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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS

EDINAN FERNANDES DANIUK


EDUARDO ALEXANDRE GANASSOLI
JOÃO PEDRO CORRÊA GIROTO
RAUL SCHIAVETTO MARTURANO
WILLY ANDERSON PENTEADO FRANCO JUNIOR

SINTERIZAÇÃO POR MICRO-ONDAS

PONTA GROSSA
2019
EDINAN FERNANDES DANIUK
EDUARDO ALEXANDRE GANASSOLI
JOÃO PEDRO CORRÊA GIROTO
RAUL SCHIAVETTO MARTURANO
WILLY ANDERSON PENTEADO FRANCO JUNIOR

SINTERIZAÇÃO POR MICRO-ONDAS

Trabalho apresentado à disciplina de


Materiais Cerâmicos 1 como parte dos
requisitos necessários à obtenção do título
de engenheiro de materiais na Universidade
Estadual de Ponta Grossa.

Professora: Adriana Scoton Antonio


Chinelatto

PONTA GROSSA
2019
1. INTRODUÇÃO
Os materiais cerâmicos dominam o nosso cotidiano quando se trata da sua
aplicação, e se apresentam nas nossas ações básicas, desde quando tomamos um
simples café até aplicações mais avançadas como as velas dos nossos carros, que
nos levam aos lugares que precisamos. O estudo dos materiais cerâmicos vem
crescendo, e nos últimos anos este ramo se desenvolveu tanto que métodos de
sinterização não convencionais estão sendo desenvolvidos a fim de combinar
eficiência e praticidade.
Tem-se por definição que o processo de sinterização é um tratamento térmico
usado para unir partículas, buscando obter como resultado uma estrutura
predominantemente sólida, onde isso ocorre através de transporte de massa em
nível atômico, sendo que pode existir ou não a densificação do material.
Os métodos convencionais consistem basicamente na sinterização via fase
sólida e líquida, sendo que as condições de sinterização determinam o
desenvolvimento das microestruturas para fornecer propriedades físicas, mecânicas
e químicas necessárias para a aplicação do corpo cerâmico. A sinterização via fase
sólida de matérias-primas argilosas através de tratamento térmico convencional tem
sido utilizada há muito tempo para o desenvolvimento de vários materiais cerâmicos
e é tradicionalmente uma técnica de fabricação preferida para cerâmicas industriais.3
Dentro das sinterizações não convencionais, está a sinterização por micro-
ondas. Na técnica de sinterização por micro-ondas, o aquecimento é gerado por
dissipação da energia eletromagnética, sendo que as ondas eletromagnéticas das
micro-ondas possuem energia na faixa do espectro entre 300 a 300.000 MHz. Essa
ampla faixa de energia permite que as micro-ondas sejam utilizadas com grande
versatilidade, e uma característica muito importante sobre o aquecimento é que esse
é uniforme em toda a amostra, onde o calor é gerado em cada partícula da amostra.
Dentro dessas aplicações, está a sinterização de cerâmicas por micro-ondas, e têm
sido utilizadas a pelo menos 40 anos no processamento dos materiais. 5
A utilização das micro-ondas no processamento de materiais apresenta
vantagens relacionadas com a redução do tempo no processamento e também de
energia. A diferença entre a sinterização convencional e por micro-ondas está
expressa na Figura 1.
Figura 1 - Comparação entre (a) método de sinterização convencional; e (b) por micro-ondas.

Fonte: MENEZES (1)


O processamento das matérias primas via micro-ondas tem como princípio a
transferência de energia pelo material baseada em sua deposição direta no interior
do material, através de diversos processos de interação molecular e atômica com
relação ao campo eletromagnético, sem contar que a transferência de energia
eletromagnética é mais eficiente do que por transferência de energia térmica, devido
a ocorrer em nível molecular.1, 2
A diferença no aquecimento por micro-ondas fornece diversas propriedades
vantajosas de acordo ao seu processamento, se comparada às técnicas
convencionais. Nas técnicas convencionais, inicialmente ocorre o aquecimento da
superfície do material, e por processos de convecção e condução, a energia é
transferida para o interior.
No caso da sinterização por micro-ondas, como o aquecimento se consolida a
partir da interação com o campo eletromagnético, tem-se um aquecimento
volumétrico do material, permitindo altas taxas de aquecimento reduzindo as etapas
do processamento. Segundo OGHBAEI et al. “a sinterização por micro-ondas pode
efetivamente promover a difusão de íons e, assim, acelerar o processo, resultando
no crescimento do grão e a densificação da matriz”. 1

A sinterização a partir das micro-ondas é uma grande técnica para a


produção de materiais cerâmicos e compósitos cerâmicos, e possui algumas
características que podem ser comparadas à sinterização por processos
convencionais como: maiores taxas de sinterização, temperaturas mais baixas e
tempos mais curtos para se atingir densidades comparáveis, pela presença de grãos
mais finos, deixando o material mais denso.
Na Figura 2 está expresso o aumento da densidade em função do tempo,
comparando com um processo de sinterização convencional. 1,5

Figura 2 - Comparação entre método de sinterização por micro-ondas e convencional de acordo com
o aumento da densidade em função da temperatura.

Fonte: THOSTENSON (7)


Entretanto, as necessidades especiais deste processo demonstram que esta
análise tem necessidades particulares, transformando este processo em um grande
desafio. Dentro dessas necessidades, estão: altas temperaturas, elevadas taxas de
aquecimento, distribuição uniforme de temperatura e história térmica equivalente em
toda a amostra.1
A interação entre a matéria e as micro-ondas obedece às leis da ótica, e os
materiais podem ser classificados de três maneiras conforme se dá essa interação.
Se as ondas forem totalmente transmitidas, o material é transparente. Se as ondas
forem refletidas, o material é opaco. Se as ondas forem parcialmente transmitidas, o
material é translúcido. As interações entre a matéria e as micro-ondas estão
representadas na Figura 3.

