Você está na página 1de 3

5) Uso funcionalista

O funcionalismo é uma estrutura que visa a sociedade como um sistema complexo em


que as partes trabalham juntas para promover a solidariedade e a estabilidade. Esta abordagem
olha a sociedade em um nível macro, também analisa tanto as funções quanto estruturas sociais.
A antropologia funcionalista busca explicar fenômenos em termos das suas funções.

O graffiti se apresenta como forma de intervenção urbana expressão estética recorrente


em cidades no mundo inteiro. Ao conversarmos com grandes grafiteiros da cidade foi possível
observar que esta atividade é vista, sentida e entendida por eles como arte. Porém, o graffiti não
é a principal fonte de renda. Muitas vezes seu trabalho não é legitimado do jeito que gostariam,
alguns trabalhos são feitos para uso comercial em estabelecimentos privados, deixando de lado
o espaço urbano em que deveria ser vivenciado pelo maior número de pessoas. Sendo assim,
por consequência, o graffiti acaba se tornando funcionalista. Nesse sentido, o funcionalismo é
referente aqueles que ignoram o real objetivo do graffiti e o utilizam apenas como uma estética
superficial.

O processo de institucionalização de coletivos de grafiteiros com Cadastro Nacional da


Pessoa Jurídica (CNPJ), é um fator extremamente significativo para analises de processos de
legalização do graffiti. Sendo assim, com a criação de coletivos, projetos e práticas em
comunidades facilitam a dinâmica da legalização, fazendo com que o alcance do graffiti seja
ainda maior e contribua para uma vivencia mais espontânea, artística e colorida da cidade.

6) Valorização do grafite somente em espaços específicos (museificação da arte urbana)

Acredita-se que o graffiti é uma forma de arte, que vai além das galerias e exposições,
e está disponível a todos que circulam na cidade, sendo pública e gratuita promovendo uma
ressignificação da ideia tradicional de arte, reivindicando o lugar social para o trabalho que é
realizado.

“Segundo Bakhtin (1990), a classe dominante tende a conferir ao signo


ideológico um caráter intangível e acima das diferenças de classe, com a
finalidade de abafar ou ocultar a luta dos índices sociais de valor que aí se
trava, tornando o signo monovalente.
Assim sendo, quando Lyn enuncia que a atividade de graffiti/ pichação é
"válida como arte", ele se coloca dentro de um contexto em que, mesmo
sendo a concepção de arte e não arte arbitrária, o reconhecimento do que vem
a ser uma obra não ocorre de forma neutra, pois neste reconhecimento entram
em jogo posturas políticas e ideológicas que, na grande maioria das vezes,
atendem aos valores de uma classe social que não é aquela a qual pertence.”
(FURTADO, Janaina Rocha, ZANELLA, Andréa Vieira, 2009).
Atualmente ainda é mais reconhecido o modelo tradicional, europeu e burguês do que é
arte enraizado no âmbito artístico. Porém, o graffiti chegou para revolucionar esta ideia, de
modo que ela esteja ao alcance de todos, dê voz aqueles que não tem e reivindicar o seu espaço
de atuação. Em consequência disso, o meio artístico tenta transformar o grafitti em um produto
comercial. Ao entrevistar os grafiteiros da região, percebemos a valorização do trabalho por
parte deles, e a importância do graffiti no ambiente urbano como forma de intervenção e
reflexão. Percebemos também que todos os entrevistados conheceram o graffiti no espaço
urbano, fora de espaços fechados e engessados. Portanto, constatamos que a cidade é
imprescindível para o acesso e alcance do graffiti na sociedade e no meio artístico em geral.
Um exemplo disso é o museu de arte urbana a céu aberto no Rio de Janeiro:
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JUNIOR, Jose Luis Abalos; CABREIRA, Leandro Plhano. Grafite e práticas de legalização:
artificação e mediação em expressões artísticas urbanas em Porto Alegre/RS. Porto Alegre,
2017.

Você também pode gostar