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INSTITUTO DE MATEMÁTICA
Vandoir Stormowski
Stormowski, Vandoir
por
Vandoir Stormowski
Banca examinadora:
Dissertação apresentada em
17 de outubro de 2008.
AGRADECIMENTOS
Brietzke por ter me orientado durante estes anos de mestrado, sempre me incentivando,
À professora Dra. Maria Alice Graviana por ter sido responsável pela se-
mente, a idéia inicial, que gerou esta dissertação, pelo incentivo durante estes anos de
À professora Dra. Maria Paula Fachin, que com suas aulas contribuiu signi-
implementação das atividades e por ter disponibilizado sua estrutura para que ela acon-
tecesse. Aos alunos que participaram das atividades, propiciando este trabalho.
À minha esposa Marcia, que durante estes anos foi muito mais do que com-
panheira e parceira.
E por último, mas de maneira muito especial à UFRGS e todo corpo docente
do Instituto de Matemática. Meus pais e minha família são responsáveis pela pessoa que
sou, mas todo o resto devo à formação prossional que recebi nesta instituição. Se hoje
tenho uma prossão, se tive oportunidade de estudar num curso superior, foi por causa de
sociais e econômicas. É nisso que continuo acreditando e é por isso que agradeço.
V
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . IX
RESUMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XII
ABSTRACT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XIII
1 APRESENTAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
3 ELABORAÇÃO DA ATIVIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.2.1 MVT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.2.3 Shapari . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.2.4 GeoGebra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
VI
4 A MATEMÁTICA ENVOLVIDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
4.1.3 Vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4.2.1 Translação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4.2.2 Rotação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.2.3 Reexão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4.2.4 Homotetias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.2.5 Cisalhamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
5 APLICAÇÃO E REALIZAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
6.4 A entrevista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
7 COMENTÁRIOS FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
LISTA DE ABREVIATURAS
PCN Parâmetros Curriculares Nacionais
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul
CAp Colégio de Aplicação da UFRGS
MEC Ministério da Educação
NCTM National Council of Teachers of Mathematics
PCNEM Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
PNLD Programa Nacional do Livro Didático
PNLEM Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio
MVT Mathematical Visualization Toolkit
EC Enriquecimento Curricular
PUCRS Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
PUCSP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
USP Universidade de São Paulo
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
IX
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.3 Exercício da página 202 da obra de Youssef, Soares e Fernandes (2004). 15
RESUMO
exão sobre uma sequência didática para o estudo de matrizes a partir de transformações
que as denições das operações entre matrizes e suas respectivas propriedades, a partir
processo histórico da denição e obtenção destes conceitos. Além disso, apresenta algu-
conhecimento matemático envolvido no tema, de modo que sirva de base para o docente
geométricas, fractais
XIII
ABSTRACT
This work has as its main goal the formulation, implementation and contem-
The didactic sequence intends to propitiate the student a study which justies the deni-
tions of operations between matrices and their respective properties, from the observation
and analysis of some geometric transformations, so that they are able to redo the histori-
cal process of the denition and the acquisition of these concepts. Besides that, it shows
some activities to the application of matrices, in which the composition and iteration of
The text also shows an analysis of the references about the teaching of matri-
ces and the geometric transformations. We delimited and justied our teaching proposal
by staring with orientations of ocial documents and showing a series of studies about
the theme. Besides that, we show an excerpt about the mathematical knowledge involved
in the theme, so that it can be used as basis to the teacher who decides to implement the
transformations, fractals
1
1 APRESENTAÇÃO
muita empolgação, muito entusiasmo, com reexões sobre diversos tópicos relacionados
assunto explorar como objeto de estudo do mestrado. Com o andar das atividades, certo
dia nos foi solicitado que escrevêssemos sobre o tema que pretendíamos pesquisar, e assim
1
foi feito. Dias depois a professora Maria Alice Gravina nos encontrou na sala de aula, e
2
nos fez perceber que estávamos pensando em algo muito elementar e já muito discutido ,
com o que concordamos prontamente. Depois de conversarmos um pouco, nos sugeriu dar
3
uma olhada no tema Fractais e Teoria do Caos . Este tema poderia ser algo interessante
outros temas escolares que na sua maioria possuem séculos de desenvolvimento. Aceita
à Geometria Fractal e processos iterativos, deixando o Caos para trás. Denido um tema
mais detalhada da proposta em questão, observamos que a mesma era bastante ampla
alguns dos pré-requisitos que precisariam ser abordados: transformações geométricas, re-
Focamos nossa atenção nesses tópicos e percebemos que eles não são nor-
Curriculares Nacionais (PCN), como comentamos no próximo capítulo, e que seu estudo
seria um tema muito interessante para ser implementado em sala de aula. Achamos en-
tão que apenas estes pré-requisitos destacados já seriam o suciente para nos determos
naquele momento. Decidimos pela abordagem das transformações geométricas e sua re-
presentação matricial, e a partir destas gerar algumas guras fractais. Deste modo, o
centro das atividades passou a ser as transformações geométricas e sua representação ma-
tricial e, então, tentar dar um signicado mais real para as operações entre matrizes além
de ser o centro das atenções didáticas, e se constituíram mais como uma aplicação, uma
pelos PCNs como um tema de abordagem desde as séries nais do Ensino Fundamental
até o Ensino Médio, e no entanto as mesmas são quase que esquecidas inclusive pelos
livros didáticos que apenas recentemente resolveram abordar o assunto, mas ainda de
- o estudo de matrizes em geral não possui uma aplicação real que possa
justicar sua abordagem em sala de aula. Na maioria das vezes as operações de adição
multiplicamos linhas por colunas? Qual a origem desta forma estranha de multiplicarmos
abordagem da geometria, que neste nível, muitas vezes ca restrita ao cálculo de áreas de
superfícies e volumes de sólidos. Ao mesmo tempo propicia uma abordagem que relaciona
geometria e álgebra, tópicos que quase sempre são estudados de forma muito estanque no
Esperamos que a atividade seja um eixo que tenha diferentes ramicações que possibilitem
a interligação entre outros tópicos como: iterações, conceito de innito, fractais, áreas,
propor uma atividade que interligue diversos conceitos e abordagens, contrapondo com o
tos de modo geral pouco abordados na escola, mas que devem receber mais importância
algébricas e geométricas, e que propicie a conexão entre áreas de modo geral estudadas
4 Chamamos por sequência didática uma sequência de atividades planejadas para a sala de aula, e que
estejam encadeadas ou relacionadas entre si.
1 Apresentação 4
Para que se tenha uma visão geral de como este texto está organizado, fare-
e a sua respectiva adoção nos livros didáticos publicados. São apresentados também
dade da sequência didática. Acompanha ainda uma seção sobre os recursos de informática
tulo 6 apresentamos uma análise para avaliação e/ou validação da sequência didática
consequente reexão.
5
estas relações, que o tema desta dissertação possui com a bibliograa conhecida, que
nos escritos que tratem de tópicos que envolvam as questões curriculares, pedagógicas e
4 deste texto.
Além desta análise de como os tópicos centrais deste trabalho estão referenci-
das concepções pedagógicas que nortearam nosso estudo. Apresentaremos qual a concep-
tos e estudos a aqueles que se referem a matrizes e transformações, dada a sua importância
neste estudo, mesmo que o tema possua outras relações que não serão estudadas aprofun-
1
dadamente aqui .
res Nacionais (PCN) divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) por se tratarem de
1 Este é o caso do tópico fractais que permeia toda a atividade mas não é o centro da mesma. Estes
e outros tópicos como as progressões, o conceito de dimensão, e o estudo de áreas serão eventualmente
mencionados mas não estudados aprofundadamente neste capítulo, pois não se constituem como centro
deste estudo.
2 Os escritos sobre o tema e as concepções pedagógicas da proposta 6
sável pela educação no Brasil. Aproveitamos também para fazer um rápido paralelo com
as indicações para o ensino de matemática nos Estados Unidos, encontrados nos Princi-
ples & Standards for School Mathematics publicados pelo National Council of Teachers
of Mathematics (NCTM). Para complementar, analisamos também algumas dissertações
de alguns livros didáticos em relação ao tema, para que possamos vericar quais das
orientações dos documentos ociais e demais estudos estão atingindo de fato a sala de
aula, considerando que muitos destes livros didáticos são utilizados como livro-texto nas
escolas.
modo, mesmo que a atividade tenha sido proposta para alunos do Ensino Médio, começa-
2
mos nossa análise pelos Parâmetros Curriculares do terceiro e quarto ciclos da educação
básica.
transformação, ampliação e redução (BRASIL, 1998, p. 65). Para o quarto ciclo, notamos
para este ciclo que o aluno consiga interpretar e representar a localização e o desloca-
mento de uma gura no plano cartesiano (BRASIL, 1998, p. 81), e também produzir e
1998, p. 82).
2 Nos PCN o termo terceiro ciclo é utilizado para indicar a 5a e a 6a séries, e o quarto ciclo corresponde
a a
a 7 e a 8 séries. Com a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos, algumas escolas estão
o o o o
denominando estas séries de 6 e 7 ano e 8 e 9 ano, respectivamente.
2 Os escritos sobre o tema e as concepções pedagógicas da proposta 7
3
os Parâmetros Curriculares por diversas vezes mencionam as transformações geométricas ,
dando uma grande importância para o assunto, e dedicando uma página completa para
4
relatar a importância de sua abordagem em sala de aula, conrmado no seguinte extrato :
mente indicado pelos documentos ociais para o Ensino Fundamental. Vejamos agora o
Além de outras concepções, uma das idéias dos documentos ociais é que no
mento matemático dos quais devem ter se aproximado no Ensino Fundamental (BRASIL,
estudo das transformações geométricas. Mas não é isso que se verica. Nos PCNEM
não há uma referência explícita às transformações geométricas como ocorre com os docu-
mentos para o Ensino Fundamental. Isto talvez aconteça pela característica diferenciada
dos dois documentos. No documento para o Ensino Médio os conteúdos são abordados
de forma bem geral e aberta, não abordando conceitos especícos como o que ocorre no
documento para o Ensino Fundamental. Talvez por isso tenham sido editados dois do-
3 Veja o capítulo de matemática para terceiro e quarto ciclos dos Parâmetros Curriculares (BRASIL,
1998) nas páginas 65, 73, 81, 123 e toda a página 124.
4 O mesmo texto ainda destaca que esta abordagem para estudar semelhança utilizando transformações
geométricas, é preferível à comumente usada onde a semelhança é denida a partir de triângulos, e outras
guras poligonais não são estudadas.
2 Os escritos sobre o tema e as concepções pedagógicas da proposta 8
plano (BRASIL, 2006, p. 94), e a eventual abordagem de simetrias como assunto para a
tando com reiterada referência no documento para o Ensino Fundamental é também per-
cebida por Cerqueira (2005, p. 28), que arma que o fato está relacionado com a diferença
referência direta ao tópico das transformações, mas indica-se o uso das propriedades
2002, p. 125) que de acordo com os parâmetros para o Ensino Fundamental devem ser
Ensino Médio haja um aprofundamento das idéias e conceitos estudados no nível anterior
(BRASIL, 2002, p. 124), é natural concluir que os conceitos geométricos acima citados
5
E as matrizes? Evidentemente não são mencionadas para o Ensino Fun-
tabelas (BRASIL, 1998, p. 74), o que consideramos ser uma preparação para o estudo
posterior de matrizes, já que estas na maioria das vezes são estudadas com uma introdução
6
via abordagem de tabelas .
gerais sem detalhar tópicos especícos, neste documento também não aparece a menção
explícita ao termo matriz, bem como também não nos documentos complementares. Em
estudo de funções.
5 O termo matriz não aparece nas orientações curriculares para o Ensino Fundamental, pois o mesmo
não costuma ser utilizado neste nível.
6 Para mais detalhes sobre o estudo de matrizes via tabelas, veja esta dissertação a partir da página
13.
2 Os escritos sobre o tema e as concepções pedagógicas da proposta 9
associação, que nos documentos brasileiros não é abordada com muitos detalhes, é descrita
de forma bem mais direta, objetiva e detalhada nos Standards7 dos Estados Unidos,
9
alunos consigam
Este documento é tão mais detalhado que chega ao ponto de mostrar exem-
plos de atividades, e indica que o aluno deve aprender a representar estas transformações
com matrizes, explorando as propriedades das transformações usando papel gráco e fer-
10
zes de transformações corresponde a compor as transformações representadas (NCTM,
2000, p. 314). Este grande detalhamento apresentado pelo documento americano con-
utilização de simetrias para analisar situações matemáticas como um dos quatro objetivos
11
do estudo de geometria em todos os níveis escolares da educação básica desde a pré-escola
(NCTM, 2000, p. 97). Ou seja, as transformações geométricas são indicadas para estudo
no ensino secundário.
otecas on-line tais como PUCRS, PUCSP, USP, UNICAMP e outras. As obras aqui
mencionadas foram destacadas por possuírem alguma relação com a abordagem do ensino
12
O estudo de Cerqueira (2005) apresenta dados sobre a inserção das isome-
pelos livros didáticos. Verica que há uma ruptura de abordagem das isometrias se com-
faz de livros didáticos, observa uma grande diferença de abordagem entre as coleções,
quer é mencionado. Ainda apresenta uma sequência de atividades que foram planejadas
de ensino do conceito de matrizes para o Ensino Médio, Sanches (2002) destaca que a
problema que pudessem ser resolvidas com o apoio de matrizes. Sugere situações de
com os alunos:
matrizes, como citado acima, foca a sua análise na abordagem conceitual das matrizes.
didáticos, mas não aparece nas atividades propostas pela autora. O tema conceito de
13
sertação de Eberson (2004) que apresenta atividades para construção de fractais em
omeTricks. As atividades estão baseadas em iterações que geram fractais, de modo que
poucas referências são feitas às matrizes envolvidas. Em uma das atividades propostas
aos alunos, as matrizes são informadas previamente, e indica-se o seu uso para a criação
Com isto pretendemos ter realizado uma síntese sobre os estudos realizados
transformações geométricas aparece em vários outros estudos, além dos que foram aqui
14 15 16
apresentados, como os de Vaz (2004), Accioli (2005), Mega (2001), dentre outros,
utilizando da representação matricial e, por isso, não foram aqui pormenorizados. Quanto
ao tema matrizes e seu ensino, vericamos que existem poucos estudos realizados em cursos
17
de aula, decidimos analisar coleções de livros didáticos : duas do Ensino Fundamental
e cinco do Ensino Médio. Todas as coleções analisadas neste texto foram avaliadas e
18
Livro Didático para o Ensino Médio (PNLEM).
CELOS, 2006), que se destina aos quatro últimos anos do Ensino Fundamental, verica-
mos que a única menção às transformações geométricas ocorre no último volume, quando
19
é utilizado um único exemplo de ampliação para introduzir o conceito de semelhança.
