57
Umtn

3. Fonte Tipo Quadripolo Lateral

<T = f1818 [T
V (sen4 2q, + cos 4 24> - 92 sen 2 2q,cos22q,) l
1/2
(7.62)

para um quadripolo em um plano paralelo ao plano z, a um


ângulo tp com o eixo z.
O caso geral de orientação do quadrupolo oblíquo é de solução
muito complexa, portanto, não é possível se obter um valor limite
mínimo para u.

4. Uma Barra Cilíndl'ica Vibrando Transversalmente

.,. = 95,5 [ TL 10 sen 2 8cos 2 8) ] '' 2


V/(1 - 9 (7.63)

onde:
8 é o ângulo do plano de vibração
z é o plano de vibração da bai·ra
L é o comprimento da barra (igual ao comprimento da câmara)
Neste caso, a razão UmH/Umin = 1,34
Uma análise feita para o caso de uma barra cilíndrica pulsando
radialmente e vibrando axialmente, mostra que;

.,. = 77 78(TL)1/2 (7.64)


' JV
SAMIR N. Y. G E R G E B - - - - - - - - - - - - - - 271

A mais significante conclusão que pode ser deduzida desse


modelo de estudo (ver as equações 7.58,7.59,7.62,7.63 e 7.64) é que,
o menor desvio padrão u possível ( conseqüentemente, maior confia-
bilidade da medição da potência acústica irradiada com a posição da
fonte) pode ser obtido se o lóbulo maior da diretividade da fonte for
orientado não paralelamente a qualquer parede ou canto da câmara
reverberante. També1n, O' é menor para câmaras de volwne maior,
nas altas freqüências, e para câmara com tempo de reverberação
baixo (ou alta absorção). Isso explica porque a norma ISO 3741 es-
pecifica valores altos de absorção para baixas freqüências (o= 16%).
Usualmente, obtém-se pouca precisão na potência so-
nora medida en1 baixas freqüências. Isso porque poucos modos
da câmara são excitados e a variação do nível de pressão sonora
com a posição da fonte, ou com a posição do microfone, é grande.
A potência sonora medida em baixas freqüências é sempre menor
do que a medida em campo livre (câmara anecóica).

Conclusões
A determinação precisa da potência irradiada por u1na fonte numa
câmara reverberante pode ser obtida se:
1. O volume da câma1·a for grande e esta tiver forma irregular
(paredes não paralelas e de diferentes tamanhos);
2. Um grande nú1nero de posições pa1·a a fonte e para o microfone
fore1n usados, especialmente e1n baixas freqüências para tons
puros;
3. A câmara tiver um tempo de reverberação baixo (maior ab-
sorção ) em baixas freqüências;
4. O lóbulo de diretividade da fonte não for paralelo a qualquer
parede ou canto;
5. Difusores estacioná1·ios ou 1·otativos forem usados. Com difu-
sores rotativos a variação da p1·essão média quad1·ática pode
sei· 10 (dez) vezes meno1· do que a obtida com difusores esta-
cionários;
6. Forem usados fatores de co1·1·ec;ão de Waterhouse (ou de Na-
buco).
272 - - - - - Capítulo 7 ACÚSTICA DE AMBIENTES FECHADOS

I Y,; Máquina
1 / sob Teste

,/J L ~ - -
,/

Lx ,1

Figura 7 .5: Modelo de câmara reverberante

a) Fonte Sororo Tipo Monopolo


Os

b) Fonte Sonoro Tipo Dipolo

Diretividade

e) Fonte Sonoro Tipo Quodripolo

Figura 7.6: Modelos de Contes sonoras


SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 273

7.5.2 Medição em Campo Semi-Reverberante


Na prática, a maiora das medições de ruído é feita em câmaras
que são nem anecóicas nem reverberantes, mas algo intermediário,
como por exemplo: ambientes de fábricas, escrit6rios, ... etc. Isso
torna dificil a definição da posição adequada dos microfones e fonte.
Entretanto, visando o conforto acústico e a proteção da audição, as
medições devem simplesmente ser tomadas na posição normal dos
ouvidos. Néste caso, as reflexões são parte do campo sonoro que se
deseja medir,
Existem diferentes campos acústicos definidos em relação à
distância da fonte. Se as medições forem feitas muito próximas
da fonte, o nível de pressão sonora pode variar significativamente
com uma pequena mudança de posição. Esta situação ocorre
a distâncias t, que definem uma região de pontos denominada
CAMPO PRÓXIMO;

t < comprimento de onda ou 2 x (maior dimensão da fonte)


Como foi demonstrado no capítulo 1, para distâncias próximas
de zero entre a fonte e o ponto de medição, a pressão acústica e
velocidade da partícula estão fora de fase; então não existe energia
sonora propagando·se mas apenas ar vibrando. Além disso, perto
da fonte o mapa da energia acústica é complicado, isto é, existe
troca de energia local entre regiões (perto da superficie da fonte),
além do que em alguns casos, existe fluxo de ar e variação de tempe·
ratura. Consequentemente, no campo próximo existe uma grande
variação no nível de pressão sonora. Portanto, para uma distância
i, tem.se campo próximo e as medições nessa região devem ser evi·
tadas, se possível.

A uma grande distância da máquina existe o campo acústico


denominado CAMPO REVERBERANTE; nesta região as reflexões
das paredes e outros objetos podem ser tão fortes quanto o som
direto.
Entre os campos reverberante e o próximo, existe o campo quase-
livre, observando.se neste campo que o nível cai 6 dB para cada
duplicação de distância a partir da fonte. A figura 7. 7 mostra os
vários campos.
Muitas vezes é necessário medir a potência sonora de maQ.uinasjá
instaladas em ambientes de fábricas ou oficinas. Nestes casos usa.se
o método de comparação no qual se emprega uma fonte de potência
274 - - - - - Capítulo 7 ACÚSTICA DE AMBIENTES FECHADOS

sonora calibrada com valores de níveis de potência (NWSref)


conhecidos. Esta fonte de refei·ência é colocada na posição mais
próxin1a possível da n1áquina e o nível de pressão sonora (N PSreJ)
é então medido em vários pontos no ambiente, a distâncias cor-
respondentes a campo livre ( ver figura 7. 7). A seguir repete-se a
medição com a própria 1náquina (NPSmaq), As diferenças determi-
nadas entre os níveis de potência sonora se1·ão iguais às diferenças
dos níveis de pressão sonora; assim a potência sonora da máquina
pode ser determinada por:

NWSmaq = NWS..1 - (N PS..1 - N PSm.,) (7.65)

Alé1n dos erros já citados que podem ocorrer na determinação


da potência sonora de uma fonte, há ainda um devido ao fato do
campo não ser perfeitamente reverberante; tal erro pode levar a se
ter flutuações de até 4 dB. A medição na distância correta da fonte é
importante, para evitar os efeitos da dll·etividade, tanto da máquina
quanto da fonte de referência, lembrando que as duas diretividades
nunca são iguais. Por isso, a fonte de referência é fabricada para
ter diretividade o mais uniforme possível (onidirecional).

7.5.3 Medição em Campo Livre (Câmaras Anecóicas)


Este método garante que somente o ruído emitido pela fonte é
medido, sem reflexões. As medições deverão ser feitas em uma
câm.ara anecóica. Em uma câma1·a anecóica, todas as patedes, o
teto e o chão, são revestidos com um material altamente absorvente
(o::::: 99, 99%) para eliminação das reflexões (ver figura 7.8). Assim,
o nível de pressão son01·a, em qualquer direção a partir da fonte de
ruído, pode ser medido sem a presença de reflexões interferentes.
A medição em câmara anecóica é necessária quando a fonte possui
fo1·tes componentes de freqüências discretas, ou quando é necessário
determinar a diretividade da fonte.
Geralmente, a câmara tem forma cúbica e comprimento maior
que duas vezes o comprimento da onda de freqüência mais baixa.
O número de pontos de medição necessário para permitir uma
avaliação precisa dependerá bastante da distribuição do ruído irra·
diado pela fonte.
Considere.se uma superfície que contenha a fonte dividida em N
áreas Si(i = 1,2,3, .. ,N). A soma das potências passando por cada
área fornece a potência sonora total emitida;
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 275

Reflexões

Direto

- - - - - - ---,

Campo
Ireverberante
ou
lsemi-rever-
i berante

1c P . 1
I ompo rox~~po Remo~~-I
1
1 1
1

1
.L,--------~1
jOistârx:ia do
r--------------i Fonte Sonora I
'-------'------~----~~(~=co~gl_,

Figura 7.7: Distribuição do i:ampo sonoro em salas


276 - - - - - Capítulo 7 ACÚSTICA DE AMBIENTES FECHADOS

W= tP;S, (7.66)
i=l pc
onde:
Pi e Si são as pressões acústicas e as áreas dos elementos, res-
pectivamente.
N é o número de pontos de medição cll·cundando a fonte, toma·
dos no centro de cada elemento da área. ·
Câmaras anecóicas são usadas para medição de diretividade de
fontes sonoras, alén1 de medição de absorção de materiais, excitação
de estruturas com campo sonoro livre, calibração de microfones e
curvas de resposta de caixas acústicas.

Os dados são normalmente obtidos em bandas de 1/1 oitava ou


de 1/3 de oitava.

Há três tipos de erros associados à medição em câmara anec6ica:

(i) O erro de medição no campo próximo, onde a pressão sonora


e a velocidade de partícula podem não estar em fase, não ha-
vendo nenhuma relação simples entre a energia acústica e a
pressão sonora medida. A tabela 7 .3 mostra os valores mínimos
de r f (onde r é a distância do centro da fonte até o ponto d~
medição e f é a freqüência).
Portanto, por exemplo, para a banda de oitava de f =125 Hz e
para erros iguais ou menores do que 1 dB, a distância r mínima
tem que ser maior que O,Sm, para um dipolo, e 2,0m para um
quadripolo.

Tipo de fonte r f(m/seg) Erro (dB)


Dipolo > 50 :5 3
Dipolo > 100 :5 1
Quadripolo > 1~0 :5 3
Quadripolo > 250 <1

Tabela 7.3: Freqüência x Distância

(ii) O erro de amostras discretas para o cálculo da média


. quadrática da pressão, onde uma série ~e pontos discret'?s (m~-
didos no centro de cada elemento de area da superfic1e) sao
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 2 7 7

usados, ao invés da integração contínua. Este erro é menor


que 1 dB para fonte dipolo ou quadripolo, mas pode chegar
até 2 dll para outros tipos de fontes complexas.
(iii) Outros erros devidos a: calibração dos equipamentos, leitura,
ruído elétrico, .. , etc, que não serão discutidos aqui.

Câmaras semi anecóicas especiais são usadas para medições de


ruído e desenvolvimento de produtos, tais como: computadores,
revestimentes acústicos de automóveis , ... etc. (ver figura 7.9).

Figura 7 .8: Vista de uma câmara anecóica

7.6 Redução de Ruído por Absorção


Em ambientes inte1·nos, dois campos sonoros são produzidos por
uma fonte: um é o campo sonoro direto divergindo da fonte e o
outro é o campo sonoro reverberante.
A pressão média quad1·ática produzida pelo campo direto, su..
pondo que a 1·adiação é uniforme, é dada pela equação 7.30;

<PJ> :
pc
I : WQ,
4,rr2
278 _ _ _ _ _ Capítulo 7 ACÚSTICA DE AMBIENTES FECHADOS

Figura 7.9: Câmara semi anecóica típica


SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 279

onde r é a distância entl'e o centro da fonte e a posição do ponto


de medição.

O campo sonoro reverberante é associado com as reflexões das


paredes; a p1·essão média quadrática produzida no campo difuso
reverberante (veja equação 7.30) é dada por:

F _ 4pcW,
< ,.o>- A

Portanto, a pressão média quadrática total é dada por:


- - - Q, 4
< p2 >=<PJ> + < P,'., > = pcW(4n2 + A)
Conseqüentemente, a relação entre o nível de potência sonora
NWS de uma fonte e o nível de pressão sonora N PS gerado por
esta a uma distância r em uma sala, pode ser escrita como:
Q, 4
NPS - NWS = 10109( 4 ,,.r, + A)
onde A é absorção total da sala dada por: A :::::; cxS, sendo a o coe-
ficiente de absorção médio das supel'ficies (ver apêndices III,IV,V e
VI) e S a área da superficie da sala. A figura 7.10 mostra a variação
de (N PS- NWS) com -i:- para vái·ios valores de A (em m 2 ).
yQ,
Quando Q,2 <: A/4, o efeito da absorção dos materiais adicionados
nas paredes tem pouca influência no nível de pressão sonora ( caso
do operário da máquina na figura 7.11).
Quando 4Q: 2 » A/4, o nível de pressão sonora reduz-se de 3 dB
para cada duplicação da absorção total A ( caso do supervisor na
figura 7.11).

Por exemplo, um tl'abalhador na frente de uma máquina rui-


dosa recebe o campo dh·eto Pd. O aumento da absorção tem pouca
influência no N PS que ele recebe. No entanto, o trabalhador mais
afastado da máquina 1·ecebe o campo revei·be1·ante P,.ev, onde o N PS
reduz-se de 3 dB pa1·a cada duplicação da absorção. Portanto, deve
ser tomado cuidado na tentativa de atenuação de ruido através da
simples colocação de materiais absorventes dentro de an1bientes in~
dustriais.
Em ambientes industriais, a redução do N PS do campo rever-
berante ( campo afastado das fontes) pode ser conseguida usando
280 - - - - - Capítulo 7 .4CÚSTICA DE AMBIENTES FECHADOS

o
-5
-10

-15

:3 -2
(fJ
,:: -25
z
1
(fJ
n.
z

Figura 7.10: NWS e N PS Jentro de salas

'
Figura 7.11: Efeito da absorção
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 281

Figura 7.12: Exemplo típico de uso de materiais absorventes suspensos


SONEX da Ilbruck Industrial Lida.
282 - - - - - Capítulo 7 ACÚSTICA DE AMBIENTES FECHADOS

matel'iais absorventes nas pa.l'edcs e/ou suspensos en1 ambientes


(ver figura 7.11 e 7.12). Uma redução de 3dB é obtida dobrando
a área revestida S ou o coeficiente de absorção. O N PS no campo
próximo sofre pouca atenuação pelo revestimento, pois seu valor é
fortemente determinado pelo campo direto.

Note que a adição de absorção num ambiente n1elhora


suas características acústicas internas tais como, redução da re-
verberação e au1nento da inteligibilidade, que são fatores ligados à
qualidade do som e sua distribuição cm salas.
Quando duas pessoas conversan1 perto uma da outra a influência
da sala é irrelevante, porque cada unia recebe o campo dh-eto. No
entanto, quando N pessoas estão conversando em grupos separados
(e1n restaurante ou festa), a pressão acústica do campo reve1·berante
(ruído de fundo) aumentará de 10/og N e a conversação fica mais
difícil pelo aumento do ruído de fundo. Portanto, cada um vai
tentar falar mais alto e conscqüente1nente o ruído de fundo aumenta
e a intelegibilidade diminui. Este fenômeno é chamado EFEITO
COQUETEL.
Barreiras e divisores são tão efetivos dentro de ambientes in-
ternos quanto externos. Barreiras usadas em a1nbientes internos
poden1 atingir a n1esn1a atenuação de barreiras externas. Nos am-
bientes internos as barreiras devem sei· 1·evestidas co1n materiais de
absorção no lado da fonte, incluindo as bo1·das. O revestin1ento das
bordas te1n por objetivo atenuar a pacela da energia sono1·a dobrada
por difração (ver figura 7.13). Bal'l·eiras em campos difusos não são
efetivas.

7. 7 Freqüências Características e Densidade


Modal
7.7.1 Salas Retangulares
A teoria de geo1netl'ia ou raio acústico é inadequada pa1·a estudar o
comportamento acústico de salas porque tal teoria considera valores
médios e ignora as freqüências características das salas. A mais
adequada é a teoria da análise 1nodal (ondas acústicas), onde uma
sala pode ser tratada co1no um ressonador complexo tendo
vál·ios modos acústicos, cada um co1n sua freqüência característica
de ressonância livre e amo1·teci1ncnto.
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 283

Figura 7.13: Biombo de fabricação Acústica São Luiz

A expressão para uma onda plana dentro de uma sala retangular


com dhnensões L:r, Ly, L, é dada por:

[! = Af'(wt-k:c:r-k 1111-k~z) (7.67)


que satisfaz a equação da onda sonora

2 1 ª'!!.
'v !!. = ;;, ât 2 (7.68)

As constantes k:t, ky e kz são dadas por:

k = ~ = (k; + k; + k;) 112 (7.69)

onde k:r/k, k11 /k e k,/k representam as direções da onda em


relação aos eixos x, y e z.
Em geral tem-se oit~ ondas, sin1ultaneamente, na equação 7.67,
com todas as combinações pos,síveis dos sinais de z, y e z.
Então, a equação geral da pressão dentro de unia sala é a soma
das oito ondas planas, dada por:

e= A cos(k,x) cos(k,y) cos(k,z) e•w• (7.70)


284 - - - - - Capítulo 7 ACÚSTICA DE AMBIENTES FECHADOS

As condições de contorno para a sala retangular com paredes


rígidas ( absorção ze1·0) são velocidades de partícula nulas nas pare-
des, isto é:

u O para z = O e :r = L.

O para y =O e z = L, (7.71)

w =- l
iwp ~
Ôf!.
=O para z = O e :r = L,
Substituindo-se 7, 70 em 7. 71, tem-se:

sen(k,L,) = sen(k,L,) = sen(k,L,) O

ou

k, = O, 1,2,3, .....
4n.:i:1r onde nz

ny11' onde ny == 0, 1, 2, 3, ..... (7.72)


T;
n,,r
k, = L, onde n, = 0,1,2,3, .....

Portanto, a freqüência característica de cada modo acústico .tem


três componentes, sendo dada por:

f = ::!....
2,r
= '2:_ (7.73)

A equação 7. 70 é a expressão geral para a onda estacionária


em qualquer ponto (x,y,z) produzida em uma sala retangular com
paredes 1·ígidas.
Quando n 11 =
nll ::: O, a equação 7. 70 se torna igual a equação da
o_nda plana em um tubo com terminações rígidas em x = O e z = Lz,

As ondas estacionárias em salas retangulares são de três tipos:


1. Grupo de ondas axiais onde dois dos n são zeros; a onda se
move paralela ao eixo x ou y ou z.
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 2 8 5

2. Grupo de ondas tangenciais para as quais um dos n é zero;


estas se movem paralelas a um plano (xy ou yz ou zx).
3. Grupo de ondas oblíquas para as quais nenhum n é zero; a
onda se move nas três direções (x, y e z).

A tabela 7.4 mostra os resultados obtidos para uma sala com


dimensões 7 x 4,5 x 2,5 m em termos das primeiras dez freqüências
de ressonância da sala e os modos associados a estas.

1,0,0Modo

[n.
1
I n ~ I n ' I f (Hz) 1
o o 24,5
2,1,0 Modo

o 1 o 38,1
1 1 o 45,3
2 o o 49,0
2 1 o 62,1
o o 1 68,6
1 o 1 72,8
3 o o 73,5
o 2 o 76,2
o 1 1 78,5

Tabela 7.4: Freqüências e modos de ressonância para sala de 7x4,5x2,5 m

O conhecimento das freqüências caractedsticas de uma sala


é essencial para o entendimento completo das suas propriedades
acústicas, já que ela age como um ressonador e responde forte-
mente naqueles sons compostos com freqüências iguais ou próximas
das freqüências ca1·acterísticas. Por exemplo, a tabela 7.4 mostra
dois modos dife1·e11tes, (1,0,1) e (3,0,0), que tem freqüências carac-
286 - - - - - Capítulo 7 ACÚSTICA DE AMBIENTES FECHADOS

ter!sticas próximas. Portanto, essa sala particular responde forte-


mente em sons com bandas de freqüências entre 72 e 7 4 Hz.

A equação 7.70 indica que a amplitude da pressão sonora de to-


das as ondas em uma sala retangular terá um máximo no canto da
sala. Portanto, se a fonte estiver no canto, será possível excitar
todos os modos em sua extensão completa. E também, se o micro-.
fone estiver no canto, estar-se-á medindo os picos de pressão sonora
de todos os 1nodos excitados. Em contraste, se a fonte estiver na
posição de pressão nula, esse modo não será excitado; por exemplo,
se um alto-falante é posicionado no centro de uma sala retangular,·
somente alguns dos modos serão excitados (modos que têm ns, n,
ou n, = par).
Um campo sonoro típico gm•ado por um alto-falante localizado
em um canto de uma sala retangular e medido por um microfone
localizado no canto diagonalmente oposto, é mostrado na figura
T.14. Neste caso a sala foi excitada com tons puros com variação
lenta da freqüência de 20 Hz até 100 Hz. Os picos indicam as
freqüências de 1·essonância da sala.

40~~~~~~~~~~~~~-~~~

1
:~'r--,il--------1
O 20
ll~=r~~.-H+-IIH,~~=~:,
.,----IIH-Hll1

40 60 80 100 120 140


Freqüência {Hz)

Figura 7.14: Resposta típica de sala nas baixas freqüências

A equação 7. 73 indica que cada freqüência de ressonância/ pode


ser considerada como um vetor no espaço de freqüências com com-
ponentes n.c/2L., n,c/2L, e n,c/2L, (veja figura 7.15).
Cada ponto no diag1·ama do espaço de freqüências (ver
figura7.15) representa um modo característ~co d~ sala. Por!~?•
pode-se obte1· o número N de modos normais abaixo da frequenC18
/ através de:
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 287

Figura 7.15: Distribuição de freqüências

volume de um oitavo de esfera de raio f


N
volume de um bloco retangular (c/2L,, c/2L, ec/2L,)
ou

N = 4;; 1> (7.74)


Aplicando a equação 7.74, o número de modos abaixo de
78,5 Hz, na mesma sala da tabela 7.4, é N :: 3, 9 modos.
Portanto, N calculado pela equação 7.74 é menor do que aquele
mostrado na tabela 7.4; a equação 7. 74 fornece, assim, um erro
considerável.
Assim, na forma mais correta da equação 7.74, deve-se também
considerar os modos tangenciais ( em qualquer plano) e os modos
axiais ( em qualquer eixo), e então:

N 4irVf3 irS/ 2 L
= 3c3 + 4c 2 + s;,f (7.75)
288 - - - - - Capitulo 7 ACÚSTICA DE AMBIENTES FECHADOS

Sé a á,,ea da superfície das paredes, S = 2(L,Ly + L,L, + L,L,)


L é a soma dos comprimentos das arestas da sala, L = 4(L, +
L, + L,)

Considerando, então, o exemplo anterior, a equação 7.75 fornece


N = 10, que é o mesmo valor encontrado na tabela 7.4.
Na equação 7.74 são considerados somente os modos obliquos,
mas na equação 7.75 são considerados todos os tipos de modos
(obliquos, tangenciais e axiais).
Um parâmetro útil é o número de modos normais AN que há
dentro de uma banda A/ com freqüência central/. A derivação da
equação 7. 7 5 fornece:

(7.76)

A equação 7.76 indica que dN/df é proporcional ao volume V e


ao quadrado da freqüência centi-al (/ 2 ) da banda. Portanto, a dis-
tribuição mais aleatória do campo sonoro pode ser obtida nas altas
freqüências, em salas grandes e bandas largas. Então, a equação
7.14 é mais adequada nas altas freqüências e para salas grandes,
onde a energia sonora dentro da câmara é mais distribuida (campo
sonoro düuso ).
Nas salas cúbicas, a distribuição do campo sonoro é menos uni-
forme do que nas salas retangulares, por ter valores iguais de
freqüências de ressonância para modos düerentes. Nas salas não
uniformes ( com paredes não paralelas), a distribuição do campo so·
noro é mais aleatória, ou o campo é difuso. Por isso, é recomendado
que as paredes das câmaras reverberantes não sejam paralelas.

7. 7 .2 Salas Cilíndricas
Na seção 7.7.1 foi analisado o caso das~ retangular. Em algun•
casos especiais, entretanto, como por exemplo o interior de um
avião ou submarino, corpos cilíndricos de máquinas, dutoa de ar
condicionado, .... etc, tem.. se forma cilíndrica.
As equações: do número de modos 7. 75, da densidade modal 7, 76
e do tempo de reverberação 7.14, são válidas, mas fica di.ticil definir
08 tipos de modos, tais como modos axiais, tangenciais e oblíquos,
para formas não retangulares.
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 2 8 9

Pal'a u1na sala cilíndrica com raio a e comprimento i, a solução


da equação da onda em coo1·denadas cilíndricas é dada por:

(7.77)
onde Jm é a função de Bessel de Ol'dem m
As condições de conto1·no de velocidade da partícula nula nas
superícies sã.o:

w,i
= n:11"

onde os valores de Omn são dados na tabela 7.5


O'mo ::::::: m/1r pa1·a m > 1
Omn ::::::: n + O, 5m + O, 25 para n > 1 e n ~ m

m n=O n = 1 n-2 n-3 n-4


o 0,0000 1,2107 2,2331 .3,2303 4,2411
1 0,5861 1,6970 2,7140 3,7261 4,7312
2 0.9722 2,1346 3,1734 4,1923 5,2036
3 1,3373 2,5513 3,6115 4,6428 5,6624
4 1,6926 2,9547 4,0368 5,0815 6,1103

Tabela 7.5: Valores de Omn

Portanto, as freqüências de ressonância da sala cilíndrica são:

w., = ("'~"'e) n., = 0,1,2,

Wr

Então:

1 = !'.2 i + a [c.'!!J' c~i']''' (7.78)


A f1·eqüência do 1nodo fundamental da sala cilíndrica é dada por:
290 - - - - - Capítulo 7 ACÚSTICA DE AMBIENTES FECHADOS

f = ~ 0,5861 = l,84c ( 7 .79)


2 a 2,ra
Abaixo desta freqüência, somente ondas planas podem propagar
no meio cilíndrico.

Os três tipos de ondas em salas cilíndricas são:


1. A onda axial z, onde m n = =
O; há propagação na direção
paralela ao eixo z;
=
2. A onda radial, onde nl: n1 = O; há propagação radial;
3. A onda tangencial, onde n.l = n = O; há propagação próxima à
parede curva.

As ondas radiais são pouco absorvidas pelos materiais nas pare-


des curvas e as ondas z.axiais são fortemente absorvidas.

U1na análise aprofundada com respeito ao número de modos e à


densidade n1odal da sala cilíndrica, demonstra que:

N = 41rV / 3 ,rS/2 Lf
~ + 4c2 + 8c
e

dN 41rf 2 V ,rJS L
d[ -c3- + - +-
2c2 Se
(7.80)

onde:
V= 1ra 2 e
S = 2,ra 2 + 2,raf
L = 4,ra + 4f

A comparação entre as equações 7.80 e 7.76 demonstra


que as duas equações tem a mesma fo1·ma m~s com os coefici..
entes de J3 , / 2 , e f diferentes. As salas cilíndricas tem os modos
acústicos mais agrupados em diferentes faixas de freqüências. As
salas esféricas, por sua vez, possuem modos concentrados em fai-
xas estreitas de freqüência. Então, uma conclusão geral que pode
ser tirada é: quanto mais irregular é uma sala, mais distribuida
é a energia acústica (campo difuso) e melhor a sua ca1·acterística
acústica interna.
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 2 9 1

7.8 Sala Retangular com Paredes


Absorventes
Um termo de amortecimento e-fJi pode ser introduzido na equa~ão
da onda estacionária não amortecida 1.10 pela troca do termo do
expoente (iw), por (iw - {J); o resultado para a onda estacionária
amortecida fica então como:

f. = A cosh{({J, - iw,):.
e
+ \6,)cosh{(fJ, - iw,)l! + 91,}
e

cosh{({J, - iw,): + \11,)eC•w-P)• (7.81}


e
onde 4's, ,t,, e f/, 11 são constantes de fase que dependem das
condições de contorno.
Substituindo-se 7.81 na equação da onda 7.68, mostra-se que os
vários w e f3 são restritos a certos valores que devem satisfazer a
relação:

(iw - {J) 2 = (iw, - /J,) 2 + (iw, - /J,) 2 + (iw, - /J,) 2


Tomando as partes real e imaginária desta equação, tem.-se:

e
= {J.~ + P,,~ + /J,~
{J
"' "' "'
Nota-se que, quando P. = P = Pz = O, então
11 /3 =O e as
equações acima recaem na equação 7 .69.

Para paredes absorventes é possível aplicar as condições de con-


torno nas várias pare~ e determinar as constantes Wz , w, , w 11 ,
Ps , JJ.,, , /Jz, tf,:,; , 4>, e 4'11 • Mas .para evitar tratamento matemático
complexo e a fim de obter equações em forma fechada, será anali-
sado o caso mais simples; após o estudo será generalizado para o caso
tridimensional. Um caso simples é quando w., =
w:, =
O e também
292 - - - - - Ca11ilulo 7 ACÚSTICA DE AMBIENTES FECHADOS

11, Jj, = = •• = •• =
O (na 11untro 11arodo1 são rlgida1). Tom-
ou apuna• 1>ro11ag111;ão ua diroção a,, o usnudo "'• w e {J. {J, = =
rusulta:

o a vuloddmlo da 11111·tíc11la 6:

li = ~m1/i{(J1
pc
- iw):.
e
+ •• }e(iw-p)1
AMHiin, n in1pU<U\ncin ncústicn <:lK(>oclfica 6 dada 11or:

l. = g = pc cc>lgli{(/1 - iw):. + ••} (7.83)


li e
Aplicmulo n co1uli<;iio du coutorno da impedância acústica ea-
podficn ,lu nmb!t·il,l :n uns 1>nrutlos, tmn-sc:

1,. = (,.,. + i:r.,.)pc (7.84)


oudu 1,r ó a hupmli111da nc,ísticn do ar.

A1,licmulo 7.84 1111 m111114.;,iio 7.83 ,auando z = O, então:


- (r. + iz.) = colgli•• (7.86)
O aiunl ucgntivo ó usa,lo 1>or,1uo a pressão poBitiva na parede
1n·oc.lu:r.i&·ú unu, vulod,lmlu Ju pnrtlcula negativa. Em geral, ,;111 ,
,~<>111ploxo. Muito• 11,nturinia u11adoa 0111 parados têm a caracterlatica
o.cúatic:n J'n > z,. > 1, untiio:

•• ""' •• (7.86)
A1,licmulo-ao n co1uli'1ii.o de contorno que toma L R:I: rnpc em
i: = IJz, obtlun .. 1m::

r,. .. cotg/1{(/1 - iw)& - ..!.. } (7.87)


e '•
Ex1,11ndindo T.87 ,tmn .. 10:

1 - ilg/1(~ - f-)tg(~)
(7.88)
•• ""' lgh(~ - ;:1;) - ilg(~)

Su r,. 6 remi, nutiio tg(~) = O ou~ = mr, orado n =0, 1,2,3....


SAMfll N. Y. m:um,;s - - - - - - - - - - - - -
IKto 6 , ,1unudo r,. > Z'n > 1, HH frrn1iit!ud11H cnrnctm·íHticntt d1tH
omlm1 mnortrn:iduH 1ulo idt\uticaH h duK oudnH mio 11111ort,.icíclnH du<luH
pula m1unçiio 7. 72.
A pm·to l'(.ml dn (!ffllltc;;ií.o 7.88 é:

.-'... = 19/a({JL, - .-'...) (7.H!J)


1·11 e r,.
Cmno 1/1·» < 1 li UX(H\IUUio um Hório pocfo Hflr eXJU'l!HHH p01·:

fJI,,
l'u "' 1'11

ou

/J = (7.!JOJ

Entflo, n dunsidndc dn euergin e {: <lmln por:

( = }!__ = Co f'-'lf}t = Cot:-('1r/r,.l,s)I (7.!J 1)


pc2
oudo t: 0 é u densidndo dn m.w1·gin mn t = O.
A ru:r.ii.o de dccuimento nm ti D por sugmuJo t'i dndn po1·:

D = - 1()/o,,(,·-•'J,·.I,,) = ~
• Lr1 1·11
(7.!nJ

Então, o tempo de 1·cvnhm·nc;1'io 7:. 6 dmlo pm·:

1~ _ ~ = :J, 15,·11 L~ (7.U:l)


/)
Existo un1n rclnçfio onh·o rosistêuciu ncaísticn u!otpcdficn 1·11 u o
cooficim1to do nbima·ção o, 1m tli1·m;ii.o O ,c111c podt.i srn· ubtidn pnrn
r,. > 1 e r" > z,u nn fol"lun:
4r11 ro.,;O
º' = (r,.cosO + 1)2 (7.!H)

A fi·ação do mw1·gin (6B)e11i, nhsol'vidn 1u,lo üle111011to til~ sn1w1·tldu


dS ó:

c,/Çdr rn
(6.h..')a6, = T lo n-, BtmOcoaOdO (7.!lf,)

R.oaolvondo a iutogrnl e 1mh»lituiaulo n 8, ohtt.~lnasu:


294 - - - - - Capítulo 7 ACÚSTICA DE AMBIENTES FECHADOS

cdS-
(LI.E).,, = - dr -
8 [ 1 + -1- - -ln(!+
2 rn )] (7.96)
4 rn 1 + rn rn

Desde que " <":Jt• = (LI.E).,,/'d!dr


Então

" 8 [1 + - 1-
rn 1 + rn - ~ln(!+
rn
rn)]

e
8
para rn ;?: 100 (7.97)

A equação 7 .97 fornece a relação mais simples entre


o e Tn (para Tn ::::;}>, 1) , isto é, apenas para salas com baixa absorção
acústica ( cântara reve1·bera11te).
Substituindo-se 7.97 em 7.93,tem-se:

T, = 27, 6L, = 55, 2V = O, 161 V (7.98)


OC 2SzOC ~
onde Az = 2Sza é a absorção total de duas paredes em x =O e
=
z = L, (S, 2L,L,).

A equação 7 .98 mostra que as ondas estacionárias amorteci-


das nessa sala particular são as mesmas previstas pela distribuição
aleatória da energia sonora em um volume fechado (campo difuso).
A equação 7.98 é simila1· à equação 7.14.
O fator Enz das ondas axiais y e z é somente a metade do cor-
respondente à onda axial z. Consequentamente, o tempo de rever-
beração é dado por;

T. _ O, 161V (7.99)
11 '~ - O, 5A;i,
Portanto, o método mais efetivo para reduzir a intensidade
de um modo particular da sala é colocar os materiais absorventes
nos locais de pressão máxima deste modo. A colocação de materiais
de abso1·ção nos calltos de uma sala é duas vezes mais efetiva do que
em qualquer outra posiçãÔ.
Então, a expressão mais ge1·al para o tempo de reverberação
é dada pelas equações 7 .99 e 7 .98, modificadas com a adição dos
termos em y e z:
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 2 9 5

O, 161V
T (7.100)

onde:
"• = 0,5 para n=O
"• = !, O para n / O
Como os três €n são unitários para uma onda estacionária
oblíqua, o tempo de reverberação é igual ao dado pela equação
de Sabin(7.14). Por outro lado, para ondas axiais ou tangenciais
o tempo de reverberação é maior do que para ondas oblíquas.
Então, o caimento do som depende da contribuição de cada
tipo de onda. O caimento incial da curva é controlado por on-
das oblíquas; após é controlado por ondas tangenciais e no final
da curva (menos inclinado) é controlado por ondas axiais. Isto ex·
plica porque em baixas freqüências a curva de caimento tem várias
inclinações (ver figura 7.16).
Apesar das várias simplificações feitas neste modelo, conseguiu-
se conclusões valiosas sobre: a importância do local de colocação de
materiais de absorção na sala; a curva não lh,ear de caimento do
som; e o amortecimento de cada tipo de onda.

7.9 Referências Bibliográficas


[1] American national standard methods for the determination of
sound power leveis of smaU sources in reverberation rooms,
ANSI Sl.21-1972 (Superseded by ANSI sl.31-1980 and sl.32·
1980).
[2] Gerges, S.N.Yousri and Fahy, F.J., An analysis of the acoustic
power radiated by a point dipole source into a rectangular
reverberation chamber, J. ofSound and Vibration, 25(1), 1972,
pp.39-50.

{3) Gerges, S.N.Yousri and Fahy, F.J., An analysis ofacoustic po·


wer radiated ini:o a reverberation chamber by a transversely
Vibrating slender bar, i. of Sound and Vibration, 32(3), 1974,
pp.311-325.

[4) Gerges, S.N.Yousri and Fahy, F. J., Acoustically induced vi·


bration of and sound radiation from beams inside an enclosure,
J. of Sound and Vibration, 45(4), 1976, pp.584-594.
296 - - - - - Capítulo 7 ACÚSTICA DE AMBIENTES FECHADOS

g
~ f-----------------""~----------j
CD
a::
(f)
o..
z

Figura 7.16: Caimento de várias ondas em salas


sAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 2 9 7

[5] Gerges, S.N.Yousri and Fahy, F. J., Distorted cylindrical shell


response to internai acoustic excitation below the cut-off fre-
quency, J. of Sound and Vibration, 52(3), 1977, pp.441-452.

[6] Gerges, S.N.Y., Estatísticas da potência sonora radiada por


fontes fundamentais em câmaras reverberantes, Jornadas La-
tino Americanas de Acústica, Fev. 1979, Curitiba, RP.

(7] Gerges, S.N.Y., Structure acoustic interaction in an enclosure,


The Internationa) Conference of Noise Contrai Engineering
(Inter·Noise 79), Set. 1979, Varsovia, Poland.

(8] Gerges, S.N.Y., An analysis of the acoustic power radiated by


quadrupole source into a reverberation chamber, The Interna-
tional Conference of Noise Contrai Engineering (Inter-Noise
79), Set. 1979, Varsovia, Poland.
[9] Gerges, S.N.Y., The variance of acoustic power radiated with
position for higher arder sources in a reverberation chamber,
J. of Sound and Vibration, 72(1),1980.
[10] Heidrich, R.M. e Gerges, S.N.Y., Projeto e qualificação da
câmara reverberante da Springer Carrier, Canoas - RS, 1990.

[llJ ISO 3740, Acoustics-Determination of sound power leveis of


noise sources: Precision methods for broad-band sources in re-
verberation rooms (ISO 3741). Precision methods for discrete·
frequency and narrow-band sources in reverberation rooms
(ISO 3742), 1988.
[12] Kinsler, L.E., Fundamentais of Acoustics, John Willey &: Sons,
1982.
[13] Kuttruff, M., Room Acoustics, Applied Science Publishers,
1979.
[14} Lyon, R.H., Statistical analysis ofpower injection and response
in structures and romns, J. Acoust. Soe. Am. 45, 1969,
pp.545-565.

[15] Morse, P.M. and Ingard, K. U ., Theoretical acoustics.


McGraw-Hill Book Co., 1968.

(16) Morse, P.M., Vibration and Sound, McGraw-Hill Book Co.,


1948.
298 - - - - - Capítulo 7 ACÚSTICA DE AMBIENTES FECHADOS

(17] Morse, P.M. and Bolt, Rev. Modern Phys. 16, 69, 1944.
(18] Maling, G.C., Calculation of the acoustic power radiated by a
monopole in a Reverberation Chamber, J. Acoust. Soe. Am.
42,1967, pp.859-865.
[19] Nabuco, M.A. and Gerges, S.N.Y., Sound power from sour-
ces near reverberation chamber boundaries, J. of Sound and
Vibration 91(4), 1983, pp.471-477.
(20] Pierce, A.D., Acoustics and Introduction to its Physical Prin-
cipies and Applications, McGraw-Hill Book Company, 1981.
(21] Reynolds, D.D., Engineering Principies of Acoustics - Noise
and Vibration Control. Allyn and Bacon Inc. 1981.
Capítulo 8

Materiais e Silenciadores
para Absorção de Ruído

8.1 Introdução
Nos capítulos anteriores veri6cou-se que o controle de ruído deve
sempre ser efetuado na fonte, usbndo-se equipam.entos e máquinas
silenciosos. Todavia, por razões técnicas e econômicas, nem sempre
4 possfvel o controle do ruído na fonte. Nestes casos pode-se utilizar
outros meios de controle de ruído como o uso de:

1- Materiaia de Absorção Sonora (mecanismo resistivo) - Onde


parte da energia acústica é transformada em energia térmica
através da viscosidade do ar; sendo o que. ocorre em mate-
riais porosos (espuma) ou fibrosos (lã de vidro, lã de rocha
algodão .•.etc). Os materiais de absorção sonora podem ser
usados para revestimento interno das paredes dos BIDhientes
e/ou dutos, e é a parte principal interna dos silenciadores re-
sistivos.

2- Dispositivo Reativo - Neste caso, procu1·a-se que a energia do


ruído excite a re11onância do dispositivo, como por exemplo,
ressonador de Helmholtz, placas vibrantes e silenciadores de
escapamento de autom6veis •••etc.

3- Dispositivo Ativo • Neste caso, o campo de ruído é cancelado


por outro can1po de 1·uído gerado através da captação do campo
300 - - - - - - - - Capítulo 8 MATERIAIS E SILENCIADORES

original e geração do campo defasado de 180°.

Os materiais e silenciadores resistivos são apresentados neste


capítulo. Serão discutidos os tipos de materiais de absorção so-
nora, suas características, as técnicas de medição do coeficiente de
absorção sonora e os silenciadores resistivos.

8.2 Materiais de Absorção Acústica


Os materi~is de alta absorção acústica são normalmente poro-
sos e/ou fibrosos (ver figura 8.1). Nos mate1•iais porosos a ener-
gia acústica incidente entra pelos poros e dissipa-se por reflexões
múltiplas e atrito viscoso, transformand~se em energia térmica.
Nos materiais fibrosos a energia acústica incidente entra pelos
interstícios das fibras, fazendo-as vibrar junto com o ar, dissipando-
se assim por transformação em energia térmica por atrito entre as
fibras excitadas.
Tanto para material poroso, como para fibroso, é essencial que
o material admita a passagem de um fluxo de ar, o que terá como
conseqüência a possibilidade da propagação de ondas acústicas pelo
ar dos poros ou interstícios do material fibroso ou poroso. Os ma-
teriais acústicos devem ter células abertas. Um modo simples de
verificar a pe1·meabilidade ao fluxo de ar de um determinado mate~
rial é soprar através dele com a boca encostada. Um bom exemplo
é a comparação da absorção acústica da espuma com a da cortiça ou
do tijolo. Como a espuma apresenta 1naior permeabilidade à pas-
sagem de um fluxo de ar do que a cortiça ou o tijolo, sua absorção
acústica é maior do que a dos outros dois.
A característica de abso1·ção acústica de um material é determinada
por um coeficiente de absorção acústica o, definido pela razão entre
a energia acústica absorvida Wa e a energia acústica incidente Wi.

Q = -w.
W;
(8.1)
O valor de o sempre é positivo variando de zero a um (O~ a :5 1)
e depende principalmente da freqüê.ncia, ângulo de incidência do
som, tipo de campo sonoro (difuso, ondas planas, etc ... ), densidade,
espessura e estrutura interna do material (ver Apêndices Ill,IV,V
e VI). Um único número de absorção chamado COEFICIENTE DE
REDUÇÃO DE RUÍDO é comercialmente usado para comparação
e análise dos materiais. É definido como sendo a média aritmética
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - 301

a) Material Poroso

b) Material Fibroso

Figura 8.1: Os mecanismos de dissipação da energia sonora nos materiais


302 - - - - - - - - Capítulo 8 MATERIAIS E SILENCIADORES

dos coeficientes de absol'ção nas bandas de oitava de 250, SOO, 1000


e 2000 Hz.
Para a quantificação das caractel'Ísticas internas dos materiais,
usam-se em geral três parâmetros que são os mais importantes.
Estes parâmetros são apresentados a seguir:

(1) Resistividade ao Fluxo de Ar


A resistividade específica de fluxo R, é definida por:

R, = f:,.p (8.2)
u
onde
ôP é a diferença de pressão do ar medida nos dois lados de uma
amostra de material na qual se ÍOl'ça a passagem de ar (N/m 2 )
u a velocidade do ar uor1nal à superficie· da am.ostra.
A resistividade de fluxo Ré definida pela resistividade específica de
fluxo por unidade de espessura do material ou:

R = ~ (8.3)
d
onde d é a espessura da _aJnostra de material. O valor típico de
R é em torno de 10 4 Rayl/m (ou Ns/m4 ).
O procedimento para medição da resistividade de Ouxo em labo-
ratório é normalizado pela ASTM-C 522-80 e NBR 8517 (maio
1984).
Para materiais de alta porosidade a relação entre o coeficiente de
absorção acústica º"' para: onda incidente normal, e a resistividade
ao fluxo, é dada por:
4k
(8.4)
(k + 1)2 + ,p2
onde:

k = 1 + 0,0571(1f J- 0 •754 (8.5)


e

"' = -0, 0870(1f )-0,732 (8.6)

sendo:
p a densidade do ar em kg/m3
f a freqüência em Hz
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 303

A figura 8.2 mostra a relação entreº• e (p//R) expressa pela


equação 8.4.

0-
10 0
""e
h
~z
...cu.2g
... 0,4
ti
.ti-

..ºº
.!:!
-o
o
~

Q.
0,2
3 f/R
0,1 1,0

Figura 8.2: Variação do coeficiente de absorção com p// R

(2) Porosidade(b)
A porosidade é definida como a relação entre o volume de vazios
dos poros da amostra do material em relação ao volume total da
amostra.

h =~
V.
(8.7)
onde:
1"i , o volume de vazios da amostra
304 - - - - - - - - Capítulo 8 MATERIAIS E SILENCIADORES

V. é o volume total da amostra do material.


Materiais de boa absorção acústica tem uma porosidade variando
de 85 a 95%.

(3) Fator Estrutural (S)


O fator estrutural descreve a influência da geometria da estru-
tura interna do material sobre a densidade efetiva e compressibi-
lidade do fluido. Normalmente não é possível estimar teoricamente
o valor de S.
Algumas formas internas da estrutura dos materiais absorventes
podem ser:
- Cavidades laterais
• Variação de área da seção transversal
- Canais não axiais

As figuras 8.3 mostram qualitativamente a variação dos


parâmetros h, R e S em relação à estrutura dos materiais.
Em termos práticos, a escolha de um material de absorção
acústica, além dos coeficientes de absorção e da freqüência do ruído,
depende também de:
1- custo
2- características em altas temperaturas
3- peso e volume e1n relação ao espaço disponível
4- rigidez mecânica
5- fixação e manutenção
6- aparência e pintura
A espessura f do material de absorção deve ser escolhida em
função da componente mais baixa de freqüência do ruído, de.modo
a conter o pri.zneiro meio comprimento de onda, onde a velocidade
da partícula é máxima. Então,

l ?. 2/ (8.8)

onde:
e é a velocidade de propagação do som no ar.
Por exemplo, para atenuar uma freqüência de 100 Hz seria ne-
cessário uma espessura do material de:

343
l = (2)(100) = l, 7 (m) (8.9)
SAMIR N. Y. GERGES 305

h
o) Porosidade:
~
~
Baixo Alto

~
R
ti) Resistência
~
~
de Fluxo : Baixo Alto

~
e) Fator s
Estrutural:
~
~
Baixo
1
~
Alto
Q

Figura 8.3: Variação do h, R e S

Tal valor todavia não é prático e deste modo recomenda.. se afas-


tar o material da parede de uma distância d em torno de um quarto
do comprimento de onda e usar uma espessura do material, também
em torno de um quarto de comprimento de onda.

l =d= .!:.. (8.10)


4/
A figura 8.4 mostra 8 distribuição da velocidade da partícula em
relação à espessura do material e ao espaço de ar.
Os efeitos da espessura e densidade dos materiais absorventes são
indicados na figura 8.5. Observa-se que o coeficiente de absorção
aumenta nas baixas freqüências para materiais mais espessos e den..
SOJo

8.3 Medição do Coeficiente de Absorção


Acústica
Existe~ dois métodos ~orm~~dos q~e são usados para a medição
do coeficientes de absorçao acustica, alem de outros como O método
de dois microfones (ou um microfone} que empreg~ um analisador
Parede
Rígido

ALTERNATIVA RECOMENDADA

o
a,:'i
'O-~
o-
"O ~
·- o
u a.
o
~.g
Distância

Figura 8.4: Escolha de alternativas para colocação de materiais

digital FFT de dois canais. Este método por ser recente, ainda está
em fase de padronização. A seguir são descritos os métodos para
determinação do coeficiente de absorção de materiais.

8.3.1 Medição do Coeficiente de Absorção usando-se o


Tubo de Ondas Estacionárias
A figura 8.6 mostra a montagem necessária para a medição do
coeficiente de absorção em tubo de onda estacionária (ou tubo de
impedância). Tal tubo possui um alto-falante colocado em uma de
suas extremidades, enquanto que a outra é fechada por tampa onde
é pressionada a amostra do material a ser medido. O alto~falante é
conectado a um gerador de sinais senoidais e amplificador de modo a
produzir dentro do tubo uma onda estacionária. A pressão acústica
da onda estacionária é captada por um microfone (ou sonda de mi-
crofone) inserido na extremidade do tubo. O microfone pode per·
correr toda a extensão do tubo de impedância, permitindo deste
modo a leitura do nível de pressão acústica ( através do sinal ampli·
ficado do microfone), e também a leitura numa escala que indica a
distância entre a amostra e o ponto de medida.
No tubo de impedância existem somente ondas planas excitadas
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 3 0 7

10
0,9
,g O,B
<>-
~
.o
0,7
<t
.,
'O
.,
.,
"

~
o
u 0,1
Freqüência (Hz)
63 125 250 500 lK 2K 4K BK

Figura 8.5: Características típicas de materiais porosos


308 - - - - - - - - Capítulo 8 MATERIAIS E SILENCIADORES

por tons puros abaixo da freqüência de corte (ver seção intitulada


Salas Cilíndricas no capítulo sobre Acústica de Ambientes Internos),
que é dada pela seguinte fórmula:

fe = l,84c (8.11)
~
onde:
d é o diâmetro do tubo em metros,

Capo Rígido Sonda do Alto - Falante


Microfone

Escala de Distância
)../2

(f)
(L
2 ILl__::::::::=:=----.'....::======::.!.N~PS~m[!!!!in1____~D~i~s~tô~n~c:ia~----

Figura 8.6: Medição de absorção acústica em tubo de onda estacionária

O campo sonoro existente no tubo de impedância é composto de


duas ondas planas, sendo uma incidente e outra refletida. A relação
matemática entre as pressões acústicas destas ondas é:

(8.12)

onde:
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 3 0 9

P é a pressão acústica total


w é a freqüência circular em rad/s
é o tempo decorrido
x é a distância enh·e o microfone e a amostra (negativa)
/e é o número de onda (/e = ";: = ~)

A leitura no amplificador de medição fornece o valor


médio quadrático (no tempo) da pressão acústica. O valor média
quadrática da equac;ão 8.12 pode ser escrito como:

P;., = T1 J.T
O
[A,cos(wt - /ex) + B1 cos(wt + lcz)J 2 dt
onde T é o tempo de integração, selecionado em uma chave
do amplificador de medição . Por exemplo, escolhe-se uma das
posições: rápido, lento, até 30 segundos, etc.

Efetuando-se a integração, obtém-se a fórmula:

onde 9 é o ângulo de fase entre os máximos de P; e P,.


Os valores máximos da equac;ão 8.13 ocorrem quando fez + 9 /2 =
± n.-, onde n é um número inteiro qualquer. Para 9 :e O o primeiro
~áximo ocorre em z = O e o segundo em x = >./2.
Os valores mínimos ocorrem quando /ex+ 9/2 = ±(2n - 1).-/2, sendo
que para 9 = O o primeiro mínimo ocorre em >./4.
A figura 8.6 indica a variação de P!, em relação à distância z.
O coeficiente de absorção acústica para incidência normal on pode
ser escrito sob diversas formas, por exemplo:

1- ~
l;

onde:
/ 0 é a intensidade acústica absorvida
Ii é a intensidade incidente
I, é a intensidade refletida

Tem-se então que a intensidade acústica I é proporcional à am-


plitude quadrática da pressão da onda, o que permite expressar O
coeficiente de absorção acústica como:
310 - - - - - - - - Capítulo 8 MATERIAIS E SILENCIADORES

(8.14)

onde:
ROE é a razão de onda estacionál'ia, definida como:

ROE = A, + B, = 10L/20 (8.15)


A1 B1
onde:
L é a diferença do nível entre Pma• e Pm,n em dD ou · L
10 log (P;.. 0 , / P;,,.).

Para o cálculo do coeficiente de absorção °'• no tubo de im-


pedância recomenda-se os seguintes passos;

1) Mede-se a pl'i1neira pressão sonora máxima Pmaz: mais perto


da superficie da a1nostra e a priincira n1ínima Pmfr.-

2) Com os valores de Pma• e Pm,n calcula-se L:

p2
L 10 log ';;"'
pmin

3) Com L calcula-se o valor de ROE usando-se a equação 8.15.

4) Com ROE calcula-se o valor de °'• usando-se a equação 8.14.

Alguns amplificadores de medida têm uma escala especial, que


fornece diretamente os valores de °'•
A norma ASTM CA32 fornece os procedimentos sobre a medição
de °'• no tubo de impedância.

A validade do coeficiente de absorção °'•• determinado no tubo


de impedância, tem as seguintes restrições:

1- Ondas incidentes normais (90°) à superficie da amostra


2- Excitação acústica com freqüências puras (não com bandas de
freqüências)
3- Freqüências até 1900 Hz para amostra de 10cm de diâmetro
e freqüências de 1900 a 6300 Hz para amostra com 3cm de
diâmetro, havendo todavia o perigo de uma amostra pequena
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 311

não ser representativa.

Os efeitos da superficie isolante, placa perfurada, espessuras


variáveis da amostra e espaços de ar podem facilmente ser ava-
liados. As vantagens da técnica do tubo de impedância são: baixo
custo, simplicidade e 1·apidez dos preparativos e procedimentos bem
como a necessidade de poucos equipaD1entos.

No caso geral de tratamento acústico e na aplicação de materi-


ais absorventes no controle de ruído, quando a onda incidente não
for normal e d0 uma só freqüência, mas sirn, composta de ondas
de incidência aleatória, e em bandas de freqüências, o coeficiente
de absorção passa a depender muito do ângulo de incidência. As
medidas devem ser feitas em câinaras reverberantes para sÍ.lnulação
dos casos reais.

Os valores dos coeficientes de absori;ã.o on, detenninados em


tubos de Ílnpedância, podem ser corrigidos para fornecerem o co-
eficiente de absorção para ondas de incidência aleatória ª•' ou coe-
ficiente de absorção estatística (ver figura 8.1).
Para os casos específicos de D1 = >./4 os valores de ª•' podem
ser obtidos da figura 8.8, conhecidos os valores de O:n•
A fase entre a onda incidente e a refletida, O, pode ser calculada
medindo a posição (x) do primeiro mínimo da pressão acústica,
onde:

O = -.- + 2kz (8.16)

A impedância, portanto, é dada por:

E., + E., 1 + B/Ae"


!Z. + r.z.. 1 - B/Aé'

onde:

ROE - 1
(8.17)
ROE+ 1
As equações 8.16 e 8.17 são usadas para a determinação da im-
pedância superficial dos materiais.
- - - - - - - - Capítulo 8 MATERIAIS E SILENCIADORES

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0,50 0,45 0,40 0,35 0,30

Figura 8.7: Coeficiente de absorção°'•' em função de D,!>. e L


SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 313

1,0

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(.) -= Coeficiente de Absorção
<Xn Incidência Normol

o 0,2 0,4 0,6 0,8 IP

Figura 8.8: Coeficiente de absorção aleatória 0 0 1

8.3.2 Medição do Coeficiente de Absorção em Câmaras


Reverberantes
A determinação do coeficiente de absorção acústica em câmaras
reverberantes, tem seus procedimentos normalizados pelas normas
ASTM-C423 ou ISO/R 354.

Tal método determina o efeito dos materiais no tempo de re-


verberação em uma câmara reverberante. Este parâmetro é usado
para cálculo do coeficiente de absorção acústica. Na câmara rever-
berante garante-se a existência de um campo sonoro difuso, o que
significa que a energia sonora é uniformemente distribuída no inte,.
rior da câmara. A essência do método consiste em medir o tempo
de decaimento do nível de pressão acústica ua câmara, com e sem
amostra de material absorvente. A área mínima de uma am.ostra
neste método deve estar na faixa de 10 m 2 a 12 m 2 •

Para a câmara reverberante vazia, o tempo de reverberação T1 é


dado pela seguinte fórmula de Sabine (ver capítulo sobre Acústica
314 - - - - - - Capítulo 8 MATERIAIS E SILENCIADORES

de Ambientes Internos):

O, 161 V
-A- (8.18)
onde:

A é a absorção total em m2
V é o volume da câmara em m 3
Tem-se que A = Sei onde S é a área total da câniara e õ é o coefi-
ciente de absorção acústica médio das paredes da câmara.

Para a câmara reverberante tendo uma área S 1 coberta por ma-


terial absorvente, o novo tempo de reverberação T2 é dado pela
seguinte fórmula:

O, 161 V
(8.19)

onde:
<> é o coeficiente de absorção do material de uma área S 1 •
Manipulando-se convenientemente as equações 8.18 e 8.19 de modo
a eliminar-se o termo A, tem-se uma equação para determinação do
coeficiente de absorção do material aplicado:

(8.20)

As medições são feitas em bandas de 1/3 ou 1/1 oitava. O tempo


de reverberação T 1 , ou T2 , depende da difusibilidade do campo so-
noro e da localização da amostra na câniara. Deste modo é possível
a ocorrência de resultados diferentes, obtidos de ensaios da mesma
amostra em câmaras diferentes. Também é possível obter <> > 1,
devido as variações estatísticas dos seguintes pa1·âmetros: campo
sonoro na câmara, posição da amostra, posição dos microfones e
fontes. Neste caso, o coeficiente de absorção é considerado unitário.
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 315

8.3.3 Determinação da Absorção Sonora de Materiais


com Sistema Computadorizado
O método clássico para determinação do coeficiente de absorção
de materiais em um tubo de ondas estacionárias utiliza um Kistema
de medição analógico, que fornece valores apenas para freqüências
discretas. Este método já foi apresentado neste capítulo ( seção
8.3.1).
Com o advento das técnicas digitais de análise de sinais,
tornou-se possível determinar o coeficiente de absorção de mate-
riais cobrindo-se uma banda de Íl'eqüências praticamente contínua,
utilizando-se o mesmo tubo de ondas estacionárias mencionado an-
teriormente. A técnica consiste, basicamente, em excitar o tubo
com um ruído branco de banda larga e medir a pressão sonora no
seu interior, em duas posições pré-determinadas. Os sinais obtidos
são processados por um analisador digital de freqüência, de dois
canais, através do qual se determina a curva de absorção acústica
do material em função da freqüência. O primeiro método base-
ado nesta técnica utiliza dois microfones, um em cada posição de
medição. Os sinais dos dois microfones são simultaneamente proces-
sados pelo analisador digital e a curva de absorção é determinada.
Este método é padronizado pela norma ASME Committee E-33.01
A.
Para excitação com rllído branco, este processo pode ser consi-
derado estacioná.rio, e assim os sinais dos microfones não precisam
ser simultaneamente processados. Assim, propõe-se eliminar um
dos microfones e utilizar apenas um único microfone para efetuar as
medições nas duas posições selecionadas. Em cada medição é obtida
a função de transferência entre o sinal do microfone e o sinal do gera-
dor responsável pelo campo acústico no interior do tubo. Objetiva-
se com esta nova técnica eliminar qualquer erro sistemático de di-
ferença de amplitude e de fase ou outros possíveis erros devidos a
eventuais diferenças entre os dois canais de medição. Desta forma,
torna-se desnecesMria a aplicação de funções de correção, normal-
mente utilizadas na técnica de dois microfones e que na prática
geram algumas dificuldades computacionais adicionais.
O princípio de operaÇão do tubo de ondas estacionárias é baseado
na interação de duas ondas plà.nas; uma incidente e a outra refle-
tida. O esquema de montagem utilizado nesta técnica é mostrado
na figura 8.9.
Nestas condições, no interior do tubo, tem-se:
316 - - - - - - - - Capítulo 8 MATERIAIS E SILENCIADORES

(8.21)

E.. (8.22)

ANALISADOR
DIGITAL DE
DOIS CANAIS

MPLIFICA- GERADOR
DOR ,PE DE
POTENCIA SINAL

X s Alto Folante
X
--t--~~~~~~~~~~~~~~•x

Figura 8.9: Esquema de montagem da técnica de um microfone

Considerando-se a pressão total no interior do tubo (equações


8.21 e 8.22), nas posições A e P, tem-se:

A função de resposta em freqüência ou função de transferência


entre os sinais obtidos nas posições P e A é então dada por:
E. [Ae•kxp + l!e-ibp] [e•bp + (1!./A)e-ibp]
HAP = E.: = [AékzA + ,lle-•kzAJ = [e•kzA + Cll/A)e-•bA)
Portanto, o módulo da razão das amplitudes é dado por:

(8.23)

No tubo de ondas estacionárias o coeficiente de reflexão °'• é


dado por:
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 311

a = l~I - 1!!:12
r IEfl - A
Considerando-se que a energia sonora h·ansmitida para fora do
tubo, ah•avés da tampa, é nula, o coeficiente de absorção a pode
ser determinado da seguinte forma:

a = 1- a, = 1 - 1!!:1
A
2

Substituindo o valor de llUAI na equação 8.23, tem-se:

a = 1 - IH~p - e-•t, 12 (8.24)


e•.l:a - HAP
Observando-se a equação 8.24, pode-se notar que uma vez defi-
nida a distância entre as duas posições de medição, s, deve-se deter-
minar a função de resposta em freqüência para que a seja obtido.
A função de transferência é, por definição:

HAP = l!.p = GAP


E.A GAA

onde:
GAP é o espectro cruzado de E.A e i!.p, dado por:

GAA é o espectro de potência de EM dado por:

A equação de HAP pode ainda ser escrita da seguinte forma:

(8.25)
onde:
• é o complexo conjugado
S..S: é o espectro de potência do sinal do gerador, responsável
pelo campo acústico no interior do tubo
318 - - - - - - - - Capítulo 8 MATERIAIS E SILENCIADORES

H AS é a função de transferência entre o sinal do microfone na


posição A e o sinal do gerador
H sP é a função de transferência entre o sinal do gerador e o sinal
do microfone na posição P.

Conforme já citado ante1·iormente, supondo-se que o processo


seja estacioná1·io, HAs e Hsp não necessitam ser calculadas simulta-
neamente. Portanto, um único microfone poderá ser utilizado para
medir, seqüencialmente, a pressão nas posições A e P. A função
HAP, necessária para a detei·minação do coeficiente de absorção, é
obtida através da equação 8.25. ·

Devem ser destacadas, ainda, três grandes vantagens desta


técnica para determinação do coeficiente de absorção, que utiliza
um microfone e analisador digital de dois canais, em relação ao
método clássico.
A primeira vantagem consiste na maior rapidez do método di-
gital, na determinação do coeficiente de absorção. Por exemplo,
a curva de absorção do material em uma determinada faixa de
freqüências, pode ser obtida, por este método, num terupo 20 a
30 vezes menor do que o do método do tubo de impedância, em 30
freqüências discretas (tons puros), distribuídas ao longo da mesma
banda de freqüências.
O segundo aspecto positivo do método digital, é o fato de forne-
cer uma curva do coeficiente de abso1·ção praticamente contínua,
já que a discretização do sinal pode implicar, em. alguns casos,
numa resolução da ordem de décimos de Hz. Portanto, através
deste método pode-se detectar qualquer comportamento especial
das curvas de absorção, tais como: ressonâncias, coincidências, etc.
que pelo método clássico poderiam passar despercebidas, em função
da baixa resolução. ·
A outra vantagem deste método é dispensar o uso de um tubo
de ondas estacionárias de grande comprimento para medições em
baixas freqüências. Na técnica clássica o comprimento do tubo deve
ser suficiente para conter, pelo menos, meio comprimento de onda
e possibilitar a medição dos níveis de pressão sonora máximo e
míninio da onda estacionál'Ía. Nesta técnica é suficiente que o. com·
primento do tubo seja da mesma ordem de grandeza que a distância
entre as posições de microfone adotadas.
Outro importante parâmetro que deve sei· determinado durante
as medições de coeficiente de absorção é a função de coerência. Esta
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 319

função, que varia entre O e 1, mede o grau de casualidade entre dois


sinais quaisquer. Nesta medição, ela pode ser usada para verificar a
validade da estimativa da função de transferência, HAP, obtida. Se-
gundo Bodén e Chu, pode ocorrer um significativo erro aleatório na
função de transferência, em freqüências para as quais a coerência
entre as duas medições feitas no tubo de ondas estacionárias apre-
sentar um valor baixo. Portanto, através da função de coerência
pode-se quantificar a confiabilidade no cálculo da função HAP e,
conseqüentemente, na curva de absorção determinada.

A função de coerência é definida por:

(8.26)

Conforme ocorre com a função de transferência, quando se utiliza


a técnica de um microfÓne, não é possível determinar a função de
coerência de ·forma direta. No entanto, pode-se escrever:

(8.27)
As funções 'Y~s e 'Y§p são obtidas quando o microfone ocupar
respectivamente as posições A e P. A função de coerência 'Y~p é
determinada pela equação 8.27.
Como um sistema típico, é apresentado aqui o tubo da UFSC,
(projetado por Eduardo Giampaoli, como parte de sua dissertação
de mestrado sob orientação do autor), ilustrado na figura 8.10. O
sistema é projetado de forma a possibilitar a determinação do co-
eficiente de absorção de materiais acústicos, através da técnica de
um microfone. É constituído, basicamente, por dois componentes
principais, que são: a caixa acústica e o tubo de ondas estacionárias
propriamente dito. O conjunto.é montado na posição vertical e uti-
liza o piso de concreto do laboratório como terminação rígida do
tubo. Este sistema é projetado para medições até 1 kHz aproxima-
damente.
A caixa acústica é construída com placas de aglomerado de
20mm de espessura e equipada com um alto-falante da marca Sele-
nium, modelo W·830, que possui um diâmetro nominal de 305mm.
Visando reduzir as possíveis reflexões no extremo do tubo onde
encontra-se a fonte sonora, conforme recomenda Badén, é utilizado
320 - - - - - - - - Capítulo 8 MATERIAIS E SILENCIADORES

um enchimento de espuma entre o alto-falante e o início do tubo


de ondas estacionárias. Ainda, com o mesmo objetivo, as paredes
internas da caixa são totalmente revestidas com lã de vidro, co-
berta por um fino e11vólucro plástico, e na face superior interna são
instaladas oito cunhas de espuma.
O tubo de ondas estacionárias é construido de PVC com 200mm
de diâmetro externo e 170mm de diâmetro interno, com fl.anges,
também em PVC, nas duas extremidades. Uma das extremidades
é fixada na caixa acústica e a outra acoplada ao piso, através da
pressão gerada pelo próprio peso do sistema. Para possibilitar uma
melhor conexão, dois anéis de borracha macia são colocados entre
a extremidade do tubo e o piso.
A ti·eqüência de corte do tubo de ondas estacionárias
é de 1.182 Hz. Po1·tanto, o limite superior da freqüência para este
tubo é de lkHz aproximadamente.

Figura 8.10: Vista em corte do aparelho de ondas estacionárias

Para possibilitar a medição da pressão sonora em duas posições


SAMIR N. Y. GERGES _ 321

distintas no tubo de ondas estacionárias, foram feitos sete orifi-


cios equidistantes entre si, que acomodam perfeitamente o micro-
fone de meia polegada e o pré-amplificador, utilizados na medição.
A distância entre as posições de microfone, s, depende de quais
01·ificios forem selecionados para a medição da pressão sonora.
Co1no o sinal proveniente do microfone é processado por um ana-
lisador digital, o valor de s não pode ser qualquer, pois é função
da discretização adotada no referido analisador. Para este estudo
optou-se pela determinação de curvas do coeficiente de absorção
que cobriam a banda de O Hz a 1000 Hz. Os sinais processados pelo
analisador HP 5451 C passam por um filtro passa baixa (filtro anti-
aliasing) sintonizado na freqüência de corte de 1250 Hz. O sistema
foi então ajustado de forma que fossem colhidas 5000 amostras por
segundo (freqüência de amostragem), garantindo que a freqüência
de amostragem fosse quatro vezes maior que a freqüência máxÍin.a.
Verificawse então que s deverá ser no 1nínimo igual a 68,6 mm
ou um múltiplo deste. Portanto, os sete orificios são alinhados
na direção de propagação da onda sonora, com espaçamentos de
68,6nnu entre centros. Pa1·a facilitar a identificação das posições
de 1nicrofone selecionadas para 1ncdição, os orifícios são identifica-
dos pelos núrneros 1 a 7, iniciando-se pelo orificio mais próximo
à extremidade do tubo onde posiciona-se a amostra. A distância
e
entre o centro do orificio 1 o extremo do tubo no chão, também
é ajustada em 68,6rnrn.
Badén verificou que o espaçamento entre as posições de micro-
fone define a faixa <le freqüência na qual as rnedições tem precisão
aceitável. Considerando ks variando entre O e 1r, constatou que a
menor variância da curva ocorrerá quando ks = 1r/2 e, baseado em
dados experimentais, reco1nenda como faixa de utilização, a definida
pela relação que segue:

O, ! ir < ks < O, Sir (8.28)


A partir da condição 8.28 pode~se detern1inar as freqüências
míniina e máxiina da faixa recon1endada para uso, em função da
distância entre as posições de 1nicrofone adotadas, sabendo-se que:

2 1rf s> oi l 1r, ou lrn.n > º;~e (8.29)


e

21r/ s<0,871' O'U Ímaz<O,Bc (8.30)


·~
322 - - - - - - - Capítulo 8 MATERIAIS E SILENCIADORES

Analogamente, considerando-se ks =
1r/2, pode-se determinar a
freqüência ideal de trabalho, f;, em torno da qual espera-se que a
curva apresente a menor variância. O valor de f; é dado por:

f; = !:... (8.31)
4s
A tabela 8.1 mostra os valores de fm;n, Ímaz e f;, para as
distâncias entre posições de microfone, s, que podem ser adotadas
no tubo de ondas estacionárias utilizado neste estudo.

s fmin Íma2: f;
(mm) (Hz) (Hz) (Hz)
68,6 251 2000 1250
137,2 126 1000 525
205,8 84 666 417
274,4 63 500 312
343,0 51 400 250
411,6 42 333 208

Tabela 8.1: Faixa de validade de medição para cada s

Analisando-se a tabela 8.1, verifica-se que espaçamentos maiores


entre as posições de microfone são mais adequados para medição
nas regiões de baixas freqüências.
Considerando-se, ainda, os casos nos quais:
f _ me
m - 2s

onde m = 1,2,3 ....


pode-se escrever s, como:

me Àm
s = 2/m m-
2
Nestes casos, verifica-se que quando a distância entre as posições
de microfone, s, coincide com um múltiplo de meio comprimento de
onda, a pressão sonora no interior do tubo deve ser igual nas duas
posições de medição. Esta· condição estabelece .uma indeterminação
na equação 8.24, utilizada .para.o cálculo .cio coeficiente de absorção.
Portanto, a curva do coeficiente de absorção deve apresentar grande
variância nas regiões em torno das freqüências fm· Esta é uma
característica própria do método de medição utilizado. Verifica..
se, ainda, que quanto maior for s, tanto menor será o valor de /m
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 323

para um mesmo m, Portanto, quanto maior for a distância entre as


posições selecionadas para o microfone, tanto maior será O número
de regiões com grande variância na curva de absorção, considerando-
se uma mesma banda de freqüências.
O campo acústico no interior do tubo de ondas estacionárias
é gerado alimentando-se o alto-falante com um sinal cujo espectro
é de um ruído branco, com largura de 1000 Hz (a mesma banda de
medição).
O espectro de pressão sonora do campo acústico no interior do
tubo de ondas estacionárias foi determinado, colocando-se o micro-
fone nas posições 3,5 e 7 (ver figura 8.11). Observa-se nos três casos,
que em freqüências bem definidas, cada espectro apresenta acentu-
ados decréscimos no valor da amplitude. Considerando a banda de
freqüências entre O Hz e 1000 Hz, as freqüências onde os referi-
dos decréscimos ocorrem, /d, em função da posição de medição,
são freqüências nas quais os nós das ondas estacionárias coinci·
dem com as posições de medição. Estes resultados permitem con-
cluir que os decréscimos observados nos espectros, em determinadas
freqüências, devem-se à ocorrência da refel'ida coincidência dos nós
das ondas estacionárias com as posições de medição.
O material analisado foi uma placa de espuma com 60 mm de
espessura e densidade igual a 44 kg/m 3, da qual foram tiradas duas
amostras; uma apropriada ao tubo da B&K e outra compatível com
o sistema utilizado neste trabalho.
Pelo método clássico, utilizando o aparelho de ondas esta-
cionárias da B&K, tipo 4002, foram feitas medições do coeficiente
de absorção para 20 tons puros, cobrindo-se a banda de freqüência
entre 100 Hz e 1050 Hz. Os valores obtidos encontram-se relacio-
nados na figura 8.12.
Pelo método utilizado neste estudo, cada curva de coeficiente de
absorção ( determinado através da equação 8.24) é baseada na média
de 50 amosh·as do sinal enviado ao analisador digital, já comentado
anteriormente. Para as curvas de absorção obtidas ao longo de
todo o estudo, adotou-se !!,./ = 2, 44 Hz pois, com 6/ = 1, 22 Hz,
a capacidade de memória do analisador utilizado seria insuficiente
para armazenar todos ,:,s dados e proceder os cálculos necessários
em cada medição.
A primeira curva de absorção foi determinada com o microfone
ocupando as posições 5 e 7. Neste caso, a distância entre as posições
de microfone corresponde a 137,2mm. A curva obtida é apresentada
na figura 8.12, na qual também estão plotados os valores obtidos
Capítulo B MATERIAIS E SILENCIADORES
324-------

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-30

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-100

-110
100 200 300 400 500 600 700 800 900
Freqüência (Hz)

Figura 8.11: Espectro de pressão sonora, microfone nas posic;ões 3,5 e 7


SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 3 2 5

pelo método clássico.

~
,g 2,,Vr~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

I
<(
1,6
., \2
"O
~ qa
e
-~ 04
i ' Freqüência (Hzl
8 0,0-Hl111F'-'--"---,----~----.----~------r-l
400 600 800 lK
Figura 8.12: Coeficiente de absorção, microfone nas posições 5 e 7

Analisando-se a referida curva constata-se uma boa concordância


entre os resultados obtidos pelos dois métodos. Observa-se,
também., uma variação mais acentuada na região de baixas
freqüências, abaixo de 135 Hz. Segundo Bodén (ver tabela 8.1),
esta vm·iação deveria ocor1·er somente até 126 Hz.
Determinou-se, novamente, a curva de absorção da mesma amos-
tra mas com o microfone nas posições 2 e 7. Neste caso, a distância
entre as posições de microfone corresponde a 343 mm. A curva
do coeficiente de absorção obtida é mostrada na figura 8.13 que
também inclui os valores detei·minados pelo método clássico.
Observando-se a figura 8.13, ve1ifica se que os resultados previs-
0

tos teoricamente sobre a ocorrência de grandes variâncias em torno


de 500 Hz são confirmados pelos dados experimentais, Excetuando-
se as regiões da curva perturbadas pelas grandes variações , nova-
mente se observa uma boa concordância entre os valores determina-
dos pelos dois métodos de medição. Quanto à região da curva abaixo
de 135 Hz, nota-se uma menor variação em relação à medição feita
com microfone nas posições 5 e 7, mas, não suficientemente pequena
para apresentar valores aceitáveis a pa1·tii· de 51 Hz, conforme pre-
visto na tabela 8.h Deve-se ressaltar, no entanto, que esta variação
pode ser devida, não só ao fato de ks - O, mas, também, aos bai-
xos valores de "' obtidos nesta 1•egião do espectro. Espera-se que
para valores de o mais elevados a cul"va de absorção apresente uma
flutuação menor nesta mesma banda de freqüências.
Foram determinadas, ainda, as curvas do coeficiente de absorção
326 - - - - - - - Capítulo 8 MATEIUAIS E SILENCIADORES
2,0
~ 1,8
,g
~ 1,2
o
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.Q
<l 0,8
"'
"O 0,4
-2!e Freqüência (Hz)
0,0

-"'"'
:§ 800 lK
-0,4
o
u
Figura 8.13: Coeficiente de absorção, microfone nas posições 2 e 7

da ter1ninação rígida (piso), com n1icrofone nas posições 5 e 7 e,


também, nas posições 2 e 7. As curvas obtidas são mostradas nas
figuras 8.14 e 8.15, respectivwnente.
Analisando-se as duas figuras verifica-se que os resultados obti-
dos são bastante razoáveh1., considerando-se as dificuldades naturais
que envolven1 a medição do coeficiente de absorção da terminação
rígida, que é altamente refletiva. Na figura 8.15 que mostra a curva
relativa às medições con1 microfone nas posições 2 e 7, além das
grandes variações nas regiões en1 torno de 1000 Hz, perfeitamente
esperadas, observa-se, tambén1, em torno de 178 Hz, um pico que
atinge o valor de o =
O, 53.
A função de coerência, 1!p, entre as duas posições de medição,
determinada durante a obtenção da curva mostrada na figura 8.15,
pode justificai• o 1·eferido pico. A função coerência mencionada é
mosti·ada na figu1·a 8.16, 011de so ve1·ifica que ua freqüência de 179
Hz seu valor é apenas 0,15. Ainda, verifica-se que a freqüência de
179 Hz corresponde a uni co1npri111cnto de onda À de aproxima-
damente 1,92 m; conseqüentemente, (À/4):::, 0,48m. Considerando
que a posição de medição 7 está a 0,48 m da terminação rígida,
conclui-se que o prin1eiro nó da onda estacionária, relativa a 179
Hz, praticamente coincide con1 a referida posição de medição.
Deve-se ressaltar que o pico observado na figura 8.15 é conside-
rado um erro aleatório, e pode mostrar grande variação quando
um mesmo experimento i repetido. Determinou-se novamente
o coeficiente de absorção da terminac;ão rígida, com microfone nas
posições 2 e 7. Verificou-se nesta medição que o pico ( em torno de
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 327

2,0

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~
e 0,0
-~ 1' 200 400 600 800 lK
.g
Q)
-0,4
o
u -0,8

Figura 8.14: Absorção da terminação rígida, microfone nas posições 5 e 7

2,0
1,5
.s
1,2
·§.
~
.D
0,8
<[
0,4
.,
'O
., 0,0
600 800
&l

0,4
Freqüência (Hz)
o
.,
;;::
0,8
u
-1,2

Figura 8.15: Absorção da terminação rígida, microfone nas posições 2 e 7


328 - - - - - - - Capítulo 8 MATERIAIS E SILENCIADORES

178 Hz} atinge o valor de o = 0,1 e portanto, bem inferior ao valor


encontrado na figura 8.17. Destaca-se que a curva de ')'~p relativa
a esta apresentou o mesmo comportamento de ·dp mostrado na
figura 8.16.

1,2
1,0
(l.
N<t
~ 0,8

.!:! 0,6
"e 0,4
';o
u 0,2

º·º o 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Freqüência (Hz)

Figura 8.16: Função de coerência da figura 15

Na curva da função de coe1·ênciat 1!p,apresentada na figura


8.16, considerando-se a banda de O Hz a 1000 Hz, ainda observa-se
baixa coerência em 544 Hz e 903 Hz, devido a mais duas coin-
cidências de nós da onda estacionária com a posição 7 de medição.
Também em 625 Hz, ,;ip possui um valor pequeno, neste caso, em
função da coincidência do nó com a posição 2 de medição.
É importante observar, no entanto, que este efeito não compro-
meteu a medição do coeficiente de absorção da espuma (mostrado
na figura 8.13), quando se utilizou as posições 2 e 7 de microfone.
A presença do material absorvente eliminou o efeito da terminação
rígida, como pode ser observado na figura 8.17, que mostra a função
de coerência determinada durante a obtenção da curva da figura
8.13. O valor de ,!p = 0,87 em 179. Hz corresponde a uma alta
coerência entre as duas posições de medição.
Outro aspecto que deve ser considerado é a repetibilidade entre
os resultados obtidos no sistema de medição. Neste sentido, a fi-
gura 8.18 mostra três curvas de absorção, obtidas exatamente nas
mesmas condições. O que se fez entre cada medição foi retirar e re·
colocar a amostra no tubo. A proximidade entre as curvas permite
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 329

1,2-.-------------------~

,,o--,~--y.,.......,_......... ,---------------------.....

~0+--,---.------,.--~------.----.---.---.-------.----------1
O 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Freqüência (Hz)

Figura 8.17: Função de coerência da figura 13

concluir que o sistema de medição apresenta uma boa repetibili-


dade.

8.4 Tipos de Materiais de Absorção Acústica


Os três tipos de materiais de absorção acústica mais usados são:

1- Espuma de Polímeros

A espwna de polímeros co1n poros abertos é um excelente ma-


terial de absorção. Por não ser um material fibroso, não existem
erosões (separação de fibras) na presença de vibrações e/ou fluxo
de fluido. Todavia devido aos poros abertos, pode existir a conta-
minação com óleo ou outras hnpurezas que tendem a bloquear os
orificios com o passar do tempo. Outra característica indesejável é
a inflamabilidade das espumas, sendo necessário usar aditivos retar-
dantes de fogo (como por exemplo em poltronas de aviões), que tem
como conseqüência ( do uso de aditivos), a piora das características
mecânicas e/ou acústicas, além da diminuição da vida útil do ma-
terial. Outra característica indesejável é a emissão de gases tóxicos
em altas temperaturas que ocorrem por ocasião de incêndios, sendo
a faixa normal de temperatura no uso de espwnas com retardantes
entre -40°C a +100°c.
- - - - - - Capítulo 8 MATERIAIS E SILENCIADORES
330 -

w~-----------
o,9

1:
i (li!
• 0,3

I o,t
] 0,1
0,0
o 100 too JOO «>0 500 eoo 100 eoo 100 1000 , '°º
F,eqUinclo (Hll
1200

Figura 8.18: Sobreposição de três curvas do coeficiente de absorção

A figura 8.19 mostra valores típicos do coeficiente de absorção


para espuma de poliuretano de várias espessuras do tipo SONEX
da Ilbruck Industrial Ltda.

2- Lã de Vidro

A lã de vidro é um material que existe sob muitas formas em ter-


mos de disponibilidade comercial no Brasil: painéis, mantas, feltros,
cordões ou aplicado por processo de jateamento ( ver figura 8.20
para materiais da SANTA MARINA e EUCATEX MINERAL).
Suas propriedades acústicas são bem conhecidas e previsíveis. U SU•
almente os diâmetros das fibras podem variar de 2 a 15 µm e a
densidade aparente, dos feltros mantas e painéis, é de 10 a 100
kg/m3 , Para melhoria da resistência à vibrações e fluxo de fluidos
pode ser usado processo de selamento com resina. Entretanto o
selamento faz com que o material se torne combustível, limitanto
suas caracterlsticas quanto ao alastramento superficial de fogo. A
temperatura de trabalho de lã de vidro vai até 450ºC, é possível
atingir tal limite de temperatura utilizando resina fenólica com adi-
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 331

Coeficiente de Absorção Sonora


1,2,-----,----,----,r--~-~-~

Tipo MINI-SO\IEX l,Or--t---t---+---+--1c---1


O~r---t--t-----t---+--.~+---1
Q6t---+---t---t----,,L+------c....-,:C:--I
0~.1----1------t----,,,~-~""""--+----1
20/35
Q2/----t-~"f:7~~-t-~+-----'

35/35
1,2
1,0
SONEX 75
Q8
.,v/i---
/ V
Q6
o,4 f/
50/75
q2
/.,,,v
V
--
_......,,::::
75mm
1-------i FREOÜÊNCIA (Hz) 125 250 500 1000 2000 4000
T,smm ~5:..:0::.../7c.:5_ _.:,0,_,0:.:.7__..c_3=-2_0~7_2_0~,8::...8,---0~,9.,.,7=--cl-'cP-c-1
75/75 ______,J L751:..::..:7~5-~0~,1~3-~~~53=---~º~·90.:..::.__l~,0::...7'---l~P::...7_l~P_O

1,2..----.---,----,----,----,----,
1,0,l----+--+----l-~J:=:::::=+=~
0,8f--+----t--r-+----t""""7..c_+---i
SONEX 125 0,6>------+---+,'---"'---+--+---1

50/125
88 95
1,02 1,09

75/125
Figura 8.19: Coeficiente de absorção para materiais SONEX
332 - - - - - - - Capítulo 8 MATERIAIS E SILENCIADORES

tivo anti-chama; a fibra de vidro sem resina poderá resistir até


5400C dependendo da sua composição química e sua diâmetro. A
figura 8.21 mostra painéis tipo EUCAVID fabricadas pela EUCA-
TEX MINERAL.

Figura 8.20: Aplic~ã.o de fibra de vidro por processo de jateamento ( de fa.


bricaçã.o SANTA MARINA e EUCATEX MINERAL)

3- Lã de Rocha

A lã de rocha é obtida pela fusão de diversos tipos de rocha e/ou


escória a uma temperatura de cerca de lSOOºC, para a obtenção
de fibras que são posteriormente aglutinadas por uma resina para
formar uma manta ou painel. Este material é considerado incom·
bustível.

Além dos três materiais citados acima, existem outros, tais como:
chapas de lã mineral, chapas de fibra de madeira, chapas a base
de vermiculita tecidos, etc. A figura 8.22 mostra a estrutura mi-
croscópica de alguns materiais.

4- Vermiculita Expandida
A vermiculita é a denominação utilizada para descrever um mi·
neral micáceo lamelar cuja constituição quúnica básica é de silica-
tos hidratados de alumínio e magnésio, originando-se da alteração
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 333

Figura 8.21: Caso típico de aplicação dos painéis EUCAVID de fabricação


EUCATEX MINERAL
Capítulo 8 MATERIAIS E SILENCIADORE.<i

~---,-.--.---
... ~t~ff 153!#-.CZ

(o) Fibra de Vidro

Polímeros
Figura 8.22: Estrutura microscópica de espuma.lã de vidro e lã de rocha
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 335

de outras micas, p1·incipalmente biotita e flogopita. Submetida a


aquecimento adequado, a água contida entre suas lamelas e demais
efeitos fisicos, provocam uma expansão na direção perpendicular ao
plano de clivagem basal, do que resultam venniculita expandida.
É aplicada por processo de jateamento em duas ou três camadas e
tem massa específica após aplicação de 400 kg/m3 • O apêndice IV
mostra os valores de coeficiente de absorção para alguns materiais
da EUCATEX MINERAL.
Os materiais fibrosos exigem proteção pois as fibras são frágeis,
enquanto os porosos exigem selagem por serem facilmente conta-
mináveis.
Existem muitos tipos de proteção, sendo um dos tipos folhas de
polietileno fecliadas de espessura de 60µm no máximo, com chapa
de metal perfurada para proteção externa (ver figura 8.23).
Neste caso, o conjunto parede, material absorvente e chapa per-
furada de proteção, forma um sistema do tipo isolante-absorvedor
(ver figura 8.23). O isolamento é fornecido por parte da parede
(ver Capítulo 5 sobre Isolamento de Ruído) e a absorção por parte
do material absorvente. Este conjunto pode vibrar se estiver li-
gado a uma estrutura vibrante ou pode vibrar a partir de excitação
acústica. A sua re-radiação acústica pode ser quantificada ( ver
capítulo sobre Radiação Sonora de Superficies Vibrantes).

A figura 8.24 mostra os três mecanismos acústicos envolvidos


numa parede: o primeiro mecanismo é o isola1nento que é fornecido
pela massa da parede (ver capítulo sobre Isolamento Acústico); o
segundo é a radiação sonora causada por vibração da superficie
da parede ( ver capítulo sobre Radiação Sono1·a de Superficies Vi-
brantes); e o terceiro é o n1ecanismo de absorção sonora através
do revesti.J:nento interno com materiais de absorção sonora, que é
apresentado neste capítulo.
O uso de membranas rígidas retendo fibras de vidro com resina
é em certos casos uma solução contra o fogo.
Normalmente áreas maiores de material absorvente são subdivi-
didas em paineis menores de modo a facilitar a montagem e manu-
tenção.
O coeficiente de absorção de·materiais acusticamente absorventes
pode SP.r melhorado em função do método de instalação, obtendo-se
máxima eficiência quando a distância l entre o material e a parede
( ou teto) for igual a um quarto do comprimento da onda acústica.
A figura 8.25 mostra a absorção acústica de várias montagens de
336 - - - - - - - Capítulo 8 MATERIAIS E SILENCIADORES

~
oo Parede

ooo Material de
......--+--Absorção
IO O O
([) o o Folha de
4---"--'--+----'---Hf--polietileno
o [) o
o
Placa
Perfurado

Figura 8.23: Configuração para proteção

materiais. Os valores mostrados são qualitativos e indicam apenas a


tendência de variação das características. Por exemplo, a figura (B)
mostra absorção maior nas baixas freqüências devido ao aumento
de densidade ou afastamento dos materiais. A figura (C) mostra
ainda um aumento de absorção nas baixas freqüências devido ao
aumento da espessura dos materiais mais densos em combinação
com os materiais menos densos. A presença de chapa perfurada
(ver figura (D)) pode reduzir a curva de absorção em certas bandas
de freqüências dependendo da espessura da chapa, do percentual
da área aberta da chapa e da distãncia entre os furos. A· presença
de cortina afastada da parede (figura (E)) apresenta uma absorção
que varia com a freqüência, o que pode ser usado em auditórios,
cinemas, etc.

8.5 Silenciadores Resistivos


Nos silenciadores resistivos usa.se revestimento das pai·edes inter·
naS dos dutos com materiais de absorção acústica. Tais silenciado-
res são usados na saída e/ou entrada de ventiladores, exaustores,
etc, para redução de ruído de médias e altas freqüências ( ver figura
8.26).
Os silenciadores resistivos consistem de um duto circular ou
retangular revestido internamente com materiais de absorção
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 337

... {.; ,- Re -radiação

'ó 0a0
Incidência
D oo
0~-0_,,..i
n
ºººº
~~"()
Transmissão

oºº
ú e:t::
a

.. '-
Reflexão

n
Materiais de Parede de
Absorção Isolamento

Re - radiação

Re-radiaçõo

Figura 8.24: Absorção, transmissão e re-radiação


338 - - - - - - - Capítulo B MATERIAIS E SILENCIADORES

Coeficiente

jf'''º b
r
lj)O 1000 10000

Js~
c
o

------
100 10:0

OL_J"------~~~0~~1700~-l-000~~10~000
10000

!! !11
~
1
0 Chapo
Perfurado
0
o 100 1000 10.000

~ HI Cortino ' /V(\ Freqüência {Hz)


o 100 1.000 10.000

Figura 8.25: Absorção em várias montagens


SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 339

Silenciador
~ Circular da
Entrada
Isolador da_!_/
Vibrações

Figura 8.26: Silenciadores típicos para ventilador

acústica, além de, em alguns casos, haver a presença de células


divisoras paralelas do mesmo material; isto é, lã de vidro ou lã de
rocha envolta por tecido e protegida por chapa perfurada ou tela
leve metálica. A presença das células divisoras tem por objetivo
colocar maior parte da energia sonora em contato com os materiais
absorventes. A figura 8.27 mostra uma configuração típica de um
silenciador.

A eficiência de atenuação de um silenciador resistivo depende


dos seguintes fatores:
(1) Características acústicas dos materiais do revestimento usado
e sua fixação e proteção.
(2) Espessura e comprimento dos materiais absorventes usados.
(3) Formas e dimensões dos espaços de passagem do ar.

Nas freqüências onde a largura do duto (ou raio) é menor do


que um quarto do comprimento da onda acústica (somente existem
ondas planas), a razão de redução da pressão acústica quadrada é
dada po1·(28];
340 - - - - - - - Capítulo 8 MATERIAIS E SILENCIADORES

w
Figura 8.27: Silenciador retangular

onde:
o é o coeficiente de absorção sonora dos materiais de revesti-
mento
x é o comprimento dos materiais.

Então, a atenuação AT em dB por metro (dB/m) é dada por:

AT = 10 " log e = 4, 34 "


A equação acima mostra que a atenuação em dB é linearmente
proporcional ao comprimento dos materiais usados e ao coefici-
ente de absorção. Nesta equação foram consideradas apenas on-
das acústicas planas, sem reflexão. Na prática, entretanto, existem
ondas incidentes, ondas refletidas e ondas transversais no duto. Por-
tanto, usa-se a seguinte equação de Sabin:

AT = 1,05 o 1 •4 (D')
s (8.32)
SAMIR N. Y. GERGES -----------341

onde:
a é o coeficiente de absorção (adimensional)
D, é o perímeh-o de revestimento interno do duto (m)
S é a área da seção interna aberta do revustimento (m2)

A equação 8.32 tem as seguintes resti·ições:

1- A menor largm·a l deve ter valores entre 60 :5 t :5 lócm.


2- A razão de altura/largura deve ficar entre 1 a 2.

3- A velocidade do fluxo de ar deve ser :5 15 m/seg.

4- O coeficiente de absorção tem que ser a :5 0,8

5- Precisão em torno de 10%.

