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Deus, o mal e as crianças e os adultos que pisam em formigas.

Não parece estranho que uma criança diante de um inseto que apenas atravessa seu caminho
não hesite em pisoteá-lo sem nenhuma culpa? Está provado que não nascemos culpados!!

O que se passa na mente dela e de um adulto, pois adultos também matam insetos e roedores?
Talvez, possamos partir das palavras que usamos: aquilo que atravessou meu caminho, interrompeu
meu pensamento e provocou em mim, uma sensação de desprazer ou dor, mesmo.

Quando se escreveu sobre a origem humana a partir de um paraíso, por paraíso só se pode
pensar que (a) foi um lugar real (entre o Tigre e o Eufrates), com muita terra, mas sem nada de
sobrenatural, (b) é um símbolo, como dizer que as crianças nascem inocentes a ponto de não
perceberem que matar formiga é matar uma vida, com algum nível de consciência, como o nosso.

Então, nesse mundo físico não haveria nenhum crime, nem mandamento algum teria qualquer
utilidade. Pois, as maiores atrocidades seriam legítima defesa!

Se tal tese estiver correta, onde estaria a causa e essência do mal? Não na sugestão de algum
demônio (que para São Tomás de Aquino só teriam forma, sem matéria, como se isso fosse
possível!), no pecado original, cujos direitos de cópia (copyright) é exclusivo da igreja de Roma e de
nenhuma outra igreja!!!

O mal é só uma coisa: regras que a maioria da humanidade fixa porque sabe que elas
garantiriam progresso e evitariam caos, violência e destruição daquilo que vimos construindo por
séculos ou milênios. Nada mais que isso (ou melhor, tudo isso), dependendo da visão que cada
pessoa terá diante de um copo com água pela metade!

O grande problema da humanidade foi crer 100% que somos feitos à imagem de um Deus. Isso
produziu apenas uma coisa: arrogância, orgulho (A RELIGIÃO DE ROMA CAUSOU O
SURGIMENTO DO PECADO DA SOBERBA!) que produziu de depressão a genocídios. Feliz o
povo que vê Deus no rosto (não usarei focinho) de uma vaca! Mas o mais correto é dizer que tudo
tem a cara de Deus – Ele não está em todos os lugares, segundo Roma?

Não estaríamos a cada inseto em que pisamos e ratazana que matamos a vassouradas
transgredindo o mandamento NÃO MATARÁS? Haverá punição? Aquino escreveu que não havia
crime contra os animais, mas assim como em 375dC as tentações eram em número de oito (HAVIA
A MELANCOLIA, HOJE DEPRESSÃO, ALTERAÇÃO QUÍMICA NO CÉREBRO, TRATADA
NÃO MAIS COM EXORCISMO, MAS REMÉDIOS) e depois passaram para sete, não haverá um
tempo na história que aqueles serão crimes inafiançáveis, pelo menos, se pegos em flagrante?

Se é que merecemos uma eternidade em um paraíso isso dependerá da nossa capacidade de


desviar de uma linha de formigas voltando da coleta de folhas para alimentar os fundos que por sua
vez serão alimentos das formigas-bebês ou, ainda, responder sem violência a fatos como o que
ocorreu certo dia aconteceu em minha casa, quando um rato ou ratazana caiu no meu pátio, onde é
cercado por muros de quase dois metros de altura. Pensei em usar a vassoura para acabar com aquele
problema. Mas, como uma forma de vida pode ser um problema? É que transmite doenças, nos
ensinam... Mas, por que o fazem isso? Deliberadamente ou porque só restou a eles viverem
escondidos de nós?

Triste humanidade. Tenho uma aluna que crê que ratos se transformem em morcegos ou vice-
versa. Se isso fosse verdade, deveriam poder se transformar naqueles momentos em que eles caíssem
nos pátios dos humanos! Ou dependeria de algum desígnio de Deus querer que a metamorfose se
processasse quando não mais dela se precisasse???

Antonio Jaques
Professor de Filosofia

Porto Alegre, 16 de novembro de 2010.

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