20
Há também três exercícios para aplicação de ampliações e reduções de guras . Não é
21
utilizado o plano cartesiano nesta abordagem, embora o livro já o tenha utilizado an-
(IEZZI; DOLCE; MACHADO, 2005), que aborda a ampliação e redução de guras com
22
papel quadriculado em alguns exemplos e exercícios do último volume, mas também sem
17 O leitor poderá encontrar a análise de outras coleções de livros didáticos em diversas dissertações,
como por exemplo na de Cerqueira (2005, p. 30-62) que traz uma análise de quatro coleções de livros
didáticos em relação a abordagem de isometrias (transformações geométricas que preservam ângulos e
distâncias). Sanches (2002) também traz uma análise detalhada de seis livros didáticos.
18 Para mais detalhes veja o Guia de livros didáticos de 2008 do PNLD (BRASIL, 2007), e o catálogo
do PNLEM de 2006 (BRASIL, 2004) e de 2009 (BRASIL, 2008). Estes documentos estão disponíveis em
http://www.fnde.gov.br O catálogo do PNLEM de 2009 traz comentários sobre oito obras recomendadas
para aquisição pelo PNLD, e três delas foram analisadas para esta dissertação. O Catálogo do PNLEM
de 2006 apresenta onze obras avaliadas, e duas delas foram analisadas neste texto. Já o Guia do Livro
Didático de 2008 do PNLD para o Ensino Fundamental, traz a resenha de dezesseis obras, e duas delas
foram analisadas para este estudo. Tanto o PNLD quanto o PNLEM são instrumentos do Fundo Nacional
de Desenvolvimento da Educação (FNDE) do MEC, responsável pela alocação dos recursos federais na
educação.
19 Veja o volume 4 da obra de Andrini (2006) na página 142.
20 Veja o volume 4 da obra de Andrini (2006) nas páginas 144 e 145.
21 No exemplo e em um dos exercícios é utilizado papel quadriculado, mas sem a indicação de
coordenadas.
22 Veja o volume 4 da obra de Iezzi (2005) na página 111.
2 Os escritos sobre o tema e as concepções pedagógicas da proposta 13
aplicação de matrizes para estabelecer se há vôos diretos entre duas cidades, controle
um bimestre com pesos diferentes para cada nota, e a média do aluno é obtida como a
multiplicação das matrizes de notas e pesos. Gostaríamos de salientar que, além de não
23
tempo conhecido e resolvido de outra maneira pelos alunos . Abordagens deste tipo,
quando os alunos já possuem solução mais simples, costumam sofrer rejeição em sala de
aula.
dução de itens diferentes por uma indústria, com respectivo custo, número de acessórios,
ou outra relação com os itens produzidos, com o objetivo de que se obtenha determinadas
é realizada.
Outra obra para o Ensino Médio analisada foi a coleção de Longen (2003)
exemplo da gura 2.1, mas parece que o próprio autor não tem muita convicção na clareza e
objetividade pedagógica do exemplo, pois na margem do livro para o professor destaca que
o mesmo deverá ser amplamente discutido para que se possa compreender o procedimento
para que o aluno treine o processo de multiplicação. Os exercícios em sua maioria são
pois apresentam situações que de modo geral não necessitam de matrizes para serem
abordadas, como:
Novamente problemas que podem ser resolvidos com média ponderada, estu-
transformações geométricas.
24
A obra de Youssef, Soares e Fernandez (2004) apresenta o estudo de matri-
zes totalmente via denições algébricas com exemplos e exercícios totalmente abstratos,
Figura 2.3: Exercício da página 202 da obra de Youssef, Soares e Fernandes (2004).
o conceito de matriz a partir de uma tabela contendo as informações sobre pixels de uma
exemplos como a pontuação de uma equipe de futebol que pode ser obtida pela multi-
plicação de vitórias, empates e derrotas, pela respectiva pontuação por jogo, semelhante
25
a autor também apresenta duas páginas com a aplicação de matrizes na computação
gráca, analisando rotações, escala e translação, e a composição destas que é obtida com
26
a multiplicação das matrizes correspondentes . Destacamos que é a única obra em que
lações são apresentadas como aplicações das matrizes, e não como ponto de partida para
dos, comparados com o que observamos nos livros didáticos, passamos a referir e salientar
gestão de uma sequência didática ocorre pois se pretende apresentar algo de diferente.
São exatamente algumas destas intenções, que consideramos diferenciadas, que passamos
a elencar.
estudo de conceitos via abordagem histórica. Cabe destacar que não é o fato de citar
datas e nomes, mas de propor a atividade de modo que se refaçam os passos na obtenção
original e histórica destes conceitos. Isto porque, de acordo com os PCN, a História
27
da Matemática pode oferecer uma importante contribuição ao processo de ensino e
aprendizagem e em muitas situações [...] pode esclarecer idéias matemáticas que estão
sendo construídas pelo aluno, especialmente para dar respostas a alguns `porquês' e,
desse modo, contribuir para a constituição de um olhar mais crítico sobre os objetos de
conhecimento (BRASIL, 1998, p. 42, 43). Com o estudo das transformações geométricas e
perceber que as operações entre matrizes não foram denidas de forma arbitrária, mas
ção. Estes exemplos propostos são frágeis e articiais, pois propõem situações de uso
da multiplicação em problemas que possuem abordagem mais óbvia e simples sem o uso
27 Destacamos que de fato isso pode ocorrer em muitos casos mas não sempre, poi existem situações
que o processo histórico é muito laborioso e complexo.
2 Os escritos sobre o tema e as concepções pedagógicas da proposta 17
de matrizes. É para contrapor estas situações que propomos o estudo das transforma-
28
ções geométricas, fonte e origem das operações matriciais denidas por Arthur Cayley .
gráca e geométrica.
tem esta forma estranha?, poderíamos denir a multiplicação de matrizes de outra ma-
neira?, etc.
ceitos que muitas vezes não são abordados no Ensino Médio: os fractais (como tema com-
29 30
mações geométricas, destacamos que de acordo com estudos de Mabuchi (2000) e Luz
(2007), o assunto está negligenciado nas salas de aula e na maioria das obras didáticas,
embora há muito tempo faça parte de propostas curriculares no Brasil e em outros países
(MABUCHI, 2000).
ca por considerarmos que o ensino de geometria é por vezes negligenciado ou reduzido
no Ensino Médio, sendo que muitas vezes se resume a cálculos de áreas e volumes de
31
alguns sólidos . O abandono do ensino de geometria já é bastante conhecido, estudado
32
e conrmado no estudo de Pereira (2001) que apresenta oito dissertações sobre o tema.
28 Para mais detalhes sobre os estudos de Cayley, veja as páginas 58 a 64 deste texto. Cabe ainda
destacar que as primeiras referências ao que chamamos hoje de matriz, ocorre bem antes de Cayley. Um
livro chinês de mais de 2000 anos, apresenta um problema com um sistema de equações do 1
o grau, que
é resolvido com operações sobre os coecientes do sistema, dispostos numa tabela (Veja mais detalhes na
obra de Boyer (2003).). O destaque de Cayley está na elaboração da estrutura algébrica das matrizes.
29 Estudo com o título de Transformações geométricas: a trajetória de um conteúdo ainda não incor-
porado às práticas escolares nem à formação de professores.
30 O título da dissertação é Um estudo sobre o ensino de transformações geométricas: da reforma da
matemática moderna aos dias atuais.
31 E mesmo estes cálculos apresentam muito mais uma conotação algébrica, na obtenção e aplicação de
fórmulas, do que de fato uma interpretação ou raciocínio geométrico.
32 O título do estudo é A geometria escolar: uma análise dos estudos sobre o abandono de seu ensino.
2 Os escritos sobre o tema e as concepções pedagógicas da proposta 18
o que passa a conrmar o que observamos na nossa análise em relação à ausência das
que na maioria das vezes são abordados separadamente: matrizes e geometria. Esta
abordagem possibilita ao aluno construir uma visão sistemática das diferentes linguagens
p. 125) o que não deixa de ser uma abordagem interdisciplinar, ou pelo menos vai contra
33
um currículo fragmentado e linear estabelecido.
uma novidade ou uma estratégia diferenciada, mas como um recurso que deve fazer parte
do leque de opções do docente tal qual fazem parte o giz, o livro didático, o projetor,
o jogo, etc. E desta forma, as atividades devem ser desenvolvidas com os recursos que
melhor se adequam a cada momento. Neste contexto, a atividade proposta neste trabalho
aula comum.
ocorrer com total naturalidade pelos docentes, ou serão atropelados pelo processo e inúteis
na sua prossão (1996, p. 60). Destacamos o forte apelo didático que os recursos de
e métodos.
entações dos documentos ociais encontradas nos Parâmetros Curriculares e textos com-
plementares. Os objetivos gerais para cada nível, série ou disciplina, muitas vezes são
33 Para o leitor que, além de utilizar a geometria analítica para relacionar geometria e álgebra, estiver
interessado numa abordagem histórica para este conceito, veja o estudo de Franzon (2004).
2 Os escritos sobre o tema e as concepções pedagógicas da proposta 19
na escolha dos objetivos e métodos aumenta. É importante notar que estes componentes
currículo que se concretiza em sala de aula, decorrente das escolhas da unidade escolar e
do próprio professor.
Quanto aos métodos é que vemos a maior liberdade de escolha para o profes-
sor. É claro que se deve considerar questões gerais de metodologia, no entanto observamos
que é neste componente que o docente possui maior autonomia na caracterização da me-
bora se possa considerar uma listagem de conteúdos predenida pelos livros didáticos,
pelos vestibulares, ou mesmo pela herança cultural34 , percebemos que o professor faz es-
colhas quando dene quais conteúdos terão maior ou menor ênfase durante o ano, e mesmo
aqueles que serão abandonados por falta de tempo. São opções e escolhas do docente que
compõem um currículo.
cial de um tema permitir conexões entre diversos conceitos matemáticos e entre diferentes
no processo de ensino e aprendizagem que devem nortear as escolhas dos docentes. Pen-
samos que a sequência didática proposta possui este potencial para interligar conceitos e
conteúdos e, por isso, pode integrar as escolhas de conteúdos e metodologias que o docente
faz.
A sequência didática que propomos não espera que o professor abandone ou-
tros conteúdos, mas que possibilite o acréscimo e o resgate de conceitos quase esquecidos
34 Estamos chamando de herança cultural o fato de conteúdos ou conceitos serem abordados por herança,
de um ano para outro, de professores mais experientes para mais jovens, ou apenas porque sempre foi
assim.
2 Os escritos sobre o tema e as concepções pedagógicas da proposta 20
35
do futuro , são mais interessantes para o jovem (D'AMBROSIO, 1996, p. 59) e seus
histórica das operações e sua relação com as transformações geométricas, o estudo das
propriedades das operações matriciais através das transformações, e propiciando uma apli-
cação do conceito de matrizes que vá além dos exemplos superciais dos livros didáticos.
é armativa e esta é uma situação que ocorre com a coleção para o Ensino Médio de
Vasconcellos, Scordamaglio e Cândido (2004), onde os autores optaram por não tratar
do estudo de matrizes. No entanto, caso se opte por discutir o conceito, que é o que
nós defendemos, que esta discussão seja feita por uma abordagem que propicie, além
algébricos.
Uma das formas de currículo que a sequência didática deste trabalho visa se
opor, é o currículo linear ou sequencial, onde os conteúdos são tratados de forma isolada
e compartimentada.
(2000), formado por diversos pontos (conteúdos, conceitos) interligados por caminhos
(relações) que não sejam únicos. Esta forma de conceber o currículo propicia a rela-
ção entre diferentes áreas da matemática ou de outras disciplinas, ao mesmo tempo que
35 Nos parece que a expressão mais adequada seria matemática em desenvolvimento recente ou ainda
em desenvolvimento.
2 Os escritos sobre o tema e as concepções pedagógicas da proposta 21
Deste modo, a sequência didática sugerida possui um eixo que parte das
transformações geométricas e vai até a geração de algumas guras fractais, de modo que
está interligada com uma série de outros conceitos matemáticos, que podem ser mais
A gura 2.4 acima apresenta a referida rede curricular para nossa sequência. As elipses
conceitos nos retângulos não foram abordados na nossa implementação, mas são sugestões
para o futuro.
É claro que esta rede pode e deve sofrer modicações em cada aplicação e
trabalho da dissertação.
2 Os escritos sobre o tema e as concepções pedagógicas da proposta 22
ramos que cada prossional tem liberdade na denição desta, no entanto, optamos por
apresentar a que julgamos mais adequada dada a característica da atividade, e que foi
36
para duas horas-aula cada. Cada atividade é apresentada ao aluno em papel impresso ,
de modo a reduzir o tempo com cópias do quadro-negro. Cada atividade foi planejada em
três momentos. Iniciamos com um momento para a orientação geral da tarefa por parte
professor atua como motivador e questionador. Sugerimos que o docente não apresente
respostas prontas, mas que provoque reexões que possam levar à solução da dúvida entre
resultados obtidos por cada aluno ou dupla, de modo que os alunos apresentem suas idéias
conrmar ou refutar resultados, mas motivar discussões que conduzam para os resultados
corretos, e apenas no nal fazer um rápido resumo das idéias principais apresentadas.
dos alunos, valorizando o trabalho e a participação de cada um. Desta maneira, o aluno
passa a fazer parte de fato da sala de aula, e não apenas está ali como ouvinte ou cumpridor
de ordens.
didática para o ensino de matrizes, optamos pela engenharia didática dadas as suas ca-
racterísticas que são destacadas por Artigue (1996, p. 196): um esquema experimental
36 No caso da nossa implementação da sequência didática, as folhas entregues para cada aluno eram
posteriormente recolhidas para servirem de subsídio para análise posteriores e avaliação de nosso trabalho.
Em futuras aplicações o material cará com o aluno.
2 Os escritos sobre o tema e as concepções pedagógicas da proposta 23
prática de ensino. A própria sala de aula e o fazer do professor são integrantes do processo
i. Análises prévias;
costuma ser externa, ou seja, ocorre com a comparação com turmas experimentais e gru-
prévias foram realizadas no início deste capítulo quando foram analisados documentos
ociais e estudos anteriores, apresentando as orientações gerais para o ensino dos temas
análise a posteriori está apoiada nos dados observadas e atividades dos alunos recolhidas
durante a implementação da sequência didática.
3 ELABORAÇÃO DA ATIVIDADE
planejadas e elaboradas antes da aplicação. É claro que não se pretendia que fosse um
mações geométricas, com o objetivo último de gerar algumas guras fractais a partir de
processos iterativos com o uso de alguns aplicativos computacionais que serão apresenta-
dos posteriormente.
geral não são estudadas no ensino médio. Pretende ser uma forma de justicar o estudo de
matrizes. Entendemos que o professor deve atuar de modo que os próprios alunos cheguem
plano cartesiano e com a consequente análise da relação entre coordenadas dos vértices
rações entre matrizes e também obter algumas guras fractais em softwares especícos.
tada, surgiu durante a leitura dos artigos de Glucho (2006) que apresenta algumas pos-
e de Bannon (1991) que relata o uso de transformações geométricas para gerar fractais.
