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Uma das interações que pode ocorrer entre os elétrons primários do feixe e a
amostra é a emissão de raios x pela mesma. É um tipo de colisão inelástica, onde o
elétron do feixe primário irá perder parte de sua energia cinética associado ao
movimento acelerado, onde essa perda de energia é na forma de emissão de raios x.
Dentre as diferentes emissões de raios x detectados na microscopia eletrônica,
destacam-se:
• Raio x contínuo: esse tipo de emissão de raio x está associado com a perda de
energia cinética do elétron do feixe primário devido a mudança de trajetória
causada na interação eletrostática entre ele e o núcleo de um átomo da
amostra. Esse desvio de trajetória faz com que o espectro de energia emitido
seja amplo com comprimentos de onda variáveis, impossibilitando assim sua
utilização na identificação dos elementos presentes na amostra.
• Raio x característico Kα e Lβ: é possível que um elétron do feixe primário colida
com um elétron de uma camada interna de um átomo da amostra, causando
assim sua remoção. Dessa forma, o átomo se encontra em um estado excitado,
e para reverter essa situação, um elétron de uma camada superior precisa
decair para ocupar o espaço deixado pelo elétron que foi emitido. A diferença
entre as camadas que os elétrons ocupam na eletrosfera de um átomo
possuem valores de energia bem definidos, e dessa forma, quando o elétron
decai de camada para preencher o espaço vazio deixado, a energia emitida na
forma de raio x também terá valores de energia bem definidos. Devido a conter
valores específicos de energia, os raios x acabam sendo denominados de
‘característicos’ pois assim são para cada elemento, e é dessa maneira que são
identificados os elementos presentes em uma determinada amostra, pelos
raios x característicos emitidos. Nesse sentido, a denominação de cada raio x
característico se dá em função da camada que o elétron decadente irá ocupar
e também da camada da qual ele decaiu, como mostrado na figura abaixo. Os
raios x característicos mais expressivos para a microscopia eletrônica são os
denominados Kα e Lβ. De maneira geral, os raios X característicos Kα e Lβ
possuem energias específicas para cada elemento, onde o raio X Kα é
amplamente utilizado na identificação de elementos por meio da
espectroscopia de energia dispersiva (EDS), enquanto o raio X Lβ é menos
utilizado devido à sua menor intensidade e possíveis sobreposições.
PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
secundários, criando assim um contraste com áreas que emitem uma maior
quantidade de elétrons secundários, permitindo assim a composição de uma imagem
da superfície da amostra onde é possível identificar a partir do contraste a variação
topográfica da superfície, além de também ser possível analisar a composição dessa
região.
Os elétrons retroespalhados possuem uma energia maior que a dos elétrons
secundários, e são utilizados para determinar outras propriedades do material da
amostra em análise. Como os elétrons retroespalhados são provenientes da colisão
entre o elétron do feixe primário com o núcleo dos átomos que compõe uma
determinada amostra, então é possível caracterizar o material a partir do número
atômico dos elementos presentes, o que é conhecido por constraste ‘Z’, uma vez que
a intensidade na imagem é proporcional ao quadrado do número atômico.
Como o elétron retroespalhado
provém de uma profundidade maior da
amostra, é possível obter dados
referentes à estrutura interna da
amostra, como a estrutura e defeitos
presentes, e também, por causa disso, a
‘retroespalhabilidade’ dos elétrons se dá
em função da espessura da amostra.
1. Número Atômico:
• O número atômico dos elementos presentes na amostra afeta a interação
do feixe de elétrons com a matéria. Elementos com maior número atômico
tendem a dispersar mais elétrons retroespalhados e secundários, resultando
em um contraste mais elevado na imagem. Assim, elementos de alto
número atômico, como metais pesados, são mais facilmente visualizados no
MEV em comparação com elementos de baixo número atômico, como
carbono ou hidrogênio.
2. Arestas Agudas:
• A presença de arestas agudas ou degraus na superfície da amostra pode
afetar a formação da imagem. A borda ou aresta pode causar sombras ou
reflexões adicionais, levando a contrastes locais e artefatos na imagem.
• Dependendo da geometria e da inclinação dessas arestas, elas podem
causar difração adicional ou bloquear parte do sinal de elétrons
retroespalhados, resultando em variações na intensidade e contraste da
imagem.
3. Inclinação da Amostra:
• A inclinação da amostra em relação ao feixe de elétrons pode ter um
impacto significativo na imagem formada no MEV. A inclinação pode
resultar em mudanças no contraste e na aparência topográfica da amostra.
• Quando a amostra é inclinada, a quantidade de elétrons retroespalhados e
secundários detectados pode variar, dependendo do ângulo de incidência
do feixe de elétrons na superfície da amostra. Isso pode afetar a resolução
e a interpretação da imagem.
4. Diâmetro do Feixe:
• O diâmetro do feixe de elétrons primários tem um impacto direto na
resolução espacial da imagem. Feixes mais estreitos resultam em maior
detalhamento e resolução, enquanto feixes mais largos podem fornecer
uma imagem mais suave, mas com menor detalhamento.
• É importante equilibrar o diâmetro do feixe com a corrente de elétrons para
evitar superaquecimento e danos à amostra.
5. Tensão de Aceleração:
• A tensão de aceleração é a diferença de potencial aplicada entre o cátodo e
o ânodo no MEV.
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA