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FARMACOTÉCNICA I

Professora Patricia Verissimo Staine


2º semestre de 2011
FARMACOTÉCNICA
A farmacotécnica pode ser definida como o setor das
Ciências Farmacêuticas que trata das operações e das
formas farmacêuticas.

O objetivo principal da farmacotécnica é a transformação de


substâncias (naturais ou sintéticas) em formas farmacêuticas, as
quais representam o produto final e acabado. Estas transformações
obrigam a execução de técnicas de manipulação denominadas
operações farmacêuticas.

Operação farmacêutica

 preparo de medicamentos a partir de fármacos e matérias


primas.

Objetivo das preparações: curar ou prevenir doenças e não ser


fonte de contaminações ou fonte de problemas.

Medicamento

Fármaco (PA)
+
excipientes
+
técnica de preparação

Eficácia e segurança
 O princípio ativo (PA) e os excipientes devem estar em
conformidade – um não pode interferir na ação do outro.

Definições:
Droga (RDC 33/2000): substancia ou matéria prima que tenha finalidade
medicamentosa ou sanitária.

Especialidade farmacêutica (RDC 33/2000): produto oriundo da


industria farmacêutica com registro na Agência Nacional de Vigilância
Sanitária.

Preparação Magistral (RDC 33/2000): é aquela preparada na farmácia


para ser dispensada atendendo uma prescrição médica que estabelece
sua composição, sua forma farmacêutica, sua posologia e seu modo de
usar.

Medicamento (Portaria 344/98): produto farmacêutico tecnicamente


obtido ou elaborado com finalidades profiláticas, curativas, paliativas ou
para fins de diagnósticos.

Matéria prima (ANVISA): substância ativa ou inativa que se emprega na


fabricação de medicamentos e demais produtos abrangidos pelo
Regulamento Técnico de Boas Práticas de Manipulação da ANVISA,
tanto aquela que permanece inalterada, quanto a passível de
modificações.

Segundo a Resolução RDC nº 222, de 29 de julho de 2005:

MATÉRIA-PRIMA
É toda a substância ativa, droga ou insumo farmacêutico
empregado na produção dos medicamentos. As matérias-primas
utilizadas nas formulações descritas nesse formulário devem ser de
grau farmacêutico.
Droga
É toda substância de origem animal, vegetal ou mineral de onde é
extraído o princípio ativo que possui ação farmacológica.
Fármaco/princípio ativo
Substância quimicamente caracterizada, cuja ação farmacológica é
conhecida e responsável total ou parcialmente pelos efeitos
terapêuticos do medicamento.
Medicamento
Produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, que
contém um ou mais fármacos juntamente com outras substâncias,
com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de
diagnóstico.
DROGA VEGETAL
Planta medicinal ou suas partes, após processos de coleta,
estabilização e secagem, podendo ser íntegra, rasurada, triturada
ou pulverizada.
FARMACOPÉICO
A expressão farmacopéico substitui as expressões oficial e oficinal,
utilizadas em edições anteriores, equivalendo-se as três
expressões para todos os efeitos.
FITOTERÁPICO
Medicamento obtido empregando-se exclusivamente matérias-
primas ativas vegetais É caracterizado pelo conhecimento da
espécie vegetal, de sua eficácia e dos riscos de seu uso, assim
como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade Sua
eficácia e segurança são validadas através de levantamento
etnofarmacológicos de utilização, documentações tecnocientíficas
em publicações ou ensaios clínicos fase 3 Não se considera
medicamento fitoterápico aquele que, na sua composição, inclua
substâncias ativas isoladas, de qualquer origem, nem as
associações destas com extratos vegetais.

FÓRMULA FARMACÊUTICA (MEDICAMENTO):

Fórmula Magistral – preparada em farmácia de manipulação, não


tem registro, não tem acompanhamento individualizado pela
vigilância sanitária.
Fórmula Oficial ou Oficinal – está descrita em algum compêndio
oficial.

Especialidade Farmacêutica – fórmula produzida em indústria


farmacêutica, registrada em órgão oficial.

Atributos:
- conter a quantidade adequada de PA;
- deve ser livre de materiais estranhos;
- liberar o PA na quantidade e velocidade adequadas;
- ser formulada de acordo com a via de administração a que se
destina.

FORMA FARMACÊUTICA:
- maneira pela qual se apresenta a fórmula farmacêutica quanto ao
seu estado físico, via de administração ou método de produção.

Classificação quanto ao estado físico:


- Sólidas: pós, cápsulas, comprimidos, drágeas, supositórios, etc.
- Líquidas: soluções, suspensões, emulsões, linimentos, loções.
- Plásticas: pomadas, pastas, cremes, géis, ungüentos, ceratos.

Finalidade de várias formas diferentes:


- facilidade de administrar
- estabilidade
- facilidade de absorção
- conservação
- melhorar o aspecto e aceitação
- segurança

Segundo a Resolução RDC nº 222, de 29 de julho de 2005:

FORMAS FARMACÊUTICAS
ÁGUAS AROMÁTICAS
São soluções saturadas de óleos essenciais ou outras substâncias
aromáticas em água Possuem odor característico das drogas com
as quais são preparadas, recebendo também o nome das
mesmas.
CÁPSULAS
São formas farmacêuticas sólidas, destinadas à administração oral
Possuem tamanhos e capacidades variáveis e, usualmente,
contém dose única do princípio ativo O invólucro pode ser
constituído de amido ou de gelatina.
As cápsulas devem atender às exigências de variação de peso,
tempo de desintegração, uniformidade de conteúdo e teor de
princípios ativos descritos na monografia.
COLÍRIOS
São preparações farmacêuticas líquidas destinadas à aplicação
sobre a mucosa ocular.
Devem atender às exigências especificadas nas respectivas
monografias Devem satisfazer às exigências de esterilidade.
COMPRIMIDOS
São formas farmacêuticas sólidas obtidas por compressão,
contendo dose única com um ou mais princípios ativos.
Esta forma farmacêutica deve atender às exigências de
desintegração, dissolução, dureza, friabilidade e uniformidade de
conteúdo descritas nos métodos gerais e previstas nas
monografias específicas.
ELIXIRES
São preparações líquidas, límpidas, hidroalcoólicas apresentando
teor alcoólico na faixa de 20% a 50%.
Os elixires são preparados por dissolução simples e devem ser
envasados em frascos de cor âmbar e mantidos em lugar fresco e
ao abrigo da luz.
EMULSÕES
São preparações farmacêuticas obtidas pela dispersão de duas
fases líquidas imiscíveis ou, praticamente imiscíveis De acordo
com a hidrofilia ou lipofilia da fase dispersante classificam-se os
sistemas em óleo em água (O/A) ou água em óleo (A/O).
Quando são para uso injetável, devem atender às exigências de
esterilidade e pirogênios.
ESPÍRITOS
São preparações líquidas alcoólicas ou hidroalcoólicas, contendo
princípios aromáticos ou medicamentosos e classificados em
simples e compostos.
Os espíritos são obtidos pela dissolução de substâncias aromáticas
no álcool, geralmente, na proporção de 5% (p/V).
EXTRATOS
Extratos são preparações de consistência líquida, sólida ou
intermediária, obtidas a partir do material vegetal ou animal O
material utilizado na preparação de extratos pode sofrer tratamento
preliminar, tal como inativação de enzimas, moagem ou
desengorduramento.
Os extratos são preparados por percolação, maceração ou outro
método adequado e validado, utilizando como solvente álcool
etílico, água ou outro solvente adequado Após a extração,
materiais indesejáveis podem ser eliminados.
EXTRATOS FLUÍDOS
Extratos fluídos são preparações líquidas nas quais, exceto quando
especificado diferentemente, uma parte do extrato, em massa ou
volume, corresponde a uma parte, em massa, da droga seca,
utilizada na sua preparação Se necessário, os extratos fluídos
podem ser padronizados, em termos de concentração do solvente,
teor dos constituintes ou resíduo seco. Se necessário, podem ser
adicionados de conservantes inibidores do crescimento
microbiano.
EXTRATOS HIDROGLICÓLICOS (EXTRATOS GLICÓLICOS)
Contêm as frações aromáticas intactas (óleos essenciais) e
hidrossolúveis (taninos, aminoácidos, etc) de maneira
perfeitamente assimilável Contêm concentrações próximas a 50%
do peso da planta fresca.
São solúveis em água e produzem uma solução transparente ou
ligeiramente turva.
Glicóis = glicerina, propilenoglicol.
EXTRATOS MOLES
Os extratos moles são preparações de consistência pastosa
obtidos por evaporação parcial do solvente utilizado na sua
preparação. São obtidos utilizando-se como solvente unicamente
álcool etílico, água ou misturas álcool etílico/água de proporção
adequada. Apresentam no mínimo 70% de resíduo seco (p/p). Os
extratos moles podem ser adicionados de conservantes para inibir
crescimento microbiano.
EXTRATOS SECOS
Extratos secos são preparações sólidas obtidas pela evaporação
do solvente utilizado na sua preparação. Apresentam, no mínimo,
95 % de resíduo seco, calculados como percentagem de massa.
Os extratos secos podem ser adicionados de materiais inertes
adequados.
Os extratos secos padronizados têm o teor de seus constituintes
ajustado pela adição de materiais inertes adequados ou pela
adição de extratos secos obtidos com a mesma droga utilizada na
preparação.
Quando necessário, a monografia poderá prescrever realização de
ensaio limite para o solvente utilizado na preparação.
LOÇÕES
São preparações líquidas aquosas ou hidroalcoólicas, com
viscosidade variável, para aplicação na pele, incluindo o couro
cabeludo. Podem ser soluções, emulsões ou suspensões contendo
um ou mais princípios ativos ou adjuvantes.
ÓVULOS
São preparações farmacêuticas sólidas, com formato adequado,
para aplicação vaginal. Devem dispersar ou fundir à temperatura
do organismo.
Estas preparações devem atender o teste de desintegração.
PREPARAÇÕES TÓPICAS SEMI-SÓLIDAS
Preparações tópicas semi-sólidas são aquelas destinadas para
aplicação na pele ou mucosas para ação local, ou ainda por sua
ação emoliente ou protetora. As preparações destinadas ao uso
oftálmico, ao tratamento de feridas ou à aplicação sobre lesões
extensas da pele devem satisfazer às exigências do teste de
esterilidade.
Distinguem-se 4 categorias de preparações semi-sólidas:
- Pomadas
- Cremes
- Géis
- Pastas
Pomadas
Pomadas são preparações para aplicação tópica, constituídas de
base monofásica na qual podem estar dispersas substâncias
sólidas ou líquidas.
Cremes
São preparações semi-sólidas, obtidas através de bases emulsivas
do tipo A/O ou O/A, contendo um ou mais princípios ativos ou
aditivos dissolvidos ou dispersos na base adequada.
Géis
Géis são sistemas semi-sólidos que consistem de suspensões de
pequenas partículas inorgânicas ou de grandes moléculas
orgânicas interpenetradas por um líquido.
Pastas
São formas farmacêuticas semi-sólidas que contêm uma elevada
concentração de pós finamente dispersos, variando normalmente
este conteúdo de 20% até 60%, sendo mais firmes e espessas que
as pomadas, mas sendo, geralmente, menos gordurosas que elas.
Destinam-se à aplicação externa e apresentam, geralmente,
comportamento reológico dilatante.
SUPOSITÓRIOS
São preparações farmacêuticas sólidas, de dose única que podem
conter um ou mais princípios ativos. Devem fundir à temperatura do
organismo ou dispersar em meio aquoso. O formato e a
consistência dos supositórios devem ser adequados para a
administração retal.
Os supositórios devem atender às exigências contidas nas
monografias especificadas, bem como ao teste de desintegração.
SUSPENSÕES
São preparações farmacêuticas obtidas pela dispersão de uma
fase sólida insolúvel ou praticamente insolúvel em uma fase
líquida.
Quando se destinam a uso injetável, as suspensões devem
satisfazer às exigências de esterilidade e não apresentar partículas
maiores que 100 m.
TINTURAS
Tinturas são preparações líquidas obtidas, normalmente, de
substâncias de origem vegetal ou animal.
As tinturas são usualmente obtidas utilizando uma parte da droga e
10 partes do solvente de extração ou uma parte da droga e cinco
partes do solvente de extração. As tinturas são normalmente
límpidas. Um pequeno sedimento pode se formar por deposição e
é aceitável desde que não haja modificação da composição.
São baseadas na ação solubilizante do álcool etílico ou da glicerina
sobre o pó seco da droga (planta), ao qual se pode agregar água
em quantidade necessária para diminuir a concentração alcoólica.
A graduação alcoólica da tintura varia de acordo com a solubilidade
dos princípios ativos extraídos normalmente entre 30 ºGL e 90 ºGL.

Atualmente a glicerina, o propilenoglicol e o polietilenoglicol


também têm sido empregados em misturas com água substituindo
o álcool etílico.
XAROPES
São preparações aquosas caracterizadas pela alta viscosidade,
que apresentam não menos que 45% (p/p) de sacarose ou outros
açúcares na sua composição. Os xaropes geralmente contêm
agentes flavorizantes.
Quando não se destinam ao consumo imediato, devem ser
adicionados de conservadores antimicrobianos autorizados.

PORCENTAGENS
As concentrações em porcentagem são expressas como segue:
por cento p/p (peso em peso) ou % (p/p) - expressa o número de g
de componentes em 100 g de mistura.
por cento p/V (peso em volume) ou % (p/V) - expressa o número de
g de um componente em 100 ml da solução.
por cento V/V (volume em volume) ou % (V/V) - expressa o número
de ml de um componente em 100 ml de solução.
por cento V/p (volume em peso) ou % (V/p) - expressa o número de
ml de um componente em 100 g da mistura.

A expressão por cento usada sem outra atribuição significa: para


mistura de sólidos e semi-sólidos, por cento p/p; para soluções ou
suspensões de sólidos em líquidos, por cento p/V; para soluções
de líquidos, por cento V/V; para soluções de gases em líquidos, por
cento p/V; para expressar teor de óleos essenciais em drogas
vegetais, por cento V/p.
EXCIPIENTES:
“Componentes das fórmulas farmacêuticas que tem como objetivo
acidificar/alcalinizar, conservar, estabilizar, conferir consistência,
viscosidade, forma, ou seja, corrigir do ponto de vista físico-
químico a preparação.”

Alguns autores classificam os excipientes em veículos e


adjuvantes.

OBS: Todo veículo é um excipiente, mas nem todo excipiente é um


veículo.

veículos
Excipientes adjuvantes
Excipiente do latim excipire significa receber, o excipiente “recebe”
o fármaco.

Veículo transporta o fármaco ao sítio de ação/ absorção no


organismo.

Adjuvante / coadjuvante técnico, do latim, adjuvare significa ajudar,


auxiliar. O adjuvante é um excipiente que auxilia o fármaco a
desempenhar sua função.

Características do excipiente ideal:


 não interagir com o fármaco;
 não interagir com o material de embalagem;
 não ser tóxico, sensibilizante, irritante;
 disponibilizar o fármaco;
 estabilizar a forma farmacêutica;
 fácil de ser armazenado;
 custo compatível com a formulação;
 características reprodutíveis lote a lote;
 propriedades apropriadas.

A escolha do excipiente é baseada na característica do fármaco e


da forma farmacêutica escolhida.
1- Agentes acidificantes/alcalinizantes: acertar e manter o pH.
Ex: ácido cítrico, ácido acético, carbonato de sódio, bicarbonato
de sódio, etc.

2- Conservantes: função de impedir a proliferação microbiana.


Ex: Classe fenóis – nipagin, nipazol, butilparabeno, ácido
benzóico, benzoato de sódio, fenol

metilparabeno propilparabeno

butilparabeno

Classe álcoois – etanol, álcool isopropílico, álcool feniletílico


Compostos mercuriais – timerosal
Compostos de prata – nitrato de prata

3- Antioxidantes: evitar a oxidação dos componentes da fórmula.


Ex: Fase aquosa - sulfito de sódio, metabissulfito de sódio,
ácido cítrico, EDTA, ácido tartárico e tartaratos.
Fase oleosa - vitamina E (-tocoferol), BHT (butil-hidroxi-toluol),
BHA (butil-hidroxi-alisol).

4- Agentes quelantes: (complexantes, sequestrantes) formam


complexos solúveis com certos componentes da fórmula,
podendo ser usados para eliminar da preparação substâncias
indesejáveis, ou para facilitar a dissolução de substâncias
desejáveis. Ex: ác. cítrico e seus sais, ác. tartárico e seus sais,
EDTA, iodo + KI.
5- Agentes de consistência: conferir consistência para as
preparações farmacêuticas. Ex: cera de abelhas, álcool cetílico,
MEG (monoestearato de glicerila).

6- Corantes: conferir cor. Ex: clorofila, urucum, betacaroteno,


corantes artificiais.

7- Agentes emulsionantes: função de emulsionar = dispersar e


misturar intimamente dois líquidos imiscíveis, formando uma
preparação estável. Ex: sabões alcalinos, estearato de amônio,
lauril sulfato de sódio.

8- Flavorizantes: conferir aroma e sabor. Ex: aroma de morango.

9- Umectantes: substâncias com capacidade de umectar/hidratar


a pele, usado para evitar o ressecamento das formulações
devido sua capacidade de reter água no sistema. Ex:
propilenoglicol, glicerina, sorbitol.

10- Emolientes: ação amaciante da pele. Ex: glicerina, lanolina,


óleo de amêndoas.

11- Solventes: dissolver componentes da formulação. Ex: água,


etanol, acetona, éter, propilenoglicol, óleo mineral, glicerina.

12- Tensoativos: solubilidade em água e óleo – formam micelas


que estabilizam a preparação. Alteram a tensão superficial. Ex:
lauril sulfato de sódio, cloreto de cetil trimetil amônio (usado em
condicionadores), docusato sódico, polissorbatos, lecitina de
soja.

13- Espessantes: aumentam a viscosidade das preparações


líquidas. Ex: CMC (carboximetilcelulose), hidroxietilceluose,
goma xantana, gelatina, goma adraganta, carbopol (polímeros
do ác. acrílico).

14- Isotonizantes: corrigem a pressão osmótica de preparações


injetáveis, colírios, pomadas oftálmicas e errinos. Ex: NaCl, KCl,
glicose, sacarose, dextrose.
15- Edulcorantes: conferem sabor adocicado às preparações de
uso oral. Ex: glicose, frutose, sorbitol, aspartame, estévia.

16- Veículo: agente carregador de substâncias farmacêuticas,


utilizado na preparação de líquido orais e parenterais. Ex.: água
(purificada), misturas hidroalcoólicas, misturas
flavorizadas/edulcoradas (xaropes, elixires aromáticos),
oleaginosos (óleo de amendoim, gengibre, mineral).

17- Agente suspensor: usado para suspender partículas sólidas


no veículo, aumentar a viscosidade de um veículo em um
sistema disperso, diminuir a velocidade de sedimentação das
partículas dispersas em um veículo, onde não são solúveis. Ex:
agar, caulim, metilcelulose, CMC, HMC, goma adragante.

18- Diluentes: substância inerte utilizada como agente de


“enchimento” para completar o volume de formas farmacêuticas
sólidas como comprimidos e cápsulas. Usado para criar o
volume desejado, as propriedades de fluxo e as características
de compressão nas preparações. Ex.: lactose, manitol, amido,
celulose microcristalina.

19- Aglutinantes: substâncias utilizadas para causar aderência nas


partículas de pó no processo de granulação. Aumentam a
coesão entre as partículas. Ex.: amido pré-gelatinizado, amido,
povidona, metilcelulose.

20- Desagregante/desintegrantes: provem o rompimento da


massa sólida em partículas menores que se dispensam ou
dissolvem mais rapidamente. Ex.: croscarmelose sódia -
Explocel, amido glicolato de sódio – Explotab,
carboximetilcelulose retiuclada – Ac-Di-Sol, ácido tartárico,
bicarbonato de sódio.

21- Lubrificante: utilizado para diminuir o atrito na fluidez do


material que compõe a forma farmacêutica sólida. Deslizantes,
antiaderentes. Facilitam o escoamento de pós. Ex.: estearato de
magnésio, estearato de cálcio, estearato de zinco, talco.
22- Agentes de revestimento: utilizados para recobrir comprimidos
evitando a decomposição do fármaco, mascarar sabor e odor,
alterar o perfil de liberação do fármaco, proteger o fármaco. Ex.:
compostos açucarados (sacarose, glicose), películas (Ethocel
etilcelulose, hidroxipropilmetilcelulose), revestimento entérico
(ftalato de acetato de celulose, goma laca).

23- Absorventes: absorvem a umidade residual de pós. Ex.:


carbonato de cálcio, talco, dióxido de silício coloidal – Aerosil.

24- Agentes levigantes: substâncias utilizadas como agente


facilitador na redução do tamanho de partículas de fármacos
por trituração, em geral em um almofariz. Ex.: glicerina, óleo
mineral

Excipientes utilizados para possibilitar a preparação:


 Diluentes
 Aglutinantes
 Desagregantes
 Lubrificantes
 Veículos
 Emulsificantes
 Gelificantes

Excipientes utilizados para fornecer estabilidade:


 Química:
o Antioxidantes
o Quelantes
o Modificadores de pH
o Tamponantes

 Física:
o Suspensores
o Tensoativos
o Floculantes

 Microbiológica:
o Conservantes

Excipientes utilizados para melhorar a aceitação da preparação:


 Corantes
 Aromatizantes
 flavorizantes

TIPOS DE MATÉRIAS-PRIMAS NO MERCADO:

- Matéria-prima P.A. (pró-análise) – grau de pureza elevado,


custo elevado, usada em análises químicas.
- Grau super farmacêutico – grau de pureza acima do
farmacêutico, usada em algumas preparações farmacêuticas.
- Grau farmacêutico - deve ser usado nas preparações
farmacêuticas, exigido e descrito nas farmacopéias e
compêndios.
- Grau técnico – abaixo do grau farmacêutico, uso geral
(medicamentos tópicos, excipientes).