Junto com os artigos, vericamos que os Standards também faziam uma referência ex-
Além disso, é muito importante destacar que a obra Fractals for the Classroom de Peit-
gen et al. (1999) foi grande fonte de inspiração para as atividades aqui propostas, dado
3 Elaboração da atividade 25
que apresenta diversas atividades relacionadas ao tema fractais, sendo que algumas delas
elaboração das atividades e os objetivos que pretendem ser alcançados com a mesma.
tenha dúvidas em relação a algum conceito comentado, poderá obter estas informações
1
no capítulo 4, página 40 deste texto.
que cada uma pudesse ser desenvolvida em duas horas-aula. No texto que segue, as
das atividades. Optamos por apresentar no texto apenas uma idéia geral de cada atividade
primeira etapa da sequência didática não sugerimos o estudo da translação, o que ocor-
rerá na atividade 6 a presentada na página 36. Este bloco de atividades, conforme citado
1 Optamos por apresentar a fundamentação matemática dos conceitos envolvidos, depois da apresenta-
ção das atividades, pois consideramos que seria mais didático primeiro apresentar um motivo para estudar
uma série de conceitos que estão relacionados com a atividade. Isto fará com que o leitor perceba, no
momento da leitura da fundamentação matemática, a necessidade da apresentação de alguns conceitos
e a não apresentação de outros. Foi apenas uma opção nossa, pois preferimos primeiro ter uma noção
geral do que se pretende, para que então se tenha uma motivação de fazer um estudo mais aprofundado
e detalhado dos conceitos envolvidos. No entanto, caso o leitor prera, poderá ler primeiro o capítulo 4
e em seguida o capítulo 3, sem que haja perda de entendimento do texto.
3 Elaboração da atividade 26
poderá trazer exemplos diversos destas transformações com imagens e exemplos de si-
metrias, para que assim os alunos possam fazer suas observações. Depois deste contato
representar essa transformação com desenhos livres. Continuando a atividade, será forne-
cido material para que a reexão seja também representada no plano cartesiano, dando
ordenadas dos vértices das guras iniciais e das transformadas. Estudaremos as reexões
tre as coordenadas dos vértices da gura inicial e nal. A partir desta relação se consegue
Mostraremos aos alunos que estas equações poderiam ser escritas de forma
2
diferente: a forma matricial . Neste nível, basta que o aluno identique a matriz como
uma tabela com os coecientes do sistema de equações. A matriz dos coecientes assim
obtida será chamada de matriz da transformação. Talvez não seja necessário usar o termo
3
matriz já desde o início, e também não se espera discutir a multiplicação de matrizes
x0 = −x x0 = −1 · x + 0 · y −1 0
−→ −→ (3.1)
y0 = y y0 = 0 · x + 1 · y 0 1
tabela de coecientes) de cada uma das quatro reexões estudadas até aquele momento.
◦
tradas na origem. O estudo se restringe às rotações com ângulos de giro múltiplos de 90 .
4
Isto para que não seja necessário nenhuma relação trigonométrica . Obter as relações en-
tre as coordenadas dos vértices da gura inicial e nal, e a partir destas, a matriz de cada
rotação estudada, tal como fora feito na atividade anterior com as reexões. Fazer com
que os alunos observem uma certa semelhança entre as matrizes das rotações e reexões
5
estudadas, e que, embora semelhantes, produzem resultados muito diferentes . Para que
2 Este é um momento que julgamos necessário uma intervenção mais preponderante do professor mos-
trando outras formas de representação do sistema de equações. Isso porque provavelmente os alunos
teriam muitíssimas diculdades de ter esta inspiração e representar o sistema a partir de matrizes.
Basta pensarmos na origem histórica e percebemos que esta etapa não foi imediata e nem tão natural, e
portanto não podemos esperar isto dos alunos.
3 A multiplicação de matrizes será abordada em outra atividade, o que fará com que a representação
matricial do sistema de equações seja algo mais razoável.
4 Precisamos salientar que o fato de não se tratar das relações trigonométricas foi apenas uma opção
nossa para não fugirmos do foco da atividade em si. Não entanto, é importante notar que para a
atividade normal de sala de aula seria um riquíssimo momento para relacionarmos com a trigonometria,
e assim associarmos mais um tópico da matemática em torno da atividade além da álgebra e geometria:
a trigonometria.
5 As matrizes das reexões e rotações estudadas possuem entradas com os valores 1, −1 e 0 e por isso
são visualmente parecidas.
3 Elaboração da atividade 28
tal observação aconteça, sugerimos que os alunos apresentem um resumo das matrizes
formação estudada. Espera-se que o aluno amplie sua visão sobre o conteúdo quando zer
6
que as matrizes das rotações e reexões obtidas nas atividades anteriores estão corretas .
Para tanto solicitaremos que os alunos observem os valores obtidos no resumo da atividade
7
tes de 1, -1 e 0, e espera-se que os alunos concluam que estas matrizes geram dilatações
8
e contrações de acordo com o valor das entradas de cada matriz . Em parte isto pode
ser observado como a multiplicação de matriz por escalar, embora nem todas as matrizes
6 Convém notar que é a primeira atividade prevista para ser realizada no laboratório de informática. As
atividades anteriores estão previstas para sala de aula normal, mas nada impede de que as mesmas também
possam ser realizadas no laboratório de informática utilizando algum aplicativo ou applet construído por
exemplo com o Régua e Compasso ou Cabri-Géometre.
7 Note que mesmo as matrizes compostas apenas com esses valores, podem gerar dilatações.
8 Caso se considere razoável, pode-se motivar a observação de que estas transformações deformam as
guras, enquanto que nas atividades estudadas anteriormente isto não acontecia.
3 Elaboração da atividade 29
9
Analisando a gura 3.2 notamos que o MVT apresenta as transformações,
dadas pelas matrizes, aplicadas a um vetor. Isto traz uma limitação para a atividade, pois
nem sempre vamos ter uma idéia correta do que acontece com o todo, analisado apenas
o que acontece com um vetor, principalmente quando estudamos apenas alguns casos
10
diculdades de interpretar a transformação de cisalhamento , por exemplo, no aplicativo
MVT.
zer uma breve apresentação dos aplicativos utilizados ou que poderão ser utilizados na
Como o MVT se mostrou limitado para o que queríamos, elaboramos alguns applets em
aplicativo GeoGebra. Este aplicativo não foi utilizado na nossa implementação, mas
exploração inicial das transformações geométricas. Em virtude disso está colocado aqui.
3.2.1 MVT
de material para diversas áreas de ensino. Neste repositório encontramos o MVT, que
uso, pois não requer instalação e pode ser executado diretamente de um CD ou pen drive.
9 Para estudar as transformações no MVT, devemos acessar o menu Applications e item 2D Matrix
Mapping App, conforme indica a gura 3.3 na página 30.
10 Para mais informações sobre o cisalhamento, veja página 52 deste texto.
3 Elaboração da atividade 30
das transformações citadas. Para facilitar esta visualização por parte dos alunos, con-
11
tamos com o apoio de Rodrigo Sychocki da Silva que desenvolveu applets em Java
//matematicao.psico.ufrgs.br/rodrigo_mat2004/
3.2.3 Shapari
O software permite que se edite transformações e também que se faça mais de uma
mentadas, possuem grande apelo estético, atraindo a atenção e curiosidade do aluno para
12
alguns de seus recursos .
encontra-se uma escada onde podemos indicar o nível de uso do software, e você deve in-
dicar o nível 4 ou 5 para poder editar as transformações. Em seguida, para criar uma nova
transformação clique em New no canto superior direito. Para editar uma transformação,
selecione-a e depois clique em Edit. Irá aparecer uma janela de edição, da qual recortamos
o destaque apresentado na gura 3.6. Nesta gura percebemos que a exibição das guras
o
lado 1. Este é um fato importante na edição das transformações. Rotações de 180 , por
exemplo, levam guras para o terceiro quadrante. Para podermos visualizá-las no Shapari
12 Para informações mais detalhadas de seu funcionamento, o leitor poderá consultar o manual do
usuário no site http://www.spelunkcomputing.com.
3 Elaboração da atividade 33
transformação TA faz uma redução da gura original composta com uma reexão em
ponto de partida a gura original. Aplicando estas transformações por diversas vezes (ite-
rando), obtemos a sequência de guras que termina com uma gura fractal. A sequência
3.2.4 GeoGebra
13 Esta forma matricial é tema de estudo da atividade 6 da sequência didática, página 36, e a discussão
e fundamentação matemática se encontra na página 63 deste texto.
3 Elaboração da atividade 34
de funções no plano dentre outros recursos, vem acompanhada de uma interface agradável
principalmente para o estudo das transformações geométricas. Permite que se explore ini-
//www.geogebra.org/cms
origem da multiplicação de matrizes, tal como o matemático inglês Arthur Cayley (1821-
transformação.
trizes, a partir do estudo dos sistemas de equações que originaram cada matriz.
coordenadas (x, y) e (x00 , y 00 ). Este novo sistema será escrito também na forma matricial.
cluir que a multiplicação de matrizes nem sempre será comutativa, o que também poderá
segunda transformação pela da primeira. Esta inversão de ordem pode trazer diculda-
des iniciais, mas que poderão ser superadas, inclusive sugerindo a análise da álgebra em
p q a b x
· (3.2)
r s c d y
3 Elaboração da atividade 36
tentar estabelecer a relação entre as coordenadas da gura inicial (x, y) e da gura nal
transformação de translação como foi feito nas reexões e rotações. O objetivo é que
representação matricial.
0
x x e
= + (3.3)
y0 y f
composição de translações poderá ser feita diretamente, e que sua representação matricial
com translações, e que esta composição resultará numa expressão geral para as transfor-
0
x a b x e
= · + (3.4)
0
y c d y f
bem depois e separadamente das demais transformações possui uma motivação didática.
De modo geral, a translação deveria ser uma das primeiras transformações geométricas
a ser estudada, dada que é a mais simples de ser compreendida. No entanto, o leitor
deve observar que é a única transformação abordada na sequência didática que possui
uma representação algébrica (matricial) diferente das demais, conforme indica a equação
a representação das coordenadas dos pontos por uma matriz-coluna, o que passa a ser
natural depois do estudo das outras transformações. É claro que esta foi apenas uma
3 Elaboração da atividade 37
cando as respectivas matrizes. Espera-se que eles lembrem das atividades anteriores, e
racterísticas destas guras (mesmo sem ainda termos caracterizado fractais). Outro fato
importante que deve surgir, é que a gura inicial não interfere em nada na gura a ser
14
possíveis características de um fractal: a auto-similaridade . Após uma idéia inicial do
14 Para mais detalhes sobre auto-similaridade, veja as obras de Barbosa (2002, p. 9), Peitgen et al.
(1991a, p. 2, 8) e principalmente a de Mandelbrot, que destaca: é, com efeito, surpreendente que, se
considerarmos uma baía ou uma península representada numa carta de 1/100 000 e depois a reexaminamos
numa carta de 1/10 000, nos apercebamos da existência, ao longo do seu contorno, de inúmeras sub-baías
e subpenínsulas. Sobre uma carta de 1/1000 podemos ver ainda surgir diversas sub-sub-baías e sub-
3 Elaboração da atividade 38
15
que signicaria o termo , espera-se que os alunos observem algumas guras fractais, e
a partir da análise de partes das guras que são cópias da gura original, obtenham as
transformações (matrizes das transformações) que geraram cada fractal. Para conrmar
No caso da gura acima, esperamos que os alunos observem que ela é for-
mada por três cópias de si mesma, senda que cada uma destas cópias sofreu a ações de
Nesta fase é apresentada uma atividade que tenta levar os estudos um pouco
subpenínsulas, e assim por diante. Não é possível seguir indenidamente, mas pode-se, ainda assim, ir
bastante longe, vericando que, embora as cartas correspondentes aos níveis sucessivos de análise sejam
bastante diferentes naquilo que têm de especíco, possuem sempre o mesmo caráter global, ou os mesmos
traços genéricos. Por outras palavras, somos levados a crer que, a uma escala ampliada, um mesmo
mecanismo foi responsável tanto pelos pequenos como pelos grandes pormenores das costas. [...] Diz-se
que uma tal costa possui uma homotetia interna, ou que é auto-semelhante. (MANDELBROT, 1998,
p. 34, 35).
15 Pode se sugerir a pesquisa do termo na internet em sites como a Wikipédia: http://www.wikipedia.org
3 Elaboração da atividade 39
métricas e promover uma discussão a respeito da área das guras, o que poderá levar à
idéia de dimensão fractal. Esta atividade é baseada no artigo de Sallum (2005) publi-
sobra e a área retirada da gurada. Se a área que sobra é zero, porque ainda enxergamos
algo que se parece com uma área? O professor poderá motivar a discussão e apresentar
apresentado pelo professor na discussão nal. É claro que esta discussão sobre o conceito
de dimensão deverá ser feita de maneira intuitiva, não usando formalismos e denições, e
16
de modo que os alunos possam participar com perguntas e questionamentos.
16 Esta noção intuitiva de dimensão pode ser abordada de várias formas, que podem ser encontradas na
obra de Mandelbrot (1998, p. 32-34, 37-43), e também no livro de Peitgen et al. (1991a) que apresenta
inclusive outras atividades para abordar o conceito de dimensão em sala de aula. Na nossa implementação
em sala de aula, acabou se sobressaindo a versão de Sallum (2005, p. 6-8), que de certo modo está baseada
nas obras citadas. Para uma denição um pouco mais precisa do conceito de dimensão o leitor poderá
consultar a página 446 da obra de Anton e Rorres (2001) que apresenta a dimensão topológica e a
dimensão de Hausdor.
40
4 A MATEMÁTICA ENVOLVIDA
formação sólida nos conceitos matemáticos. Para contribuir com esta tarefa, julgamos
imprescindível que se faça aqui uma apresentação dos conceitos matemáticos envolvidos
O leitor deve ter observado no capítulo 3 que grande parte das atividades
é bastante conhecida dos estudos do Ensino Médio nos tópicos de Geometria Analítica
Nas seções que seguem veremos alguns detalhes sobre sistemas de coordena-
origem. A cada ponto de um eixo podemos associar um único número real x, denominado
de coordenada do ponto sobre o eixo em questão. Seja x a distância de um ponto P
qualquer sobre o eixo até a origem O, x = d (P, O). Se o ponto P estiver à direita de O,
associamos a ele o número real positivo x. Se o poto P estiver à esquerda de O, associamos
o número real negativo −x. Desta forma todo eixo estará em correspondência biunívoca
2
com o conjunto R dos números reais , ou seja, todo ponto de um eixo está associado a
um único número real, e todo número real corresponde a um único ponto no eixo.
denotado por R2 . Lembramos que (x, y) é chamado de par pois é composto por dois
valores, e dito ordenado pois a ordem desses valores é importante: se x 6= y então (x, y) 6=
(y, x) e portanto, por exemplo, (1, 4) 6= (4, 1).
nada de origem do sistema. Nas etapas seguintes serão considerados apenas sistemas de
horizontal e OY de eixo vertical. Estes eixos coordenados muitas vezes são chamados de
2 Para mais detalhes sobre esta correspondência ver a obra de Ripoll, Ripoll e Silveira (2006) que
apresenta uma construção detalhada da relação biunívoca entre números reais e a reta numérica, se
utilizando de um processo de medição via régua decimal innita.