Nas altas freqüências, existem modos acústicos superiores dentro


dos dutos e o cálculo da atenuação torna-se complexo. Valores
de atenuação em dB/m para dutos retangulares e circulares sem
revestimento de materiais de absorção acústica e com revestimento
externo com 1nateriais de isolamento térmico, são mostrados na
tabela 8.2. A tabela 8.3 fornece atenuações em cotovelos de dut06
quadrados e circulares.
A equação 8.32 mostra que a atenuação em dB/m é proporcional
à razão D,/S dos materiais de absorção. Po1·tanto, o uso de células
de absorção aumenta D,/S e conseqüentemente permite usar silen-
ciador mais compacto. A figura 8.28 mostra vru·ias configurações de
dutos 1•etangulares com mesma atenuação em dB/m. Nota-se que,
em baixas fi·eqüêcias, a espessura das células são geralmente duas
vezes a espessura do material de 1·evestimento das paredes.
As figuras 8.29, 8.30, 8.31, 8.32 e 8.33 mostram valores de ate-
nuação em dB em função da freqüência para vários comprimentos,
espessuras, número de células e la1·gura de passagem do ar. Nota-
se que a configuração de células alternadas f01·nece atenuação maior
nas altas f1·eqüê11cias.
Outra curva apresentada por Deranek é mostrada na figura 8.34.
Essa curva fornece atenuação para dutos retangulares revestidos in-
ternamente nos dois lados por materiais de absorção sonora. As
resistividades ao fluxo destes matel"iais são 1nostradas na figura
342 _ _ _ _ _ _ _ Capítulo 8 MATERIAIS E SILENCIADORES

Conflg· Raio ou heqüéncia central (Hz)


uração largura 63 125 250 500 lk 2k 4k
(mm)
1- Dutos 75-200 0,07 0,10 0,10 0,16 0,33 0,33 0,33
retos 200-400 0,07 0,10 0,10 0,16 0,23 0,23 0,23
circulares 400-800 0,07 0,07 0,07 0,10 0,16 0,16 0,16
ou ovais 800-1500 0,03 0,03 0,03 0,07 0,07 O,OT 0,07
2· Dutos Tli-200 0,16 0,33 0,40 0,33 0,33 0,33 0,33
retos 200-400 0,49 0,66 0,40 0,33 0,23 0,23 0,23
retangulares 400-800 0,82 0,66 0,33 0,10 0,16 0,16 0,16
800-1500 0,66 0,33 0,16 0,10 0,07 0,01 0,07
Idem 1, com Tli-200 0,14 0,20 0,20 0,32 0,33 0,33 0,33
revestimento 200-400 0,14 0,20 0,20 0,32 0,23 0,23 0,23
externo 400-800 0,14 0,14 0,14 0,20 0,16 0,16 0,16
térmico 800-1500 0,06 0,06 0,06 0,14 0,07 0,07 0,07
Idem 2, com 75-200 0,33 0,66 1,00 0,66 0,33 0,33 0,33
revestimento 200-400 1,00 1,32 1,00 0,66 0,23 0,23 0,23
externo 400-800 1,64 1,32 0,66 0,32 0,16 0,16 0,16
térmico 800-1500 1,32 0,66 0,32 0,20 0,07 0,07 0,07

Tabela 8.2: Atenuac;ão em dutos em dB/m

Configuração Raio ou Fre,aüência central (Hz)


largura (mm) 63 125 250 500 lk 2k 4k
Dutos 150-250 - - - - 1 2 3
circulares
ou
250-500
500-1000
-- -- - 1
1
2
2
3
3
3
3
3
retangulares 1000-2000 - 1 2 3 3 3 3

Tabela 8.3: Atenuação em cotovelo em dB/m


SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 343

o rn m .fl
5: WH
; H

5=WH
2

1
1

S=WH
2

S=W H

D0 =2H
2

.qt
Do 4

5 -- !!'..!:!..
4
5= WH 5=WH iJo=W+H
C\,= 2(H +W) Do=2(H+W)
Q..o: 2 (l+.!..) .Q9:2(l+l)
S W H S W H