PRODUTO PRÉ-MANIPULADO: preparações farmacêuticas


usadas como veículo/base para outras preparações. Armazenadas
em pequenos estoques.

BPF NA FARMÁCIA DE MANIPULAÇÃO:

 Conjunto de normas que visam garantir a qualidade máxima do


produto.

1) Ingredientes e doses dos medicamentos

2) Qualidade das matérias-primas (fornecedores/marcas


conhecidos – não tem controle de qualidade)

3) Acondicionamento e embalagem das matérias-primas e produtos


acabados / rotulagem
4) Manipulação dos medicamentos - normas de fabricação por
escrito

5) Evitar contaminação nas etapas de produção:

1- Contaminação por partículas: (poeira, cabelo...)


Consequências: apresentação, contaminação microbiológica
Como evitar: aventais limpos, touca, máscara, luvas, cuidados com
as mãos, unhas, cabelos e barba, cuidado com equipamentos,
utensílios e embalagens.

2- Contaminação cruzada: (contaminação com matéria-prima que


não faz parte da preparação)
Consequências: ineficácia terapêutica, intoxicação, morte
Como evitar: limpar espátulas, bancadas, utensílios, equipamentos,
vedação das embalagens, cuidado com a identificação das
matérias-primas.

3- Contaminação microbiológica:
Consequências: má apresentação, infecções
Como evitar: aventais, touca, máscara e luvas limpos; cuidados
com as mãos, unhas, cabelos e barba; manter o chão, bancada,
equipamentos, utensílios e material de acondicionamento muito
limpos; verificar a vedação das matérias-primas; cuidar do lixo, não
manusear objetos estranhos.

MATERIAL DE ACONDICIONAMENTO E EMBALAGEM:

- Material de acondicionamento = entra em contato direto com a


preparação farmacêutica. Material primário.

- Material de embalagem = recipiente ou invólucro que serve para


cobrir, empacotar e proteger as preparações farmacêuticas. Não
deve ter contato direto com as preparações (papel, cartolina).
Material secundário.
Funções principais:
 Proteção e conservação da forma farmacêutica.
 Funcionalidade: facilitar o uso da forma farmacêutica.
 Identificação e informação: rótulo, bula, caixa.
 Atratividade: motiva o consumidor: marketing  pensar também
em formas cosméticas...

Propriedades essenciais:
 Resistência física, menor peso, ocupar menor volume.
 Impermeabilidade às matérias primas da forma farmacêutica.
 Isolamento de fatores extrínsecos.
 Inércia  trocas inexistentes (dissoluções ou reações).
 Inocuidade.
 Responsabilidade, confiabilidade.

Segundo a Resolução RDC nº 222, de 29 de julho de 2005:

MATERIAL DE ACONDICIONAMENTO E EMBALAGEM


Compreende-se por material de acondicionamento e embalagem o
recipiente, envoltório, invólucro ou qualquer outra forma de
proteção, removível ou não, destinado a envasar, proteger, manter,
cobrir ou empacotar, especificamente ou não, matérias-primas,
reagentes e medicamentos.
Material de acondicionamento propriamente dito ou embalagem
primária, é o que está em contato direto com a forma farmacêutica
durante todo o tempo. Considera-se material de acondicionamento
ampola, bisnaga, envelope, estojo, flaconete, frasco de vidro ou de
plástico, frasco-ampola, cartucho, lata, pote, saco de papel e
outros.
Embalagem (embalagem secundária) é a que se destina à total
proteção da embalagem primária nas condições usuais de
transporte, armazenagem e distribuição. Considera-se embalagem
secundária: caixas de papelão, cartolina, madeira, material plástico
e outros.
Não deve haver qualquer interação, entre o material de
acondicionamento e o seu conteúdo, capaz de alterar a
concentração, a qualidade ou a pureza do material acondicionado.
As condições de acondicionamento são descritas nas monografias,
utilizando-se os termos abaixo:
Recipiente bem fechado - é aquele que protege o seu conteúdo de
perdas e contaminação por sólidos estranhos, nas condições
usuais de manipulação, transporte, armazenagem e distribuição.
Recipiente perfeitamente fechado - é aquele que protege seu
conteúdo de perdas e de contaminação por sólidos, líquidos e
vapores estranhos, eflorescência, deliquescência ou evaporação
nas condições usuais de manipulação, distribuição, armazenagem
e transporte.
Recipiente hermético - é aquele impermeável ao ar ou qualquer
outro gás, nas condições usuais de manipulação, transporte,
armazenagem e distribuição.
Cilindro de gás - é recipiente metálico perfei-tamente fechado, de
paredes resistentes, destinado a conter gás sob pressão, obturado
por válvula regulável, capaz de manter a saída do gás em vazão
determinada.
Recipiente para dose única - é o recipiente hermético e que contém
determinada quantidade do medicamento destinada a ser
administrada de uma só vez, o qual, uma vez aberto, não poderá
ser fechado com garantia de esterilidade.
Recipiente para doses múltiplas - é o recipiente que permite a
retirada de porções sucessivas de seu conteúdo, sem modificar a
concentração, a pureza e a esterilidade da porção remanescente.

ROTULAGEM
Rótulo é a identificação impressa ou litografada, bem como dizeres
pintados ou gravados a fogo, pressão ou decalque aplicado
diretamente sobre recipientes, vasilhames, invólucros, envoltórios
ou qualquer outro material de acondicionamento. Os rótulos terão
dimensões necessárias à fácil leitura e serão redigidos de modo a
facilitar o entendimento ao consumidor.
A confecção dos rótulos deverá obedecer às normas vigentes do
órgão federal de Vigilância Sanitária.

Forma farmacêutica Recipiente sugerido


Comprimidos, cápsulas ou Frascos pequenos com boca
drágeas larga, vidro transparente ou
âmbar- ou plástico – opaco.
Blister ou strip (termossoldáveis)
Soluções, xaropes e elixires Vidro incolor ou âmbar, boca
estreita.
Líquidos viscosos: boca larga.
Tampa plástica e batoque e
lacre.
Emulsões e suspensões Frasco de vidro ou plástico.
Rótulo: Agite antes de usar
Pós (granel) Plástico. Boca larga.
Pó dividido Papéis, saches, saquinhos
plásticos.
Preparações oftálmicas, Frasco gotejador: plástico ou
otológica e nasais líquidas vidro. Spray.
Pomada ou gel oftálmico Bisnagas ou tubos: metal ou
plástico.
Pomadas, cremes, géis Bisnagas e frascos, potes de
boca larga, plástico ou metal.
Supositórios, óvulos Cartelas plásticas, saches
plásticos ou alumínio.
Injetáveis Ampolas de vidro âmbar ou
incolor, unidoses ou multidoses

Características:
 Fecho de segurança  VO. Dificultar a abertura por crianças
menores que 5 anos. Embalagens resistentes à violação: indica
a violação, evita adulteração.
 Adequação das embalagens: auxílio ao paciente, cooperação
com posologia: esquecimentos, confusão, interrupção do
tratamento.
 Bulas  Resolução RDC Nº 140, 29 de Maio de 2003
(Estabelece regras das bulas de medicamentos para pacientes e
para profissionais de saúde.).
o Descrição do produto, nome DCI e comercial;
o Uso pediátrico/ adulto;
o Farmacologia;
o Farmacocinética;
o Indicações e usos;
o Contra-indicações;
o Alertas e precauções;
o Reações adversas;
o Abuso e dependência;
o Dose excessiva e tratamento;
o Posologia e via de administração;
o Forma farmacêutica, concentrações;
o Responsável técnico, CR, nome da empresa, CNPJ,
endereço.
Bulario Eletronico da Anvisa
INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS DE LABORATÓRIO
FARMACOTÉCNICO

Entre os principais instrumentos e equipamentos utilizados na


Farmacotécnica podem ser destacados:

a) Almofariz (Gral) e Pistilo (Pilão) – Utilizado nos processos de


pulverização, trituração e mistura de sólidos. Podem ser de ferro,
bronze, mármore ou porcelana (de massa). Almofarizes
menores, de porcelana ou vidro são comumente denominados de
GRAL. A contusão e trituração dos sólidos é obtida pelo atrito
com o PISTILO. Para substâncias corrosivas, corantes e
essências deve-se utilizar o gral de vidro, pois estas impregnam
na porcelana. Ao utilizar o gral de massa para mistura de
materiais aquecidos/fundidos, a fim de evitar contato destes com
as paredes frias do gral, deve-se aquecer o mesmo através de
queima de pequena quantidade de álcool em seu interior.

b) Balança – Podem ser de quatro tipos:


- analítica - para quantidades mínimas de até 0,0001 g;
- semi-analítica - para quantidades mínimas de até 0,01 g;
- granatária - para quantidades mínimas de até 0,1 g;
- roberval - para quantidades superiores a 10 g.
A balança analítica é empregada somente em casos de alta
precisão, ao trabalhar-se com princípios ativos muito potentes e
que, portanto, participam da formulação em pequenas quantidades.
Os excipientes poderão ser pesados em balança granatária de dois
pratos e/ou balança semi-analítica, as quais admitem erros de
pesagem maiores, porém não significativos em relação à
composição final do produto.
* compostos corrosivos como o iodo devem ser pesados sobre
vidro de relógio

c) Béquer – Utilizado para dissolução ou preparação de soluções à


quente, devendo ser protegido do fogo direto pelo uso de tela de
amianto ou aquecimento em banho-maria. Dissoluções à frio
devem ser realizadas no copo graduado ou cálice, que são mais
resistentes ao atrito com o bastão de vidro.

d) Cálice e copo graduado (quando o volume é maior que


60mL) – Utilizado nas medida não rigorosas de volumes líquidos
(viscosos ou não), nas preparações líquidas com dissolução à frio
e ainda no acerto final de volume de preparações.

e) Cápsula de porcelana – Empregada na fusão de materiais


sólidos e ceras. Apresenta paredes finas que não resistem ao
atrito.

f) Espátula – Tem a finalidade de auxiliar nas diversas operações


como pesagem, preparo de pomadas, etc. Geralmente utiliza-se
espátula de aço inoxidável com cabo de madeira. Porém, nas
preparações que envolvem substâncias corrosivas como iodo,
deve-se utilizar espátula de osso, vidro ou plástico.

g) Funil de vidro – Auxiliar nas operações envolvendo líquidos


como enchimento de frascos e filtrações.

h) Papel de filtro – Utilizado na filtração de soluções não viscosas


ou de baixa viscosidade. Xaropes e soluções viscosas devem ser
filtrados em papéis próprios ou em gaze.

i) Pedra de mármore e placa de vidro – Apresentam superfície


lisa que facilita a incorporação de pós a cremes e pomadas,
através da espatulação.

j) Pipeta – Somente é empregada na medida de volume de líquido


que exija alta precisão e exatidão. Nunca deve ser esvaziada por
sopro, a menos que tenha sido aferida para tal.

k) Proveta – Usadas para medidas de volume não tão rigorosas,


são mais exatas que os copos graduados.

l) Tamis – Instrumento utilizado na operação de tamisação. O


objetivo principal da tamisação é o de homogeneizar o tamanho
das partículas, se necessário medi-las e classificá-las quanto
ao grau de tenuidade.

ESTABILIDADE DE PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS


Estabilidade é definida como a extensão de tempo em que o
produto retém, dentro dos limites especificados e dentro do período
de armazenamento e uso (prazo de validade), as mesmas
propriedades e características que possuía na ocasião em que foi
manipulado

Segundo a Resolução RDC nº 222, de 29 de julho de 2005:

PRAZO DE VALIDADE

O prazo de validade limita o tempo durante o qual o produto poderá


ser usado. Os produtos deverão indicar nos rótulos a data do
término do prazo de validade. Esta data identifica o tempo durante
o qual o produto estará em condições ao uso, desde que
conservado conforme indicação.

Quando o prazo de validade for indicado apenas pelo mês e ano,


entende-se como vencimento do prazo o último dia desse mês.

A farmacopéia americana USP 25 ed. Projeta de maneira geral a


determinação do prazo de validade para preparações magistrais.

O critério leva em consideração as características físico-químicas


da droga, da forma farmacêutica e susceptibilidade aos processos
de degradação química.

Existem 5 tipos de estabilidade importantes para o farmacêutico:

 Química
Cada componente ativo retém sua integridade química e potência
indicadas na embalagem, dentro dos limites especificados.

 Física

São mantidas as propriedades físicas originais, inclusive aparência,


palatabilidade, uniformidade, dissolução e suspensibilidade.

 Microbiológica

Esterilidade ou resistência ao crescimento microbiano é mantida,


de acordo com limites especificados.

 Terapêutica

O efeito terapêutico permanece inalterado.

 Toxicológica

Não ocorre aumento significante na toxicidade.

FORMAS FARMACÊUTICAS E SINAIS DE INSTABILIDADE


MAIS COMUNS:

- Cápsulas: alterações na aparência ou no seu contudo, incluindo


escurecimento, ressecamento, amolecimento, descoloração,
distorção dos invólucros, aparecimento de fungos e bolores, etc.
- Pós: formação de grumos ou descoloração. A formação de gás
pode ser um indício de degradação bacteriana.

- Soluções, elixires e xaropes: as soluções devem ser livres de


partículas e possuir cor e odor característicos. Não devem
descolorir nem formar gases.

- Emulsões: não devem quebrar, exsudação, descoloração ou


crescimento microbiano.
- Suspensões: devem ser redispersíveis, não apresentar
incrustação, cristalização (na boca do fraco, por exemplo),
descoloração ou crescimento microbiano.

- Pomadas: não pode haver separação, alteração de consistência,


formação de grânulos, arenosidade e ressecamento.
- Géis: não podem apresentar qualquer exsudação, descoloração
ou contaminação microbiológica.

CÁLCULOS EM FARMACOTÉCNICA
Pesagem

A seleção do equipamento para determinação de massa deve apresentar padrões estabelecidos de


sensibilidade, exatidão e capacidade.

Uma balança de precisão Classe A deve ser usada em procedimentos de manipulação. Estas
apresentam sensibilidade de 6 mg e capacidade máxima de 120 g.

Menor quantidade a ser pesada = 100% x sensibilidade da balança


Porcentagem de erro aceitável (%)

Para a balança citada acima, com um erro aceitável de 5%, temos:


Menor quantidade a ser pesada = (100% x 6 mg/ 5%) = 120 mg

Porcentagem de Erro

Um erro, em qualquer medida, pode acontecer por:


 Sensibilidade inerente;
 Exatidão do equipamento;
 Técnica aplicada.

O erro pode ser aceitável ou não, dependendo do grau de exatidão requerido.

Porcentagem de erro = erro x 100%


Quantidade desejada
Para tal precisamos entender:
O peso aparente ou volume medido: quantidade realmente desejada.
O possível excesso ou falta na quantidade real obtida: o erro.

Exemplo: um farmacêutico precisa de 475 mg de uma substância. Quando foi verificada a sua pesagem,
foram encontradas 445 mg da sustância em questão. Calcule a porcentagem de erro na pesagem.

Porcentagem de erro = (30 mg x 100%/ 475 mg) = 6,3%

Expressões de Concentração

Porcentagem

As porcentagens nas preparações farmacêuticas são expressas com o primeiro termo indicando o
componente sobre a qual a concentração está baseada e o segundo termo indicando a preparação total.

Porcentagem peso/ volume (p/V) = expressa o número de gramas de um constituinte em 100 mL de uma
solução ou preparação liquida.

Porcentagem volume/ volume (V/V) = expressa o número de mililitros de um constituinte em 100 mL de


uma solução ou preparação liquida.

Porcentagem peso/ peso (p/p) = expressa o número de gramas de um constituinte em 100 g de uma
solução ou preparação.
Diluição, concentração e aligação.

Concentração de uma solução é toda e qualquer expressão da proporção entre as quantidades de soluto
e de solvente, ou, então, as quantidades de soluto e de solução.

Concentração comum ou, simplesmente, concentração (c)

Concentração é o quociente da massa do soluto (em gramas) pelo volume da solução (em litros).

Matematicamente: C = m1
V
Unidade: gramas por litro (g/L)

Significado físico: a concentração indica quantos gramas de soluto existem em cada litro de solução.

Não confunda a concentração comum com a densidade da solução. Esta última é o quociente da massa
da solução pelo volume da solução; é representada matematicamente por: d = m/V
E costuma ser expressa em gramas por militro (g/mL).

Observação:
 No preparo das soluções pode haver expansão, contração ou manutenção de volume.

Aligação

Aligação é um método aritmético empregado para resolver problemas relacionados à mistura de


preparações de diferentes concentrações. Existem dois tipos de cálculos de aligação: a medial e a
alternada.

Aligação medial

Aligação medial é empregada para determinar a concentração de uma mistura.

A concentração de cada componente (expressa geralmente em concentração percentual) é multiplicada


pela sua quantidade correspondente.

Então a soma dos produtos é dividida pela quantidade total da mistura e a fração decimal resultante é
multiplicada por 100 para fornecer a concentração percentual da mistura.

Importante: as quantidades devem ser expressas na mesma unidade métrica, seja por massa ou volume;
bem como as unidades de concentração!

Exemplo:
Qual a concentração V/V de etanol na mistura de 3L de etanol a 40% (V/V), 1L de etanol 60% (V/V) e 1L
de etanol 70% (V/V)?
40% x 3L = 1,2L
60% x 1L = 0,6L
70% x 1L = 0,7L

Soma dos produtos: 2,5L


Total de mistura: 5L

Cálculo: a soma dos produtos é dividida pela quantidade total da mistura:


2,5(L) / 5(L) = 0,5 x 100 = 50% (V/V)

Aligação alternada

Aligação alternada é um método aritmético empregado para determinar as quantidades de duas ou mais
preparações de diferentes concentrações que, quando misturadas, fornecem um produto final de
quantidade e concentração desejada.

As concentrações das misturas usadas na aligação alternada são geralmente expressadas em termos de
concentrações percentuais.

Diagrama esquemático para aligação alternada.


É usado para determinar a proporção relativa dos componentes a serem misturados para resultar em um
produto de concentração percentual desejado.

Ex.: Em que proporções uma preparação a 95% e uma a 50% devem ser misturadas para se obter uma
preparação final a 70%?

 a diferença entre a concentração da preparação mais concentrada e daquela desejada indica o


número de partes da preparação menos concentrada a ser usada.
Ex.: a diferença entre a concentração da preparação mais concentrada: 95% e daquela desejada: 70%
indica o número de partes: 25 partes da preparação menos concentrada: 50% a ser usada.

 a diferença entre a concentração desejada e aquela da preparação menos concentrada indica o


número de partes da preparação mais concentrada a ser utilizada.
Ex.: a diferença entre a concentração desejada: 70% e aquela da preparação menos concentrada: 50%
indica o número de partes: 20 partes da preparação mais concentrada: 95% a ser utilizada.

 a soma das partes indica um total a ser preparado.


Ex.: Assim a razão das preparações a 95% e a 50% para se obter uma preparação a 70% é 20:25 em
um total de 45 partes.

Se fossemos preparar 100 mL da mistura a 70% teremos:

100 mL/ 45 partes = 2,2222mL.

Cada parte seria igual a 2,222mL


Então usaríamos 2,222 x 20 da preparação a 95% = 44,44mL da preparação a 95%.
E usaríamos 2,222 x 25 da preparação a 50% = 55,55mL da preparação a 50%.

Porcentagem Porcentagem Proporção


dada desejada de partes
requeridas

95 menos 20
fornece

70

para fornece
50 25

soma das partes


45

SOLUÇÕES

São sistemas homogêneos de duas ou mais substâncias.

FARMACOTÉCNICA: São formas farmacêuticas líquidas obtidas


por dispersão molecular.
(solventes: líquido e solutos: sólidos, líquidos ou gases)
Ao se misturarem duas substâncias podem resultar numa:
- mistura homogênea = solução
- mistura heterogênea

Dispersão: são sistemas nos quais uma substância está


disseminada, sob a forma de partículas, numa segunda substância.

A primeira substância é chamada de fase dispersa e a segunda de


fase dispersante.

Há uma classificação feita de acordo com o tamanho médio das


partículas dispersas.

Nome da dispersão Tamanho médio das partículas


dispersas
Solução verdadeira Entre 0 e 1 nm
Solução coloidal Entre 1 e 100 nm
Suspensões Acima de 100 nm

1 nm = 10-9m

Soluções Verdadeiras

São misturas homogêneas de duas ou mais substâncias.

Nas soluções a fase dispersante recebe o nome de soluto e a fase


dispersante recebe o nome de solvente.

Exemplos de soluções: ar que respiramos, água do mar, bebidas,


medicamentos, suco gátrico, urina....

De acordo com a proporção entre soluto e solvente


- diluídas
- concentradas

De acordo com a natureza do soluto


- soluções moleculares: quando as partículas dispersas são
moléculas.
- soluções iônicas: quando as partículas dispersas são íons.

Geralmente: “semelhante dissolve semelhante”.


A água é um solvente inorgânico. Muitas substâncias inorgânicas
dissolvem-se na água.

As substâncias orgânicas, em geral, dissolvem-se em solventes


orgânicos.

Dissolução = operação física que consiste em misturar duas ou


mais substâncias em um meio líquido, de modo a formar um
sistema homogêneo (solução).

CLASSIFICAÇÃO das soluções:

1) Quanto à natureza do solvente:


- solução aquosa (água)
- solução alcoólica (álcool)
- solução glicerínica (glicerina), etc.

2) Quanto à via de administração:


- solução oral (xarope , elixir, mélito, etc.)
- solução nasal (errino)
- solução auricular (solução otológica)
- solução oftálmica (colírios)
- soluções cavitárias (colutório, gargarejo, ducha, enema)
- soluções injetáveis

3) Quanto ao processo de preparação:


- solução simples
- solução extrativa: dissolução parcial de substância(s) natural(is)
complexas
Frio – tintura, alcoolatos, águas aromáticas, extratos
Quente: infuso, decocto, digesto.