4 A matemática envolvida 42
ele retas perpendiculares aos eixos OX e OY , que encontrarão os eixos em pontos cujas
4.1.3 Vetores
segmento de reta com extremidades nesses pontos será denotado AB , e a distância entre
Da mesma forma que zemos para o caso das retas na seção 4.1.1, podemos
Seja C um outro ponto qualquer, vamos considerar por este ponto uma reta
s que seja paralela3 à r. Sobre esta reta s podemos considerar um ponto D, de modo que
−−→
CD tenha mesmo comprimento, mesma direção4 e mesmo sentido do segmento orientado
−→ −−→
AB . Desta forma, temos que CD é um outro representante do vetor ~v . Como o ponto
3 Caso o ponto C pertença à reta r, basta considerar um ponto D sobre a mesma reta, de modo que
−−→
manteremos a mesma direção de AB .
4 Pois r e s são retas paralelas.
4 A matemática envolvida 43
C acima, pode ser qualquer ponto do plano, notamos que o vetor ~v possui uma coleção
−→
Vale destacar que, dado um vetor ~v = AB e um ponto qualquer P , existe
−→ −→
um único ponto Q tal que ~v = P Q. Donde denotamos que Q = P + ~v . Sendo P Q um
representante de ~v , este ca inteiramente determinado pelos pontos P e Q, e da expressão
citada acima temos que ~v = Q − P .
(e, f ).
4 A matemática envolvida 44
T : Π −→ Π, ou seja, uma função que associa a cada ponto P do plano outro ponto do
T pode ser descrita pelas expressões que relacionam as coordenadas (x, y) do ponto P com
Após esta denição formal das transformações, precisamos colocar uma per-
para nomear a terceira parte do livro Coordenadas no plano, e não a utiliza mais no
anteriormente. Este fato nos passou a impressão de que o termo transformação tenha sido
utilizado por Lima como sinônimo de transformação geométrica.
R2 , mas o autor não apresenta uma denição precisa para estas transformações.
consenso do que seja uma transformação geométrica. Diante disto optamos por não
enunciar uma denição, e usar o termo transformação geométrica em uma sentido mais
amplo e não muito rígido. Neste texto, vamos entender que transformações geométricas
são aquelas bijeções entre regiões do plano que, de alguma maneira, têm um sentido
Não nos parece resultar daí nenhum prejuízo ao aluno, uma vez que os estudantes parecem
5
Passamos agora a detalhar algumas transformações utilizadas na sequência
didática planejada.
5 Para mais informações e exemplos de exercícios sobre as transformações aqui apresentadas o leitor
poderá vericar as páginas 73 e 74 da obra de Lay (1999), e da página 295 a 301 de Anton (2001).
4 A matemática envolvida 45
4.2.1 Translação
direção, o sentido e a distância do mesmo. Observe que estas informações estão associadas
ao conceito de vetor, e por isso costumamos dizer que a traslação será denida por um
mesma. Na gura 4.4 vemos a translação denida pelo vetor ~v sendo aplicada nos vértices
do polígono CDEF G.
x0 = x + e
(4.1)
y0 = y + f
4.2.2 Rotação
A palavra rotação possui origem no verbo rotar, que também signica girar.
Para que possamos denir este giro ou rotação, precisamos indicar um ângulo α, que
indicará o quão grande será o giro, e um ponto C, que chamaremos de centro, em torno
estiver denido, é fácil notar que é o único ponto que, quando aplicada a transformação,
não mudará de lugar. Por causa disso costuma ser chamado de ponto xo da rotação.
6 Em cada uma das transformações que apresentarmos, destacaremos os elementos imprescindíveis para
que esta transformação esteja bem caracterizada.
4 A matemática envolvida 47
7 8
origem O, a rotação R de centro O e ângulo α transforma o ponto P = (x, y) no ponto
R (P ) = (x0 , y 0 ) com
x0 = x · cos α − y · sen α
(4.2)
y 0 = x · sen α + y · cos α
obtemos:
x0 = d · cos (α + β) y 0 = d · sen (α + β)
x0 = d · cos α · cos β − d · sen α · sen β y 0 = d · sen α · cos β + d · sen β · cos α
x0 = (d · cos β) · cos α − (d · sen β) · sen α y 0 = (d · cos β) · sen α + (d · sen β) · cos α
x0 = x · cos α − y · sen α y 0 = x · sen α + y · cos α
7 Neste trabalho apenas consideraremos rotações centradas na origem. Para o caso de rotações com
centro em um ponto C qualquer do plano, basta considerar a composição da rotação com translações:
transladar para a origem, rotar em torno da origem e, em seguida, transladar para o ponto P. Veja a
página 151 da obra de Lay (1999).
8 Para ns deste trabalho estamos considerando rotações no sentido anti-horário. Observe que não há
perda de generalidade, pois na verdade, uma rotação de um ângulo α no sentido horário equivale a uma
rotação de um ângulo 2π − α no sentido anti-horário.
4 A matemática envolvida 48
4.2.3 Reexão
que envolve o reexo de um espelho, e por isso muitas vezes chamado de espelhamento.
A, a reexão aplicada a um ponto P gerará um ponto P 0, tal que A seja ponto médio do
segmento P P 0.
uma rotação de 180◦ com centro em A. Ou seja, as rotações já contemplam este tipo de
transformação, e desta forma, na sequência deste texto apenas nos referiremos às reexões
segmento P P 0.
à r.
4 A matemática envolvida 49
para que a reexão em relação à uma reta que inteiramente denida e caracterizada.
reta, inicialmente vamos pensar na reexão de pontos em torno dos eixos coordenados
servamos facilmente que o ponto P 0 = (x0 , y 0 ) = (−x, y), pois o eixo das ordenadas é
x0 = −x
(4.3)
y0 = y
eixo das abscissas, de modo que neste caso a relação entre as coordenadas de P e seu
x0 = x
(4.4)
y 0 = −y
de P em relação a uma reta dada r com equação do tipo y = mx com m∈R constante.
9 A maneira de como chegamos até esta expressão está detalhada no apêndice A que se encontra na
página 96 desta dissertação.
4 A matemática envolvida 50
x0 = x · cos 2α + y · sen 2α
(4.5)
y 0 = x · sen 2α − y · cos 2α
O leitor deve ter percebido uma semelhança entre a expressão 4.5 acima e a
expressão 4.2 obtida na página 47 para a rotação. Esta semelhança de fato ocorre e será
4.2.4 Homotetias
então temos que os lados correspondentes dos polígonos são proporcionais e que a razão
A0 B 0 B 0 D0 D0 E 0 E0F 0 F 0 A0
de semelhança é k= AB
= BD
= DE
= EF
= FA
.
gura 4.12 está indicado pelo ponto C. Na mesma gura, vemos a aplicação de duas
homotetias sobre a linha poligonal ABDEF . A homotetia de razão k > 1 gera uma
4 A matemática envolvida 51
Segundo uma denição mais formal, a homotetia com centro O e razão k>0
10
é a transformação H : Π −→ Π que associa a cada ponto P do plano Π o ponto
−−→0 −→
P 0 = H (P ) tal que OP = k · OP (LIMA, 1992).
x0 = k · x
(4.6)
y0 = k · y
−→
Observe que com k>1 o vetor OP é ampliado, e desta forma a homotetia
gera uma ampliação nas guras do plano. Da mesma forma que com 0<k<1 obtemos
Na gura 4.13 a seguir, temos uma homotetia de razão k > 1, e deste modo o
pentágono inicial ABCDE é transformado no pentágono ampliado A0 B 0 C 0 D 0 E 0 . Observe
10 Estamos considerando apenas k > 0, embora a denição seja válida para qualquer k. Isto porque
consideramos que homotetias com razões negativas podem ser obtidas com a composição de uma rotação
de 180
o com uma homotetia de razão positiva. Da mesma forma, homotetias com centro em outro ponto
do plano que não seja a origem O podem ser obtidas com as homotetias consideradas compostas com
translações.
4 A matemática envolvida 52
horizontal em proporção diferente do que no sentido vertical, não são consideradas homo-
tetias.
x0 = k · x
1
(4.7)
y0 = k · y
2
4.2.5 Cisalhamento
uma pilha de folhas de papel. Se mantivermos esta pilha no mesmo lugar, mas a empur-
rarmos de forma que as folhas mais altas deslizem sobre as mais baixas, então temos um
cisalhamento horizontal.
É o que a gura 4.15 pretende mostrar. Quanto mais alta a folha estiver
na pilha, mais será deslocada. A pilha de folhas continua com a mesma altura mas, no
y, denotado por |y|, das coordenadas do ponto P, mais o ponto sofre a ação da trans-
11
formação . Esta transformação preserva a coordenada y e move os pontos na direção
x0 = x + y · tan θ
(4.8)
y0 = y
transformação do tipo:
x0 = x + y · tan θ
(4.9)
y 0 = x · tan ω + y
em geral são as mais utilizadas. No entanto muitas outras transformações podem ser obti-
das com a aplicação sucessiva das transformações acima, o que chamamos de composição.
ções aplicadas em um único ponto P = (x, y), por motivo de simplicidade e objetividade.
Para o caso de transformações aplicadas em guras, basta repetir o processo para cada
Neste primeiro exemplo vamos compor uma rotação de 90◦ , que chamaremos
de R90 , seguida de uma rotação de 45◦ que chamaremos de R45 . Veja a ilustração do
exemplo.
acordo com a expressão 4.2 da página 47, as coordenadas de P0 são dadas por
x0 = x · cos 90◦ − y · sen 90◦ x0 = −y
ou (4.10)
y 0 = x · sen 90◦ + y · cos 90◦ y0 = x
4 A matemática envolvida 55
√ √
x00 = x0 · cos 45◦ − y 0 · sen 45◦ x00 = 2
· x0 − 2
· y0
2 2
ou √ √ (4.11)
y 00 = x0 · sen 45◦ + y 0 · cos 45◦ y 00 = 2
· x0 + 2
· y0
2 2
√ √
x00 = − 2 · x − 2 · y
2 2
√ √ (4.12)
y 00 = 2 · x − 2 · y
2 2
cluímos então que, a composição de R90 com R45 fornece o mesmo resultado de R135 :
R45 (R90 (P )) = R135 (P ). Este resultado também é sugerido pela gura 4.17.
ções acima, o resultado será o mesmo, ou seja, a composição das transformações deste
exemplo é comutativa.
dadas por
x00 = −x0
(4.13)
y 00 = y 0
x00 = y
(4.14)
y 00 = x
que nos indica que a composição de R90 com ROY fornece resultado idêntico que a única
composição acima, o resultado não será o mesmo. Ou seja, a composição das transforma-
o eixo OX , e α o ângulo da reta r com o mesmo eixo. Como r passa por O, e é mediatriz
12
do segmento P P 0, temos que o triângulo OP P 0 é isósceles e que o ângulo P
\ OP 0 é igual
a 2α + 2β .
OP 00 = 2α + 2β .
P\ Ou seja, o ponto P0 da gura da esquerda está exatamente na mesma
que esta reexão pode ser vista como a composição das transformações geométricas já
mencionadas.
x00 = x0 · cos 2α − y 0 · sen 2α
(4.15)
y 00 = x0 · sen 2α + y 0 · cos 2α
x00 = x · cos 2α + y · sen 2α
(4.16)
y 00 = x · sen 2α − y · cos 2α
que é idêntica à expressão 4.5 obtida para a reexão em relação à reta r apresentada na
página 50.
de matrizes.
tempo com inuências das mais diversas. Sua primeira aparição teria ocorrido a mais de
2000 anos, numa obra chinesa, onde são utilizadas operações sobre as linhas ou colunas
para resolver sistemas de equações lineares simultâneas, conforme Boyer (2003, p. 134).
13
Em todas as referências históricas à matrizes , elas sempre puderam ser
14
uma tabela com elementos dispostos em linhas e colunas.
15
Quanto à questão da representação matricial das transformações geomé-
16 17
tricas, Cayley teria sido um dos primeiros a estudá-las de forma mais aprofundada.
13 O primeiro a utilizar o termo matriz teria sido o matemático inglês James Joseph Sylvester (1814-
1897), em 1850.
14 Os alunos assimilam facilmente o contexto da matriz como tabela, pois de modo geral o conceito de
tabela já é por eles há muito conhecido e utilizado.
15 É importante destacar que são apenas algumas transformações geométricas que possuem representa-
ção matricial. Comentaremos mais a este respeito no nal desta seção na página 64.
16 Matemático inglês Arthur Cayley (1821-1895).
17 Veja as obras de Boyer (2003, p. 407) e Eves (2004, p. 552).
4 A matemática envolvida 59
18
Desta maneira, podemos obter a matriz de cada uma das transformações
19
estudadas anteriormente, com exceção da translação . Por exemplo, quando estudamos
0
x = x · cos α − y · sen α
a rotação na página 46 obtivemos o sistema 0 , donde obtemos
y = x · sen α + y · cos α
cos α − sen α
agora a matriz .
sen α cos α
Com o objetivo de detalhar um pouco mais a representação matricial das
importante pois o conhecimento das matrizes de cada uma das transformações é peça
fundamental para o uso adequado do software Sahapari na sequência didática, tal como
18 Para mais detalhes sobre a representação matricial de transformações com uma abordagem de álgebra
linear veja a obra de Lipschutz (1994, pág. 488-496).
