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228.02 ensino
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228
228.00 crítica
O capítulo brasileiro
Bruno Zevi e a
narrativa por uma
arquitetura orgânica
Karine Daufenbach
228.01 fotografia
Olhares sobre o Rio de
Janeiro através do
cotidiano da Favela
Nova Holanda
Cartaz da Exposição "Arquitetura e recursos naturais. Tipologias Luiza Xavier Pereira e
construtivas na América Latina". Trabalhos disponíveis em Fernando Betim Paes
https://arquiteturarecursosnaturais.wordpress.com/ Leme
Elaboração Maicon Rugeri [Acervo Andréia Moassab]
1/6 228.03 regionalismo
A efemeridade do
moderno e o valor de
novidade nas fachadas
de residências “Raio
que o parta” em Belém
PA
Desnaturalizando a neutralidade e universalidade científica Laura Caroline de
Carvalho da Costa e
É comum que o ensino de estruturas em cursos de Arquitetura e Urbanismo e Cybelle Salvador
de Engenharia Civil no Brasil esteja pautado por metodologias didáticas Miranda
verificativas abstratas, assentes demasiada ou exclusivamente em cálculos
matemáticos. Se na Engenharia tais metodologias encontram maior aceitação
e justificativa curricular, em Arquitetura isso é uma exceção. Persiste,
portanto, a questão acerca de quais saberes devem ser socializados e
construídos nestas distintas formações profissionais e de que forma eles
devem ser ensinados. No caso da Engenharia Civil, a especialização dos
conhecimentos e seu avanço exponencial verificado nas últimas décadas têm
gerado dúvidas com relação à possibilidade dos currículos acompanharem
esta crescente produção de conhecimento, sem estender o tempo de
formação. Na Arquitetura, a questão se concentra em saber como preparar a
(1) estudante para criar as soluções estruturais em sua prática
profissional, seja pela carga horária comparativamente reduzida de
disciplinas voltadas ao tema, seja por metodologias que não condizem com
as aptidões cognitivas da maioria das estudantes de Arquitetura (2).
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se sinta apta a assumir esta tarefa de forma natural e relacionada à sua
vivência profissional. Porém, tais experiências positivas estão longe de
representarem a maioria dos cursos de graduação no país (4). Permanece em
aberto o desafio para uma melhor adequação no ensino de sistemas
estruturais na área, sobretudo com a expansão da oferta de cursos,
acirrada na última década.
Neste sentido, não será suficiente a virada decolonial se ela não for
capaz de situar e rever o debate sobre tecnologia, produção tecnológica e
o ensino nestas áreas. Nosso argumento, portanto, se apresenta no limiar
de tensionamento entre a visão homogeneizadora da modernidade ocidental e
uma maior pluralidade do conhecimento, negando a neutralidade da produção
científica e tecnológica. O ensino de estruturas não pode estar apartado
do debate epistemológico que acompanha as ciências no século 21.
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dentro do marco conceitual adotado pela Rede de Tecnologia Social (13),
aponta caminhos para aquilo que podemos designar de “virada tecnológica”.
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antissísmicas. Este é o caso da Huaca de La Luna, um dos mais antigos
sistemas estruturais antissísmicos em adobe, construído pela civilização
Moche, entre os anos 200 a.C e 600 d.C. (21). Outro exemplo contemporâneo
é a pirâmide Huaca Pucllana, nas proximidades da capital peruana. Esta
construção de 25 metros de altura, pertencente à cultura Lima, foi
erguida com tijolos de adobe feitos a mão dispostos verticalmente e com
pequeno espaço entre eles, o que garante que a estrutura seja flexível e
permaneça ereta durante um abalo sísmico.
O alerta sobre esta questão já fora feito por Hassan Fathy, no continente
Africano entre os anos 1940-50, aquando a arquitetura moderna e o seu
correlato construtivo – o concreto armado – colonizaram definitivamente
os sistemas construtivos. O arquiteto egípcio dedicou sua vida e obra
para lutar contra a imposição do concreto armado como modelo de
desenvolvimento, já sob a égide do modernismo, no Egito daquele período.
Fathy percebeu que o novo modelo impunha uma dependência tecnológica ao
país, que não produzia nem cimento, nem aço. Na contramão das tendências
internacionais uníssonas, o arquiteto procurou resgatar técnicas
construtivas antigas, baseadas nos materiais e no saber local, então, em
fase de desaparecimento. Seu intenso trabalho nas comunidades rurais lhe
permitiu reconstituir uma técnica ancestral para a construção de abóbadas
e cúpulas de tijolo de adobe sem a necessidade de cofragem. Tal técnica
está registrada em seu livro (23), no qual também é narrado todo o
boicote da administração pública ao seu trabalho, em favor do concreto
armado.
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Neste contexto, o ensino de estruturas acaba se voltando mais para a
produção industrial em série e menos para a atuação atomizada e plural
dos canteiros de obras autoproduzidos e autoconstruídos comuns nas
periferias das cidades latino-americanas.
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As docentes do curso foram, em grande parte, concursadas para atuarem no
atelier integrado e num dos demais eixos de instrumentação, de modo que a
autora atua no Eixo de Instrumentação Crítica e o autor, no de
Instrumentação Técnica.
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áreas de conhecimento, teórico e tecnológico, comumente separadas – e
muitas vezes antagônicas – nas matrizes curriculares dos cursos.
