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SISTEMAS DE CRISTALIZAÇÃO

Acontece frequentemente que as substâncias que assumem a forma


sólida, dos estados líquido ou vaporoso, assumem uma figura geométrica,
sendo encerradas por arestas e ângulos sólidos; sob tais circunstâncias, diz-
se que eles cristalizam. Assim, o sal comum se cristalizará em cubos e o
nitrato de potássio em prismas de seis lados.
As várias formas geométricas que os cristais podem assumir podem
ser divididas em seis classes ou sistemas:
(1.) O sistema regular.
(2.) O sistema romboédrico.
(3.) O sistema quadrado prismático.
(4.) O sistema prismático reto.
(5.) O sistema prismático oblíquo.
(6.) O sistema prismático duplamente oblíquo.
Essa divisão se baseia nas relações de certas linhas, ou eixos, que se
supõe serem traçados pelo centro do cristal em torno do qual suas partes
estão dispostas simetricamente.
O SISTEMA REGULAR.
Este tem três eixos iguais em ângulos retos entre si.

Figura 142

As letras a a mostram a direção dos eixos. A figura 142 representa:


1. O cubo; 2. Octaedro regular; e, 3. Dodecaedro rômbico.
Quais são os seis sistemas de cristalização? Em que fato se funda
essa divisão? No sistema regular, qual é a relação dos eixos? No sistema
prismático quadrado, qual é a relação deles?
O SISTEMA PRISMÁTICO QUADRADO.
Este possui três eixos, dois dos quais são iguais e o terceiro de
comprimento diferente.
a a é o eixo principal; b b o secundário. Na figura (Fig. 143), 1 é um
prisma quadrado reto, com os eixos no centro dos lados, b b; 2 é um prisma
quadrado reto, com os eixos nas bordas; 3 e 4 octaedros quadrados retos
correspondentes.

Fig. 143

O SISTEMA PRISMÁTICO RETO


Tem três eixos, a a, b b, c c, de comprimentos desiguais,
perpendiculares entre si.

Fig. 144

Na figura (Fig. 144), 1 é um prisma retangular reto; 2. Prisma


rômbico reto; 3. Octaedro com base retangular reta; 4. Octaedro com base
rômbica reta.
O SISTEMA PRISMÁTICO OBLÍQUO
Tem três eixos, que podem ser desiguais; dois são colocados
perpendicularmente um ao outro, e o terceiro é oblíquo a um e
perpendicular ao outro.

Fig. 145

O que há no prismático reto? Nos sistemas prismáticos obliquo e


duplo obliquo, o que há?
Na figura (Fig. 145), 1 é um prisma retangular oblíquo; 2. Prisma
rômbico oblíquo; 3. Octaedro de base retangular oblíquo; 4. Octaedro com
base rômbica oblíquo.
O SISTEMA PRISMÁTICO DUPLAMENTE OBLÍQUO
Tem três eixos, que podem ser todos desiguais e todos oblíquos.

Fig. 146

Na figura (Fig. 146), 1 e 2 são prismas duplamente oblíquos; e 3 e 4


octaedros duplamente oblíquos.
O SISTEMA ROMBOÉDRICO
Tem quatro eixos, três dos quais são iguais no mesmo plano e
inclinados em ângulos de 60 °; o quarto, que é o eixo principal, é
perpendicular a todos.

Fig. 147

Na figura (Fig. 147), 1 é o prisma regular de seis lados; 2, o


dodecaedro; 3. Romboédrico; 4, outro dodecaedro.
Muitas vezes acontece, devido a uma mudança no depósito de
matéria nova em um cristal durante a formação, que outras figuras além da
adequada são produzidas; assim, o cubo pode passar para o octaedro, como
mostrado na Fig. 148.
Quantos eixos existem no sistema romboédrico e qual sua relação?
De que maneira os cristais de uma forma podem passar para os de outra,
como o cubo para o octaedro?

Fig. 148

O efeito pode, talvez, ser melhor concebido imaginando o ângulo


sólido do cubo 1 a ser cortado por planos igualmente inclinados às faces
constituintes. 2 representa uma remoção aumentada do mesmo tipo; 3 um
ainda mais avançado.
Às vezes acontece que cada plano alternativo de um cristal cresce às
custas do adjacente, dando origem a cristais hemiédricos, ou semi-lados,
como mostrado na Fig. 149, que representa o tetraedro, surgindo desta
maneira do octaedro pelo crescimento de cada face alternativa. 1. O
octaedro parcialmente modificado; 2. A mudança avançou mais; 3. O
tetraedro foi concluído.

Fig. 149

GONIOMETRO
Os ângulos dos cristais são medidos por goniômetro, dos quais
existem vários tipos; como o goniômetro comum e o goniômetro refletivo
de Wollaston. Este instrumento é representado na Fig. 150. O cristal a ser
medido, f é fixado sobre um suporte móvel, d, que está ligado ao eixo em
forma de botão do goniômetro, o, que passa por um eixo maior na vertical,
b. a é um círculo dividido e e seu vernier (nônio), que é fixo
inamovivelmente na vertical, b.

