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A ARCA DE NOÉ

"Faze para ti uma arca de madeira de gôfer: farás compartimentos na arca, e a


revestirás de betume por dentro e por fora.
Desta maneira a farás: o comprimento da arca será de trezentos côvados [133 ou
155 metros], a sua largura de cinqüenta [22 ou 26 metros] e a sua altura de trinta
[13 ou 15 metros].
Farás na arca uma janela e lhe darás um côvado [cerca de 50 centímetros] de
altura; e a porta da arca porás no seu lado; fá-la-ás com andares, baixo, segundo e
terceiro." Gênesis 6.14-16

A variação dos tamanhos se deve ao fato de não se saber se a medida era em côvado
mesopotâmico ou egípcio (da época de Moisés). De qualquer modo, 1 côvado
corresponde a distância entre o cotovelo e a ponta do dedo médio.

"No sétimo mês, no dia dezessete do mês, repousou a arca sobre os montes de
Ararate.
E as águas foram minguando até o décimo mês; no décimo mês, no primeiro dia do
mês, apareceram os cumes dos montes." Gênesis 8.4-5

O relato bíblico original descreve que a arca repousou sobre as "montanhas de RRT",
que em hebraico é o antigo reino de Urartu (leste da atual Turquia e norte do Irã),
região da antiga Armênia, mais tarde traduzido para Ararate como é conhecido até
hoje. Como este nome foi herdado do antigo reino, não se pode afirmar com certeza que
"montanhas de RRT" sejam a cadeia formada pelos dois montes que formam o Ararate,
pois a região é recheada de montanhas altas. O monte Ararat recebeu este nome no ano
1105.
Muitos têm ido ao famoso monte mas nada encontram além de uma grande rocha
coberta pela neve que acreditam ser a arca fossilizada. Arqueólogos e aventureiros
fazem excursões ao Ararate nos meses de Agosto e Setembro (época de verão na
Turquia), quando a neve derrete, na esperança de colherem dados sobre o objeto com
fotos e filmagens.

Foto de satélite dos dois picos do Ararate. A rocha em forma de arca


se encontra no pico coberto pela neve (mancha branca)

A rocha em forma de arca se encontra no pico da esquerda.

Várias histórias já foram narradas sobre a descoberta da arca.

Uma outra história surgiu a partir de uma foto aérea em 1959, onde mostra uma
formação rochosa em formato de navio, levando o governo da Turquia a aceitá-la como
a verdadeira Arca estabelecendo em 20/6/1987 o Parque Nacional da Arca de Noé.

Documentário sobre a descoberta: clique.


Fotos do jornal Discovery Times sobre a descoberta na Turquia.
A Arca de Noé e a Liberdade Espiritual
Texto de Dudu Lopes (http://cantododudu.blogspot.com/2009/10/arca-de-noe-e-liberdade-espiritual.html)

NOÉ FOI um homem muito especial, que salvou a humanidade de um dilúvio enviado
por Deus, salvou várias espécies de animais. Há muita dúvida sobre a existência real da
arca de Noé, uns acreditam e outros rejeitam a história.
Expedições científicas foram enviadas ao monte Ararat para descobrir traços da arca,
pesquisas históricas e geológicas foram feitas para comprovar se existiram ou não, o
dilúvio, Noé e sua arca.