19 Observe que das transformações estudadas neste capítulo, a translação é a única que não está na
x0 = ax + by
forma , e sua representação matricial será abordada logo em seguida.
y 0 = cx + dy
4 A matemática envolvida 60
x0 = −y
o 0 −1
Rotação de 90
y0 = x 1 0
x0 = −x
◦ −1 0
Rotação de 180
y 0 = −y 0 −1
x0 = y
o 0 1
Rotação de 270
y 0 = −x −1 0
( √ √ " √ √ #
o x0 = √2
2
x − √2
2
y √2
2
− √2
2
Rotação de 45
y0 = 2
2
x+ 2 y2
2
2
2
2
( √ √ " √ √ #
0 2 2
o x = −
√ 2
x −
√ 2
y − √22 − √22
Rotação de 135
y0 = 2
2
x− 2 y2
2
2
− 22
x0 = x
1 0
Reexão em relação ao eixo OX
y 0 = −y 0 −1
x0 = −x
−1 0
Reexão em relação ao eixo OY
y0 = y 0 1
x0 = y
0 1
Reexão em relação à reta y=x
y0 = x 1 0
x0 = −y
0 −1
Reexão em relação à reta y = −x
y 0 = −x −1 0
x0 = k · x
k 0
Homotetia
y0 = k · y 0 k
x0 = x + y · tan θ
1 tan θ
Cisalhamento
y 0 = x · tan ω + y tan ω 1
tabelas para estudos matemáticos, pois como já dissemos, isto não era novidade. A
primazia de Cayley está no fato de, a partir do estudo e observação das transformações
obras de Boyer (2003) e Eves (2004), vamos tentar vericar como ele teria chegado à
expressões:
x0 = ax + by x00 = px0 + qy 0
e (4.17)
y 0 = cx + dy y 00 = rx0 + sy 0
composição podem ser indicadas por um único sistema. Para isso substituímos os valores
x0 = (ap + br) x + (aq + bs) y
(4.18)
y 0 = (cp + dr) x + (cq + ds) y
a b p q
Comparando as matrizes, de T1 , e de T2 , com a matriz
c d r s
ap + br aq + bs
da composta T2 (T1 (P )), Cayley deniu a operação de multiplicação
cp + dr cq + ds
de matrizes que conhecemos até hoje:
a b p q ap + br aq + bs
· = (4.19)
c d r s cp + dr cq + ds
20
Percebida e entendida esta multiplicação peculiar , é bastante natural tam-
uma coluna e duas linhas, obtendo assim uma equação matricialpara as transformações
0
x a b x
= · (4.20)
y0 c d y
21
De modo geral, temos que transformações geométricas deste tipo podem
ser expressas pela equação matricial P0 = M · P, onde M é a matriz dos coecientes que
caracterizam a transformação.
20 Denir a multiplicação das matrizes como a soma do produto dos elementos da primeira linha da
primeira matriz pelos elementos da coluna da segunda matriz, é algo bastante peculiar. Mas nossa
exposição pretende lembrar que esta peculiaridade não é arbitrária, e que está diretamente relacionada à
composição de transformações geométricas.
x0 = ax + by
21 Transformações geométricas que podem ser expressas por .
y 0 = cx + dy
4 A matemática envolvida 62
forma matricial para representar a translação dada pelo vetor ~v = (e, f ). Representando
também o vetor ~v como uma tabela (matriz), e observando que a translação expressa na
x0 = x + e
página 46 como , é obtida como a soma de elementos que estão na mesma
y0 = y + f
posição em cada tabela,
P 0 = P + ~v , (4.21)
ou ainda,
0
x x e
= + , (4.22)
0
y y f
g l g+l
+ = (4.23)
i n i+n
ou
g h l m g+l h+m
+ = (4.24)
i j n o i+n j+o
a b a b a b 3a 3b
+ + = (4.25)
c d c d c d 3c 3d
e deste modo
a b 3a 3b
3· = (4.26)
c d 3c 3d
k 0 1 0
=k· (4.27)
0 k 0 1
nidade de outras que podem ser obtidas com a composição destas, podem ser expressas
P 0 = M · P + B, (4.28)
22
Na forma matricial temos
0
x a b x e
= · + (4.29)
y0 c d y f
rante este capítulo, tratam apenas de algumas transformações geométricas, e que foram
sequência didática proposta para a sala de aula, motivo desta dissertação. Estas trans-
23 24
primeira delas estão as transformações lineares e no segundo as transformações ans .
função de x e y.
22 Outra maneira de representar transformações geométricas com matrizes é utilizar coordenadas homo-
gêneas, de modo que a expressão que envolve as duas matrizes M e B, podeser
indicada apenas em uma
x0
a b e x
0
matriz. A equação 4.29 poderia ser dada pela matriz 3×3 do sistema y = c d f · y .
1 0 0 1 1
Esta forma não estuda as transformações no plano R2 , mas no plano z = 1, dentro do espaço R3 . As co-
ordenadas homogêneas são estudadas em geometria projetiva, e muito utilizadas na área de computação
gráca. Para mais detalhes sobre esta forma de representação veja a página 145 da obra de Lay (1999).
23 Para mais informações sobre a representação matricial de transformações lineares consulte as páginas
138 a 144, e 273 da obra de Anton e Rorres (2001).
24 Segundo Anton e Rorres (2001, p. 452), uma transformação am é uma aplicação de R2 em R2 da
x a b x e
forma T = · + onde a, b, c, d, e e f são escalares.
y c d y f
4 A matemática envolvida 64
Observe que existem muitas outras transformações que não podem ser ex-
pressas por matrizes da forma como zemos anteriormente. Basta que se tenha uma
expressão não linear para x0 e y0. Por exemplo, uma transformação expressa como
x0 = xy + 1
x
(4.30)
y 0 = sen x + x2 y 3
5 APLICAÇÃO E REALIZAÇÃO
1
A prática de estágio e a respectiva implementação das atividades da sequên-
do Sul (CAp). O CAp possui uma disciplina semestral, com duas horas semanais, denomi-
nada Enriquecimento Curricular (EC). Para a realização desta disciplina, os alunos devem
optar por alguma atividade entre várias opções oferecidas por docentes e colaboradores.
Com o incentivo e apoio da professora Lúcia Couto Terra apresentamos nossa proposta
aos alunos.
alunos, percebemos que estávamos numa disputa um tanto quanto desigual, dado que
algumas das opções apresentadas aos alunos envolviam química da culinária, meditação,
práticas esportivas, etc. Para ns de divulgação e motivação demos especial enfoque à
questão das guras fractais, dado o seu atrativo visual e suas peculiaridades, e que a
disciplina oferecida daria condições aos alunos para construir algumas dessas guras ao
o o
nal do semestre. Oferecemos a mesma disciplina para alunos do 2 ano e 3 ano do
o o
Ensino Médio. Tivemos cinco adesões no 2 ano e seis adesões no 3 ano.
des desenvolvidas durante o EC totalizando cerca de nove encontros. Nos outros encontros
Caos, e por serem atividades que não envolviam transformações geométricas e matrizes,
não zeram parte do objeto deste estudo. Todas as atividades propostas na sequência di-
dática foram desenvolvidas com as duas turmas. Deste modo, de acordo com observações
feitas em sala de aula, pequenas adaptações e modicações eram realizadas nas atividades
2
mática Rodrigo Sychocki da Silva , que participou ativamente das encontros como nosso
o o
rante o segundo semestre de 2006. O 2 ano e o 3 ano possuíam encontros distintos, de
naquele encontro. Cada aluno recebeu uma pequena pasta para guardar suas atividades.
Os alunos cavam com as pastas apenas durante as aulas, e no nal de cada encontro elas
eram recolhidas para ns de análise e registro das atividades desenvolvidas. Na atividade
seguinte recebiam novamente suas pastas para poder consultar o que fora desenvolvido
anteriormente.
questionadores. A idéia é de que nesta etapa o docente atue como provocador e questio-
nador, sem necessariamente dar respostas fechadas aos alunos. No nal de cada encontro
por eles. Além disso, os professores também não lhe eram conhecidos, acarretando em
alunos diziam saber o resultado a ser desenhado, mas que tinham preguiça de fazer
o
esta representação (o desenho) para todas as transformações propostas. A turma do 2
ano levou todo o tempo previsto para concluir a atividade, enquanto que os alunos do
◦
3 ano mostraram mais celeridade e terminaram antes do tempo previsto. Os alunos não
tiveram maiores diculdades, visto que consideramos uma atividade simples para aquele
nível escolar.
gidos pelos alunos. No entanto, para futuras aplicações, propomos que a atividade deva
representações grácas das transformações poderia ser excluída neste momento inicial,
já que estas voltam a aparecer nas atividades seguintes. Sugiro que se explore mais as
3
de arte , mosaicos, azulejos, tapeçarias, objetos da natureza, etc.
ções foi imediata para os alunos, pois já tinham feito algo semelhante na atividade anterior.
Para estabelecer as relações entre as coordenadas dos vértices alguns alunos tiveram um
pouco de diculdade no início, talvez por não terem compreendido o que era proposto pois
o
des corretamente sem maiores questionamentos. Para o 3 ano a representação matricial
o
no nal do último ano. Os alunos do 2 ano realizaram esta atividade uma semana depois,
pois os mesmos tiveram uma aula extra para um primeiro contato com as matrizes. Eles
tação matricial das transformações, mas julgamos que era algo natural e esperado, pois
muitos alunos tiveram nesta atividade os primeiros contatos com matrizes. Depois deste
impressão de que os alunos compreenderam o que estavam fazendo. É claro que a noção
de matriz é um tanto quanto abstrata, e demorará um pouco mais para ser compreendida
de fato, mas julgamos que o objetivo tenha sido alcançado em grande parte, visto que os
Reexões posteriores nos zeram concluir que aquela aula extra para falar
sobre matrizes não se faz necessária, e que o próprio desenvolvimento da atividade pro-
4
piciará um estudo diferenciado das matrizes . Podemos falar inicialmente apenas numa
0
x = ax + by
tabela de valores formados pelos coecientes de x e y do sistema 0 , re-
y = cx + dy
lativo à cada uma das transformações estudadas. Pensamos que esta seria uma forma
muito mais natural de introduzir o conceito de matriz, de modo que o mesmo iria se cons-
Pensamos também que esta abordagem poderia reduzir algumas diculdades quanto à
insegurança dos alunos frente ao tema matrizes. Isto porque percebemos que o fato de
chamarmos a atenção dos alunos de estarmos falando em matrizes, parece que os assus-
chamado tanta atenção para este conceito novo a atividade teria seguido normalmente
4 E a pergunta imediata é: e porque não zeram logo assim? O motivo é que inicialmente nossa
preocupação maior era estudar as operações entre matrizes (e suas propriedades) a partir do estudo de
transformações geométricas, e só depois percebemos que esta abordagem também é uma ótima oportu-
nidade para a introdução do conceito de matriz.
5 Aplicação 69
A terceira atividade foi resolvida bem rapidamente pelos alunos, pois eles já
haviam feito atividade semelhante com a reexão. Alguns alunos mostraram curiosidade
estas matrizes genericamente com as relações trigonométricas seno e co-seno, mas que no
◦
nosso caso, pelo fato dos ângulos trabalhos serem múltiplos de 90 , os respectivos valores
No nal desta atividade, foi pedido aos alunos para fazerem um resumo das
matrizes das transformações geométricas obtidas até então, e neste momento surgiram
de um aluno eram diferentes das do colega, e um aluno possuía matrizes iguais para
Foi uma aula muito interessante porque os alunos chegaram rapidamente aos
rotações de ângulos quaisquer, pois achamos que não era necessário para o objetivo da
atividade, mas salientamos que a oportunidade seria ótima para usar as relações trigo-
Uma reexão posterior nos fez perceber que poderíamos ter estudado tam-
o
bém rotações com ângulos múltiplos de 45 . É uma maneira interessante de vericar
que existem matrizes de transformações que tenham elementos distintos dos do conjunto
{−1, 0, +1} e que os alunos não quem com a falsa impressão de que só estes valores ocor-
reriam. Estas rotações podem ser estudadas, mesmo que não se queira utilizar relações
trigonométricas, pois a sua obtenção pode ser feita a partir da utilização do Teorema de
CAp onde disponibilizamos o aplicativo MVT para que os alunos testassem geometrica-
5
mente o que as matrizes estudadas até então produziam como resultado, e percebemos
que de um modo geral os alunos têm muita facilidade com a utilização de recursos de
nos) que consideramos apenas como uma gura. No entanto, as deformações geradas pela
dilatação e pela contração não cam muito claras quando aplicadas a um segmento
◦
alunos do 3 ano.
o
Como a realização desta atividade pelos alunos do 2 ano apenas ocorre-
mesmo desenvolveu um applet Java com o software Cabri-Géomètre II, que está disponível
em http://matematicao.psico.ufrgs.br/rodrigo_mat2004/transformacao_linear/tf.html.
causadas são muito mais evidentes. Além de propiciar uma melhor visualização do que
o
Na turma do 2 ano usamos este applet, e os resultados foram muito melho-
5 Até então tinha sido feita apenas a vericação algébrica no momento de estabelecer as relações entre
coordenadas.
5 Aplicação 71
MVT, pelos motivos já destacados, mas com o applet que implementamos os resultados
foram bem melhores porque os alunos puderam visualizar com clareza qual a deformação
que cada entrada da matriz causava na gura através da transformação geométrica. Outro
fator importante é que os valores das entradas da matriz são escolhidos a partir de uma
dos mais diversos temas matemáticos, com a grande vantagem de ser totalmente gratuito
transformações de modo que não será utilizado numa próxima aplicação desta sequência
didática.
Nas atividades desta subseção abordamos a origem das operações entre matri-
que além de motivar a origem das operações entre matrizes, as transformações também
cas.
Tivemos que relembrar aos alunos alguma coisa sobre sistemas lineares. A generalização
das transformações é que apresentou maiores diculdades de compreensão pelo fato dos
alunos não estarem muito acostumados com raciocínios genéricos ou com sua representa-
por armações do tipo: é muita letra professor! Em algumas etapas os alunos travavam
Talvez esta seja a atividade mais complexa até aqui proposta, e por isso
requer muito cuidado na sua implementação. No entanto, entendemos que esta implemen-
5 Aplicação 72
tação se faz necessária por apresentar uma justicativa histórica plausível para a maneira
◦
dade desta operação, pois uma rotação de 90 seguida de uma reexão em torno do eixo
y gera uma gura resultante diferente do que se zermos primeiro a reexão e depois a
6
rotação, e deste modo temos uma justicativa geométrica da não comutatividade da
◦
rotação de 180 seguida da reexão em torno da reta y = −x. Este fato mostra que houve
e uma maior quantidade de casos especícos, e para apenas posteriormente fazer uma
único exemplo e logo em seguida a generalização, que tenha trazido e provocado grande
6 Na verdade esta justicativa geométrica se refere à não comutatividade da composição das transfor-
mações geométricas.
5 Aplicação 73
pois já haviam feito algo semelhante nas atividades anteriores, mas tinham diculdade
na representação matricial da translação que pode ser expressa como a soma de matrizes.
Talvez o que tenha gerado esta instabilidade seja o formato das matrizes neste caso, que
serão matrizes 2×1 diferentes das matrizes 2×2 das multiplicações. Esta novidade
parece ter gerado alguns percalços, mas a compreensão com a visualização do applet se
mostrou muito satisfatória. Destacamos que os alunos zeram a análise inicial apenas no
7
papel, e só posteriormente testaram suas conclusões no applet Java que está disponível
em http://matematicao.psico.ufrgs.br/rodrigo_mat2004/transformacao_linear/tf2.html.
software, já que a interface do mesmo não é parecida com a maioria dos softwares que os
em botões grandes, sem poluição visual, o que faz com que o funcionamento do mesmo
dadas anteriormente, o que fez com que eles folheassem e pesquisassem sua pasta por
diversas vezes para relembrar dados sobre as matrizes. Foi um momento excelente para
ções geométricas que não tinham sido estudadas, os alunos foram incentivados a obter
de modo que tinham que multiplicar as respectivas matrizes para obter a matriz da trans-
formação desejada.
primeiro sobre um quadrado e depois sobre um círculo, mas os resultados nais eram
iguais. Comentamos e discutimos que não importa qual a gura inicial, mas o que deter-
empregadas no processo. Os alunos comentaram que este resultado nal era igual depois
8
o conceito de limite, de que a gura fractal era obtida quando o número de iterações
comando que repete a mesma iteração por diversas vezes, lembrando o conceito de limite.
conhecendo muito o software, os alunos caram bastante à vontade com a interface. Con-
sideramos que os objetivos tenham sido alcançados, e destacamos como ponto positivo
a criatividade de alguns alunos. Um fato interessante que alguns alunos tentaram criar
guras fractais com as letras de seu nome. Outros colegas gostaram e também entraram
individualmente.
Destacamos que o processo de olhar a gura e tentar descobrir como ela foi
picia um tipo de raciocínio que penso não ser muito comum em sala, fundamental para
mente o processo para poder denir o processo inverso. E neste sentido percebemos que
8 As guras fractais da sequência didática são obtidas com um número innito de iterações. No entanto,
depois de algumas iterações não percebemos mais as mudanças a olho nu, e deste modo, não é necessário
um número innito de iterações para a percepção visual de um fractal.
5 Aplicação 75
atividade, mesmo com alguns percalços iniciais, alcançou seus objetivos, pois os alunos se
mostraram motivados em tentar descobrir qual o processo correto para cada gura.
analisou as guras e tentou perceber quais transformações tinham sido utilizadas nas
partes que lhe eram semelhante, no entanto um dos alunos se recusou a utilizar este
processo e se colocou a tentar obter a gura sem analisá-la inicialmente pelo processo
de tentativa e erro. Este último demorou um pouco mais, mas se mostrou contente ao
Terminado o que tinha sido proposto, alguns alunos mais curiosos procuraram
estudo, e propiciar um breve contato dos alunos com temas que em geral não são abordados
no Ensino Médio.
lização do raciocínio. Foi necessário recordar alguns conceitos sobre progressões que os
o 9 o
alunos do 3 ano não lembravam e que era novidade para o 2 ano. Pelos cálculos, a
área que sobrava da gura era igual a zero, no entanto os alunos diziam não concordar
porque estavam vendo a gura que parecia ter área. Neste momento, aproveitamos para
exemplos no quadro, intuímos qual deveria ser a dimensão da gura e como poderia ser
tas. Fizemos alguns cálculos testando hipóteses de dimensão para as guras. A discussão
sobre dimensão foi vista de forma não rigorosa mas que fosse percebida facilmente pelos
O tema dimensão parece ser um tanto quanto pesado para os alunos, mas
acho que a oportunidade de discutir o mesmo não poderia ter sido perdida. A aula gerou
muitas perguntas dos alunos, algo que considero muito relevante, pois o tema parece ter
9 O conteúdo havia sido estudado no 2o ano, mas os alunos não lembravam dos detalhes.
5 Aplicação 76
tinham hipóteses da dimensão de outras guras. Mesmo que o tema não tenha sido
compreendido com profundidade, acho que seria possível discutir dimensão com alunos
do ensino médio. É claro que sem muitos formalismos e mais como curiosidade. Ótima
Neste capítulo pretendemos fazer uma análise da sequência didática que im-
sequência didática teria que sofrer algumas alterações. Estas alterações que julgamos ne-
de conexões possíveis com outros conceitos, serão pormenorizados no capítulo que segue.
observações sobre a entrevista que zemos com um aluno, um ano após a implementação
da sequência.
1
7 e 8 que necessitam do aplicativo Shapari para compor e iterar transformações . Ima-
1 Todas as outras atividades, à exceção da 7 e 8, podem ser realizadas em uma sala de aula convencional.
Logo em seguida faremos sugestões de modicações nas atividades inicialmente propostas, utilizando o
laboratório de informática em mais atividades, mas ca a critério do docente em adotá-las.
6 Análise e concepções posteriores 78
ginamos que a maioria das escolas já possuam laboratório de informática, e que isso não
2
seja empecilho na implementação das atividades .
de EC. Os alunos optaram por fazer esta disciplina, ao mesmo tempo se mostrando sempre
de destacar que não se tratavam de alunos excepcionais em matemática, mas sim muito
3
interessados . O fato de termos experimentado as atividades em grupos com número
reduzido de alunos, não inuenciou muito no andamento das mesmas, considerando que
Um número maior de alunos talvez trouxesse maior agitação e uma diversidade maior
de professor e alunos não se conhecerem. Nas primeiras atividades percebemos que alguns
alunos se manifestavam pouco nas discussões em grupo, o que foi mudando com o passar
do tempo. Imaginamos que quando a sequência for utilizada numa turma em que alunos
nham sido proveitosas e enriquecedoras para os alunos, ampliando o campo de visão para
2 Mesmo que em algumas escolas ainda não tenhamos laboratórios de informática, consideramos que
o uso de mais recursos computacionais nas escolas é uma tendência que irá se conrmar, principalmente
se levarmos em consideração políticas públicas que prometem mais investimentos neste setor, inclusive
acenando com a possibilidade de computadores portáteis para cada aluno.
3 Percebemos em aluns momentos que a turma era formada por alunos que integravam um grupo de
amigos, de modo que alguns alunos escolheram a disciplina para que pudessem fazer as mesmas atividades
dos colegas (amigos).
6 Análise e concepções posteriores 79
prática. No entanto, como toda prática docente, precisa ser melhorada e ampliada con-
algumas foram colocadas em prática imediatamente. Outras idéias surgiram com a aná-
lise e reexão posterior, de modo que serão agora apresentadas e implementadas numa
próxima oportunidade.
primeiro bloco de atividades, analisado logo a seguir, que passou a ter uma série de ati-
do software GeoGebra.
mesmo tempo devolve maior importância à geometria nos nossos currículos, repletos de
abordagens algébricas. É fácil notar que não pretendemos favorecer uma ou outra área,
mas propiciar uma conexão ente as mesmas, dedicando momentos importantes para cada
forma de pensamento.
Para maior clareza das mudanças que serão propostas, faremos um paralelo
das atividades que foram inicialmente planejadas e implementadas, com as atividades re-
formuladas que destacam as mudanças sugeridas. O leitor deve recordar que no capítulo
modo bem supercial, dado que já foram pormenorizadas no capítulo 3, e estão apresen-
melhorias.
atividade por duas outras. Uma delas traz imagens de azulejos e obras do artista Es-
cher, apresentando guras que envolvem reexões e rotações. Além destas, optamos por
tes. O objetivo é que os alunos identiquem reexões e seus eixos, rotações e outras
4
transformações .
5
mouse . Esperamos que os alunos inicialmente apenas implementem e manipulem as
6
transformações geométricas apresentadas no ícone da gura 6.1 abaixo .
o aluno deve ser orientado a fazer registro de suas conclusões e resultados obtidos, que
4 Há a possibilidade do docente promover a exploração de outros grácos de funções além dos apre-
sentados, e inclusive aprofundar-se na discussão gráca e algébrica dos mesmos.
5 Além disso pretende ser um primeiro contato dos alunos com o software GeoGebra, que voltará a ser
utilizado nas atividades seguintes.
6 Consideramos que neste momento os alunos deverão estar focados exclusivamente no entendimento
das características geométricas das transformações. Para que não se distraiam com questões algébricas,
o docente deve orientar que desabilitem as opções Eixo e Janela de álgebra do menu Exibir. Isto fará
com que o software se apresente de maneira idêntica a outros softwares de geometria dinâmica como
Cabri-Géomètre e Régua e Compasso.
6 Análise e concepções posteriores 81
pode ser feito em papel ou em editores de texto. O registro passa a ser uma fonte de
multiplicação de matrizes, o que distorcia o objetivo da atividade. Objetivo este que visa
que neste momento a matriz obtida será entendida como uma tabela de coecientes do
sistema. Esta é uma maneira mais natural para a abordagem do conceito de matriz, do
que aquela apresentada inicialmente, que de certo modo forçava o aparecimento de uma
apoio do software GeoGebra para estabelecer a relação entre as coordenadas dos vértices
das guras. Como já foi comentado, o uso do software permite a análise de guras e
o o
Na quarta atividade apenas acrescentamos rotações de ângulos de 45 e 135 ,
7
para que tenhamos matrizes com elementos diferentes de +1, 0 ou −1, evitando conclu-
8
geradas pelas matrizes .
7 Além dos ângulos citados, podemos utilizar outros que sejam múltiplos de 45o , pois suas matrizes
serão obtidas facilmente com o auxílio do Teorema de Pitágoras. Se o docente considerar oportuno,
◦ ◦
poderá considerar ângulos múltiplos de 30 ou 60 , e neste caso se utilizar das razões trigonométricas no
triângulo retângulo. Estas razões trigonométricas são deduzidas via geometria elementar.
8 Conforme relatado no capítulo anterior, durante a implementação da atividade passamos a utilizar
o Applet Java Transforma 1, elaborado por Rodrigo Sychocki da Silva. O applet continuará a ser usado
em implementações futuras.
6 Análise e concepções posteriores 83
ente matrizes a parir das transformações geométricas, acrescentamos mais uma atividade
9
A sexta atividade foi reformulada. Acrescentamos mais casos particulares
dades foram acrescentadas, tais como: para obter as coordenadas dos vértices obtidos
com a aplicação da reexão em relação à reta y=x A = (2, 1), B = (4, −2)
nos pontos
0 1
e C = (3, −4), basta multiplicar a matriz da transformação, , pela matriz com
1 0
colunas formadas pelas coordenadas dos pontos.
0 1 2 4 3 1 −2 −4
· = (6.1)
1 0 1 −2 −4 2 4 3
Observe que a matriz obtida apresenta nas colunas as coordenadas dos pontos
11
com a composição de transformações quaisquer com a translação, de modo a se estudar
9 Com o acréscimo de mais casos particulares o professor deve estar atento ao tempo necessário para a
realização desta atividade. Planejamos as atividades de modo que cada uma pudesse ser desenvolvida em
duas horas-aula. Com o acréscimo realizado consideramos que ela tenha cado um pouco extensa, mas de-
cidimos não desmembrá-la pois as atividades desmembradas poderiam dicultar a percepção pretendida:
a multiplicação de matrizes provém da composição de transformações geométricas.
10 Observe que agora esta equação faz sentido, pois já se deniu a multiplicação de matrizes.
11 A composição de duas translações propicia o estudo e a vericação de que a soma de matrizes é
comutativa.
6 Análise e concepções posteriores 84
x0
12 a b x e
a expressão geral = · + , que será necessária para a utilização
y0 c d y f
do software Shapari em atividades posteriores.
respectivamente, não foram feitas alterações. Consideramos, no entanto, que são ativida-
des que propiciam o acréscimo de outras situações a serem exploradas. Estas questões que
12 Podemos também apresentar aos alunos a expressão geral utilizando coordenadas homogêneas (veja
página 63). Esta poderia ser uma forma de abordar matrizes de ordem 3 × 3.
6 Análise e concepções posteriores 85
foram introduzidas nas atividades por não se tratarem de objetivo especíco da sequência
didática planejada.
Não zemos alterações nas atividades, mas lembramos que o docente deve
promover a criatividade e iniciativa dos alunos, para propiciar uma maior participação e
incentivar a criação de fractais diferentes dos propostos, e quem sabe até promover uma
13
eleição do fractal mais bonito elaborado por cada aluno .
de partes auto-similares podemos sugerir que os alunos criem uma gura fractal, e desaem
de interligações com outros conceitos que ela possibilita. Pensamos que esta concepção, de
uma sequência com um eixo central mas multifacetada, também tenha chegado aos alunos
13 Quando zemos a implementação sugerimos a criação de fractais que lembrassem as letras dos
nomes de cada aluno. É interessante observar na gura E.4, na página 141, que um(a) aluno(a) destacou
a criatividade como um dos elementos da atividade implementada.
6 Análise e concepções posteriores 86
aos alunos para elaborarem um mapa conceitual14 , de modo que a produção de cada um
conrma nossa armação. Para que tenhamos uma idéia do que dissemos, apresentamos
Alguns outros mapas como o abaixo foram colocados no Apêndice E na página 140.
destacaremos alguns temas que possuem relação com a sequência didática e poderiam ser
foram utilizadas na sequência didática com o objetivo de estudar matrizes. Mas as suas
14 Para ns simplistas consideraremos como sendo um mapa que apresenta uma série de conceitos que se
relacionam de determinada maneira. Os alunos já haviam feito mapas conceituais com outros professores
em outras disciplinas.
15 São transformações no plano que preservam as distâncias entre os pontos da gura transformada.
As isometrias não alteram o tamanho dos segmentos e nem os ângulos da gura transformada. Como
exemplos citamos as rotações, as reexões e as translações.
6 Análise e concepções posteriores 87
tão abandonado. Para contribuir com essa missão sugerimos a combinação da sequência
16
didática desta dissertação com atividades como as sugeridas por Cerqueira (2005) sobre
foi implementada para os anos nais do Ensino Fundamental mas pode ser adaptada
demonstração. A Robótica pode ser outro tema complementar a ser estudado junto com
geral para o movimento das guras ou pontos. O conceito de vetor é mais um conceito
geométrico que pode ser aprofundado na escola, possuindo relações com outros conceitos
17
escolares . Carneiro (2007) nos apresenta uma sequência de atividades para estudar a
sentada se destacava pelo uso de progressões geométricas, feita de maneira bastante re-
sumida pois queríamos apenas discutir um pouco o conceito de dimensão com os alunos.
utilizando o conceito de fractais. É o que sugere Gonçalves (2007) quando apresenta uma
sequência didática inteira para estudar progressões geométricas via fractais. Para apro-
fundar um pouco mais o estudo de fractais e sua relação com transformações geométricas,
veja as atividades sugeridas por Eberson (2004) para construir fractais em ambientes
18
computacionais .
16 Todas as atividades de autores sugeridas nesta seção, provém de dissertações de mestrado que apresen-
tam sequências didáticas para a sala de aula. Para ter acesso a estas sequências didáticas, basta consultar
as referências indicadas que estão disponíveis nos sites das instituições em que foram defendidas.
17 Na escola, o conceito de vetor costuma ser estudado na física, mas é quase esquecido pela matemática
18 Anton (2001) apresenta possibilidades da aplicação de matrizes, algumas já abordadas parcialmente
neste texto, como: teoria de grafos (pág. 397), jogos de estratégia (pág.405), computação gráca (pág.