Fig.150

A borda do cristal, que é formada pelas duas faces cuja inclinação


deve ser medida, deve ser colocada paralela ao eixo do instrumento; e
tendo, por meio do botão, o, girado o cristal até que algum objeto definido,
como a barra de uma janela, seja visto distintamente refletido nele, a
cabeça fresada maior é girada, e com ela o círculo dividido e o cristal, até
que o mesmo objeto seja visto novamente pelo reflexo da segunda face. O
ângulo através do qual o grande círculo se moveu, subtraído de 180 °, dá o
ângulo incluído entre as duas faces cristalinas, ou sua inclinação uma para a
outra.
O que são cristais hemiédricos e como eles são produzidos?
Descreva o uso do goniômetro refletivo.
DIMORFISMO.
Como regra geral, a mesma substância, se cristalizando nas mesmas
circunstâncias, produzirá cristais pertencentes ao mesmo sistema. No
entanto, são conhecidos casos em que uma mesma substância pertence a
sistemas diferentes. Assim, o enxofre se cristalizará em prismas rômbicos e
também em octaedros rômbicos. Por corpos dimórficos, portanto, queremos
dizer substâncias que receberão cristais pertencentes a dois sistemas
diferentes.
O dimorfismo está freqüentemente relacionado com a temperatura na
qual os cristais foram produzidos. Assim, carbonato de cal, em
temperaturas normais, produz romboedros, mas no ponto de ebulição da
água prismas rômbicos retos; e com esta diferença de forma pode ocorrer
uma diferença de qualidades químicas; o bissulfureto de ferro, por
exemplo, cristaliza em cubos, que permanecem intactos pela água ou pelo
ar; mas em sua forma rômbica correta ele sofre rápida oxidação no ar
úmido, produzindo sulfato de ferro. Comumente, uma das formas de corpo
dimorfo é menos estável do que a outra e, se a transição ocorre de forma
abrupta, às vezes é acompanhada por um flash de luz.
O que se entende por corpos dimórficos? Qual é o efeito da
temperatura na formação de cristais? O dimorfismo está conectado com
peculiaridades nas qualidades químicas dos corpos? Que relação existe na
forma e composição do iodeto de potássio e cloreto de sódio?
ISOMORFISMO
Foi descoberto por Mitscherlich que, quando diferentes corpos
compostos assumem a mesma forma, muitas vezes somos capazes de traçar
uma analogia notável em sua composição química. Assim, o cloreto de
sódio, o iodeto de potássio, o fluoreto de cálcio etc., cristalizam no
primeiro sistema. Essas substâncias são todas constituídas sobre um tipo
comum, no qual temos um átomo de um metal unido a um átomo de um
radical eletro-negativo; ou, tomando M como o símbolo geral para os
metais e R para os radicais eletronegativos, a classe é constituída sobre o
tipo
M, R,
e, portanto, inclui tais corpos como
KCl.. NaCl. . KBr.. KF.. CaF. AmCl...etc.
Tais substâncias são chamadas de corpos isomórficos, e as
designações, elementos isomorfos, grupos isomorfos, são usados, sendo
derivados da forma ισος, igual, μορφη
Tomemos um segundo caso mais complicado. A fórmula para o
alúmen comum, o sulfato de alumina e potássio, é,
Alume de amônia é KO, SO3 + Al2O3, 3SO3 + 24 HO
AmO, SO3 + Al2O3, 3SO3 + 24 HO
Alume de cromo é KO, SO3 + Cr2O3, 3SO3 + 24 HO
Alúmen de ferro é KO, SO3 + Fe2O3, 3SO3 + 24 HO
E da mesma forma, uma extensa família de alúmenes pode ser
formada pela substituição de um número limitado de vários outros corpos
compreendidos na fórmula geral,
mO, SO3 + M2O3, 3SO3 + 24 HO
em que m representa qualquer metal pertencente ao grupo potássio e
M qualquer um pertencente ao grupo alumínio.
Todos esses alumens cristalizam com a mesma forma, e tais
ilustrações nos dão razão para acreditar que essa semelhança de forma se
deve, em grande parte, ao agrupamento ou arranjo dos átomos
constituintes; que em uma molécula composta as substâncias que podem
substituir umas às outras sem dar origem a uma mudança de forma externa
devem ter certas relações entre si. Nós os chamamos, portanto, de
isomorfos. Os dez grupos a seguir foram estabelecidos:
1
Prata...................Ag Sesquióxido de
Ouro....................Au Cromo.............. Cr2O3
Sesquióxido de
Manganês.......... Mg2O3
2 4
Ácido arsênico (em sua forma Ácido fosfórico...... P2O5
incomum)..........As2O3 Ácido arsênico..... As2O5
Sesquióxido de
Antimônio......... Sb2O3
3 5
Alumina............ Al2O3 Ácido sulfúrico........ SO3
Sesquióxido de Ácido selênico.......... SeO3
Ferro.................. Fe2O3 Ácido crômico........... CrO3
Ácido mangânico...... MnO3

6
Ácido Cal (em arragonita).......CaO
Hipermangânico........Mn2O7 Óxido de chumbo...........PbO
Ácido hiperclórico.... ClO7