Figura 8.28: Várias configurações de silenciadores retangulares

~940cm
~~~-_._40cm

70------~-~
~i
(Il 60
-o
,g 50
g- 40
i 30
< 20
10
01........L._.J_..L_----'-------'----"----'---
63 250 lK 2K 4K 8K 63 250 lK 2K 4K 8K
125 500 125 500 A

Freq'úencia (Hz)

Figura 8.29: Atenuação de configurações de células paralelas e alternadas


344 . ·-····-·- ···-·· - Capítulo 8 MATERIAIS E SILENCIADORES

IU&J(>~-
~181!iW~:::::r1ocm
~

~m_j
~
l,2m ~ -1'FD3\_1_20cm
..
eo ·-~.--~--.....=-,,_...,...-;---,
10
60
50
40
30
20

lK 2IC 4K 8K
500rreqüêncio (Hz)

Figura 8 30: Idem da figura 29, com células duplas

8.35. Se o duto for revestido nos quatro lados, a atenuação é obtida


através da soma aritmética das atenuRçÕes de cada par de paredes.
No projeto de silenciadores, deve-se considerar a perda de
pressão devida à presença do silenciador na paBBagem· do ar e do
comprimento do silenciador. ·.A figura 8.36 pode ser usada para
quantificar a perda de pressão a partir da velocidade na superficie,
11., que é dada por:

"•
onde:
v, é a velocidade de -volume (vazão) do v.entilador em m 3 /h
S é a área de entrada em m 2
b é a largura total do silenciador
b, é a largura total de passagem de ar.

A figura 8.36 fornece AP1200 para um comprimento de 1200 mm.


Para qualquer outro comprimento t (mm), a perda de preSBão l::.Pt
é dadà pdr:
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _- - - - ' - - - - - - - - - ' - -
345
60 Atenuocão (d8)
8=4..
50
;' 1\ C=8"
/ 8=8
C=l6" \
40
V
h,..,., '\ \

11' "
30
~
20

10
V
--~
s~
C= 24
~

""
........

63 250 lK 4K

=~::; :} 125 500 2K BK

'"'"""º '"''
Figura 8.31: Atenua,;ão. de células paralelas para várias espessure.s

( 0,425!)
t:,p, = í:,P1200 \ O, 49 + JOOO

Um cuidado deve ser tomado coni fluxos turbulentos do ,.,. na


entrada e/ou saída do silellcia'dor, o Que p1·oduz ruído aerodinâmico.
Neste caso, a potência sonora p1·oduzida pode chegar a valores altos,
dependendo da velocidade do fluxo. O uível de potência so~ora de
ruído aerodin·âinico Pode chegar áté 70 dD 1111s bdi.xas freqüências,
para velocidades e1n torno de 15 n1/s. Po1·tauto, a velocidade àe
passagem do ar deve sei· mantida abaixo deste valor.
As atenuações fornecidas por cotovelos de dutos retangulares,
sem e com revesthuento, são 1nostradas na tabela 8.4 em função da
freqüência.

Silenciador Tipo Câmara Forrada (Plenum)


São câ1ua1'as de grande volu111e (ver figu1·a 8.37). O inte1·ior da
câma.ra é revestido co111 111ate1·iais de absorção sonora, atenuando
Capítulo 8 MATERIAIS E SILENCIADORES
346-------

Atenuação dB
50
, ...........
4o ,,...__
3e
)V
V "' t--- 2

2o
/ ""' '-
r----... Ci)
/
10 1/

63 250 lK 4K
125 500 2K 8K
Freqüência (Hz)
24r <U.P..1%D,,WZ1:Z'I>]
(i) <ll\il~§'tEQD 48'

® ~}
Figura 8.32: Atenuação de configuração de células não paralelas
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 341

?Oir-,Arte~nTua~ç=õro~{;dB~l:.-,,.---.-~~-

so,i--t-+-+--+--:.,..,.._.:+---+---l---l
50t--t-+-+---Jl--,k-+~---l---l
40,i--t-+--+-J'-f--+-+~~',--'
30t--+---+--++-i-+~...i---l".r-ll'~
201t--+---+t'-7f---Af---l-+---'l,.,,-l-----l

101f--i6'1?"q--+---+--+--+---l---l

63 250 lK 4K 8K
125 500 2K FreqUência (Hz)
8=6"
C=lg"
L=4 812
''
Figura 8.33: Atenuação de células paralelas para vários comprimentos

Figura 8.34: Atenuação para ondas planas em dutos


348 - - - - - - - Capítulo 8 MATERIAIS E SILENCIADORES

Diâmetros

o
o

"'
"O
-8
·,;
:;::
.!!'
V)

"'
o::

2 3 5 7 10 2 3 5 7 10
Densidade Ib/ft 3

Figura 8.35: Resistividade ao fluxo em função da densidade

20160~
5040
___]250
"'..1:: 315
~ 80
2 20
cC
<I

=--L-~___L_____l_ __ .J..__~~_J

2 3 5 10 4 10 5 10 6
Velocidade de Superfície V5 (m/h)

Figura 8.36: Perda de pressão


Figura 8.37: Silenciador tipo câmara forrada(plenum)

energia sonora principalmente do ca1npo direto incidente e das mul-


tiplas reflexões. Há ainda o efeito reativo causado pelas desconti-
nuidades entre as áreas de entrada/saída dos dutos e da câmara.
Uni outro efeito causado por mudanças de área nas entradas e nas
saídas, alterando velocidades de fluxo, é a geração de ruído aero-
dinâmico.
O espaço da câmara pode ser ainda dividido em sub-espaços,
aumentando o efeito da atenuação. Wells apresentou a seguinte
equação de atenuação AT em dD:

AT = 10/ogS, [ -2 L 3
1rq
1- º']
+ -S--
lªl

onde:
S, é a área de saída
St é a área com revestimento
a, é o coeficiente de absorção do n1aterial do revestimento à
incidência aleatória
q é a distância entre os centros da entrada e da saída ( diagonal)

Os dois termos da equação de AT são devido ao can1po acústico


dh-eto (prhneiro termo) e ca1npo acústico 1·everberante (segtU1do
termo). Na prática a atenuação AT calculada é gerahncnte 5 a 10
dB maior do que a medida em laboratório.
~50 - - - - - - - Capítulo 8 MATERlAIS E SILENCIADORES

Exemplos típicos de silenciadol'es são mostrados nas figuras 8.38


e 8.39.

Configuração Freqüência central (Hz)


largura D (cm) 63 125 250 500 lk 2k 4k 8k
(I) Sem revestimento
12,7 . . . 1 5 7 5 3
25,4 . . 1 5 7 5 3 3
50,8 . 1 5 7 5 3 3 3
101,6 1 5 7 5 3 3 3 3
(Il) Com revestimento
na entrada•
12,7 . . . 1 5 8 6 8
25,4 . 1 5 8 6 8 11
50,8 . 1 5 8 6 8 11 11
101,6 1 5 8 6 8 11 11 11
(Ill) Com revestimento
na saída•
12,7 . . . l 6 11 10 10
25,4 . . 1 G 11 10 10 10
50,8 . 1 6 11 10 10 10 10
101,6 l 6 11 10 10 10 10 10
(IV) Com 1·evestimento
na entrada e saída •
12,7 . . 1 6 12 14 16
25,4 . . 1 6 12 14 16 18
50,8 . 1 6 12 14 16 18 18
101,6 1 6 12 14 16 18 18 18
• comprimento do revestimento ~ 20 e espessura > D/10

Tabela 8.4: Atenuação em cotovelos de dutos quadrados em dB/m

8.6 Referências Bibliográficas


[l] ASTM, Standart test method for impedance and absorption of
acoustical materiais by the impedance tube method. ASTM-
384-1985.
[2] ASTM C423-66, Sound absol'ption of acoustical matel'ials in
reverberation roo1ns, (revised June 1970), America.n Society
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 351

Torre de Refrigeração
Condensador
-~~~~odor

Encblsuro-
~ \.
mento

Ven,Uodor Cen!rltu90

Figura 8.38: Exemplos típicos de silenciadores


, J B MATERIAIS E SILENCIADORES
3ó2 - - - - - - - - - Cap1tu o

Figura 8.39: Verificação de fabricação e montagem de silenciador de


CitroSuco Paulista S.A.
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 353

of Testing Materiais, Pbiladelphia, Pa. (Sarne as ANSI Sl.7-


1970).
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Vibration, 97(1), 1984, pp.168-170.
(14) Fitzroy, D., Rev;erberation formula which seems to be more ac-
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354 - - - - - - - Capítulo 8 MATERIAIS E SILENCIADORES

[16] Gerges, S.N.Y. e Grandi C.M., Projeto do Silenciadore de Ci-


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[24] Olynyk, D. and Northwood,T.D., Comparison of re-
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1974). (Prepared for Department of Health, Education and
Welfare, National Institute for Occupational Safety and He-
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SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 355

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Vol. 4, Page 9-15, July 1958.
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Elsevier Publishing Company, Inc. 1949.
Capítulo 9

Filtros e Ressonadores
Acústicos

9.1 Introdução
Os dispositivos reativos para controle de ruído são eficiente11
em baixas freqüências, especialmente para atenuação de ruído de
freqüências discretas (tons puros). As características acústicas
dos silenciadores reativos são determinadas apenas por sua forma
geométrica (sem uso de material de absorção acústica). São proje-
tados de forma a deixar passar um fluido reduzindo fortemente sua
energia sonora. Como exemplo, pode-se citar os silenciadores de
compressores, escapam.entos de motores automotivos de combustão
interna, etc.
O princípio destes silenciadores é baseado na reflexão das on-
das para a fonte, isto é, as ondas, ao passarem pelo silenciador,
encontram uma mudança de impedância acústica para valor muito
grande ou muito pequeno. Então, uma parcela pequena da energia
propaga através do silenciador e a maior parte da energia é reftetida
de volta para a fonte. Esses silenciadores são econômicos com baixa
perda de pressão do ftuido carregado.
Neste capítulo serão apresentados os fundamentos de propagai;:ão
de onda em dutos, os filtros acústicos e os ressonadores colocados
nos dutos para reflexão da energia acústica; além de dois tipos de
dispositivos reativos para atenuac;ão de ruído em ambientes fecha-
dos; o ressonador de Helmholtz e o painel vibrante. Finalmente é
apresentado o princípio de controle de ruído ativo.

357
358 Capítulo 9 FILTROS E RESSONADORES ACÚSTICOS

9.2 Propagação de Ondas Sonoras em Dutos


Retos
--
* )) ld
r
P( y,z,t)

t --
o
Figura 9.1: Coordenadas para propagação de ondas em dutos

Considere-se um duto reto infinito com paredes internas rígidas


(sem revestimento com materiais de absorção). Se o duto for ex-
citado por uma fonte sonora, por exemplo um ventilador, uma
válvula, .. etc, as ondas acústicas propagadas obedece111 a equação
da onda. Considerando o problema em duas dimensões y e z (ver
figura 9.1}, o campo sonoro deve satisfazer a seguinte equação da
onda:

&2 P &2 P 1 &2 P


-
&y'
+&z'
- ~at' = o (9.1}

As condições de contorno de velocidade da partícula nula nas


paredes rígidas são dadas por:

&P - O em y = o y = d (9.2)
&y -
Considerando a solução da equação da onda com variação
harmônica simples no tempo, tem-se:

P(y,z,t) = P(y,z)e'"'' (9.3}


Substituindo 9.3 em 9.1, resulta:

&2 P &'P 2
&y' + &z' +k P = O (9.4}

onde k =
w/c é o número da onda acústica.
Uma solução separando as variáveis y e z, pode ser esc1·ita na
forma:
P(y,z) = P1(y)P2(z) = A1e"''e"'' (9.5)
Então, substituindo-se 9.5 em 9.4, tem-se:

(9.6)
onde:
À1 e À2 são, em geral, valores complexos
A1 é uma amplitude constante.
A solução não trivial é dada por:

(9.7)
ou

À1 = ±i,jk2 + Ài (9.8)

Substituindo 9.8 em 9.3 e 9.5:

As condições de contorno da equação 9.2 requerem:

~: = ,;"''e"''{iAJk2 + À~e;y/••+>1 - iBVk2 + À~e-;•/•'+'~} = O


(9.10)
Aplicando a condição de contorno em y = O, tem-se:

A= B (9.11)
então:

P(y, z, t) = 2A e;wt •''' cos(yVk2 + Ài ) (9.12)


Aplicando a condição de contorno em 11 = d, tem-se:

n=0,1,2,3, .....

Então, os valores de ..\1 e ..\2 são:

(9.13)
360 - - - - Capítulo 9 FILTROS E RESSONADORES ACÚSTICOS

(9.14)

A solu,;ão então fica:

P(y,z,t) = 2Acos [<n;)yj e±ü.,/k'-("f)'eiw< (9.15)

P(y) tem a forma de distribui,;ão de onda estacionária através


do duto. Somente valores inteiros de n são permitidos; cada valor
corresponde a um modo de propaga,;ão no duto (ver figura 9.2).

Figura 9.2: Pressão acústica p(y) para vários modos

Cada modo propaga-se na direção z com um número de onda


dado por:

(9.16)

Então, o modo n pode propagar-se somente se kn for um valor


real, isto é:
n1rc
w> d
ou
nc
I > 2d (9.17)

Portanto, tem-se um valor de I para cada n, ou ln nc/2d que


é a chamada freqüência de corte do modo n. Quando uma fonte
acústica de freqüência I Hz (ou número de onda k) excita o fluido
no duto, somente aqueles modos tendo I > ln (ou k > mr/d) podem
levar a energia acústica para longe da fonte. Por outro lado, modos
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 361

tendo f < ln (ou k < n,r/d) decaem exponencialmente próximo da


fonte.
Note que a onda plana de modo n =
O propaga-se em todas as
freqüências, abaixo de fi = c/2d.
Em um duto uniforme, de seção transversal retangular (axb), a
freqüência de modo (n,m) é dada por:

fm,n = (9.18)
onde m e n são números inteiros
Então a freqüência de corte é dada por:
e
!1,0: ~ para a>b (9.19)
Em um duto uniforme de seção transversal circular, a mais baixa
freqüência de corte corresponde à forma de distribuição de pressão
mostrada na figura 9.3 e é dada por (ver capítulo 1 sobre Acústica
de Ambientes Internos, Salas Cilíndricas):

/(O,!)= l,84c (9.20)


,rd
A mais importante implicação prática destes resultados é que
em um duto uniforme de paredes rígidas, somente ondas planas
podem propagar abaixo da menor Freqüência de Corte ( dada pelas
equações 9.19 e 9.20). Neste capítulo são adotadas dimensões trans-
versais do duto ( a, b ou d) menores do que meio comprimento de
onda, isto é, somente ondas planas propagam-se ao longo do duto.

9.3 Reflexão de Ondas em Dutos


Para um duto com variação de diâmetro em,: = O (ver figura 9.4),
as ondas planas incidente e refletida podem ser escritas na seguinte
forma:

(9.21)

E.r = .ll.ei(wl + b)
(9.22)
As velocidades de volume correspondentes a ~ e E,. são:

!.!., = E.;
pc/S
362 - - - - Capítulo 9 FILTROS E RESSONADORES ACÚSTICOS

[8
Figura 9.3: Distribuição da pressão para a primeira freqüência de corte

Are a s,
~
X=O

Figura 9.4: Reflexão e transmissão de onda plana na junta do duto


SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 3 6 3

ll = _!;,___
pc/S
onde S é a área da seção transversal.
A impedância acústica é então dada por:

Z.. = E. + ~ = !!!:.. .d,e-ib + .B.eih


(9.23)
ll + í!., s ,1,-,.. - !!."'
Em :: = O, onde ocorre a mudança de diâmetro no duto,

z.,=o = k, = Ls' A+li (9.24)


A-Jl.
Portanto,

Z.0 - pc/S
(9.25)
Z:0 + pc/S
O coeficiente de reflexão de potência sonora no plano de muda.nça
de diâmetro, em .x = O, é dado por:

"' = l'ª°I' (Ro - pc/S)' + XJ (9.26)


.1 = (Ro + pc/S)' + XJ
onde k = Ro + iXo
e o coeficiente de transmissão de potência sonora é dado por:

4Ropc/S
(9.27)
01 = 1 - ªr = (Ro + pc/S)2 + XJ
Estas equações são aplicáveis a um duto que apresenta uma vae
riação na seção transversal de S 1 para S2 (veja figura 9.4). Se o
comprimento de onda for grande comparado ao diâmetro de cada
duto (caso das ondas planas), a impedância acústica da onda trans-
nlitida em x = O será dada por:

L, = pc/S, (9.28)
Aplicando-se as condições de contorno, isto é, a igualdade das
pressões acústicas antes e após a mudança da seção transversal e a
igualdade das velocidades da pa1·tícula em x = O, ou a igualdade das
impedâncias (equação 9.23 e 9.28), tem-se:
364 - - - - Capítulo 9 FILTROS E RESSONADORES ACÚSTICOS

E. Si - S2
(9.29)
à Si+ S2
(Si - S2) 2
<>r 1ª1 2 (9.30)
d (Si + S2) 2
4SiS2
o, == 1 - <>, (9.31)
(Si + S2) 2
As equações 9.29, 9.30 e 9.31 não são aplicáveis caso qualquer
um dos diâmetros de S1 e S2 se aproxime de meio comprimento de
onda. Desta forma, a impedância acústica da onda transmitida não
poderá ser representada por pc/ S2, valor relativo à onda plana.
Finalmente, quando o comprimento de onda é consideravelmente
menor que o diâmetro do duto, o coeficiente de transmissão o,
torna-se:
Ot = f- para onda propagando para direita
<>t =
iôo% para onda propagando para a esquerda

Se o duto tem tel'minação rígida em x = O, a impedância acústica


Zo =oo e então li/ A =
1. A amplitude de pressão da onda refletida
é, então, igual a da onda incidente, e em x O a onda incidente e a =
refletida estão em fase. A velocidade de partícula é zero em x = O.
Se o duto é aberto e circundado por um flange infinito, então a
impedância do terminal pode ser considerada como sendo a mesma
de um pistão montado em um flange infinito ( ver capítulo 4, seção
4.4.5 ), com valores de Ro e Xo dados por:

Ro = Spc R 1(2ka) Xo = 8pc Xi(2ka)


Conseqüentemente, substituindo esses valores na equação 9.25,
tem-se:

11. R,(2ka) - 1 + iXi(2ka)


(9.32)
à = R1(2ka) + 1 + iXi(2ka)
Para altas freqüências, onde 2ka ~ 1, os valores de R 1 e Xi são:

R 1 (2ka) e, 1 e Xi(2ka) e, O

Então:
I1.
;!_
o
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 365

e toda potência é transmitida para fora.


Se 2ka < O, 5 os valores de Ri e Xi são:
Ri(2ka) e:: k 2 a 2/2 e Xi(2ka) e:: Bka/3,r
então,

Il.. (I - k2 a 2/2) - iBka/3,r


(9.33)
.d (! + k'a 2/2) + iBka/3,r
Quando 2ka < !, em baixas freqüências, ll./ A e:: -1, e a amplitude
de pressão da onda refletida está fora de fase com a onda incidente.
O coeficiente de transmissão é dado por:

2k 2 a 2 _ 2 2
2k'a' = 81r a (9.34)
"'' ,::: (! + k2 a 2 /2) 2 + (8ka/31r) 2 - À2

Neste caso (À é grande comparado com o raio a do tubo) somente


uma pequena percentagem da potência incidente é transmitida para
fora.
Em baixas freqüências, tanto a teoria como a prática indicam que
a impedância acústica de um duto sem flange é aproximadamente
igual a:

pc k 2 a 2
z.. = s(-4- + 0,6ika) (9.35)
e o coeficiente de transmissão será:

k2 a 2 e:: k'a' (9.36)


(! + k'a 2/4) 2 + (0,6ka) 2
Portanto, em baixas freqüências, um flange na saída do duto au-
menta a radiação acústica. Por isso, para amplificar o som nas bai-
xas freqüências, usa-se um duto com aumento gradual de diâmetro
( amplificadores de toca discos antigos),

9.4 Ressonância em Dutos


Considere-se um duto de área S = 1ra 2 e comprimento I, excitado
por u1n pistão vibrante localizado no lado esquerdo, e1n x = O, e
ternúnado no lado direito com impedância acústica Zt em x t. A =
aplicação da equação 9.23 em x = f, fornece:
366 - - - - Capítulo 9 FILTROS E RESSONADORES ACÚSTICOS

pc .11.e-•kt + 11.ei•l
k = s Ae-••t - li e••t (9.37)

e a aplicação da equação 9.23 em " = O,


z - ~A.+11. (9.38)
=-s..1.-11.
Combinando 9.37 e 9.38 para eliminar a• amplitudes complexas
.li. e li, tem-se:
pc k + i'!ftg(kl) (9.39)
z.,, = (sl'!f +iktg(kl)
A equação 9.39 mostra que a impedância de entrada depende:
(1) da impedância do terminal do tubo b,
(2) do comprimento do tubo l,
(3) do número de onda k.
A freqüência de ressonância de um duto pode ser definida como
sendo aquela onde a componente reativa da impedância de entrada
é nula. Nessa freqüência a impedância de entrada é mínima e a
potência irradiada para fora de um duto aberto é máxima. É con-
veniente substituir Z. 1 ( o + if))pc/ S. Desta forma a equação 9.39
será:

z - ~ o + i(tg(kl) + /3] (9.40)


= - ( S) (1 - f)tg(kl)] + iotg(kl)
A freqüência de ressonância é obtida fazendo-se a componente
reativa nula na equação 9.40. Então:

f)tg 2 (kl) + (/3 2 + o 2 - l)tg(kl) - /3 = 0 (9.41)


Em baixas freqüências /3 < 1, portanto a equação 9.41 simplifica-
se para:

tg(kl) = -/3 (9.42)


Quando o tubo termina em x = f com um 8.ange infinito,
/3 e:, 8ka/3,r (ver capítulo 4, equação 4.56), então:

8ka
tg(kl) = - ~

ou
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 367

Bka
tg (n,r - ld) == tag(-)
311'

onde n é um número inteiro qualquer, ou

8.1:a
nir - kl (9.43)
3,r
A freqüência de ressonância fundamental correspondente a
n = 1 é dada por:
li = 2(l + 8a/3ir) (9.44)

Então, o comprimento efetivo do tubo é igual a (l + 8a/31r). A


correção do tubo com flange, obtida experimentalmente (O, 82a) for-
nece um valor muito próximo de Ba/31r, obtido com a teoria acima.
O valor da correção para um tubo sem flange é O, 6a ( veja equação
9.35).
Se o tubo é fechado por uma tampa rígida em:,; = l, então 2:_, = oo
e a impedância de entrada k será:

z = f!!:._l_ = -if!!:.cotg(kl) (9.45)


""" s itg(ld) s
Z.,, =O quando cotg(kl) =O que corresponde a
kl = (2n - l)Í
e então, a freqüência de ressonância é dada por:

f = (2n - l)c
4l (9.46)

Se n = 1, esta se reduz a li = c/4t., que está de acordo com


a equação para a freqüência fundamental de um tubo fechado
(comprimento igual a um quarto do comprimento de onda). As
freqüências de 1·essonância são equivalentes aos harmônicos únpares
(2n- 1 = 1,3,5, ... ).
368 Capítulo 9 FILTROS E RESSONADORES ACÚSTICOS

9.5 Ressonadores de Helmholtz


Nesta seção será apresentado o ressonador de Helmholtz que pode
ser usado em aberturas laterais de dutos (ver próxima seção ) ou
nas paredes de ambientes fechados (ver seção 11), sendo emregado
principalmente como neutralizador de ondas sonoras com baixas
freqüências.
Quando as dimensões da cavidade de um sistema acústico são
pequenas comparadas com o comprimento de onda, o movimento
do meio no sistema é análogo a um sistema mecânico de um grau
de liberdade, que tem um conjunto de elementos mecânicos: massa,
rigidez e amortecimento. O ressonador de Helmholtz desenvolvido
por um brilhante tisico alemão, consiste de um enclausuramento
com volume V, comunicando-se com o meio externo através de uma
pequena abertura .de área S, raio a e comprimento l (ver figura 9.5).

Área S
V

Figura 9.5: Ressonador de Helmholtz simples

O ressonador pode ser considerado como um sistema de um grau


de liberdade acústico, com os três elementos que seguem:
(1) Elemento de Massa: Na abertura (pescoço), considera-se que
o fluido move-se como um elemento com massa.
(2) Elemento de Rigidez: A pressão do fluido dentro da cavidade
muda quando ele é alternadamente comprimido ou expandido
pela excitação acústica do fluido através da abertura.
(3) Elemento de Resistência: A resistência do sistema é o termo
responsável pela dissipação da energia acústica. Dois me-
canismos são responsáveis pela absorção acústica: a radiação
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 369

acústica do cilindro de ar vibrante na abertura e o atrito vis-


coso entre o ar vibrante e a superficie da abertura.
A massa efetiva do fluido na abertura é igual a pSl' onde S é a
área de seção transversal da abertura e l' é o comprimento efetivo.
Já que uma quantidade de fluido, além das extremidades do es-
trangulamento real, move-se em unidade com o fluido na garganta,
é necessário usar um comprimento efetivo l' maior que o compri-
mento verdadeiro l.
Nas baixas freqüências o meio adjacente aciona um pistão mon-
tado em um flange infinito com massa igual a do fluido contido no
cilindro de área Se comprimento /':,.f = Ba/3,r (veja equação 9.44).
Se o carregamento da massa é considerado equivalente ao do pistão,
então:

f' = f + 16 ª
2/':,.f = f + (9.47)
3,r
A correção /':,.f deve ser aplicada para obter o comprimento efe-
tivo. De qualquer forma, em baixas freqüências, são obtidos resul-
tados razoáveis supondo que
/':,.f = Ba/3,r = 0.85a para uma terminação de borda rígida e
/':,.f = O, 6a para uma terminação sem borda

Para determinar a rigidez do sistema é necessário calcular a força


F atuante na área S quando o fluido na abertura é deslocado de ç.
Então, a mudança do volume de fluido é dV = (S, o aumento de
pressão p (ver capítulo 1, equação 1.1) é dado por

e a força de rigidez que age na abe1·tura é dada por:


pc2s2(
F = pS = - V -
Portanto, a rigidez efetiva do sistema é dada por:

k = !_ç = pc 2S 2/V (9.48)

Supondo que a 1nassa que se inove na abertura irradia som no


meio ch-cundante da mesma forma que uma fonte pistão montada
em um ftange infinito, a resistência de radiação efetiva é então dada
pela equação 4.62 como:
Na forma complexa, a pressão acústica instantânea produzida
pela onda sonora de amplitude p, agindo na abertura, pode ser
escrita como:

E= pi""• (9.49)
e a força motriz resultante:

F = Spe'"'' (9.50)
A equação diferencial para o deslocamento ç do fluido na gar-
ganta é dada por:

, d2{ pck 2 S2 dç pc 2 S2
pi S dt' + ~dt + ~ç = Spe'"''
A ressonância do ressonador de Hehnholtz ocorrerá quando a
reatância acústica for igual a zero. Então,

woM - K = O (9.51)
"'º
onde

M pR'S

e
pc S 2 2
K =- V
-
Portanto, a freqüência de ressonância não amortecida é dada
por:

(9.52)

Essa freqüência é ~gual a freqüência de ressonância amortecida ,


uma vez que o amortecimen~o devido à radiação sonora e viscosi-
dade é muito pequeno.

Uma comparação entre a f&-eqüência de ressonância medida e


a prevista pela equaçâo 9.52 pode ser usada para se determinar
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 3 7 1

l' e consequentemente í:,.f. Os valores encontrados de 6i/a estão


situados entre 0,6 e 0,85 (veja tabela 9.1). Os resultados não são
dependentes da forma do ressonador, desde que as dimensões da
cavidade sejam menores que um quarto de comprimento de onda.
Os ressonadores de Helmholtz têm freqüências de ressonância
adicionais que são mais altas do que a fundamental, dada pela
equação 9.52. Estas freqüências são devidas às ondas estacionárias
na cavidade e portanto, dependem mais da forma da cavidade do
que do seu volume, não sendo relacionadas com a fundamental.

V a l J. l !:,.f/a Q
mª m m Hz m
0,002660 0,0190 0,006 192 0,0340 0,74 52
0,001120 0,0155 0,006 256 0,0300 0,78 52
0,000385 0,0095 0,001 320 0,0215 0,76 80
0,000115 0,0075 0,003 576 0,0140 0,74 47

Tabela 9.1: Dados dos ressonadores de Helmholtz

A forma da curva de resposta em freqüência do ressonador de


Helmholtz na sua faixa de ressonância é estabelecida pelo fator de
qualidade Q, definido por

(9.53)

A equação 9.53 é derivada da suposição que não há perdas, exceto


aquelas resultantes da energia de radiação sonora, e essa ·radiação é
similar àquela de uma fonte pistão montada em um f!ange infinito.
Valores de Q são listados na tabela 9.1 na faixa de 41 até 80.
Os valores reais medidos para um mesmo ressonador são um pouco
mais altos, o que pode ser justificado pelo valor de R usado. Se
for usado R = pck 2 S 2 /41r, para·fonte simples isolada, os valores da
equação 9.53 duplicam.

9.6 Teoria Geral de Abertura Lateral


em Dutos
A presença de uma abertura lateral muda a impedância acústica
na região onde ela se localiza. Neste caso, uma parte da energia
incidente é transmitida e dissipada na abertura lateral. A figura
372 - - - - Capítulo 9 FILTROS E RESSONADORES ACÚSTICOS

_,P·
,r a~ =S
Pr
X=O

Figura 9.6: Filtro acústico de ramo lateral

9.6 mostra um duto de seção uniforme com área S e uma abertura


lateral de área S,, com impedância acústica na entrada A ondaz,.
incideQte pode ser repl'esenta~a por:

(9.54)
As ondas, refletida e transmitida no duto e transmitida na aber-
tura são:

e.. = 4.•"'
Considerando-se que os diâmetros dos dutos são bem menores
que o comprimento da onda acústica, e aplicando a condição de
continuidade de pressão acústica na junção (z = O), tem-se:

E.,+.f..=E..=E... (9.55)
As velocidades de volume são:
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 373

ll.,

Aplicando-se a condição de continuidade de velocidade de volume


na junção, tem-se:

U, +U, = U, +U. (9.56)


e dividindo-se a equação 9.56 pela 9.55:

U, + [J_,
E., + E.,.
ou
1 1 1
z_ -+- (9 ..57)
z., b
onde

e
pc
z_, =s
Substituindo Z.. e Z.1 na equação 9.57, pode-se obter a razão entre
a amplitude de pressão da onda refletida e da onda incidente f!_i/ ,1_ 1 ,
como:
fl. 1 -pc/25
f..1 = il + 0,
e .1,/<'l1 e A.,,/ ,i 1 são dadas por:
374 - - - - Capítulo 9 FILTROS E RESSONADORES ACÚSTICOS

O coeficiente de reflexão será:

(9.58)

onde

E o coeficiente de transmissão será:

LI., , Ri + X?
º' = IAI
-1 = (e;_+
2S + X b2
Rb) 2
(9.59)

A razão entre a potência transmitida na abertura lateral e a


potência incidente, Cl'b, é expressa por:
e!R
·o - 1 o o - 5 b (9.60)
b - - r - ' - (e;_
25 + Rb)' + X'b
A tabela 9.2 mostra os valores extremos dos coeficientes oi, Or e
ob para vários valores de X1 e R1:

I X1 I R1 º' º• º' Nota


o 1 o 100 % reflexão
\!\! 1
.
o
. o
o 100% transmissão
dissipação zero
1 · 1 º na abertura

Tabela 9.2: Valores extremos dos coeficientes para abertura lateral

A seguir é usado o desenvolvimento matemático já apresentado


nesta seção para aplicação em alguns casos especias de dispositivos
mancados na abertura lateral.

9.7 Ressonador de Helmholtz na Abertura


Lateral
Como uma aplicação da teoria da seção 6, será considerado o uso
de um ressonador de Helmholtz na abertura lateral. Desprezando o
efeito de viscosidade, não havendo energia dissipada, a energia ab·
sorvida pelo ressonador durante um período, volta para o tubo du-
rante outro período do ciclo acústico. Então R1 = O. Considerando·
s~ a área do ressonador Sr, = 1ra2 , o comprimento l e o volwne V
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - ~75

Área

Figura 9.7: Ressonador de Helmholtz na abertura lateral do duto

(ver figura 9.7), a reatância acústica (ver sec;ão S) pode ser escrita
como:
wl' c2
p(---) (9.61)
81 wV
onde:
i' = l + 1, 7a
Substituindo-se os valores de R, e X, na equação 9.SS, tem-se:

(9.ô~)
º' =
1 +
,,,
45:i(wl 1 /s.- c:S/wV)i
Então, a perda de transmissão em dB é dada por:

1 = 10/og [ 1 + [ ../s;v[F
PT = 10/og(;;;) 28(~ _ ';.") ] 2] (9.63)

A figura 9.8 mostra a variação da PT com w/wo para vários valores


de /3 = ff /28 (para o caso de n orificios no duto de comprimen,o
efetivo I! e área 81; o termo 8,/1! é substituido por n8,/i'). Entã<>,
um ressonador de Hebnholtz na abertura lateral de um duto é um
filtro tipo CORTA BANDA ou PARA BANDA.
Como exemplo prático de aplicação, a figura 9.9 mostra um pico
de ruído em baixa freqüência (30 Hz) gerado numa caldeira. Chat-
terton mostra que, com o uso de silenciador resistivo, foram atenu.=J....
dos os ruídos de altas freqüências, e com ressonadores de Flelmholtz
376 - - - - Capítulo 9 FILTROS E RESSONADORES ACÚSTICOS

de quatro aberturas com áreas diferentes, foi conseguida uma ate-


nuação de 30 dB no pico de 30 Hz.

ai 50,~--~~~-~-----~
~

·~ 40
-~"' 30~----+-+--l-rlc+-~~-L_+--+-----,
e
o
,=
.,
"O

"ªa..., 0,5 1.0 1,5 2,0 2t!J 3P 3,5


Rezão de Freqüêrcio (W/W 0 )

Figura. 9.8: Perda da. transmissão do ressonador na abertura lateral do duto

9.8 Orifício na Abertura Lateral


Considere-se um duto de pequeno comprimento na abertura late-
ral cujo raio a e comprimento l são menores do que o comprimento
da onda acústica. A impedância deste tipo de abertura é dada por:

(9.64)
onde: l' = t + 1,7a para i,t;; À.
O primeiro termo da equação 9.64 é a radiação sonora no orifício
para o meio externo, e o segundo termo é a inertância do fluido
no orificio. O coeficiente de transmissão então pode ser obtido
substituindo a equação 9.64 na 9.59j

o: - (~,)2+(~)2
(9.65)
1- (# + ~)2 + ($)2
A razão entre a resistência acústica e a reatância é:
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 377

70
60
1\
50 ...,

-
~40 ..,,...
(/)
g, 30
20
O 1020304050607080
"'-- ~

Freqüência (Hz)

Direção
de
Fluxo

Figura 9.9: Redução de ruído de caldeira com Ressonador de Helmholtz


378 - - - - Capítulo 9 FILTROS E RESSONADORES ACÚSTICOS

Rb/ X, ka/3, 4 para apenas um furo no tubo principal com


l = O (l' = 1,7a).

Se ka «: 1, a resistência acústica pode ser desprezada em com-


paração com a reatância acústica no cálculo do coeficiente de trans-
missão. Então, desprezando pck 2 /2,r na equação 9.65, tem-se:

(9.66)
1 + (,ra2/2Sl'k)2
E a perda de transmissão é dada por:

PT = 10/og(l + (1ra 2 /2Se'k) 2 ] (9.67)


A figura 9.10 mostra a variação de PT com kl'S/1ra 2 , e então a
presença de um orifício simples converte o tubo num filtro acústico
tipo PASSA ALTO. O coeficiente de transmissão de potência sonora
no orifício lateral é dado por:

(9.68)
°'b = 1r(I + (2Sf'k/1ra 2 ) 2]
Quando o, 50%, onde k = ;;;,; o valor de oi, é dado por:

a, = k 2 S/1r «: 1
Portanto, o mecanismo de funcionamento do filtro atua por re-
flexão de energia para a fonte e não por transmissão de energia
acústica para fora da aberturae

Quando l :» À, a perda de transmissão PT é dada por:

PT = 10 log [! + O, 25 cotg2 kl'] (9.69)


A equação 9.69 é mostrada na figura 9.11. PT assume valor
ma.ximo quando kl' = (n1r), onde n é um número inteiro. E tem
valores mínimos quando kl' = (2n -1)/,r/2.

Então um orifício na abe1·tura lateral de duto com l ~ À é um


filtro acústico tipo PASSA BANDA (ver figura 9.11).
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 379

601,--,-~--r-i-"T'TT.,----,-r--.-,..-rn-~~~~~

o
,o
.E"'"'
~ 20,f-~+--~~+--~+--~+-~----''1.-~+-~--+-~~-l-____j
~
Q)
-e> l0>-~+-~~1--~+-~+-~~+--~+-_,_c+-~~+-------"
o
'E
& o,~~+-~~~~+-~+-~~~~~~~~~~~
0,001 0,002 0,005 QOl 0,02 0,05 0,1 0,2 0,5 \0
k is/Tra 2
Figura 9.10: Perda de transmissão do orifício lateral

ÍÍi 30
::s -,201--

~ [l
o

.E"'"' 20
"'e:
o
~
"'
-e>
o
~
"'
n. O+n11 0,8+nTT l,6+n11 2,4+nTT 3,2+n11
kA 1

Figura 9.11: Perda de transmissão do orifício com extensão


380 Capítulo 9 FILTROS E RESSONADORES ACÚSTICOS

9.9 Tubo Fechado na Abertura Lateral


Neste caso, não existe energia radiante para fora ( Rb = O) e a
reatância Xb é dada pela equação 9.45, como:

pc
xb = scotg(kl') (9.70)

Então, substituindo a equação 9. 70 na equação 9.59, tem-se:

1 + o, 25tg 2 (kl')
E a perda de transmissão é dada por:

PT= 10/og[l + 0,25tg2(ki')] (9.71)

PT tem valor mínimo quando kl' =


n,r e valor máximo quando
kl' = (2n - l),r/2, onde n é um número inteiro. Quando kl' - O,
PT - O, isto é, um tubo fechado na abertura lateral é um filtro tipo
PASSA BAIXO ou PARA DANDA.
A figura 9.12 mostra a variação da PT com kl'.

íii 30
~
---1201--
o

V,
-~
E
!!'
o
20 _m_
i=
'" 10
"O

o,L_~""""'r:::_~_JL____,___::1,,.,,_~----1~-----a~
O+n11 0,8+n11 1,6+n11 2,4+nTT 3,2+n11
k.o.'

Figura 9.12: Perda de transmissão do tubo fechado na abertura lateral


SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 381

9.10 Câmaras de Expansão


9.10.l Câmara de Expansão Simples
A figura 9.13 mostra uma câmara de expansão simples, onde existe
uma descontinuidade abrupta na área da seção transversal de S 1
para S2, tanto na entrada como na saída. O comprimento da câmara
é ajustado para refletir a onda e atenuar a propagação da energia
sonora na saída.
=
A resistência acústica deste dispositivo é nula (R 6 O), pois não
existe mecanismo de dissipação de energia acústica. A reatância Xb
pode ser dada pelo mesmo valor do ressonador de Helmholtz nas
baixas freqüências (kf « 1);

xb = ws2f
..f!i:_ Rb = O para kf « 1 (9.72)

Substituindo a equação 9. 72 na 9.59, tem-se:

(9. 73)
"'' = 1 + (S2 kf/2S1 ) 2
Para altas freqüências, onde kl pode ser maior do que a unidade,
o coeficiente de transmissão pode ser calculado de maneira similar
à usada na seção 5.5, equação 34 (ver capítulo 5). Considerando as
ondas incidente e refletida nos três dutos, o resultado será:

4
(9.74)
"'' = 4cos2(kf) + (?, + tJ2sen 2(kf)

Quando kf = ,r/2 ou e = >./4, o-, assume um valor núni.mo, dado


por:

Então, nesta condição a câmara de expansão é usada como filtro


tipo PARA BANDA. A perda de transmissão é dada por:

(9.75)

onde ln = e/ 4f
382 - - - - Capítulo 9 FILTROS E RESSONADORES ACÚSTICOS

A figura 9.13 mostra a variação de PT com f / ln para vários


valores de S2 /S,. Nota-se que a mudança abrupta na seção trans-
versal é responsável pela eficiência deste filtro tipo PARA BANDA.
Uma variação suave na junção entre duto e câmara de expansão for-
nece características inferiores em termos da PT (ver figura 9.14).
Portanto, variações abruptas devem ser empregadas.

40

íõ 30
~
o
10

"'
-~
e"'
e:
1-

"'
-o
o
~
if
Figura 9.13: Perda de transmissão da câmara de expansão simples

A figura 9.13 mostra que a perda de transmissão máxima ocorre


quando:

kl = (2n + l),r/2 ou f = (2n + 1)/n para n = O, l, 2, 3, ....


Portanto a atenuação ocorre quando l = *' ª:f', ~ ...... etc.
Uma atenuação efetiva pode ser obtida numa dada banda por:

~À<i< ~>. (9.76)


2,r - - 2,r
Por exemplo, para atenuação em 90 Hz, uma câmara de 0,3 a
1,6 metros aproximadamente, oferece mais de 20 dB de atenuação.
Nota-se que a atenuação obtida com câmara simples situa-se no
pr!meiro ciclo da curva de PT. Atenuações adicionais podem ser
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 383

12
'___.),,

S1
~S2
10

Íil
----------=-
E
o
,o
V,
V,
.E
V,
e:
::'
.....
Q)
'O

o
'2 2
Q)
o..

O,l 0,2 0,3 0,4 0,5


1'1>.

Figura 9.14: Perda de transmissão na conexão cônica


384 - - - - Capítulo 9 FILTROS E RESSONADORES ACÚSTICOS

obtidas com a adição de outras câmaras. Outro fator importante no


projeto deste tipo de filtro é a temperatura do gases. Por exemplo,
para motores de combustão interna, os efeitos da temperatura e
do tipo de gas devem ser incluidos no valor da velocidade do som
usada. ·

9.10.2 Câmara de Expansão Dupla


Neste caso a perda de transmissão pode ser estimada considerando
um modelo matemático de cinco meios com ondas incidentes e refle-
tidas, similar ao usado para transmissão do som através de paredes
duplas (ver seção 5.6 do capítulo 5). A perda de transmissão é dada
por:

PT 10/og[A~ + Bl] (9.77)


onde
1
A1 = lBm2 {4m(m + 1)2 cos(2k(l, + l,)) - 4m(m - 1)2 cos(2k(l, - l,))}

1
B1 = lBml {2(m2 + l)(m + l) 2sen(2k(l, + l,)) - 4(m 2 - 1) 2 sen(21:l,)
-2(m 2 + l)(m- 1) 2 sen(2k(I., - l,))}
m=~
A figura 9.15 mostra a variação de PT com 2kl, para
vários valores de me 1.,/l,. Nota-se que a PT é maior do que no caso
da câmara simples. Uma banda foi introduzida na região de baixas
freqüências causada pelo duto de conexão entre as duas câmaras.
Aumentando o comprimento deste duto (l,) reduz-se a freqüência
de corte inferior (/,) que é dada por:

f, ~ e (9.78)
2rJm1..e, + ~(l, - l,)
A perda de transmissão máxima na terceira banda mostrada
na figura 9.16 aumenta com o aumento do comprimento do duto
de conexão t,. Por outro lado, a largura da banda de atenuação
diminui. Geralmente, usam-se câmaras de expansão em série, com
comprimentos diferentes, para se conseguir atenuação em várias
faixas de freqüência.
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 385

PT (dB)
50,~~~~~~~

40 m=50
30 lcile ~ o,o

l 2 3 4 5 1 2 3 4 5 6 l 2 3 4 5 6
2kle 2kle 2kle

123456 123456 l 2 3 4 5 6
2kle 2kle 2kle

Figura 9.15: Perda de transmissão da câmara de expansão dupla


386 Capítulo 9 FILTROS E RESSONADORES ACÚSTICOS

9.10.3 Orificio na Direção de Propagação

.&. i _l_ 1
d
I
- - -,----- -.---·---
1

IA,
~ T , -

Figura 9.16: Orifício em duto

A impedância diferencial linear de um orficio de diâmetro d em um


divisor dentro de um duto (ver figura 9.16) é dada por:

(9.79)

onde:
6.P é a diferença de pressão acústica entre os dois lados do orifício
ré a componente resistiva devida à viscosidade (r « wp/d)
Um modelo simples com pressão incidente E.,, pressão refletida
E., e pressão transmitida E., é mostrado na figura 9.16. Os valores
das pressões são:

(9.80)

(9.81)

(9.82)
A condição de contorno de velocidade dê partícula no orifício
fornece:

S('ih - ll.1) = 5 A2 (9.83)


pc pc
onde:
S é a área do duto
Portanto, a impedância diferencial é obtida substituindo as
equações 9.80, 9.81, 9.82 e 9.83 na 9.79 para z = O, resultando:
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 387

2
(9.84)
2+Z.S/pc
Então o coeficiente de transmissão é dado por:

ILl.212 4 (9.85)
ª' = LI., = (2 + ~)2 + (!;-)2
Considerando que Sr/ pc <t: 1, a perda de transmissão no orificio
é dada por:
kS
PT= 10/og[l + ( 2d) 2] (9.86)

Quando k ..... oo, a, ..... O e PT ..... oo. Então um orificio é um filtro


acústico do tipo PASSA BAIXO. A figura 9.17 mostra a variação
da PT com kS/d.

40

:g.30
o
'º"'
"'
-~ 20
e:
~
~ 10
o
"O

~ 2 5 10 20 50 100
~$/d

Figura 9.17: Perda de transmissão do orifício em duto

9.10.4 Câmara de Expansão Dupla com Orifício


Um outro filtro com características especiais pode ser construido
combinando o conceito da câmara de expansão ( caso das seções
9.10.1 e 9.10.2) com o do orificio (seção 9.10.3), como é mostrado
388 - - - - Capítulo 9 FILTROS E RESSONADORES ACÚSTICOS

na figura 9.18. A perda de transmissão deste tipo de combinação é


dada por:

PT = lOlog(A~ + Bi) (9.87)

onde:
A 2 = cos(2kf,) - (m - l)sen(2kf,)tg(kl,)

B2 = r.;;{(m2 + l)sen(2kf,)
+(m - l)tg(ke,)[(m 2 + l)cos(2kf,) - (m 2 - 1)1}

m -2'.
- s,
A figura 9.19 mostra a variação da PT com 2kf, para vários
valores de m e f, / f,. Nota-se que a banda de passagem nas baixas
freqüências está presente.
Quando f, = O tem-se câmara de expansão dupla (iteml0.2).

A figura 9.20 mostra um filtro com três câmaras de expansão


conectadas através de tubo pe1·furado para diminuir a velocidade
dos gases de saída do motor.

Medição da Perda de Transmissão do Silenciador


A medição da perda de transmissão do silenciador pode ser feita
em laboratório usando um sistema similar àquele para medição de
coeficiente de absorção em tubo de ondas estacionárias. A medição
é feita antes e após o silenciador, com e sem fluxo de gases. Uma
terminação anecóica pode ser usada para diminuir a reflexão na
saída. A técnica de dois microfones citada no capítulo de absorção
(ou um microfone e um analisador FFT de dois canais) pode ser
usada juntamente com excitação de ruído de banda larga (ruído
branco). Isto diminui o tempo de medição e aumenta a precisão.

9.11 Absorção de Ruído em Baixas


Freqüências
Nas baixas f1·eqüências os materiais de absorção acústica tem
baixa eficiência, sendo que a absorc;ão é dependente da espessura,
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 3 8 9

~
s, s, s,

~
Figura 9.18: Câmara de expansão dupla com orifício

PT (dB)
50 50
40 40
30
20
10
o 2 3 4 5 6 2 3 4 5 6
o 2 3 4 5 6
2kle 2kle
2 kle
50
40 m =20,0
30 lclle=0,0

2 3 4 5 6 2 3 4 5 6 2 3 4 5 6
2kle 2kle 2kle

Figura 9.19: Perda de transmissão da câmara dupla com orificio


390 - - - - Capítulo 9 FILTROS E RESSONADORES ACÚSTICOS

a:_l__
Figura 9.20: Silenciador típico com várias câmaras de expansão

densidade e estrutura interna dos materiais (ver capítulo 8). Em


geral o custo com seu emprego torna-1e muito alto, além de ser
nece11ário um grande volume de materiail para uma absorção ade-
quada, o que na maioria dos casos torna-se inviável. Neatea ca-
sos ê interessante aproveitar as propriedades de certoa diapoaitivoa
como o ressonador de Helmholtz e 01 painêil vibrantes, que atuam,
respectivamente, como neutralizadore1 e di11ipadore1 de ru(do de
baixas freqüências. Esses dispositivos são usados em eatúdioa de
gravação, auditórios, ambientes fechados, áreas industriais, câmaru
reverberantes, etc. A figura 9.21 mostra exemplos de atenuação doa
vários tipo, de dissipadores em função da freqüência.

9.11.1 Ressonador de Helmholtz


O ressonador de Helmholtz ê um siltema con1tituido por uma ca·
vidade de ar, totalmente fechada, exceto por uma ou mail aberturu
para o ambiente (ver seção 9.5). Nesta seção' aerá moatrado o uso
deste ressonador em ambientes fechados para abBOrção do ruído de
baixas freqüências. A figura 9.22 mostra o UBO do bloco de tijolo
vazado como exemplo de aplicação deste reHonador. A freqüência
de ressonância de tal re11onador ê dada por (ver equação 9.52):

e JS
lo= ,;vw (9.88)

onde:
f=t+ô.t
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 3 9 1

1,0
de

eo 0,8
e:
o
(f)

o
,o 0,6
:t
E
<t
...
'O
0,4
...
Painel
...e: Vibrante
~... 0,2
o
(.)

63 125 250 500 1000 2000 4000 8000


Freqüência (Hz)

Figura 9.21: Absorção sonora de diferentes tipos de dissipadores


392 - - - - Capítulo 9 FILTROS E RESSONADORES ACÚSTICOS

= =
Kinsler usa !:,.l 16a/3,r O, 958v'S para abertura circular flange-
ada em ressonador sem porosidade nas paredes (resultado da massa
adicional de um pistão (ver equação 4.57)), enquanto Junger apre-
senta para aberturas retangulares !:,.i = O, 4v'S.
O fator de qualidade Q é dado por:

Q _ waM (9.89)
- R
onde:
w0 é a freqüência de ressonância
M é a massa do ar vibrante M = pl' S
R é a resistência do sistema

A resistência do sistema é o termo responsável pela dissipação da


energia acústica. Dois mecanismos são responsáveis pela dissipação
da energia acústica: a radiação acústica do cilindro de ar vibrante
na abertura e atrito viscoso entre o ar vibrante e a superfície da
abertura. A resistência pode ser escrita como:

R = pcS(B, + 8 0 ) (9.90)
onde:
B, é a resistência de radiação
Ba é a resistência do atrito viscoso
Em baixas freqüências ka <(: 1 o valor de B, é dado por ( ver
equação 4.61)

Segundo Junger, a resistência de atrito, 80 , não pode ser


predita sem recursos experimentais. É no entanto, um parâmetro
que depende da forma da abertura do ressonador e da absorção
de material colocado na abertura ou na cavidade. Geralmente um
material absorvente colocado junto à face oposta à abertura é me-
nos eficiente do que se colocado pr6ximo ou no interior da aber-
tura. Neste último posicionamento, materiais muito compactos po-
dem refletit• o som incidente e desacoplar o ressonador do ambiente.
Conforme demonstra Junger, o ressonador de Helmholtz atinge a
sua condição de máxima absorção na freqüência de ressonância,
quando a resistência de atrito, Oa, assume valor igual a resistência
de radiação Or, ou seja:

(9.91}
º· O,
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 393

O fator de qualidade, Q, pode ser descrito em função dos


parâmetros que compõem o ressonador. Substituindo as equações
9.90 e 9.91 na 9.89, tem-se:

Q (9.92)

A condição de otimização na equação 9.91, é normalmente a].


cançada com um baixo valor de 80 , o que resulta num elevado
fator de qualidade Q. Conseqüentemente, o pico de ressonância
apresenta-se bastante estreito, tornando o ressonador adequado,
apenas, para ser usado na absorção de ruído com freqüência muito
bem definida.
Quando a meta é a absorção de som em uma banda de freqüência
relativamente larga, um baixo fator de qualidade é necessário.
Neste caso, analisando-se a expressão 9.92, verifica-se que o efeito
da condição de otimização 9.91 pode ser conciliado com o baixo fa-
tor de qualidade desejado, adotando-se uma fenda com grande área
de seção transversal S. Outra alternativa, conforme evidenciado nas
referidas expressões, é reduzir o fator de qualidade através de um
pequeno valor de f. Evidentemente, para que a freqüência de res-
sonância do sistema seja mantida num determinado valor desejado,
o volwne da cavidade, V, deverá variar com S e/ou f, mantendo
mesma freqüência de ressonância.
Na prática, verifica-se que a porosidade das paredes que consti-
tuem os blocos de concreto utilizados como ressonadores acústicos,
também tem uma importante influência sobre a largura do pico de
absorção destes dispositivos.
A figura 9.22 mosti·a o tijolo de concreto vazado usado na cons-
tr11ção civil, anostrando uma fenda retangular. Ensaios extensivos
foram feitos no LVA/UFSC 110 ti·abalho de dissertação de mestrado
de Eduardo Giampaoli sob ol'ientação do autor. O coeficiente de
absorção deste tijolo medido usando a técnica de um microfone e
analisador digital de dois canais ( ver capítulo 8) mostra um ex-
celente resultado. A figura 9.23 mostra resultados obtidos para a
absorção de tijolo com e sem porosidade. Também foi pesquisado
o uso do tijolo vermelho de furos cilíndricos paralelos, variando-se
a área do furo de cada cavidade. Os resultados são mostrados na
figura 9.24. Os acoplamentos internos e externos entre os ressona·
dores podem diminuir ou. aumentar a absorção total, dependendo
do campo sonoro (destrutivo ou construtivo respectivamente).
, l g FILTROS E RESSONADORES ACÚSTICOS
394 - - - - - Capitu o

Figura 9.22: Ressonador de bloco de concreto vazado com fenda

1,0r----------~--------,
0,9
o~
0,7
o
'8. 0,6

J:
. ,
.
,::, 0,3

io,2
iº·l
u o~__,u..1..._"--_.L__ __.___--'-----'---"--'
O 50 100 150 200 250 300 350
. Freqüência (Hz)
Figura 9.23: Coeficiente de absorção para o bloco da figura 22
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 395

1,0
0,9
,§_ O,
Jo,7
<ro,6
~0,5
~ Of!
"'
iº13
"'
30,20
50 l 00 150 200 250 300
Freqüência (Hz)
Figura 9.24: Coeficiente de absorção de tijolo vermelho vazado

9.11.2 Painéis Vibrantes Tipo Membrana


A n1e1ubrana é uni eleinento que não te111 rigidez suficiente para
pern1anecer ntnn plano, exigindo u111a fixac;ão en1 contornos. Se a
fixac;ão da 111e111brana for feita paralela1nente a tuna placa rígida. o
espaço de ar entre elas atuará como elemento de rigidez. A massa
do painel e a rigidez da ca111ada de ar forn1a111 um sisten1a mecânico,
que possui sua freqüência de ressonância. Na prática o painel tipo
1nembrana é feito de uma cbapa fina, fixada a unta distância d de
u1na placa ou parede rígida.

dAL_g
/

Figura 9.25: Rigidez do espaço de ar


396 - - - - Capítulo 9 FILTROS E RESSONADORES ACÚSTICOS

Para determinar a rigidez do sistema, e consequentemente a


freqüência de ressonância, é necessário obter a força F atuando na
área da chapa dA, causada pelo deslocamento { da chapa e aumento
de pressão õ.P dentro do espaço de ar (ver figura 9.25).

ô.F = pc s = -pc2dV
2
V (9.93)

onde:
• é a condensação ( ver capítulo 1)
dV é a variação de volume V
Então, a rigidez por unidade de área da chapa é dada por:

k = t,.p = _pc2 (9.94)


e d
E, potanto, a freqüência de ressonância do sistema:

f_J_{I_5-{p _ ~ (9.95)
- 21r V;;. - 21r V-;i;;. - 01m
onde:
m é a massa por unidade de área da chapa [kg/m 2 ]
d é o espaço de ar (m)

Os mesmos resultados podem ser obtidos da equação 92 do


capítulo 5 sobre Isolamento de Ruído, colocando m 2 » m,.

Resultados experimentais de Kristensen mostr8Ill que a cons·


tante da equação 9.95 é menor, isto é:

f -- ~
..;;;;;.
Então, o princípio de funcionamento dos painéis baseia-se na ex-
citação da membrana ou chapa por ondas sonoras na sua freqüência
de ressonância e a dissipação da energia acústica incidente por amor ..
tecimento interno da chapa. Portanto, é importante que a chapa
vibre no seu primeiro modo de vibração. É possível aumentar a
energia dissipada usando material de absorção no espaço do ar,
aumentando com isto a largura do pico de absorção máximo na
freqüência de ressonância {dada pela equação 9.95). A figura 9.26
mostra valores típicos do coeficiente de absorção para vários va..
lores de espaço de ar. A forma da curva é quase triangular com
pico na freqüência de ressonância e caimento de 0,6 por oitava nas
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 397

baixas freqüências e 0,45 por oitava nas altas freqüências. A quan·


tificação da absorção sonora de um painel vibrante pode ser feita
com medições em câmara reverberante ou por comparação com re-
sultados experimentais publicados.

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1 1 T 1 1
1

o 1,0
Distância d
'º0-
g 0,8 /
/ \. ---- SOmm
.o
~ /1\
\ --- 50mm
., 0,6 9mm
"O
' i\.
~ 0,4 ' I\"·.
-~u ~
'
\ ... )'\. 1
~ 0,2
8
.. ······ - ·- ,._ ·-~..
-...;
-- - ....
1.,-- 1--

i
1

º·º63 125 250 500 lk 2k 4k


Freqüência (Hz)

Figura 9.26: Curva simplificada do coeficiente de absorção do painel vibrante

9.11.3 Painéis com Face Perfurada


Os materiais acústicos dissipativos, painel vibrante e ressonador
de Helmholtz, atuam em bandas de freqüência diferentes (baixas,
altas e médias freqüências). Portanto, pode-se juntar os três me-
canismos cm um conjunto envolvendo um painel perfurado com
materiais absorventes e espaço.de ar dividido (ver figura 9.27). A
freqüência de ressonância de um painel perfurado com espaços di-
vididos de ar ( sem materiais de absorção ) , é dada por:

lo = 5080 l(t +PO, Bd) (9.96)

onde:
p é a percentage1n de área aberta
t é a espessura do espaço de ar (mm)
398 - - - - Capítulo 9 FILTROS E RESSONADORES ACÚSTICOS

t é a espessura do painel pe1·furado (mm)


d é o diâmetro dos furos (mm)

A presença do material de absorção acústica pode alterar o valor


da freqüência de ressonância calculado pela equação 9.96. Entre-
tanto, continuar-se-á a ter pelo menos a mesma ordem de grandeza
de /o e o efeito das variáveis envolvidas. As figuras 9.28 e 9.29
mostram o coeficiente de absorção para várias configurações, mos-
trando o efeito dominante do material de absorção (figura 9.28)
ou do ressonador de Helmholtz e painel vibrante (figura 9.29). O
uso de face perfurada pode servir para proteção dos materiais con-
tra fluxo de fluido, contaminação, etc .... , apresenta boa estética e
além disso pode servir para formar o ressonador de Helmholtz, se
o espaço do ar atrás de si for dividido .


Parede Rígido

Cavidade

Divisores

Materiais de
Absorção Acústica
Figura 9.27: Conjunto de materiais absorventes e ressonador de Helmholtz

9.12 Controle Ativo de Ruído


A patente de Lueg de 1936, foi finalmente utilizada nos últimos
anos graças ao advento das técnicas digitais de processamento e
análise de sinais. O princípio da técnica ativa é captar o campo
sonoro indesejado no duto e gerar um sinal invertido pelo alto-
falante (ver figura 9.30). A idéia do controle ativo baseia-se no fato
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 399

1,0 ~--,----,------,---,-------,
o 3mm Espessura de Madeiro Perfurado
'ê- O,SJ----\--'7"-f=-==;;::...,._ 4,Smm Diâmetro do Furo
o A'reo Aberto
ª"'
Ql
0,6f----rl----J'----t---t>.c'------,

u op>--,__-+--,,~-ha-~--,.,__~-,-,.
.l!!
e:
.'!!
~
~
u
250 500 1000 2000 4000
Freqüência (Hz)

Figura 9.28: Coeficiente de absorção de painel fino

l,0-----~~1=3-m-m----=E~s-pes-su-,~o do Madeiro Perfurado


o
,o 4,Smm D,ômetro do Furo
<..>- i---,'-#--+--+---'1~.60mm Material de Absorção

º
"'
.D
<(

Ql
u

.,
~
'ü oi
Areo Aberto
----5.5%
- - 11 º/o
--
., -·-16.5%
8 º'~25 250 500 1000 2000 4000
F reqüêncio (Hz)

Figura 9.29: Coeficiente de absorção de painel espesso


400 - - - ~ Capítulo 9 FILT/lOS E RESSONADORES ACÚSTICOS