4) Quanto à concentração de PA:


- insaturada: concentração de PA é menor que o coeficiente de
solubilidade à mesma temperatura.
- saturada: concentração de PA, a uma dada temperatura, é a
máxima possível (corresponde à solubilidade).
- supersaturada: concentração de PA é superior ao coeficiente de
solubilidade à mesma temperatura.

INTERAÇÃO SOLUTO-SOLVENTE:
- Solvatação (ex:hidratação)
- Soluólise – quebra de ligação (ex: hidrólise)
- Formação de complexo

Calor de dissolução: efeito térmico que acompanha a dissolução.


- absorção de calor: KI, KBr, Al2(SO4)3
- liberação de calor: CaSO4, Na2SO4
- desprezível: NaCl

Ajuste do pH – auxilia a solubilização de ácidos e bases fracas


Ex: barbitúricos/sulfas = ácidos fracos  alcalinizar o meio
Alcalóides = bases fracas  acidificar o meio

SOLVENTES EMPREGADOS EM FÁRMÁCIA

- toxicidade
- custo
- inerte fisiologicamente
- irritabilidade
- compatibilidade com os componentes da formulação
- compatibilidade com o material de acondicionamento

ÁGUA
- solvente universal
- Vantagens: custo, disponibilidade, fácil de purificar
- Desvantagens: contaminação microbiológica, instabilidade
química (hidrólise)

Controle de qualidade da água:


- pH
- resistividade -  resistiv. = mais pura
- microbiológico (contagem total, coliformes, pseudomonas)
- propriedades organolépticas – cor, odor, sabor
- análise de material orgânico (* TOC – Total Oraganic Carbon)
- análises químicas específicas (teste de SO4-2, Cl, Ca, Mg, etc.)

SOLVENTES NÃO AQUOSOS

- veículos e adjuvantes farmacotécnicos


- mistura com outros solventes:  dissolução,  hidrólise do PA
- toxicidade / inocuidade
- diminuem oxidação – não permitem dissolução do O2
- diminuem contaminação microbiológica

1- Álcool etílico: 2o solvente mais usado, atividade bacteriostática,


miscível com a água, dissolve vários P.a.s, anti-hidrolítica.

2- Álcool isopropílico: custo elevado, irritante – uso externo.

3- Acetona: volátil, incolor, miscível em água e outros solventes.

4- Glicerina: higroscópica, inodora, incolor, levemente antisséptica,


sabor adocicado, alta viscosidade (bom para gotejamento), anti-
hidrolítica.

5- Propilenoglicol: mais caro que a glicerina, incolor, inodoro e


adocicado, anti-fúngico, dissolve em água e em óleo.

6- Sorbitol: sólido (solução 70%), edulcorante (xaropes sem


açúcar - viscoso), miscibilidade.

 sorbitol = melhor adoçante / glicerina = maior aderência /


propilenoglicol = maior propriedade solubilizante

7- Óleos: (vaselina, óleos vegetais e mineral) dissolvem essências


e compostos apolares. Susceptíveis à hidrólise e oxidação.

Obs:  oxidação ranço-cetônica – formação de metilcetona por


contaminação microbiana.
 auto-oxidação – quebra de insaturações – degradação (luz,
calor, ar)

SOLUBILIDADE

A solubilidade de certa substância pura em dadas condições de


temperatura e pressão é constante, porém a velocidade de
dissolução depende do tamanho da partícula, do grau de
agitação e da viscosidade do meio.

A velocidade de dissolução é diretamente proporcional ao grau de


agitação do sistema e inversamente proporcional ao tamanho de
partícula (do pó em dissolução) e à viscosidade do meio em
questão.

Quanto menor a partícula do sólido em contato com o solvente,


maior a superfície de contato e o processo de dissolução é mais
rápido.

Quanto maior a agitação, mais rápida é a formação da solução.

Quanto maior a viscosidade do meio mais difícil é a dissolução do


soluto.

FATORES QUE INTERFEREM NA SOLUBILIDADE

 pH;
 temperatura;
 pressão;
 estado de divisão da matéria;
 agitação física.

Expressão descritiva Partes de solvente necessárias para


dissolver uma parte do soluto
muito solúvel menos de 1
livremente solúvel de 1 a 10
solúvel de 10 a 30
moderadamente solúvel de 30 a 100
ligeiramente solúvel de 100 a 1000
pouco solúvel de 1000 a 10000
praticamente insolúvel mais de 10000
ou insolúvel
Fonte: Ansel, H.C., Popovich, N.G., Jr, L.V.A. Farmacotécnica, 6ed.
p.253

SOLUÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORAL


(via mais utilizada)

Fatores farmacotécnicos envolvidos:


- odor
- sabor
- cor
- estabilidade do PA (f.f. líquida  estabilidade que f.f. sólida)

Fármaco  T.G.I.  absorção

Fatores que alteram a absorção do fármaco:


1- tamanho da partícula: em geral  TP   dissolução e absorção
2- forma do fármaco: cristalina (geralmente + solúvel) ou amorfa
3- Natureza química: sal, ácido, base, éster
4- pH do TGI: estômago (pH 1 a 2,5) / duodeno (pH 5 a 7) / íleo
(pH ~ 8)
5- Tempo de esvaziamento gástrico (TEG): tempo que o alimento
(medicamento) leva para deixar o estômago. Para
medicamentos, quanto menor melhor. Fatores que aumentam o
TEG: alta quantidade de alimentos, alimentos gordurosos,
quentes, substâncias mais pastosas e espessas.
FORMULAÇÃO
- solubilidade do PA
- tipo de dissolução (a quente, a frio)
- tipo de forma farmacêutica
- necessidade de corretivos
físicos: gomas, glicerina
- estabilizantes químicos: ác. ascórbico
microbiológicos: parabenos, benzoato de Na

Fala-se em veículo e não em excipientes. Geralmente tem-se um


PA, alguma substância para corrigir o sabor, melhorar a
estabilidade e o solvente.

Em geral:  solúvel ?  água ?


outro solvente ?
a frio ?
a quente ?

se a solubilidade for em água, melhor. Se não for em água fria


precisa ver se pode aquecer a formulação sem degradar o PA. Se
não for solúvel em água procurar outro solvente, não esquecendo
de verificar a estabilidade da solução.

Estabilizantes

a) estabilidade química: o meio aquoso favorece as reações:


hidrólise, oxidação, interações.
O ácido ascórbico é praticamente inócuo e é um bom antioxidante,
ele se oxida primeiro e protege o PA da oxidação.

Problemas!
Interações e incompatibilidades.

Ex. parabenos + flavorizantes (caráter lipofílico)



é adicionado em pequenas quantidades.
 pode ter uma partição do conservante entre a solução e a
essência, então praticamente se retira o conservante da solução: <
eficiência do conservante.

Técnicas de preparação:

Operações:

PA em geral é sólido, tem que ser dissolvido


Conservante que é sólido idem
Adjuvantes que também são sólidos na maioria das vezes idem.

gera operações unitárias.

 Pesagem ou medida de volume.


 Dissolução: a frio ou a 
 Diluir a solução: qsp
 Homogeneização
 Filtração: dependendo da viscosidade
 Acondicionar de forma correta: vidro pode liberar alcalinidade
para a solução (também não se coloca NaOH em frasco de
vidro); dependendo a fotossensibilidade do PA não usar vidro
transparente.

OBS.: trabalhar em GMP: pois em manipulação não existe CQ.

Resumindo:
- redução do tamanho das partículas (trituração, tamisação)
- pesagem ou medida de volume
- dissolução, diluição
- homogeneização
- filtração
- acondicionamento
- rotulagem (verde)

Dispensação:
- gotas
- frasco medida, flaconete

Orientação ao paciente da forma de como tomar o medicamento,


reforçar a posologia.

Vantagens e desvantagens da forma farmacêutica:

Vantagens: Desvantagens
Início do efeito Problemas de estabilidade:
Mascarar odor e sabor do PA degradações, interações,
Uso pediátrico incompatibilidades.
Problemas de conservação.

CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÕES

Xarope: forma farmacêutica líquida com cerca de 2/3 de seu peso


em sacarose.
- Preparo: a frio ou a quente
Aquecimento: sacarose glicose + frutose
hidrólise
A glicose é um pouco menos solúvel que a sacarose, e a frutose
dá um tom amarelado ao xarope.

Devido à concentração de 2/3 de sacarose desfavorece a


contaminação microbiana.

Se não for consumir imediatamente há a necessidade da adição


de conservante.
Para substituir a sacarose: dextrose, sorbitol, sacarina.

Adição de glicerina: 1-2%  viscosidade e favorece a


conservação.
a preparação pode ser a  ou a frio

- Alterações: degradação do PA, caramelização = carboniza a


sacarose, desenvolvimento de Mos, oxidação (luz), com o tempo
ocorre cristalização da glicose que se originou da hidrólise.

- Xaropes com adoçantes artificiais (diabéticos) – uso de


espessantes = CMC, MC, glicerina.

Elixir: forma farmacêutica líquida hidroalcoólica, aromatizada e


edulcorada com sacarose ou sacarina para uso oral.

São preparações líquidas, límpidas, hidroalcoólicas apresentando


teor alcoólico na faixa de 20% a 50%.
 mínimo: 20% álcool e 20% de sacarose
 ele pode ser um veículo para outra preparação
Preparação: a frio: dissolução e mistura. Cuidado com a turvação.
Ex. elixir de digoxina, de fenobarbital.
Os elixires são preparados por dissolução simples e devem ser
envasados em frascos de cor âmbar e mantidos em lugar fresco e
ao abrigo da luz.

- Menos doce e viscoso que o xarope.


- propilenoglicol, glicerina ou sorbitol   viscosidade

Melito: forma farmacêutica líquida contendo mel como veículo. Já


funciona como edulcorante. Pode conter glicerina e sacarose.
Pode ser de uso oral ou tópico.
Espíritos: são preparações líquidas alcoólicas ou hidroalcoólicas,
contendo princípios aromáticos ou medicamentosos e
classificados em simples e compostos.
Os espíritos são obtidos pela dissolução de substâncias
aromáticas no álcool, geralmente, na proporção de 5% (p/V).

Extratos: são preparações de consistência líquida, sólida ou


intermediária, obtidas a partir do material vegetal ou animal.O
material utilizado na preparação de extratos pode sofrer
tratamento preliminar, tal como inativação de enzimas, moagem
ou desengorduramento.

Os extratos são preparados por percolação, maceração ou outro


método adequado e validado, utilizando como solvente álcool
etílico, água ou outro solvente adequado Após a extração,
materiais indesejáveis podem ser eliminados.

Extratos fluídos são preparações líquidas nas quais, exceto


quando especificado diferentemente, uma parte do extrato, em
massa ou volume, corresponde a uma parte, em massa, da droga
seca, utilizada na sua preparação Se necessário, os extratos
fluídos podem ser padronizados, em termos de concentração do
solvente, teor dos constituintes ou resíduo seco. Se necessário,
podem ser adicionados de conservantes inibidores do crescimento
microbiano.

Extratos hidroglicólicos (extratos glicólicos) contêm as frações


aromáticas intactas (óleos essenciais) e hidrossolúveis (taninos,
aminoácidos, etc) de maneira perfeitamente assimilável Contêm
concentrações próximas a 50% do peso da planta fresca.
São solúveis em água e produzem uma solução transparente ou
ligeiramente turva.
Glicóis = glicerina, propilenoglicol.

Águas aromáticas são soluções saturadas de óleos essenciais


ou outras substâncias aromáticas em água Possuem odor
característico das drogas com as quais são preparadas,
recebendo também o nome das mesmas.
Outros tipos: soluções extemporâneas (antibióticos, sais para
reidratação oral), limonada, poções, soluções aquosas, etc.)

SOLUÇÕES ESPECIAIS

Soluções de preparo extemporâneas: são soluções que se


prepara imediatamente antes de se usar devido a degradação.

Ex. antibióticos com estabilidade reduzida sob forma de solução.

PA
pó flavorizante + solvente  reconstituição
corante

recomendações: guardar em geladeira


conhecer a estabilidade

Formulação: Estudo crítico

Fenobarbital 4g PA
Propilenoglicol 100,0 mL co solvente
Álcool 200,0 mL co solvente
Sorbitol 600,0 mL viscosi//; edulcorante
Água qsp 1000,0 mL

Pode considerar um elixir: edulcorante: sorbitol.


Adicionar um corante e um aromatizante e um pouco de sacarose.
Não é necessário o uso de conservante  tem bastante álcool.
Dispensação: frasco conta-gotas.

COLÍRIOS, SOLUÇÕES
OTORRINOLARINGOLÓGICA
E CAVITÁRIAS
1- COLÍRIOS

“Soluções ou suspensões aquosas ou oleosas contendo


uma ou várias substâncias medicamentosas destinadas à
instilação ocular.”

- o fármaco vai se dissolver no filme aquoso formado pela


conjuntiva
- conjuntiva = membrana que recobre a córnea e a
pálpebra internamente, muito vascularizada  umidade
natural do olho

- Absorção depende - balanço hidro/lipossol. (coef. part.)


- pH

Requisitos dos colírios:


- Isotonia  0,6 a 1,5% de NaCl (USP)
- pH  líquido lacrimal: 7,4 a 7,7
7,3 a 9,7  ideal
porém a maioria dos colírios tem estabilidade em pH mais
baixo.
Faixa aceita para não irritação: 5,8 a 11,4

- estabilidade: antioxidantes (sulfito de sódio, metabissulf.


de sódio)
- esterilidade:
 dose única: pós operatório – córnea lesada, não
precisam de conservantes.
 dose múltipla: estéreis até o 1o uso, devem ter
conservantes.
Conservantes em colírios: cloreto de benzalcônio
clorbutanol
Ativid. fenol
parabenos
álcool fenil etílico
timerosal

Incompatibilidades:
- cloreto de benzalc. X nitrato de pilocarpina,
sulfadiazina e
fluoresceína sódicas, salicilato de
eserina
- clorbutanol : hidrolisa em soluções alcalinas e
autoclavação

Conservante pode ser inativado por:


- pH da preparação
- exposição ao calor
- reação com recipiente
- presença de inativadores na formulação

2- ERRINOS

“Formas farmacêuticas líquidas destinadas ao tratamento


da mucosa nasal.”
- bastante vascularizada
Mucosa nasal - sistema tampão pouco eficiente
- sensibilidade grande aos estímulos
- muco e cílios

Requisitos:
- isotonia (ajuste com NaCl ou glicose)
- pH: influencia no movimento ciliar – secreção nasal: 7,0
a 8,3
rinite / rinosinusite aguda  pH + alcalino  emprego
de soluções vasoconstritoras ácidas (efedrina)
Faixa aceita = 6,4 – 9,0
(uso de tampão fosfato)
- estabilidade
- esterilidade (chances de infecção grande)
errinos em geral são de dose múltipla – conservantes
(clorbutanol 0,5%)
- todos os errinos são aquosos

Não usar:
- solventes como óleos, glicerina ou álcool acima de 10%,
PEG  alteram a viscosidade   movimentos ciliares
- ácido bórico   movimentos ciliares
- cloreto de benzalcônio  precipita muitos fármacos
utilizados

3- GOTA OTOLÓGICA
“Formas farmacêutica líquidas, geralmente viscosas e que
visam a limpeza da região auricular ou o combate de
infecções.”

 Mucosa com produção intensa de cerúmen, sistema


tampão pouco eficiente (ouvido não tolera pH  7)

Requisitos:
- pH: em geral ácidas (Mos proliferam melhor em meio
alcalino), normal = 5,0 a 7,8 (tampão ác. bórico)
* isotonia não é necessária pois não vamos ultrapassar
barreiras
- esterilidade: conservantes (parabenos, clorexidina, etc.)
- estabilidade: veículos = água glicerina, óleos, glicóis.

4- COLUTÓRIO

“Formas farmacêuticas líquidas, aquosas, destinadas a


serem aplicadas diretamente sobre as partes internas da
boca e garganta para tratamento de afecções e infecções.”

Características:
- preparações viscosas
- veículos: glicerina, propilenoglicol, xarope, mel
- uso de essências e corantes (cores fortes - não é para
deglutir)
- fármacos: antissépticos, antibióticos, anestésicos locais

5- GARGAREJO

“Soluções aquosas destinadas à lavagem e assepsi0a da


boca e garganta.”
Característica:
- cores fortes - não é para ingerir
- Veículo: aquoso ou hidroalcoólico
- Pode conter: mel, glicerina, flavorizantes
- fármacos: antissépticos, antibióticos, anestésicos locais

6- DUCHAS

“São preparações farmacêuticas líquidas destinadas a


serem introduzidas em cavidades do corpo com finalidade
de limpeza e assepsia.”

- Ducha oftálmica: água boricada, solução fisiológica,


requisitos = colírios

- Ducha nasal: solução fisiológica (rinossoro), requisitos =


errinos

- Duchas vaginais, uretrais, faríngeas: não muito


utilizadas, não importa isotonia e esterilidade.

* podem ser dispensadas sob a forma de pós/comprimidos


para serem dissolvidos na hora do uso.

7- ENEMA OU CLISTER

“Forma farmacêutica líquida destinada a ser instilada no


reto com fim laxativo, ou para produzir outro efeito local ou
ainda sistêmico.”

- Aplicação visando ação sistêmica – efeito rápido


(semelhante à solução parenteral).

- atualmente – mais usado em hospitais (pré-operatório,


diagnósticos)
- volume aplicado: desde poucos mL até 1000mL.

- Fármacos: carminativos, laxativos, sedativos, anti-


helmínticos, agentes de diagnósticos (sulfato de bário).

SOLUÇÕES FARMACÊUTICAS – ISOTONIA

pressão osmótica de soluções farmacêuticas

Pressão Osmótica

Colocando um pouco de açúcar num copo de água, verificamos que


inicialmente o açúcar vai para o fundo: no entanto, com o passar do
tempo, mesmo que a água não sofra agitação, notamos que o
açúcar se distribui uniformemente por toda a solução.

Este movimento espontâneo do açúcar dá-se o nome de difusão. A


difusão é um aspecto particular da tendência geral que existe na
natureza de igualar, uniformizar os sistemas.
Vamos pensar na existência de uma membrana que impeça a
passagem do açúcar, mas não impeça a passagem da água
membrana semipermeável.

Já que o açúcar não pode “procurar” a água, é a água que migra em


direção ao açúcar.

Este movimento da água se chama osmose.

A pressão que impele a água chama-se pressão osmótica.

Se no lugar da água pura colocarmos uma solução aquosa de


açúcar, mais diluída que a existente de um lado da membrana
semipermeável, vale aqui a tendência das concentrações se
igualarem.
Pressão osmótica é a pressão externa que deve ser aplicada à
solução para impedir sua diluição pela passagem do solvente puro
através de uma membrana semipermeável.

As medidas da osmometria foram determinadas experimentalmente


por Van’t Hoff: soluções diluídas de solutos não iônicos, a pressão
osmótica independe do soluto e obedece basicamente duas leis:

Em particular para um numero fixo de moles de soluto, a pressão


osmótica será inversamente proporcional ao volume da solução.

Em molaridade constante, a pressão osmótica é diretamente


proporcional à temperatura absoluta da solução.

A pressão osmótica de uma solução é igual à pressão que o soluto


exerceria se fosse gasoso e se estivesse ocupando o volume todo da
solução, na mesma temperatura da solução.

Tendo soluções à mesma temperatura, com pressões osmóticas A e


B dizemos que:

A solução A é hipertônica em relação à B quando: A > B


A solução A é isotônica em relação à B quando: A = B
A solução A é hipotônica em relação à B quando: A < B

A pressão osmótica pode ser determinada com precisão e assim


determinarmos a massa molecular do soluto.
Osmolalidade e osmolaridade

A quantidade de partículas (moléculas ou íons) osmoticamente ativa


em uma solução é expressa em termos de osmóis e miliosmóis.

A concentração da solução pode ser expressa em termos de número


de osmóis por Kg de água = osmolalidade e número de osmóis por L
de solução = osmolaridade.

Cálculo de isotonia

Os cálculos são aproximações para se alcançar a isotonia.

Pelo equivalente em cloreto de sódio (EqNaCl) = é a massa em NaCl


que produz o mesmo efeito osmótico que 1g da substância.

A maneira de se calcular o EqNaCl é conhecendo o PM e i da


substância da qual se deseja a solução isotônica.
EqNaCl = PM NaCl x i da substância
i do NaCl PM da substância
i = fator de dissociação (número de íons formados com a dissociação
da substância)
Calcular o equivalente em cloreto de sódio de uma solução de 1% de
nitrato de pilocarpina.
Dados nitrato de pilocarpina: PM 271; i = 1,8
EqNaCl = PM NaCl x i do nitrato de pilocarpina
i do NaCl PM do nitrato de pilocarpina
EqNaCl = 58,8 x 1,8
1,8 271

EqNaCl = 105,3 = 0,22


487,8
Então 1 grama de nitrato de pilocarpina equivale a 0,22 de NaCl em
100mL de solução.

Ajuste de isotonicidade pelo método de equivalente em cloreto de


sódio.

H3BO3 EqNaCl = 0,5%

1g de H3BO3/100mL de solução produz o mesmo efeito que 0,5g


NaCl/100mL. (Estes dados para as substâncias comuns estão
tabelados.)

A concentração de ácido bórico que é isotônica à lágrima:


1g de H3BO3 0,5g NaCl
X 0,9g NaCl
X = 1,8g/100mL de H3BO3

- sotonia está relacionada com pressão osmótica


- Osmose: membrana semi-permeável  passagem do
solvente
- Pressão osmótica – pressão suficiente para impedir a
osmose
 isotonia é importante em: injetáveis, colírios, errinos

Soluções hipertônicas: P.O. maior que a pressão


existente na via de administração  retiram água dos
tecidos.

Soluções isotônicas: P.O. igual à pressão existente na via


de administração  é o ideal.

Soluções hipotônicas: P.O. menor que a pressão


existente na via de administração   volume das
células.