Detalhe do mudhif
Foto Andréia Moassab
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estruturais e dos construtivos, procurando evidenciar a íntima relação
entre ambos. Nesta experiência, a intersecção dos conteúdos girou em
torno das estruturas recíprocas, por meio de modelagens e experimentações
e uso de maquetes físicas em escala reduzida e real.
Considerações finais
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modo de produção capitalista, a universidade é um dos lugares
privilegiados de produção e reprodução do paradigma cultural da
modernidade ocidental.
notas
1
Optou-se neste texto por substituir o genérico, que em português é masculino,
pelo feminino.
2
SARAMAGO, Rita. Ensino de estruturas nas escolas de Arquitetura do Brasil.
Dissertação de Mestrado. São Carlos, IAU-USP, 2011.
3
Idem, ibidem.
4
Idem, ibidem.
5
SANTOS, Boaventura. A Gramática do Tempo. 1ª edição. São Paulo, Cortez, 2006.
6
Idem, ibidem, p. 102.
7
Idem, ibidem, p. 157.
8
MARQUES, Luiz. Capitalismo e colapso ambiental. 1ª edição. Campinas, Editora
Unicamp, 2015.
9
BALLESTRIN, Luciana. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de
Ciência Política, n. 11, mai./ ago. 2013, p. 89-117.
10
Utilizada no sentido atribuído por Kenneth Frampton (citado por Izabel Amaral
em “Quase tudo que você queria saber sobre tectônica, mas tinha vergonha de
perguntar”. Revista pós, v.16, n. 26, dez. 2009), significando a “dimensão
material, construtiva e tátil da arquitetura”.
11
SANTOS, Boaventura. Um Discurso sobre as Ciências. 1 ª edição. São Paulo,
Cortez, 2003.
12
LANDER, Edgardo. La ciencia y la tecnología como asuntos políticos. Caracas,
Universidad Central de Venezuela, 1992.
13
DAGNINO, Renato. Tecnologia Social. 2ª edição. Campinas, Komedi, 2010.
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14
SARAMAGO, Rita. Op. cit.
15
JOVER, Jorge. La Ciencia y la Tecnología como procesos sociales. Havana,
Editorial Félix Varela, 1999.
16
FEENBERG, Andrew. Critical Theory of Technology. New York, Oxford University
Press, 1991.
17
FEENBERG, Andrew. Alternative Modernity. Los Angeles, University of California
Press, 1995.
18
DAGNINO, Renato. Tecnologia Social. 1ª edição. Campina Grande, Eduepb, 2014.
19
SANTOS, Boaventura. A Gramática do tempo (op. cit.).
20
Idem, ibidem.
21
CUNHA, José. A história das construções. Volume 1, 1ª edição. Belo Horizonte,
Autêntica, 2009.
22
MOASSAB, Andréia; CARDOSO, Daniel. Projeto Caipora: unidade habitacional
ribeirinha. Relatório técnico, 2004.
23
FATHY, Hassan (1969). Construindo com o Povo. 1ª edição. Rio de Janeiro,
Forense Universitária, 1980.
24
CAMPOS, Pedro. A ditadura dos empreiteiros. Tese de doutorado. Niterói, PPGH-
ICHF-UFF, 2012.
25
UNITED NATIONS. Press Briefing by Special Rapporteur Right to Adequate Housing,
United Nations, Nova York, 11 mai. 2005
<www.un.org/press/en/2005/kotharibrf050511.doc.htm>.
26
MENEGAT, Elizete. Crise urbana na atualidade. In Encarte Clacso. Cochabamba,
Clacso, 2009.
27
ARRUDA, Ângelo. Assistência técnica: sonho e realidade chegam. Federação
Nacional dos Arquitetos e Urbanistas, Porto Alegre/Brasília, 22 nov. 2008
<http://www.fna.org.br/2008/11/22/assistencia-tecnica-sonho-e-realidade-
chegam/>.
28
Unila. Projeto político-pedagógico do curso de arquitetura e urbanismo. Foz do
Iguaçu, CAU Unila, 2014, p. 5
<https://unila.edu.br/cursos/arquiteturaeurbanismo>
29
MOASSAB, Andréia. Por um ensino insurgente fincado no seu tempo/espaço. In 32ª
Ensea, Goiânia, PUC-GO, 2013.
30
Ver relato específico em: CUNHA, Gabriel; SILVA, Marcos. Canteiro Experimental.
In 7o Seminário Projetar, Natal, Darq-UFRN, 2015.
31
LANDER, Edgardo. Op. cit.
32
MOASSAB, Andréia. Brasil Periferia(s). A comunicação insurgente do Hip-Hop. São
Paulo, Educ/Fapesp, 2012.
33
BELLEI, Sérgio. Universidade, mercado e crise do pensamento. In RISTOFF, Dilvo;
SEVEGNANI, Palmira (Org.). Universidade e compromisso social. 1ª edição.
Brasília, Inep, 2006, p. 53-64.
34
SANTOS, Boaventura. Pela Mão de Alice. 10ª edição. São Paulo, Cortez, 2005.
sobre os autores
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11/09/2019 arquitextos 228.02 ensino: Descolonizando o ensino de estruturas em arquitetura | vitruvius
Gabriel Cunha é Arquiteto e Urbanista, mestre e doutor em Arquitetura e
Urbanismo pela USP São Carlos (2014). Docente na área de Tecnologia do curso de
arquitetura e urbanismo da Unila.
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