de que sinais elétricos se pl'Opagam com velocidade bem maior do


que R velocidade do som.

~nlilocbr
Exaustor ou
Bomba

Figura 9.30: Princípio do co11tr~'l!e ativo

As principais vantagens deste sistc1ua são:

(1) Alta ateiuuu;ão em baixas freqiiências, onde os outros siste-


1nas clássicos con10 silenciadores resistivos ou reativos não são
eficazes. Ainda, tais faixas dt.~ frcqiiência po<lcn1 ser variáveis.

(2) Ta1nanho pequeno e con1pacto c1n co1nparação con1 os sileuci-


adores clássicos.

(3) Atenuação de até 50 dB eiu freqüências discretas e de aproxi-


n1admnente 35 <lB en1 can1pos sonoros de banda larga.

(4) Instalação fácil sem ocupar grande espaço.

( 5) Siste1na estável e1n ter1nos de calibração.

Apesar da simplicidade do princípio do controle ativo e suas


vantagens (aci1na citadas), existern algun1as co1nplicações técnicas,
cmno:

(1) O n1icrofouc de captação<:! o alto falante para geração <lo ca1npo


invertido <leven1 ter resposta plana e1n baixas freqüências.

(2) O alto falante irradia energia acústica tanto na direção da fonte


quanto na direção oposta, gerando uin ca1npo sonoro que pode
contaminar o sinal do microfone.
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 401

(3) Reflexão na saída do duto, formando ondas estacionárias e 88 •


sim criando problemas na realimentação.

(4) Necessita um sistema de processamento de dados adaptivo,


pois o sinal captado varia com a velocidade e portanto com o
tempo.

A solução desses problemas requer o uso de hardware sofisticado,


que inclui os seguintes ítens principais:

( 1) Dois microfones para captação , um para sinal do ruído original


e outro para correc;ão .

(2) Um micro processador de alta velocidade.

(3) Dois conversores analógico/digital e um conversor digi~


tal/ analógico.

( 4) Filtros passa baixo.


(5) Uma placa analógica com duas entradas e uma saída.

(6) Uso de software sofisticado de alta velocidade.

O controle ativo tc1n limitação ein altas freqüências. Este limite


é estabelecido pela freqüência de an1ostragen1 do conversor A/D e
conseqüentemente do microprocessador digital. Por isso um silen-
ciador promissor pode ser uma combinação dos sistemas ativo para
baixas freqüências e passivo ( resistivo ou reativo) para n1.édias e
altas freqüências.
Varias aplicações estão sendo pesquisadas no uso da técnica de
controle ativo de ruído, tais como: redução de ruído de ventilado-
res industriais (ver figura 9.31), redução de ruído de escapamento
de motor automotivo (ver figw·a 9.32) e redução de ruído no com-
partimento de passageiro do carro, cá.minhão ou avião (ver figura
9.33).

9.13 Referências Bibliográficas


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silencer components, J. Sow1d and Vib. Vol.15, no.2, 1971,
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402 - - - - Capítulo g FILTROS E RESSONADORES ACUSTICOS

cn130>-~-.........
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~1- ~1- - -
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~ 110 --l---:-~~~!~:--3~d3 - -~--~--~--


º 1 1 ! : :

rJl 100,R- r<~F='-=-11-",=-f='-"""-"-lr - - i - - i - - T- -


1 1

40 60 00 100 120 140 160 180 200


Freqüência (Hz)

Figura 9.31: Redução de ruído de ventilador industrial com controle ativo


SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 403

Alto Falante
~
· · s,aoo,
de Som Sensor
de Som
· ~ _J_~ccipamento __ _

Motor Sistema de
Controle Digital

__ _._

Figura 9.32: Escapamento <le veículos automotivos c:0111 conlroh• ativo

[2] Bolt R.H., On the design of perforated facings for acoustic


materiais, JASA, 19(5), 1947, pp.917-921.

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vol.26, no.2, 1954, pp.}!j}.}54.
404 _ _ _ _ Capítulo 9 FILTROS E RESSONADORES ACÚSTICOS

Nível de Pressão Sonora (dBA)


80 80

70 70

60

50
2000 4000 4000 6000
Rotação RPM Rotação RPM

80

70

50~~~~~~~~ 5Q'-,~~~~~~~

2000 4000 6000 2000 4000 6000


Rotação RPM Rotação RPM

Figura 9.33: Níveis de pressão sonora NPS em dBA no compartimento do


carro; sem controle (linha contínua) e com controle ativo (linha tracejada)
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 4 0 5

(10) lngard, U., On the theory and design of acoustic resonators,


JASA, 25(6), 1953, pp.1037-1061.

(11) Jordan V.L., The application ofHelmholtz resonators to sound


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[24] Wu T., Control of diesel engine exhaust noise, Paper NQ


700701, Society of Automotive Eng., 1970.
Capítulo 10

Isolamento de Vibrações e
Choques

10.1 Introdução
Ern rnuitos casos os problernas co1n ruído e vibrações- em
iustalfü,;Ões iudustriais e edificações são devidos à n1ontagem incor-
reta das rnáquinas. Frcqiicnte1nc11tc, tais problen1as são resolvidos,
ou 1ninirnizados por u1na 1nontagen1 adequada co1n isoladores de
vibrações, blocos de inércia e/ou materiais de amortecimento.
Quase sernpre as máquinas são montadas sobre bases metálicas
e, as vezes, sobre pisos leves de madeira ou concreto. Normal-
n1ente, a rnáquina não irradia ruído por si só, principalmente em
baixas fre<tiiências ( ver capítulo 5 sobre Radiação Sonora de Estru·
turas Vibrantes). Entretanto, bases de sustentação, caixas e pisos
f;en<lmn a atuar, 1nuitas vezes, co1no ressonadores acústicos ( como
crn instnnnentos u1usicais) a1nplificando o ruído da máquina. A
trnwHnissão de vibrações pode ser ta1nbém un1 problema pois pode
co1npron1etm· o fuucionmnento de u1n equipatnento, o alinhamento
das uuíquiuas, e o estado dos rolmuentos de outra n1áquina parada
localizada proxin1an1cute.
Isoladores de vibra~ões devida1nente projetados po dern elin1inar
üstcs problenu-1s. Norrnahnente, 111es1110 um baixo grau de isola-
nicnto de vihrnçôes produz tuna significante redução de ruído. En-
ti·etanto, deve-se buscar, na 1nedida do possível, um isola111ento mais
ofotivo pelos n10tivm, expostos nci1ua.
Na 111ai01·ia das vezes as forças excitadoras são provenientes de
408 _ _ _ Capítulo 10 ISOLADORES DE VIBRAÇÕES E CHOQUES

desbalanceamentos, de origem magnética, ou devidas a atrito. Nor-


n1ahnente, são de caráter harmônico. Tais forças ocorrem em mo·
tores elétricos, motores de combustão interna, ventiladores e vibra-
dores industriais. Não obstante, as forças podem ser impulsivas
con10 no caso de operações de prensagem, esta1npagem, forjamento
de corte por guilhotina ou e1n qualquer rnáquina de itnpacto.
Isoladores de vibrações e choques devem ser aplicados enh·e a
fonte e o receptor para oferecer proteção dinâmica ao sistema re-
ceptor. A figura 10.1 mostra o caso em que uma fonte de vibração
(máquina) é montada sobre isoladores de vibrações para reduzir as
forças transmitidas à sua base (isolatnento ativo) e proteger, assini,
qualquer outro equipamento montado nesta mesma base, como é
o caso muitas vezes de sistemas como co1npressores, ventiladores,
bombas, motores de elevadores em edificações , etc. En1 outro caso
mostrado na figura 10.2, o suporte, ou base, é a fonte de vibração.
Então os isoladores deve1n reduzir a transn1issão tle vibrações da
fonte (suporte, solo e/ou fundação ) para o receptor (isolamento
passivo). Por exen1plo, nos casos e1n que equipa1nentos eletrônicos
frágeis ou equipa1nentos de precisão, co1no balanças ou 1nicroscópios
de precisão, são submetidos a ambientes de vibt"ações e/ ou choque
( existentes em veículos, navios e aviões) é fundamental o projeto de
isolamento adequado.
Sempre que for possível o isolamento ativo deve ser escolhido
prioritariamente, uma vez que é mais fácil reduzir o efeito da fonte
localizada e definida. Por outro lado, seguidamente a aplicação do
isolamento passivo se torna problemática, já que o meio vibrante é
na 1naioria dos casos cmnplexo e atua em áreas diversas co1n grande
variação de níveis de vibração ,
Neste capítulo são aprescntâdos os funda1nentos do isola1nento
de vibrações e choques, os proccdiincntos necessários para a espe-
cificação de isoladores e são ainda os vários tipos de isoladores.

10.2 Fundamentos do Isolamento de


Vibrações
Para efeito de isola1nento de vibrações u1na máquina pode ser conw
siderada co1no u1n corpo dgido de 1nassa m. Se a 1náquina é fixada
diretamente numa base rígida, como 1nostra a figura 10.3, a força
periódica, Fm(t), gerada pela rnáquina, será totalmente transmitida
à sua base.
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 409

Figura 10.1: Isolamento atívo

Figura 10.2: Isolamento passivo


410 _ _ _ Capítulo 10 ISOLADORES DE VIBRAÇÕES E CHOQUES

Figura 10.3: Máquina fixada rigidamente numa base

Se um isolador de vibrações é colocado entre a máquina e a base,


pode-se modelai· o sistema como tendo um grau de liberdade. O
isolador, como mostra a figura 10.4, é modelado como nina mola de
rigidez]{ (N/m) e um mecanismo de amortecimento (amortecedor)
que aplica uma força à massa, proporcional à velocidade destaj C é
a constante de proporcionalidade ou coeficiente de amortecimento
viscoso.
Suponha-se por enquanto que a força periódica cesse de atuar e
que o sistema esteja em repouso. Assim, a força aplicada Fm(t) e a
força transmitida F1 (t) são nulas. Se agora a massa m for deslocada
de sua posição de equilíl:>rio e solta, o sistema oscilará em torno
da sua posição de equilíbrio com a freqüência natural de vibração
amortecida livre dada por:

Ím• = ~
21r
!i_
m
[1 - (.f:_
e, )']
onde Cc é o coeficiente de amortecimento crítico dado por:
c, = 2VmR
Em geral, C/C, <t:: l. Assim, na maioria dos casos, a freqüência
natural pode ser dada por:

J,..
1
=;-2
;r
;g,
-
1n
(10.1)
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 411

\
Figura 10.4: Máquina montada sobre isoladores

Quando a força Fm(t) está atuando (máquina ligada), a força F1(t)


será transmitida à base, com um ângulo de fase /3. Entretanto, a fase
entre Fm(t) e F1(t) não se torna aqui importante, pois a transmis-
sibilidade, parâmetro desejado que qualifica o grau de isolamento,
é definida como a razão entre os módulos de Fm(t) e F1(t). É fácil
demonstrar que a transmissibilidade é dada por:

Jt+ 4(///m)'(C/C,)' (10.2)


J(I - (///,,.)')' + 4(///m)'(C/C,)'
onde:
fé a Íl·eqüência da força excitado1·a Fm(l) em Hz
fm é a freqüência natul'al de vibração não amortecida do sistema
em Hz

A amplitude A, com que vibra a massa m, é dada por:

A l
(10.3)
Fm/1( = v'(l - (///m) 2 ) 2 + 4(1/fm)'(C/C,)'
A razão A/(Fm/K) é conhecida como fator dinâmico de ampli-
ficação F DA. Isto porque Fm/ /{ representa o deslocamento da massa
se uma força estática Fm lhe for aplicada. A razão CJC~ que apa:
rece na equação 10.2 é conhecida por razão de amortecimento 6 e
H2 _ _ _ Capítulo 10 ISOL.4DORES DE VIBRAÇÕES E CHOQUES

pode variar, teoricamente de O a oo. O amortecimento crítico C,


definido anteriormente é o que se verifica quando 6 = 1. No caso
de isoladores elastoméricos, 6 assume normalmente valores na faixa
de 0,001 a 0,2.
As equações 10.2 e 10.3 estão plotadas nas figuras 10.5 e 10.6,
respectivamente. Da figura 10.5 vê-se que, se a máquina funcionar
na freqüência natural fm, f / fm fica igual a 1. Neste caso, a ampli-
tude da força transmitida à base é muito grande, particularmente se
o amortecimento do isolador for pequeno. Entretanto, se a máquina
funcionar bem acima da freqüência natural, a amplitude da força
transmitida será pequena. A título de exemplo, suponha-se que se
deseje isolar as vibrações de um motor elétrico que gira a 7200 rpm
(120 Hz). Se foram selecionados isoladores tais que o sistema tenha
freqüência natural igual a 12 Hz, então f / fm ~ IÕ. Se 6 = O, 1, a
transmissibilidade será aproximadamente 0,025 ou 2,5%.
Define-se a eficiência do isolador como:

ry = (1 - TF)l00% {10.4)
Assim, no exemplo acima a eficiência do isolador é de 97,5%.
Pode-se ainda usar isoladores menos rígidos, fazendo com que
a freqüência de ressonância seja mais baixa, com o propósito de
reduzir ainda mais a força transmitida. Entretanto, a deflexão da
máquina será maior~ o que poderá interferir na operação; isto
restringe a resiliência do isolador. A deflexão estática d produzida
no isolador, pela massa m, é dada por d= mg/I<. Viu-se anteri-
ormente que a freqüência natural está relacionada com K e m por
Ím = -/.,/K!m,
Assim, pode-se buscar a relação entre d e fm

d= _9_ (10.5)
4,.2 !;.
onde 9 é a aceleração da gravidade.

A maior deflexão estática d permitida do ponto de vista


op<~racional deve ser escolhida. Isto permitirá a escolha da me..
nor freqüência natural possível. Deve-se notar que uma deflexão
estática excessiva pode interferir na operação da máquina devido a
problema de desalinhamento. Além disso, um isolador com pequena
rigidez vertical normalmente terá pequena rigidez horizontal, o que
causará problemas de estabilidade. As duas considerações acima
limitam a mais baixa freqüência Írn permitida.
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 413

h = 0,05
0,1

u.
f-
w
o
c3
::J
~ 0,1'--------1------"-_,,_,_ __,,
(/)
;E
~
g

Figura 10.5: Transmissibilidade TF para sistemas simples amortecidos


414 _ _ _ Capítulo 10 ISOLADORES DE VIBRAÇÕES E CHOQUES

o
.S!
E
<O
e
o
o
10
0-
0
()
~
ci. 0,1
E
<(

Figura 10.6: Fator dinâmico de amplificação para sistema amortecido


SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 4 1 5

10.3 Procedimentos Simples de Projeto


No caso de molas como suporte resiliente, o amortecimento é pe-
queno (normalmente ó < O, 1) podendo-se assim usar a equação
10.2, supondo ó = O. Então a equação 10.2 fica:

1/ = (1-TF)xlOO (10.6)
1 - (f/fm) 2
A eficiência 1/ está plotada na figura 10. 7 em função da rotação
RP M e deflexão estática d. Alguns resultados de deflexão estática
são apresentados na tabela 10.1.

3001~-+-+--H--r--"?"-.c--r-+-f'f.<cf-l-f'-.s~'M"..._+r"!,&1
200f----+-+-J+---+-++--f'>j..±-H+tf'",-;::A-,~H3''!,j;j
150f----+-+-J+---+-++--+-+B>l-ltf--+-PN!c-f'Mcfltl
lOOL--__L-..L.L.L_L_l__L__LLJ.j...J..U.i...:,,J_LL.L~LLll>
0,001 0,005 op1 9,05 o,50 1,00
DEFLEXÃO ESTATICA, d (pol)
Figura 10.7: Eficiência do isolamento em sistema com montagem flexível

Sugere-se os seguintes passos para a seleção de isoladores de


vibrações :
1) Deter1nina-sc a n1assa total M e a menor freqüência de ex-
citação da máquina.
2) Da figura 10. 7, ou tabela 10.1, escolhe-se a eficiência ou a trans-
missibilidade permitida na 1nenor freqüência de excitação e
dctern1ina-se a deflexão estática d.

3) Da massa da 1náquina e1n cada ponto de apoio, m, e da de-


flexão estática, determina-se a rigidez do isolador de vibração
apropriado, k = mg / d.
<116 _ _ _ Capítulo 10 ISOLADORES DE VIBRAÇÕES lê CHOQUES

Velocidade de Transmissibilidade da força TF


rotação ( rpm) 0.005 0.01 0.05 0.1 0.25
3600 1.40 0,69 0,15 0,07 0,02
2400 3,05 1,57 0,33 0,18 0,08
1800 5,59 2,79 0,69 0,30 0,13
1600 7,11 3,56 0,74 0,38 0,18
1400 9,14 4,57 0,96 0,50 0,23
1200 12,45 6,35 1,32 0,68 0,30
1000 18,03 9,14 1,88 0,99 0,46
800 . 14,22 3,05 1,55 0,71
600 . . 5,33 2,79 1,24
400 11,68 6,09 2,79

Tabela 10.1: Deflexão estática (cm) em função ela rotação e transmissibilidade

10.4 Sistema com Vários Graus de Liberdade

Nas seções anteriores formu tratados os casos de sistc1nas co1n u1n


grau de liberdade para 1nostrar os funda1nentos do isola1nento de
vibrações . O modelo de um grau de liberdade é uma simplificação
de casos reais com vários graus de liberdade. Assim, um caso real
não simétrico do sistema rígido com suspensão flexível possui seis
graus de liberdade, três de translação e três de rotação ( ver figura
10.8). Os acoplamentos entre os diferentes modos de vibração , as·
saciados aos diferentes graus de liberdade, são função do equilíbrio
dinâmico do sistema. Isto é, há excitação do siste1na numa deter·
minada direção e o sistema vibra não só nesta direção de excitação
mas também em outras direções siinultaneamentc. Então ocorre
acoplamento dos modos causado por não simetria elástica do sis-
tema. Este acoplamento depende das rigidez dos isoladores e das
suas posições com relação ao centro de gravidade do sistema. Um
teste simples pode ser feito para verificação do acoplamento após a
montagem, aplicando-se uma força no centro de gravidade do sis-
tema numa certa direção e observando-se os modos excitados. Se
houver rotação no sistema, então existe acoplamento.
A figura 10.9 mostra os seis tnodos de vibração de nn1 sistema.
Nota-se que se o projeto for baseado apenas no modo vertical con1
5% de transmissibilidade (ponto A), a existência de outros tnodos
altera a transmissibilidade para 80% (ponto D). Portanto~ deve-se
minimizar os efeitos de acopla1ncntos, co1no por exe1nplo:
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 417

( 1) Mantendo a rigidez dos isoladores na direção vertical similar


à horizontal

(2) Mantendo o centro de gravidade do sistema no plano de fixação


dos isoladores, evit3ndo assim excitação dos modos rotacionais.

( 3) Mantendo as linhas de ação das forças de excitação passando


pelo centro de gravidade.

Um modelo de seis graus de liberdade pode ser desenvolvido con-


siderando um corpo rígido montado através de elementos elásticos
iguais (ver figura 10.10). A equação dinâmica do n1ovimento pode
ser dada por:

[M]ji + [CJµ + [KJµ = F (10.7)

onde:
[M], (CJ e [KJ são as matrizes de massa, amortecimento e rigidez
generalizada, respectivamente.
jj,, JJ e µ são vetores representando aceleração, velocidade e des-
loca1nento, respectivamente, das coordenadas generalizadas.
F é o vetor das forças generalizadas aplicadas.

Os autovalores (freqüências de ressonância) e autovetores (n10-


dos de vibração ) poden1 ser calculados por 1nétodos nurnéricos~
via con1putador digital, para solução da equação 10. 7. Caso seja
desejado u1n 1nelhor comportamento dinâmico para o siste1nai isto
pode ser conseguido alternando·se rigidez e massas do siste1na e
pontos de fixação dos isoladores. Com o auxílio de um programa
de co1nputador isto se torna fácil.
Um modelo com três graus de liberdade ( duas translações e uma
rotação ) pode ser resolvido matematicamente em forma explícita
1nostrando o acopla1nento de dois modos. A figura 10.11 1nostra
uma massa, con1 três graus de liberdade; x, y e B.
As equações dinâinicas dos 1novin1entos livres do siste111a são:

Mjj + 2k,y = O ( 10.8)

Mx + 2k,x - 2bk,B = ( 10.9)


418 _ _ _ Capitulo/O 1501,ADORES DE VIBRAÇÕES E CHOQUES

vertical

Figura 10.8: Sist('lllil rorn seis graus dP liberdade

Tran,missibilidode de
Forço Total

0,05

Fm Verficol Freqü rela Excitadora

Fígura 10.9· TransrnÍs!:iibilidad<' de seis 1nodos coni acopla1ncnto


SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 419

-H---~>--------1--1----Y
- - - F-o-- - - c--

Figura 10.10: Máquina com sei.~ grau~ dr- liberdade

(10.10)
onde:
J ::; M r2é o momento de inércia de massa do sistema em relação
ao eixo y que passa pelo seu centro de gravidade.
k,: e ky são as rigidez dos isoladores nas direções x e y respec~
tivamente.
a e b são as distâncias horizontal e vertical do isolador até o
centro de gravidade.
A equação 10.8 do movimento na direção y depende apenas de
y; portanto o sistema é desacoplado nesta direção e a freqüência
natural do movimento na direção y é dada por:

As equações 10.9 e 10.10 dos movimentos em J: e() sãu ,u:opladas


e devem ser resolvidas simultaneamente para a determinação das
freqüências naturais do sistema associadas com os movimentos nas
direções x e O. Considel'an<lo solução harmônica pa1·a J.º e O. tem-se:
420 _ _ _ Capítulo 10 ISOLADORES DE VIBRAÇÕES E CHOQUES

[
2k,-Mw 2
-2bk, 2a 2 ky
-2bb,
+ 2b 3 k~ - Jw 2
l( X )
O
_
-
( 0 )
O
(!O.li)

As duas freqüências naturais i...Jx,8 dos movimentos acoplados em


x e() são obtidas colocando a matriz da equação 10.11 igual a zero,
isto é;

~r.sl [ /,(! b2 + I ± [(/,(! + ,)


+ ,) b' + 1) 2 -41, ] '] ' (10.12)
,. v2 r r-

onde:

,.- =
M

/,

A figura 10.12 mostra a variação de (1·..;x,fJ/oi..;y) cont .,/'K para


vários valores de IJ/r dada pela equação 10.12. Para cada valor de
]\ t.eu-se duas freqüências dos dois modos acoplados. Quando b = O,
tem-se duas linhas retas correspondentes às duas freqüências não
acopladas, isto é, quando o plano horizontal que contém o centro
de gravidade passa nos pontos de apoio. A linha reta horizontal
corresponde à freqüência natural uão acoplada de rotação , w8 , e a
linha inclinada à freqüência :..Ux·
Para b/1· = O as duas freqiiêucias não acopladas assumem valores
menores. Portantoi é recomendado ter o plano do centro de g1·a-
vidade passando pelos pontos de apoio, o que pode ser conseguido
através do emprego de bloco de inércia.

10.5 Outros Fatores no projeto de Isolamento


No modelo simples apresentado e discutido negligenciou-se vários
efeitos importantes que serão brevemente revisados a seguir.
SAMIR N. Y. GERGES - - - - - - - - - - - ~

ky
t
Tkx

Figura 10.11: Sistema com tres graus de liberdade

io
' "·
3

Figura J0.12: Freqüências naturais dos dois modos acoplados

I
i
422 - - - Capítulo 10 ISOLADORES DE VIBRAÇÕES E CHOQUES

10.5.1 Ressonância do Sistema

As figuras 10.5 e 10.6 mostram que quando uma máquina é ligada


ou desligada ela irá passar pela condição de ressonância e então,
momentaneamente, f / fm == 1. Na condição de ressonância, podem
surgir grandes amplitudes de vibrações e as forças transmitidas po-
dem ser grandes, particularmente se o amortecimento for pequeno.
Também, para se obter baixa transmissibilidade em condições de
operação requer·se baixo amortecimento. Entretanto, para preve-
nir vibração excessiva e grande transmissibilidade no ligar e desli-
gar, necessita-se grande amortecimento. Estas duas exigências são
conflitantes. Felizmente. algumas forças como dcvi<las
a desbalanccamentos, são muito reduzidas na faixa dt> frcqiiêucias
abaixo da rotação de trabalho e so são excitadas ao ligar e desligar
a máquina. Mesmo assim, é normal prover-se um mnorteci1ne11to
razoável (IJ = O, 1 a O, 2) para sistemas que envolvem molas, por
exemplo do tipo helicoidal, para reduzir estes problemas no início
e no final da operação .

A severidade do problema de vibrações pode ser determinada


pela figura 10.13, extraída de padrões e recomendações para ava-
liação de vibrações de máquinas rotativas (ISO 2372 e 2373, VDI
2056 (1963), BS 4675 (1971) e DIN 2056 (1968)).

Para efeito de diagnóstico, por exemplo, durante o projeto de de-


senvolvimento do equipamento, a análise de espectro de vibrac;õcs
é necessária. Alguns componentes do espectro de vibração podem
ser imediatamente rcbcionados com as fontes que os causam, como
por exemplo, velocidade de rotação de eixos, freqiiências de engre-
namento de engrenagens,... etc. Quase sempre são encontrados
novos componentes importantes de freqüência num espectro. que
também estão relacionados aos movimentos fundamentais. Os mais
impo1·tantes geralmente são os componentes harmônicos cspcch·ais
de uma das freqüências fundamentais. Os harmônicos geralmente
surgem por causa da disto1·ção das ondas das frcqiiênc:ias fundmuen-
tais ou, então porque o movimento ot"iginal periódico niio é total-
mente senoidal. Se os hannônicos coincidirem com as freqiiimdas
ressonantes de elementos da máquina, podem ocorrm· 11íveis cousi-
deráveis de vibração , <1ne por sua vez, podrm tornar-se uma fonte
importante de ruído ua transmissão de forças a outras partes da
máquina.
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 423

RPM
oo 00g= 8 ºg 8~ 8_25
ºº= 88 o .gs&
- '\.
C\J ºº
.-N~C\J1il ,;;:-LO

li 1
~

Ili
2 a)~
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"'wo ~<- -::o
' .,~o

=~ ~~
0,1
1 1 1111 ~ /o
q
ht
5 10 20 30 eO 100 500 IK Hz

Figura 10.13: Curva geral do nível de vibração admissível em máquinas


424 _ _ _ Capítulo 10 ISOLADORES DE VIBRAÇÕES E CIIOQUES

10.5.2 Rigidez da Base


Nos modelos apresentados, supos-se que a base suportadora das
máquinas era perfeitamente rígida com impedância infinita. Entre-
tanto, isto é uma idealização. Se a rigidez total dos isoladores tiver
valor próximo ao da base, então as ressonâncias da base aparecerão
nas curvas de transmissibilidade com picos de alto valor de Tf'.
A curva da figura 10.14 é semelhante à da figura 10.5, exceto
que para valo1·es grandes de f / fm o efeito da flexibilidade da base
aparece. É normal escolhei· isoladores (supondo-se nma base rígida)
de modo que a freqüência natnrnl da montagem fique bem abaixo
da freqüência natural da base; a máquina não deve ter freqüências
excitadoras na faixa de 0~8 a 1,3 vezes a freqüência natu1·al do sis-
tema.
10,0,~--~---~---~

Fundação R1gido

_ __j
Fundação Flex,~el
1

10 100
tlfm

Figura 10.14: Curva tipica de transmissibilidade com base flexível

O bloco da base ou.fundação (bloco de inércia) é geralmente feito


de concreto reforçado por estrutura metálica (ver figura 10.15). O
conjunto das máquinas é fixado rigidamente neste bloco e após é
acoplado, alinhado e balanceado. O uso de bloco dc hnsc fornece
estabiJidade para o conjunto e melhora a distribuição das massas e
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - - 425

inércias. A presença do bloco tende a baixar o centro de gravidade


até a linha horizontal da fixação dos isoladores, além de minimizar
os efeitos das forças externas (ver figura 10.16). A massa do bloco
minimiza o problema do acoplamento dos vários modos de vibração
do conjrmto. Outro efeito que o bloco pode impor ao sistema é
a diminuição das freqüências de ressonância da montagem e con·
seqüentemente diminuição da transmissibilidade. Finalmente, uma
grande massa de base minimiza o efeito do erro na estimativa do
centro de gravidade para o conjunto de máquinas.

Figura 10.15 Construção da base de in~rcia

No caso de veículos automotores, embarcações. trens. aviões e


outros, são envolvidos os dois casos de isolamento: o ativo e o pas.
sivo. Garante.se assim proteção ao corpo do veículo e a outros equi-
pamentos e objetos que estão sendo transportados, das vibrações e
choquüs. As foutes de perturbação são o motor, outras máquinas
geradoras de vibração (! irregularidades no meio no qual o veículo
se desloca, co1110 estradas. trilhos. ondas e turbulências do ar.

10.5.3 Ressonâncias Internas


Flexibilidades intel'nas e, conseqüentemente, ressonâncias.
também alteram a ti·ansmissibilidade. A figura 10.17 mostra uw
426 - - ~ Capítulo JO ISOLADORES DE VIBRAÇÕES E CIJOQUES

Ftgura 10.16: Alinhamento do centro de gravidade com os ponLos <l<' fixação


SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 427

resultado típico. Elementos amortecedores ou cnrigecedores na


máquina podem minimizar este tipo de problema.

10.5.4 Efeitos de Altas Freqüências


Ondas estacionárias nos isoladores podem reduzir sua eficiência
em altas freqüências, como mostra a figura 10.18. O e::feito depende
da razão entre a massa da máquina M e a massa do isolador m.
Amortecimento no isolador pode reduzir este efeito e diminuir a
transmissibilidade. Como molas têm baixo amortecimento interno,
elas apresentam este problema, que pode ser reduzido colocando-se
borracha, feltro ou outro material de alto amortecimento interno,
sob cada mola. Isoladores elastoméricos têm maior amortecimento.

1~0,~--~--~----,

tlfm
Figura 10.17: Curva típica de transmissibilidade com ressonància interna

10.6 Tipos e Configurações de Isoladores


Existem vários tipos de isoladores para diferentes aplicações. A
escolha do isolador deve ser feita em função dos requisitos para
428 _ _ _ Capitulo 10 ISOLADORES DE VIBRAÇÕES E CHOQUES

Figura 10.18: Transmissibilidade com efeito das ondas estacionárias


SAMIR N. Y. GERGES - - - - - - - - - - - - - 1 2 &

o correto funcionamento do sistema, tai11 como: dE:11lúcarnento8


máximos permitidos (velocidade ou aceleração), o campo excitador,
tipo de isolamento (ativo, passivo ou ambos), faixa dt: fre,,üênciaJJ.
rigidez em várias direções e amortecimento. Um aumE:nto do amor-
tecimento reduz as vibrações na faixa de ressonância, f < hJ,,.,
e aumenta a transnússibilidade na faixa de frec1üências acirn~ da
ressonância, / > ./?.fm· Portanto, para conseguir transmissibilidade
mínima, deve-se minimizar o valor do amortecimento at~ o limite
mínimo permitido. Amortecimento maior pode ser necessário para
certas aplicações onde a instabilidade da máquina ê um parâmetro
importante. Exemplos típicos de suspensão de má<1uínas são mos-
trados na figura 10.19. Em algumas aplicações a introdu1;áíJ de
amortecimento através de juntas flexíveis e/ou isolamento de du-
tos pode reduzir substancialmente ruído e vibrações gerados. A
introdução de amortecimento pode ser feita de várias formas. como
por exemplo, com 1necanismos viscosos. onde a força de amortt-
cimento é proporcional à veJocidade. Outro mecanismo dissipador
de energia é o atrito de fricção. 1n·eseute uo exemplo do sistecma
mostrado na figura 10.20.
Isoladores são fabricados em u1ua gra11<l(• varieda1k J,. fonuas 1·
1nateriais. Alguns dos tipos mais comw1s sãu:

( 1) Isoladores metálicos
Existem vários tipos de isoladores metálicos. tais como:
- molas helicoidais (ver figura 10.21)
- molas laminadas
- cabos de aço e
- isoladores de mola helicoidal com malha metálica
O tipo mais comum. o de mola helicoidal metálica. é usado para
1náquinas pesadas, podendo suportar grandes deffexões. (ple af'.on-
tecem em baixas freqüências. Deve-se ainda ter cuidado com ,·nrtos
circuitos mecânicos como o mostrado na figura 10.22. Assim evica-
se que fluxos de energia vibratória se trans1nitam diretamente <lt:'
um meio a outro sem se propagar através da mola (isoladurJ.

(2) Isoladores de Elastõmeros


São usados nor1nahnente para niáquiuas n~lati\·a111l'llll' 11L'q11 ..·11as
co111 grande forc;a excitadora. Elastô111er1hi podem st.•r 1111,lda.lu,- t.·111
qualquc1· for1na ou ta111anho. Os u1ah·.-iais 111ai" t"oll1U1b .l,·,-h·,. j,,ula-
430 _ _ _ Capítulo 10 ISOLADORES DE VIBRAÇÕES E CHOQUES

Figura 10.19: Exemplos de isoladores típicos de fabricação VIBRACHOC


SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 4 31

Superf 1'cie de
Fricção

Figura 10.20: Isolador de fricção

Figura 10.21: Exemplos de isoladores metálicos de fabricação VIBH.ANIHIL


432 _ _ _ Capítulo 10 ISOJ.ADOl!ES DE VIBRAÇÕES E CHOQUES

Curto Circuito

l
Mecânico

Comi:,-essão Mola
1'-~-"'2..JI

Figura 10.22: Problema de curto circuito

dol'es são: borracha 11atu1·al, bol'l'acha sintética, ueopr<mc, bor1·acha


butílica, silicone ou combina.;ões destas. Gcralmcmtc são emprega-
dos ao cisalhamcnto e à comp1·cssão; uma relação linear de rigidez
pode ser conseguida.
A figura 10.23 mostra uma curva típica de deflexão estática,
em função da força, para vários valores de dureza de um material.
Isoladoras elastoméricos têm grande vantagcrn quando compara-
clos aos isoladores metálicos, especialmente em 1·clação a problemas
com espaço e peso nas aplicações aeronáuticas. Os materiais elas-
toméricos são sensíveis a ambientes agressivos (ácidos ou oleosos),
variações de temperatura e tem pouca durabilidade. A figura 10.24
mostra exemplos típicos de isoladores clastoméricos.

(3) Isoladores Pncwnáticos


A figura 10.25 mosh·a um isolador pneumático típico, construido
a partir de colchões de ar e fixado nos dois lados através de placas
metálicas p1·esas. Uma deflexão estática nula, isolamento até 99% e
frec1iiências naturais abaixo dei 1 Hz podem sur obtidos, o que não
ocor1·e com molas metálicas, onde se prudsa de uma certa deflexão
ostcitica JHn·a haver 1m1 cm·to isolamento. A f'rcqiiêucia natural de
os,:ilação cfo uma massa snstoutacla pm· uma cohurn ele ;u· é dada
po1·:
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 433

Figura 10.23: Curva típica de força-deflexão em função da dureza

Figura 10.24: Exemplos de isoladores elastoméricos de fabricação VIBRA-


NIHIL
434 - - - Capítulo 10 ISOLADORES DE VIBRAÇÕES E CHOQUES

fn =.!....f;Ag
21rVV
onde:
')'éa constante do gás,')'= 1,4 para o ar
A é a área da seção transversal do pistão sustendador da massa
g é a aceleração da gravidade
V é o volume de ar

Isoladores pneumáticos são usados para componentes de baixa


freqüência de choques e vibrações tendo dcfl.cxõcs estáticas quase
nulas. Como exemplo de aplicação tem-se o isolamento de pren-
sas e de equipamentos sensíveis como microscópios eletrônicos. A
única desvantagem de tal tipo de isolador é que ele só trabalha em
compressão e numa única direção definida.

Figura 10.25: Isolador pneumático típico

(4) Isoladores do tipo junta flexível


São elementos que apresentam grande flexibilidade nas dfreções
axial e transversal, absorvendo dilatações térmicas das tubulações
e minimizando a transmissão de vibrações entre máquina e es-
trutura (ver figura 10.26). São fabricados a partir de folha metálica
ou de borracha com ou sem reforço metálico. As juntas flexíveis de-
vem ser colocadas o mais perto possível da máquina; a colocação de
duas juntas a 90° fornece redução efetiva em duas direções. Ainda.
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 435

juntas flexíveis podem também servir como absorvedores de ondas


acústicas dentro da tubulação .

Figura 10.26 .Juntas flexíveis típica.-;

10.7 Isolamento de Choques


A redução da severidade de choques é obtida usando isoladores
que possam armazenar energia vibratciria rapidamente durante a
excitação , e após, liberal' e absorver esta energia cm tempo maior,
na freqüência natural do sistema. Considerando um sistema simples
de um grau de liberdade excitado por uma força de choque ( ver
figura 10.27), a transmissibilidade de forças é dada por:

oudc:
F,1 é a força efetiva chi cxcitaçc\o de choque
F 1,,, é a for<;a máxima transmitida
436 _ _ _ Capitulo 10 ISOLADORES DE VIBRAÇÕES E CHOQUES

A figura 10.28 mostra a val"iação de transmissibilidade de forças


T1 cm ÍUlH;ão da razão do período de atuação do choque T pelo
período natural do sistema r. Portanto, no isolamento de cho~
ques, o período natural r deve sei· bem maior do que o período de
excitação do choque (ir = 1/r), ou seja,

r 2: IOT

O efeito do amortecimento no modelo mostrado pode ser


analisado. A figura 10.29 mostra a transmissibilidade para vários
valores de amortecimento considerando uma onda de choque do tipo
meio seno.

Forço de Choque

Figura 10.:li: Sistema de isolamento de choque não amortecido

A maioria dos pulsos de choque em máquinas são periódicos com


período T~ regular, como o mostrado na figura 10.30 (por exemplo
prensas). Geralmente, o período entre pulsos T 0 é maior do que a
duração do choque T.
O isolamento do sistema é conseguido neste caso quando:
f,. «.: 1/lüT para o isolamento de choques
Ín << 1/To pai-a o isolamento de vibrações
l /To é geralmente pequeno « 2 Hz. Portanto é difícil o isola-
mento sem que se tenha grandes deftexões estáticas do sistema. No
isolamento de choques alguns fatores devem ser considerados:
( 1) O sistema deve permitir deflexões tais que possa haver uma
1·edução da força de choque transmitida através da liberação
da energia em período maior do que o da duração do choque.
SAMII{ N. Y. GERGES - - - - - - - - - - - - - - 437

Regioo de Isolamento

o ,TIIJ
1 2
.I
1:

Figura 10 28 Trausmi.ssibtl1Jade J., força.s;

2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
Freqüência Natura! X Intervalo de Choque

Fip;ura I0.29: 1'ransmissibilidadP ,k forças com variaçã'-' d\,.1 arnort~'r1111ento


438 - - - Capítulo 10 ISOLADORES DE VIBRAÇÕES E CHOQUES

Figura 10.30: Excitac;ào de choques perlodicos

(2) A freqüência natural do sistema não deve coincidir com as.


freqüências geradas pelos componentes da máquina ou equipa-
mento.

(3) Harmônicos de ordem supcl'ior po<lmn aparecer devido a não


linearidade do isolador para grandes dcffexões do sistema.

10.8 Referências Bibliográficas


(lJ Adair, R., The design and appfü:ation of pncumatic vib1·ation
isolators, Sound Vib, Aug.1974, pp,24-27.

[2] Application selection guide. Bany Division, Barry Wright


Corporation, EU A.
(31 Crede, C.E., Shock and víb1·ation conccpts iu engincc1i11g de-
sign. P1·entice Hall, Euglewood Cliffs, N.J., 1965.
[4] Hanis, C.M. aud Crede. C.E., Shock and Vibration Handbook,
McGraw-Hill, 1965.
(5] Hunt, J .B., Dyuamic vibration absorbcrs, Mechanical Engine-
ering Publications Ltd. London, 1979.
[6] Heid1·ich R.M. e Coelho, C., Modelo computacional para de-
ter1ninação dos autovalores e autovetores de urn corpo rígido
cu1u seis graus de liberdade. R.elatói-io de estágio no LVA para
Vibrunihil - Amorteccdo1·es cfo Vihl'ações S/ A - São Paulo,
1988.

[7J Suowdou, ,J.C .. Vibrntion an<l shock in dampcd mecbanical


systcms . .John Willey & Sous, 1068.
Capítulo 11

Ruído das Máquinas

11.1 Introdução

Nos últimos anos, vários trabalhos tem sido desenvolvidos com o


objetivo de predizer a potência sonora de várias máquinas e
equipamentos industriais. O objetivo deste capítulo é identificar as
fontes de ruído de cada tipo de máquina ou elemento de máquina
e apresentar equações teóricas e/ou empíricas que permitam pre-
dizer o ruído de cada um deles. As equações fornecem o nível de
potência sonora NWS, que é uma propriedade tisica fundamental
de qualquer fonte de ruído, independente do ambiente onde esteja a
fonte e· da distância da mesma até o ponto de medição. A potência
sonora é, portanto, o parâmetro mais importante na avaliação das
características de ruído de uma fonte e permite calcular o nível de
pressão sonora N PS a uma dada distância da fonte, operando num
ambiente específico.
O entendimento tisico das fontes geradoras de ruído e a dinâmica
de cada máquina, junto com as principais técnicas de controle, é a
melhor ferramenta para especificação, projeto e solução do
problema de ruído das máquinas.
Neste capítulo são abo1•dadas as equações relativas a ruído
gerado por ventiladores, exaustores, válvulas, motores elétricos,
compressores, turbinas à gás, motores diesel, torres de refrigera-;ão,
engrenagens e rolamentos.

439
440 Capítulo 11 RUÍDO DAS MÁQUINAS

ll.2 Ruído dos Ventiladores e Exaustores


11.2.1 Introdução
Ventiladores e exaustores são sistemas de movimentação de
fluido que tem o mesmo tipo de elemento principal, ou seja, um
rotor com pás. Os sistemas de fluxo axial funcionam para baixas
pressões estáticas, portanto, são pouco empregados nas indústrias,
Ent1·etanto, sistemas de fluxo centrífugo são usados para pressões
estáticas altas e grandes velocidades de fluxo, o que determina seu
extenso uso industrial.
Nesta seção serão estudados os espectros de ruídos de ventilado-
res e exaustores. Pretende-se com isto fornecer os elementos básicos
de acústica que permitirão aos técnicos de ventilação elaborarem
soluções, especificações, pl'ojeto e instalação de sistemas.

11.2.2 Tipos
Do ponto de vista de direção do fluxo, existem dois tipos princi-
pais de rotores usados na indústria: os de fluxo axial e os de fluxo
centrífugo.

(1) SISTEMA DE FLUXO AXIAL (ver figura 11.1)

Existem três categorias principais de sistemas axiais:

Sistema Axial com Guias


É usado como exaustor de fumaça, em sistemas de pulverização em
pinturas e em fornos secadores (ver figura 11.2)

Sistema Tubo Axial


É usado para gerar pressões baixas e médias; é empregado como
ventilador e em condicionadores de ar (v~r figura 11.3).

Sistema Hélice
É usado como exaustor em telhados, sem a utilização de dutos, e
gera baixa pressão e alto fluxo de ar (ver figura 11.4).

(2) SISTEMA DE FLUXO CENTRÍFUGO (ver figura 11.5)

Existem cinco categorias principais dent.ro do sistema centrífugo:


SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 441

Pás Curvadas para F:t·entc:


Ideais em aplicações onde são necessários baixa pressão e grande
volume de ar, tais como em fornalhas e aparelhos de ar condicio-
nado. Normalmente o númel'o de pás é de 36 a 64 (ver figura 11.6)

P,:lS Curvadas para Trás ou Retas Inclinadas para Trás:


São geralmente usadas em ventilação (ver figura 11.7)

Pás Airfoil :
São usadas cm ventilação com grande volume de ar; p01· exemplo,
em sistemas de aquecimento e de ar con<lidonado (ver figura 11.8).

Pás do Tipo Radial Modificada:


São usadas para cargas pesadas e tem componentes fortes de ruído
na freqüência de passagem das pás. Normalmente tem de 12 a 18
pás (ver figura 11.9).

Pás Radiais:
São usadas para serviços severos, como nos casos dei movin1cntaçãu
de areia, cavacos de madeira e corte de papel; normalmcutc tem de
6 a 12 pás (ver figura 11.10).

Motor

Fluxo ----..__

Figura 11.1: Compo1wntr-s b,i.su:o.s do >'Ístema axial


44 2 - - - - - - - - - - - Capitulo 11 RUÍDO DAS MÁQUINAS

Pás fixos

Fluxo

• Pás rotativos
Fluxo

Figura l 1.2: Rotor axial com guias

~:::::
Figma 11.:l: Botor Luho axial
SAMIR N.Y. GERGES - - - - - - - - - - - - - - 443

Figura 11.4: Rotor hélice

Figura 11.5: Componentes básicos do sistema centrífugo


444 _ _ _ _ Capítulo 11 RUÍDO DAS MÁQUINAS

/'
,,,--:,!'
..

~~·
• 1

1
~
'!'
-
Figura 11.G: Rotor com pás curvadas para a frente

Figura 11.7: Rotor com pás curvadas para trás ou retas inclinadas
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 445

Figura 11.8: Rotor tipo Airfoif

Figura 11.9: Rotor de pás radiais modificadas


446 - - - - - - - - - - Capítulo 11 RUÍDO DAS MÁQUINAS

Figura 11.10: Rotor de pás radiais

11.2.3 Fontes de Ruído


Os principais mecanismos de gt~ração de ruído em ventiladores ou
exausto1·cs. são:
1- Ruído aerodim1mico do tipo banda larga gc1·ado em 1·cgiões de
fluxo tu1·bulento e vórtices. Esk mecanismo de geração de ruído
contribui com as componentes mais significativas para o ruído to--
tal. A p1·esença de elementos estacionários nesse campo rotativo,
tais como suportes p1·óximos às Iáminas ou pás do ventilador, pode
aumentar o nível de ruído ( ver figura 11.11).
2- Ruído causado pela passagem das pás p1·óximo a elementos
fixos (ver figura 11.11). Este é concentrado na freqüência de passa-
gem/,. e seus harmônicos '1/p,:i/p,····· etc, onde:

r _ (nÚmer·ode pás) (uclocidade de 1•otação RPlvl)


Jp - 60 (11.l)

3- Ruído de origem mecânica emitido por vib1·ac;ões dos compo-


nentes esh·uturais e das pás.
Sistemas de movimentação de a1· (ventiladores ou exaustores)
devem funcional' perto do ponto de eficiência máxima. A curva de
dcsen1penho do ventilado1· ou exaustor é determinada de acordo com
o p1·0(:cdimento normalizado, po1• exemplo, como a especificação da
Ai1· ,\,Joi·t•ment and Coritrol Associafio11 - ACM dos EUA. Portanto,
a seleção dos pa1·âmcrtros de fuuciouamcuto: velocidade, tipo de
SAMIR N. Y. GERG.ES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 447

de posSOQem

Figura 11.11; Geração de ruído

rotor, diâmetro,.. etc, para obter a eficiência máxima, significa


também alcançar baixo nível de! ruído. além da economia de
energia. As figuras 11.12 c 11.13 mostram curvas típicas de
desempenho de rotores centrífugo e axial, respectivamente.
O funcionamento de um rotor (no ponto a) fora do ponto de
eficiência máxima (ponto b) é d.ado pelas scguiutes equações (Lei
de Som para Rotores):

(11.2)

(113)

\\'., ~ \\'.(~)'(~)' (ll.·IJ

NJ,VSa = NWS6 + 10/og(~) + 50log(~,:ª) (ll.5)


db • b

onde:
Q é a velocidade de fluxo de volume (vazão)
PT é a press.ão total
W é a potência
NWS é o nível de potência souora
d ó o diâmetro do rnt.or
N é a velocidadC' <le rotação (rpm)
a e b são os pontos da curva de desempenho do rotor
448 - - - - - - - - - - C a p í t u l o 11 RUÍDO DAS MÁQUINAS

Portanto, o nível de potência sonora de um rotor funcionando


num ponto qualquer (ponto a) pode ser calculado a partir do nível
de potência sonora no ponto de eficiência máxima (ponto b) usando
a equação 11.5

NWS
1,2 lOdB
ô 1p
HP
o..
~ 0,8 25
o 20
•<t 0,6
"'"'w 0,4
15 3t
10 ~
a:
o.. 10
0,2 5
o o
VAZÃO (cf/min)
Figura 11.12: Característica tfpica de um rotor centrífugo
pressão total (PT), pressão estática (PS), potência (HP), eficiência
total (ET), eficiência estática (ES) e nível de potência sonora
(NWS)

11.2.4 Predição do Nível de Potência Sonora


Existem vários métodos para a predição da potência sonora de
rotores (ventiladores ou exaustores). Um dos trabalhos mais antigos
sobre este tópico foi desenvolvido por Beranek, Kampe1·man e Allen
em 1955. Neste método o nível de potência sonora em cada banda
de freqüência de 1/1 oitava é dado por:

NWS R + 77 + 10/ogI<W + logP, (11.6)

NWS R + 25 + 10/og Q + 20/og P, (11.7)

NWS = R + 130 + 10/og I<W - 10/og Q (11.8)


SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 449

NWS
i 10 dB

o HP
o..
"' 5
...
o
V,
4
3~
~ 2~
o..
1

o 4 6 8 10 12 14 16
o
VAZÃO(cf/min)
Figura 11.13: Característica típica de um rotor axial
pressão total (PT), pressão estática (PS), potência (HP), eficiência
total (ET), eficiência estática (ES) e nível de potência sonora
(NWS)

onde:
R é o fatol' para cada banda de 1/1 oitava dado na tabela 11.1
P, é a pressão estática (mm água)
KW é a potência do motor (kilowatts)
Q é a v"elocidade de fluxo de volume (m3 /h)

Qualquer uma das três equações pode ser usada. Neste


método não é envolvida a contribuição da componente discreta na
freqüência de passagem das pás.

Outro método desenvolvido por Graham em 1972 inclui o efeito


da freqüência de passagem. Portanto, é considerado o método mais
geral para a maioria dos tipos de rotores mencionados.
A equação de Graham é dada por:

NWS ; [{ + 10/ogQ + 20/og P, + C (ll.9)


onde:
Q é o fluxo de volume (m 3 /seg)
Pa é a pressão estática (kPa); Pa deve ser maior que 0,125kPa.
]\ é o fator para cada banda de 1/1 oitava, dado na Tabelall.2
450 - - - - - - - - - - Capítulo 11 RUÍDO DAS MÁQUINAS

Freqüências [Hz] 63 125 250 500 lK 2K 4K 8K


Centrífugo: pás cur-
vadas para trás -4 -6 -9 -11 -13 -16 -19 -22
Centrífugo: pás cur-
vadas para frente -2 -6 -13 -18 -19 -22 -25 -30
Centrífugo:pás radiais -3 -5 -11 -12 -15 -20 -23 -26
Axial -7 -9 -7 -7 -8 -11 -16 -18
Fluxo misto o -3 -6 -6 -10 -15 -21 -27

Tabela 11.1: Valores do fator R usado nas equações 6,7 e 8

C é o aumento do NYVS na freqüência de passagem (li,)

IV J1F S representa o nível de potência sonora total emitida pelo


rotor. Portanto, para se calcular o nível de potência sonora na
entrada somente, ou na saída, deve.se subtrair 3 <lD (3<lB = fator
2 absoluto) da contribui<;ão na componente total NH'S.
A contl'ibui~ão de ruído na freqüência de passagem das pás C
é dada na última coluna da tabela 11.2. O valor de C deve ser
adicionado ao valor obtido na banda de frcqüc1ncia indicada p01· Jp,
calculado pela equação 11.1.
As figuras 11.14 e 11.15 mostram montagens de rotores com re-
comendações de condições na entrada e saída para minimizar ruído.
Soluções para problemas de ruído ele ventiladores e exaustores são
mostradas na capítulo 8.

11.3 Ruído dos Motores Elétricos


11.3.1 Fontes de ruído em motores elétricos
Um motor elétrico é um complexo gerador de ruído, devido às
vibrações de seus componentes e ao fluxo turbulento do ar de 1·e·
frigeração. O ruído em motores elétricos pode ser classificado em
três categorias principais: magnético, mecânico e aerodinâmico.

Ruído Magnético
O ruído magnético é originado priucipalmcnte pelas forças
magnéticas que atuam no estator e no rotor, através do espaço de
ar, dependendo do projeto do motor, sendo uma função da densi·
dade do fluxo magnético, do núme1·0 e forma dos polos, do mímero
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 451

Incorreto Correto

Incorreto Correto

Incorreto

Incorreto Correto

Figura ll.l 4: Recomendações para minimizar ruído na entrada e saída


452 - - - - - - - - - ~ Capítulo 11 RUÍDO DAS MÁQUINAS

Incorreto Correto

~ ....._____.-

~
~- ~-
--.-------.--
Incorreto Correto

~- p-
Incorreto Correto

L~- LP
l diametro 5 diametros

Figura 11.15: Recomendações para minimizar ruído na entrada e saída


SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 453

Tipo de Rotor Diâmetro


Aitfoil,curvada
63 125 250 500 lk 2k 4k 8k e
acima de 80 80 79 77 76 71 63 55 3
ou inclinada 0,75 m
para trás abaixo de 84 86 84 82 81 76 68 60 3
(fig.11.7) 0,75 m
Radial modifi.- acima de 93 90 88 88 83 78 75 74 5
cada (fig.11.9) l,Om
abaixo 96 95 93 93 88 83 80 79 5
de l,Om
Radial, acima de 93 87 90 87 85 80 78 77 8
de pressão 1,0m
Tipo A,B,C e entre 1 103 96 96 93 93 88 86 85 8
D - (fig.11.10) a O,Sm
abaixo 111 105 106 98 92 87 86 81 8
de O,Sm
Radial, tipo acima de 98 94 90 87 83 78 75 74 7
E - (fig.11.10) l,Om
abaixo de !OI 106 IDO 91 88 85 80 86 7
l,Om
Curvada
para frente todos 95 91 86 81 76 73 71 68 2
(fig.11.6)
Axial com a.cima de 87 84 86 87 85 82 80 70 6
guias (fig.11.2) l,Orn
abaixo 85 87 91 91 91 89 86 80 6
de l,Om
Tubo axial acima de 89 87 91 89 87 85 82 75 7
(fig.11.3) l,Om
abaixo de 88 89 95 94 92 91 85 83 7
I,Om
todos 96 93 94 92 90 90 88 86 5
Hélice
(fig.11.4)

Tabela 11.2: Valores do fator K usado na equaçao l 1.9


454 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Capítulo 11 RUÍDO DAS MÁQUINAS

e forma das ranhuras e da geometria do espaço de ar.

Ruído Mecânico
As principais fontes de ruído mecânico são:
1 - Desbalanceamento do rotor
2 - Mancais e rolamentos
3 - Fricção das escovas nos anéis de escorregamento
4 - Fricção acidental de componentes dos estatores e rotores
5 - Ruído devido a componente solto
As fontes 4 e 5 indicam que o motor precisa de reparos e revisão.

Ruído Aerodinâmico
É criado por vórtices e fluxo turbulento do ar de refrigeração,
que são produzidos pelas pás do rotor cm movimento relativo aos
elementos estacionários. Consequentemente a potência sonora de-
pende da velocidade de rotação.

11.3.2 Espectro do ruído


O espectro do ruído dos motores elétricos é do tipo banda larga
com componentes de tons puros. O ruído de banda larga é devido
à passagem do fluxo turbulento do ar de refrigeração entre o rotor
e as partes fixas do motor. Os tons puros são gerados na freqüência
de passagem das pás do ventilador.
O nível de potência sonora .1VH"S em bandas de 1/1 oitava gerado
(ruído carregado via a1·) por motores elétricos de lHP até 500 HP
é dado pela seguinte equação, desenvolvida por Bolt-Beranek:

NWS = J,; + 20/og(HP) + 15/og(:V)-7 dB (11.10)

onde:
,V é a velocidade de 1·otação cm rpm
li P é a potência cm HP
A' é uma constante que depende de cada banda de 1/1 oitava,
sendo dada na tabela 11.3
A Associação Nacional de Fabricantes de Equipamentos Elétricos
dos EUA (N alional Electrical M anuf acl urers Associalion - N E/1. ! ;1)
1

publicou as tabelas 11.4, 11.5 e 11.6 com respeito ao nível de


potência sonora NWS em dB(A) para motores, cm bandas de 1/1 oi-
tava. Os valo1·es destas tabelas podem ser representados por relação
matemática similar à de Bcranek dada por:
SAMIR N.Y n~RGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 455

Freqüências
das bandas de 31,5 63 125 250 500 lK 2K 4K SK
1/1 oitava [Hz)
Valor de K 13 15 16 16 14 7 O

Tabela 11.3: Fator K usado na equa~ão 10

NWS = m(IO/ogHP) + b dB(A) (li.li)


onde:
m é uma constante (ver tabela 11.6)
b é um nível em dB (ver tabela 11.6).

A equação de Be1·anek (equação 11.10) e a equação da NEMA


(equac;ão 11.11), são similares, mas nota-se que o nível de potência
sonora calculado pela equação de Deranek é dado em dB e o nível
de potência sonora apresentado pela NEMA é dado em dB(A).
Soluções para problemas de ruído dos motores elétricos são mos-
tradas nos capítulos 8 e 13.

11.4 Ruído de Válvulas


11.4.1 Introdução
Válvúlas de descarga ou reguladores de pressão são elementos
indispensáveis em qualquer planta industrial, principalmente nas
petroquímicas. Elas são elementos de descarga de fluidos para a at-
mosfera ou para meio de pressão menor. O ruído é gerado através
de mudanças bruscas nas co1-.dições do fluido no orifício da válvula.
Na saída existe condição de baixa pressão com alta velocidade de
fluxo. Portanto, o fluxo laminar, antes da válvula, torna-se turbu-
lento após passar pela válvula. Para valores do núme1·0 de Reynolds
Re < 1200 o fluxo é laminar, para 1200 < Re < 2200 o fluxo é misto, e
par-; Re > 2200 o fluxo é turbulento. A freqüência fundamental f de
tal ruído é determinada através do número de Strouhal. segundo a
relação:

f (11.12)

onde:
456 - - - - - - - - - - Capítulo 11 RUÍDO DAS MÁQUINAS

Rotação Tipo de Potência Aberto TEFC


(rpm) carcaça (HP) dB(A) dB(A)
3600 143T, 145T 3 a 2 76 87
182T, 184T 7,5 a 5 80 91
(2-pol.) 213T, 215T 15 a 10 82 94
245T, 256T 25 a 20 84 96
284T, 286T 40 a 30 86 98
324T, 326T 60 a 50 89 100
364T, 365T 100 a 75 94 101
404T, 405T 150 a 100 98 102
444T, 445T 250 101 104
1800 143T, 145T 0,5 a 2 70 70
182T, 184T 3a5 72 74
(4-pol.) 213T, 215T 7,5 a 10 76 79
254T, 256T 15 a 20 80 84
284T, 286T 25 a 30 80 88
324T, 326T 40 a 50 84 92
364T, 365T 60 a 75 86 95
404T, 405T 125:100 89 98
444T, 445T 200:150 93 102
1200 143T, 145T 0,5 a 1 65 64
182T, 184T 1,5 a 2 67 67
(6-pol.) 213T, 215T 3 a 5 72 71
254T, 256T 7,5 a 10 76 75
284T, 286T 15 a 20 81 80
324T, 326T 25 a 30 83 83
364T, 365T 40 a 50 86 87
404T, 405T 60 a 75 88 91
444T, 445T 100 a 125 91 96
900 143T, 145T 0,5 a 3/4 67 67
182T, 184T 1 a 1,5 69 69
(8-pol.) 213T, 215T 2a3 70 72
254T, 256T 5 a 7,5 73 76
284T, 286T 10 a 15 76 80
324T, 326T 20 a 25 79 83
364T, 365T 30 a 40 81 89
404T, 405T 50 a 60 84 89
444T, 445T 75 a 100 87 93

Tabela 11.4: Potência sonora de motores abertos e enclausurados


SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 457

Tipo 125 250 500 1000 2000 4000 8000


Aberta A -6 -2 -1 -4 -6 -10 -13
3600 rpm M -9 -5 -2 -5 -8 -12 -14
B -19 -11 -3 -5 -9 -15 -16
Aberta A -10 -1 -3 -4 -6 -9 -19
1800 rpm M -12 -2 -4 -5 -6 -12 -19
B -19 -9 -5 -6 -8 -14 -19
TEFC A -17 -8 -4 -4 -5 -9 -13
3600 rpm M -18 -11 -5 -5 -6 -10 -14
B -19 -13 -7 -5 -6 -12 -16
TEFC A -12 -5 -3 -3 -6 -13 -19
1800 rpm M -15 -9 -5 -3 -7 -14 -20
B -16 -10 -8 -4 -8 -15 -22

Tabela 11.5: Atenuação em dB, alta (A), média (M) ~ baixa (B)

ln.ter- Nível
Potência seçã.o mínimo
Modelo Tipo [,pm) [HP) m b com acima. da
1 HP interseção
[dB(A)l [dB(A))
3600 3 a 250 1,35 13,5 67,0 76
60Hz,3fase
aberto 1800 2 a 200 1,25 12,5 63,0 70
60Hz,3fa.se
1200 1 a 125 1,30 13,0 63,5 65
60Hz,3fase
900 3/4 a 100 1,20 12,0 62,0 67
60Hz,3fase
3600 2 a 250 0,90 9,0 84,0 86
60Hz,3fase
2 a 200 1,80 18,0 61,0 70
60Hz,3fase TEFC 1800
1 a 125 1,80 18,0 57,5 64
60Hz,3fase 1200
900 3/4 a 100 1,40 14,0 65,0 68
60Hz,3fase
l a 200 1,40 14,0 74,5 81
DC 2500
1 a 200 1,50 15,0 65,0 72
DC aberto 1750
1 a 200 1,60 16,0 57,0 63
DC 1150
1,35 13,S 57,0 60
DC 850 l a 40

Tabela 11.6: Constantes me b usados na equação 11.11


458 - - - - - - - - - - Capítulo 11 RUÍDO DAS MÁQUINAS

V é a velocidade do componente principal do fluxo


d é a largura da abertura da válvula
/\. é o número de Strouhal, J{ = O, 13
Esta freqüência fica em torno de 2 a 4kHz.
O aumento do nível de pressão sonora fica entre 3 e 24 dB,
quando se dobra a velocidade de fluxo.

11.4.2 Nível de ruído


Existem várias relações empíricas para o cálculo da potência so-
nora e da pressão acústica geradas por válvulas. Alguns fabricantes
desenvolvem relações empíricas, mas nestes casos elas são válidas
para os seus produtos específicos (Masoneilan ou Fisher). Nakano
desenvolveu a seguinte relação empírica para cálculo do nível de
potência sonora total emitido por válvulas de gás;

NWS =A+ Blog(GTF) dB ( 11.13)


onde:
T é a temperatura em ºK do gás 110 tubo
G é a velocidade da massa do fluxo na válvula em kg/seg
F é um fator dado por:

onde:
P1 é a pressão na entrada,
P2 é a pressão na saída 1
é a razão calorífica do gás.

As constantes A e B dependem do tipo da válvula ( ver figura


11.16} conforme mostrado na tabela 11.7.

O espectro de potência sonora é calculado subtraindo-se a ate-


nuação mostrada na figura 11.17 do valor de NWS calculado pela
equação 11.13. A freqüência onde o espectro mostra um pico é dada
por:

O, l3V
!o -d- (11.14)
SAMIR N. Y. GERGES - - - - - - - - - - - - - 459

A B D

Figura 11.16 Tipos d!' válvulas


(A) Globo, (13) Gaveta' (C') Diafragma' (D) Esfera e (E) Agulha
NWS
Nível Dado pela
o
Equocão 1113
-10

-20

-30

-40

-50 L-------:-:----,';,---w
0,01 0,1 1,0 fito 10

Figura 11.17 Ater.mação para cálculo Jo espectro

Tipo de v<í..lvula A B
Globo 90 10.0
Gaveta 100 15,6
Diafragma 101 19.i
Esfera 105 12,8
~gulha 91,5 13.1

Tabela 11.7: Valores de A e B usados na equação 1 i .13


460 Capítulo li RUÍDO DAS MÁQUINAS

11.5 Ruído dos Compressores


11.5.1 Introdução
Os compressores são sistemas mecânicos compostos de uma parte
fixa e uma parte rotativa ou alternativa, destinadas a aumentar a
pressão dos fluidos. Os compressores são classificados de acordo
com o tipo dê movimento e forma da parte rotativa, em:
(1) Compressores alternativos (ver figura 11.18),
(2) Compressores de engrenagens (ver figura 11.19),
(3) Compressores de lóbulos (ver figura 11.20),
(4) Compressores de palhetas (ver figura 11.21),
(5) Compressores de êmbolo (ver figura 11.22),
(6) Compressores de anel de líquido (ver figura 11.23).

As partes rotativas dos compressores serão chamadas generica-


mente de pás, apesar de assumirem formas de dentes, lóbulos, pa-
lhetas, etc ...

Figura 11.18: Compressor alternativo de membrana

11.5.2 Fontes de ruído


As fontes dominantes de ruído em compressores centrífugos ou
axiais são:
( 1) Turbulência de fluxo devido à passagem não suave do fluido.
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 451

Figura 11.19: Compressor de engrenagens

Figura 11.20: Compressor de lóbulos

Entrado

Figura ll.21: Compressor de palhetas


462 - - - - - - - - - - Capítulo li RUÍDO DAS MÁQUINAS

Figura 11.22: Compressor de embolo

Palhetas
Rotor
Saído

Entrado

Figura 11.23: Compressor d,. ·.ncl Jc liquido


SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 463

(2) Separação do fluxo causado por interação do fluxo nas par-


tes rotativas (rotores) e nas partes fixas (estatores), ou através de
outras partes estruturais. ·
(3) Fluxo não estacionário (irregular) nas pás dos rotores, que
gera ruído na freqüência de rotação e nos seus harmônicos.

11.5.3 Potência sonora de compressores centrífugos


Bolt, Beranek e Newman apresentam a seguinte equação para o
cálculo do nível de potência sonora em bandas de oitava de 31,5 Hz
a 8000 Hz para compressores centrífugos:

NWS = [{ + 70 + IO/og10HP (11.15)


onde:
H P é a potência em hDrsepower
1\ é uma constante que depende de cada banda de oitava, sendo
dada na tabela 11.8.

Freqüência [HzJ 31,5 63 125 250 500 lk 2k 4k Sk


K 18 14 12 8 7 11 12

Tabela 11.8: Valores de K usados na equação 15

A equação 11.15 mostra que a potência sonora dos compressores


centrífugos só depende de sua potência rriecânica (horse power), e
não considera o efeito da velocidade de rotação.
Outra equação publicada por Bolt, Lakask, Nolle e Frost é reco-
mendada po1· Heitner; essa equação considera o efeito da velocidade
de rotação dos compressores. A equação é dada por:

i.:
NWS = 20/og(HP) + 81 + 50/og(soo) (11.16)

onde:
NW S é a potência sonora total na saída do duto (ref. 10- 12W)
U é a velocidade das extremidades das pás (em pé/seg), dada
por:

i; = (RPM)(,·afodapá) (!Ili)
60
A equação 11.16 111ostra que o nível de potência sonora aumenta
de 15 dB com a duplicação da velocidade.
464 - - - - - - - - - - C a p í t u l o 11 RUÍDO DAS MÁQUINAS

O cálculo do espectro do nível de potência sonora é demonstrado


oa figura 11.24.

Equoçllo 11. 16

4dB

1i5
s

Freqüência (Hz)

Figura 11.24: Espectro de potência sonora para compressores centrífugos

11.5.4 Potência sonora de compressores axiais


Bolt e outros publicaram as equações necessárias para o cálculo
do nível de potência sonora total e do espectro para compressores
axiais. As mesmas equações são recomendadas por Heitner.
Os procedimentos para o cálculo são:
(i) Determinação da potência sonora total:

NWS = 76 + 20/ogHP (11.18)


(ii)Construc;áo do espectro de potência sonora de acordo com os
seguintes passos:
a) O nível de potência sonora é máximo na freqüência do segundo
harmônico, calculada por:

/o 2 BRPM (!1.19)
60
SAMIR N. Y. GERGES
·-----------465

onde:
B é o número de pás
RP M é a velocidade de rotação
Na freqüência /o (Hz) o nível de potência sonora é dado por:

NWS, = 74 + 20/ogHP (11.20)


b) Para a freqüência /11, dentro de uma banda de oitava, ·o nível
de potência sonora é dado por: .

NWS, = 80 + 13,5/ogHP (11.21)


onde

!/ (11.22)
1• = 400
e) Para as bandas de 37,5 Hz a 75 Hz, o nível de potência sonora
é dado por:

NWS, = 85 + 10/ogHP (11.23)


d) Para as bandas de 300 Hz a 600 Hz, o nível de potência sonora
é dado por:

NWS2 = 80 + 13,5/ogHP (11.24)


Então o espectro de potência sonora é obtido através da linha
reta entre NWS1 e NWS2, e uma curva entre NWS2, NWS3 e NWS4 ;
fora da freqüência /1a extrapola-se a curva.

11.6 Ruído de Turbinas a Gás


O ruido de uma turbina a gás é gerado por três fontes principais:
a carcaça, ruído na entrada e ruído na saída. O nível de potência so-
nora gerado pela carcaça pode ser estimado pela seguinte expressão
(ver referências (8] e (131):

NWS, = K, + 5/og(HP) + 92 dB (11.25)


onde:
I<c é um fator que depende da freqüência cen~ral das bandas
de 1/1 oita'VB. 1 de acordo com a tabela 11.9
H P é a potência da turbina
466 - - - - - - - - - - Capítulo 11 RUÍDO DAS MÁQUINAS

Fator Freqüências de Centro das Bandas de 1/1 Oitava


31,5 63 125 250 500 lK 2K 4K 8K
K, [dB 1 4 6 7 7
K, [dB} 22 22 22 22 22 20 16 11 4

Tabela 11.9: Valores de Kc e K, usados nas equações 25 e 26

O nível de potência sonora na saída pode ser estimado por:

NWS, = K, + C1 + !Olog (H P) + 73 dB (11.26)

onde:
K, é um fator dependente da freqüência (ver tabela 11.9)
C 1 é um termo de correção que será desc1·ito a seguir.

O nível de potência sonora na entrada pode ser estimado por:

NWS, = K, + C 2 + 15/og(HP) + 57 dB (11.27)

onde:
I< e é um fator de ajustamento que engloba: a freqüência de
rotai;ão do compressor da turbina Rr, as freqüências de passagem
das pás B,. e os harmônicos e sub-harmônicos destas. Para cada
uma das freqüências calculadas (usando equações 11.28 e 11.29 e
tabela 11.10), os valores adequados de /\.'! são somados nas bandas
de oitava nas quais se situam estas freqüências.
A freqüência de rotação do compressor da turbina é:

(Hz) (11.28)
A freqüência de passagem das pás é dada por:

B _ (RPM)(n)
' - 60 (11.29)

onde n é o número de pás do primeiro estágio do compressor.


Se duas ou mais correções são feitas em uma banda <le oitava,
elas devem ser somadas antes de serem substituidas ua equação
11.27
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 467

Harmônica K,
(Hz) (dB)
0,25 R, 1
0,50 Rr 2
1,0 R, 3
2,0 R, 2
0,125 B, 3
0,25 Br 6
0,5 Br 12
1,0 Br 18
2,0 B, 15
4,0 B, 12

Tabela 11.10: Valores de Ke

Se houver somente uma freqüência na banda de oitava, os valores


de !\e são então tomados da tabela 11.10
Os termos de correção C1 e C2 promovem o ajustamento dos
níveis NWS, e NWSe dentro do ambiente e levam em consideração
as propriedades de perda de transmissão PT da parede do duto e o
efeito do seu comprimento. A correção devida ao comprimento do
duto, Ci, é somada ao valor da perda de transmissão das paredes
do duto, que é uma quantidade negativa.

(11.30)

onde
lo é o comprimento do duto
D é a menor dimensão da sua seção transversal.
Nos planos de entrada e saída do duto C 1 = C-i = O.

11. 7 Ruído de Motores Diesel


11. 7 .1 Nível de Pressão Sonora do Motor
Rentz e Watcrs estabeleceram relações para estimar os uiveis de
pressão sonora (A-ponderado) para tl'ês tipos de motores diesel. Os
níveis estimados valem para uma distância de 15 m dos motores, e
tem as formas abaixo:
468 - - - - - - - - - - Capítulo 11 RUÍDO DAS MÁQUINAS

Para motor com aspiração natural de 4 tempos:

NPS = 30/ogN + 50/ogB - 70,7 dB(A) {11.31)

Para motor turbo de 4 tempos:


NPS = 40/ogN + 50/ogB - 105,7 dB(A) {11.32)

Para motor de 2 tempos:

NPS = 40/ogN + 50/ogB - 96,7 dB(A) (11.33)

Onde N é a velocidade do motor (RPM) e B é o diâmetro do cilindro


do motor (cm).

11.7.2 Ruído de Descarga de Motores Diesel com


Silenciador
Uma estimativa do nível de pressão sonora (A-ponderado) a 15m
de motores com silenciador pode ser obtida da seguinte equação:

NPS = 10/og(bhp) + 74,5C0 dB(A) (11.34)


onde bhp é a potência de frenagem do motor e C 0 tem os seguintes
valores: 15 dB para 2 tempos; 17,2 dB para 4 tempos com aspiração
natural; e 16, 7 dB para 4 tempos turbo.

11.7.3 Ruído do Ventilador de Refrigeração do Motor


Diesel
Para a estimativa do nível de pressão sonora (A-ponderado) a 15m
dos ventiladores de refrigeração, tem-se:

N PS =10 log(b1n1) + 30 log [(a NdJ)' + (5, 305 V)


1 2] - 108, 6 (11.35)
onde b1 é a largura da pá do ventilador (m}, n 1 é o número de
pás, N é a velocidade do motor (RPM}, V é a velocidade do veículo
(km/h), d1 é o diâmetro do ventilador (m) e a 1 é igual a 1,0 para
motores com cilindrada menor que 9800 cm 3 e 1,2 para motores
com cilindrada maior ou igual a 9800 cm 3 .
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 469

11.7.4 Ruído na Admissão de Motores Diesel


Os níveis de pressão sonora (A-ponderado) para três configura~ões
de admissão dos três tipos de motores descritos acima podem ser
obtidos das seguintes expressões:
4 tempos, tu1·bo

NPS = 63+5109(bhp)-C1 dB(A) (11.36)


4 tempos, aspiração natural

NPS=81-C 1 dB(A) (11.37)


2 tempos

NPS = 83 - C, dB(A) (11.38)


Onde bhp é a potência de frenagem do motor e C 1 = e~ = O para
o motor sem filtro de ar. Com o filtro de ar instalado C'2 = C'i + 7 dB
e C1 = 13 - 561 + 86 1 dB, onde fJ, = 1 se existir respiro no filtro de
ar e 63 = O para o caso contrário. ó1 = 1 se existir tomada frontal
no filtro de ar e óf = O para o caso contrário.

11.8 Ruído de Torres de Refrigeração


Ellis R.M. desenvolveu um método para predição dos níveis de
pressão sonora (A-ponderado e em bandas de oitava) no nível da
base e a qualquer distância de uma torre de refrigeração de con-
vecção natural. Uma seção típica de torre é mostrada na figura
11.25.
A pressão sonora (A-ponderado) na borda do tanque pode ser
obtida através da expressão:

(Pa) (1139)

onde

( Watts) ( 11.40)

M é o fluxo de massa de água de refrigeração (kg/s)


h é a altura da queda de água medida do dreno até o tanque (m)
T é a profundidade da massa confinada abaixo da viga anel ( m)
470 - - - - - - - - - - Capítulo 11 RUÍDO DAS MÁQUINAS

1----- 2R -----1
Figura 1L25: Torre de refrigeração de convecção natural

D é a altura da superfície do tanque até a base da massa confi-


nada (m)
h' é a profundidade da área aberta abaixo da casca da tone (m}
Ré o raio do tanque (m)
pc é a impedância característica do m·

A pressão sonora (A-ponderada) a uma distância A (m) da borda


do tanque é:

Prcm~ue Wac;rA (1 + ~) tg-•J1 + ~A


1
pc (Pa) (ll.11)

Para determinar os níveis sonoros em bandas de oitava na bo,:da


do tanque ou a uma distância A da borda, deve-se adicionar aos
valores obtidos naS fórmulas de Pbor,i<l e Ptariqu~ os valores dados na
tabela 11.11. Para distâncias maiol'es do que 30 m da borda (A ~
30m) os níveis em bandas de oitava devem ser corrigidos para levar
em conta a absorção atmosférica, de acordo com a 3ª coluna da
tabela 11.11.
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 471

Freqüência Nível de Correção Absorção Atmosférica


Hz dD dD/m
125 -19,4
250 -19,8
500 -13,0 0,00233
1000 -7,8 0,00466
2000 -6,3 0,01000
4000 -4,3 0,02566
8000 -7,2 0,04800

Tabela ILll: Correções a serem somada,; aos valores Phord.a ou Pianqut

11.9 Ruído e Vibrações de Engrenagens


As engrenagens e caixas de engrenagens são elementos indis-
pensáveis para alguns tipos de maquinário ou equipamento.
O ruído gerado nos sistemas de cngrenamento não pode ser credi-
tado exclusivamente às cng1·cmagcns. pois a maior parte do ruído ob-
servado vem da pr<Ípria estrutura de suporte, das caixas. etc ... (ver
figura 11.26).

11.9.1 Vibrações Induzidas por Engrenagens


A qualidade do projeto e fabricação de uma engrenagem é fun-
damental na geração de vibrações. Engrenagens bem projetadas e
acabadas vibram menos do que engrenagens mal projetadas e mal
fabricadas. Na prática, seria impossível conseguirmos um par de
engrenagens perfoitas 1 porquanto existe não uniformidade de trans-
ferência de torque (isto é, variação da velocidade relativa entre um
par de engrenagens), e esta não uniformidade está diretamente re-
lacionada com o ruído gerado.
Podemos colocar aqui as três fontes mais importantes de vi-
brações em um par de engrenagens perfeitas:
(1) A interação entl'e o torque de entrada e a V<H'Íação no tempo
ou espaço da rigidez no casamento dos dentes. o que produz vi-
brações na freqüência de eugrcn:uncuto dos dentes f,,. e nos seus
harmônicos. Esta freqüência é dada por:

J, ;: NÚmao de dentes encai.i:ados po1'segu11do

(t1efocidad<' de rolnriio em RP.ll)(núme1'o de drnfr's)


f,.
60
472 - - - - - - - - - - Capítulo 11 RUÍDO DAS MÁQUINAS

(2) Forças de fricção variáveis atuando ao longo das faces dos


dentes.
(3) Impacto entre os dentes no engrenamento.

O controle do ruído das engrenagens depende das condições que


minimizam as variações das forças transmitidas. Ili apresentou os
efeitos conjup.tos de vários parâmetros na geração de ruído, que são
discutidos a seguir.

11.9.2 Variação do Ruído com a velocidade


A variação do nível de ruído com a variação da velocidade não
ocorre de maneira suave. Isto se deve à resposta estrutural do
suporte e da caixa. As vibrações produzidas são amplificadas nos
componentes de freqüências de ressonância e atenuadas nos outros
componentes. Em geral com a duplicação da velocidade, haverá um
aumento de 5-8 dB no nível de pressão sonora (ver figuras 11.27).
É recomendado evitar componentes de freqüências de fe entre 400
e 2000Hz 1 pois o ouvido humano é mais sensível nesta faixa.

i EXCITAÇÃO DE RUÍDO

VI/ RUÍDO VIA ESTRUTURA

- FONTES PRIMARIAS
DE RADIAÇÃO
---FONTES SECUNDÁRIAS
DE RADIAÇÃO

Figura 11.26: Mecanismos de geração de ruído

11.9.3 Variação do Ruído com o Torque


Em geral, a duplicac;ão do torque acarreta um aumento de 3 dB
no ruído (ver figuras 11.28 e 11.31).
'AMIR N. Y. GERGES - - - - - - - - - - - - - 473

90
Cargo, 180
Específica
(kQ/cm) 90
"'.,,::;;
w
<(
o:: BO
o
z
o
."'"'~
"'wo::
ll.
w
Cl
...J
w
-~
z

60 2000 4000
500 1000
VELOCOADE EM RPM

Figura 11.27: Variação ào ruido com a velocidade


474 - - - - - - - - - - - Capítulo 11 RUÍDO DAS MÁQUINAS

CD Torque
"O
Transmitido
::;; (kg m)
w

"oa:
2
o
(/)

o ao,f------+-----=--~t------..----7""-t--------1
'"w
(/)
(/)

a:
a.
w
o
_J
w
2'.
2 75c__ _ _ _ _--1._ _ _ _ _ ____c__ _ _ _ _ __,___~
o 10 15
ERRO DE ALINHAMENTO DE DENTE
( )Jm /100 mm)

Figura 1 l.28: Variação do ruído com o torque


SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - 4 7 5

11.9.4 Engrenagens Helicoidais


As engrenagens helicoidais produzem menos ruído devido ao casa·
mento gradual dos dentes. Dependendo da freqüência de engrena·
mento, pode-se ter maiores ou menores reduções no ruído. Em altas
freqüências de engrenamento esta redução será pequena devido às
vibrac;,ões da caixa, o que não ocorre em baixas freqüências. A
máxima redução ( de 25 dB) ocorre com ângulos de hélice em torno
de 30º (ver figura 11.29). Com ângulos maiores, as forças axiais
aumentam os deslocamentos dos dentes. Este problema de forças
axiais pode ser evitado usando-se engrenagens duplas opostas, que
entretanto aumentarão o custo do maquinário .

•~ 30~-----------~
"'"'w
lE 25
w
o
...J
w
.2: 15 \
z
::._ ', \
W ID 10 ',\
« 3
<> '~
' ,_
z <l '\
~ 25 5
wz
"- o
i5 "' ºo 10 20 30 40
ÂNGULO HÉLICE

Figura 11.29: Vari~ão do ruído com o ângulo da hélice

11.9.5 Efeito da Razão de Contato dos Perfis (PCR)


Aumentando-se a razão de contato dos perfis há menos impacto
e, consequentemente, menos ruído (ver figura 11.30).
476 - - - - - - - - - - Capítulo 1l RUÍDO DAS MÁQUINAS

12
o
~
(/)
w 10
a:
o..
w 8
a
...J
w
> 6
z
~ m4 1---1----1---~-;."'°".::.-+----1
.,3
~ ~ 2 >--+---;-~-+---+------<r-------<
a: o
wz
~ ril 0o 1000 2000 3000
VELOCOADE DE ROTAÇÃO (r.p.m.)

Figura 11.30: Efeito da razão de contato dos perfis PCR

11.9.6 Efeito do Ângulo de Pressão


O aumento no ângulo de pressão tende a aumentar a razão de
contato dos perfis e, consequentemente, diminuir o ruído (ver figura
11.31).

11.9.7 Efeito da Modificação do Perfil dos Dentes


A modificação da forma do dente é feita para compensar o deslo·
camento e, consequentemente, a distribuição da carga no perfil ( ver
figura 11.32). Uma redução de NPS de 5 a 10 dB é possível para
cada par de engrenagens com carga máxima concentrada no centro
de cada dente. As modificações podem ser feitas na ponta ou na
borda de dente.

11.9.8 Efeito da Lubrificação


A lubrificação pode reduzir o ruído diminuindo a fricção entre os
dentes e introduzindo algum amortecimento na estrutura. Entre-
tanto, o excesso de lubrificação pode excitar a caixa de engrenagens
através dos impactos do lubrificante.
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 4 77

~ 12,---~-.---,--.----,-~---

! 10t--t---i-+--+-~:::-;;..::.~~
·[~ 8,-----t----t--t~,.-<--t---+--+~
~ 6,----t----t--+-j~l--,.+----+----J

·z~ 4r----i---t---+--,,,<f---t--+-~--
~
i2~ o,f--~~~"----=""----'-~L,---'---~oo
15
1,7 1,6 1,4 1,25
RAZAo DE CONTATO
Figura 11.31 Efeito do ângulo de pressão

o 2 1 1

""!R
~
a.
10
• r::_·=
.
~ 8
..J
UJ
-~ 6
~
z "
~ •
• "'-..
K ,..._
• .. I/'

LY.

10 20 40
DISTÂNCIA d-microns
Figura ll.32: Efeito da modificação do perfil dos dentes
478 - - - - - - - - - - Capítulo 11 RUÍDO DAS MÁQUINAS

ll.9.9 Suporte de Engrenagens e Modificação da


Carcaça

Uma i-igidez alta do suporte é necessária para diminuir o ruído.


É importante também a precisão do paralelismo entre os eixos.
Aumentando-se a rigidez da carcaça, através de reforços (ver fi-
gura 11.33), pode-se reduzir o ruído gerado. Pode-se também usar
um enclausuramento externo. Aplicando-se material de amorteci-
mento no disco da engrenagem pode-se diminuir o nível de ruído
nas freqüências de 1·essonância de tal disco excitadas p01· forças im-
pulsivas (ver figuras 11.34 e 11.35).

, . . . , . 00
da Caixa
'"'º~ !
.2
~ 2 3 4 5
Freqüênc,a (kHz)

figura 11.33: Efeito de reforços da carcaça

11.9.10 Efeito da Carga


Em geral as engr~nagens sem carga são pouco mais ruidosas do que
com ca1·ga bem baixa, isso .devido às oscilações torcionais na entrada
da caixa de engrenagem. Mas, para engrenagem com defeitos (por
exemplo: erro de alinhamento de dentes, ou cno <le µitch) o ruído
aumenta com o aumento da carga específica nos dentes ( vc1· figura
11.36) ou com o torque transmitido (ver figura 11.28).
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 479

Carcaça de
Engrenagem

Engrenagens

Figura 11.34: Enclausuramento externo

Figura ll.35: (a) Aplicação de amortecimento.(b) Dísco conico


480 - - - - - - - - - - Capítulo 11 RUÍDO DAS MÁQUINAS

j A
IJ')

~
80
Curvo erro(uml AGMAclosse
A 51 6
B 41 7
c G 12
10~--------------
75 100 125 150 175
CARGA ESPECÍFICA DE DENTE (kg/cm)

Figura 11.36: Variação do ruído com a carga

11.9.11 Vibrações e Ruído de Engrenagens


A figura 11.37 mostra o sinal de vibração de uma eng1·enagem
em bom estado durante um ciclo completo. O espectro deste si-
nal tem um componente na freqüência de eng1·enamento fe e nos
seus harmônicos, além de componentes nos dois lados de /e com
espaços ~ f = rotação do eixo (ver figura 11.38). Outros com-
ponentes discretos são causados pela excentricidade, desbalancea-
mento, freqüências de rolamentos (ver próxima seção), fabricação,
ressonâncias dos eixos e caixa causadas por excitações de impacto.
A figura 11.39 mostra sinais típicos medidos em engrenagems com
diferentes defeitos.

11.9.12 Controle de Ruído de Caixas de Engrenagens


Os parâmetros e considerações importantes na redução de ruído
de ep.grenagens são:
(1) Projeto, formas e acabamento dos dentes que podem redu-
zir as forças e torques e conseqüentemente o nível de ruído. Essa
redução fica em torno de O a 10 dB.
(2) O uso de engrenagens helicoidais duplas com ângulos opostos
é um sistema menos ruidoso devido ao cancelamento dos componen-
tes das forc;as e torques opostos. A redução fica em t01·110 de 25 dB.
(3) Colocando-se amortecimento nos componentes que vibram
nas freqüências de ressonância, a redução fica em torno de 6 dB.
(4) Aumentando-se a rigidez da caixa através de reforços e/ou
mudança da forma da mesma, a redução fica em torno d~ 15 dB.
SAMIR N. Y. GERGES
-------------481

Figura l 1.37: Sinal <le vibração no tempo da engrenagem perfeita

Nível de
Vibração dB
70 Freqüência de 2Fe
Engreromento
60 Fe

50 Bandos
Laterais

2, 10 3 FreqoÔn:i:> ~)

Figura 11.38· Espectro típico


482 - - - - - - - Capitulo 11 RUÍDO DAS MÁQUINAS

(o) - Desalinhamento do Dente

( b) - Dente com Desgoste

~HwlllW/ .~ ÀtvAAAILw
l'VV vwv vvv~ v, vvvv •.• ylj<r • • ri' V V.•.
,,ÁtAht,
(c) • Dente com Defeito

Figura 11.39: Sinal de vibração da engrenagem com falha


SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 483

(5) Aumentando.se a massa nos suportes dos eixos, a redut;ão


fica em torno de 3 dB.
(6) Em algumas aplicações pode·se usar engrenagens plásticas.

Existe uma classificação do Nível de Qualidade de engrenagens


estabelecida pela AGMA(American Gear Manu/acturing Association),
que relaciona a qualidade ao erro do espaçamento entre os dentes,
p..ecisão e acabamento do pel'Íil (ver figura 11.40),

,------
150.----------------~
ai 140
s
e 13 --
g
(j, 120

1~
------
llO - - - - - -
,-.,...------
~ 100
a.. ---
-8 90 ---
j so~---~---~---~---~
z 10 100 1000 10000 100.000
Potência Transmitida {HP)
Figura 11.40: Variação do ruído com classificação de qualidade (AGMA)

11.10 Ruído e Vibrações dos Rolamentos e


Mancais
Os rolamentos são elementos iudispcusáveis em um grande
uú1uero de nuíquinas ou equipamentos. Nornrnbneutc os rolamen-
tos 1u\o S}\o grandes geradores de ruído devido às suas ál·eas su-
pel'ficíais serem pcqucn.as, além d-e serem confinados dentro das
máquinas. Mas eles excitam as outras partes das máquinas, cspeci-
ahnente nas altas freqüências de ressonância, e conseqüentemente
produzem ruído. Os v:irios tipos de 1·olameutos e mancais são apre-
sentados a seguir.
484 Capítulo 11 RUÍDO DAS MÁQUINAS

11.10.1 Elementos Rolantes


Os elementos rolantes ( esferas, pistas e gaiolas) quando perfeitos
não produzem ruído significante. Assim., a maior parte do ruído é
produzido por defeitos.
As origens dos defeitos que aparecem nos rolamentos são: des-
balanceamento, lubrificação inadequada ( tipo de lubrificante, pre-
sença de partículas abrasivas ou corrosivas no lubrificante), variação
rápida da temperatura, e o uso de rolamentos inadequados ao tipo
de máquina ou carga; além dos erros de projeto, fabricação e aca-
bamento. Mesmo que t1J.do esteja bem, haverá fadiga superficial
pelo tempo de operação. A danificação de um rolamento pode se
dar tanto na pista externa quanto na pista interna e/ou nos rolos
ou esferas.
Uma outra causa comwn de danos em rolamentos de máquinas de
grande port~, com rotores apoiados em rolamentos, ocorre quando
a máquina está parada, estacionada ou estocada durante longos
períodos. Quando as outras máquinas nas proximidades estão
operando, geram vibrações que se propagam via solo atingindo
a máquina parada, sempre nos mesmos pontos, originando dani-
ficações nas esferas, pistas ou rolos.
Durante o funcionamento dos rola1nentos, eles apresentam es-
pectro bem determinado, com componentes em freqüências carac-
terísticas. Tais freqüências dependem da geometria do rolamento.
Somas e diferenças dessas freqüências e respectivas amplitudes estão
relacionadas com defeitos específicos, suas magnitudes e severida-
des. De posse dessas freqüências e dos espectros, pode-se observar
a existência e o desenvolvimento de um ou mais defeitos, sendo
possível a previsão do término da vida útil do rolamento. As
freqüências características são apresentadas como (ver figura 11.41):
1. Desbalanceamento e/ou excentricidade no eixo ou anel interno

N
li = 60 (Hz) (11.42)

2. Irregularidade dos elementos da gaiola

!, = Í!.(1-~cos<f,) (11.43)
2 p
3. Contato das esferas, relativo ao anel interno

/,
f3 = 2 N (
, d
l+;;cos<f,)
. (ll44)
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 4g5

ÂNGULO DE
TATO 0

Figura 11.41: Geometria do rolamento


486 - - - - - - - - - - - Capítulo 11 RUÍDO DAS MÁQUINAS

4. Contato das esferas, relativo ao anel externo

Í< = N, !, (11.15)

5. Defeito em uma esfera

/5 = ~ J,[1 - (~cos,p) 2 ] (11.46)


d p

onde:
.\· é a rotação do eixo em RPM
.\',, é o número de esferas
d é o diâmetro da esfera
é o diâmetro primitivo ( de passo)
o é o ângulo de contato
Geralmente as vibrações cm baixas freqüências mascaram os pi-
cos das freqüências características calculadas pelas equações 11.42
a 11.46. Portanto, outras técnicas devem ser usadas para detecção
e identificação dos defeitos dos rolamentos, como por exemplo a
técnica de envelope [1 7],

11.10.2 Redução do Ruído Produzido por Rolamentos


Os meios mais importantes para reduzir o ruído gm·ado por rola-
mentos são:
1- Uso de elementos (rolos, pistas, esferas) de precisão, quando
possível.
2- Uso de uma pré-carga axial para diminuir os movimentos
(1·a/.lli11g) do eixo no rolamento (ver figura 11.42).
3- Uso de rolamentos com grande número de esferas ou rolos
para redução das vibrações causadas pela variação de !'igidez cada
vez que os elementos rolantes passam na posição da ca1·ga.
4- Uso de lubrificação adequada e eliminação do efeito de cor-
rosão ou erosão química do material.
Nas investigações sobre a causa do ruído excessivo gerado por
pcq1w11os 1notorcs elc~tricos, aprcsenta1n-sc as seguintes razões:
1- A montagem autmmí.tjca <los 1·olmncntos, quando não bem
~X(:c11ta<la, danifica os rolamentos.
2- Montagem manual inadequada <los rolamentos no eixo.
3- O acondicionamento e transporte de motores podem ser res-
ponsáv~is por danos em eixos e rolamentos, quando os 1notores não
forem protegidos adequadamente.
SAMIR N. Y. GERGES
- - - - - - - - - - - - 487

85

~
N
Ô 80
w
o:
!
(f)
CL
z 75
L-41-'--LL'.L-
1
pl'.LLl...1-1 ...l'.LLL.._J'.l1LL
1 1
lilJ

Tipo de Rolamento ~ 1--m -m Q ~


Cargo Axial (kg) 60 270

Figura 11.42: Efeito da pré-Carga axial no nível de ruído


488 Capítulo 11 RUÍDO DAS MÁQUINAS

11.10.3 Mancais Planos (de Escorregamento)


Mancais Planos Lubrificados Hidrodinamicamente
Estes mancais tem vantagens em comparação com os rolamentos,
devido a presença do filme de óleo que tende a eliminai· as irre-
gularidades das superficies, portanto não produzindo muito ruído.
A grande flutuação da carga causa vibrações (rattling) do eixo nos
mancais. Para pequenas oscilações do eixo a rigidez do filme de óleo
é inversamente proporcional ao quadrado da espessura do filme.

Mancais Auto-Lubrificantes
Estes mancais possuem lubrificante contido na estrutura porosa da
bucha. Quando o eixo está em rotação, o óleo passa para fora
das estruturas porosas. Na temperatura de operação normal, es-
tes mancais apresentam níveis de ruído baixos como acontece nos
mancais hidrodinâmicos. Mas em temperaturas baixas, onde a vis-
cosidade do óleo aumenta, não há lubrificante suficiente e, portanto,
o contato metal com metal gera níveis de ruído mais altos.

Rolamentos Especiais
São usados em maquinário de precisão. São muito silenciosos, sendo
lubrificados com graxa que eles mesmos circulam nas pistas (ver
figura 11.43). São, por exemplo, usados em motores pequenos de
computadores.

Semi-Esfera
Estocioncirio

e irculoçõo
de Graxo

Eixo

Figura 11.43: Rolamento com circulação de graxa pressurizada

Existem outros tipos de mancais, tais como:


SAMIR N. Y. GERGES

Eixo

Figura 11.44: Mancai hidrostático

1- Mancais Hidrostáticos • onde o óleo pressurizado lubrifica to-


dos os pontos de contato (ver figura 11,44)
2- Mancaii. de Lubrificação Seca· eles tendem a produzir impac-
tos e ruído quando sujeitos a flutuações de carga.
Todos os mancais são sujeitos a instabilidade. Eles tem veloci-
dades críticas associadas às ressonâncias dos rotores. Também os
modos de vibrações mecânicas radiais e circunferenciais podem ser
excitados.
Turbilhonamento (Whirl) do filme de óleo é causado por movi-
mento circunferencial do eixo dentro do mancai, e ocorre quando
a f1·eqüência deste movin1cnto é igual à metade da freqüência de
rotação, o que pode causar oscilações do eixo.

11.11 Referências Bibliográficas


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Paper ng 535, Proceedings of tbe Annual Conference of the
Instrument Society of America, 1969.
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[22} Waters, P.E., Commcrcial roa<l vchicle noise. J. Sound Vib.
Vol. 35, No.2, 1974, p.155-222.
Capítulo 12

Protetores Auditivos

12.1 Introdução
Quando as técnicas de controle de ruído não são disponíveis de
imediato, ou aM que ações sejam tomadas para redução do ruído
até o limite permitido, o protetor auditivo de uso individual se apre-
senta como um dos métodos mais comuns e práticos para reduzir
a dose do ruído. Este tipo de solução não deve ser considerado
como definitivo, devido às características intrínsecas dos proteto-
res, tais como: pouco conforto, dificuldade de comunicação verbal,
etc .... Neste capitulo serão discutidos, de modo informativo, os me-
canismos pelos quais os protetores auditivos atuam na atenuação
de ruído e os possíveis caminhos de vazamento. São apresentados
os tipos de protetores e as técnicas de ensaio de atenuação, bem
como os possíveis problemas que podem ser encontrados em sua
utilização.

12.2 Funcionamento do Protetor


Como os danos à audição ocorrem normalmente no ouvido interno,
o protetor auditivo é uma barreira acústica que deve proteger tal
parte do ouvido. O funcionamento de um protetor auditivo depende
de suas características e das características fisiológicas e anatômicas
do usuário. No caso de um indivíduo com protetor auditivo, a
energia sonora pode atingir o ouvido intet-no por quatro caminhos
diferentes (ver figura 12.1).

493
194 _ Capítulo 12 PROTETORES AUDITNOS

(1) Trusmissão via ossos e via tecido


Ê o caminho de vazamento mais crítico. Deve ser considerado
que o protetor auditivo reduz somente a energia acústica que
chega ao sistema de audição via ar, deixando •empre passar
uma parcela que é transmitida atravéa doa osSOB e dos tecidos.
\'.?) Vibrações do protetor
O contato entre a concha de um protetor e a cabeça é feita
através de material llexível (almofada). O protetor pode vi-
brar contra a almofada e o ar dentro da concha, formando um
sistema massa·mola. Também, devido à flexibilidade do canal
do ouvido, os tampões podem vibrar e limitar a sua atenuação
. Portanto, para ambos os protetores, nas baixas freqüências,
a atenuação é limitada a valores que ficam na faixa de 25 a 40
dB.
(3) Transmissão através do material do protetor
O coeficiente de transmisaão acústica dos materiais usados no,
protetores limita a atenuação deste caminho. As partes dos
protetores com materiais mais leves, como por exemplo as a).
mofadas, se apresenta como o caminho mais crítico quanto ao
vazamento de energia sonora.
( 4) Vazamento através do contato entre o protetor e a cabeça
O vazamento aéreo entre o protetor e a cabeça depende do
ajustamento da concha ao redor do orelha, ou no caso de
tampão, do ajustamento ao contorno do canal externo do ou·
vida. Segundo Berger, o vazam.eu.to aéreo pode reduzir o efeito
de atenuação do protetor de 5 a 15 dB.

Qualquer um desses quatro fatores pode limitar a atenuação de


~ u\do do protetor. Portanto, deve-se minimizar o vazamento sonoro
~través ou em torno do protetor (os vazamentos apresentadOII noe
•h:!!5 3 e 4 são difíceis de serem reselvidos na prática). Mesmo
r!UP. os vazamentos sejam eliminados, inevitavelmente algum ruído
l\f.ingirá o ouvido int.erno pelos caminhos mencionados em (1) e (2).
Portanto, a transmiHão de ruído através doa oBSos e tecidos define o
hu1ite máximo de atenuação fornecido por qualquer protetor. Este
!unite varia, dependendo do projeto e do usuário. A figura 12.2
1nustra níveis aproximados de atenuação máxima devido ao efeito
:fo transmissão (item 1) e vibração (item 2).
A sensibilidade do ouvido (sem protetor) à transmissão de rufdo
·; ?i.• úss~a é mais pobre do que a sua correspondente sensibilidade à
SAMIR N. Y. GERGES
-------------495

Trajetória do Ruido Atreves do Trajetória do Ruido Através da


Tampão Ate' o Ouvido Interno Concho Ale' o Ouvido Interno

Figura 12.1: Os quatro caminhos de vazamento de ruído


496 - - - - - - - - - - Capítulo 12 PROTETORES AUDITIVOS

transmissão por via aérea através do ouvido externo. Por exemplo,


a figura 12.2 mostra que na freqüência de 1 kHz a sensibilidade do
ouvido via óssea pode ser até 55 dB menor do que por via aérea;
isto é, um perfeito protetor oferece, no máximo, 55 dB de atenuação
na freqüência de 1 kHz. Portanto, o caminho de transmissão ósseo
é um fator significativo que determina a atenuação total recebida.

Transmissõo Através
dos Ossos e Tecidos

o Vibração dos
'º Protetores
~40 Tipo

~ 50
<!
Concho

63 125 250 500 lK 2K


Figura 12.2: Atenuação por transmissão e vibração

12.3 Tipos de Protetores Auditivos


Existem vários tipos de protetores auditivos. A figura 12.3 apre~
senta diversos modelos existentes no mercado. Na seleção de um
determinado tipo de protetor deve-se levar em conta o tipo de ambi-
ente ruidoso, assim como outros fatores, a saber: conforto, aceitação
do usuário, custo, durabilidade,. problemas de comwiicação, segu-
rança e higiene. Esses parâmetros serão discutidos no final deste
capítulo.

12.3.1 Tampão do Tipo Descartável


Protetores auditivos descartáveis são bastante utilizados devido
ao baixo custo dos materiais usados, tais como: algodão parafinado,
espuma plástica e tipos especiais de fibra de vidro. O protetor é
colocado no canal externo do ouvido, com certa fori;a, até tomar a
forma <lo canal.
SAMIR N. Y. GERGES
-----------197

Tampões
Protetores Tipo Concho
~ ~ ~

IJ
Pré - Moldado

c:J
Moldável

e:::, ci:::> ç;:::,


Descortrivel
1

~ Protetor
Copa:ete com ~ Capacetes com
1
1
Ac~lodo Protetor Embutido

º@
1
1

Mc:iocaro de S o l d a ~
com Protetor Acoplado

Figura. 12.3: Tipos de protetores auditivos


498 - - - - - - - - - Capítulo 12 PROTETORES AUDITIVOS

A atenuação desses protetores depende, tanto do material utili-


zado, bem como da acomodação ao canal do ouvido.
O tipo especial de fibra de vidro é o mais prático, mas para ser
eficaz deve ser colocado de acordo com as instruções do fabricante.
É confortável e possui atenuação comparável aos demais tipos.
O tipo espuma polimerizada, que quando colocado se expande,
é bastante eficaz e geralmente confortável. Entretanto, se tornam
caros se utilizados como descartáveis; por isso podem ser lavados e
reutilizados, conforme o caso.
Os tipos fabricados com algodão parafinado são considerados de
baixa qualidade, pois se contaminam rapidamente, apresentam po-
bre elasticidade e raramente se encaixam bem no canal auditivo.

12.3.2 Tampão do Tipo Pré-moldado


Os tampões de ouvido pré-moldados devem ser fabricados com
materiais elásticos para que rapidamente se adaptem às diversas
formas de canais de ouvidoj o material deve ser não-tóxico, de su-
perfície lisa e lavável com água e sabão. O material usado deve
garantir que a forma do protetor não se altere com o uso durante
longos perídos consecutivos, e que não seja afetado pela cera do
ouvido, pelo suor, por cosméticos, etc ..•
Existem vários modelos de tampões pré-moldados; o modelo
mostrado na figura 12.4 é ainda considerado um dos mais eficazes e
versáteis. A sua forma não simétrica e a existência de flange permi-
tem que o mesmo se adapte em um número grande de formas dite--
rentes de canais de ouvido. Este modelo é encontrado em até cinco
tamanhos diferentes mas, na prática, os tamanhos grande, médio e
pequeno atendem à 15% da população masculina. O tampão do tipo
pré-moldado apresenta algumas desvantagens. Para ser eficiente, o
tampão deve ser colocado firmemente, o que ]>ode torná-lo descon-
fortável. As irregularidades apresentadas no canal do ouvido em
um grande número de pessoas podem dificultar a fixaçãO adequada
dos tampões. Existem alguns problemas relacionados com a higi-
ene:, e ainda, na prática, os tampões podem perder a elasticidade
com as lavagens periódicaSi portanto têm vida limitada.

12.3.3 Tampão do Tipo Moldável


São geralmente fabricados com algum tipo de borracha de sili-
cone e sua forma final é moldada no próprio canal do ouvido. A
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 499

Figura 12.4: Protetor tipo pré-moldado

atenuação deste tipo de protetor depende bastante da experiência


do usuário. Estes tampões, quando bem colocados, têm atenuação
comparável à dos protetores tipo concha. Tal tipo de protetor é
especialmente recomendado em indústrias alimentícias e similal·.::;;:.
onde as condições desfavoráveis de calor e umidade inviabilizam ;:,
uso do protetor tipo concha.

12.3.4 Protetor do Tipo Concha


Este tipo de protetor é fabricado com material rígido, revesti.:L
com colchão circular de espuma, especialmente projetado para .:.:;
brir completamente a orelha.
A atenuação obtida com esse tipo de protetor está relaciona.J,;;.
em parte, à pressão que o protetor exerce sobre os dois lados de1
cabeça. Por outro lado, o conforto alcançado depende da distri·
buição dessa pressão. Uma grande vantagem deste tipo de prot(>
tor, comparado aos tampões, é a sua maior proteção, além de sc.'L
de adaptação fácil aos diversos tipos de ouvidos. São facilmente rc
movíveis, e higiênicos, sendo recomendados para uso em áreas nã,:
limpas e nos casos em que o usuário circule alternadamente por zu
nas ruidosas e zonas silenciosas nas quais os protetores podem :li..,,.
removidos.

12.3.5 Tipos Especiais de Protetores Auditivos


Existem tipos especiais de protetores, projetados para situa.tJk;;
específicas de trabalho onde deve-se ter melhores condições ua e,;
municação e nos casos de níveis altos de ruído de trânsito.
500 - - - - - - - - - Capítulo 12 PROTETORES AUDITIVOS

Esses protetores não lineares possuem sistemas de filtros


acústicos (orifício) ou filtro eletrônico, do tipo passa-baixo, que ga-
rantem baixa atenuação nas freqüências inferiores a 2 kHz apro-
ximadamente, permitindo assim que as freqüências da voz humana
passem. Esses protetores são eficazes para ruído de altas freqüências
(ver figura 12.5).
Existem tipos de protetores auditivos com circuitos eletrônicos
para emitir música ou mensagens de comunicação. Evidentemente
esses tipos especiais são bem mais caros que os convencionais (ver
figura 12.6).
A figura 12. 7 mostra um protetor com controle ativo de ruído. O
funcionamento do protetor é baseado na técnica de cancelamento,
isto é, geração de campo sonoro dentro da concha idêntico ao campo
original existente, mas com fase invertida (ver capítulo 9). Então,
a soma do campo original com o campo gerado é quase nulo. O
sistema é composto de um mini-microfone de 2 mm de diâmetro
aproximadamente, para captar o campo sonoro original na concha.
O sinal do microfone é então convertido em forma digital e am·
plificado para alimentação de um mini alto falante. O campo so·
nora gerado pode fornecer atenuação do ruído em certa banda de
freqüências deixando passar apenas a banda relativa à voz humana.
Níveis de pressão sonora na cabina de avião jato sem protetor, com
protetor típico e com protetor ativo são mostrados na figura 12.8.

12.4 Redução de Ruído


O objetivo principal dos protetores auditivos é reduzir a um nível
aceitável, os níveis excessivos de ruído, aos quais o usuário está
exposto. Os tampões, em geral, são menos eficazes que as conchas.
A eficiência de ambos pode ser comprometida se forem colocados
de maneira incorreta.
Para comparar a redução do ruído devida a tipos distintos de
protetores, os ensaios de atenuação de ruído devem ser feitos de
acordo com normas nacionais ou internacionais. Os fabricantes de..
vem relatar as Mcnicas de ensaio utilizadas e os laboratórios onde os
ensaios foram feitos. Protetores que não possuam dados confiáveis
de redução dos níveis de ruído medidos nwn laboratório credenci..
ado, não devem ser considerados.
As instruções de colocação dos protetores deverão ser fornecidas
pelo fabricante e seguidas pelo usuário. Tais instruções deverão ser
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ 501

Coberfo
Cavidode~xterior
Orificio
Cavidade
Coberta
Apêndice-

Figura 12.5: Protetores tipo filtro passa-baixo


· - - - - - - Capítulo 12 PROTETORES AUDITIVOS

Figura 12.6: Protetor auditivo com audiofone

.A+s:c::eo
C~ O dB

! /\ i/ Som lnvertilo
8 'rV'J \.jl Geração

A ~ ; Som C~cdo

i
1
V: 1

Figura 12.7: Protetor auditivo ativo


SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 503

120
Níveis no Cabina de Avião
a Jota (sem protetor)
110
ÍD
3
o 100
5
e:
o
(/)
90

·~
o

ct 80

"
-o
70
-~"
z
31,5 63 125 250 500 lk 2k 4k 8k
Freqüência (Hz)

Figura 12.8: Níveis de pressão sonora na cabina de avião jato sem protetor,
com protetor típico e com protetor ativo
504 - - - - - - - - - Capítulo 12 PROTETORES AUDITIVOS

baseadas nas condições de ensaio especificadas nas normas usadas.


Por exemplo, para pessoas que usam óculos com armação lateral,
a atenuação obtida durante o uso pode ser menor do que a espe·
cificada pelos ensaios. Neste caso deve-se buscar uma colocação
que permita a utilização eficaz de ambos os equipamentos. Além
dos níveis de atenuação, nas características dos protetores devem
também ser relatadas as variâncias dos re!iultados dos ensaios ( que
são devidas às diferenças anatômicas entre os indivíduos envolvi-
dos durante os testes) e as diferenças entre as diversas amostras
do tipo de protetor ensaiado. Os limites inferiores de atenuação
podem ser determinados, subtraindo um ou dois desvios padrão da
atenuação média do protetor considerado. Nestes casos, a confi-
abilidade"'8.tingida será respectivamente 84% e 98%, considerando
variação estatística Gaussiana. A figura 12.9 mostra as atenuações
e os desvios padrão de um protetor típico.

o
10

j20
o 30
'8.
! 40
<i 5
Freqüência (Hz)
6i(}f-~~-~-·~-~-~-~-,-
63 125 250 500 lK 2K 4K BK

Figura 12.9: Valores .típicos de atenuação média -1 e - 2 desvios padrão

A eficácia do protetor auditivo é ainda furn,;ão dos níveis de ruído


por banda de freqüência aos quais o usuário ficará exposto. A ate-
nuação esperada poderá ser determinada confrontando-se os dados
do protetor auditivo com os níveis de ruído por banda de freqüência,
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 505

acima referidos. O exemplo que será desenvolvido a seguir na tabela


12.1, ilustra a metodologia de cálculo a ser seguida na determinação
dos níveis de pressão sonora com o uso do protetor auditivo.
No exemplo que segue, considera-se as bandas de oitava, cujas
freqüências centrais, em Hz, são mostradas na tabela 12.1. Os níveis
de pressão sonora, em dB(A) (para cada uma das bandas de oitava),
a que está suhmetido o usuário sem o uso do protetor, estão mostra-
dos na tabela 12.1, linha 1. A Soma dt!Btes valores é 109 dB(A)
e corresponde ao nível total a que o indivíduo está submetido antes
de colocar o protetor.
Considera-se para as bandas de oitava adotadas, as atenuações.
médias, em dB, do protetor utilizado e os respectivos desvios padrão
(dados fornecidos por fabricantes) mostrados na tabela 12.1 (ver
linhas 2 e 3). Determinam-se os limites inferiores de atenuação do
protetor, subtraindo-se um ou dois desvios padrão da atenuação
média, conforme já descrito anteriormente, para confiabilidades de
84% e 98% respectivamente (ver linha 4 e 5 da tabela 12.1).
Subtraindo-se a linha (4) da linha (1) da tabela 12.1, em cada
banda de oitava, tem-se os níveis de pressão sonora a que o indivíduo
estará submetido com o uso do protetor, para cada banda de oitava
(ver linha 6). A soma destes valores é 84,1 dB(A) e corresponde
ao nível de pressão sonora total a que o indivíduo estará submetido
após a colocação do protetor. A diferença entre os níveis totais
obtidos antes e após a colocação do protetor é 109-84,1=24,9 dB e
corresponde, para aquela específica situação analisada, a atenuação
esperada do protetor utilizado, com confiança de 84%. Da mesma
forma, subtraindo (5) de (1) e seguindo-se o mesmo pr'ocedimento,
verifica-se que o nível total é de 90,3 dB(A) e a atenuação esperada
para o protetor é de 18,7 dB, com confiança de 98%.

12.5 Número Único para Atenuação do Pro-


tetor
A transformação dos dados da atenuação média e desvio em um
único número, possibilita unia maneira quantitativa simples, efici-
ente e rápida para compa1·ação e seleção dos protetores.
O método correto para determinar a proteção proporcionada ao
trabalhador exposto ao ruído quando estivei· usando o protetor,
é utilizar uma análise em bandas do ruído medido 110 ambiente ,
juntamente com os dados de atenuação e desvio padrão. Então,
506 - - - - - - - - - C a p í t u l o 12 PROTETORES AUDITIVOS

] Freqiiinciu 125 i 250 i 500 i lk i 2k i 4k ! Bk i


1-NPS 83,9 93,4 101,8 108,0 102,2 97,0 88,9
2-Atenuac;ão mtãdia 14 19 31 38 37 48 40
3-Desvio padrão (O') 5 8 8 7 7 7 8
4-Atenuac;ão - " 9 13 25 29 30 41 32
5-Atenuação - 2a 4 7 19 22 23 34 24
6-NPS com protetor 74,9 80,4 T&,8 77,0 72,2 58 58,9
84% confiança (1-4)
7-NPS com protetor 79,8 88,4 82,8 94,0 79,2 83,0 84,9
98% confiança (1-5)
I TodOI oa níveis são em dB(A)
Tabela 12.1: Cálculo do nível de pressão sonora com o uso do protetor

subtrai.. se do nível de pressão sonora para cada banda a atenuação


somada a dois desvios padrão para se ter 98 % de confiança doa
resultados. Este cálculo foi mostrado na tabela 12.1 e deve ser feito
para cada ambiente. O uso do número único, o Nível de Redução
de Ruído, NRR, ofen....:P u.,... v ,101 Je redução de ruido, que uma vez
dado pelo fabricante, é simplesmente subtraido dos níveis de pressão
sonora do ambiente em dB(C), fornecendo o nível de pressão que
atinge o usuário em dB(A);

dB(A) = dB(C) - NRR

onde:
dB(A) é o nível total que atinge o sistema auditivo do usuário
dB(C) é o nível total do ambiente
N RR é obtido de acordo com a tabela 12.2, que considera a
situação ideal de colocação e tempo de uso do protetor de 100% da
jc,rnada.

A maneira de calcular o N RR é apresentada na tabela 12.2. O


ponto chave a considerar é que o N RR é subtraido da medida doa
níveis em dB( C) sem protetor para fornecer o nível de exposição
em dB(A). A tabela mostra que o N RR é a diferença entre o dB(C)
total e o dB(A) total com correção de 3 dB para garantir que os
valores de atenuação usados estejam perto dos valores reais. O N RR
é idêntico ao Índice de Reduc,;ão de Ruído Rc conforme a publicação
de Lempert. A descrição completa do Re consta na publicação 76·
120 do NIOSH.
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 507

Freqüências 125 250 500 lk 2k 4k 8k


centrais (Hzl
(a) Níveis em banda
de oitava em dB(A) 83,9 91,4 96,8 100,0 101,2 101,0 98,9

.. ....
de um ruido roaa,
100 dB por banda
(b) At. média
(e) 2a*
(d) Nivela em dB(A)
com o uso do
protetor auditivo
d=a-b+c
(e) Nível global, com protetor, em dB{A) = soma dos níveis do (d)
(f) NRR - 107 19••• - (nfvel global calculado em e) - 3,o• .. • dB
• Média aritmética dos dados de 3150 Hz e 4000 Hz
•• Média aritmética dos dados de 6300 Hz e 8000 Hz
••• Nível global, em dB(C), do ruído rosa de 100 dB/banda
•••• Fator de segurança para evitar superestjmação da proteção .
• dois desvios padrão

Tabela 12.2: Formato de cálculo do N RR

Exemplo de c~culo do NRR


O método para o cálculo do Nível de Redm;ão de Ruído (N RR)
para qualificação de protetores auditivos através do número único,
é dado no seguinte exemplo mostrado na tabela 12.3.
Os dados necessários são a atenuação média e o desvio padrão

.
do protetor auditivo para as freqüências definidas de acordo com a
norma .

12.6 Ensaios de Atenuação de Ruído


A primeira norma sobre procedimentos de ensaio de atenuação de
ruído em laboratórios é da ANSI Z 24.22/1957. Esta norma foi re-
visada com posterior publicação da ANSI 53.19/1974 (e ASA STD
1/1975) que por sua vez foi revisada novamente com publicação
da ANSI S 12.6-1984 (similar as normas ASA 55-1984 e ISO 4869-
1990).

A norma ANSI Z 24,22 especifica uma câmara anecóica cow


508- _ _ _ _ _ Capítulo 12 PROTETORES AUDITIVOS

Freqüências 125 250 500 lk 2k 4k Sk


centra.is (Hz)
(a) Níveis em banda
de oitava em dB(A) 83,9 91,4 96,8 100,0 101,2 101,0 98,9
de um ruído rosa,
100 dB/banda
(b) At. média 13,0 13,0 18,0 27,0 30,0 41,5 38,5
(e) 2•* 4,8 3,6 6,0 6,8 6,0 9,0 14,6
(d) Níveis em dB(A)
com o uso do 75,7 82,0 84,8 79,8 77,2 68,5 75,0
protetor auditivo
d=a-b+c
(e) Nível global, com o protetor= 88,3 dB(A)
(f) NRR = 107,9 - (nível global calculado em e) - 3,0 dB
NRR = 107,9 - 88,3 - 3 = 16,6 dB
-
\ • dms desvios padrao

Tabela 12.3: Exemplo de cálculo do NRR

campo acústico direcional. O campo acústico gerado é de tons pu-


ros com alto-falantes posicionados diagonalmente à pessoa sentada.
A norma ANSI S 3.19-1974 especifica que a sala de teste teve ter
um tempo de reverberação 0,5 < T < 1,6 segundos e o ~ampo so-
noro no seu interior deve ser gerado por bandas de 1/3 de oitava.
Para a ANSI S 12.6-1984 (ou ISO 4869-1), o tempo de reverberação
da sala de teste deve ser T ~ 1,6 segundos. Todas as normas des-
crevem procedimentos de laboratório para medição da atenuação
de ruído fornecido pelo protetor auditivo. Essas não são normas
de qualificação ou aceitação do protetor. A mediç_ão de atenuação
é baseada na determinaç_ão do limiar de audição de um indivíduo
sem protetor e com protetor. A diferença entre as duas medidas
fornece a atenuação do protetor. No caso do método objetivo da
norma ANSI S 3.19-1974 (ou ISO 4869-3), usando cabeça artifi-
cial, a atenuaç_ão é dada pela diferença entre os níveis com e sem
protetor. ANSI 3.19 e ISO 4869-1 são normas simplificadas e são
geralmente usadas para controle de qualidade. Todas as normas são
válidas para ensaiar protetores lineares, isto é, a atenuação do pro-
tetor não depende dos níveis usados durante o ensaio. Protetores
com filtro (passa-banda), válvula, orifício, am.plificação eletrônica
ou com cancelamento ativo, são não-lineares.
A tabela 12.4 mostra a comparação entre as três normas para o
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 509

método subjetivo apresentada no E.A.R. log.

~ ANSI Z 24.22 ANSI S 3.19 ANSI S 12.d


~~sa=.m~~=J=i~;o~n~~~p~u~,o~.~~b~an~d~as~l~/3~=!c;b~an~d~as~~l/~3~=:d
Tipo de sala anecóica reverberante T<l,6(seg)
Número de um 3 mínimo não
alto-falantes especificado
Ruído de fundo
0,125/0,25/0,50/1,0 34/25/16/12 24/18/16/16 28/18/14/14
2,0/4,0/8,0/ kHz 10/8/22 14/9/30 8/9/20
N g de pessoas 10 10 10
RepeUção
Critério colocado pelo colocado pelo colocado pelo
de indivíduo indivíduo indivíduo
colocação ensaiado para ensaiado ou ensaiado e
rnelhor executor de verificado por
atenuação ensaio exec. de ensaio
Movimento de cabeça
após a colocação e sim não não
antes do teste
Seleção e seleção colocação não adequada
exclusão de aleatória deve ser relatada, mas
indivíduos não incluída na avaliação

Tabela 12.4: Comparação entre as normas ANSI (ver E.A.R log)

A norma ANSI S3.19-74, em seu contexto, possui a descri~ão


de um método objetivo usando uma cabeça artificial, eliminando a
necessidade do uso de pessoas para a realização dos ensaios e forne-
cendo melhor repetibilidade dos resultados. Os resultados são com-
parativos e são usados também para desenvolvimento do protetor e
controle de qualidade. No método subjetivo, as atenuações medidas
ficam mais p~rto dos valores reais do que no método objethro.
pois levam em consideração o caminho de transmissão via óssea.
Por outro lado, é um método demorado, caro e precisa de câmara
especial com T S: 1,6 seg. As normas ISO 4869-3 e BS 6344 usam.
o método objetivo e são similares à norma ANSI S3.19 (método
objetivo). A figura 12.10 mostra as dimensões padrão da cabei..;:a
artificial especificada na ANSI 3.19. O material da cabeça d~"""""l:.'
fornecer um isolamento acústico adequado. A cabeça exish""nh" 1u,
UFSC é feita de ferro fundido pesando 17,6 kg. A colocaçã\, \h, 1111-

-
crofone e pré-amplificador deve ser feita sob pressão para dimU.u,it'
510 - - - - - - - - - Capítulo 12 PROTETORES AUDITIVOS

o vazamento sonoro. O furo do microfone de pressão (de l/2"ou !"


) deve ser perpendicular à face de teste e sua membrana deve estar
no mesmo plano da cabeça. Um material macio simulando a pele
humana deve ser usado (por exemplo Sorbothane ).

rR
77,0mm ,
' \ 3,0 in i PÉLE
\ DEV MIN / ARTIFICIAL

í\ iL-,/ 1
;,-yJ\
1
J !
J
I
E 98,0mm T
~ 3,9i\n:,i:_
f
450 I 156,0mm
L _J31,!5mm
5,2in .
- j__ -
- 1
_____ -$-- _ -tlin

1
23,8m m
1 0,94in
78,0mm
,
\.!__
o.~-::t- 3,lin
/\.._ 1

c:==~~~~s-:.::J __ _j 5 \_centro de
1 2,0,n .
,_ Toferancias 2,0mm Microfone
- As linhas tracejados
sóo supefícies nõo
especificados
Figura 12.10: Cabeça artificial (norma ANSI S3.19)

A tabela 12.5 mostra a comparação entre as normas ANSI e ISO


para o método objetivo, mostrando os principais requisitos para
qualificação da cabeça e campo sonoro dentro da câmara reverbe·
rante (ver E.A.R. log).
A força de contato do arco dos protetores tipo concha é um fator
muito importante no projeto. Esta força pode ser medida com um
aparelho simples, especificado na norma ANSI S 13.9. A figura
12.11 mostra o aparelho da UFSC construído de alumínio. A força
estática de contato é proporcional ao peso em balanço e à razão das
distâncias, peso/pivô e centro da concha/pivô. A força de contato
não pode ser muito grande, para fornecer conforto adequado, e ao
mesmo tempo não pode ser pequena, para evitar vazamento de
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __

Especificação ANSI 83.19 ISO 4869-3


Nível de presão 85 dB 75 dB:63-2llO Hz
sonora mínima 90 dB:315-4KHz
NPS(dB) 85 dB:5-8KHz
Dureza da pele dureza shoore 00 dureza 30-85 IRHD
artificial 20 ± 5
Microfone de mic1•ofone de pressão microfone de preasãc
medições
Característica da campo sonoro com campo sonoro com
sala de teste incidência aleatória incidência aleatória
Isolamento 60 dB por cada banda 50 dB: 63-250 Hz
acústico 65 dB: 315·4K Hz
115 dB: 5 - 8 KHz
Microfone para microfone direcional microfone direcional
avaliação do ou microfone
campo acõstico onidirecional
Ruído de fundo NPS - RF?: 60 NPS - RF?: 10
RF NPS e RF
medidos com
protetor
Tipo do campo ruido de banda larga ruido N>ea filtrado
acústico filtrado em 1/3 de oitava 1tm 1/3 de oitava

Tabela 12.5: ANSI S3.19 e ISO 4869-3 para o método objetivo fver EAR lo
512 - - - - - - - - - Capítulo 12 PROTETORES AUDITIVOS

ruído entre a concha e os lados da cabeça. Um valor típico da força


é em torno de 15 Newtons.
14,35cm

Ponteiro

~
Pivot
------e~ ----
Figura 12.11: Aparelho da força de contato (ver norma ANSI S3.19)

A Associação Brasileira de Normas Técnicas - ADNT, através


da CENA Acústica, aprovou em 1987 a formação de um grupo de
trabalho GT06/03, sob a coordenação do autor, para elaboração de
texto da norma nacional de ensaio de atenuação . O grupo foi for-
mado por especialistas da UFSC, do Instituto Nacional de Metrolo-
gia, Normalização e Qualidade Industrial (NMETRO), do Instituto
de Pesquisa e Tecnologia de São Paulo {IPT}, da Fundacentro e do
Instituto de Elétrica e Eletrônica da USP; além da participação dos
fabricautes de protetores, da Associac;ão Nacional da Indústria de
Material de Segurança e Proteção no Trabalho (ANIMASEG) e de
alguns usuários de grandes entidades e empresas estatais e federais.
O grupo elaborou dois textos: um, baseado no método objetivo da
ANSI 53.19/74 e ISO/DIS 6290 para ensaios de protetores tipo con-
cha, usando cabec;a ~rtificial, e outro baseado na ANSI S 12.6/84.
Ensaios efetuados em dez protetores tipo concha, na UFSC, no IPT
e na FUNDACENTRO, mostraram variac;ão nos valores medidos,
causados, provavelmente, por diferenças entre as salas de teste usa-
das. Deve-se observar que a cabeça artificial e os protetores usados
foram os mesmos. Contudo, tais variações mostraram a mesma or-
SAMIR N. Y. GERGES - - - - - - - - - - - - - - - 5 1 3

dem de grandeza das obtidas em ensaios em vários laboratórios nos


EUA.
Resultados obtidos de ensaios em vários laboratórios nos EU A,
todos efetuados segundo a mesma norma, mostrara.JJ1 variações nas
atenuações obtidas. O Envirownental Protection Agency • EPA,
nos EUA, organizou ensaios de quatro tipos de protetores, que
representam uma gama grande de produtos no mercado, em oito
laboratórios diferentes. Os resultados obtidos mostraram grandes
variações dos valores médios, desvio padrão e Nível de Redução de
Ruído N RR, entre laboratórios.
A figura 12.12 mostra os valores N RR obtidos, com as variações
existentes entre os laboratórios, que são da ordem de até 20 dB.
As variações obtidas são, provavelmente, devidas à seleção e treina-
mento das pessoas testadas e às diferenças de colocação dos prote-
tores nas cabeças em cada laboratório. Portanto, é quase impossível
repetir exatamente um ensaio de um laboratório em outro.
Segundo Berger, variações menores do que 3 dB nos valores de
N RR não podem ser consideradas relevantes.

a:
a:
z
'--Plug de Espuma

O e--+-,,-_,--+-----1:=- ~= g~~cº;~
-·-Plug Pré-moldado (V-51R)
t ivo semi-Aural

4 5 6 7 8
NUmero do Laboratório de Teste

Figura 12.12: Comparação do N RR medido em oito laboratórios


514 - - - - - - - - - Capítulo 12 PROTETORES AUDITIVOS

12.7 Desempenho dos Protetores no


Ambiente Industrial
Nos últimos anos várias pesquisas foram realizadas sobre a ate..
nuação dos protetores em ambiente industrial (mundo real) relaci-
onando os valores reais com os obtidos em condições ideais de la-
boratório. Waugh R., do N ational Acoustical Labc,ratory ( N AL ), na
Austrália, executou medições com 75 protetores tipo concha e 19
tampões em 15 pessoas. Outros pesquisadores, por exemplo, Re-
gan, D.E., Padilla, M. e outros, realizaram estudos incluindo 613
pessoas, em 7 plantas industrais diferentes usando cinco tipos de
tampões e um protetor tipo concha. Embora os trabalhadores sou-
bessem que seriam objeto de teste, eles não tinham conhecimento
do momento exato em que seriam testados e foram cuidadosamente
supervisionados para que, quando conduzidos à cabine de teste,
ni.o reajustassem seus protetores. Os resultados obtidos são mos-
trados nas figuras 12.13 a 12.15 em forma de atenuação média e
desvio padrão. Padilha executou os ensaios apenas na banda de
500 Hz. Os resultados mostram que os valores de atenuação medi-
dos no campo são 40 a 60% mais baixos do que os fornecidos pelo
fabricante (medidos em laboratório). É importante notar que este
resultado indica que os dados típicos de laboratório superestimam
o desempenho dos protetores.
Uma outra pesquisa interessante foi realizada por Royster em
1979/1980, onde U!ll grupo de 101 trabalhadores foram testados
em dois ambientes diferentes. O grupo A de 70 trabalhadores foi
exposto a um nível equivalente contínuo de Leq = 95 dB(A) em
uma fábrica de tecidos. Outros 31 trabalhadores do grupo B foram
expostos a níveis de ruído intermitente em uma siderúrgica de aço
com o mesmo nível equivalente de 95 dB(A). O grupo A usava o
protetor tipo tampão V-51R ou tampão de espuma, enquanto o
grupo B usava tampão de três flanges ou de espuma durante as
primeiras quatro horas da jornada de trabalho. O grupo D não
usou nenhuma proteção auditiva no período da tarde, de acordo
com uma política interna da companhia.
Todas as pessoas que participaram do estudo já estavam usando
protetores de inserção há pelo menos quatro anos, como parte de
programas de conservação auditiva. Uma comparação da alteração
dos limiares de audição durante um período de oito horas entre os
grupos A e D são mostrados nas figuras 12.16 e 12.17, respectiva-
mente. Os dados do grupo B foram obtidos de um turno de quatro
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 515

o
·-
-
--- ..._ ...---_ ~ 1./
·- ,, .. ,,
30 ' ··i, .... i..
4'
50
125 250 500 lK 2K 4K BK
Freqüência em Hz N! DE
IM)IVIOUOS
- -- Dados dos Fabricantes 10
---- - NAL • National Acoustic Labotatory HI
-- Oad05 de Campo (NIOSH) 84
t Dados de Compo (Podillo) 183

o
10 i-_

20
30
r-
--- ,,-~- -
"':---

'-
4
' '

-125 250 500 IK 2K 4K B K


Freqüência em Hz N! DE
INDIVÍDUOS
- - - Dados dos Fabricantes 10
- - - - NAL -National Acoustk: Laboratary 15
- - Dados de Campo (NIOSH) 56

Figura 12.13: Atenuação média dos tampões V-51R e lã sueca


516 - - - - - - - - - Capítulo 12 PROTETORES AUDITIVOS

o ,,
10
,._ !"',
2,
' l'\_
30
~ --- - ~,
4"
--
~

125 250 500 1K 2K 4K BK


--,_ 1/

Freqüência em Hz N2 DE
INDIVÍDUOS
- - - Dados dos Fabricantes 10
----- NAL - National l\coustic Laboratory 15
- - Dados de Campo (Regan) 5

o
-
o - -r::: ~
o -- -- --~ v:".....
·-
,v

125 250 500 lK 2K 4K BK


Freqüência em Hz Ne DE
INDIVÍDUOS
- - - Dados dos Fabricantes 10
----- NAL -Nationa\ Acoustic Laboratory 15
- - - Dados de Campo (Regan) 15
O Lab. de Acústica da Div. EAR, Dados
de Campo, Estimativa 30
Os Dados Forram Corrigidos - Veja o
Texto

Figura 12.14: Atenuação média dos protetores tipo concha e tampão de es~
puma
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 517

ºn=:::i:::~=F=:-::.::~::r;n
.g 10,l-4::::.::l=x3=B$Jz!J
o"'gãi
·2 a::: s 20,1-+-+-·-t-+--.-++--+--I--<
~·8.
·~ ~ 101--l--+----+-=::i:::,;,i~::l,,,;J:l_J
""
~~ 20t::;t::::::;::t=:=:l;:;::::lt:::±:í:í::±íj
125 250 500 1K 2K 4K 8K
Freqüência em Hz
Dados dos Fabricantes
NAL - National Acoustic Laboratory
Dados de Campo (Regan)
Laboratório de Acústica da Divisão
EAR 1 Dados de Campo, Estimativa.

o
~ g ~ 2D-+-...C,---t--+-+-!-+-+-H
•e a:
~ 3<>-+---"----~-1-+-+-+--,
~.g
.Q
> e
~

Freqüência em Hz
Dados dos Fabricantes
NAL - Notionol Acoustic Loborotory
Dados de Campo ( NIOSH)
Dados de Campo (Podilha)

Figura 12.15: Desvio padrão dos quatro protetores das figuras 13 e 14


518 - - - - - - - - - Capítulo 12 PROTETORES AUDITIVOS

horas. Note as diferenças entre o desempenho do tampão de es-


puma e dos outros, que são significativas nas altas freqüências. O
fato do grupo B, que usou o tampão de espuma, apresentar melho-
res níveis de audição , pode ser parcialmente atribuído à eliminação
da alteração temporária do limiar de audição , Essa pequena perda
temporária de audição residual pode ser atribuída à proteção inade-
quada dos tampões de três Oanges, combinada com o fato de haver
quatro horas de exposição não protegida. Royster conclui que os
tampões V-51R e de três fl.anges não são aceitávei!f para uso em
ambientes com níveis equivalentes ~ 95 dB(A).

GRUPO A.
Testado 8 Mir>Jtos Depois
da Exposição
N =9 para cada Dispositivo.
·-Plug V-51 R
[J -Plug de Espuma
-r-T~
1 ~ -Grwo A
6
-+--!
. ·-
••• i
••

'-·
1
g
- 0,5
ri

2
• ...

Freqüência, kHz
3 4 5
1

Figura 12.16: Mudança do limiar de audição durante 8 horas (Grupo A)

12.8 Tampão e Concha usados Simultanea-


mente
Quando a atenuação de um simples protetor não é suficiente para
a redução dos níveis altos de ruído, o uso de dois protetores si-
multaneamente, tampão e concha, pode representar uma solução
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 519

GRUPO B:
Testado 12 Minutos Depois do
Exposição
N=l6 (3 Flonges)e N= 15 (Plug
de Espumo).
• - Plug com 3 F longes
D - Plug de Espumo
~ Grupo B
.2
E -5
:J ,g -~
.g
o<!~
~m=o . ...,
<> -~
1 .
<> o l LJ--LJ-- LJ- f-- J-
~"
, 3
:;e 0,5123456
Freqüência, kHz

Figura 12.17: Mudança do limiar de audição durante 4 horas (Grupo B)

fornecendo atenuação maior. A atenuação fornecida com o uso si-


multaneo de dois protetores não pode ser obtida a partir da soma
algébrica das atenuações de cada um, uma vez que ocorre interação
entre os dois tipos, através do acoplamento do ar no canal e acopla-
mento mecânico através do tecido do ouvido. A atenuação total será
maior do que a maior atenuação dos dois (por exemplo: uma pa-
rede dupla fornece, no máximo, 6 dB de perda de transmissão acima
da soma das perdas de cada uma). Não existe método teórico ou
empírico para predição da atenuação fornecida por dois protetores
usados simultaneamente. Resultados obtidos em laboratório para
cinco tampões e quatro protetores tipo concha, usados separada-
mente e após em combinação , são mostrados nas figuras 12.18 e
12.19.
Os cinco tampões são do tipo fibra, pré-moldados e de espuma,
com três diferentes inserções no canal do ouvido: parcial, isto é,
quase 20% do tampão fica dentro do canal; com inserção padrão,
isto é, quase 55% do tampão dentro do canalj e inserção no fundo
do canal. Os quatro tipos de conchas são:
(1) com volume da concha< 120 cm 3 , com almofada de espuma;
520 _ _ _ _ _ _ _ _ _ Capítulo 12 PROTETORES AUDITIVOS

(2) com volume de concha < 120 cm3 com almofada de líquido;
(3.) com volume de concha 335 cm3 com almofada de espwna;
(4) concha para pesquisa (feita de chumbo) com 3 kg de peso.

Os resultados do ensaio da combinação do primeiro protetor tipo


concha com o tampão com inserção parcial, são mostrados na 6.gura
12.19, junto com outra combinação do segundo protetor tipo concha
com os cinco tipos de tampões.
Os resultados obtidos mostram que o ganho na atenuação é de 20
dB acima da atenuação individual. Nas bandas de freqüência iguais
ou acima de 2 kHz, a condução óssea controla a atenuação total.
Portanto, para níveis superiores a 105 dB(A), é recomendado o uso
de dois protetores adequados. Nestes casos, testes audiométricos
devem ser feitos periodicamente nos usuários. Para níveis muito
altos, acima de 120 dB(A), e por longos períodos de exposição, os
protetores auditivos, em geral, fornecem proteção adequada apenas
a uma pequena porcentagem dos usuários.
O uso constante do protetor auditivo durante a jornada de tra-
balho é muito importante. A perda de audição é diretamente re-
lacionada ao nível equivalente Le, dB(A). Para um aumento de 3
dB no nível equivalente de exposição o trabalhador deve reduzir o
tempo de exposição à metade. A figura 12.20 mostra a atenuação
real fornecida por protetores em função da porcentagem do tempo
de uso. Por exemplo, um trabalhador com protetor que fornece
20 dB(A) de atenuação, quando usado constantemente, apresen-
tará atenuação de apenas 3 dB (A) quando o protetor for usado em
somente 50% do tempo. Este fato pode ser mostrado através do se-
guinte exemplo: um trabalhador é exposto a um nível de 100 dB(A)
nwna banda de freqüência. Se ele usa um protetor com atenuação
de 20 dB(A) o tempo todo, ele será submetido a um nível equiva-
lente de 80 dB(A). Entretanto, se ele usa o protetor apenas 50% do
tempo, o nível equivalente será dado por:

= 10 log [10• +2 10
10]
L,, = 97 dB(A)

ou, o protetor fornece, neste caso, uma atenuação de apenas

100 - 97 = 3 dB(A).
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 521

0,125 0,5 2,0 4,0 ap


Freqüêrcio (kHz) NRR
-- Concho 1 21
··········• Concho 2 21
----- Concho 3 25
-·-·- Concho 4 32
o
q--+-+--'--+Jt"'~::,l.,l.-10
>r--t:::±--+--==i---+-++-H~20 o

1
o
-~
~

o,5 2,0 4P e,o


Freqüência ( kHz) NRR
........... Pre'-moldado 14
----- Porciol,Espumo 17
-·-·-· Podrõo 1Espumo 25
- - - Fundo ,Espuma 31
-Fibra 8
Figura 12.18: Atenuação e desvio padrão para tampões e conchas
522
o .
Capítulo 12 PROTETORES AUDITIVOS

l!.TD. ÍÉV 10
o
h.
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r- i::-
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"-.
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V" .. .2
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~
6C
0,12!5 0.5 2,0 4P BP
Freqi.ilncio (kHz)
tfflH
- - PluQ de Espumo 17
.........• Concho 1 21
----- PluQ de Espumo + C<n:ho 1 29
- - Condicõo Aosseo 35
o o
,- -r""""'l'· :.,··
»<viol't õo
10 m
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(l.

::,
i .. l',í\ .,1, ·so
êi v, \
·,/' ~
0,125 ~ 2p 4P BP
Freqülncio (kHz)
-Concho 2 !!!B
21
- - PtuQ de Flbro + Concha 2
·········· • PIUQ Pre'-fflOkildo + Concho 2
25
----- PIUQ de Elluno , Pllrclal + Qincho 2
29
30
- · -·- f'lu9 de Esp.,mo , PlldrOo + Concho 2 32
···- f'lu9 de EsPUmo ,oo Fundo+Concho2 35
Figura 12.19: Atenuação e desvio padrão da combinação de dois protetores
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 523

30
25

520
~ 15
•[ TO 10 dB {A) dtl F'lollç6o
ê 5 <ll {A) dl F'rof9çÕC>
<l"' 5

50 75 90 95 97,5 99,9
PorcontoQOm do Tempo de Uso

Figura 12.20: Atenuação em'função da porcentagem do tempo de uso

12.9 Problemas de Utilização dos Protetores


Auditivos
Na maioria das situações industriais, conforto e durabilidade são
fatores mais importantes do que um ganho de poucos decibeis a
mais de atenuação, considerando-se que a atenuação alcançada já
é razoável. Os projetos e instruções de uso de protetores devem
considerar os seguintes fatores:

12.9.1 Higiene
A maioria dos problemas de higiene está associada com o uso
dos tampões que podem provocar infecções ou doenças no ouvido.
Tampões devem ser sempre guardados limpos e devem ser colocados
com as mãos limpas, livre de produtos quimices, óleo, graxa, etc,
Os tampões do tipo pré-moldado, incluindo seu estojo de transporte
e guarda, devem ser esterilizados no mínimo uma vez por semana,
Esta esterilização é feita fervendo por quinze minutos em água,
estojo e tampões.
Em certos ambientes de trabalho, os protetores do tipo concha
podelJl causar uma certa transpiração que pode ser reduzida usando
524 - - - - - - - - - Capítulo 12 PROTETORES AUDITIVOS

materiais do tipo gase cirúrgica ou similares, entre as conchas e os


lados da cabeça. As conchas raramente causam infecções no ouvido
e são uma boa alternativa quando isto ocorre com os tampões.

12.9.2 Desconforto
O desconforto surge como decorrência da firmeza com que os
protetores devem ser colocados; afinal o protetor é, na realidade,
um elemento estranho ao corpo, mas com o tempo as pessoas
acostumam-se a usá-los. Os tampões de espwna expandida são me-
nos desconfortáveis. Os protetores tipo concha e os tampões mol-
dados são razoavelmente confortáveis, embora as alças de fixação
causem um certo desconforto.

12.9.3 Efeitos na comunicação verbal


Em ambientes com níveis de ruído em torno de 95 dB{A), em fai-
xas de freqüências distintas da faixa da fala humana, as atenuações
dos protetores não devem interferir e, na realidade, podem até me-
lhorar a intelegibilidade de comunicação, quando a voz for mantida
razoavelmente alta.
A implantação do uso regular de protetores deve ser precedida
por um treinamento dos usuários quanto às dificuldades originadas
do seu uso. Na prática, o usuário se adapta à nova situação e usa os
movimentos dos lábios, das mãos e/ou do rosto como complementos
da comunicação.

12.9.4 Efeito na localização direcional


É evidente que pessoas que estejam utilizando o protetor tipo
concha percam, um pouco, o senso de localização das fontes de
ruído. No caso dos tampões de ouvido, por não cobrirem todo o
ouvido externo, o efeito é menor, sendo que o senso de localização
ocorre no cerébro por processo de correlação cruzada. Se o senso
de localização for importante para a segurarn;a, o uso de tampões
deverá ser preferido ao das conchas.

12.9.5 Sinais de alarme


Nas áreas onde os trabalhadores utilizam protetores auditivos é
necessário que os sinais de alarme sejam modificados de maneira
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 5 2 5

a permitir que as pessoas aejam adequadamente alertadas nos ca-


sos de risco. Sinalização luminosa e colorida pode ser usada junto
com sinalização auditiva, especialmente para trabalhadores com alta
perda de audição.

12.9.6 Segurança
Todos protetores auditivos devem ser projetados de modo a mi-
nimizar os possíveis riscos de lesões a seus usuários. Portanto não
devem possuir c,;,mponentes ponteagudos ou serem fabricados com
material granulado que pode se despreender e contaminar o ou-
vido. Quando protetores tipo concha e capacetes forem utilizados
conjuntamente, ambos devem ser constrWdos de modo que cada um
atenda a seus objetivos sem que haja interferência de um sobre o
outro.
Uma das vantagens dos protetores tipo concha, em relação aos
tampões, é a facilidade na fiscalização de seu uso, pois, as conchas
coloridas são facilmente visua]izadas a longa distância.

12.10 Custos
No custo da implantação de protetores auditivos, como solução
para conservação de audição, devem ser incluidos os seguintes
parâmetros:
1- Custo dos protetores
2- Custo de manutenção ou reposição dos protetores
3- Custos administrativos (pedidos de compra, exames au-
diométricos, etc)
4- Custo de conscientização e educação (filmes, palestras, trei-
namentos, etc)
Quando um levantamento destes custos é feito para um deter-
minado período (por exen1plo, dois anos), o montante deverá ser
comparado com o investimento para a implantação de outros tipos
de soluções para a redução do ruído.

12.11 Considerações Finais


O controle individual da exposição ao ruído pelo uso de proteto-
res implica numa série de vantagens e de desvantagens, conforme
526 - - - - - - - - Capítulo 12 PROTETORES AUDITIVOS

o caso. QuaDdo se pllllleja um prog1·~~ de implaDtação de pro-


tetores individuais, o usuário deve aparecer em primeiro lugar. É
claro que não adianta impllllltar um programa de utilização de pro-
tetores quando 01 trabalhadores dão preferência aos rendimentoa
extras por insalubridade. Uma campanha de conscientização deve
ser feita em todos 01 níveis hierá.rquicos da empresa, através de
palestras, filmes, estudo de casos, demonstrações práticas, exibição
de dadoa de exames audiométricos, etc, antes da execução de qual-
quer programa de uso de protetores. A escolha do melhor protetor
no mercado deve ser baseada na aceitação dos usuários em usá-los
100% do tempo da jornada de trabalho, isto é, cada usuário escolhe
seu protetor preferido entre os tipos recomendados.

12.12 Referências Bibliográficas


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Mestrado, UFSC, Dept. de Engenharia Mecânica, Abril 1990.
[30] UFSC · Lab. de Vibração e Acústica, Dept. de Engenharia
Mecânica, Textos das normas elaborados por grupo de traba-
lho GTOG/03 da ABNT sobre ensaios de atenuação de ruido
dos protetores auditivos, coordenador: Prof. Sarnir N, Y. Ger-
ges, 1990.
[31] Waugh, R., Calculated in ear A-weighted sound leveis resulting
from two methods of hearing protector selection. Annals of
Occupational Hygiene. Vol. 19, pp.193-202, 1976.
Capítulo 13

Engenharia de Controle de
Ruído

13.1 Introdução
O técnico responsável pelo projeto de controle de ruído necessita
sólidos conhecimentos em acústica aplicada (ver capítulos 1 e 4 a 9),
sobre fontes de ruído em máquinas e equipamentos (ver capítulo 11)
e sobre Controle e Isolamento de Vibrações e Choques (ver capítulo
10). Além disso, ele deve ter bom conhecimento em instrumentação
para medição e análise de ruído e vibração (ver capítulo 3). De
preferência o mesmo técnico responsável pelo controle de ruído, que
orienta o pessoal de medição, faz também a análise e processamento
dos dados medidos. O grupo responsável pelo controle de ruído deve
receber todo apoio e cooperação dos outros setores de manutenção,
operação, engenharia de projeto e pessoal de administração.
Oslfundamentos de acústica aplicada e controle de ruído estão já
bem desenvolvidos e os princípios das soluções dos casos típicos são
conhecidos. Entretanto, soluções de cada caso específico necessitam
não só conhecimento na área de controle de ruído mas também in-
formações completas sobre funcionamento, operação e manutenção
das máquinas e processos industriais.
Um programa de conservação da audição e/ou controle de ruído,
pode ser elaborado conforme os passos mostrados no capítulo 2. A
identificação e a quantificação das fontes de ruído em uma certa
área, podem ser feitas a partir do mapa dos níveis de ruído da
área, medidos em dB(A), e da medição dos espectros dos níveis

529
530 - - - - Capítulo 13 ENGENHARIA DE CONTROLE DE RUÍDO

de potência e pressão sonora das fontes em dB. O conhecimento da


potência sonora das máquinas é essencial para cálculos do projeto de
controle. Espectros de potência sonora podem ser obtidos dos fabri-
cantes das máquinas, ou podem ser medidos em laboratório u~ando
câmara anecóica ou reverberante, ou ainda medidos em campo, por
técnica de comparação ou com medidor de intensidade acústica,
usando dois microfones próximos ( ver capítulo 3 e 7).
A técnica de iuediç:ão de intensidade sonora pode fornecer as
parcelas de fluxo de energia sonora geradas por cada fonte den-
tro de uma máquina ou processo complexo. No caso de estudo de
um campo acústico, o vetor intensidade fornece a distribuição de
energia sonora dentro do ambiente. Através do desacionamento de
algumas das fontes dentro de um sistema complexo, é possível quan-
tificar a contribuição de cada fonte de ruído. Também, é possível
correlacionar os vários picos dos espectros de ruído com as carac-
terísticas de cada fonte e então identificar as fontes responsáveis
pela maior parcela de ruído (por exemploj pico na freqiiência d~
rotação ou engrenamento, ver capítulo 11). A figura 13.1 mostra as
parcelas de potência sonora geradas pelas diferentes fontes em uma
moto-serra, medidas através do medidor de intensidade sonora.
Na solução do problema de ruído deve-se considerar todas as
soluções viáveis e analisar para cada solução o custo /benefício. O
custo de redução de ruído envolve o custo de um projeto, fabricação,
montagem e manutenção ao longo do tempo. Este custo pode ser
quantificado a partir da atenuação desejada dos níveis de ruído. O
benefício da redução de ruído é eliminar reclamações, pagi;..mento
de insalubridade, aposentadorias por surdez profissional, custo de
assistência médica1 ausência no serviço, .... etc. Esses benefícios po-
dem ser avaliados e quantificados. A figura 13.2 mostra as curvas
qualitativas de custo e benefício. O ponto de equilíbrio significa
um balanço entre custo de redução de ruído e benefícios financeiros
através da eliminação das possíveis ilegalidades. Os benefí~ios soci-
ais de se ter ambiente industrial com níveis de ruído aceitáveis ( que
significa conservar o sistema auditivo e a saúde dos trabalhadores
para que eles possam assumir suas responsabilidades familiares e
contribuir para a sociedade) é muito difícil de quantificar. Isto é,
a saúde dos trabalhadores não pode ser vendida por pa·
gamento extra (insalubridade), por aposentadorias an-
tecipadas, por surdez ou por qualquer outra razão do
gênero. Portanto1 deve-se sempre procurar uma solução de en-
genharia para o problema de ruído na fonte, na trajetória ou no
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 5 3 1

receptor (ver figura 13.3), apesar dessas soluções poderem ser mais
caras do que as despesas de pagamentos extras, custo de protetores
e sua implantação ... etc.

NWS d3
110

95
~
o
li
90 ,,o o ,,e
õ ·f ~
E ~..J j -~ ~
~ ~ UJ u
o
a,
85
© © @ @ @ @ © @ (!)

Figura 13.1: Contribuição de cada fonte de ruído em uma moto--serra

A solução do problema de alto nível de rufdo pode estar na fonte,


trajetória e/ou receptor.
Soluções no receptor podem ser conseguidas com:

(1) Uso de cabine de proteção.

(2) Uso de protetoresi auditivos até que ações sejam tomadas para
redução do ruído (o uso de protetores auditivoa não deve ser
considerado como solução permanente do problema).
Capítulo 13 ENGENHARIA DE CONTROLE DE RUÍDO
532----

o

lJ..
w
z
w
co
5
~
rJJ
:::,
ü
w
o
o
....
z
w

:::,
<[
Equí\Íbrio
w
o
t '---------------~
ATENUAÇÃO (dB)

Figura 13.2: Custo x beneficio

Figura 13.3: Fonte, trajetória e receptor


SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 533

(3) Uso de indivíduos surdos nas áreas com alto nível de ruído.

( 4) Redução da jornada de trabalho nos ambientes ruidosos, com


deslocamento do pessoal para outros ambientes com serviços
mais silenciosos, diminuindo assim a dose de ruído de cada
trabalhador.

Soluções na trajetória podem ser conseguidas com:


(1) enclausuramento (ver seção 2 neste capítulo).
(2) barreiras acústicas (ver capítulo 6).
(3) absorção e/ou isolamento acústico (ver capítulos 5 e 8).
(4) silenciadores (ver capítulos 8 e 9).
(5) isolamento de vibração e choque (ver capítulo 10).
Soluções na fonte podem envolver:

(1) Especificação dos níveis máximos permitidos para equipamen-


tos e processos industriais ainda na fase de compra.

(2) Predição dos níveis de potência sonora para as fontes a .serem


instaladas em plantas novas e na expansão das plantas antigas,

(3) Substituição das máquinas, equipamentos e processos indus,.


triais usando sistemas mais silenciosos.

(4) Modificações na fonte, que envolvem: redução das forças


dinâmicas e velocidade, balanceamento dinâmico, isolamento
e controle de vib1·ação, uso de amortecimento, modificação
da distribuição das massas e rigidez para evitar ressonância,
redução da velocidade de fluidos e turbulência e redução de
áreas de superfícies vibrantes.

Algumas das recomendações acima citadas foram elaboradas nos


cap(tulos anteriores; outras serão discutidas neste capítulo, tais
como: encJausuramento completo e parcial e três casos de estudo,
envolvendo ruído em computadores e imp1·esso1•as, l'uido de jatos
industriais e redução de ruído de motores elétricos (na fonte).

13.2 Controle de Ruído por Enclausuramento


O controle de 1·uído po1• enclausuramento é uma solução do pro-
blema na ti·ajetól'ia de propagação do ruído, sendo u,na solução
prática e viável pai•a redução <le ruído de uma máquina que já está
534 _ _ _ _ Capítulo 13 ENGENHARIA DE CONTROLE DE RUÍDO

instalada e em funcionamento. O mecanismo de redução de ruído,


neste ca5,o, se baseia em manter a energia sonora por reflexão den-
tro do enclausuramento, e também, dissipar parte desta energia
através do revestimento interno do enclausuramento com materiais
de absorção sonora.
A eficiência e o comportamento de um enclausuramento depen-
dem de três fatores principais:
(1) O volume e o número de aberturas necessárias como: entrada
de ar do sistema de refrigeração, janelas de inspeção, etc ... ,
ou qualquer outra trajetória de baixa perda de transmissão na
estrutura e/ou paredes do enclausuramento.

(2) Perda de transmissão das paredes do enclausuramento; pare-


des simplP.s, duplas, compostas, etc.

(3) Energia de ruído absorvida dentro do enclausuramento pelos


materiais de revestimento.

Enclausuramentos são ambientes fechados, por exemplo, feitos


de alvenaria, madeira ou metal (aço), que encob1·em completamente
as fontes de ruído (ver figura 13.4). Considerando que a menor
distância entre as superÍlcies intei·nas do enclausuramcnto e a fonte
é l, então tem-se enclausuramento amplo quando l ?: À e o campo
acústico pode ser considerado difuso. Já no caso de enclausura-
mento compacto, quando l ::; ,\, tem-se campo acústico reativo, sem
propagação de ondas, apenas com vibração do ar. Neste caso as
paredes do enclausuramento devem possuir alta rigidez mecânica.
A seguir são apresentados os princípios empregados no projeto de
um enclausuramento amplo.

13.2.1 Enclausuramentos Amplo


O enclausuramento é considerado amplo quando a menor distância
entre as superfícies da máquina e as paredes do enclausuramento
for maior que um comprimento de onda (R > ..\.), na freqüência mais
baixa do espectro do ruído da fonte. Neste caso, as relações ma-
temáticas que controlam o comportamento acústico do enclausura-
mento são baseadas na teoria do campo difuso, isto é, a distribuição
da energia sonora denh·o do enclausuramento é uniforme. A pre-
sença do campo difuso é válida quando a banda do espectro de ruído
é larga e/ou o volume do enclausuramento é grande em relação ao
comprimento da onda acústica.
SAMIR N. Y GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 535

1 -Silenciador do Ventilador
2-Compressor de Ar
3-E ncrousuramentos

Figura 13.4: Exemplo de enclausuramento e cabine

Comportamento do Enclausuramento Amplo

O nível de pressão sonora do campo reverberante dentro do en-


clausuramento N PSrev (ver capítulo 7) é dado por:

4
NPSrev ;;;; NWS + IOlog R, (13.1)

onde:
NWS é o nível de potência sonora da fonte em dB (ref. 10- 12
Watts);
R é a constante do enclausuramento, dada por:

(13.2)

Se é a área interna total do euclausuramento (m 2 )


Õ°e é o coeficiente de absorção médio das paredes internas do
enclausuramento, onde

(13.3)

a 1 e Si são: o coeficiente de absorção e a área de cada eJemento


das paredes.
V é o volume do enclausuramento (m 3 )
536 - - - - Capítulo 13 ENGENHARIA DE CONTROLE DE RUÍDO

T é o tempo de reverberação ( seg)

Uma forma alternativa da equação 13.1 é dada por:

NPS"' = NWS + lOlogT- 10/ogV + 14 (13.4)


Considerando que a densidade de energia sonora é igualmente
distribuída dentro do volume interno do enclausuramento, isto é,
existe campo sonoro difuso, a intensidade sonora incidente li nas
paredes internas do enclausura.mento (ver figura 13.5) é dada por:

J. _ < "p2 >r~v


(13.5)
1 - 4pc
onde:
< P2 >rcL' é a pressão sonora média quadrática temporal e espa-
cial (tempo___:__ espaço) do ca~1po"'~~verbcrante <lentro do enclausu-
ramento; < P2 >rev= (2x10- 5 r 1 0 ~
p é a densidade do meio
e é a velocidade do som

Em função do local de instalação do enclausuramento, serão con-


siderados aqui dois casos:
CASO 1: Enclausuramento em campo livre
Para um campo sonoro livre fora do enclausuramento (ver figura
13.5), a intensidade acústica externa é dada por:

I ezl -_ < "p2 >ert


(13.6)
pc
onde:
< F2 > ert é a pressão sonora fora do enclausm·amento
Portanto, o coeficiente de transmissão a 1 é dado por:

fezl 4 < pí >ezt


(13.7)
01 == T ::: < p2 >reu

E a perda de transmissão é dada por:

PT !0/og_!_ = 10/og <P'>.., -10/og <P'>,,. -10/og4


"''
NPS~:i:I NPS..,-PT -6 (13.8)
SAMI!i N. Y. GERGES - - - - - - - - - - - - - - - 5 3 7

Portanto, o nível de pressão sonora nas paredes externas, N PSer,,


é dado por (equação 13.1 e 13.8):
4
N PS.,, = NWS + 10/og R - PT - 6 (13.9)
Deste modo pode-se considerar o enclausuramento e fonte no seu
interior, como uma nova fonte de nível de potência sonora NW Sr
dada por:

(13.10)
onde:
A é a área externa do enclausuramento, que é igual aproxima-
damente à área interna, Se.
Portanto, pode-se calcular o nível de pressão sonora a qualquer
distância f. das paredes do enclausm·amento. Assim,

NPS, = NWS0 - 10/og2rré 2 (13.11)

l ext

Figura 13.5: Enclausuramento em campo livre

CASO II: Enclausm·amento dentro de uma Fábrica


Para um enclausm·amento dentro de uma fábrica (ver figura
13.6) que tem uma área inten1a total 51, com coeficiente de ab-
sorção médio das paredes a 1 . o nível de pressão sonora do campo
reverberante interno, antes da construção do enclausuramento, é
dado por:

NPS0 (13.12)
538 - - - - Capitulo 13 ENGENHARIA DE CONTROLE DE RUÍDO

onde:

Suponha-se que um enclausuramento seja construído com área


interna Se e coeficiente médio de absorc;ão Oe (ver equac;ão 13.2).
Então, a pressã9 sonora do campo difuso dentro do enclausuramento
é dada por:
4
NPS,., = NWS + 10/ogR (13.13)

Conforme a relação apresentada no capítulo 4, equação 4, a perda


de transmissão do enclausuramento é dada por:
S,
PT= NPS.,, - NPS,., + 10/ogllJ (13.14)

Substituindo a equação 13.13 na equação 13.14, o nível de pressão


sonora fora do enclausuramento é dado por:

NPS,.,=NWS+lO/og!+10logRS, -PT (13.15)


R I
E a düerença entre os níveis de pressão sonora antes e após a co-
locação do enclausura.mente é dada pela diferença entre as equações
13.12 e 13.15:

NPS, - NPS,rr =PT-10/ogS, + lOlogR {13.16)


A equação 13.16 mostra que para se conseguir redução adequada
dos níves de pressão sonora, deve-se escolher paredes com alta perda
de transmissão. Geralmente a perda de transmissão deve se1· menor
do que 20 dB para se evitar o efeito de grande vazamento ( ver
capítulo 5 ). Além disso, deve-se escolher também a menor área Se
e maior absorção interna, apesar de ser a perda de transmissão a
contribuição mais efetiva na redução de ruído.
Apesar do campo difuso só existir nas altas freqüênciais e em
espaços grandes, onde as equações apresentadas são válidas (na
prática nem sempre existe campo difuso) 1 os níveis calculados com
o modelo simples apresentado (ver equações 13.9, 13.11 e 13.16)
podem fornecer variações de até ~4dB em relação aos níveis reais.
As equações 13.9 e 13.11 são usadas para os cálculos do projeto
de enclausura.menta ao ar livre, e a equação 13.16 é usada para o
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 539

cálculo do projeto de enclausuramentos dentro de fábricas. Nestas


equac:;ões o cálculo é feito para cada banda de freqüência de 1/1 ou
1/3 de oitava. Os níveis de potência sonora devem ser conhecidos e
os níveis de pressão sonora externos N PSt:rl são os níveis requeridos
dependendo de cada caso.

Figura 13.6: Endausuramento dentro de uma fábrica

13.2.2 Enclausuramento Compacto


Quando o espaço entre a fonte e as paredes do endausuramento
for menor do que um comprimento da onda (f < .l4), existe acopla-
mento forte entre as superficies da máquina e as paredes adjacentes
do enclausuramento. Portanto, a rigidez das paredes se torna um
parâmetro importante. Uma rigidez alta é necessária para minimi-
zar o movimento produzido pelas forças transmitidas no espaço de
ar. Uma predição exata da perda de transmissão para o enclau-
suramento compacto é muito complexa. Existem vários trabalhos
publicados considerando a máquina como um corpo de forma regu-
lar e o campo sonoro de ondas estacionárias, usando por exemplo
o modelo de Beranek que é apresentado a seguir. Neste modelo
as dimensões do endausuramento compacto permitem. as vezes,
ocorrência de ressonâncias acústicas no seu espaço de ar interior
e/ou ressonâncias mecânicas das paredes. O modelo simplificado
da figura 13. 7 mostra a fonte pulsante com amplitute de velocidade
de superfdície V0 excitando o endausuramento e vibrando suas su-
perfícies com aropJitute de velocidade Vi, Então. a atenuação do
540 _ _ _ _ Capítulo 13 ENGENHARIA DE CONTROLE DE RUÍDO

nível de pressão sonora tl.N PS é dada por Jackson através do mo·


dela simples que segue:

(13.17)

A atenuação 6.N PS depende da resposta dinâmica das paredes


do enclausuramento e das freqüências de ressonância. A figura 13.8
mostra valores típicos da equação 13.17 com valores baixos de C!J..N PS
nas ressonâncias ou até mesmo chegando a amplificações. Maior ate~
nuação pode ser obtida aumentando a rigidez ( curva C). A primeira
ressonância determina a freqüência máxima de operação. Para uma
placa retangular com dimensões a e b , espessura l e velocidade de
ondas longitudinais c1, a primeira freqüência de ressonância é dada
por:

1 1
/i,1 = O, 48c,t(;;, + b') (13.18)

Outro parâmetro importante que deve ser considerado são as


ressonâncias acústicas do espaço de ar cnti-e as superfícies da fonte
e as paredes do enclausuramento. Ressonâncias acústicas corres-
pondem a distâncias de meio comprimento de onda, ou múltiplo
destas, isto é, f = c/21. O efeito de ressonâncias acústicas pode ser
minimizado revestindo-se as paredes internas do enclausuramento
com materiais de absorção sonora.
Ensaios experimentais e estudos anteriores, em um grande
número de casos, mostram que existe uma diferença de 10 dB apro-
ximadamente entre a perda de transmissão calculada para um en-
clausuramento amplo e para um compacto, isto é, a PT considerada
nas equações 13.9, 13.11 e 13.16 fica 10 dB acima dos valores obti-
dos considerando enclausuramento compacto. Então, pode-se usar
as mesmas equações 13.9, 13.11 e 13.16 para o projeto de enclau-
suramento compacto considerando-se um fator de segurança de 10
dB, isto é, o nível previsto é 10 dB menor do que o calculado.

13.2.3 Enclausuramento Parcial e Barreiras


São maneiras práticas de se proteger um operador de um campo
de ruído direto gerado por outra máquina adjacente. A predição
quantitativa do comportamento de um enclausuramento parcial é
muito complexa devido às difrações nos contornos, reflexões nas su-
perfícies, absorção e transmissão das paredes. Entretanto, é possível
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 541

Enclousuromento
Compacto
Apoio •P
Flexível
Base Rí~ido

Areo
Vibrante d
Fonte (li,)
~r i+ x-,
2
)
l
Areo Vibrante: da
Parede de Enclau-
suramento (V,)

Figura 13.7: Modelo simplificado de enclausuramento compacto

·A
-
-./ \ B
'
-- X \ _, ,,,..e;
Ondas
E~~cio-
nonas
~-" ei do
'Massa
100 • 1000
Freqüencia Hz

Figura 13.8: Atenuação do NPS para vários valores de rigidez


542 - - - - Capítulo 13 ENGENHARIA DE CONTROLE DE RUÍDO

calcular o comportamento geral de um enclausuramento pa1·cial


considerando-se que a PT= O (ou 100% abso~ão ou transmissão)
para áreas abertas, e conhecendo-se a potência sonora e diretividade
das fontes, usando-se o procedimento da seção 13.2.1. A difração
pode ser quantificada através da teoria de barreiras apresentada no
capitulo 6. A figura 13.9 mostra um exemplo típico de enclausura-
mento parcial.
Os caminhos de baixa perda de transmissão, por exe1nplo, aber-
turas de entrada e saida do ar de refrigeração, janelas, portas, ... etc,
devem sei· considerados 110 projeto do e11clausurame11to, sendo tra-
tados através da colocação de sile11ciad01·es, portas, jauclas actísticas
(ver figura 13.10 e 13.11), e/ou 1·evestimcnto cxte1·110 de tuhulaçi>cti
(ver figw·a 13.12) pa1·a minin1iza1· o vazamento da cncl'giH sonm·a
para ÍOl'a. Os elementos básicos de um enclausuramcnto são mm;.
trados na figul'a 13.13.

Figura 13.9: Enclausurarnento parcial típico

A solução de engeuha1·ia para p1·oble1nas de 1·uído envolve: suhs·


tituição das máquinas antigas por outras silenciosas ou modificação
nas fontes e/ou tl'ajetória. A seguir são ap1·esentadas as reco-
mendações gerais mais importantes para o controle de 1·uído:
1- No projeto de uma planta nova, ou expansão de planta an-
tiga, devem ser especificados os níveis máximos pe1·1nitidos de
SAMlll N. Y GEI!GES - - - - - - - - - - - - - 543

1
1/

Borracho de1
Vedação Parede Dcpkl
de Chapas de
Aço com Materiais
de Absorção

Figura 13.10: Porta acústica típica


544 - - - - Capítulo 13 ENGENHARIA DE CONTROLE DE RUÍDO

Figura 13.11: Janela acústica típica


SAMIR N. Y. GERGES
-----------545

DE ALUMINIO l mm

MANTA DE LÃ DE VIDRO

LENÇOL DE CHUMBO

CAMADA DE FIBROCERÂMICA OU
FIBRA DE VIDRO

Figura 13.12: Revestimento externo de tubulações


546 _ _ _ _ Capítulo 13 ENGENHARIA DE CONTROLE DE RUÍDO
Material de Paredes
Absorçilo Edernot Placa
f1rfurado

."i-··- .. ··.-,.
.. ·. ;·:·
.. ...: ............ · .... '· .
..untas
FieKÍvtil

Figura 13.13: Os elementos básicos de enclausuramento

potência sonora (NWS) das máquinas novas, a partir dos níveis


de pressão sonora (NPS) estabelecidos para o ambiente.

2- No caso de substituição, devem ser adquiridas máquinas, pro-


cessos e materiais mais silenciosos.

3- Modificação na fonte que envolve:


- redução das forças dinâmicas
- redução dos níveis de vibração
- balanceamento dinâmico
- aumento do intervalo de tempo nos processos impulsivos
- emprego de isoladores de vibração e choque.

4- Redução de vibração e ruido que pode ser feita através de:


- afastamento das freqüências naturais das de excitação
- aumento do amortecimento dos sistemas
- redução das áreas vibrantes.

5- Redução de velocidades de fluxo e de turbulências.

6- Soluções na trajetória que envolvem:


SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 5 4 7

- Enclausuramentos
- Barreiras
- Silenciadores.

É possível, as vezes, a substituição do tipo de operação, equi-


p8.lllento, sistema ou processo ruidoso por outro mais silencioso.
Na maioria dos casos, as máquinas, processos e operações são es-
pecificados e escolhidos previamente para satisfazer a produção e
manutenção sem considerar o problema de ruído. No entanto, deve-
se considerar o problema de ruído ainda na fase de projeto. É mais
econômica a solução do problema na fonte, isto é, adquirir máquinas
e processos silenciosos ou substituir algumas máquinas e processos
por novos sistemas mais silenciosos e modernos.

A-seguir são apresentados três casos de estudo. Estes foram es-


colhidos pelo envolvimento que teve o autor no desenvolvimento de
tais trabalhos de pesquisa. Os casos mostram que sempre existe
solução prática de engenharia, especialmente na fonte. O primeiro
caso trata de ruído de computadores e impressoras 1 que se origi-
nou pelo necessidade dos do autor com os fabricantes nacionais. O
segundo caso é sobre ruído de jatos industriais de ar comprimido,
que apresenta os resultados práticos do trabalho de dissertação de
mestrado de Sandra C. B. Fredel, concluído em outubro de 1990 sob
orientação do autor. E o terceiro caso é sobre redução de ruído de
motores elétricos pela substituição do rotor da ventoinha original
de pás por outra de discos paralelos. Tais ventoinhas de discos pa-
ralelos já estão implantados em vários motores, inclusÍ\'e operando
com carga em indústrias, fornecendo atenuações de até 22 dB(A)
nos níveis de pressão sonora.

13.3 Ruído de Computadores e Impressoras


Exemplos típicos de projetos que envolvem conjuntos complexos
ele fontes de ruído são: a impressora matricial, computadores PC,
mini-computadores e super computadores. Por exemplo, ua im-
pressora matricial existem várias fontes de ruído (ver figura 13.14),
tais como:

(1) Ruído de impacto (argulha/papel/anteparo)


(2) Ruido de engrenagens
(3) Ruído dos sistemas de ventila4-.ão
548 - - - - Capítulo 13 ENGENHARIA DE CONTROLE DE RUÍDO

( 4) Ruído dos rolamentos


( 5) Ruído das correias e carnes
( 6) Ruído dos motores e seus rolamentos
(7) Ruído gerado por vibração do papel
( 8) Ruído gerado por vibração de estruturas e cabine.

Uma das principais fontes de ruído é a cabeça da impressora


matricial tipo eletromagnética. A cabeça tipo piezoelétrica é mais
silenciosa e tem menos radiação de calor ( ver figura 13.15). Com a
mudança da tecnologia de impressão, pode-se encontrar tipos de hn-
pressoras mais silenciosas, tais como: térmica, jet-ink, lasc1·, ... etc.

Eng1·enagens helicoidais de alta precisão e de matel'ial plástico


são menos ruidosas. A montagem dos sisten1as de engrenagem
deve ser feita com isoladores de vibração e choque para minimi-
zar a transmissão das forças de impacto dos dentes para o resto da
estrutura da impressora (ver capítulo 11, seção 9).

A potência sonora gerada pelos impactos com excitação das es-


truturas fora das ressonâncias mecânicas, depende da impedância e
da velocidade de vibração do elemento estrutural, isto éi

NWS ex Z,(w) I V,(w) I' (13.19)


E, no caso de excitação dos modos de ressonâncias mecânicas,
tem-se:

NWS ex R,..(w) Real[Z,(w)] \ V,(w) I' (13.20)


onde:
Zp(w) é a impedância no ponto de aplicação da força
Vp(w) é a amplitute de velocidade de vibração no ponto de
aplicação da força
Rro:d(w) é a 1·esistêucia de radiação (ver capítulo 4).

O ruído aumenta com o aumento de velocidade e tensão no papel


da impressora.

Ventiladores são também fontes hnpo1·tantes de ruído em com-


putadores e periféricos. A refrigeração da cabine do computador
ou da impressora pode sei· feita com ventilação forçada ou por
exaustão, como está mosb·ado na figura 13.16. Em alguns casos
549
SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - -

pode.se também usar a convecção natural, elíminando·se os venti·


!adores (ver figura 13.17).

No caso de refrigeração forçada, tem-se as vantagens de filtra-


gem melhor e de ruído menor; por outro lado, 0 sistema de exaustão
apresenta maior dificuldade na filtragem, mas fornece melhor dis-
tribuição de ar e assim refrigeração mais eficiente.
No projeto ou escolha de ventiladores de computadores e pe-
riféricos, deve-se considerar a vazão necessária Q (m3 /s) em função
da potência consumida W, (K Watts) e o aumento de temperatura
acima da temperatura do ar na entrada .:l.T(ºC), como:

Q: 2•iW, ( 13.21)
:J.T
Gei·almente usa-se AT entre 5 e 20 (ºC). O fornecimento de
Capitulo 13 ENGENHARIA DE CONTROLE DE RUÍDO
550----

Cabeço Eletrornognetico

Cobeço
Piezoele'.trica

Figura 13.15 C a \H'Ça ( la ·t111prC'ssora eletromagnética e piczoc!étrica

Saído

i----.,
''
L '
_ _ _ ...J1 Refrigeração de
Componentes Críticos

;------, Componentes Geradores


de _Calor devem ser Colocados
Entrado :' '
1
._ _ _ _ _ ...J mats Perto da Entrado
do Saido ou

Figura 13.lG: Ventilação por refrigeração forç d -


ª a ou exaustao
SAMIR N. Y. GERGES

AblrlUra dt
Convtcç&

Figura 13.17: Refrigeração com convecção natural

vazão acima do necessário significa geração de ruído maior causado


pelo aumento de velocidade, vazão e turbulências do fluxo. Como
a potência sonora é proporcional à velocidade de rotl'\ção elevada à
quinta potência (RPM 5 ), tem-se um aumento de 15 dB para cada
duplicação da velocidade de rotação RP M.

O sistema de ventilação a ser projetado deve ter sua carac·


terística de vazão / pressão estática medida e após casada com
a curva de impedância do sistema, como está mostrado na figura
13.18.
A curva de impedância do sistema pode ser medida usando·se um
ventilador com vazão conhecida e medindo-se a pressão estática na
cabine. No projeto do ventilador deve-se considerar as perdas de
pressão causadas por filtros, grades, aberturas, .. etc. (ver capítulo
11, seção 2}.
No projeto de instalação dos ventiladores deve·se providenciar
uma entrada de ar livre, sem turbulências e longe de mudancas
de trajetórias e/ou qualquer outro obstáculo. Deve·se escolher a
grade de entrada do ventilador corretamente para minimizar ruído
aerodinâmico causado por turbulências. Uma diferenca nos níveis
de pressão sonora de até 4 dB(A) pode ser obtida entre os vários