Soluções propositalmente hipertônicas:

- glicose, pentose, hexoses: uso para diminuir a pressão


intracraniana
- glicose, aás e sais: alimentação parenteral (suporte
nutricional rápido pela veia cava)
- soro hipertônico (NaCl 10% + sais): compensação de
perdas importantes de eletrólitos por vômitos e diarréias
intensas.

 Administração lenta. São soluções de “choque” e muitas


vezes lesivas ao endotélio vascular – usadas em situações
de emergência.
- Isotonia está relacionada com pressão osmótica

fator importante
considerando
determinadas vias
de administração:
parenteral (IV, IM,
SC, ID), colírios e
errinos.
- Osmose: membrana semi-permeável  passagem do
solvente
- Pressão osmótica – pressão suficiente para impedir a
osmose

CORRETIVOS DA COR
”são substâncias ou misturas de substâncias adicionadas
às preparações farmacêuticas com a finalidade de conferir
ou intensificar a cor das preparações”

Geralmente são usados: corantes, lacas, pigmentos.

- corantes: substâncias solúveis no meio (pode ser


qualquer tipo de meio)
- pigmentos: substâncias insolúveis no meio
- lacas: substâncias obtidas pela precipitação de
corantes em um meio inorgânico insolúvel. Têm
menor poder tintorial que o corante

moléculas de corantes  duplas ligações  ressonância


 cor

corantes  efeito psicológico  dão origem à


emoções
Objetivos do uso de corantes em fórmulas
farmacêuticas:
- melhorar a aceitação
- respeitar os binômios de flavorizantes e corretivos de cor:
associar menta + coloração verde; limão + amarelo;
groselha + vermelho
- alertar contra toxicidade
- distinção de dosagens ex.: comprimidos do fármaco A
são produzidos em dosagens diferentes: 5 mg e 10 mg 
colorações diferentes
- indicação da homogeneidade de misturas - diluição
geométrica. Ex.: cápsula de ácido dietilbarbitúrico: 10
mg/cap; usa-se lactose como diluente nas preparações
de 300 mg, adiciona-se geralmente corante azul (índigo
carmim) em quantidade suficiente para mostrar a
homogeneização.
- identificação de PAs diferentes em formas farmacêuticas
iguais

Problemas associados ao uso de corantes:


- indução ao abuso no consumo
- dificuldade na análise do medicamento
- disfarce de alterações: o corante pode mascarar alguma
reação que ocorreu e alterou o fármaco, ex.: branco 
amarelo
O2
- comprometimento da apresentação do produto:
corantes = instáveis  degradação  perda de cor,
manchas

Requisitos necessários para corantes de uso


farmacêutico:
- inocuidade e sem atividade farmacológica
- solubilidade em água - na maioria dos casos (alguns
corantes lipossolúveis são necessários)
- grande capacidade tintorial para que se utilize pequenas
quantidades (são potencialmente tóxicos)
- composição química definida
- estabilidade durante o armazenamento (microrganismos,
calor, luz)
- compatibilidade com PA, excipientes e mat.
acondicionamento
- não possuir odor e cor desagradável
- disponível e barato

Corantes - sintéticos (composição definida, mais


utilizados)
- naturais

Classificação:

1. Presença de carga elétrica:


- aniônicos ou ácidos (eritrosina – vermelho)
- catiônicos ou básicos (verde malaguita e metileno blue)
- não iônicos ( azul de indantreno)

2. Estrutura química
A. corantes azóicos: grande maioria dos corantes
sintéticos usados. Ex.: tartazina
B. derivados da ftaleína: tem característica de dar maior
fixação dos batons na mucosa. Ex.: bromoácidos,
eosina
C. derivados da indigotina. Ex.: carmim índigo,
indigotina
D. derivados do trifenilmetano. Ex.: azul brilhante.
Não usar corantes em: colírios, errinos, injetáveis

Pouco usados em: pomadas, emulsões (2 fases),


supositórios

Uso frequente: cápsulas, comprimidos, drágeas, xaropes,


soluções de uso oral e externo, suspensões

Concentrações usuais:
- soluções aquosas: 0,0005 a 0,001%
- emulsões: 0,001 a 0,005%
- suspensões: ~ 0,005%
- pós: ~ 0,1%

 Legislação Brasileira: 32 corantes permitidos


geralmente os corantes permitidos em alimentos
podem ser
usados em medicamentos

Associação entre aromas e cores:


- importante para aceitabilidade
- aroma de hortelã  verde
- aroma / gosto de laranja  amarelo alaranjado
- aroma de morango, cereja, framboesa  vermelho,
róseo

CORRETIVOS DO AROMA E SABOR


Aromatizantes corrige o aroma, edulcorantes corrige o
sabor e flavorizantes corrige sabor e aroma.

Os sabores puros são: salino, amargo, doce, ácido.


Adstringente, metálico, picante, ardente: impressão
sensorial  sabores secundários que derivam dos
primários

 Medicamentos com gosto desagradável  risco da


prescrição médica não ser cumprida

 Aromatização de vários produtos de administração por


via oral

 Gostos / cheiros / consistências que provoquem


náuseas podem modificar a secreção dos sucos
digestivos criando um estado anormal que dificulte a
assimilação do medicamento

Porém:

 Não corrigir totalmente medicamentos com riscos


tóxicos destinados à crianças - evitar uso abusivo

 Não usar, aromas que lembrem uma substância


alimentar

Classificação:
1) Aroma natural - extração da natureza
2) Aroma idêntico ao natural - síntese química de
moléculas identificadas na natureza
3) Aroma artificial - substâncias que não foram identificadas
na natureza para aquele aroma
Indivíduo  conjunto de sensações olfato-gustativas que
definem o Paladar  aromatizar e ”apadalar” 
FLAVORIZAR
- preparações para uso externo - aromatizar (perfumar)
- preparações para uso oral - flavorizar

Principais corretivos:
- edulcorantes naturais e artificiais: sorbitol, sacarose,
manitol, sacarina, ciclamato de sódio, aspartame
- sucos de frutas concentrados ou liofilizados: laranja,
groselha
- extratos, tinturas, águas aromáticas
- essências: obtidas de vegetais por destilação por arraste
à vapor
- produtos químicos de composição definida: compostos
naturais ou sintéticos, que caracterizam aromas naturais.
Exemplos:

Sabor Composto a utilizar


amêndoas amargas benzaldeído
anis anetol
baunilha vanilina
canela aldeído cinâmico
cerejas acetoacetato de etilo
cravo eugenol
framboesa aldeído c20
limão citral
laranja aldeído decílico

1) Correção do sabor amargo de medicamentos:


- amargor fugaz: cacau, frutos cítricos
- amargor tenaz: caramelo, alcaçuz, mistura de anis -
hortelã

2) Correção do sabor ácido de medicamentos: uso de


edulcorantes - o ácido exalta o gosto doce da sacarose
3) Correção do sabor salgado de medicamentos: uso de
aroma de laranja, hortelã e anis

4) Correção do sabor açucarado de medicamentos:


apenas harmonização com aromatizante agradável
como baunilha, hortelã, cereja, laranja

5) Correção de medicamentos inodoros e insípidos de


difícil ingestão devido à textura: emulsionar os óleos,
transformar os pós em pastas, adição de edulcorante e
aromatizante

LINIMENTOS

“Formas farmacêuticas líquidas ou semi-sólidas, contendo


em sua composição princípios ativos dissolvidos em óleos
ou solventes adequados, ou emulsionados ou suspensos,
destinados à aplicação cutânea por meio de massagens ou
fricção.”

 Diferem das pomadas pela consistência - consistência


intermediária entre os óleos e as banhas (gorduras)

 Diferem das loções pelo modo de aplicação (loções -


não emprega-se fricção)

COMPOSIÇÃO BÁSICA DOS LINIMENTOS: óleos,


sabões e eventualmente álcoois
USO DOS LINIMENTOS:
 ação revulsiva (hiperemia e aquecimento do local de

aplicação)
 ação emoliente
 ação sedativa (tópica)
 ação anestésica (tópico)

TIPOS DE LINIMENTOS:
1- Linimentos oleosos – excipiente oleoso
2- Linimentos saponosos – excipiente = sabão

 A presença de óleos e/ou sabões torna-os untuosos,


facilitando a massagem na pele

PREPARAÇÃO:
- vai depender de o linimento ser uma emulsão, solução
ou suspensão
- uso de conservantes (contaminação microbiolígica)
- uso de antioxidantes - principalmente nos óleos vegetais
- muitas vezes os linimentos contém PAs voláteis,
portanto devem ser acondicionados em embalagens
bem vedadas
- são preparações de uso externo - obrigatoriamente
(rótulo)
FARMACOTÉCNICA II
Professora Patricia Verissimo Staine
2º semestre 2011-08-11
EMULSÃO
 “mistura termodinamicamente instável de 2 líquidos
imiscíveis”

 Tecnologicamente: mistura íntima de 2 líquidos


imiscíveis que exibe um “tempo útil” adequado à
temperatura ambiente.

líquidos imiscíveis agitação mecânica


(água e óleo)

formação de gotículas (2 fases)

separação das fases *

* agente emulsificante (tensoativo)

Após a agitação um líquido se dispersa no seio do outro: é


um sistema de 2 fases: externa e gotículas. Com o passar
do tempo há a separação de fases (sistema instável) mas
com o uso do agente emulsificante pode-se ter a obtenção
da mistura  estabilização de emulsões a base de
tensoativos.

O tensoativo tem uma parte apolar (se liga na fase oleosa)


e outra parte polar (se liga a fase aquosa).

- Fase interna (dispersa ou descontínua) = é a fase que


se apresenta dividida, são as gotículas.
- Fase externa (dispersante ou contínua) = é o líquido
que rodeia as gotículas da fase dispersa. Aparece em
maior quantidade no sistema.

Fase interna/Fase externa

A emulsão tem a característica da fase externa.

O tensoativo vai estar sempre na superfície de contato da


fase interna e da fase externa  interfase.

Estabilidade: - tamanho das partículas:  tamanho mais


estável
- viscosidade da fase externa: > viscosidade
mais estável
- tensoativo

Tipos de emulsões:
1) óleo em água (O/A) – gotículas de óleo dispersas em
água
óleo = fase interna
água = fase externa

2) água em óleo (A/O) – gotículas de água dispersas em


óleo
água = fase interna
óleo = fase externa

uso oral
- forma farmacêutica uso parenteral
uso externo
Emulsões
- forma cosmética cremes
loções (cremes com
80% H2O)
COMPONENTES DE UMA EMULSÃO:

a) Fase aquosa:
- água tratada – destilada, deionizada
- compostos hidrossolúveis:
 PAs
 conservantes (têm que ficar na fase aquosa pois os
mos se desenvolvem nesta fase; têm que ter o
coeficiente de partição adequado para não passar para
a fase oleosa)
 corantes

b) Fase oleosa:
- óleos, ceras, gorduras
- vitaminas e PAs lipossolúveis
- antioxidantes
- conservantes
- ceras auto-emulsionantes = constituídas de tensoativos
+ álcoois graxos / ácidos graxos). Ex: Lanette (Henkel),
Polawax (Croda)

c) Agentes emulsificantes:

emulsificação = dividir uma das fases de um sistema


heterogêneo em pequenos glóbulos

existência de tensão superficial = tendência que um
líquido tem para reduzir a sua área de superfície a um
mínimo de energia potencial

preparo de emulsões – Fator mecânico = energia humana
ou fornecida por máquinas necessária para se obter a
emulsão
Fator mecânico = imprescindível, porém não suficiente para
formação de uma emulsão duradoura

uso de agentes emulsificantes

- indispensáveis para obtenção de emulsões estáveis

- reduzem a tensão interfasial entre a água e o óleo,


diminuindo a energia necessária para dispersar um
líquido no outro

- deve ser capaz de formar rapidamente um filme


resistente à volta de cada gotícula de fase dispersa =
evita a coalescência

- deve criar nas gotículas dispersas um potencial elétrico


adequado de modo a provocar a sua repulsão mútua

- podem ser: tensoativos, colóides hidrófilos ou sólidos


finamente divididos

Emulsões e suspensões são sistemas dispersos.

As emulsões farmacêuticas geralmente consistem na mistura de uma fase aquosa com


vários óleos e/ou ceras.

Quando as gotículas de óleo estão dispersas na fase aquosa tem-se uma emulsão O/A.

Sistemas nos quais a água encontra-se dispersa em óleo constituem emulsões A/O.

Existem diferentes tipos de emulsões, especificamente: óleo em água (O/A); água em óleo
(A/O); emulsões múltiplas (A/O/A, O/A/O); microemulsões.

Quando as gotículas dispersas apresentam dimensões coloidais (1nm a 1μm de diâmetro) a


preparação, muito freqüentemente, é transparente ou translúcida recebe o nome de
microemulsão.
Quanto maior o tamanho das gotículas dispersas mais a característica da emulsão se
assemelha às das dispersões grosseiras.

Sendo as emulsões, geralmente, formuladas com drogas ou nutrientes oleosos, sua principal
função é constituir-se em veículos para liberação de drogas dissolvidas na fase oleosa ou
aquosa.

Emulsões e suspensões farmacêuticas encontram-se no estado coloidal, isto é, suas


partículas vão do tamanho molecular até as visíveis a olho nu (dispersões grosseiras).
A palavra colóide deriva do grego kolla (cola) e surgiu da impressão de que as substâncias
coloidais são amorfas ou semelhantes à cola e não formas cristalinas da matéria.

ESCOLHA DO TIPO DE EMULSÃO

As emulsões são formuladas para serem usadas como veículos para a liberação de
fármacos e a nutrição parenteral (principal uso farmacêutico).

Gorduras ou óleos destinados à administração oral, tanto como o fármaco propriamente dito,
quanto como veículo para fármacos lipossolúveis serão geralmente formulados como
emulsões O/A. Nesta forma resultam agradáveis ao paladar, podendo ser adicionado
flavorizantes na fase aquosa para ajudar ainda mais a mascarar sabores desagradáveis.

As emulsões para administração intravenosa também devem ser do tipo O/A, embora
injeções intramusculares também possam ser formuladas com produtos A/O, quando se quer
um fármaco solúvel em água, formulado como um sistema próprio par terapia de depósito.

As emulsões são mais amplamente utilizadas para aplicação externa.

As emulsões semi-sólidas são denominadas cremes, enquanto as menos viscosas são


chamadas loções, ou ainda quando destinadas para massagem sobre a pele, linimentos.
Nestes casos encontramos ambos os tipos de emulsão A/O e O/A.

ESCOLHA DA FASE OLEOSA

Em muitos casos a própria substância ativa constitui a fase oleosa da emulsão, e portanto, a
sua concentração no produto fica pré-determinada.

Vaselina líquida, óleo de rícino, óleo de fígado de bacalhau e óleo de amendoim são
exemplos de substâncias formuladas como emulsão para administração oral. Óleo de
semente de algodão, óleo de soja e óleo de cártamo são usados em emulsões destinadas à
nutrição parenteral.

Muitas emulsões para uso externo contêm substâncias oleosas com a função de carreadores
da sustância ativa. O tipo de óleo usado também pode ter efeito tanto sobre a viscosidade do
produto quanto sobre o transporte do fármaco pela pele. A parafina liquida é uma das
substâncias oleosas mais utilizada para este tipo de preparação.
Esta pode ser usada isoladamente ou em combinação a fim de controlar a consistência da
emulsão, assegurando a fácil espalhabilidade do produto mas garantindo a viscosidade
suficiente para formar um filme coerente sobre a pele.

A capacidade de formação de filme pode ser modificada por meio da inclusão de várias
ceras, como de abelha e de carnaúba ou álcoois graxos de cadeia longa. É possível formar
filmes contínuos, suficientemente resistentes e flexíveis e que previnam, por exemplo, o
contato da pele com substâncias irritantes hidrofílicas. Estas preparações são os chamados
cremes de barreira, emulsões A/O. A inclusão de óleos de silicone, como dimeticona a 10 –
20%, que tem excelentes propriedades repelentes de água, também permite a formação de
produtos O/A igualmente efetivos.

CONSISTÊNCIA DAS EMULSÕES

É importante que estes produtos apresentem fluxo livre quando agitados, vertidos a partir do
recipiente ou injetados por agulhas hipodérmicas.

A alteração na viscosidade aparente do produto deve ser reversível após certo tempo de
repouso de modo a retardar a coalescência (creaming).

A principal desvantagem das emulsões pouco viscosas é sua tendência à fácil separação de
fases, em especial se formuladas com baixa concentração da fase lipofílica.

Faremos uma apreciação dos fatores que conduzem à estabilidade da emulsão e à sua
instabilidade física: coalescência.

Estabilidade dos sistemas coloidais: partículas pequenas dispersas em um líquido (ou em um


gás) estão em frequentes choques devido ao movimento browniano, à formação de
coalescência (creaming) e à sedimentação ou convecção.

A velocidade de formação de coalescência (creaming) depende da: diferença de densidade


entre as partículas dispersas e o meio de dispersão, do tamanho das partículas dispersas e
da viscosidade do meio de dispersão.

De acordo com a lei de Stokes, a velocidade de sedimentação [ou formação de coalescência


(creaming)] de uma partícula esférica ν, em um meio fluido, é obtida pela equação:

ν=2ga2(ρ1-ρ2)

onde ρ1 é a densidade da partícula e ρ2 a densidade do meio e a é o tamanho das


partículas e η é a viscosidade do meio de dispersão

A formação de coalescência (creaming) nas emulsões (ou a sedimentação das suspensões)


pode ser reduzida pelo uso de partículas menores na fase interna, pelo aumento da
viscosidade da fase contínua ou pela diminuição da diferença de densidade entre as duas
fases.

Contudo, as partículas irão ainda colidir, embora o impacto dessas colisões possa ser
reduzido.

O que acontece quando as partículas se aproximam umas das outras?

Às vezes os choques levam à coalescência de gotículas líquidas. Se esse fenômeno não for
controlado, o sistema coloidal se destruirá por meio do crescimento da fase dispersa e pela
excessiva formação de coalescência (creaming).

Dependendo das forças de interação entre as partículas (atração e repulsão) e da natureza


da sua superfície, essas colisões resultam em uma união permanente ou em um
afastamento que as manterão livres.

A adsorção de um emulsificante na interface óleo/água, pelo abaixamento da tensão


interfacial durante a sua manufatura auxilia a dispersão do óleo em gotículas de pequeno
tamanho e ajuda a manutenção das partículas em estado disperso.

A não ser que a tensão interfacial seja zero, há uma tendência para gotículas oleosas
coalescerem, com redução da área de contato óleo/água.

Contudo a presença de uma camada de tensoativo na superfície da gotícula reduz a


possibilidade de colisões conduzindo a coalescência das gotículas.

Emulsificantes não-iônicos tipo éter alquil ou arilpolioxietileno, derivados polioxietileno


sorbitanos e ésteres de sorbitanos ou copolímeros polioxietileno - polioxiproprorileno -
polioxietileno, são largamente usados em emulsões farmacêuticas devido à sua falta de
toxicidade e baixa sensibilidade aos aditivos.

Estes estabilizantes não-iônicos adsorvem nas gotículas das emulsões e, embora geralmente
reduzam os potenciais zeta, mantêm a estabilidade pela formação de uma camada hidratada
na partícula hidrófoba em emulsões O/A. Na realidade, eles efetivamente convertem uma
dispersão coloidal hidrófoba em dispersão hidrófila.

Em emulsões A/O as cadeias hidrocarbonadas das moléculas adsorvidas projetam-se na


fase oleosa contínua. A estabilização ocorre pelas forças repulsivas estéricas.

Emulsões são sistemas complexos devido à possibilidade do movimento de emulsificante


para qualquer uma das fases, contínua ou dispersa, à possibilidade de formação de micelas
em ambas as fases, e também, em virtude da formação, sob condições adequadas, de fases
liquidas entre as gotículas dispersas.
Geralmente misturas de emulsificantes formam sistemas mais estáveis do que tensoativos
isolados.

Fonte: Noções de Farmácia Galênica - Le Hir

CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES EMULSIONANTES

Os diferentes métodos pelos quais os agentes emulsionantes exercem seu efeito são
diversos, mas um fator comum a todos é a sua capacidade em formar um filme, adsorvido ao
redor das gotículas dispersas, entre as duas fases.

Existem muitos tipos de emulsionantes disponíveis, mas, por conveniência, são divididos em
dois grupos principais: agentes tensoativos sintéticos ou semi-sintéticos e substâncias de
origem natural e seus derivados. Essas subdivisões são arbitrárias e algumas substancias
podem ser classificadas em uma ou mais categoria.

1- TENSOATIVOS SINTÉTICOS E SEMI-SINTÉTICOS

- compostos cuja molécula apresenta 2 partes: uma hidrofílica (polar) e


outra lipofílica (apolar) - são anfifílicos

substâncias que têm afinidade
tanto pela água como pelo
óleo

apolar - + polar

Existem quatro principais categorias para essas substancias, dependendo do seu grau de
ionização em solução aquosa: aniônico, catiônico, não-iônico e anfótero.

1.1 Tensoativos aniônicos

- a parte da molécula responsável pela ação tensoativa é um ânion


- se dissociam e fica a carga negativa:

Na H2O - + Na+

Ex: lauril sulfato de sódio, lauril sulfato de trietanolamina

Em solução aquosa, estes compostos se dissociam formando íons carregados


negativamente, responsáveis pela sua capacidade emulsionante. Os tensoativos aniônicos
são muito utilizados em função do seu baixo custo, mas, devido a sua toxicidade, são
utilizados somente nas preparações de uso externo.

- sabões de metais alcalinos e de amônio

Os emulsionantes deste grupo consistem basicamente em sais de sódio, potássio ou amônia


de ácidos graxos de cadeia longa, como o:

estearato de sódio C17H35COO-Na+

Produzem emulsões OA estáveis, mas, em alguns casos, requerem a presença de um


emulsionante auxiliar não iônico para formar um filme monomolecular complexo na interface
óleoágua. Essas substancias são mais eficientes em meio alcalino, já que precipitam em
condições ácidas, formando ácido graxo livre.