Noé Não Move Moinhos


E eu pergunto: e daí?
Que diferença faz pra alguém se a arca de Noé existiu ou não existiu? Se Noé e sua arca
existiram devem ter sido muito importantes para as pessoas da época, mas, pra mim e
pra você, são águas passadas.
Quem se preocupa com baboseiras como a existência ou não da arca de Noé ou se a
história do Ramaiana http://pt.wikipedia.org/wiki/Ramayana realmente aconteceu, pode
estar sofrendo de monotonia ou, o que é mais freqüente, de falta de liberdade espiritual.
A liberdade espiritual requer um grande, na verdade, um completo desprendimento de
tudo aquilo que não é exclusivamente útil e pessoal.
Espiritualmente, a gente precisa se preocupar com o autocontrole, com a atenção nas
situações e em si mesmo, com a manipulação da mente inferior para que não interfira
com a vida espiritual, com a atenção na saúde e na honestidade em relação às
necessidades materiais, e tantas outras coisas que fazem parte da vida espiritual levada
com seriedade.
E, diante de todas essas preocupações, quem realmente tem tempo, energia e paciência
pra se preocupar com inutilidades como a arca de Noé?
Essas histórias deveriam ser tomadas como alegorias e somente isso. As alegorias são
muito importantes para se delinear o caminho turvo da vida; quem ainda não passou por
um dilúvio na vida (expresso em crises financeiras, de saúde, de segurança, emocionais
ou espirituais, por exemplo) pode se beneficiar das alegorias como a de Noé. Ela
expressa, como nos contos de fadas, verdades complexas sobre como construir uma
personalidade segura, masculina e feminina, humana e animal, para navegar por sobre a
crise, e induz a mente a agir de acordo.

Dilúvio Sem Graça


Mas depois que se viveu o próprio dilúvio, o dilúvio de Noé perde a graça.
Ou, pelo menos, deveria perder. O endeusamento de coisas que não são Deus
propriamente, mas apenas linhas indicativas que indicam um caminho, é um erro que
engessa o caminho espiritual.
No começo da minha vida espiritual, durante as minhas práticas de
*japa*http://pt.wikipedia.org/wiki/Japa (meditação pela repetição de um nome de Deus
ou um mantra), sentia os maiores benefícios com o nome de Rama
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rama .
Como, na época, não tinha acesso à informação, nem conhecia a história de Rama,
nunca tinha nem mesmo visto uma imagem de Rama, tudo o que conhecia era a palavra
"rama" e o fato de Gandhi http://pt.wikipedia.org/wiki/Mahatma_Gandhi ter repetido o
nome de Rama ao morrer, o que é sinal de santidade na cultura Hindu, a palavra e sua
energia era tudo o que eu percebia.
Mais tarde, quando conheci a história de Rama, achei banal, pois não vi ali o Rama que
"via" em minha meditação. O nome de Rama e Rama eram diferentes na minha
experiência.
Quando adquiri o Ramacharitamanasa
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Adhyatma_Ramayana>, um livro clássico que conta a
história de Rama, uma frase do autor resumiu toda a minha experiência: "Rama e o
nome de Rama são diferentes, e o nome de Rama é mais poderoso que Rama".

Foi uma das mais belas experiências espirituais que tive, levando em consideração o
fato de que sou uma pessoa comum e sem elevação espiritual, acredito que foi uma
dádiva para adoçar a boca de um devoto. E funcionou. E funcionou também como uma
lição de que linhas indicativas - a história de Rama, por exemplo - não é o mesmo que
Deus. Eu não preciso de livros pra expor minhas palavras, Deus também não precisa,
dizer que um livro é a palavra de Deus seja ele a Bíblia ou o Bhagavad Gita
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bhagavad_Gita , é confundir o CD de um artista com sua
apresentação ao vivo.
Participação e Torcida
Muitas pessoas confundem *participação* com *torcida*. A gente deve * participar* de
um caminho espiritual e não *torcer* por ele. Criticar outras religiões que não a própria
não é ser um *participante* de sua religião, é ser um *torcedor*; criticar o caminho
espiritual alheio em comparação ao próprio é ser *torcedor* - eu contra o outro - e não
*participante* - eu comigo mesmo.

Durante muitos anos tive o defeito de criticar o caminho espiritual alheio, tomando esse
hábito como uma virtude, e só recentemente a ficha caiu e luto contra essa deficiência.
Umas pessoas precisam de atividades espirituais em grupo, eu não; umas pessoas
precisam de músicas espirituais para se sentirem mais motivadas, eu não; umas pessoas
precisam de acreditar somente na própria religião e negar todas as demais, muitos de
nós não precisam.

