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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA

CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS - CESA


CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO – IX SEMESTRE - NOITE
DISCIPLINA: DIREITO AMBIENTAL
DOCENTE: FRANCISCO ASSIS SILVINO DA SILVA

DISCENTES:

ANDRÉIA LOPES ARAÚJO;


MARIA DAS GRAÇAS CAVALCANTE SILVA;
MAYARA LINS LIMA LOPES

Revisão: Responsabilidade civil por Dano ambiental

CRATO/CE
2018
1)Determinada instituição financeira concedeu financiamento para execução de
empreendimento que consistia na construção de um parque aquático/balneário. Ocorre que
o referido empreendimento causou significativa degradação ambiental, provocando,
inclusive, a extinção de fontes naturais de água, que atendiam à população do entorno.
Ajuizada Ação Civil Pública, o órgão do Ministério Público, fez constar, como sujeito passivo,
além do poluidor direto, o Banco financiador. Está correta a atitude do MP?

Sim, uma vez que, a legitimidade passiva estende-se a todos os responsáveis pelas
situações ou fatos ensejadores da ação, sejam pessoas físicas ou jurídicas, inclusive estatais,
autarquias e paraestatais. As instituições financeiras podem enfrentar três tipos de situações,
a do risco direto, o qual os bancos respondem diretamente como poluidores, estando o risco
associados às próprias instalações, uso de papel, entre outros. O risco indireto, onde o risco
ambiental atinge a empresa com a qual o banco atua como intermediador financeiro. E o risco
de reputação, onde os bancos sofrem pressão da sociedade e de organismos não
governamentais para adotar uma política ambiental com relação a financiamentos.

Diante da figura do poluidor-indireto, normatizado pelo art. 30 da lei 6.938/81, a


possibilidade de responsabilização solidária de todos que de algum modo participaram direta
ou indiretamente, faz com que um banco também venha a responder solidariamente pelo
dano ambiental. Entende a doutrina especializada, que a cooperação ou até mesmo a co-
responsabilidade das entidades financeiras estaria prevista no artigo 2º, parágrafo 4º da lei
11.105/05 e no artigo 12 da lei 6.938/81. Nessa mesma lei, o artigo 14, parágrafo 1º
estabelece o regime da responsabilidade objetiva, ou seja, sem a necessidade de culpa.

2)O adquirente de imóvel pode ser responsabilizado por danos ambientais pré-existentes à
aquisição do imóvel?

Não há dúvidas por parte da jurisprudência que o novo adquirente fica obrigado a
reparar a área, caso a compre já danificada, vez que ele devia anteriormente a aquisição
verificar se a mesma estava em conformidade com os dispositivos legais e as determinações
do órgão ambiental responsável. Sendo assim, é solidariamente responsável em uma ação de
responsabilidade civil ambiental, contudo tem direito a regresso perante o verdadeiro agressor
da área, ou seja, o antigo proprietário.

Portanto, o que vemos na jurisprudência e no posicionamento da maioria da doutrina


é que o novo adquirente do imóvel é parte legítima para figurar o pólo passivo em ação de
dano ambiental. Eis que é entendimento da Primeira e da Segunda Turma do Superior Tribunal
de Justiça que: “O novo adquirente de imóvel rural já desmatado tem legitimidade para figurar
no pólo passivo de ação civil pública por esse dano ambiental, visto que a obrigação, prevista
no Código Florestal, de repará-lo é transmitida quando da aquisição do bem,
independentemente deste ter responsabilidade pelo dano ambiental, ou seja, independe de
culpa ”. Logo, entende-se que a responsabilidade do novo adquirente é objetiva. Sendo assim,
todos são responsáveis, sejam pessoas físicas ou jurídicas (estatais, autarquias e empresas
privadas), sendo partes legítimas para figurarem solidariamente no pólo passivo de ação civil
pública de reparação de danos ambientais.
3)O Estado pode ser responsabilizado por danos causados por invasão e construção em
unidade de conservação? Em sendo responsabilizado, pode ajuizar ação regressiva contra o
poluidor direto?

Apesar das divergências jurisprudenciais já ocorridas, o entendimento da Constituição


Federal em seu artigo 225 parágrafo 3º, é que nos casos de danos ambientais se aplicara a
teoria objetiva. Não restando dúvidas quanto à natureza objetiva do dano ambiental. O
referido artigo declara:§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

De acordo com o artigo 14, §1°, Lei 6.938/1981, o agente poluidor, em razão do
princípio poluidor-pagador é obrigado a restitui o dano que cause ao meio ambiente e a
terceiros afetados, independentemente da existência de culpa. Sendo hoje a jurisprudência e a
doutrina pacificas a o adotarem a responsabilidade objetiva nos casos de danos ambientais.

O STJ já entendeu também que, de acordo com Recurso Especial n. 1071741/SP,


Segunda Turma, Relator Ministro Herman Benjamim, a administração do meio ambiente é
solidaria, ilimitada e objetiva. Nos casos de omissão onde o estado tem a obrigação de
fiscalizar, caso sua ineficiência cause danos, degradação ou agravamento, a execução por parte
do estado será subsidiaria, sendo acionado quando ocorre insolvência dos responsáveis
principais, seja parcial ou integralmente.

Portanto, entende-se então que o estado como responsável solidário tem sua
execução subsidiaria o que quer dizer que o mesmo passa a ocupar lugar do devedor-reserva,
sendo que quando degradador principal não fizer adimplemento da dívida o estado é
convocado para assim fazê-lo, estando assegurado o seu direito de regresso contra o
degradador.

4) É possível a inversão do ônus da prova , em ação de reparação de dano ambiental?

Sim, pois utiliza-se o procedimento previsto no art. 6°, VIII do Código de Defesa do
Consumidor.

5) Havendo pluralidade de poluidores é preciso haver litisconsórcio passivo necessário?

Não, o STF entende que não se exige a formação de litisconsórcio, podendo a Ação
Civil Pública Ambiental ser ajuizada contra um ou alguns dos poluidores.

6) Um poluidor, por exemplo,a Petrobrás pode ser responsabilizada por danos morais e
materiais causados a pescadores profissionais , em decorrência de acidente ambiental?

Sim, para fins de reparação, o dano decorrente da atividade poluente tem como
pressuposto básico a própria gravidade do acidente, ocasionando prejuízo patrimonial ou não
patrimonial a outrem, independente de se tratar de risco permanente, ocasional ou relativo.
Nas ações contra a Petrobrás, por exemplo, o Ministério Público Federal tem sempre
requerido a indenização por danos morais coletivos latu sensu em matéria ambiental, além da
descontaminação e do monitoramento da área atingida.

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