Esse tipo de emulsionante pode ser formado durante o processo de obtenção do produto, por
uma reação in situ entre um álcali, como o hidróxido de potássio, sódio ou amônio, e um
ácido graxo, que pode ser um constituinte de óleos vegetais. Por exemplo, ácido oléico e
amônia reagem para formar o sabão responsável pela estabilização do linimento branco.

- sabões de metais divalentes e trivalentes

Embora muitos sais divalentes e trivalentes de ácidos graxos possam produzir emulsões com
características satisfatórias, apenas os sais de cálcio são corriqueiramente utilizados. Estes
são freqüentemente formados in situ, por meio de reação com hidróxido de cálcio com um
ácido graxo apropriado. Por exemplo, ácido oléico reage com hidróxido de cálcio para formar
o oleato de cálcio, usado como agente emulsionante no creme de zinco BP e em algumas
formulações de loções de calamina. Estes emulsionantes produzem apenas emulsões AO.

- sabões aminados

Várias aminas formam sais com ácidos graxos. Uma das mais importantes é a trietanolamina
N(CH2CH2OH)3, amplamente utilizada em produtos farmacêuticos e cosméticos. O estearato
de trietanolamina, por exemplo, geralmente é formado in situ, por meio de reação entre a
trietanolamina e o ácido graxo respectivo, e forma emulsões OA estáveis. Embora a maioria
dos emulsionantes desse grupo tenha pH neutro, seu uso é restrito a preparações de uso
externo. Os sais de amina também são incompatíveis com ácidos e elevadas concentrações
de eletrólitos.

1.2 Tensoativos catiônicos

- a parte da molécula responsável pela ação tensoativa é um cátion

- bastante utilizados em condicionadores

- exemplos: compostos quaternários de amônio

Em solução aquosa estas substâncias dissociam-se formando cátions responsáveis pelas


propriedades emulsionantes.

Os compostos de amônio quaternários representam o grupo mais usado dos tensoativos


catiônicos. São convenientemente empregados como emulsionantes O/A. Como muitos
emulsionantes aniônicos se usados isolados produzem emulsões instáveis, mas formam
estáveis se usados em associação a emulsionantes auxiliares não- iônicos e lipossolúveis.

1.3 Tensoativos não-iônicos

- compostos não dissociáveis, existe uma polaridade na molécula, mas


não se dissociam

- menor irritabilidade, maior compatibilidade = pode ser usado em


associação c/ aniônico ou catiônico

- exemplos:
 monoestearato de glicerila

 Tweens (ésteres do sorbitano) - originam emulsões O/A

 Spans (ésteres do polioxietilenosorbitano) - originam emulsões


A/O

Estes produtos compreendem substâncias lipossolúveis que estabilizam emulsões A/O e


substâncias hidrossolúveis que emulsionam produtos O/A. É comum combinar emulsionantes
hidrofílicos e lipofílicos para obter filmes interfaciais complexos necessários para a formação
de emulsões estáveis.

Sua vantagem é a baixa irritabilidade e toxicidade sendo usados em preparações orais e


parenterais. Possuem maior grau de compatibilidade com diversas substâncias que os
compostos aniônicos e catiônicos e são menos sensíveis a alteração de pH ou à adição de
eletrólitos.
São compostos não dissociáveis, existe uma polaridade na molécula, mas não se dissociam.
- menor irritabilidade, maior compatibilidade = pode ser usado em associação c/ aniônico
ou catiônico
- exemplos: monoestearato de glicerila; Tweens (ésteres do sorbitano)  originam
emulsões O/A; Spans (ésteres do polioxietilenosorbitano)  originam emulsões A/O

As gotículas dispersas podem não apresentar uma densidade de carga significativa. Para
compensar a falta de carga e reduzir a tendência a coalescência em emulsões O/A é
necessário garantir que os grupamentos polares estejam bem hidratados e/ou sejam
suficientemente grandes para a aproximação das gotículas dispersas.

A maioria é formado pela estrutura:

- um ácido ou álcool graxo (geralmente com 12 a 18 átomos de carbono) cuja cadeia


hidrocarbonada confere as características hidrofóbicas.
- um álcool (-OH) e/ou um grupamento óxido de etileno (-OCH2CH2-) que constitui a parte
hidrofílica da molécula.

É possível obter diferentes produtos variando-se as proporções dos grupamentos hidrofílicos


e hidrofóbicos.

Se predominar a parte hidrofóbica das moléculas o tensoativos será solúvel em óleo. Este
não se concentrará na interface O/A mas tende a migrar para o interior da fase oleosa.

O melhor tipo de tensoativo não iônico é o que apresenta um equilíbrio entre os


grupamentos hidrofílicos e hidrofóbicos.

- Ésteres da glicerina e glicólicos

O monoestearato de glicerila (um éster de ácido graxo de álcool polídrico) é uma substância
fortemente hidrofóbica que produz emulsões A/O instáveis.

A adição de pequenas quantidades de sais de sódio, potássio ou trietanolamina de ácidos


graxos adequados leva à obtenção de monoestearato de glicerila “auto-emulsionável”, um
emulsionante O/A bastante utilizado.

Um monoestearato auto-emulsionável é o monoestearato de glicerila adicionado a sabões


aniônicos (geralmente oleato ou estearato). Essa combinação é usada para estabilizar a
loção de hidrocortisona.

Existem ésteres de ácido graxo de álcool polídrico, na forma pura ou na forma “auto-
emulsionável”, contendo pequenas proporções de emulsionantes primários. Estes
compreendem o monooleato de glicerila, o monoestearato de dietilenoglicol e o monooleato
de propilenoglicol.
- Ésteres de sorbitano

São produzidos pela esterificação de um ou mais dos grupamentos hidroxila do sorbitano


com um dos ácidos láurico, oléico, palmítico ou esteárico. A estrutura do monoestearato de
sorbitano é apresentada a seguir.

Fonte: Delineamento de Formas Farmacêuticas Aulton

Este tipo de tensoativo exibe propriedades lipofílicas e tende a formar emulsões A/O.
Contudo, são bastante usados em conjunto com polissorbatos, para produzir emulsões tanto
O/A quanto A/O.

- Polissorbatos

Os polissorbatos são derivados polietilenoglicólicos dos ésteres de sorbitano e têm a


seguinte fórmula geral:

Fonte: Delineamento de Formas Farmacêuticas Aulton

onde R representa a cadeia de ácido graxo.

As variações no tipo de ácido graxo e no número de grupamentos oxietileno das cadeias de


polietilenoglicol conduzem a uma série de produtos com diferentes solubilidades em água ou
em óleo.

Por exemplo, o monooleato de polioxietilen-20-sorbitano contém 20 grupamentos oxietileno


por molécula.
Esse número não deve ser confundido com o dado como parte do nome oficial (Polissorbato
80) ou do nome de marca (Tween 80), o qual é incluído para identificar o tipo de ácido graxo
presente na molécula.

Os polissorbatos geralmente são usados em conjunto com o correspondente éster de


sorbitano para formar um filme complexo e condensado na interface óleo/água.

Outras substâncias não-iônicas solúveis em óleo, tais como monoestearato de glicerila, álcool
cetílico ou estearílico e monoestearato de propilenoglicol, podem ser incorporadas aos
polissorbatos para produzir preparações “auto-emulsionáveis”.

Por exemplo, o Polawax consiste na mistura de álcool cetílico e éster de polioxietilen-


sorbitano.

Os polissorbatos são compatíveis com a maioria das substâncias aniônicas, catiônicas e não-
iônicas.

Têm pH neutro e são estáveis ao calor, às alterações de pH e a elevadas concentrações de


eletrólitos. Sua baixa toxicidade os torna adequados para uso oral e alguns também são
utilizados em preparações parenterais. Contudo, têm como desvantagem o gosto
desagradável. Além disso, os polissorbatos podem complexar com alguns tipos de
conservantes, inativando-os.

- Éteres poliglicólicos de álcoois graxos

São produtos da condensação de polietilenoglicol e álcoois graxos, geralmente, ácidos


cetílico e cetoestearílico:

ROH + (CH2 CH2O)n  RO(CH2CH2O)NH

onde R representa a cadeia do álcool graxo.

O mais utilizado é, possivelmente, o éter cetoestearílico de macrogol (22) ou cetomacrogol


1.000, um éter monoacetilado do poletilenoglicol.

Este é um emulsionante hidrossolúvel bastante usado em emulsões O/A, contudo, devido à


sua elevada solubilidade em água, geralmente torna-se necessária a inclusão de um
emulsionante lipossolúvel auxiliar na formulação das emulsões. O ungüento emulsionante de
cetomacrogol inclui na sua formulação cetomacrogol 1.000 e álcool de cetoestearílico e é
usado para estabilizar cremes de cetomacrogol.

Esses emulsionantes também podem ser produzidos como emulsionantes lipofílicos A/O,
utilizando-se em grupamentos menores de polioxietileno. Podem ser obtidas emulsões
estáveis a partir do uso de combinações de éteres lipofílicos e hidrofílicos.
Essas substâncias podem precipitar com a adição de elevadas concentrações de eletrólitos,
mas são estáveis em uma ampla faixa de pH.

- Ésteres poliglicólicos de ácidos graxos

Os ésteres esteáricos ou polioxilestearatos são os mais usados dessa classe de


emulsionante. O estearato de polióxietileno 40 (onde o 40 representa o número de unidades
de oxietileno) é uma substância solúvel em água, freqüentemente empregada junto com
álcool esteárico para obtenção de emulsões O/A.

Álcoois polioxílicos

Estes são copolímeros de polioxietileno e polioxipropileno que apresentam a seguinte fórmula


geral:

OH (C2H4O)a(C3H6O)b(C2H4O)a

Compreendem um grupo bastante grande de compostos, muitos dos quais são usados como
agentes emulsionantes em emulsões lipídicas de uso intravenoso.

- Álcoois graxos de cadeia longa

Os membros hexadecílicos (cetílicos) e octadecílicos (esterílicos) dessas séries de álcoois


alifáticos saturados monoidratados são bons agentes emulsionantes auxiliares.

Parte do seu efeito estabilizante está relacionado à sua capacidade de aumentar a


viscosidade da preparação, retardando o efeito de “creaming”.

O álcool cetoestearílico também forma filmes interfaciais complexos com agentes tensoativos
hidrofílicos, tais como laurilsulfato de sódio, cetrimida ou cetomacrogol 1.000, e, dessa forma,
estabiliza emulsões O/A.

1.4 Tensoativos anfóteros

- em meio ácido se comportam como bases aminadas; em meio básico


funcionam como ácidos; em meio neutro não são ionizados

- pouco utilizados em farmacotécnica

- em cosméticos (shampoos suaves)

- exemplo: dodecil-diaminoetil-glicocola (DAG)


Estes têm grupamentos carregados positiva e negativamente, dependendo do pH do sistema.

São catiônicos em pH baixo e aniônicos em elevado. Embora seu uso como agente
emulsionante não seja muito difundido, um deles, a lecitina, é utilizada para estabilizar
emulsões lipídicas de uso intravenoso.

2- OUTROS AGENTES EMULSIFICANTES:

a) goma arábica:
- bom emulgente
- pode ser utilizado por via parenteral
- origina facilmente emulsões O/A
- deve-se utilizar conservante (fácil ataque microbiano)

b) gema de ovo:
- lecitina + colesterol + fração protéica
- excelente emulgente do tipo O/A
- crescimento de microrganismos - uso de conservantes

c) gelatina:
- emulsões O/A
- fracas propriedades emulsivas, mas confere viscosidade
- concentração não deve ultrapassar 0,5% para não
causar solidificação (2%)

d) derivados da celulose:
- etilcelulose, metilcelulose, CMC sódica
- originam soluções aquosas de elevada viscosidade
- obtenção de emulsões tipo O/A

e) alginatos, agar-agar

f) dextrinas

g) sólidos finamente divididos: Mg(OH)2, AL(OH)3, gel de


sílica

h) ceras: agentes emulsivos A/O


i) lanolina:
- gordura da lã (suarda)
- agente emulsivo A/O
- importante na tecnologia de pomadas: permite
incorporação de certa quantidade de água em misturas
de excipientes gordos, na forma de emulsão A/O

ADJUVANTES COMPLEMENTARES NAS EMULSÕES:

1- Umectantes:
- função de evitar a evaporação da fase aquosa
(principalmente em emulsão O/A)
- exemplo: glicerina, sorbitol, propilenoglicol

2- Conservantes:
- evitam contaminação microbiológica
- interação tensoativo / conservante (Tweens =  atividade
dos parabenos)

colocar os conservantes em > quantidade pois os


tensoativos interagem com uma parte deles.

EQUILÍBRIO HIDRÓFILO-LIPÓFILO:

moléculas com grupos hidrofílicos e lipofílicos



distribuição entre água e óleo

- a fase em que o agente emulsificante for mais solúvel


constituirá a fase externa ou contínua da emulsão
- estearato de sódio = possibilita formação de emulsão
O/A

Na

- estearato de cálcio = possibilita formação de emulsão


A/O

Ca

 Griffin (1948): medição da tendência hidrofílica ou


lipofílica:

ESCALA DE GRIFFIN EHL - vai de 0 a 50


- tensoativos com valores mais próximos do zero
favorecem a formação de emulsões A/O (+ lipófilos)
- tensoativos com valores mais altos favorecem as
emulsões O/A (+ hidrofílicos)
- quanto maior o valor do EHL, mais irritante é o
tensoativo

18 – 15 agentes solubilizantes
15 – 12 detergentes
12 – 09 agentes emulsivos O/A
09 – 06 agentes molhantes
06 – 03 agentes emulsivos A/O
03 – 00 agentes antiespumante

DETERMINAÇÃO DO TIPO DE EMULSÃO:


a) Ensaio de diluição:

pequeno volume da emulsão + água



se a emulsão permanecer estável ela é O/A

* se o líquido adicionado à emulsão corresponder à sua


fase externa, ocorre apenas efeito de “diluição”, não quebra
a emulsão (separação de fases)

b) ensaio com corantes:

- adição de corante para ver onde ele se instala

cora uniformemente
 O/A
- corante hidrossolúvel + emulsão
glóbulos tintos em
fundo
não corado  A/O

c) ensaio de condutividade elétrica:

- óleos são maus condutores de corrente elétrica – só


ocorre passagem de corrente elétrica quando a água for
sua fase externa ou contínua

circuito elétrico ligado à uma lâmpada – mergulha
extremidades na emulsão  só acende a lâmpada se for
emulsão O/A
EMULSÕES ADMINISTRADAS POR VIA ORAL:

- somente O/A
- utilizadas quando o óleo medicinal tem sabor
desagradável
- uso de edulcorantes e aromatizantes – hidrossolúveis
- uso de emulsificação para facilitar a absorção de
gorduras pelo intestino (glóbulos dispersos com diâmetro
de aproximadamente 0,5m)

EMULSÕES ADMINISTRADAS POR VIA ENDOVENOSA:

- tipo O/A
- esterilidade
- diâmetro das gotículas (menor ou igual ao das
hemáceas)
- escolha dos emulsificantes

ROTEIRO PARA CÁLCULO DE EHL

Valores de EHL para alguns tensoativos


Na escala de
Span 80 4,3 EHL quanto
Span 60 4,7 menor o valor
Span 40 6,7 maior a
lipofilicidade do
Tween 81 10,0 composto.
Tween 65 10,5
Tween 60 14,9

1. Verificar se a emulsão é O/A ou A/O  somar a fase


aquosa e a fase oleosa.
2. Calcular a % da FO
3. Calcular a % relativa de cada composto que interfere
nos valores de EHL (só lipossolúvel)
4. Calcular o EHL de cada componente
5. Soma o EHL e cada componente e tem-se o EHL final
requerido pela formulação

% FO  % relativo de cada composto lipofílico



EHL de cada composto

 EHL final

Ex.: cera..........................................5,0 g FO
vaselina liq...............................26 g FO
óleo veg...................................18 g FO
O/A
glicerina...................................4 g
tensoativo................................5 g
água q.s.p. .............................100 g

Se é uma emulsão O/A significa que o EHL é elevado (9-


12).
49% da emulsão é óleo.
Se a FO fosse 100% quanto teríamos de cera?

49-----------100%
5--------------X

X= 10,2%

Cera: 10%
Vaselina: 53%
Óleo: 37%

Tabela de EHL requerido de algumas substâncias graxas:

Composto A/O O/A


Cera de abelha 5 15,0
Vaselina liq. 4 10,5
Óleo veg. - 9,0
Ác. esteárico - 17,0

Cera: 0,1 x 15 = 1,5  EHL = 1,5

Vaselina: 0,53 x 10,5 = 5,6  EHL = 5,6

Óleo: 0,37 x 9 = 3,3  EHL = 3,3

  EHL = 10,4

A  10,4 é o EHL requerido pela formulação apresentada


 então a formulação vai necessitar de um tensoativo em
torno de 10,4  Tween 65.

TÉCNICAS DE PREPARO DE EMULSÕES

Geralmente os métodos são: manuais ou mecânicos.

Um almofariz e pistilo podem ser usados tanto no método


Inglês como no Continental.

Método Inglês: depende do uso de mucilagens ou gomas


dissolvidas. Para a formação da emulsão primária a
proporção é de 3 a 4 partes de óleo: 2 partes de água:
1parte de emulsificante.

Prepara-se a mucilagem adicionando uma pequena parte


de água ao hidrocolóide triturando-se até homogeneizar.
Adiciona-se o óleo em pequenas quantidades com agitação
rápida. A mistura torna-se densa e viscosa. Adiciona-se a
água restante, lentamente, com rápida agitação até que a
emulsão se complete.

Método Continental: para a formação da emulsão primária


a proporção é de 4 partes de óleo: 2 partes de água: 1parte
de emulsificante.

Prepara-se a mucilagem adicionando o óleo ao


hidrocolóide, misturando-se rapidamente. Em seguida
adiciona-se toda a água, de uma só vez, misturando
rapidamente até que a emulsão esteja formada.

Para agentes emulsificantes sintéticos a técnica de preparo


consiste em separar duas fases: aquosa e oleosa. As duas
fases são aquecidas separadamente até cerca de 60-70ºC.
A fase interna é vertida sobre a externa sob agitação
constante. Para alguns tipos de emulsões usamos a
técnica da emulsão invertida para obter melhor estabilidade
da formulação: verte-se a fase externa sobre a interna sob
agitação constante.

Não esquecer que....

Agentes emulsificantes: Agentes surfactantes: tensoativos


Colóides hidrofílicos
Partículas sólidas finamente
divididas

Quando dois líquidos imiscíveis estão em contato eles


tendem a manter a menor interface possível.

Quando se adiciona um componente com atividade na


tensão superficial, suas moléculas tenderão a se orientar
entre as duas faces, com a parte polar orientando-se na
fase polar e a parte apolar na fase apolar, diminuindo assim
a tensão superficial. Isto fará com que os dois líquidos se
misturem.
Em geral os emulsificantes auxiliam na formação de
emulsões por:
- reduzir a tensão superficial
- formação de filme interfásico rígido
- formação de uma camada dielétrica

Quando a concentração o emulsificante é alta, pode-se


formar um filme rígido entre as fases imiscíveis que atua
como uma barreira à coalescência das micelas.

A formação de uma camada dielétrica resulta em forças


elétricas de repulsão entre as gotículas minimizando a
coalescência.
PRÉ FORMULAÇÃO

A pré formulação pode ser definida como uma investigação


das propriedades físico químicas do insumo farmacêutico
ativo isoladamente ou combinado com excipientes.

Seu objetivo é gerar informações úteis ao formulador para


o desenvolvimento de formas farmacêuticas estáveis,
seguras, eficazes e com disponibilidade adequada. É
umas das etapas mais importantes do processo de
desenvolvimento de produtos.

A etapa de pré formulação é voltada a minimizar impurezas


dos ingredientes farmacêuticos ativos e excipientes,
minimizar produtos de degradação que poderiam ser
formados a partir da interação destes com a embalagem e
minimizar resultados de interferências do processo de
fabricação.

Principais parâmetros a serem avaliados no processo de


pré formulação:

1. Propriedades organolépticas
2. Solubilidade
3. Pureza
4. Teor de água
5. Dissolução intrínseca
6. Tamanho de partícula, forma e área de superfície
7. Parâmetros que afetam a absorção como: coeficiente
de partição, constante de ionização, permeabilidade
8. Ponto de fusão
9. Propriedades do cristal e polimorfismo
10. Escoamento
11. Densidade
12. Compressibilidade
13. Higroscopicidade
14. Molhabilidade
15. Estabilidade térmica, hidrólise, oxidação, fotólise,
íons metálicos, pH.

SUSPENSÕES

“Formas farmacêuticas líquidas, heterogêneas, bifásicas,


constituídas por uma fase externa ou dispersante líquida e
uma fase interna ou dispersa que são sólidos insolúveis,
cujo tamanho de partícula é maior que 0,1m”.

 é um sólido insolúvel num líquido, sistema heterogêneo.

Sistemas: sólido – sólido


sólido – líquido
líquido – líquido dão origem às dispersões farmacêuticas

Sistemas heterogêneos:
fase interna  descontínua, dispersa, fase sólida
fase externa  contínua, dispersante, fase
líquida

dispersão grosseira  partícula > 0,5   todas são


filtráveis em papel comum e são visíveis em microscópio
comum.

dispersão coloidal  partícula 0,5 a 0,001   são


filtráveis em papel comum mas não em papel analítico; ex.:
leite, gema de ovo. Quando tende para 0,001  não são
visíveis em microscópio comum.

dispersão molecular partícula < 0,001   são soluções


verdadeiras.
USOS: tópico (sulfato de selênio, calamina), oral (BaSO4,
antibióticos), parenteral (penicilina benzatina, penicilina
procaína) e eventualmente em mucosas (colírio de acetato
de cortisona).