Mas isso não significa que eu ou nós que seguimos caminhos diferentes sejamos
superiores ou inferiores. Todos os caminhos espirituais são perfeitamente válidos desde
que não sejam tomados como verdades absolutas. O enrijecimento da minha estrutura
me causou muitos problemas e a minha atitude compreensiva em relação ao caminho
alheio veio da necessidade de criticar o meu próprio caminho espiritual para combater a
praga do enrijecimento.

Nada é absolutamente único, nada, nem a idéia de Deus. Se você está com dor de
dentes, você deve procurar o trabalho de um bom dentista como uma expressão de
Deus, porque se contar somente com Deus sem a Sua expressão como o trabalho de um
bom dentista, a dor de dentes só vai piorar. Se você procurar a "palavra" de Deus apenas
em um livro vai ficar cego e surdo quando Deus se manifestar como um professor, um
conselheiro, um advogado ou um médico.
E, muitas vezes, a palavra de Deus está em lugares onde nunca imaginaríamos
encontrar.

A Liberdade para Crescer

Essa liberdade é fundamental para o crescimento. Os medos de condenações eternas, ou


de estar desrespeitando a própria religião, ou diminuindo alguma Divindade ou o Guru,
muitas vezes medos inconscientes, frutos de um enrijecimento espiritual, matam a
liberdade, sufocam o indivíduo e o fazem buscar a liberdade pela negação da
espiritualidade como um todo.

A liberdade espiritual pra descrer, duvidar, reclamar de tudo o que é Divino e espiritual,
de tudo o que antes se tomou como realidade e hoje está sob a lente da crítica, é
ferramenta indispensável para se caminhar. Quem tem medo de Deus ou de duvidar de
Deus vai ter problemas para continuar progredindo.

Há alguns anos, quando comecei a navegar pela Internet e percebi que Sathya Sai Baba
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sathya_sai_baba e seus milagres não passavam de embuste,
fiquei decepcionado pois, aqui do Brasil, tomava Sai Baba como um santo lá na Índia.

Um de meus professores espirituais, a quem chamo de Swami Sorriso, me disse:


- Você não admirava um embusteiro, você admirava a Divindade na imagem que lhe
fizeram deste homem, assim como uma mulher sonha com o amado nas novelas.
Quando a novela acaba ela toma outro amado de outra novela. O amado não é um ator
nem outro, nem os personagens, mas o conjunto de atributos que o coração da mulher
toma como merecedor de seu amor. A novela do "Sai Baba" acabou, transfira o mesmo
amor para outro mais digno, não há a menor necessidade de decepção.

Livres para Acrescentar

O enrijecimento de linhas indicativas do caminho, como o "Sai Baba" da minha


experiência, é o motivo principal das pessoas mudarem de caminho ou de religião,
negando todas as experiências anteriores. Somos livres para acrescentarmos linhas
indicativas ao nosso caminho, o nosso caminho espiritual não é as linhas indicativas,
nosso caminho espiritual se utiliza das linhas indicativas. A liberdade espiritual é uma
dádiva para se encontrar a direção e continuar a caminhar, não há porque se sentar e
ficar admirando as indicações do caminho, e muito menos demonizar um caminho para
seguir outro como, em geral, fazem as pessoas que mudam de religião ou abandonam
religiões completamente.

O cultivo da liberdade espiritual é, dentre todas as práticas espirituais, a mais


fundamental para o bom andamento e evolução para adiante no caminho. A liberdade e
não o medo é que lhe fará alcançar todas as ferramentas necessárias para progredir.
--
"The capacity to learn is a gift; the ability to learn is a skill; the willingness to learn is a choice."

ARCA: O mito bíblico da arca de Noé simboliza a preocupação e o poder


de preservar todas as coisas criadas, bem como de assegurar o seu
renascimento. Tal interpretação é válida tanto no plano físico como no
espiritual.

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