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19 September, 2019 | created using FiveFilters.

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Ser linguagem corrente, possam ser sinônimos (“ser” como “o fato


de ser” = existência). As formas identitativa e predicativa são
objeto de estudo da lógica.
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Etimologia
O conceito de Ser atravessa toda a história da filosofia, desde os
seus primórdios. Embora já colocado pela filosofia indiana desde A palavra “ser” vem do português antigo seer. Algumas formas
o século IX a.C., foi o eleata Parmênides quem introduziu, no do verbo “ser” vieram do latim vulgar essere, que se origina do
Ocidente, esse longo debate, que percorre os séculos e as latim esse, sum, enquanto outras formas, inclusive a forma do
diversas culturas até os nossos dias. infinitivo “ser”, vêm do latim sedēre, sedeō, que significa “estar
sentado”.
O Ser é portanto um dos conceitos fundamentais da tradição
filosófica ocidental. Platão acreditava que o ser é o poder existir. O esse do latim, se origina do grego εἰσί (eisi), sendo εἰσί a
[1] terceira pessoa do plural do indicativo ativo presente do verbo
ser/ estar em grego. A sua forma no infinitivo é εἶναι (einai), e a
Usualmente, na tradição grega, a palavra SER (einai) assume forma da primeira pessoa do singular do indicativo ativo presente
quatro significados diferentes os quais serão apresentados por é εἰμί (eimi).
Platão no diálogo Sofista de maneira mais detalhada
solucionando, dessa forma, os problemas lógicos e semânticos O verbo grego εἰμί (ser/ estar — sou/ estou) vem da raiz do Proto-
que subjazem a algumas das formulações centrais da República. Indo-Europeu *h₁ésmi, significando, ao que tudo indica, existir,
[2] ser e estar, de onde também se originam outras palavras
cognatas da mesma família linguística, a se destacar o sânscrito
1. Existência: para exprimir o fato de que determinada coisa अ म (asmi) e o inglês am.
existe. Por exemplo: “a erva é” (= existe)”, mas também “o
A terceira pessoa do singular do indicativo ativo presente no
unicórnio é” (ao menos no sentido de existência mental).
grego é ἐστί (esti), enquanto em latim é est, em alemão é ist, em
Lembremos que os gregos não tinham uma palavra específica
inglês é is, em francês é est, em italiano é è, em espanhol é es e,
para a existência.
finalmente, em português, é.
2. Identidade: para identificar e/ ou distinguir algo e/ ou alguém
No tocante aos particípios presentes, em grego temos no
em relação a si mesmo e/ ou aos outros. Por exemplo “A=A” ou “A
nominativo singular o masculino ὤν (on), o feminino οὖσα (ousa),
beleza é bela”
e o neutro ὄν (on). Podemos verter para o português literalmente
3. Predicação: para exprimir uma propriedade de determinado masculino como “o que é”, “aquele que é”, o feminino como
objeto. Por exemplo: “y é x” ou a maçã é vermelha. Platão “aquela que é” e o neutro como “aquilo que é”, ou novamente, “o
descobriu que é condição da predicação “não haver identidade que é”. Ou ainda podemos verter com a palavra “ente”. Ente vem
entre os referentes dos nomes colocados nas posições de sujeito do latim ens.
e predicado.” [3] . Por exemplo: “Vênus é a estrela da manhã”.
De οὖσα (ousa) surge uma palavra muito importante no
Gramaticalmente, temos um sujeito e um predicado, mas
vocabulário filosófico grego que geralmente é vertida como
logicamente temos uma falsa predicação, pois “Vênus” e a
“essência” e/ ou “substância”, a saber, οὐσία (ousia).
“estrela da manhã” são termos cujo objeto é o mesmo, um dos
Originalmente οὐσία era usada com o sentido de “bens”,
planetas do Sistema Solar.
“propriedade”, e depois também com as noções já citadas de