VANTAGENS DAS SUSPENSÕES – QUANDO UTILIZAR


Justificativas do uso:
- administração de PAs insolúveis
- instabilidade de PAs em solução
- PAs com odor e sabor desagradável: mascarar sabor
desagradável ( solubilidade   sabor)
- permite prolongar o tempo de ação do medicamento,
retardando-se o tempo de liberação/absorção (
partículas )

PROBLEMAS DO USO DE SUSPENSÕES:


- difícil de esterilizar  calor tem mais dificuldade para se
propagar em sólidos que em líquidos

cristal

microrganismo

- ocorre sedimentação – evita ao máximo ou amenizar


- força de coesão entre as moléculas ( as partículas
dispersas, devido à alta energia livre e grande superfície,
tende a se agrupar reduzindo o nível energético) -
agregados
CARACTERÍSTICAS DA SUSPENSÃO IDEAL:
- o fármaco suspenso não deve sedimentar-se
rapidamente
- se ocorrer sedimentação, a ressuspensão deverá ser
fácil (não ocorrer compactação ou “caking”)
- não ser muito viscosa – dificulta a saída do recipiente e a
ressuspensão
- estabilidade físico-química (não ocorrer crescimento de
partículas), não contaminar facilmente
- tamanho da partícula  < para uso oftálmico: 10-20 
- fluidez
- sabor, odor e cor
- estabilidade química  tamponando para evitar
degradações
- estabilidade física
- estabilidade bacteriológica  esterilidade

Tipos:
- mistura – leite de magnésio
- loção – loção e calamina
- gel – gel de hidróxido de alumínio (tamanho de partícula
se aproxima do colóide)
- magma – magma de bismuto (próximo do gel)
- suspensões

EXEMPLOS:
- cloranfenicol em solução = gosto amargo  uso de
suspensão sulfato de cloranfenicol
- administração injetável de insulina, esteróides sob a
forma de suspensões (cristais grandes)  maior tempo
de ação
- AAS hidrolisa em menor grau em suspensão do que em
solução
- penicilina-procaína na forma de suspensão sofre menos
alterações que a penicilina G em solução.

PRINCIPAIS FATORES FÍSICO-QUÍMICOS QUE


INTERFEREM NA ESTABILIDADE:

1- Concentração do PA: existem limites máximos e


mínimos

Concentração muito elevada = difícil de estabilizar

Concentração muito baixa = problemas na dosagem

2- Energia livre: queremos que as partículas permaneçam


totalmente dispersas
- a energia livre depende da área total externa e da tensão
interfacial líquido/sólido.
- adição de tensoativos = diminui a tensão superficial e
portanto a energia livre  menor coesão

3- Molhabilidade: substituição da fase ar/sólido pela fase


líquido/sólido – facilidade com que o líquido se espalha
pela superfície sólida
- é difícil deslocar a fase ar/sólido pois geralmente os
fármacos de suspensões são muito insolúveis
- se as partículas sólidas não são suficientemente
molhadas pela fase dispersante, elas tendem a flutuar
aglomerando-se junto à superfície do líquido 
consequência do elevado ângulo de contato do sólido-
líquido e depende das tensões superficiais. Uso de
agentes molhantes.
Ex: talco em água

4- Sedimentação: toda suspensão sedimenta com o tempo


(gravidade)

Fatores que influem na sedimentação:


a) tamanho das partículas sólidas – quanto maior a
partícula, mais rapidamente se deposita
b) relação densidade soluto / densidade líquido - a taxa de
sedimentação diminui à medida que a diferença entre a
densidade das partículas sólidas e do líquido diminuem
c) viscosidade da fase líquida – quanto maior a
viscosidade, maior o tempo de sedimentação

Deve ser notado que nas suspensões farmacêuticas pode


ocorrer sedimentação produzida pela ação do tempo. O
ponto importante é que o sedimentado não se torne uma
massa e que uma rápida agitação no momento da
utilização restabeleça facilmente a homogeneidade da
suspensão.
5- Redispersibilidade: prevenção da compactação. A
sedimentação pode ser isolada ou conjunta (flocos).

- Suspensão floculada: as partículas se ligam entre si


sob forma de flocos nos quais está retida uma
determinada quantidade de líquido. Cada floco
sedimenta-se a uma velocidade que depende do seu
tamanho e porosidade. O sedimento formado é muito
volumoso, poroso e de fácil dispersão. Alem do mais o
liquido sobrenadante é límpido, pois até as partículas
finas se integram aos flocos (a atração das partículas é
maior que a repulsão, as partículas formam flocos
sedimentando em depósitos frouxos de fácil
ressuspensão).

- Suspensão defloculada: As partículas se sedimentam


separadamente, pois são forças de repulsão que as
afastam uma das outras. Elas se depositam no fundo do
recipiente expulsando o liquido intersticial. Criam-se
desta forma ligações interparticulares. O sedimento é
mais volumoso e compacto e fica muito difícil ser
colocado novamente em suspensão. É a formação de
compactação ou “caking”. O líquido sobrenadante
permanece muito tempo opalescente devido ao fato da
demorada sedimentação das partículas mais finas (a
repulsão das partículas é maior que a atração, não forma
flocos e com a força da gravidade forma um sedimento
compacto que endurece com o tempo, difícil de
ressuspender).
Defloculadas Floculadas
Partículas = entidades separadas Partículas formam agregados
Sedimentação lenta Sedimentação rápida
Sedimento + difícil de dispersar Sedimento fácil de dispersar
Suspensão mantém-se mais Suspensão desfaz-se mais
tempo com bom aspecto, rapidamente, sobrenadante
sobrenadante sempre turvo límpido

6- Crescimento dos cristais:


O crescimento dos cristais depende de sua solubilidade no
liquido dispersante.

Em princípio as partículas são insolúveis, mas não


possuem uma insolubilidade absoluta e uma leve
solubilidade favorece o crescimento de cristais maiores em
detrimento dos menores que desaparecem
progressivamente. Quanto mais lento o fenômeno, menor é
a solubilidade. A viscosidade da fase contínua torna a
transformação mais lenta. No caso de suspensões de
cristais, devem ser consideradas as alterações nas formas
cristalinas, que podem se produzir em determinados
líquidos ou sob a influência de impurezas.

Quando não se pode evitar estes inconvenientes, resta a


possibilidade de preparar a suspensão no momento da
utilização: o produto é dispensado ao paciente na forma de
pó ou granulado, ao qual basta adicionar, sob agitação,
uma determinada quantidade dada de liquido (em geral,
água).

- o abaixamento térmico de uma suspensão pode diminuir


o coeficiente de solubilidade da substância
- a solubilidade aumenta à medida que diminui o tamanho
das partículas
- a diminuição da tensão superficial também pode reduzir
as diferenças de solubilidade e portanto o crescimento
de partículas
- diferença entre os tamanhos das partículas da mesma
suspensão favorece o crescimento dos cristais

Em diferentes fenômenos há a influência da molhabilidade


das partículas, a viscosidade, a energia de superfície (
pelos tensoativos) e, principalmente, as forças de interação
específicas, como forças de atração tipo van der Waals e
forças de repulsão que dependem da carga das partículas.

Toda partícula carregada é recoberta por um determinado


número de íons de carga oposta que se aderem na
periferia da partícula.

Esses íons neutralizam parcialmente a carga da partícula.

AGENTES MOLHANTES: facilitam o espalhamento do


líquido na superfície sólida, diminuindo a tensão superficial
do líquido e a tensão interfacial. Ex: monoestearato de
alumínio, propilenoglicol, glicerina

AGENTES SUSPENSORES / ESPESSANTES :


compostos utilizados para aumentar a viscosidade da fase
externa de uma suspensão (espessantes).

Vantagens do aumento da viscosidade da fase


dispersante:
- retarda a sedimentação das partículas
- dificulta a formação de espuma
- facilidade de dosear o medicamento
- retarda o crescimento de partículas ( choque entre elas)

Desvantagens do aumento da viscosidade da fase


dispersante:
- a viscosidade dificulta a dispersão do PA
- favorece a formação de sedimentos mais difíceis de
serem ressuspensos

REQUISITOS DO PA QUE NÃO PRECISA DE AGENTE


SUSPENSOR:
- as partículas tem que ser pequenas
- o sólido tem que ser molhável
- a densidade aparente do pó deve ser próxima à do
líquido
- não pode apresentar tendência à defloculação

CARACTERÍSTICAS DO AGENTE SUSPENSOR:


- inocuidade para a via de administração em questão
- deve atuar em concentrações baixas
- inerte farmacologicamente

AGENTES SUSPENSORES PARA VEÍCULOS


AQUOSOS:

1- Gomas: arábica, adraganta. Vantagem = não


apresentam incompatibilidade em soluções alcoólicas
concentradas.

2- Alginatos: de sódio, potássio. Extraídos de algas, muito


caros, são bons meios de cultura – usar conservante.

3- Metilcelulose: vários tipos que diferem quanto à


viscosidade. Não tem carga, são bastante usadas um
suspensões orais. Necessita de agentes molhantes e
conservantes.

4- Carboximetilcelulose: pode ser de alta, média ou baixa


viscosidade. Tem caráter aniônico (suspensão ácida),
necessita de agentes molhantes e conservantes.

5- Celulose microcristalina: bom agente suspensor.


6- Carbopol: polímero sintético aniônico, não contamina
facilmente, sua viscosidade não é afetada pelo
aquecimento. Para preparação de géis ou soluções
muito viscosas adiciona-se uma solução alcalina.

7- Outros: gelatina, bentonita (silicato de alumínio


hidratado), PEGs (400,4000),etc.

AGENTES SUSPENSORES PARA VEÍCULOS


OLEOSOS:

1- Lanolina: usada até 5-6%

2- Ceras: a mais utilizada é a de abelhas = mais barata

3- Óleo de rícino: óleo vegetal usado em preparações


oleosas injetáveis e colírios

FORMULAÇÃO:
a) Fármaco (caráter iônico, densidade, tam. das partículas)
b) Agente molhante / agente suspensor
c) Flavorizante / Corante
d) Conservante

PA.......................................pó insolúvel
Veículo..............................estabilizante químico:
antioxidante
agente
tensoativo
conservante: nipagin, nipazol
edulcorante
aromatizante
estabilizante físico
solvente
corante

ACONDICIONAMENTO: vidros siliconados = evitam a


aderência dos cristais nas paredes do vidro e formação de
espuma na agitação (presença de tensoativos)

CUIDADOS AO SE FORMULAR UMA SUSPENSÃO:


- utilizar, se possível, componentes de caráter não iônico
(dificulta redispersão),

- reduzir o tamanho das partículas ao máximo,

- densidade das partículas deve estar próxima da


densidade da fase externa (ou usar subst. que
aumentam a densidade da fase externa),

- estudar a fase externa, verificando o comportamento


reológico. Se possível, trabalhar com fase externa
tixotrópica  viscosidade diminui com a força/velocidade.

ENSAIOS REALIZADOS COM AS SUSPENSÕES:

1- Determinação do tamanho das partículas


2- Determinação da densidade aparente

3- Determinação do teor do PA: homogeneidade de dose

4- Determinação do pH: deve estar compatível com o pH


do veículo (interfere na solubilidade), e com a via de
administração, influi na solubilidade do PA e na sua
liberação
5- Medida de viscosidade:
- viscosidade alta = difícil de ressuspender
- viscosidade baixa = sedimentação baixa

6- Determinação do volume de sedimentação: colocar a


suspensão numa proveta e deixar depositar até que não
aumente a altura do sedimento  Vsedim. = Vsól. / Vlíq.

Suspensões oftálmicas:
- isotonia
- esterilidade / conservantes
- pH / tampões
- facilidade de ressuspensão (tensoativos, agentes
molhantes)
- tamanho das partículas: ~10m
- fármaco mais tempo em contato com a córnea

Suspensões injetáveis:
- isotonia
- pH / tampões
- tamanho médio das partículas  0,1m (micronizadores,
cristalização controlada)

- esterilidade:
esterilização por calor  geralmente altera a reologia do
sistema e pode modificar a forma cristalina dos
compostos suspensos que então tendem a aglutinarem-
se

maior parte das suspensões injetáveis são preparações
extemporâneas

Veículos geralmente utilizados em Suspensões


“Handbook of Pharmaceutical Excipients”

Glicerina 2-20%
Polietileno 400 2-30%
Propilenoglicol 10-25%
Sorbitol 70% 5-100%
Suspendoral* 20-100%
Xarope de cacau 50-100%
Xarope simples 50-100%
Xaropes aromatizados 50-100%
Sugestão de veículo suspensor de uso oral: Suspendoral*

Ácido benzóico 0,05%


conservante
Ácido cítrico 1,5% tampão
Água destilada 3% solvente
Álcool etílico 96GL 15% veiculo, co-
solvente
Alginato de sódio 0,034% agente
suspensor
Aspartame 0,5% edulcorante
BHA 0,05% antioxidante
Bisssulfito de sódio 0,15% antioxidante
Citrato de sódio 1,5% tampão
CMC 0,3% agente
suspensor
Dióxido de silício coloidal 0,15% agente
suspensor
EDTA-Na2 0,1% sequestrante
Glicerina 20% doador de
viscosidade
Metilparabeno 0,1% conservante
PEG 400 2% doador de
viscosidade
Propilenoglicol 10% doador de
viscosidade
Propilparabeno 0,035% conservante
Sorbitol 70% 20% doador de
viscosidade
Xarope simples q.s.p. 100%
edulcorante/veículo

O Suspendoral* é um veículo base pré formulado. A


manipulação de suspensões com este veículo torna-se ágil e
simples, sendo necessária a adição do flavorizante e do PA
indicado na prescrição.

Procedimento geral para preparo de suspensões em Farmácias


Magistrais:

1. dispersar o agente suspensor em q.s. de água


2. tamisar os sólidos insolúveis
3. micronizar os fármacos com agente molhante e um pouco
de água em gral com pistilo  levigação
4. adicionar o agente suspensor disperso em q.s. de água no
gral descrito em 3
5. transferir para um cálice e conferir o volume
6. adicionar o flavorizante, o conservante, o edulcorante e o
corante  se houver em prescrição.
7. embalar e rotular.

Pele e suas principais estruturas.


• A pele é o maior órgão do corpo humano e representa aproximadamente
16% do peso corporal.
• Entre todos os nossos órgãos, a pele ocupa uma posição exclusiva,
considerando que se encontra em contato, ao mesmo tempo, com os
meios externo e interno.
• Como conseqüência, a pele está sujeita às seguidas agressões físicas e
químicas.
• A principal função da pele é proteger o organismo, de um lado
impedindo a entrada de substâncias nocivas, de outro evitando a
evaporação excessiva, que levaria à desidratação.
Anatomia da pele humana

• Epiderme
• Derme
• Camada Hipodérmica
• Anexos cutâneos
• Epiderme: epitélio estratificado, avascular, terminações nervosas livres.
• Derme: tecido conjuntivo, constituído por células, fibras e substância
amorfa. Vasos sanguíneos, linfáticos, anexos e nervos são encontrados
na derme. Papilar e reticular.
• Hipoderme: tecido subcutâneo de espessura variável (1-4mm), muito
vascularizada, propriedade protetora contra traumatismos e variações
térmicas, depósito de energia para uso rápido, rede vascular profunda.
Estrato Córneo
• É a camada mais externa da pele, onde atuam primeiramente todos os
cosméticos.
• Na pele humana intacta, ele é constituído por várias camadas de
corneócitos (queratinócitos).
• É uma barreira muito eficiente contra penetração de moléculas grandes,
de elevado peso molecular.
Epiderme
• Constituída pelas células:
• queratinócitos - células que se sintetizam queratina, uma proteína
fibrosa muito resistente e flexível e também impermeável. Neste
processo as células perdem seu núcleo, mas tornam-se muito
resistentes
• melanócitos, células que sintetizam melanina (pigmento cutâneo)
• células de defesa (langerhans)
• células de Merkel (corpúsculos de Merkel – terminações nervosas)
• Queratinização:
• - jovens = ocorre em torno de 15 dias
• - pessoas de 30 anos ou mais = aproximadamente 30 dias.
• * Separando a epiderme da derme encontra-se ondulações com o limite
constituído de membranas e é formada por prolongações digitiformes e
são chamadas de brotos interpapilares e entre os brotos, do lado da
derme estão as papilas
Derme
• proteínas fibrosas como a elastina e o colágeno, que conferem
elasticidade e resistência à pele;
• substância fundamental que é o gel que envolve as fibras dando
hidratação;
• vasos sanguíneos responsáveis pela nutrição
• fibroblastos
• células de defesa
• os nervos, responsáveis pelas sensações de frio, calor e tato
• anexos que são os pêlos e as glândulas sudoríparas e sebáceas
que produzem o suor e o sebo.
Hipoderme
• É formada por células gordurosas, os adipócitos. Tem a função de
proteção mecânica (contra impactos) e ajuda a manter a
temperatura do organismo.
Diferentes formulações
• Formulações Tópicas
• Formulações Cosméticas
• Sistemas Transdérmicos
Objetivo Tipo de produto ou material

Superfície da pele Sabonetes, filtros solares, repelentes de insetos

Estrato córneo Hidratantes, agentes queratolíticos

Ductos sudoríparos Antiperspirantes


Epiderme viável Esteróides, anestésicos locais, retinóides

Células basais epidérmicas Agentes citostáticos (metotrexate)

Circulação sanguÍnea transdérmicos

Tecido muscular local Salicilato

Penetração/Permeação/Absorção

Rotas de penetração
• intracelular - o transporte acontece através das células
• intercelular - entre os espaços intercelulares
• glandular - pelos condutos excretores das
• glândulas sebáceas e sudoríparas
• transfolicular - pelos folículos pilosos.
• A penetração dos princípios ativos depende da sua solubilidade e
do veículo a que ele está incorporado; dependendo ainda de outros
fatores como:
▫ Método de aplicação (massagem,tamborilamentos)
▫ Local de aplicação
▫ Idade do usuário
▫ pH da pele
▫ Tempo de Ação
▫ Temperatura da pele (pode aumentar com massagem e
vapor)
▫ Vetores: silanóis*, nanosferas, lipossomas, ciclodextrinas...


Fatores químicos ou bioquímicos
▫ Substância ativa (solubilidade)
▫ Veículo
▫ Uso de promotores ou redutores de penetração
▫ Metabolismo/idade
• Fatores físicos
▫ Tempo de exposição
▫ Dose aplicada
▫ Local de aplicação/espessura
▫ Oclusão/hidratação
Podem agir:
• Desestruturando a camada bilipídica
• Interagindo com os queratinócitos
• Solubilizando a substância ativa no estrato córneo (alteração do
comportamento de partição)


Solventes orgânicos
• Ácidos, álcoois, ésteres graxos: ácido oléico
• Tensoativos
• DMSO

Utilizados para moléculas maiores


▫ Iontoforese
▫ Ultra-som
▫ Eletroporação
▫ Microagulhas

Conclusão

• Conhecer o exato mecanismo de penetração, permeação e


absorção através da pele;
• Normatização dos estudos;
• Segurança para o consumidor / paciente;
• Novos veículos, promotores e redutores de permeação.

Formas Farmacêuticas Plásticas

São preparações de consistência semi-sólida destinadas a


serem aplicadas sobre a pele ou determinadas mucosas a
fim de exercer uma ação local ou de realizar a penetração
percutânea de princípios medicamentosos. São também
utilizadas com o objetivo e ação emoliente e protetora.
Apresentam aspecto homogêneo.

Para a via percutânea a forma mais clássica é a pomada.


Existem vários tipos de pomada:

POMADA PROPRIAMENTE DITA (PPD)

“Formas farmacêuticas de consistência mole e aspecto


pegajoso, que se destinam ao uso externo e que,
normalmente, são preparadas com excipientes gordurosos
ou com polietilienoglicois. São usadas para ação tópica ou
geral e também com fins de proteção ou lubrificação”

o polietilenoglicol é uma exceção de excipiente, pois pode


ser lavado  não tem natureza lipofílica.

São preparações anidras: funcionam como uma película


sobre a pele. A pomada não tem água na sua formulação,
não é uma emulsão.

O P.A. se deposita sobre a pele formando a película,


conseqüentemente a pomada só é usada para tratar
afecções superficiais: tratar infecções bacterianas em
feridas, para cicatrização  o P.A. não penetra.

Geralmente em cremes o P.A. também não penetra porém


ele é eliminado com a água.

A penetração depende do local de aplicação, do excipiente


e do P.A..