422), fractais (pág. 444), caos (pág. 456), criptograa e outros. Estas aplicações foram planejadas para
a Educação Superior, mas podem ser adaptadas para o Ensino Médio.
6 Análise e concepções posteriores 88
6.4 A entrevista
didática ocorreu no CAp durante o segundo semestre do ano 2006. Cerca de um ano após a
com os alunos para saber se conceitos estudados ainda eram lembrados, e principalmente
saber da opinião dos alunos quanto à validade da proposta, se comparada com o ensino
19
regular de matrizes . Dado o tempo que havia passado, apenas conseguimos contato
com um dos alunos que havia participado do grupo. Realizamos a entrevista no mês de
A leitura da entrevista fará com que cada leitor tenha a sua percepção do
lembrança das operações matriciais pelo aluno: é, a gente usou multiplicação de matrizes,
acho que divisão de matrizes também se não me engano, e soma e subtração também.
de aula costuma ser pela repetição de exercícios, o que deveras conrma o que se apresenta
19 É importante destacar, que quando começamos a atividade, a turma do 2o ano ainda não tinha
estudado matrizes.
89
7 COMENTÁRIOS FINAIS
reexões. Denido o tema, tínhamos uma certeza: a sequência didática precisava se opor a
com diferentes áreas da matemática. consideramos que isto tenha sido alcançado. A
contato com a geometria fractal, tema pouco estudado na maioria das escolas.
de atividades com multi-relações, é a de currículo em rede tal como apresenta Pires (2000)
e já discutida na página 21 deste texto. Dado o exposto acima, além das diversas possibi-
É claro que precisamos salientar, que não é somente a utilização desta sequên-
cia didática que vai propiciar um currículo em rede, mas principalmente a metodologia
tricas. O mesmo não acontece no caso do Ensino Médio, dada a abordagem diferenciada
oria dos livros didáticos faz eventualmente menção às transformações mas não estuda
são introduzidos com exemplos frágeis, conforme destacamos na página 14, e as ope-
rações são denidas genericamente e treinadas com exercícios algébricos. À exceção dos
7 Comentários nais 90
forma com que os livros didáticos são organizados, evidencia o conceito de um currículo
1
linear e compartimentado .
cas, estabelece relações com matrizes e propicia um estudo diferenciado destas. No caso
das matrizes ca claro a necessidade de sua aplicação para gerar fractais no Shapari. É
E o objetivo central deste estudo foi alcançado? Consideramos que sim. Pre-
tendíamos elaborar uma sequência didática para o estudo de matrizes a partir da análise
das operações ente matrizes e suas propriedades. A propriedade foi elaborada e imple-
denição das operações entre matrizes, tal como teria ocorrido na história da matemá-
2
tica. Esta abordagem justica a peculiaridade da multiplicação e propicia justicativas
pretende completa, fechada e terminada. Sempre temos o que acrescentar, o que melhorar,
alterações, que foram efetuadas e apresentadas no texto. E além destas, muitas outras
reformulações e adaptações deverão ocorrer. Para isto, basta que se pratique e se reita
sobre a prática.
direcionada aos colegas professores, que fazem da sua vida, uma vida docente. Todo o
análise da sequência didática, só fará sentido se esta obra chegar aos professores da rede de
e nosso também: produzir material concreto para ser utilizado em sala de aula, e que de
1 Vem a calhar a situação em que o pai pergunta ao lho: lho, o que estás estudando em matemática
atualmente? Ah, pai. Hoje o professor explicou o capítulo 8, e os exercícios caram de tema.
2 Porque na soma de matrizes operamos termo a termo, e na multiplicação não?
7 Comentários nais 91
endereços para conseguir ter acesso aos softwares utilizados. Destacamos que os softwares
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACCIOLI, R. M. Robótica e as transformações geométricas: um estudo exploratório
com alunos do ensino fundamental. 2005. Mestado em Educação Matemática PUC/SP,
São Paulo.
ANTON, H.; RORRES, C. Álgebra Linear com aplicações. 8.ed. Porto Alegre: Bo-
okman, 2001.
DOMINGUES, H.; IEZZI, G. Álgebra moderna. 4.ed. São Paulo: Atual, 2003.
IEZZI, G.; DOLCE, O.; MACHADO, A. Matemática e realidade. 5.ed. São Paulo:
a a
Editora Atual, 2005. Obra em 4 v. para alunos de 5 a 8 séries.
Referências Bibliográcas 94
LAY, D. C. Álgebra Linear e suas aplicações. 2.ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999.
LIPSCHUTZ, S. Álgebra linear: teoria e problemas. 3.ed. São Paulo: Pearson Makron
Books, 1994.
LONGEN, A. Matemática: uma atividade humana. Curitiba: Base Editora, 2003. Co-
leção em três volumes.
NCTM. Principles and standards for school mathematics. Reston: NCTM, 2000.
PEITGEN, H. O.; JÜRGENS, H.; SAUPE, D.; MALETSKY, E.; PERCIANTE, T. Frac-
tals for the Classroom: strategic activities. New York: Springer-Verlag/NCTM, 1999.
vol. 3.
PEITGEN, H. O.; JÜRGENS, H.; SAUPE, D.; MALETSKY, E.; PERCIANTE, T.;
YUNKER, L. Fractals for the Classroom: strategic activities. New York: Springer-
Verlag/NCTM, 1991. vol. 1.
PEITGEN, H. O.; JÜRGENS, H.; SAUPE, D.; MALETSKY, E.; PERCIANTE, T.;
YUNKER, L. Fractals for the Classroom: strategic activities. New York: Springer-
Verlag/NCTM, 1991. vol. 2.
Referências Bibliográcas 95
1
Para estabelecer o ponto simétrico de P em relação a uma reta dada r com
2
equação do tipo y = mx com m ∈ R constante. Inicialmente traçamos uma reta s
3
perpendicular a r P = (x0 , y0 ).
passando por Com alguns cálculos obtemos a equação
−x + my0 + x0
de s que é dada por y= .
m
x0 + my0 mx0 + m2 y0
A retas r e s se interceptam no ponto I = , . Con-
1 + m 2 1 + m 2
my0 − m2 x0 mx0 − y0
−→
siderando o vetor ~ v = PI = , , transladamos o ponto P pelo
1 + m2 1 + m2
vetor 2~v , e obtemos o ponto P 0 = (x0 , y 0 ) cujas coordenadas são dadas por: x0 =
1 − m2 2m 0 2m 1 − m2
x0 · + y 0 · e também y = x0 · − y 0 ·
1 + m2 1 + m2 1 + m2 1 + m2
Como a reta r é perpendicular a s, e P I = IP 0 , temos que r é mediatriz do
1 Trataremos aqui apenas de reexões em relação a retas que passam pela origem, já que reexões
em torno de retas que não passam pela origem podem ser obtidas a partir de uma reexão deste tipo
composta com translações.
2 Ressaltamos que a expressão geral y = mx envolve também o eixo das abscissas que pode ser expresso
pela equação com m = 0. No entanto, o eixo das ordenadas não pode ser representado por meio desta
expressão.
3 Estamos utilizando coordenadas (x0 , y0 ) para P em vez de (x, y) que usamos anteriormente, para que
não haja confusão com as variáveis x e y da reta y = mx. Em seguida voltaremos a utilizar (x, y) para
favorecer um comparativo com as demais transformações geométricas.
A Reexão em relação à uma reta 97
4.5 logo abaixo. Como x0 e y0 não estão expressos em função das variáveis x e y da
x0 = x · cos 2α + y · sen 2α
(A.1)
y 0 = x · sen 2α − y · cos 2α
98
ATIVIDADE 1
Apresente graficamente o resultado de cada transformação geométrica:
Reflexão em torno
do eixo vertical
Reflexão em torno
do eixo vertical
Reflexão em torno
do eixo vertical
Reflexão em torno
do eixo vertical
B Atividades implementadas 99
Reflexão em torno
da reta y = x
Reflexão em torno
da reta y = x
B Atividades implementadas 100
Reflexão em torno
(x, y ) → ( x ' , y ')
do eixo vertical (1, 0) → (__, __ )
(0, 1) → (__, __ )
(0, 3) → (__, __ )
(3, 2) → (__, __ )
y ' = ___
Para as transformações abaixo, obtenha os valores das coordenadas da figura obtida, e tente
estabelecer uma relação, tal como no caso anterior, entre as coordenadas da figura final e as
coordenadas da figura inicial.
y '= ___
B Atividades implementadas 101
y ' = ___
y ' = ___
Observe que em todas as transformações anteriores, os valores x' e y ' podem ser escritos
em função de x e de y . Deste modo, poderíamos tentar expressar todas as transformações
de uma maneira semelhante.
x' = − x
No caso da reflexão em torno do eixo vertical obtemos . Observe que as duas
y' = y
⎧ x' = −1 ⋅ x + 0 ⋅ y
equações podem ser expressas como ⎨ .
⎩ y' = 0 ⋅ x + 1 ⋅ y
Relembrando os conteúdos de resolução de sistemas e matrizes, podemos expressar o
sistema acima na forma matricial:
⎧ x' = −1 ⋅ x + 0 ⋅ y ⎡ − 1 0⎤ ⎡ x ⎤ ⎡ x ' ⎤
⎨ ⎢ 0 1⎥ ⋅ ⎢ y ⎥ = ⎢ y '⎥
⎩ y' = 0 ⋅ x + 1 ⋅ y ⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦
⎡ − 1 0 ⎤
A matriz ⎢ ⎥ é chamada matriz da transformação geométrica “Reflexão em torno do
⎣ 0 1⎦
eixo vertical”
Rotação de 90º
(x, y ) → ( x ' , y ')
anti-horária (1, 1) → (__, __ )
(− 1, 2) → (__, __ )
(− 2, 0) → (__, __ )
(0, − 3) → (__, __ )
Tal como nas atividades do encontro anterior, tente generalizar a relação entre os valores
das x e y da figura inicial, e dos valores das coordenadas x' e y ' da figura obtida.
x' = ___
y ' = ___
y '= ___
y '= ___
B Atividades implementadas 103
x' = ___
y ' = ___
Todas as relações que você obteve podem ser escritas na forma matricial. Desta maneira
identificamos a matriz da respectiva transformação geométrica.
Reflexões: Rotações:
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
em torno do eixo vertical ( y ) ⎢ ⎥ de 90º ⎢ ⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
Em torno do eixo horizontal (x ) ⎢ ⎥ de 180º ⎢ ⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
em torno da reta ( y = x ) ⎢ ⎥ de 270º ⎢ ⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
em torno da reta ( y = − x ) ⎢ ⎥ de 360º ⎢ ⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦
B Atividades implementadas 104
Você seria capaz de apresentar um raciocínio geral para estas matrizes? Escreva
com suas próprias palavras.___________________________________________________
⎡a b ⎤
⎢c d ⎥
⎣ ⎦
a Æ _______________________________________________________________
b Æ _______________________________________________________________
c Æ _______________________________________________________________
d Æ ______________________________________________________________
B Atividades implementadas 106
ATIVIDADE 5
Na seqüência de figuras abaixo, um quadrilátero sofre duas transformações
geométricas seguidas ( T1 e T2 ) que você já conhece. Observe:
T1 T2
T3
⎡ ⎤
Qual a matriz desta transformação? T3 Æ ⎢ ⎥
⎣ ⎦
Observe que T3 faz diretamente o que T1 e T2 fazem em seqüência. Quando isto
acontece, costumamos dizer que T3 é “composta pelas” transformações T1 e T2 .
Existe alguma relação entre as matrizes das transformações T1 , T2 e T3 estudadas
nesta atividade?____________________________________________________________
Observe que todas as transformações que estudamos até agora, “levam”
coordenadas ( x, y ) em coordenadas (x' , y ') , e podem ser expressas como um sistema
⎧ x' = a ⋅ x + b ⋅ y ⎡ x '⎤ ⎡ a b ⎤ ⎡ x ⎤ ⎡a b ⎤
⎨ ⎢ ⎥ =⎢ ⎥ ⋅ ⎢ ⎥ , onde a matriz ⎢ ⎥ é dita matriz da
⎩ y' = c ⋅ x + d ⋅ y ⎣ y '⎦ ⎣ c d ⎦ ⎣ y ⎦ ⎣c d ⎦
transformação geométrica.
Observe o esquema abaixo que “traduz” duas transformações consecutivas dadas
pelas respectivas matrizes. ⎡a b ⎤ ⎡ p q⎤
⎢c d ⎥ ⎢ r s⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦
(x, y ) ( x ' , y ') ( x ' ' , y ' ')
B Atividades implementadas 107
⎡ ⎤
Qual a matriz desta transformação geométrica? ⎢ ⎥
⎣ ⎦
⎡a b ⎤ ⎡ p q⎤
Observando as matrizes ⎢ ⎥ e ⎢ ⎥ , comparadas com a matriz que você
⎣c d ⎦ ⎣ r s⎦
obteve na pergunta anterior, podemos estabelecer alguma relação entre elas? 1 ___________
_________________________________________________________________________
T2 T1
1
Arthur Cayley (1821-1895), matemático britânico, descobriu e analisou estas relações.
B Atividades implementadas 108
ATIVIDADE 6
Verificando um dicionário, o que significa a palavra transladar?________________
Analisemos algumas transformações chamadas de translações. Identifique a relação
entre as coordenadas (x, y ) e (x' , y ') .
ATIVIDADE 7
Analisemos algumas transformações possíveis de serem editadas no Shapari:
TA
TB
TC
Passo 0 Passo 1 .....
Além da contração, para cada caso você pode escolher outras transformações para
compor T A , TB e TC .
No caso anterior, altere apenas T A adicionando uma rotação de 90º e observe o que
acontece. A figura será muito diferente? Salve e descreva esta figura. _________________
_________________________________________________________________________
Aplique estas transformações diversas vezes. Salve e descreva a figura obtida: ____
_________________________________________________________________________
Agora é com você! Use a sua criatividade e crie duas figuras diferentes das
anteriores, utilizando o mesmo processo. Descreva e salve estas figuras. Não se esqueça de
apresentar as matrizes que você utilizou.
B Atividades implementadas 111
ATIVIDADE 8
O que seria uma figura geométrica auto-similar?
Observe o que encontramos em http://pt.wikipedia.org/wiki/Fractal:
“Um fractal (anteriormente conhecido como curva monstro) é um objeto geométrico
que pode ser dividido em partes, cada uma das quais semelhante ao objeto original. Diz-se
que os fractais têm infinitos detalhes, são geralmente auto-similares. Em muitos casos um
fractal pode ser gerado por um padrão repetido, tipicamente um processo recorrente ou
iterativo.”
Observe a figura abaixo obtida com o software Shapari. Percebemos nela, partes
que são similares (semelhantes) ao todo.