tipos de grades de entrada (ver figura 13.19).
Na fixação do ventilador devem ser usados isoladores de vibração
adequados para minimizar a transmissão das excitações à cabine.
Uma diferenca de até 15 dB(A) pode ser obtida com uma montagem
correta, dependendo ainda das características dinâmicas da cabine.
552 - - - - Capítulo l3 ENGENHARIA DE CONTROLE DE RUÍDO

Prntoo
E1tófica

Vazão

Figura 13.18: Vazão/ pressão estática mostrando os pontos de operação

Formo Alttos

Formo Espiral

Figura 13.19: Grades para entrada do ar


SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 553

Um ventilador de baixo nível de ruído foi desenvolvido pelo autor


deste livro, substituindo-se a ventoinha de pás por uma ventoinha
de discos paralelos que elimina o ruído gerado pela passagem das
pás dos rotores clássicos. A figura 13.20 mostra os níveis de pressão
sonora medidos a lm de um ventilador centrüugo clássico e de outro
de discos paralelos. Uma atenuação de até 20 dB(A) foi conseguida.
Este tipo de ventilador de discos está sendo aperfeiçoado para im-
plantac;ão em computadores no Brasil.

81.5..---.--,-.------.--,-~--.-~-~~~-.-,
ID
"O
§ 71,5
Ventoimo Original
Nível Total 81,6 dB
!
o
51,

o
'º!ll 31
.t., 21,5
"O Ventoinha de Discos
Nível Total- 61,9 dB
] 11,5
z
o.l--~-2~-3~-4~~-6~-7~-e--s~10,.,.-~11:---~12~
Freqüência ( KHz)
554 - - - - Capitulo 13 ENGENHARIA DE CONTROLE DE RUÍDO

ressônancia mecânica, modos de vibração e amortecimento de cada


modo. A aplicação de materiais de absorção de ruído e materiais
para amortecimento de vibrações nas superfícies internas das ca-
bines minimizam o ruído de altas freqüências. Deve-se aplicar os
conceitos de isolamento de ruído (ver capítulo 5), de absorção so-
nora (ver capítulo 8) e de isolamento de vibrac;ão e choque (ver
capítulo 10) no projeto das cabines.

Materiais isolantes com alto amortecimento devem ser usados


nas montagens internas e externas das unidades de disco rígido
para minimizar os efeitos de choques e vibrações que podem causar
problemas como contato entre a cabeça de leitura e disco (ver figura
13.21).

Figura 13.21: Disco fixo mostrando os locais dos isoladores de vibração


SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 555

13.4 Ruído de Jatos


13.4.1 Introdução
Ruído de jatos é uma fonte comwn de poluição sonora nos meios
industriais. O ruído de ar comprimido industrial é considerado a
segunda fonte de ruído causadora do alto índice de perda auditiva,
sendo excedido somente pelo ruído de impacto de máquinas e fer-
ramentas.
O ruído de jato ocorre a partir da descal'ga de mecanismos
pneumáticos e condições de fluxos intermitentes e turbulentos. Ja-
tos são usados numa multiplicidade de funções relacionadas à trans--
ferência de massa ou energia em um processo de trabalho com peças.
Em geral, o ar comprimido é utilizado numa faixa de pressão da li-
nha na indústria, de 5 a 8 (l\'gf /cm 2 ). sendo usado na remoção
de cavacos da área <le trabalho. na retirada de resíduos de água
ou de óleo de superficies de materiais subn1etidos a prncessos de
conformação mecânica, na secagem de peças, ejeção de peças con-
formadas em matrizes, resfriamento e limpeza. Em cada caso existe
a tendência em se utilizar altas velocidades de jatos visando trans-
ferir o máximo possível de energia e massa, a fim de aumentar a
eficiência das operações. Portanto. na seleção da bocal para cada
aplicação, deve-se considerar o tipo de escoamento necessário: por
exemplo, para remover cavacos ou impurezas é necessário energia
de fluxo onidirecional, enquando que para resfriamento de moldes
se faz necessário o máximo fluxo de ar.

13.4.2 Ruído Aerodinâmico de Jatos Livres


O mecanismo de geração de ruído e seu controle no jato depende
do conhecimento das fontes envolvidas. Tal ruído é criado por um
ou mais dos três tipos básicos de fontes aerodinâmicas: monopolo,
dipolo e quadripolo ( ver capítulos 4 e 7). A r-adiação sonora de
um dipolo ocorre quando um fluxo de gás interage com um corpo
produzindo forças não estacionárias. Já a radiação aerodinâmica
de um quadripolo resuJta das tensões viscosas em um fluxo de gás
turbulento, na ausência de íuteraçii.o com co,·pos sólidos. As fon-
tes quaddpolo aerodinâmicas constituem o tipo dominautc de fon-
tes em alta velocidade subsônica e de jatos de ar turbulentos. A
análise dimensional da potência sonora W, irradiada por uma fonte
quad1·ipolo, mostra que:
556 - - - - Capitulo 13 ENGENHARIA DE CONTROLE DE RUÍDO

W o: pL'V"/c5 o: pSV3Ms (13.22)

onde:

p é a densidade do fluido (kg/m3 )


L é o diâmetro do bocal
V é a velocidade do jato (m/s)
é a velocidade do som no fluido (m/s)
M é o número de Mach (M =V/e)
s é a área do bocal (m 2 ).

A eficiência de radiação do quadripolo difere de um fator M 2


quando comparada com a do dipolo. Em velocidades subsônicas
(M ~ 1) a eficiência de radiação de um quadripolo é 1ne11or que a
do dipolo.
Aumentando-se a velocidade do jato V de um fator de 2,
aumenta·se o nível de potência sonora cm 24 dB, enquando que
um aumento da área do bocal S (S é proporcional a L 2 ) pelo
mesmo fator, aumenta-se o nível de potência sonora ein smnente
3 dB. Devido a for<;a do jato ser proporcional a S V 2 , é n1elhor
dobrar a força aumentando a área do bocal por um fator de 2, do
que a velocidade do jato por um fator de 1,4 , visto que o au1nento
na potência sonora seria menor.
Existem dois tipos de ruído gerados por jato. O primeiro tipo
é o devido ao próprio escoamento livre e o segundo ocorre quando
existe interação entre o escoamento e um obstáculo na trajetória do
fluxo.
O jato livre mais simples é um fluxo emanado de um rese1·vatório
através de um bocal convergente(ver figura 13.22). O gás é acele-
rado de uma velocidade próxima a zero, no reservatório, a uma
velocidade máxima na seção transversal do bocal. Neste jato idea-
lizado, nenhuma interação é assumida entre o fluxo e as superfícies
sólidas adjacentes. O ruído é somente um resultado dos processos
de mistura turbulenta.
Estudos anteriores tem mostrado que o ruído total de jatos é
formado por vários componentes. O principal deles e, certamente,
o componente mais dificil de ser eliminado, é o devido à mistura
turbulenta do jato com o meio ambiente, quando da saída do bo-
cal. Este fenômeno é chamado de ruído da zona de mistura e é o
que tem recebido maior atenção nos últimos anos, tanto no campo
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 557

Figura 13.22: Ruído de jato livre

teórico como no campo experimental, visando sua melhor compre-


ensão. Trabalhos teóricos devidos a Lighthill mostram como este
ruído é gerado em um jato turbulento. Neste tipo de jato, devido
à existência de flutuações de velocidade e de não linearidade das
equações diferenciais que descrevem o fenômeno, aparecem tensões
adicionais. Estas tensões adicionais, chamadas d~ TENSÕES DE
REYNOLDS, produzem trabalho 1 a partir do qual o ruído é ge-
rado. Estes conceitos têm dominado a análise do ruído de jatos
e oferecem um grande fundamento para o estudp e a predição do
ruído gerado por escoamentos turbulentos.
Considere um jato de ar com um número de Reynolds elevado
p1·ocedente de um bocal convergente com velocidade uniforme U.
como mostrado na figura 13.23. Pelo fato do jato deixar o bocal,
uma zona de mistura entre o fluxo e sua vizinhança é formada. O
escoamento nesta região torna·se turbulento numa distância de um
diâmeti·o e meio do bocal. O escoamento na zona de mistura é
expandido até que ele circunde todo o jato. Isto acontece a cerca
de 4 diâmetros do bocal. O escoamento dentro do cone cercado pela
zona de mistura turbulenta é laminar e. devido a isso. costuma·se
referi1· a esta região como potencial central. Certamente o contorno
da camada de mistura não é tão perfeito quanto ao representado na
figw-a- 13,23, mas possui o aspecto mostrado na figura 13.24.
O envolvimento da região do potencial central pela zona de
mistw·a turbulenta termina em uma região chamada de região de
transição. A partir desta e, cerca de 8 diâmetros de bocali chega·
se a outra região, denominada desenvolvida. Esta última também
cresce linearmente ao longo do eixo de jato, mas em uma razão
558 - - - - Capítulo 13 ENGENHARIA DE CONTROLE DE RUÍDO

com o Ar Ambiente

Comede Turbulento

Região Misturo Região Transição


4D 4D Desenvolvido

Figura 13.23: Estrutura do jato livre

Jato

Figura 13.14: Contorno da carnada de mistura LurbulenLa


SAMIR N. Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 559

diferente da t•azão na zona de mistura.


Os perfis de velocidade média e de velocidade média quadrática
da camada turbulenta através da zona de mistura são representados
na figu1·a 13.25. Grande parte da energia turbulenta está confinada
na região estreita no centro da zona de mistura.
Os vórtices turbulentos estão alinhados na direc;ão do fluxo den~
tro da zona de mistura. Os menores vórtices formados no início da
zona de mistura causam, principalmente, ruído de alta freqüência,
enquando que os maiores vórtices causam ruído de baixa freqüência
(ver figura 13.26).

Velocidode

---~-----

Figura 13.25: Perfis de ,. eJocidade da camada de mistura

13.4.3 Ruído Proveniente da Obstrução de Fluxo


Outi·a fonte de ruído que é associada com jatos é o ruído gerado pela
obstrução do fluxo. Os níveis de pressão sonora em bandas de oitava
de jatos obstruidos por supcl"fícics de metal duro são mostrados ua
figura 13.27.
Note-se que o nível de pressão sono1·a aumenta~ especialmente
na faixa de altas freqüências do espectro. Estudos deste fenômeno
mostram que quando o jato atinge uma superficie. forças não es-
tacionárias são geradas. Estas flutuações de p1·essão assumelll a
foi·ma de dipolos aerodinân1icos. A parth· de estudos analíticos e
expel"Ímentais foi dete1·minado que a potência souo1·a inadiada por
jatos subsônicos obsh'uidos depende da velocidade de fluxo elevada
à quinta ou sexta potência. Como no caso de jato livl'c. fJ1Utlque1·
560 - - - - Capítulo 13 ENGENHARIA DE CONTROLE DE RUÍDO

&~
~ ·~ s
~ '15 Qj"'
~

NPS (dBl
~
140
~:f(\(2)
(1)
,
,/"
,/
,
\
\ ,

/ 1 \
100~~~~~-+-~+-~~~-
100 200 ~ "000 2000 Frt~ic (Hz)

Figura 13.26: Espectro do NPS de um jato em três posições distintas

reduc;ão na velocidade do fluxo ocasionará ruído gerado pela obs-


trução do fluxo. As figuras 13.28 e 13.29 mostram maneiras de dimi-
nuir turbulências do jato pela ausência de extremidades ou orificios,
deixando assim uma trajetória livre para o jato que se torna então
suave.
A figura 13.30 mostra os níveis totais de pressão sonora para os
casos de limpeza de superfície e orifício, para duas pressões da rede
de alimentação 400 kPa e 800 kPa, medidos a uma distância de lm.
O orifício tem diâmetro de 5mm e profundidade de lOmm.

13.4.4 Bocais de Jatos Silenciosos

A partir do conhecimento da geração de ruído proveniente da


zona de mistura turbulenta e como esta atua na estrutura do jato
de um bocal convergente 1 pode-se projetar bocais que reunam ca-
racterísticas para atenuar esta fonte de ruído. Baseado nisto, alguns
modelos de bocais menos ruidosos são apresentados a seguir.
SAMIR N. Y. GERGES
------------561

~
11
ÍD
:13.

K'2 10
/
/---
/
<( Jato Obstruído /
a::
o 90
~
."'~ 80
""' /
/
/
/

/ '-Jota livre
/
"'8:
w

~
w
o
Gl
·i
63 125 250 500 JCCO 2000 4000 8000
FREQUENCIA EM BANDA DE OITAVA (Hz)

Figura 13.27: NPS medidos a lm de um jato livre e de um jato obstruido

Figura 13.28: Encher a cavidade para limpeza de superfície


, , E"GENHARIA DE CONTROLE DE RUÍDO
56 2 _ _ _ _ Capitulo 13 "

~
DEA~--

Figura 13.29: Arredondar extremidades pontiagudas

Limpeza de Orifício com Pressão de 800 KPa

limpeza de Orifício com Pressão de 400 KPa


~
crí 140
,::,
Limpeza de Superficie com Pressão de
800 KPa
Umpezo 00 Superflcie com Pressão de
G) 400KPa
0

Figura 13.30: Níveis totais em limpeza de superfície e orifício


SAMIR N. Y GERGES - - - - - - - - - - - - - - 5 6 3

(1) Bocal Difusor Múltiplo


Este tipo de bocal difusor subtitui um simples orifício g1·ande por
vários odfícios menores, como é mostrado na figura 13.31. Para
u1na dada pressão de reservatório, o sistema com múltiplos orifícios
fornece uma força de jato maior e menor ruído. Tendo-se alterado o
bocal para um com vários diâmetros menores, a velocidade em cada
um destes orifícios diminuirá, ocorrendo uma mudança no conteúdo
das bandas de freqüência. Neste caso, o ruído gerado diminui devido
à redução do tamanho da zona de mistura. Finalmente, existe ainda
um aumento da força do jato e da vazão mássica, visto que a área
total de saída dos bocais aumenta, quando comparada com a de um
bocal tubular convencional.

Figura 13.:H: Bocal difusor múltiplo

( 2) Bocal Difusor Restritivo de Fluxo


Este tipo de bocal é composto de um orificio preenchido com
uma tela ou malha, com o propósito de reduzir a velocidade de
fluxo do jato (ver figura 13.32). Sendo o ruído gerado pelo jato
proporcional à oitava potência da velocidade de fluxo, haverá um
grande dccrécimo no nível de ruído com o emprego deste bocal.
Entretanto, a reduçào de ruído é conseguida tcndo~se diminuição
da força do jato, que é proporcional à vazão mássica do escoamento.

(3) Bocal Silcuciado1·


O princípio da técnica de controle de ruído aplicado neste bocal é
o da utilização de absorção da energia acústica gerada na zona de
5b4 - - - - Capítulo 13 ENGENHARIA DE CONTROLE DE RUÍDO

Região de
Orificio Mistura
Turbulenta

Figura 13.32: Bocal difusor restritivo de fluxo

mistura turbulenta, através das reflexões múltiplas no matei-ial. O


uso de material absorvente aqui é efetivo deste que o espectro de
ruído seja de banda larga e em altas freqüências. O ar asph-ado do
meio ambiente para acompanhar o fluxo de saída aumenta a vazão
~ mássica e, portanto, limita o aumento da força do jato ( ver figura
, 13.33).

Ar Aspirado FORRO ACÚSTICO ABSORVENTE

"·~~~~
Orifício

Figura 13.33: Bocal silenciador

(4) Bocal Amplificador de Ar


A técnica de controle de ruído empregada neste bocal é a da c1·iação
de um jato secundário proveniente de orificios deslocados da h·a-
jetória do escoamento principal.
A colocação de um material poroso, próximo à saída do orifício
central, oferece resistência ao escoamento, o que resulta em um
aumento da pressão estática dentro do bocal. A quantidade de fluxo
sob pressão na trajetória central permite que parte dele se desloque
formando um jato secundário. O jato secundário forma então uma
película fina de ar que se movimenta em alta velocidade e que possue
SAMIR N.Y. G E R G E S - - - - - - - - - - - - - - 5 6 5

uma pressão estática inferior à pressão atmosférica. Este vácuo


parcial criado pela película permite sua aderência aos contornos da
parede do bocal e também induz o ambiente a funcionar como um
amplificador de vazão. Este ar succionado é então misturado ao
fluxo principal de uma forma suave e não turbulenta;, criando um
fluxo quase laminar, reduzindo o ruído gerado pelo jato (ver figura
13.34).

AMPL/FICAÇtQ DE VAZÃO DEVIDO A


SUCÇÃO DO AR AMBENTE

ENVOLVIMENTO DE AR AO LONGO
DOS CONTORNOS DO BOCAL

Figura 13.34: Bocal amplificador de ar

Levantamentos dos níveis de pressão sonora, potência sonora,


vazão do fluxo de ar e força de vários hocais de jatos foram feitos;
os resultados mosfram que o espectro de ruído é de banda larga até
fora da faixa de audição (ver figura 13.35).
A tabela 13.1 mostra o resumo dos resultados mais interessantes
em termos dos níveis de potência sonora totais médios na faixa de
pressão de ar comprimido de 5 a 7 kg//cm\ assim como a vazão
média e a fo1·ça média do jato ( Fp atuando em uma área de 15 x15
cm e Fd atuando em um disco de 6 cm de diâmetro).
O propósito final deste ítem, é apresentar protótipos de bocais
de jato com baixos níveis de ruído, que com as suas características
de fo1·ça e vazão, cumpram ce1·tas exigências dentro de um mercado
diversificado.
Pode-se classificar os bocais convergentes de jatos industriais a
partir das suas características fundamentais:
566 - - - - Capítulo 13 ENGENHARIA DE CONTROLE DE RUÍDO
NWS (dBA)
so,o,-~~--,-~~--,-~~--,-~-.---~

30,0
20,0
lOP
0,0-l'--~~--~-.---~--,--,-~-.---~~---'
2 4 6 6 10 12 14 16 16 20 22 24
Freqüência K (Hz)
Figura 13.35: Espectro típico do nível de potência sonora de jat.o

1- vazão mássica M
2- nível de potência sonora e pressão sonora NWS c1n dB(A)
3- força total do jatoj no disco F d e na placa F p·
Computou-se um valor médio para cada parâmetro, na faixa de
pressão de utilização industrial, conforme visto na tabela 13.1.
A fim de extrair-se pa1·âmctros indicativos da influência de fa-
tores na redução de 1·uído ( tais como, tamanho do bocal, área do
oríficio de saída e trajetória do fluxo), todos os bocais ~studados fo-
ram agrupados em função da semelhança de projeto de construção:

Grupo 1: representado pelos bocais comerciais nacionais (ver fi-


gura 13.36 e tabela l; bocais 1 a 8).

G1·upo 2: representado pelos bocais conve1·ge11tes c01n 1nulti·


orifícios (ver figura 13.37 e tabela 1 ; bocais 9 e 10).

Grupo 3: rep1·esentado pelos bocais 11, 12, 13 e 14 (ver tabela


1), tendo como construção o modelo teórico de amplificad01· de ar
(ver figura 13.38).
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _567

Bocal M [kg/s] NWS F, F,


10-3 dB(A) [NJ [N]
1 2,70 92,1 1,19 1,21
2 4,40 92,9 0,30 0,31
3 3,30 92,3 1,41 1,43
4 3,20 87,1 1,18 1,23
5 3,76 92,4 1,29 1,33
6 2,43 92,5 1,36 1,38
7 2,33 88,5 1,11 1,15
8 4,14 92,6 2,02 2,05
9 4,43 79,8 0,32 0,32
10 1,97 80,6 0,32 0,33
11 4,94 81,3 0,77 0.91
12 5,00 82,6 0,99 1,13
13 4,20 80,3 0,60 0,76
14 2,90 78,5 0,35 0.37
4,20 93,1 1,35 1,56
15
16 1,20 86,1 0,15 0,19
1,97 81,8 0,09 0,09
17
1,99 82,6 0,25 0,26
18
2,85 72,1 0,22 0,33
19
82,9 0,47 0,47
20 3,53
81,9 1.34 1,41
21 6,44

Tabela 13.1: Desempenho dos bocais de jatos industriais

Figura 13.36: Bocais convergentes nacionais


568 - - - - Capítulo 13 ENGENHARIA DE CONTROLE DE RUÍDO

l>

Figura 13.37: Bocais convergentes com multi-orifícios

Figura 13.38: Bocais amplifi d


ca ores de ar com fluxo , .
secundaria convergente
,AMIR N. Y. GERGES - - - - - - - - - - - - - - 5 6 9

Grupo 4: representado pelos bocais 15 e 16 (ver tabela 1}, tendo


.orno construção o modelo teórico do bocal de geometria variável
ver figura 13.39).

Figura l.3.39: Bocais amplificadores de ar com geometria variável

Grupo 5: representado pelos bocais 17, 18, 19 e 20 (ver tabela


1), tendo como construção o modelo amplificador de ar (ver figura
13.40).

-
Figura 13.40: Bocais amplificadores de ar com fluxo central e secundário

Grupo 6: representado pelo bocal difusor do tipo multi-orificios


(ver figura 13.31 e tabela 1; bocal 21).
Dos resultados experimentais concJuiu-se que o bocal amplifica-
dor de ar ( especialmente o bocal 12 do grupo 3) apresenta carac-
terísticas muito boas de força de jato (1.13 N) e de vazão (5 kg/s),
com um nível de potência sonora de 82.6 dB(A). Comparativamente
aos bocais nacionais do grupo 1, verifica-se que apesar de possuir
força de jato similar, apresenta uma redução do nível de potência
sonora de cerca de 10 dB(A) e um aumento de aproximada.mente
570 _ _ _ _ Capítulo 13 ENGENIIARIA DE CONTROLE DE IWÍDO

30% na vazão mássica, fazendo com que este protótipo, além de ser
utilizado nas operações de limpeza, possa vir a ser utilizado como
ejetor de peças.
Já o bocal 15, construído com base de geometria variável, possui
elevados valores de força e vazão, porém seu nível de potência sonora
é em torno de 93 dB(A). Estas propriedades podem ser comparadas
com as propriedades dos bocais nacionais, excetuando o bocal 15
que devido a sua maior vazão permite trabalhar com pressões de
reservatório inferiores.
Os bocais amplificadores de ar (17, 18 e 19) apresentam c01no
características: baixa força, média vazão e uma redução do nível
de potência sonora de até 20 dB(A), comparativatncutc aos bocais
comerciais nacionais. Este resultado indica que tais bocais, cin espe-
cial o bocal 19, apresentam qualidades para serem empregados em
secagem ou outra atividade industrial, onde a força do jato não ne-
cessite ser excessivamente elevada. Considerando ainda o bocal 19,
pode-se estabelecei· comparações com o bocal 10 (grupo 2), sendo
ambos ejetares com, praticamente, a mesma força de jato. Vcrifica-
se que o bocal 19 possui uma vazão maim· e um nível de potência
sonora menor, isto podendo ser atribuído à inserção de material
dissipador de energia. Deve-se levar em consideração ainda que
os bocais 9 e 10 possuem ;\rca menor e. portanto, deveriam gerar
menores níveis de ruído.
O bocal 21 com múltiplos orifícios, além de ser qualificado tanto
para ejeção quanto para a limpeza de peças, apresenta a maior
vazão mássica entre todos os bo,:ais estudados neste trabalho, pos-
suindo uma força de jato de 1,4 N e um nível de potência sonora
de 81,9 dB(A). Este bocal pode ser considerado, através destas ca-
racterísticas, o melhor protótipo de bocal silencioso.

13.5 Redução de Ruído em Motores Elétricos


Um grande número de máquinas acionadoras constitui a maio1· fonte
de ruído industrial; a.maioria é constituida por motores elétricos do
tipo totalmente fechados coi.n ventilação forçada (TEFC), na faixa
de 1 a 400 HP aprnximadamente, com níveis de potência sonora de
88 a 112 dB(A) (ve!' British Standard BS 4999/73). As t!'ês fon-
tes princípais ele ruído em motores são: ventilador de refrigeração,
ruído gerado por vibrações do estator e 1·otor excitados por forças
magnéticas e ruído gei·a<lo por forças mecânicas como foi mostrado
na capítulo 11.
SAMIR N. Y. GERGES - - - - - - - - - - - - - - 5 7 1

O sistema de ventilação dos motores TEFC utiliza uma ven·


tainha de pás retas para dar as mesmas características nas duas
direções de rotação, dependendo da escolha do usuário. O espectro
de ruído tem forma de banda larga sendo causado por turbulências
do fluxo de ar (ruído aerodinâmico), superposto a isto os picos das
freqüências discretas de passagem das pás /p e suas harmônicas. A
freqüência de passagem é dada por:

, = N RPM (13.23)
Jp 60
onde:
N é o número de pás.
RPM é a velocidade de giro do ventilador (rotação por minuto)

A figura 13.41 mostra o espectro dos níveis de potência sonora de


um motor de 15 HP (sem carga), girando a 3600 RPM, medido em
càmara reverhcrautc, com e sem ventoinha original de refrigeração.
Pc1·1'.ehc-se uma diferença entre os níveis totais de até 20 dB, e em
algumas bandas de até 40 dil. Esta grande diferença é causada ,ela
ventoinha <leste tipo <lc motor. Os picos no espectro nas freqüências
de 780 Hz, 1560 Hz e 2240 Hz são a freqüência fundamental e os
harmônicos da freqüência de passagem das pás (3600 RPM e 13
pás). Um outro exemplo mostra também a contribuição do ruído
da ventoinha no ruído total (mostrado na figura 13.42). Esta figura
mostra o espectro dos níveis de pressão sonora medido a 2m do eixo
do motor de 400 HP (3600 RPM) com e sem ventoinha original
de 1·efrigcração. Neste caso uma diferença total de até 26 dB e
em algumas bm1das <lc até 40 dB, indicam claramente a grande
contribuição <lc ruído de ventoinha.
Uma solução clássica para rfiduç.io dos níveis de ruído como a
colocação de silenciador na entrada de ar do motor é efetiva e for-
nece atenuação até 10 dB no nível total de ruído, dependendo da
freqüência do ruído com nível máximo e do tamanho do silenciador:
mas esta solução é considerada muito cara (ver figura 13.43).
Uma outra solução pode ser conseguida att·avés da substituição
da ventoinha de pás 1·etas por outra de pás curvas. Neste caso deve-
sc usar o motor sempre rodando mun \mico sentido. Esta solução
fornece redução total de 3 a i <lB dependendo de cada caso (ver
13.44).
Uma solução na foutei de baixo custo e que evita a uecessi<lade
de manutenção do dispositivo de atenuação. é através da substi-
80

ll
Ventilador Original
Sem Ventilador

l
Ventikldor de Discos M'.iltiplOs
Níveis ! 1 Desvio Padrão

125 250 500 1000 2000 4000 8000


Freqüência (Hzl

Figura 13.41: Espectro do NWS para motor de 15 HP, com e sem ventoinha
SAMIR N. Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 573

NPS (dB)

Motor sem Ventoilho

30·'--~~~~-'-~~~~~~~~~~~~~~~

80 4K BK 12K 16K
Freqüência (Hz)

Figura 13.42: Espectro do NPS de motor de 400 HP, com e sem ventoinha
574 - - - - Capitulo 13 ENGENHARIA DE CONTROLE DE RUÍDO

Silenc iodar
Motor

Figura Lt,13: Silenciador para motor

Figura 13.44: y entomha


· de pás retas e pás curvas
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ .575

tuição da ventoinha original de pás retas por ventoinha de discos


paralelos. Neste caso consegue-se atenuação de até 22 dB. Esta
ventoinha, montada no eixo do motor elétrico é constituída por
um conjnnto de discos circulares paralelos, fixos entre si através
de parafusos e espaçados um do outro por espaçadores (ver figura
13.45). A ventoinha de discos substitui a ventoinha original de pás
sem modificações no motor.
Esta solução foi desenvolvida pelo autor deste livro durante os
últimos seis anos e já está aplicada em vários tipos de motores
satisfazendo a vazão necessária. A figura 13.46 mostra un1 dos casos
onde foi aplicada a ventoinha de discos paralelos; neste caso o motor
é de 20 CV, 3600 RPM. A figw·a mostra uma atenuação do nível de
pressão sonora de 107 dB para 84,3 dB, isto é 22, 7 dB de atenuação
no nível total. Além de ter a mesn1a vazão e níveis de vibrações
na mesma ordem de grandeza nos mancais, o motor com ventoinha
de discos paralelos apresenta uma redução no consumo de energia
elétrica de 28% em relação ao consumo com ventoinha original.

Figura 13.45: Motor TEFC com ventoinha de discos paralelos

13.6 Referências Bibliográficas


[1) Beranek,L.L., Noise and Vibration Control, Mcgraw-Hill Book
Company, 1971.
576 - - - - Capítulo 13 ENGENHARIA DE CONTROLE DE RUÍDO

Freqüência (Hz)
Figura 13.46: NPS de motor de 20 CV, com ventoinha original e de discos

[2] Busch-Vishniac,I.J. and Lyon,R.H., Paper noise in an impact


Jine printer, J. Acoust. Soe. Am. 70(6), December 1981,
pp.1679-1689.

[3] Brüel & Kjaer, Lecture and technical notes, KD-2805, Den-
mark.

[4] Dowling,A.P. and Williams,J.E.F., Sound and Sources of


Sound, University of Cambridge Press, 1983.
[5] Fisher,M.J. and Morfey,C.L., Jet noise, chapter 14, Noise
and Vibration, Edited by; White,R.G. and Walker,J.G., 1982,
pp.307-336.

[6} Gerges,S. N. Y., O custo de redução de ruído, Congresso


Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho, Set. 1982,
São Paulo.
[7] Gerges,S.N.Y., Ventilador de discos para motor elétrico, Pa-
tente MU 6900378.
[SJ Gerges, S.N.Y. e Grandi, C.M., Redu<;ão de ruído das
máquinas de extrusão. EDN - Estireno do Nordeste S.A.
Camaçari - BA. 1989.
SAMIR N.Y. GERGES _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 577

[9) Gerges,S.N.Y. e Brazzalle, R.R., Identificação e Quantificação


das fontes de rwdo em máquinas de estiragem, Rhodia S.A.
( divisão de textil - santo andré - SP ), 1989.

(10) Gerges,S.N.Y. e Heidrich, R.M., Redução de ruído gerado por


máquinas enroladoras de fios, Cia Nitro-Quimica Brasileira
S.A. 1991.

(11) Gerges,S.N.Y., Heidrich, R.M. e Jordon R., Identificação das


fontes de vibrações e ruído em condicionador de ar Consul.
1986.

[12] Goldstein,M.E., Aeroacoustics, 1976.


(13) Jackson,R.S., Some aspects of the performance of acoustic
hood, J. Sound and Vibration,Vol.3, 1966, pp.82-94.
(14] Jackson,R.S., The performance of acoustic hoods at low fre-
quencies, Acustica, Vol.12, 1962, pp.139-152.
(15) Lighthill,M.J., On sound generated aerodynamically 1- Gene-
ral Theory. Proc, Royal Soe. A. Vol.221, No. 1107, March
1952, pp. 564-587.
[16] Lighthill,M.J ., Turbulence as a source of sound, Proc. Royal
Soe. A. Vol.222, 1954, pp.1-32.
[17) Li, Peizi, and Halliwell,N .A., Industrial jet noise: coanda nozz.
les, J. of Sound and Vibration, 99(4), 1985, pp.475-491.
(18) Lush,P.A., Measurements of subsonic jet noise and comparison
with theory, J. Fluid Mechanic, N. 46, 1971, pp.477-500.
(19) Sharland Ian, Woods Practical Guide to Noise Control, Wood
of Colche&ter Limited, 1979.
Apêndice 1
Unidades e Grandezas

E"ºs estudos de ~cústica e Vibrações, as unidades básicas e fisic


estao tabeladas abaixo: as

Grandezas e Unidades Básicas

Comprimento metro m
Massa kilograma kg
Tempo segundo
Corrente elétrica ampere A
Temperatura Graus Ce)sius ªe
Temperatura kelvin K
Ângulo plano radiano rad

Grandezas e Unidades Derivadas

Aceleração m/s 2
Área m'
Volume m'
Pressão Pascal Pa = N/m 2
Densidade kg/m 3
Capacitância elétrica Farad F
Diferença de potencial volt V
Energia Joule J
Força Newton N
Indutância elétrica Henry H
Resistência elétrica Ohm n
Freqüência Hertz Hz
Fluxo magnético Weber Wb
Densidade de fluxo magnético Tesla T
Potência Watt w
Velocidade m/s
Quantidade de eletricidade Coulomb e
Fluxo sonoro ( velocidade de volume) m•/s
Intensidade sonora W/m 2
Impedância acústica rayls N s/m 3
As unidades são muitas vezes ~x~ressas através de múltiplos e
submultiplos.

10-1• ato a
10-1• femto f
10-12 pico p
10-• nano n
10-• micro µ
10- 3 mili m
10° unidade
103 kilo k
106 mega M
10 9 giga G
1012 tera T

Também estão tabelados, a seguir, os valores de alguns dados de


uso constante.

1 atmosfera
1 pol. água 1,013 10• Pascal
1 mm/Hg 2,491 10 2 Pascal
1 libra/pé 2 1,333 102 Pascal
1 libra/pol2 4, 78810 1 Pascal
Aceleração da gravidade 6,895 103 Pascal
1 ciclo 9,807 m/s2
1º 360° = 6,283 rad
l Hz 1,745 10- 2 rad
l rpm 6,283 rad/s
1 rps 1,047 10- 1 rad/s
6,283 rad/s
A p ê n d i c e s - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 581

Apêndice II
Propriedade das Substâncias

Sólidos

I Substância E V p e pc
Alumínio 7,1 10 10 0,33 2.700 5.200 / 1,40 10' 1
Bronze 10,4 10 10 0,37 8.500 3.500 2,98 10 7
Tijolo 2,5 10 10 - 1.800 3.700 6,66 10'
Concreto 2,5 10 10 - 2.600 3.100 8,06 10 6
Cobre 12,2 10 10 0,35 8.900 3.500 3,12 10 7
Cortiça 6,2 10 10 - 250 500 1,25 10 5
Duralumínio 7,0 10 10 0,33 2,800 5.000 1,40 10 7
Vidro (duro) 8,7 10 10 - 2.400 6.000 1,44 10 7
Vidro (mole) 6,0 10 10 2.400 5.000 1,20 10 7
Vidro (pirex) 6,2 10 10 0,24 2.300 5.200 1,20 10 7
Granito 9,8 10 10 2.700 6.000 1,62 10 7
Gelo 9,4 109 920 3.200 2,94 10 6
Chumbo 1,7 10 10 0,43 11.300 1.200 1,36 10 7
Magnésio 4,0 10 1 º 0,33 1.700 4.800 8,16 10 6
Níquel 21,0 10 10 0,31 8.800 4.900 4,31 10 7
Carvalho 120 4.000 2,88 10 6
Plástico 3,0 10 9 1.200 1.500 1,80 10 6
Quartzo 1,9 10 10 0,33 2.650 5.450 1,44 10 7
Borracha ( dura) 2,3 10 9 - 1.100
950
1.400 1,54 10 6
1.050 9,98 10 5
Borracha (mole) 5,0 10 6
Prata 7,8 10 10 0,37 10.500 2.700 2,84 10 7
Aço (C.08) 19,0 10 10 0,27 7.100 5.000 3,85 10 7
Aço (C.38) 20,0 10 1 º 0,29 7.700 5.100 3,93 10 7
Estanho 4,5 10 10 0,33 7.300 2.500 1,83 10 7
Madeira 1,2 10 10 -
0,17
650
7.100
4.300 2,80 10 6
3.400 2,41 10 7
Zinco 8,2 10 10
E é o Módulo de Young em N/m
v é a razão de Poisson
p é a densidade em kg /m;;s
e é a velocidade de som em m / s
---------------------Apêndices
582 -
Líquidos e Gases

p c pc
Substância
790 1.150 9,09 105
Alcool (2oºC) 1,46 106
950 1.540
Óleo (20°C) 1.390 9,45 105
680
Gasolina 1.980 2,49 106
1.260
Glicerina (20ºC) 1,97 107
13.600 1.450
Mercúrio (20ºC)
870 1.250 1,09 106
Terebentina (20ºC)
998 1.481 1,48 106
Água Doce (20ºC)
1.000 1.441 1,44 10 6
Água Doce (13ºC)
Água do Mar (13ºC) 1.026 1.500 1,54 106
Ar (OºC) 1.293 331 428
Ar (20ºC) 1.21 343 415
Monóxido de Carbono 1.25 337 421
Dióxido de Carbono (baixa freq.OºC) 1.98 258 511
Dióxido de Carbono (alta freq.OºC) 1.98 269 533
Cloro 3.17 205 650
Hidrogênio (oºC) 0.09 1.270 114
Metano 0.72 432 311
Nitrogênio 1.25 336 420
Oxigênio (OºC) 1.43 317 453
Vapor (lOOºC) 0.60 405 243
p densidade em kg/ m3
e é a velocidade do som em m/s
p e é a impedância característica em Rayls
A p ê n d i c e s - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 583

Apêndice Ili
Valores Representativos do Coeficiente de Absorção Acústica de
Algun1 Materiais Simples

Material Coef. de Absorção Acústica(%)


125 250 500 lk 2k 4k
Pgr1:!ks !l [orros
Tijolo 3 3 3 4 5 7
Tijolo pintado 1 1 2 2 2 3
Conereto(poroso) 36 44 31 29 39 25
Concreto pintado 10 5 6 7 9 8
Reboco 14 10 6 4 4 3
Materiais
Madeira 1/Spol.com 1,25pol.
espaço de ar 15 25 12 8 8 8
Madeira 1/Spol.com 2,25pol.
espaço de ar 28 20 10 10 8 8
Madeira 3/16pol. com 2pol.
espaço de ar 38 24 17 10 8 5
Espuma Sonex 20/35 mm 4 12 28 44 60 73
Espuma Sonex 50/75 mm 7 32 72 88 97 101
Espuma Sonex 75/125 mm 14 55 96 106 102 109
Mantas de lã mineral 25 mm 15 35 70 85 90 90
Mantas de lã mineral 50 mm 35 70 90 90 95 90
Mantas de lã de vidro 25 mm 19 41 58 72 74 74
Mantas de lã de vidro 40 mm 25 58 80 87 90 96
:eil.!2 1 1 1,5 2 2 2
Concreto 2 3 3 3 3 2
Asfalto 4 4 6 6 6 10
Tapetes
3/8" lã no concreto 9 8 21 26 27 37
5/8" lã no concreto 20 25 35 40 50 75
Vidro 6 5 4 3 2 2
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Apêndices
584

Apêndice IV
Valores Representativos do Coeficiente de Absor,;ão Acústica de
Alguns Materiais Eucatex

Coe(. de Absorção Acústica (% \


MATERIAL 250 500 lk 2k 4k
125
26 25 20 20 43 73
lSOCUSTIC 12mm (método tubo) 50
16 20 22 20 3S
ISOCUSTIC &mm (método tubo)
EUCAVID LINHO, chapa 15mm, 48 kg/mº
13 30 88 54 74 43
método tubo, e/câmara de ar 90mm
EUCAVID CORAL, chapa 20mm,48 kg/m
13 61 73 53 50 16
método tubo, e/câmara de ar 85 mm
EUCAVID DUTO-AIR
chapa 2l>mm, 60 kg/m 3 , câmara
reverberação si câmara de ar 4 21 62 93 102 102
PAR.ALINE PERFURADO, 5% de área
aberta, espac;,amento entre f'uros=5mm,
diâmetro dos furos= 1,2mm com
lã de vidro de 32 kg/m 3 , canal aberto.
Câmara de reverberação
e/ câmara de ar de 400mm. 52 82 56 78 87 87
PARALINE BANDEJA, perfurado, 21%
de área aberta, espaçamento entre furos
de Smm e diâmetro dos furos =2,4mm,
e/manta de lã de vidro de 40 kg/m3,
25mm. Método do tubo, com
câmara de ar de 90mm 35 60 77 75 77 TO
COLMEIA, com 25mm de altura com
painel de lã de vidro de
60kg/m3, sendo a superfície
do painel semi-pintada e o verso selado
com papel aluminizado. Método do
tubo com câmara de ar de 90mm 23 41 93 75 79 91
ACUSTI~O A, à base de fibra de madeira,
perfuraçao regular, espessura 19mm,
método de tubo com câmara de ar
de 50mm 48 76 62 63 76 86
ACUSTI_?O A, à base de fibra de madeira,
perfuraçao regular, espessura 12,Tmm,
método de tubo com câmara de ar
de 50mm 32 35 41 74 56 69
EUCAROC, à base de fibras minerais,
eel?essura 15mm, perfurado pinpoint,
metodo de tubo com câmara
de ar de 50mm 14 21 28 28 36 30
Apêndices-------------------585

Apêndice V
Valores do Coeficiente de Absorção Médio para Ambientes
Industriais

Coef. médio de Descrição do Ambiente


absorção acústica
0.05 Ambiente quase vazio com paredes lisas e duras
feitas de concreto, tijolo, emboço ou azuleijo
0.1 Ambiente parcialmente vazio com paredes lisas
0.15 Ambiente com móveis, sala de máquinas
ou industrial retangular
0.2 Ambiente com móveis e revestimentos irregular,
sala de máquinas ou industrial com
revestimento irregular
0.25 Ambiente com móveis estofados, sala de máquinas
ou industrial com uma pequena quantidade de
material acústico (por exemplo: teto
parcialmente forrado) no teto ou nas paredes
0.35 Ambiente com material acústico no teto e
nas paredes
0.5 Ambiente com grande quantidade de material
acústico no teto e nas paredes
586 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Apêndices

Apêndice VI
Absorção Total em (m 2 ) para Pessoas e Móveis

Pessoas e mobiliário Areas de absorção total (m 2 )


125 250 500 lk 2k 4k
Pessoa de pé 0,19 0,33 0,44 0,42 0,46 0,37
Músicos de orquestra,
incluindo os instrumentos 0,40 0,85 1,15 1,40 1,30 1,20
Cadeira de madeira, simples,
vazia ou pequena mesa 0,01 0,01 0,01 0,02 0,04 0,05
Cadeira de madeira,
simples, ocupada 0,17 0,36 0,47 0,52 0,50 0,46
Banco de igreja com
almofada, não ocupado 0,09 0,14 0,16 0,16 0,15 0,13
Banco de igreja com
almofada,ocupado 0,23 0,25 0,31 0,35 0,37 0,35
Carteira escolar, vazia 0,02 0,02 0,03 0,04 0,06 0,08
Carteira escolar, ocupada 0,18 0,24 0,28 0,33 0,37 0,39
Cadeira estofada de teatro,
vazia 0,33 0,33 0,33 0,33 0,33 0,33
Cadeira estofada de teatro,
ocupada ü,39 ü,38 0,38 0,38 0,42 0,42
Cadeira almofada revestida a
courc ou plástico, vazia 0,19 D,23 0,28 0,28 0,28 0,23
Cadeira é!lmofada revestida a
couro ou a plástico, ocupada 0,25 0,29 0,33 0,40 0,43 0,42
Apêndices - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 5 8 7

Apêndice VII
Valores Recomendados para Classe de Transmissão Sonora de
Paredes e Divisórias • CTS

CTS Condições de Privacidade


52 Conversação em voz alta inaudível
47 Conversação em voz alta fracamente audível
45 Conversação em voz alta com
muita atenção para escutar e entender
43 Conversação em voz alta audível com murmúrio
35 Conversação em voz alta audível e não inteligível
30 Conversação em voz alta e razoavelmente entendida
25 Conversação normal e facilmente entendida

Apêndice Vlll
Classe de Transmissão Sonora • CTS para Materiais de Construção
Mais Usados

j CTS ! Condições de Privacidade


40 Parede de tijolos de 4 pol.
42 Parede de bloco de concreto de 6 po).
58 Parede de concreto armado de 12 pol.
65 Parede dupla: tijolos de 8 pol. com
Cimara de ar de 2 pol e tijolos de 6 po).
25 Vidro de 1/4 pol.
30 Madeira compensada de 3/4 pol.
35 Aço de 1/4 pol.
588 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - A p ê n d i c e s

Apêndice IX
Perda de Transmissão Média (IMRR) Recomendada para Várias
Condições de Privacidade

\ IMRR \ Condição acústica da parede \ Classe


~ 30 - Conversação normal, é entendida Fraca
e facilmente intelegível
30-35 - Conversação em voz alta,
é razoavelmente entendida Razoável
- Conversação normal, é escutada
mas não facilmente entendida
35-40 - Conversação voz alta, é
escutada mas não é
facilmente intelegível Boa
- Conversação normal, é
fracamente escutada
- Conversação em voz alta, é
fracamente escutada Muito boa,
40-45 mas é intelegível recomendada
- Conversação normal, não em apartamentos
é audível
- Som alto (canto de voz humana, Excelente
::,_40 música, rádio), é fracamente (recomendado para
escutado sala de músicos,
estúdio de rádio,
boate, ... eto.)
ÍNDICE
A
Absorção,
de ruído em baixas freqüências . . . . .. . . . . . .. . . .. . . . . . . . .. . . 388
do som no ar ........................................... 229, 257
materiais de .. .. .. .. .. .. . .. .. .. .. . .. . . .. .. . .. . .. . 300, 583 a 586
medição com sistema computadorizado ................... 315
medição do coeficiente de .. .. .. .. .. .. .. . .. .. . .. .. .. .. .. .. . . 305
medição em câmara reverberante ......................... 313
medição em tubo de ondas estacionárias ............ 306
redução de ruído por . .. .. .. . .. .. . 277
Acelerômetro .. .. . .. .. .. .. .. . .. .. .. .. .. . 101
Acústica,
de salas cilíndricas ........... . 288
de salas retangulares 282
Amortecimento .................... . 129, 410
Analisadores,
de freqüência FFT ................... .. 116
de tempo real .. . .. .. . .. . .. ........ · · 117
Análise de sinais ...................... · · · · · · · · · 84
Atenuação de ruído,
com a distância ............... , ....... · · 224
com silenciador ......... , · ... , · · · · · · · · · · · · · · · · 339
efeito da vegetação ................ · .. .. 231
número único para protetores ... . 505
Atmosfera, • .
efeito das condições meteorolog1cas 230
76
Audiometria ......... , · · · ··· · · · · · · · · · ·· · · · ·
Audição, 72
conservação da · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·
critérios para perda de , · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 51
mecanismo de ······································· 46
perda da .................. · ...... · ................ · .. .... 46
proteção da . , · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 75
Avaliação,
curvas critérios para · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 61
curvas NR e NC · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · .. 63
curvas PNC . ······ ·· ·· ·· ··· ·· ·· ·· ··· ·· 65
de ruído ..... ·· · · · · · · · · · · · · · ·· ·· · ·· ·· · · · · · · · · · · · · · · · · ·· 53

589
B
B=du, ,
de freqüências (1/1 e 1/3 oitava) · · · · · · · · .. · · · · · .. · · · · · · · ·. 106
237
Barreiras .................. , .. ·· · · ·· · · · ·· · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·· · · · · · · ·
555
Bocais de jatos silenciosos .......... · . · · · · · · .. · · · · · · · · · · · · · · · · · · · .

e
Câmara anecóica,
medição de potência sonora em campo livre ............. 274
Câmara reverberante,
medição de potência sonora em campo difuso . . . . . . . . . . . . 258
medição do coeficiente de absorção em . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 313
Campo semi-reverberante,
medic;ão de potência sonora em .........................·. . 273
Choque,
isolamento d.e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 435
Circuito,
de compensação A,B,C e D . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Classe de Transmissão,
cálculo ....................................................... 214
de materiais ................................ _................ 587

Coerê~~~~~-~- ~i~i·s-ória~ _:: :: :: : : : : : : : :: :: : : :: : :: : : : : : : : : : : : : : : : : : . 5:~


Comun1cação verbais
e~eitos d? protetor na . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 524

~::~:::i:: d~ -~~di~ã~; ....... :::::::::::::::::::::::::::::::::::::


n1vel de mterferência na 59
12

programa de .. .. .. . . . .. .. .. . .. .. .. .. . . .. . . . . . .. . .. . . . . . . . . . . . . 72
Controle,

::;e::~-d~-.·.·. ·.·.·. ·. ·.·. ·.·.·.·.·.·. ·.·.·. ·.·.·.·.·.·.·. ·.·. ·.·. · . ·.·. ·.·.·. ·. ·. ·.·.·.·.·. ·.·. ·.·. ·. :::
ativo de ruido

Corpo humano, .. · · .. · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 529


efeito da vibração no
Correlação .................. : : :: :: ::: :: : : : : : : : : : :: :: :: : : :: : : : : : : :: :: : ::

590
Critérios,
curvas de avaliação de ruído NR e NC
63
curvas de ruído preferido PNC
65
e curvas para avaliação de ruído
61
para avaliação de ruído
53
Custos,
de controle de ruído
530

D
Decibel,
nível de intensidade sonora 6
nível de potência sonora 7
nível de pressão sonora 7
Densidade,
de energia da onda plana 20
de probabilidade 85
espectral 89
Dipolo 150, 269
Diretividade,
de fonte 37
índice de 37
Distribuição estatística no tempo: LN 58
Dose de ruído,
nível sonoro equivalente 56
Dosímetro 97

E
Enclausuramento,
amplo .. 534
compacto ... 537
controle de ruído por ... 531
parcial e barreiras 538
Engrenagens,
controle de ruído de caixas de 480
efeito da modificação do perfil dos dentes de ... 476
helicoidais 475
ruído e vibrações de 471

591
471
vibrações induzidas por
Erros, , . .... ..... ... 121
de iuedição de intensidade acushca
........... 53
Escalas para avaliação de ruído
..... 454
Espectro do ruído de motores
Extra-autivos,
efeito do ruído nos sistemas ................. 47

F
Filtros,
câmara de expansão 381
câmara de expansão dupla 384
câmara de expansão dupla com orificio 387
câmara de expansão simples 381
orifício na abertura lateral 371
orificio na direção de propagação 386
teoria geral de abertura lateral em dutos 371
tubo fechado na abertura lateral 380
Fluido,
comportamento elástico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Fonte sonora, 241
de ruído de ventiladores e exaustores 446
descrição da . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 244
diretividade de . . . . . . . 37
Freqüências,
características das salas cilíndricas 288
características das salas retangulares .. 282
isoladores de vibrações, efeitos de altas 423
Função Bessel 28, 34, 154, 289
Função Hankel 28, 154
...... 28, 154

G
Gravadores de fita .............. 115

592
H
Helmholtz,
equação de
34
ressonador de
368, 390
ressonador na abertu~~- i~~~·r·~j.
374
Higiene, com uso de protetores auditÍ~~·s· .
523

1
Impedância,
acústica específica 30
acústica específica da onda plana 23
de radiação 146
Impulso,
nível de pressão sonora [dB(impulsivo)] 56
Instrnmentos,
para medição de ruído 92
para medição de vibrações . 99
Intensidade,
acústica: 22
com dois microfones 118
crescimento da 250
das ondas acústicas 30
decaimento da 252
erros de medição de 127
instrumentos para medição de 92
medição da 119
medição de isolamento sonoro com medidor de 220
sonora próxima a uma fonte pistão 142
Isoladores de vibrações,
fundamentos de 408
outros fatores no projeto de 420
procedimentos simples de projeto 415
tipos e configurações de 427
Isolamento,
de choques 435
de vibrações - fatores no seu projeto . 420
número único para isolamento de ruído 213

593
J
Jatos, ............... , .. . 555
jatos livres . · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·. ~ .................. . 555
ruído aerodinâmico de · · · · · · · · · · · · · · · · · .......... . 555
ruído de .......... · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 558
silenciosos ...
....................................

M
Mancais, 488
planos ( de escorregamento)
ruído e vibrac;ões dos
483
Mapeamento,
de ruído ... ············· 72
Máquinas,
ruído das ..... 299
Materiais acústicos,
tipos de materiais de absorção ..... 329
Média 85
Média quadrática .... ········· 85
Medição de ruído,
instrumentos para . 92
Medidor,
de nível de pressão sonora .............. 97
de vibração . . . . .............. . 104
Metereológicas,
efeito das condições .............. 230
Microfones ........... 92
Modal,
densidade modal para salas cilíndricas 288
densidade modal para salas retangulares 282
Modelo computacional,
para predição de ruído 239
Monopolo · · · · · .......................... 132, 269
Motores elétricos,
espectro de ruído de ························· 454
fontes de ruído em .................... 450
redução de ruído em .. . ....................... 570
Motores a diesel,
ruído de .. . ......... 467

594
ruído de descarga com silenciadores de ... 468
ruído dos ventiladores de refrigeração de 468

N
Nível de ruído,
adição de 7
subtração de ...... . 9
Nível equivalente,
dose de ruído .......... . 56
Nível total,
de pressão sonora 55
Normas,
recomendações ISO R1996 e NBR 10151 62
Número único,
para atenuação do protetor 505
para isolamento acústico 213

o
Onda,
de flexão em uma placa 1€1
equação da onda em coordenadas cilíndricas 33
equação da onda em coordenadas esféricas 26
equação da onda plana 16
equação geral da onda ( coordenadas retangulares) 24
plana . . . . . . . . . . . . .. 20
Ondas acústicas,
de propagação tridimensional . . 24
de propagação unidimensional . . . 12
Ondas acústicas esféricas harmônicas 29
Ondas de pressão sonora 2
Ondas em dutos,
reflexão de 361
Ouvido,
externo 42
humano 42
interno
44
médio
... 44

595
p 397
Painéis com faces perfuradas 395
Painéis vibrantes tipo membrana
Parede, 210
composta 207
dupla ...
Parede oscilante, 193
transmissão através de
Parede simples, 186
perda na transmissão de
Parede vibrante,
196
transmissão através de
Perda de transmissão,
medição com duas câmaras reverberantes 217
217
medição da
efeito de aberturas e paredes compostas 210
Pico,
nível de pressão sonora [dB(pico)] 55
Pistão,
intensidade sonora próxima a uma fonte . 142
Placa,
onda de flexão em uma 161
Potência sonora,
de compressores axiais 464
de compressores centrífugos 463
de motores 454
determinação de 258
de válvulas 458
de ventiladores e exaustores 448
nível de ......... 35
predição do nível de ... 439
Pré-amplificadores 113
Predição de,
nível de potência sonora das máquinas 439
ruído por modelo computacional 239
Problemas na utilização dos protetores auditivos 523
Propagação,
da onda acústica unidimensional 12

596
do som ....................... ..
5, 223
em dutos retos ............................ ..
tridimensional do som · · · · · · · · · · · · · · 358
24
Programa de conservação da aud·i~i~. : 69
Proteção da audição ........... . 75
Protetores auditivos,
atenuação de ruído dos 500
desconforto do uso de 524
em ambiente industrial .. 514
funcionamento dos 493
número único para atenuação dos 505
problemas de utilização dos 523
tampão e concha usados simultaneamente 518
tampão do tipo descartável 496
tampão do tipo pré-moldado ..................... 498
tampão do tipo moldável 498
tipo concha 497
tipos de .. 496
tipos especiais 499

R
Radiação,
impedância de 146
Radiação de ruído, 125
de corpos cilíndricos 152
de ondas de flexão em uma chapa infinita 164
de placa vibrante 161
de uma casca finita 156
de uma casca infinita 154
de uma esfera pubante 131
de uma esfera vibrante 150
de uma placa finita 168
de um pistão 136
de um pistão nwna esfera 151
de um segmento de casca 158
Reação no pistão vibrante 144
Recomendações ISO R 1996 e NBR 10151 62
Recomendações para atenuação de ruído 171

597
Redução de ruído, 277
por absorção 570
em motores elétricos 486
produzido por rolamentos
Reflexão do som, ... 361
em dutos 184
na superfície de um sólido
74
Refúgios do ruído .
114
Registradores de níveis ......... · · · · · · · · · · · · · · · · ·
Ressonador de Helmholtz na abertura lateral
374
... 368, 390
Ressonadores de Hehnholtz
418
Ressonância de vibrações
365
Ressonância em dutos
Ressonâncias internas nos isoladores 423
Rigidez da base 419
Risco do ruído .. 73
Rolamentos,
elementos rolantes 482
redução de ruído produzido por ..... 468
ruído e vibrações dos 483
Rotatividade de função ..... 74
Ruído,
controle ativo de 396
controle de 74, 531
controle por enclausuramento ........... 533
curvas de avaliação de, ...... 63
curvas de avaliação de ruído NR e NC 63
curvas de ruído preferido PNC 65
curvas e critérios para avaliação de ruído 61
de computadores e iinpressoras ....... 547
de engrenagens 471
de impacto 211, 215
de motores diesel 467
de rolamentos e mancais 483
de torres de refrigeração 469
de turbinas a gás ... 465
de válvulas 455
dos compressores ...... 460
dos motores elétricos ...... . 450
dos ventiladores e exaustores 440

598
especificação de ......................... ..
Ruído aerodinâmico, . . . . .. . . . . .. . . . . . . . . .. .. . . . · · " " · ...... · 15
de jatos livres . .. . .. .. .. .. .. · · · · .............. · 555
proveniente da obstrução d~ ·fl~~~.. ························
......................... 559
555

s
Sala retangular com paredes absorventes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 291
Salas cilíndricas . .. . .. .. .. .. .. .. . .. .. . .. . .. . . . 288

!s&E•••••·•••••••·•••••• +•.·•••····IH
Sinais,
de alarme .................................................... 524
de ruído e vibrações .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
classificação de ............................................... 82
Sistema com vários graus de liberdade .......................... 412
Solução harmônica da equação da onda plana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Subtração do ruído de fundo .. .. .. . .. .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. .. .. 9
Supervisão e treinamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Suporte de engrenagens e modificação da carcaça .............. 476

T
Tampão do tipo descartável .. .. . .. .. .. .. . .. . .. .. .. .. .. .. .. . .. .. . . 494
Tampão do tipo pré-moldado .. . .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . .. .. .. .. . . 496
Tampão do tipo moldável ..... , ................................... 496
Tampão e concha usados simultaneamente . . . . . . . . . . . . . ..... 516
Transmissã?, , .
atraves de dous mems ................ - 179
através de parede oscilante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193
através de parede vibrante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 196
caminho de . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 242
do som através de três meios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187

::: :: ::::::!:~~~~·,·:·. ·. ·. ·. ·. ·. ·. ·. ·. ·. ·. ·. ·. ·.: ·. ·. ·. ·.: ·.: ·. ·. ·. ·. ·. ·. ·. ·. ·. ·. ·. ·. . :::


Tubo fechado na abertura lateral .. . .. .. .. . . . .. .. . .. . . . . . . .. .. 378

599
V'1vulas,
ruído de .. .... 455
Variância ..... .. .. 85
Vegetação,
efeito da 231
Velocidade do som nos fluidos ............... 4
Ventiladores,
ruído de .................. . ..................... 440
Vibração,
efeito da vibração no corpo humano .............. 65
medidor de .... 104
de engrenagens 471
isoladores de . 407

z
Zonas de risco de ruído e avisos de alerta. ...... 73

600
Edição e Distribuição
Centro Brasileiro de Segurança e Saúde Industrial

Impresso na Imprensa Universltdrfa da


Unive,sldade Federal de Santa Catarina
em Março de 1992
FloriandpoHs -Santa Catarina- Brasil

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