PRODUÇÃO DE POMADAS:

1- Pomadas obtidas por solução:


- fármacos solúveis no excipiente
- fundir os componentes de maior PF incorporando os
constituintes restantes conforme seus pontos de fusão
- o princípio ativo é adicionado por último, o que impede
maior degradação
- para PAs voláteis e essências pode-se fazer a adição à
frio, homogeneizando em gral ou batedeira planetária

2- Pomadas obtidas por suspensão:


- fármacos insolúveis ou parcialmente solúveis no
excipiente
- atenção ao tamanho das partículas dos pós
- fazer uma pasta com os pós, utilizando um pouco do
excipiente fundidos ou um agente molhante (vaselina
líquida)
- adicionar o restante do excipiente, em pequenas porções
até dispersão completa
- passar a pasta por um moinho para garantir dispersão
por igual (sistema bifásico) e reduzir ao máximo o
tamanho das partículas

3- Pomadas obtidas por emulsão:


- são os cremes, podendo ser O/A ou A/O
- aquecer a FA e a FO (50 a 75oC), verter uma sobre a
outra com agitação
- incorporar o PA lipossolúvel na FO, e o PA hidrossolúvel
na fase aquosa
- para fármacos insolúveis tanto na FA quanto na FO ou
termossensíveis, fazer a adição ao excipiente já
emulsionado homogeneizando bem

 algumas pomadas podem ser consideradas como


sistemas intermediários aos referidos acima
ex: fármaco que se dissolve em pequena quantidade de
água, que não chega a ser emulsionada no excipiente, é
apenas fixada por ele - pseudo-emulsão (não tem agente
emulsificante)

CLASSIFICAÇÃO DAS FORMA PLÁSTICAS:

1- Quanto à ação terapêutica:

a) epidérmicas - fraco ou nenhum poder de penetração


cutânea

b) endodérmicas - penetração na epiderme

c) diadérmicas - penetração tão profunda que proporciona


passagem de fármacos para a corrente sanguínea

 pomadas oftálmicas - pomada a ser usada na


mucosa ocular
(exigências)

2- Quanto ao aspecto / consistência / excipientes:

a) Pomadas propriamente ditas (PPD) - formada por


excipientes gordurosos ou com polietilenoglicóis (PEGs)

1- Pomada propriamente dita:


- são pomadas contendo excipientes gordurosos ou PEGs
- são preparações anidras, em alguns casos ocorre
pequena quantidade de água
- untuosas ao tato
- produzidas pela técnica de solução e às vezes por
suspensão
- são oclusivas
- usadas quando deseja-se liberação lenta
- devem conter antioxidante e conservante

- Ceratos: alto teor de ceras ( 20%), preparações


gordurosas e de alta consistência

- Ungüentos - são pomadas que contém resinas em suas


formulações

Ungüentos: pomadas propriamente ditas em que o PA é


uma resina (resinas vegetais rubefacientes, revulsivas,
anti-nevrálgicas, etc.)

b) Pastas dérmicas - são pomadas que contém em sua


formulação grande quantidades de pós insolúveis, são
bastante espessas

2- Pastas:
- pomadas com PAs sólidos em quantidade maior que
15% e menor que 50%
- deve-se tamisar os pós
- produzidas por técnica de suspensão
- exercem efeito de adsorção – preparações secantes
- usadas em doenças de pele em que haja tendência de
formação de crostas
- não são congestivas
- pouca contaminação (alta PO)
- ação puramente epidérmica (superficial)

c) Gliceratos - pomada que contém em sua formulação


um gel de amido com um poliól, como a glicerina

d) Pomadas tipo gel ou pomada-geléia - são pomadas


que tem como excipientes géis minerais ou orgânicos
(macromoléculas hidrofílicas)
3- Géis ou pomadas-geléias:
- são constituídas por géis minerais ou orgânicos
- excipientes coloidais – gelificam
- deve-se usar conservantes
- efeito emoliente e refrescante
- baixo poder de penetração – epidérmicas
- preparação mais complexa

 “géis plásticos destinados à aplicação cutânea”


- são géis de consistência mole - quando comprimimos
(esforço mecânico) elas deformam e quando cessa a
força, não voltam ao formato original (adaptação às
superfícies de aplicação)

- são géis termorreversíveis - a viscosidade diminui com a


temperatura (contato com a pele), porém volta ao normal
quando esfria

- comportamento tixotrópico - com a agitação e aplicação


de força a viscosidade diminui, em repouso volta à
consistência normal

4- Pomadas oftálmicas:
- devem se estéreis
- preparadas com excipientes não-aquosos, de baixo PF
(fácil difusão)
- se tiver sólidos, devem estar finamente divididos
- excipientes mais utilizados: vaselina, lanolina, parafina
- usos:
 PAs insolúveis
 Quando deseja-se ação lenta (anti-inflamatório, anti-
séptico)
 PAs lipossolúveis

- problema: pode ocorrer obstrução do canal lacrimal

EXCIPIENTES:
Função = facilitar o contato entre os fármacos e as células
das glândulas sebáceas e folículos pilosos, através das
quais se realiza a absorção medicamentosa

 escolha dos excipientes das pomadas = muito


importante:

- a ação medicamentosa pode se alterar (aumentar,


diminuir, “perder”, modificar)
- quanto menos viscoso for o excipiente da pomada e
mais divididas as partículas suspensas, maior é o
coeficiente de difusão  mais intensa a penetração
cutânea
- a penetração cutânea de fármacos na forma de ácidos
ou bases fracas dependerá do grau de ionização

o pH do excipiente influi na dissociação
(forma não dissociada é mais lipossolúvel)

- bases fracas: uso de excipientes tendendo para a


alcalinidade
- ácidos fracos: uso de excipientes tendendo para a
acidez
OBS: pH = concentração hidrogeniônica em solução
aquosa
Óleos – não tem pH – mede-se o índice de acidez

a) Excipientes hidrófobos ou gordurosos: (oleosos,


lipofílicos)

Praticamente não possuem qualquer capacidade de


retenção de água

1- vaselina: sistema coloidal constituído por


hidrocarbonetos sólidos de cadeia ramificada e
hidrocarbonetos líquidos.
- é comum a adição de anti-oxidantes à preparações com
vaselina
- vaselina líquida ou óleo mineral: líquido incolor,
transparente, inodoro e insípido
- vaselina semi-sólida: popularmente denominada vaselina
sólida, é uma massa untuosa, esbranquiçada, inodora e
insípida
- vaselina sólida: é a parafina, tem alta consistência (
PM)

- vaselinas são solúveis em solventes orgânicos (éter,


acetona, clorofórmio, etc.) e imiscíveis em substâncias
aquosas (água, glicerina, propilenoglicol, etc.)
- não possuem poder de penetração na pele – uso em
pomadas oclusivas, protetoras e emolientes (OBS:
obstrução de poros)
- uso associado com substâncias que aumentem seu
poder de fixação de água, como a lanolina a 14%
2- oleato de oleíla:
- comercialmente = cetiol V
- líquido oleoso, ligeiramente amarelado
- substitui a vaselina com a vantagem de ter penetração
subcutânea, porém é mais caro
- bom solvente para fármacos lipossolúveis

3- banha:
- sólido extraído de tecidos gordurosos (suínos e bovinos),
massa branca e untuosa
- existência de ácidos graxos insaturados  ranço por
auto-oxidação (amarela), também sofre hidrólise 
pouco utilizada (uso de conservantes e anti-oxidantes)
- ótimo poder de penetração

4- óleos vegetais:
- utilizados para baixar o PF de outros excipientes,
amolecer as pomadas de elevada consistência, e em
pomadas que tenham grande quantidade de pós para
que a preparação fique com a consistência e viscosidade
adequadas
- propriedades emolientes
- ex: óleo de soja, amendoim, milho, algodão, amêndoas,
girassol
- podem ser hidrogenados = eliminação de duplas
ligações, o que diminui a oxidação e fornece
consistência semi-sólida ou sólida, porém diminui o
poder de penetração e a emoliência

5- ceras:
- são sólidos que possuem como principal componente
ésteres de álcoois graxos saturados
- funções da cera:
 dar consistência às pomadas
 formar capa protetora sobre à pele -  PM baixa
penetração cutânea
 são capazes de produzirem ema certa absorção de
água ou de formarem pomadas-emulsões
 conferem brilho
- cera de abelhas: pode ser natural (amarela) ou branca =
obtida por oxidação química ou exposição à luz (de
melhor qualidade)
- espermacete: parte solidificável do óleo contido nas
cavidades cartilaginosas do crânio de cachalote
(obtenção sintética), dificilmente rança, confere brilho,
alto poder emoliente
- cera de candelila: doa brilho, bom poder emoliente

6- silicones:
- são compostos poliméricos que contém
simultaneamente radicais orgânicos e átomos de silício.
Dependendo do grau de polimerização, teremos:
 óleo de silicone: uso farmacêutico, é líquido,
viscosidade variável dependendo do peso molecular
 ceras de silicone: uso em vedação
 borrachas de silicone: uso para fins médicos

- vantagens:
 totalmente inócuo, atóxico
 repelente de água

 altamente aderente à pele

 ação anti-espumante
 alta resistência química – viscosidade não altera com a

temp.
 não é atacado por microrganismos
 age como protetor solar (absorve um pouco de raios

UV)

- desvantagem: não permite transpiração cutânea (não


utilizar em preparações para o rosto ou axilas)
b) Excipientes aquo-oleosos:

Grande capacidade de absorção de água ou soluções


aquosas, originam emulsões do tipo A/O (afinidade pela
fase oleosa)

1- lanolina:
- semi-sólida, muito pegajosa, amarelada, retirada da lã
de carneiro
- constituição química parecida com o sebo humano = alta
absorção
- absorve grande quantidade de água (2 a 3 vezes o seu
peso)
- vantagens:
 grande poder de penetração cutânea
  % de compostos insaturados e ácidos livres = 
oxidação
 na forma anidra não contamina
- desvantagens:
 cor, odor desagradável e persistente
 consistência (viscosidade) = difícil de manusear
(hidratação)
 poder alergênico (pode causar dermatite de contato)

2- álcoois graxos:
- álcool cetílico, álcool estearílico
- álcool cetoestearílico = mistura dos dois tipos (cera
Lanette)
- aumentam a viscosidade da preparação, são emolientes

3- ésteres de álcoois bi e tri-oxilados:


- reação dos álcoois com ácidos-graxos  éster
- glicerina  monoestearato de glicerila (MEG)
- propilenoglicol  miristato de isopropila
- utilizados na preparação de emulsões A/O, aumentam a
consistência da preparação

c) Excipientes óleo-aquosos:

Originam boas emulsões O/A = facilmente removíveis


(laváveis)
- tem ação emoliente, não são oclusivos dos poros
- evaporação da fase externa - ligeira sensação de frio -
originalmente denominados cold-creams

1- Sabões alcalinos:
- utilização de sais de NH4+, Na e K do ácidos oléico e
esteárico
- facilidade de penetração cutânea
- ex: diadermina (penetração na derme)

2- Ésteres de glicerina:
- ex: monoestearato de glicerila (MEG)

3- derivados dos polietilenoglicóis:


- os PEGs apresentam características hidrofílicas, sendo
maior a afinidade pela água quanto menor for o grau de
polimerização
- os derivados constituem em PEGs + cadeias carbonadas
 são emulsionantes
- polissorbatos (Tweens): elevado poder emulsivo O/A
- ésteres dos PEGs (Myrjs), éteres dos PEGs (Brijs - ex:
polawax)

4- compostos sulfatados:
- lauril sulfato de sódio (LSS): uso interno ou mucosas
(creme dental)
- lauril éter sulfato de sódio (LESS):uso externo em
shampoos e sabonetes líquidos

d) Excipientes hidrófilos:
Substâncias hidrossolúveis que não são agentes emulsivos
- formam géis

1- polioses:
- substâncias que em contato com a água entumecem
originando massas transparentes, homogêneas,
viscosas e densas
- Ex: ágar, pectina, alginatos, amido, metilcelulose, CMC
- contaminam facilmente  uso de conservantes
- perdem água por evaporação = ressecam  uso de
umectantes
- facilmente laváveis

2- Carbopols, gelatina:
- uso de gelatina na pasta de Unna (suspensão de ZnO
em glicerina gelatinada)
- carbopols = polímeros carboxivinílicos

3- Polietilenoglicóis: (PEGs):
- estado físico varia conforme o grau de polimerização
(PEG 400, PEG 6000)
- PEGs com alto PM = sólidos  Carbowax (EUA)
- também podem aparecer com a denominação de
Macrogóis

FATORES FUNDAMENTAIS DA SELEÇÃO DE


EXCIPIENTES PARA A PREPARAÇÃO DE POMADAS

- deve-se considerar o tipo de ação que se deseja:


epidérmica, endodérmica ou diadérmica
- cremes O/A e pomada com excipientes gordurosos
naturais (banha, lanolina) = excipientes que promovem
maior penetração
- pomadas-geléias, pastas, vaselina, silicone =
epidérmicas
- dependendo do tipo do fármaco  nível atuação:
 anti-inflamatórios – atuam por vasoconstrição local,
penetração até as camadas dérmicas
 revulsivos – ação irritante local, penetração menos
profunda
 queratoplásticos e queratolíticos – epidérmicos
 anti-sépticos e parasiticidas – penetração superficial
ou profunda, dependendo do caso

- considerar a toxicidade dos fármacos: ácido bórico e


salicílico = contra-indicados em pomadas diadérmicas
- para uma dada [fármaco], pode-se obter pomadas com
potências diferentes conforme o excipiente – o fármaco
não deve se ligar ao excipiente!
- quanto mais viscoso for o excipiente, menor o coeficiente
de difusão: para penetração percutânea de fármacos
não usar excipientes viscosos
- fármacos na forma de ácidos e bases fracas – a
absorção pode aumentar com acerto de pH
- outros fatores:
 zona de aplicação
 fricção
 propriedades intrínsecas do fármaco
 interferência de produtos de secreção da pele
 grau de umidade da pele

ACONDICIONAMENTO E CONSERVAÇÃO DAS


POMADAS:

- a estabilidade das preparações depende da sua forma


de acondicionamento
- pomadas  veículos podem sofrer alterações:
 hidrólise
 oxidação
 perda de água por evaporação
 contaminação por microrganismos (cremes,
pomadas-geléias)
 quebra de emulsão

 indústria farmacêutica – manter a pomada em repouso


após a preparação (1 dia) para depois acondicionar

“AMADURECIMENTO”
detecção precoce de alterações, principalmente as que
causam modificações físicas na pomada / eliminação de
bolhas

Material de envase:

1) Potes plásticos – utilizados em farmácias pela


praticidade de enchimento. Problemas:
- materiais plásticos podem ceder constituintes tóxicos
- presença de ar entre a superfície da pomada e a tampa
- mais problemas de oxidação / degradação
- maior ação da luz
- mais problemas de contaminação microbiológica

2) Tubos (bisnagas) – preferível em escala industrial


- tubos de alumínio (ou Cu, Sn): revestidos internamente
com vernizes inertes ou silicone ( elimina interações
entre as pomadas e o metal)
- tubos de plástico: leves, elasticidade (facilita a expulsão),
porém possuem certa porosidade
CONTROLE DE POMADAS:

1) exame organoléptico: cor, aroma, consistência,

2) pH: adequar o pH à via de administração (pele, vagina,


olhos) e à atividade do fármaco

3) determinação da consistência:

consistência = propriedade apresentada pelos corpos de


resistirem às deformações permanentes que uma dada
carga / força pode causar

- influi na facilidade de remoção da pomada do frasco,


espalhabilidade, grau de cedência do fármaco e
consequentemente na absorção
- determinação por medida de viscosidade
- determinação por penetrometria: provas que exprimem a
consistência das pomadas em função da penetração
nelas exercida por um corpo rígido  pouco rigoroso
para produtos farmacêuticos
- determinação por plasticidade: avaliação da facilidade de
saída da pomada do tubo ( processo de extrusão)

4) identificação e dosagem do P.A.: testes específico

5) testes de esterilidade para pomadas oftálmicas

6) testes de controle microbiológico para as demais


pomadas:
- contagens máximas de UFC permitidas
- não devem apresentar pseudomonas, estafilococos
ou enterobactérias
7) testes de índice de água (verificar liberação do P.A.,
capacidade de absorção e perda de água por
evaporação)

8) Liberação do P.A. (“in vitro” e “in vivo”)

POMADAS

EPIDÉRMICAS
ENDODÉRMICAS
DIADÉRMICAS
pomadas de ação pomadas penetrantes pomadas absorvíveis
superficial
ação na epiderme ação na derme, mas sem atingem a circulação
atingir a circulação
protetoras, nutritivas (vit., hormônios), anestésicos locais,
revulsivas, anti-inflamatórias, anti- analgésicos,
queratoplásticas, sépticas, parasiticidas anti-reumáticos
queratolíticas

PASTAS

Formas farmacêuticas de consistência semi-sólidas, firmes


o que permite quantidade apreciável de pó na formulação.
Uso externo.

Geralmente apresentam grande teor de pós. Grande poder


secativo, absorção de água.

Podem ser preparadas com excipientes gordurosos ou


aquosos. A pasta dental é preparada com CMC que é
hidrossolúvel.

Geralmente é constituída de:


- P.A. na forma de pós
- Excipientes: aquoso (CMC) ou oleoso (vaselina)
- Umectante: glicerina evita a evaporação da água
contida na formulação.
- Conservante: quando o excipiente é aquoso.

Técnica: triturar os pós, mistura com parte dos excipientes.


Homogeneiza com o restante dos excipientes.

GÉIS

Formas farmacêuticas semi-sólidas, translúcidas cujo P.A.


encontra-se, geralmente, solubilizado. Uso externo. Tem
aspecto “atraente”. Tem excipientes de natureza coloidal.

Formulações:
- P.A. solúveis
- Excipientes (colóide): carbopol em pH alcalino forma gel,
ou sílica gel pulverizada,dita aerosil usada para gel
dental pois tem poder abrasivo
- Umectante
- Conservante: é indispensável o seu uso em preparações
de géis pois esta formulação tem alta concentração de
água.

Aspecto Excipiente P.A.


gorduroso gorduroso ou PEG solúvel ou insolúvel POMA
opaco gorduroso ou aquoso insolúvel PASTA
translúcido aquoso solúvel GEL

Por quê utilizar formas farmacêuticas sólidas:


- estabilidade (ausência de água, menos contato com ar,
etc.)
- menor volume (economia de embalagem)
- menor sensação de gosto (cápsulas, comprimidos,
drágeas)
- facilidade de administração
Géis
“Sistemas semi-sólidos nos quais o movimento do
meio dispersante é limitado por uma rede
tridimensional de partículas entrelaçadas ou
macromoléculas solvatadas presentes na fase
dispersa”

Classificação
 Inorgânicos
– Sistemas bifásicos
 Constituído por uma rede de pequenas partículas inorgânicas em
suspensão
– Bentonita, Alumina ou Veegum®, Sílica coloidal

 Orgânicos
– Sistemas Monofásicos
 Constituído por macromoléculas orgânicas uniformemente
distribuídas ao longo de um líquido, sem limite aparente entre a
fase dispersa e o líquido dispersantes.
– Carbopol, Carboximetilcelulose, Tragacanto, Gomas

 Hidrogéis
– Contém água
– Componentes dispersíveis ou solúveis em água
 Inorgânicos: sílica, bentonita, alumina
 Orgânicos: Tragacanto, CMC, alginatos, carbômeros

 Organogéis
– Contém hidrocarbonetos, geralmente gordurosos
– Hidrocarbonetos ou gorduras animais ou vegetais
 Plastibase, PEG
Entumescimento
– Absorção de um líquido por um gel com aumento mensurável de
volume
Separação
– A interação entre as partículas da fase dispersa é tão intensa que o
meio dispersante exsuda, causando a contração do gel.

Técnica de Geral de Preparação

 Aspergir o polímero em parte do solvente. Se necessário, utilizar


um molhante no qual o gelificante não seja solúvel
 Aguardar até que o polímero intumesça
 Adicionar o restante do solvente e outros aditivos, sob agitação
suave.
 Evitar incorporação de ar
– Manter o agitador no interior do gel
– Adicionar um anti-espumante permitido
 Acondicionar e rotular

Preparação de Géis Carboméricos

 Aplica-se a mesma técnica geral de preparação


 Após a adição da água neutralizar o gel
 Como neutralizantes é possível utilizar
– NaOH, KOH, NH4OH ou trietanolamina
 Se for necessário re-acidificar o gel, utilizar o ácido fosfórico
ou clorídrico, visto que produzem menos eletrólitos que os
ácidos cítrico ou lático.

Preparação de Géis de Celulose

 Aquecer a água e os demais adjuvantes


 Aspergir o polímero na água ainda quente
 Deixar em repouso até completo entumescimento
 Homogeneizar

 Preparar os géis base com antecedência


 Hidratar previamente gomas e polímeros naturais
 Evitar a incorporação de ar
 Molhar o gelificante com PPG ou glicerina, para reduzir os grumos.
Evite utilizar álcool (pode diminuir a transparência e a viscosidade)
 Aspergir o gelificante sobre a água com agitação suave
 Verificar o pH
 Emulsionar ativos lipossolúveis antes de incorporá-los ao gel
Alterações em Géis
 Requisitos
– Aspecto, limpidez, homogeneidade, cor, odor, pH
 Sinais
– Turvação
 Conservantes, fragrâncias, princípios ativos
– Consistência
 Alterações do pH, eletrólitos, luz
– Cor e odor
 Formação de radicais livres, oxidação, efeitos da luz U.V.
– Exsudação
 O gel é incapaz de reter um determinado produto

Conservação de Géis
 O conservante deve ser escolhido em função do agente
gelificante e do pH da preparação
 Para géis carboméricos
– Cloreto de Benzalcônio a 0,01%
– Benzoato de Sódio a 0,01%
– Metilparabeno a 0,18%
– Propilparabeno a 0,05%

SUPOSITÓRIOS

“Forma farmacêutica sólida, à base de uma substância


fusível pelo calor natural do corpo, destinada a ser utilizada
na cavidade retal.”