4. Veritativo: Nos diálogos da velhice, Platão conseguiu separar “essência” e “substância”, além de “realidade imutável”, “ser”
etc.
os valores veritativos da ontologia, ou seja, verdadeiro e falso
passaram a ser qualidades do discurso sobre o mundo. Platão
Parmênides e o Ser
desloca a verdade do SER para o discurso. O sentido
metalinguístico veridical permite ao verbo SER significar a Parmênides
verdade de uma proposição.
O primeiro filósofo a colocar explicitamente o conceito de SER foi
Em filosofia, ser é considerado não só como um verbo (existir) Parmênides de Eleia (século VI a.C. — século V a.C.). Para ele,
mas também como substantivo (“tudo o que é”). Os termos ser e seria impossível falar ou pensar no Não-Ser, pois o Não-Ser a
existência podem ter significados diferentes, embora, na nada se refere. Para o pensador de Eleia, O Ser, que existe para
além das ilusões do mundo sensível da doxa, é uno, eterno,
imóvel, não-gerado e imutável: “O Ser é e o não ser não é”.
Platão tenta resolver a questão do Não-Ser nos diálogos Ontologia
Parmênides e Sofista ao passar a entender o Não-Ser como
Não ser
alteridade (diferença) em relação ao Ser em vez de contrariedade.
(Por exemplo, “o belo não é feio”). Segundo o discípulo de Nada
Sócrates, quando dizemos ” o não-ser não deve participar nem da
unidade nem da pluralidade ” e o não-ser ” é impronunciável, Devir
inefável e inexprimível ” já dizemos o Não-ser uno, pois dizer o já
v
implica unidade, e contradizemos a ideia de que ele não possa ser
pronunciado ou expressado, pois lhe aplicamos o é. Platão então, d
negando Parmênides, defende a comunhão entre Ser e Não-ser.
Impondo a introdução do Outro (ou diferença) e do Mesmo e
chega à acepção predicativa do Ser. Esclarece que podemos
Metafísica
designar uma única e mesma coisa por uma pluralidade de nomes
porque a acepção identitativa (A=A) não é a única possível ao Ser, Conceitos
o homem pode então também ser chamado de bom e não apenas
de homem (“ o homem é bom ” e não apenas ” o homem=homem
” e ” o bom=bom ”). Podemos, com a ideia de predicação, tratar
as coisas como capazes de participação mútua. Com a ideia de
identidade, podemos supor a todas as coisas como incapazes de
união mútua. [4]

Problema com o significado de ser na


filosofia de Hegel
Bertrand Russell percebe que a lógica de Hegel foi construída
sobre uma confusão a respeito dos significados do verbo ser

“O argumento de Hegel nesta porção de sua ‘Lógica’ depende


completamente de confundir o ‘é’ da predicação, como em
‘Sócrates é mortal’, com o ‘é’ da identidade, como em ‘Sócrates é
o filósofo que bebeu a cicuta’. Devido a esta confusão, ele pensa
que ‘Sócrates’ e ‘mortal’ precisam ser idênticos. Vendo que eles
são diferentes, ele não infere, como outros fariam, que há um
erro em algum lugar, mas que eles exibem ‘identidade na
diferença*’. Novamente, Sócrates é particular, ‘mortal’ é universal.
Portanto, diz ele, dado que Sócrates é mortal, segue que o
particular é o universal — tomando completamente o ‘é’ como
expressivo da identidade. Mas dizer que ‘o particular é o
universal’ é auto-contraditório.” (Our Knowledge of the External
World, pp.48–9)

Referências
1. ↑ “Ser es simplemente poder”: Más de 2.000 años
después los científicos ratifican una teoría de Platón

2. ↑ WILLIANS, B. Platão. São Paulo: Unesp, 2000.

3. ↑ SANTOS, J. Trindade. Platão: a construção do


conhecimento. São Paulo: Paulus, 2012.

4. ↑ DIAS, J. R. Barbosa. O Ser no “Sofista” de Platão.


Kalagatos, revista de filosofia. Fortaleza. v.7 n. 14, 2010. p.
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Ver também
Abstração Objeto

Abstração hipostática Padrão

Alma Pensamento

Anima mundi Percepção

Arquétipo Princípio

Categoria Propriedade

Categorização Qualia

Causalidade Qualidade

Cogito ergo sum Realidade

Cognição incorporada Representação mental

Conceito Ser

Corpo Sujeito

Distinção tipo-token Tempo

Ente Universal

Escolha Valor

Essência Verdade

Existência Vontade

Experiência Teorias

Filosofia natural

Forma substancial

Hipóstase

Ideia

Identidade

Informação

Inobservável

Insight

Inteligência

Modalidade linguística

Matéria

Memética

Mente

Necessidade

Movimento

Noção
Antirrealismo Agostinho de Hipona

Determinismo Aristóteles

Dualismo João Duns Escoto

Enação Parmênides

Essencialismo Platão

Existencialismo Plotino

Fenomenalismo Tomás de Aquino

Fisicalismo Clássicos

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Idealismo Baruch Spinoza

Liberdade Bertrand Russell

Libertarianismo Francisco Suárez

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Materialismo Georg W. F. Hegel

Metafísica da Qualidade Immanuel Kant

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Henri Bergson

Hilary Putnam https://pt.wikipedia.org/wiki/Ser

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