7 10
Sais de Potassa............K.O Cal (na Islândia spar)........CaO
Sais de óxido de Magnésia........................Mg O
Amônio.......................AmO Protoxido de Ferro . . FeO
“ de Manganes Mn O
“ de Zinco .. Zn O
“ de Cobalto . . Co O
“ de Nickel . . Ni O
“ de Cobre. . Cu O
“ de Chumbo
(em calcita de chumbo). . Pb. O

8
Óxido de prata...........AgO
Óxido de sódio...........NaO
9
Barita........................BaO
Estrôncio..................SrO

Por que eles são chamados de corpos isomórficos? Dê um exemplo


de isomorfismo no caso dos alúmen. Que conclusão geral pode ser tirada
desses fatos? Quantos grupos isomórficos foram determinados. Enumere
os membros pertencentes a cada um.
Das formas externas dos corpos, podemos nos voltar para sua
constituição interna, lembrando o que já foi observado na Aula XXXV.,
que a identidade da composição de forma alguma implica identidade de
caráter. Duas substâncias podem ser compostas dos mesmos elementos,
unidos nas mesmas proporções, e ainda assim ser totalmente diferentes; e é
óbvio que isso pode ser devido a duas causas diferentes: 1ª. Diferença de
agrupamento; 2ª Diferença no número absoluto de átomos.
Diferença de agrupamento que já expliquei na aula que acabei de
citar; e com respeito à diferença no número absoluto de átomos, o efeito é
óbvio a partir de um exemplo. Assim, temos como constituição de
Aldeído..........................C4H4O2
Éter acético................... C8H8O4
E esses corpos, se analisados, iriam, é claro, produzir exatamente as
mesmas proporções em 100 partes, a verdadeira diferença sendo que o
átomo de éter acético contém duas vezes mais átomos constituintes do que
o de aldeído e, portanto, é exatamente duas vezes mais pesado, embora
pesos iguais dos dois produzam quantidades iguais de seus constituintes.
A essas peculiaridades se aplica o termo isomerismo, e por corpos
isoméricos queremos dizer corpos compostos dos mesmos elementos na
mesma proporção, mas diferindo em propriedades. Quando o isomerismo
surge da diferença no agrupamento, os corpos são considerados
metaméricos; e quando surge da diferença no número absoluto de átomos,
eles são chamados de polímeros.
Quais são as duas causas que podem dar a corpos com a mesma
composição caracteres diferentes? Dê um exemplo do efeito da diferença
do número absoluto de átomos. O que se entende por isomeria? O que são
corpos metaméricos? O que são corpos poliméricos?
ALOTROPISMO
Recentemente, chamou-se a atenção para uma terceira causa, que dá
origem ao fenômeno do isomerismo: é a condição alotrópica dos corpos
elementares. O carbono, por exemplo, existe sob várias formas diferentes;
nós o encontramos como carvão, grafite e diamante. Eles diferem em
gravidade específica, em calor específico e em seu poder de condução no
que diz respeito ao calórico e à eletricidade. Em suas relações com a luz,
um a absorve perfeitamente, o segundo a reflete como um metal, o terceiro
a transmite como o vidro. Em sua relação com o oxigênio, eles também
diferem surpreendentemente; existem variedades de carvão que
espontaneamente pegam fogo no ar, mas o diamante só pode ser queimado
em gás oxigênio puro. A segunda e a terceira variedades não pertencem à
mesma forma cristalina.
Sabe-se agora que muitas substâncias elementares são afetadas dessa
maneira. Mostrei que esse é o caso do gás cloro, que muda sob a influência
dos raios índigo (Phil. Mag., Julho de 1844). Da mesma forma, há muito se
sabe que o ferro existe em dois Estados: 1º Em seu estado oxidável comum;
2ª Em uma condição em que simula as propriedades da platina ou do ouro.
Não pode haver dúvida de que essas peculiaridades são carregadas
por esses corpos quando eles se unem para formar compostos; assim, por
exemplo, se o carbono e o hidrogênio se unem, é possível que tenhamos
três compostos diferentes; um contendo carvão vegetal, um segundo
carbono plumbago, um terceiro carbono diamante; ou, se designarmos estes
respectivamente como C, C, C, podemos ter
CH... CH... CH;
e talvez, como M. Millon sugeriu, o gás hidrogênio carburado e o
otto de rosas, que têm a mesma constituição, diferem, naquele que contém
carvão e o outro diamante.
Essas peculiaridades são conhecidas sob o nome de Estados
alotrópicos e o próprio fenômeno sob a denominação de alotropismo.
O que significa a condição alotrópica dos corpos? Quais estados
alotrópicos o carbono apresenta? Como uma mudança alotrópica pode ser
impressa no cloro? Quais são os estados alotrópicos do ferro? Essas
peculiaridades continuam nos compostos?
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MOLECULAS\EDUCAÇÃO\A_Text_book_on_Chemistry.pdf pag 164
Obs.: Nos trechos finais a respeito de alotropismo, a ideia que é
passada é que no final do século XIX acreditava-se que os átomos de
carbono eram diferentes em no carvão, grafite e diamante

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