VANTAGENS:
- fármacos com gosto desagradável
- fármacos que causam problemas gástricos
- paciente com dificuldade na ingestão de forma farm. de
uso oral
- absorção mais rápida que a via oral / mais lenta que a
parenteral
- PA não sofre ação dos sucos digestivos

USO DESACONSELHADO:
- existência de lesões no reto (mucosa poderia absorver
componentes do excipiente)
- para ação sistêmica em lactantes (mucosa sensível – o
fármaco poderia ser absorvido maciçamente)

PESO:
- lactantes: 0,5g
- crianças: 1g
- adultos: 2 - 3g

FORMATO:
- forma cônica (uso preferencial para maior ação tópica)
- forma cilíndrica
- forma de torpedo (uso preferencial para ação sistêmica,
evita a expulsão pelo esfíncter anal através da
contração)
AÇÃO TÓPICA:
- somente a presença de um corpo estranho já provoca
excitação mecânica da mucosa, que por via reflexa cria
a necessidade de defecar
- supositórios de glicerina-gelatinada atuam por efeito
osmótico sobre a mucosa, acumulando exsudatos no
reto e portanto aumentando a excitação
AÇÃO SISTÊMICA:
- rica irrigação do reto  absorção
- a drenagem é feita pelas veias hemorroidais e vasos
linfáticos
- passagem direta para a circulação / passagem pelo
sistema porta

Passagem pela corrente sanguínea se dá em função


de:

1- fármacos: solubilidade, grau de dissociação em solução


aquosa, tamanho da partícula

2- veículos utilizados: natureza, P.F., viscosidade à temp.


retal, capacidade de dissolver o fármaco

3- fatores dependentes do local de ação: temperatura


retal, pH, conteúdo líquido retal, existência de
movimentos

CARACTERÍSTICAS DOS EXCIPIENTES:


- fundir-se, dispersar-se ou solubilizar-se em presença de
água na temp. retal
- compatibilidade com os PAs
- inocuidade e não irritantes
- liberar rapidamente os PAs incorporados
- capacidade de contração por arrefecimento  para
destacarem-se facilmente dos moldes
- incolores e inodoros
- consistência adequada
- estabilidade frente à fatores extrínsecos

TIPOS DE EXCIPIENTES:

1- LIPOFÍLICOS:
- ação depende da fusão à temp. corporal para que libere
o PA
- constituídos por ésteres graxos
- manteiga de cacau (funde entre 34-36oC)
- óleos hidrogenados
- glicerídeos semi-sintéticos - bases (massa estearínica)

2- HIDRODISPERSÍVEIS OU MUCILAGINOSOS:
- aguentam temperaturas superiores a 37oC (países
tropicais)
- incorporação de fármacos hidrossolúveis
- atuação por efeito osmótico na mucosa retal
- podem provocar ardor, irritação e dor
- glicogelatina (uso geralmente como laxativo, anti-
hemorroidal)
- PEGs e CARBOWAX (não hidrolisam ou oxidam, menos
propícios à contaminação microbiológica, boa
estabilidade)
Adjuvantes para supositórios: corretores do PF e
consistência, corretores da viscosidade e tixotropia
(lanolina), conservantes, antioxidantes
PREPARAÇÃO DOS SUPOSITÓRIOS:

1- POR FUSÃO:
- aquecer a massa do supositório e depois moldar
- aquecimento pode causar decomposição, volatilização
 aquecer o mínimo possível - até ponto creme
- origina supositórios de melhor aspecto
- se o PA for insolúvel: utilizar co-solvente ou dispersar o
PA (pasta)

2- POR COMPRESSÃO:
- todos os excipientes devem ser finamente divididos e
misturados com o PA, para depois ser feia a compressão
da massa
- evita o calor
- difícil homogeneização e dispersão dos PAs
- aspecto irregular (fissuras, pequenos buracos)
- presença de ar na massa
- os excipientes não devem ser muito duros nem muito
mole

ENSAIOS DOS SUPOSITÓRIOS:


- exame organoléptico
- ensaio de peso
- identificação e dosagem dos PAs
- ensaios de absorção
ÓVULOS
“são formas farmacêuticas sólidas ou semi-sólidas, obtidas
por compressão ou fusão, para aplicação vaginal, onde
devem fundir-se e exercer sua ação predominantemente
tópica.”

vagina  altamente vascularizada  pode ocorrer


absorção na mucosa  cuidado com a escolha dos
excipientes para que não ocorra ação sistêmica

FORMA E TAMANHO: - ovais


- crianças: 5 a 8g
- adultos: 14 a 16g

EXEMPLOS DE FÁRMACOS UTILIZADOS PARA


APLICAÇÃO VAGINAL:
- anti-sépticos, antibióticos
- calmantes (camomila, beladona)
- anti-hemorrágicos (antipirina, hamamelis)
- cicatrizantes (alantoína, calêndula)
- hormônios (progesterona)
EXCIPIENTES PARA ÓVULOS:

- os mais utilizados são os hidrodispersíveis (hidrófilos)

a) glicerina-gelatinada:
- mais utilizada, baixo custo
- uso de conservantes (gelatina = contamina /
Micrococcus roseus – coloração rósea)
- liberação do fármaco por processo osmótico, retirando
água da mucosa que então dispersa / dissolve o fármaco
- grandes quant. de pós insolúveis:  [líq. viscosos] e/ou 
[gelatina]
- compostos higroscópicos:  [líq. viscosos] e/ou 
[gelatina]
b) PEGs: originam massas mais duras, menos utilizados

c) Excipientes graxos: utilizados em casos de emergência,


penicilina = incompatível com gelatina

PREPARAÇÃO:

1- Por fusão: aquecer a massa e depois moldar


- a Tº de aquecimento não deve ser superior a 60oC e o
aquecimento não pode ocorrer por muito tempo 
podem ocorrer alterações profundas nas características
de solidificação da gelatina
- não agitar excessivamente durante a dissolução para
não ocorrer incorporação de ar

2- Por compressão: todos os excipientes devem ser


finamente divididos e misturados com o PA, para depois
ser feia a compressão da massa
PREPARAÇÕES SÓLIDAS
Pós

São preparações provenientes de drogas vegetais ou animais,


assim como substâncias químicas submetidas a um grau de
divisão suficiente para lhes assegurar homogeneidade e facilitar a
extração do PA ou a administração.

Forma Farmacêutica definitiva

o Administração vo

o Uso tópico

o Administração IV

Forma Farmacêutica intermediária

Administração vo, administração IV, Granulado, cápsula,


comprimido, drágea, suspensão

Pós compostos:

Operação: mistão

Regras para o mistão:

1. Cada componente deve ser pulverizado


separadamente com o mesmo grau de tenuidade.
2. Misture primeiro o componente de menor peso. No
caso de componentes de mesmo peso: o mais denso
deve ser adicionado primeiro à mistura pois ele ocupa
menor volume.
3. Mistura de pós em quantidades muito desiguais
devem ser realizadas por Diluição Geométrica.
4. No caso de Misturas Eutéticas (diminuição do ponto
de fusão da mistura torna-se pastosa): incorporar
compostos absorventes como lactose, amido,
carbonatos, Aerosil. Não se esqueça de verificar a
compatibilidade dos pós inertes com a formulação.
Ex.: mentol e cânfora; fenol, acetanilida.
5. No caso de substâncias como iodo, cânfora:
pulverização por intermédio de líquidos voláteis.
6. No caso de essências, tinturas e extratos fluidos
devem ser incorporados a pós absorventes, ou
promover a concentração do solvente (temperaturas
entre 60-70º, à vácuo).
7. Em misturas explosivas (clorato de K+ e sacarose ou
peróxidos com agentes redutores) pulverizar
separadamente e misturar cuidadosamente com
espátula de osso. Usar tamis com malha de nylon.
8. Em mistura de pós irritantes  almofariz tampado e
proteção com máscaras de retenção de pós.
9. Mistura de pós efervescentes (bicarbonatos
associados a ácidos orgânicos, como cítrico ou
tartárico) pulverizar e secar separadamente cada
componente e depois proceder a mistura.
10. Diluição Geométrica

PA potente (x)
(x+y) + diluente triturar
lactose

Corante (y)
Repete-se a operação acrescentando à mistura
quantidades de diluente equivalente ao volume que ela á
ocupa, até que todo diluente seja acrescentado.

CÁPSULAS
“São formas farmacêuticas sólidas que encerram o fármaco
em invólucro mais ou menos elástico. O invólucro pode ser
constituído de amido ou gelatina”
Farmacopéia Brasileira IV
Forma farmacêutica sólida pode conter um ou mais
fármacos encerrados em invólucro de gelatina, as cápsulas
amiláceas foram substituídas pelas de gelatina.

Invólucro para uma forma farmacêutica (via oral):


- Inertes (para o organismo e para o PA)
- ausência de odor / sabor desagradável
- barreira contra agentes externos (luz, ar, umidade)
- não causar danos ao aparelho digestivo
- preparação fácil e precisão de dosagem

Gelatina = material mais utilizado – proteína derivada do


colágeno, que é o principal constituinte da pele, ossos e
tecido conjuntivo

CÁPSULA DURA:

- 2 partes  tampa (  maior) e corpo (mais comprido)

Tamanho da cápsula Volume em mL


000 1,37
00 0,95
0E 0,75
0 0,68
1 0,50
2 0,37
3 0,30
4 0,21
5 0,13

Enchimento de cápsulas duras:


- em farmácia de manipulação: placas de encapsulação
- em indústrias: máquinas selecionam cápsulas vazias,
separam corpo da tampa. Realizam o enchimento
(200.000 cáps. / hora)
- pó simples
- pó simples titulado: utilizado para PAs potentes – dilui-se
o pó com um composto inerte para diminuir riscos
- pó composto: misturas de 2 ou mais pós simples
- pós com densidade alta são fáceis de encapsular, pós
pouco densos são mais difíceis
- adição de lubrificantes à pós pouco densos para facilitar
o escoamento  estearato de magnésio, talco

Escolha da cápsula adequada:

Através da densidade aparente: determina-se a densidade


aparente do componente adicionado-se uma massa
conhecida (20g) do pó a uma proveta graduada, realiza-se
a leitura do volume ocupado pelo pó compactado (após a
proveta sofrer 10 quedas de uma altura de 2-3 cm sobre
uma superfície plana revestida por anteparo de borracha).
Conhecendo-se o volume ocupado por determinada massa
e sabendo o seu peso calcula-se a densidade.

D=m(g)/V(mL)
Conhecendo o volume ocupado por determinada massa e
verificando na tabela de capacidade de cada tamanho de
cápsula seleciona-se a cápsula mais adequada.

Se a diferença entre a capacidade da cápsula e o volume


da mistura for menor que 10%, não será necessária a
adição de excipientes.

Enchimento das cápsulas: preparada a mistura de pós,


adicionando-se ou não excipientes para facilitar o
enchimento das cápsulas (estearato de magnésio 1%;
Aerosil 200 1%) esta pode ser encapsulada manualmente
ou em equipamentos semi-automáticos. Nos equipamentos
manuais a abertura, fechamento e lacre das cápsulas é
realizado manualmente e individualmente. Deve-se evitar
variação de peso ou de uniformidade do conteúdo, para tal
a distribuição do pó deve ser precisa.

Após o enchimento e lacre das cápsulas as mesmas


devem ser limpas com flanela ou pano limpo descartável ou
reciclável a cada produto para se evitar contaminação
cruzada. A presença de resíduos externos além de causar
má impressão, permite que o paciente sinta o gosto
desagradável de alguns fármacos.

Enchimento de cápsulas moles:


- solução, suspensão, pasta (nunca pós)
- apresenta maleabilidade (presença de glicerina, PEG,
sorbitol)
- mecanismo de encapsulação:
medicamento

o
o
o

- aplicações: vitaminas, óleo de alho, óleo de fígado de


bacalhau, óleos de banho, etc.
- vantagens:
 fácil deglutição
 segurança (hermeticamente fechadas – 
contaminação e adulteração)
 exatidão na dosagem
 apresentação positiva
 maior estabilidade para as drogas

COMPRIMIDOS

“São formas farmacêuticas sólidas, de formato variado,


que em geral são obtidas agregando-se, por meio de
pressão, PAs e excipientes.”

USOS:
- oral (interno)
- sublingual
- vaginal
- comprimido para implante (pellets, tem que se estéreis)
- “comprimido para preparo de soluções”

EXCIPIENTES:
- diluentes - acertar o peso (lactose, amido, manitol,
celulose microcristalina)
- desagregantes – promover/acelerar a desintegração do
cp. (amido, derivados da celulose)
Modo de ação dos desagregantes:
 inchando em contato com a água – separação dos
grãos
 reagindo com a água (comprimidos efervescentes)
 dissolvendo-se na água – formação de canalículos que
facilitam a desagregação dos comprimidos
- aglutinantes – formação do granulado, evita aderência
dos pós às punções e matrizes (talco, estearato de Mg,
ác. esteárico)

- agentes promotores de reologia – melhora as caract.


reológicas do granulado (aerosil)

- lubrificantes – evitam a aderência dos pós às matrizes,


facilitam o deslizamento. São deslizantes (talco,
carbowax) ou anti-aderentes (estearatos, parafina, cera
branca)

- excipientes de ação múltipla: Ludipress (lactose =


lubrificante, PVP = aglutinante)

- corantes, edulcorantes, flavorizantes

Processos de fabricação de comprimidos:

Os excipientes dependem dos objetivos terapêuticos dos


produtos.

1- compressão direta
2- via úmida
3- via seca (dupla compressão)
PRODUÇÃO DE COMPRIMIDOS:

1- Compressão direta:

Substâncias diretamente compressíveis: triturar a


substância, passar pelo tamis para garantir a
homogeneidade da mistura  coloca-se na máquina de
comprimir e só pela força de compressão o comprimido fica
perfeito. Ex.: KMnO4; NaCl; ácido bórico  tem estrutura
química favorável, elas têm água de cristalização e esta faz
as vezes de aglutinante.

Se não se pode comprimir diretamente tem que usar


artifícios como excipientes: agregante; ou granulação.

- uso de adjuvantes especiais (compostos de cálcio)


- misturar os excipientes e os PAs  compressão
- processo mais rápido
- não expõe o PA à ação do calor e umidade
- problema = custo dos adjuvantes para compressão
direta

2- Granulação úmida: (método mais utilizado)

Artifício de técnica para conseguir comprimir pós que não


são diretamente compressíveis: mistura dos pós (com
diluição geométrica); tamisação; umedecimento: com
líquido de granulação, que em geral é uma substância
agregante: xarope, solução de PVP, pasta de amido;
secagem; tamisação (calibração) e compressão. Coloca-se
o lubrificante depois da secagem.

Calibra-se a máquina com a pressão adequada para tal


formulação.

GRANULADO
São Formas Farmacêuticas sólidas de aspecto granuloso e
homogêneo, constituído por um ou mais princípios ativos
associados a adjuvantes, destinados à administração
direta, ou à obtenção de cápsulas, comprimidos simples ou
revestidos e drágeas. São pequenos grânulos irregulares
que em conjunto apresentam aspecto homogêneo.

Preparação:

Via úmida
1- mistura os pós levando em consideração as regras
para a mistão.
2- umedecer os pós com solução contendo o
aglutinante, granular, secar, calibrar (tamis).

A mistura é feita em gral, o umedecimento também, a


granulação é feita em tamis, a secagem em estufa e a
calibração em tamis.

Via seca
Industrialmente.

Granulado = etapa intermediária da fabricação de


comprimidos – os grânulos são mais fáceis de comprimir do
que os pós.

PAs + excipientes

umectação (aglutinante)

granulação

secagem

calibração

compressão

- comprimido com melhor aspecto, menos problemas na


compressão
- a calibração elimina o pó fino que acompanha os
grânulos e destrói os aglomerados granulares muito
grandes

3- Granulação seca:

Usada com PAs termolábeis  mistura, tamisação, pré


compressão, depois moagem dos comprimidos (deixando
grãos  como se fizesse grânulos), tamisação e
compressão final.

- usado para PAs hidrolisáveis (penicilinas, AAS)

PAs + excipientes

pré-compressão (agregação dos pós)

granulação

compressão

 granulação úmida utilizando solventes orgânicos ao


invés de água

DRÁGEAS E COMPRIMIDOS
REVESTIDOS
Drágea - é um comprimido revestido com açúcar, o formato
do comprimido é alterado.

Comprimido Revestido – o processo de revestimento é


feito com polímeros (película de polímero)

POR QUE REVESTIR / DRAGEAR UM COMPRIMIDO:


- estabilidade do PA
- melhorar o aspecto
- mascarar o odor e sabor desagradável
- controlar a liberação do PA

Pré-requisitos do comprimido para o revestimento:


- forma e tamanho (somente para o drageamento): utilizar
cp. bastante duros, quanto menores mais fácil de
dragear
- dureza e friabilidade

DRAGEIFICAÇÃO:

- camada isolante: impedir a entrada de umidade (goma


laca, PVP)
- camada elástica: adição alternada de camada de xarope
de gelatina e um lubrificante (talco) – 6 a 7 camadas
- camada alisante: suspensões açucaradas que tornam
lisa a superfície da drágea
- adição de xarope simples (corado ou não) – 70-80oC
polimento: parafinas ou ceras dissolvidas em álcool ou éter
BIOFARMÁCIA E FORMAS FARMACÊUTICAS DE
LIBERAÇÃO CONTROLADA

A partir da década de 40  cinética de degradação de PA


 determinação de prazos de validade.

Preocupação não só com a estética da formulação e com


controle de qualidade normais: não basta o fármaco ser
tecnicamente perfeito; ele tem que liberar o PA da forma
adequada à sua absorção e distribuição  a partir da
década de 50/60 temos o desenvolvimento do controle
biofarmacêutico dos produtos.

BIOFARMÁCIA: estudo dos fatores físicos, químicos e


físico-químicos relativos ao fármaco em sua forma de
administração (FF) e sua influência sobre os efeitos
produzidos no organismo.

Fatores:
AAS em estado
- ligados ao PA amorfo ou em
estado cristalino 
 tamanho de partículas as características in
 estados cristalinos vivo são totalmente
 solubilidade, pKa diferentes
 Kp: coeficiente de partição óleo em água

- ligados aos excipientes O reprocessamento de um


lote pode alterar as
 natureza química características de um
 proporção na formulação produto in vivo
 solubilidade

- técnicas de preparo
 tipo de granulação
 tipo de mistura
 velocidade de compressão
 tipo de secagem
Lotes sucessivos do mesmo produto podem não apresentar
o mesmo comportamento in vivo devido às falhas na
técnica de fabricação.

Isto também pode ocorrer no mesmo lote se não houver


homogeneidade na produção de um mesmo lote.
Estudos de biodisponibilidade (in vivo)

A FF deve liberar o PA na quantidade e na velocidade


adequada a resposta terapêutica desejada.

 Otimização de FF: estudar todos os fatores que possam


melhorar as FF e que garantam que o fármaco tenha
seu objetivo terapêutico.

 Desenvolvimento de sistemas terapêuticos: evitar as


formas tradicionais que inundam o organismo de
fármaco; sistemas como: selos para o tratamento de
tabagismo, lipossomas, etc. visam direcionar os
fármacos, serem mais objetivos quanto a  doses,
liberar os fármacos controladamente  melhor eficácia
terapêutica com  doses do fármaco.

Fases dos medicamentos no organismo:

1- Fase farmacêutica ou biofarmacêutica


liberação do fármaco
Ineficaz temos
um fármaco
2- Fase farmacocinética inadequado
absorção, distribuição, metabolismo, excreção

3- Fase farmacodinâmica
fármaco + receptor  interagem dando o efeito
terapêutico.
Medicamentos similares  organismo  efeito?

Fatores que alteram a biodisponibilidade:


- Fisiológicos: como idade e estado de saúde.
(ligados ao indivíduo)

- Tecnológicos e de formulação:
 fármaco / excipiente
 técnica de fabricação: secagem, moagem, etc.

As características físico-químicas do fármaco, como


tamanho de partículas, são muito relevantes para a
biodisponibilidade  lembrar que a dissolução é passo
limitante para a absorção.

Nenhum estudo “in vitro” descreve com segurança o que


ocorre no organismo.

FORMAS FARMACÊUTICAS DE LIBERAÇÃO


CONTROLADA

- liberação controlada, ação prolongada, ação sustentada,


retard, liberação prolongada.

Existe uma diferença entre liberação controlada e liberação


sustentada: na liberação sustentada temos a liberação do
fármaco num período de tempo maior (comparado com a
FF de liberação rápida, convencional). Já na liberação
controlada existe um controle da velocidade de liberação
do fármaco a partir da FF.

Obs.: A CMC age como controle para a liberação do


fármaco  modula a absorção.

Vantagens da FF de liberação controlada:


Modula-se a absorção do fármaco. Em geral se reduz a
freqüência de dose do medicamento  melhora o
cumprimento da terapia.

1. redução das flutuações nas concentrações plasmáticas


do fármaco, impedindo que o fármaco tenha concentrações
tóxicas ou concentrações que não exerçam efeito
terapêutico.

Dificilmente tem-se um tratamento com dose única.

Terapia de dose múltipla: não se espera que todo o


fármaco da 1º dose se acabe para dar a 2º dose. Então há
o  da concentração do fármaco a cada dose. Tem sempre
uma concentração máxima e uma mínima do fármaco no
organismo.

Há sempre uma flutuação da concentração do fármaco.

Quando se usa uma matriz de liberação controlada: CMC:


não tem flutuação de conc. Max e conc. Min  sempre tem
uma liberação constante do fármaco.

2. redução da freqüência de administração gerando maior


conforto para o paciente com melhora da terapia
medicamentosa

3. redução dos efeitos adversos pois reduz a flutuação de


conc.

4. redução de custos (um pouco discutido)  tem que


analisar a relação custo beneficio  ao longo do
tratamento o custo pode ser < e o medicamento sendo
mais eficaz  paciente cura mais rápido.

Tipos de FFLC
1. comprimidos revestidos:
- bifásicos ou bicamada: comprimido com duas camadas:
numa se tem a dose para liberação imediata e na outra a
dose que vai ser liberada mais lentamente. Ex.: slow K.

2. microencapsulados:
são cápsulas que contém microgranulos com cores
diferentes.

Geralmente 3 cores: 3 tipos de granulados com tamanhos e


revestimentos diferentes.

Ex.: cor amarelo: libera imediatamente; cor violeta: tem >


camada de polímero; cor verde: tem >> camadas de
polímero  quanto > o número de camadas do polímero
mais lenta vai ser a liberação do fármaco.

Misturar o amarelo,violeta e verde em proporções


adequadas. Pode-se usar: gelatina, álcool polivinílico,
etilcelulose, outros.

3. matrizes:
A matriz intumesce e forma uma camada de gel em torno
do PA: modula a liberação do PA  matrizez hidrofílicas 
CMC, MC, etc..

Matrizes plásticas: acetato de polivinila; polimetaexilato;


etc..
Eles não se dissolvem e são misturados com o PA, então à
medida que o PA vai se dissolvendo, vai restando a matriz
plástica (sem o PA), que é eliminada na forma íntegra.

4. bomba osmótica:

O comprimido tem um furo feito a “laiser”. O revestimento


origina uma membrana semi permeável por onde entra
água e o PA vai sendo liberado pelo furo pouco a pouco.

Revestimento com polímero

PA + excipientes
comprimidos normalmente

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