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outra pesquisa para falar se tem ou se não tem”, alegou. Perguntado sobre as
declarações específicas de Eduardo Peixoto na audiência pública, seguiu na
mesma linha: “Ele só é professor da USP? Não. Ele é assessor das indústrias
químicas. Assessor de quem fabrica agrotóxico”, acusou Pignati, mais uma
vez sem responder aos questionamentos sobre as falhas nem apresentar as
informações técnicas referentes à pesquisa.
Com erros metodológicos ou não, a mensagem que ficou para a população
é a de que o leite materno está contaminado por agrotóxicos. É a notícia ruim
que vende. Até por isso, não há o interesse da imprensa em investigar o caso a
fundo. O outro lado raramente é ouvido — e quando é, acaba retratado como
vilão da história. Como no Brasil a maioria da população acredita em tudo o
que vê na televisão, o caso do leite materno se transformou em uma verdade
absoluta. Mesmo as pessoas mais bem-informadas, que poderiam questionar
a fragilidade dos resultados, ficam com a pulga atrás da orelha em relação aos
agrotóxicos devido à falta de informações isentas.
Estudos tendenciosos só servem para gerar desconforto nas pessoas, do
contrário não chamariam a atenção nem ganhariam espaço na mídia. Em
geral, esses trabalhos não apresentam alternativas viáveis para os problemas
apontados. O objetivo é apenas criar um clima de medo. No caso do leite
materno, por exemplo, qual seria a opção? Suspender o uso de defensivos
químicos em Mato Grosso, estado que se desenvolveu à custa do agronegócio
moderno e é hoje um dos principais produtores de grãos do país? Impossível.
Isso nunca vai acontecer, mesmo em um cenário pouco provável de proibição
total dos agroquímicos no Brasil. O motivo? As pragas, principais inimigas
da agricultura desde o antigo Egito.
Nos grandes centros urbanos, onde se concentra a maioria dos críticos aos
agrotóxicos, pouca gente sabe como os alimentos são produzidos e que, assim
como os humanos, as plantas também ficam doentes e são atacadas por inse-
tos. A presença de moscas e lagartas na lavoura, quando em baixo número, é
normal e até saudável para a biodiversidade local. O problema surge quando
a população de pragas cresce devido à falta de predadores e passa a causar
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