Analisando estas partes similares ao todo, podemos entender a maneira como esta
figura foi obtida no Shapari.
As figuras abaixo foram obtidas com o software Shapari. Identifique as matrizes que
foram utilizadas para gerar cada uma destas figuras.
B Atividades implementadas 112
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Desafio:
B Atividades implementadas 113
ATIVIDADE 9
Observe a seqüência de construções obtida com o Shapari, e considere o lado de
medida 1 para o quadrado da etapa 0.
...........
etapa 0 etapa 1 etapa 2 etapa 3 etapa n
...
...
...
n
B Atividades implementadas 114
...........
etapa 0 etapa 1 etapa 2 etapa 3 etapa n
...
...
...
n
...........
etapa 0 etapa 1 etapa 2 etapa 3 etapa n
3
...
...
...
...
n
115
Nome:
. __________________________________ Data: _________
ATIVIDADE 1
Em cada figura abaixo, encontre o maior número possível de transformações geométricas
utilizadas para obter as figuras, identificando características como: eixos de simetria,
ângulos de rotação, etc. Do lado das figuras, descreva as respectivas transformações.
C Atividades reformuladas 116
C Atividades reformuladas 117
e) Homotetia em relação a
2) Agora, no menu Exibir, reative as opções Eixo e Janela de Gráfico. Construa o polígono
ABCDE, onde A(2,-1), B(1,3), C(2,3), D(3,1) e E(4,1). Indique as coordenadas dos
vértices do novo polígono, obtido com a aplicação de cada uma das transformações abaixo:
a) Reflexão em torno do eixo y .
b) Reflexão em torno do eixo x .
c) Reflexão em torno da reta y = − x .
d) Rotação de 45º em relação à origem.
C Atividades reformuladas 119
Reflexão em torno
(x, y ) → ( x ' , y ')
do eixo vertical (1, 0) → (__, __ )
(0, 1) → (__, __ )
(0, 3) → (__, __ )
(3, 2) → (__, __ )
y ' = ___
Para as transformações abaixo, obtenha os valores das coordenadas da figura obtida, e tente
estabelecer uma relação, tal como no caso anterior, entre as coordenadas da figura final e as
coordenadas da figura inicial. Se quiseres, podes movimentar os vértices da figura inicial
para verificar se sua conjectura se confirma
y '= ___
C Atividades reformuladas 120
y ' = ___
y ' = ___
Observe que em todas as transformações anteriores, os valores x' e y ' podem ser escritos
em função de x e de y . Deste modo, poderíamos tentar expressar todas as transformações
de uma maneira semelhante.
x' = − x
No caso da reflexão em torno do eixo vertical obtemos . Observe que as duas
y' = y
⎧ x' = −1 ⋅ x + 0 ⋅ y
equações podem ser expressas como ⎨ .
⎩ y' = 0 ⋅ x + 1 ⋅ y
Observe que os valores que determinam a relação entre as coordenadas de ( x, y ) e de
(x' , y') , são os coeficientes de x e de y das equações do sistema. Observe que estes
valores podem ser colocados numa tabela (cuidado com a ordem dos coeficientes).
⎧ x' = −1 ⋅ x + 0 ⋅ y ⎡ − 1 0⎤
⎨ ⎢ 0 1⎥
⎩ y' = 0 ⋅ x + 1 ⋅ y ⎣ ⎦
⎡− 1 0⎤
Em matemática costumamos chamar tabelas de matrizes, e deste modo ⎢ ⎥ é chamada
⎣ 0 1⎦
matriz da transformação geométrica “Reflexão em torno do eixo vertical”
Rotação de 90º
(x, y ) → ( x ' , y ')
anti-horária (1, 1) → (__, __ )
(− 1, 2) → (__, __ )
(− 2, 0) → (__, __ )
(0, − 3) → (__, __ )
Tal como nas atividades do encontro anterior, tente generalizar a relação entre os valores
das x e y da figura inicial, e dos valores das coordenadas x' e y ' da figura obtida.
x' = ___
y ' = ___
y '= ___
y '= ___
C Atividades reformuladas 122
x' = ___
y ' = ___
Todas as relações que você obteve podem ser escritas na forma matricial. Desta maneira
identificamos a matriz da respectiva transformação geométrica.
Reflexões: Rotações:
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
em torno do eixo vertical ( y ) ⎢ ⎥ de 90º ⎢ ⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
Em torno do eixo horizontal (x ) ⎢ ⎥ de 180º ⎢ ⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
em torno da reta ( y = x ) ⎢ ⎥ de 270º ⎢ ⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
em torno da reta ( y = − x ) ⎢ ⎥ de 360º ⎢ ⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦
C Atividades reformuladas 123
Há alguma semelhança (ou diferença) entre estas matrizes, e aquelas logo acima?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Você seria capaz de apresentar um raciocínio geral para estas matrizes? Escreva
com suas próprias palavras.___________________________________________________
⎡a b ⎤
⎢c d ⎥
⎣ ⎦
a Æ _______________________________________________________________
b Æ _______________________________________________________________
c Æ _______________________________________________________________
d Æ ______________________________________________________________
Quando todos os elementos de uma matriz são multiplicados por um mesmo valor
constante, podemos representá-la assim:
⎡2 0 ⎤ ⎡1 0 ⎤
⎢0 − 2⎥ = 2 ⋅ ⎢0 − 1⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦
Compare as matrizes abaixo, e descreva os resultados das transformações obtidas.
⎡1 0 ⎤
⎢0 − 1⎥ _______________________________________________________
⎣ ⎦
⎡2 0 ⎤
⎢0 − 2⎥ ______________________________________________________
⎣ ⎦
⎡0.5 0 ⎤
⎢ 0 − 0.5⎥ ______________________________________________________
⎣ ⎦
O que de diferente acontece com a transformação, se a matriz é multiplicada por 0,5? E por
0,4? E por 0,7?
C Atividades reformuladas 125
ATIVIDADE 6
1) Na seqüência de figuras abaixo, um quadrilátero sofre duas transformações
geométricas seguidas ( T1 e T2 ) que você já conhece. Observe:
T1 T2
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
Qual a matriz que gera cada transformação? T1 Æ ⎢ ⎥ e T2 Æ ⎢ ⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦
T3
⎡ ⎤
Qual a matriz desta transformação? T3 Æ ⎢ ⎥
⎣ ⎦
Observe que T3 faz diretamente o que T1 e T2 fazem em seqüência. Quando isto
acontece, costumamos dizer que T3 é “a composta” das transformações T1 e T2 .
Existe alguma relação entre as matrizes das transformações T1 , T2 e T3 estudadas
nesta atividade?____________________________________________________________
C Atividades reformuladas 126
T1 T2
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
T1 Æ ⎢
Qual a matriz que gera cada transformação? ⎥ e T2 Æ ⎢ ⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦
Existe alguma transformação geométrica que faz diretamente a transformação da
primeira figura na terceira?
T3
⎡ ⎤
Qual a matriz desta transformação? T3 Æ ⎢ ⎥
⎣ ⎦
________________________________________________________________________
⎡ ⎤
Qual a matriz da transformação geométrica que leva (x, y ) em ( x' ' , y' ') ? ⎢ ⎥
⎣ ⎦
⎡a b ⎤ ⎡ p q⎤
Observando as matrizes ⎢ ⎥ e ⎢ ⎥ , comparadas com a matriz que você
⎣c d ⎦ ⎣ r s⎦
obteve na pergunta anterior, podemos estabelecer alguma relação entre elas? Descreva-a: 1 _
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
⎡a b ⎤ ⎡ p q⎤
E dessa forma foi definida a multiplicação da matriz ⎢ ⎥ pela matriz ⎢ ⎥,
⎣c d ⎦ ⎣r s⎦
⎡a b ⎤ ⎡ p q ⎤ ⎡ap + br aq + bs ⎤
de modo a se obter: ⎢ ⎥.⎢ ⎥ =⎢ ⎥
⎣ c d ⎦ ⎣ r s ⎦ ⎣ cp + dr cq + ds ⎦
T2 T1
1
Arthur Cayley (1821-1895), matemático britânico, descobriu e analisou estas relações, e a partir delas
definiu a multiplicação de matrizes.
C Atividades reformuladas 128
ATIVIDADE 7
Lembra do que foi estudado na atividade anterior? Faça uma a revisão antes de continuar.
T1 T2
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
Qual a matriz que gera cada transformação? T1 Æ ⎢ ⎥ e T2 Æ ⎢ ⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦
Obtenha a matriz da transformação geométrica que faz diretamente a transformação
da primeira figura na terceira, efetuando apenas cálculos com as matrizes de T1 e T2 .
_________________________________________________________________________
2) Agora precisamos remexer nossos neurônios e lembrar da atividade 3. Você lembra?
Muito bem! Naquela atividade analisamos as coordenadas dos pontos (x, y ) e (x' , y ') da
⎧ x' = −1 ⋅ x + 0 ⋅ y
reflexão em torno do eixo vertical, e obtivemos um sistema: ⎨ .
⎩ y' = 0 ⋅ x + 1 ⋅ y
⎡− 1 0⎤
Deste sistema tiramos a matriz ⎢ ⎥ . Agora que você conhece multiplicação de
⎣ 0 1⎦
matrizes, eu lhe pergunto: a igualdade abaixo é verdadeira ou falsa?
⎡ x ' ⎤ ⎡ − 1 0⎤ ⎡ x ⎤
⎢ y '⎥ = ⎢ 0 1⎥ ⋅ ⎢ y ⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦
Observe que neste caso, os pontos (x, y ) e (x' , y ') foram apresentados como matrizes com 2
linhas e 1 coluna (chamamos de matriz 2 × 1 ). Poderíamos apresentar estes pontos como
uma matriz diferente?_______________________________________________________
⎡− 1 0⎤
4) Observe que a matriz da reflexão em torno do eixo vertical é ⎢
1⎥⎦
, e para
⎣0
⎡− 1 0⎤ ⎡ 2⎤
respondermos a questão anterior poderíamos ter feito o seguinte cálculo: ⎢ ⋅ =
⎣0 1⎥⎦ ⎢⎣3⎥⎦
5) Podemos ainda obter a reflexão dos pontos C (2, 4 ) , D(0, − 3) , E (− 2,1) em relação ao
⎡ − 1 0⎤ ⎡ 2 0 − 2⎤
eixo vertical, efetuando: ⎢ ⎥⋅⎢ ⎥=
⎣ 0 1⎦ ⎣4 − 3 1 ⎦
ATIVIDADE 8
1) Verificando um dicionário ou a Internet, o que significa a palavra transladar?_________
_________________________________________________________________________
2) Analisemos algumas transformações chamadas de translações. Identifique a relação entre
as coordenadas (x, y ) e (x' , y ') .
5) Vamos novamente compor transformações: indique a expressão matricial que leva (x, y )
em (x' , y ') para cada caso.
a) T1 : translada 2 unidades para direita e 3 unidades para baixo
T2 : translada 4 unidades para esquerda e 1 unidade para cima.
T1 T2
b) T1 : rotação de 270º
T2 : translada 2 unidades para esquerda e 3 unidade para cima.
T1 T2
T1 T2
C Atividades reformuladas 132
ATIVIDADE 9
Analisemos algumas transformações possíveis de serem editadas no Shapari:
TA
TB
TC
Passo 0 Passo 1 .....
Além da contração, para cada caso você pode escolher outras transformações para
compor T A , TB e TC .
No caso anterior, altere apenas T A adicionando uma rotação de 90º e observe o que
acontece. A figura será muito diferente? Salve e descreva esta figura. _________________
_________________________________________________________________________
Aplique estas transformações diversas vezes. Salve e descreva a figura obtida: ____
_________________________________________________________________________
Agora é com você! Use a sua criatividade e crie duas figuras diferentes das
anteriores, utilizando o mesmo processo. Descreva e salve estas figuras. Não se esqueça de
apresentar as matrizes que você utilizou.
C Atividades reformuladas 134
ATIVIDADE 10
O que seria uma figura geométrica auto-similar?
Observe o que encontramos em http://pt.wikipedia.org/wiki/Fractal:
“Um fractal (anteriormente conhecido como curva monstro) é um objeto geométrico
que pode ser dividido em partes, cada uma das quais semelhante ao objeto original. Diz-se
que os fractais têm infinitos detalhes, são geralmente auto-similares. Em muitos casos um
fractal pode ser gerado por um padrão repetido, tipicamente um processo recorrente ou
iterativo.”
Observe a figura abaixo obtida com o software Shapari. Percebemos nela, partes
que são similares (semelhantes) ao todo.
Analisando estas partes similares ao todo, podemos entender a maneira como esta
figura foi obtida no Shapari.
As figuras abaixo foram obtidas com o software Shapari. Identifique as matrizes que
foram utilizadas para gerar cada uma destas figuras.
C Atividades reformuladas 135
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Desafio:
C Atividades reformuladas 136
ATIVIDADE 11
Observe a seqüência de construções obtida com o Shapari, e considere o lado de
medida 1 para o quadrado da etapa 0.
...........
etapa 0 etapa 1 etapa 2 etapa 3 etapa n
...
...
...
n
C Atividades reformuladas 137
...........
etapa 0 etapa 1 etapa 2 etapa 3 etapa n
...
...
...
n
...........
etapa 0 etapa 1 etapa 2 etapa 3 etapa n
3
...
...
...
...
n
138
Apêndice D ENTREVISTA
A - W. L. S.
P - O que tu lembras?
no computador, com programa de computador e tal, vendo a projeção que dava, tal matriz
dava a projeção x com o fractal e, que a gente trabalhava com folhas também né, cálculos
e tal.
também se não me engano, e soma e subtração também. Mas basicamente era com matriz,
mento, quando a gente tava trabalhando com matrizes que o professor iniciou na aula
ricular, esse fato contribuiu para o estudo formal em sala de aula das matrizes depois?
assim,.. já tinha noção total assim do que acontecia, e tal... com as matrizes.
A - É a gente viu a parte mais das operações, assim, a parte formal das
matrizes nada aplicando assim como a gente fez nos fractais assim, no computador, essas
na nossa atividade?
A - Ah que mudando ... um número decimal assim, uma coisa bem pequena,
coisa, uma casa decimal, e mudava o desenho e tal. Todo o eixo x e y ali. Bem legal isso
daí.
trica, que também foi antes da gente ter visto em ... a gente viu um pouco depois, quando
deu ...
A - É a gente viu um pouco depois também. Foi bem legal aquele abordagem
até, tinha me esquecido disso. É, mas mais a parte formal também na aula assim, a gente
P - Em sala de aula em geral é visto de maneira mais formal, não tem muita
aplicação, quando é que tu vai usar, ou tem exemplos assim? Como é que ca? Em sala
progressão ...
que o senhor falou que fractal é uma coisa que nunca tem m, é uma coisa innita. Mas,
eu me lembro que tinha alguma coisa a ver com dimensão, mas não me lembro muito bem
agora.
140
Apêndice F FOTOS