Figura 3 - possíveis interações entre micro-ondas e a matéria: (a) materiais transparentes; (b)
materiais opacos; (c) materiais translúcidos.

Fonte: OGHBAEI et al. (6)


Os materiais cerâmicos estão divididos em dois grupos: os que têm altas e os
que têm baixa perda dielétrica. O carbeto de silício (SiC) e o óxido de magnésio
(MgO) são exemplos de cerâmicas pertencentes ao primeiro grupo, e possuem
propriedades dielétricas que são propícias ao processo de sinterização por micro-
ondas.
Já a alumina (Al2O3) e o nitreto de silício (Si3N4) são cerâmicas que não são
boas absorvedoras de micro-ondas, pois são transparentes a elas à temperatura
ambiente. Para contornar esse problema, essas cerâmicas devem ser aquecidas
acima de uma temperatura crítica para que aumente o fator de baixa perda
dielétrica. Abaixo dessa temperatura, esses materiais são aquecidos muito
vagarosamente pelas micro-ondas.

2. APLICAÇÕES
Os materiais cerâmicos sinterizados por micro-ondas podem ser aplicados em
diversas áreas, como por exemplo, em implantes dentários, que são formuladas por
massas cerâmicas triaxiais. O processo de sinterização por micro-ondas nos
implantes dentários é mais eficaz quando comparadas aos métodos convencionais,
pois apresentam melhores propriedades microestruturais, baixo custo, diminuição da
temperatura de sinterização e baixo risco ambiental, devido ao aquecimento
uniforme em toda amostra.8
Pode-se utilizar a sinterização por micro-ondas em processamentos de
materiais cerâmicos, que são utilizados em fornos cerâmicos. Esses materiais
cerâmicos necessitam ter propriedades dielétricas específicas, sendo materiais com
baixa perda dielétrica em temperatura ambiente. Como a alumina e a muita. Para
que o material apresente essas características, deve passar por um aquecimento
uniforme, como o da sinterização por micro-ondas.9
Em turbinas os materiais são solicitados termicamente e mecanicamente,
principalmente nas pás das turbinas. O Ti3SiC2 é um dos materiais que é utilizado
em pás de turbinas, que tem excelente resistência ao choque térmico. Quando o
Ti3SiC2 é processado através da sinterização por micro-ondas, sua resistência
mecânica é elevada consideravelmente. Tais propriedades são conseguidas através
do aquecimento uniforme, pois a interação molecular com o material diminui os
tamanhos de grãos e diminui a porosidade do material.10
REFERÊNCIAS
1 MENEZES, R. R.; SOUTO, P. M.; KIMINAMI, R. H. G. A. Sinterização de
cerâmicas em microondas. Parte I: aspectos fundamentais. Cerâmica, São Paulo, v.
53, n. 325, p. 1-10, Mar. 2007. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0366-
69132007000100002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 14 de junho de 2019.

2 MENEZES, R. R.; SOUTO, P. M.; KIMINAMI, R. H. G. A. Sinterização de


cerâmicas em microondas. Parte III: Sinterização de zircônia, mulita e alumina.
Cerâmica, São Paulo, v. 53, n. 327, p. 218-226, Sept. 2007. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0366-
69132007000300002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 14 de junho de 2019.

3 KEYSON, D. et al. Síntese e processamento de cerâmicas em forno de


microondas doméstico. Cerâmica, São Paulo, v. 52, n. 321, p. 50-56, Mar. 2006.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0366-
69132006000100007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 14 de junho de 2019.

4 KARAYANNIS, V. (2016). Microwave sintering of ceramic materials. IOP


Conference Series Materials Science and Engineering. Disponível em
<https://www.researchgate.net/publication/311320909_Microwave_sintering_of_cera
mic_materials>. Acesso em 14 de junho de 2019.

5 SILVA, A. G. P. da; ALVES JUNIOR, Clodomiro. A sinterização rápida: sua


aplicação, análise e relação com as técnicas inovadoras de sinterização. Cerâmica,
São Paulo, v. 44, n. 290, p. 225-232, Dec. 1998. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0366-
69131998000600004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 14 de junho de 2019.

6 OGHBAEI, M.; MIRZAEE, O. (2010). Microwave Versus Conventional


Sintering: A Review of Fundamentals, Advantages and Applications. Journal of
Alloys and Compounds. Materials Engineering Department, Semnan University,
Iran.

7 THOSTENSON, E. CHOU, T.W. (1999). Microwave processing:


fundamentals and applications. Composites Part A: Applied Science and
Manufacturing. Department of Mechanical Engineering, Department of Materials
Science and Engineering and Center for Composite Materials, University of
Delaware, Newark, DE 19716, USA.

8 Silva, F. D. S. C. M., et al. Utilização da energia de micro-ondas na


sinterização de porcelanas dentárias. Revista Eletrônica de Materiais e
Processos, Campina Grande, v.7.2. Disponível em <
http://www2.ufcg.edu.br/revista-remap/index.php/REMAP/article/download/317/258>
Acesso em 14 de junho de 2019.
9 CALADO, L. D., Influência da sinterização por micro-ondas no composto
Ti3SiC2 pertencente à família MAX para produção de pás de turbina. 1991, 46 f.
Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Estadual de
Campinas, Faculdade de Ciências Aplicadas. Campinas, 1991.

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