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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

CAMPUS DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

REOLOGIA DOS MATERIAIS

Profa: Lília Müller Guerrini


EMENTA DA DISCIPLINA

1. Introdução a reologia e histórico;

2. Definições básicas:
2.1. Tensão;
2.2. Deformação;
2.3. Taxa;
2.4. Viscosidade.

3. Classificação reológica de materiais:


3.1. Materiais ideais: sólido elástico Hookeano e fluidos newtonianos;
3.2. Fluidos não newtonianos: fluidos independente do tempo (Bingham, dilatante e
pseudoplástico) e fluidos dependentes do tempo (reopéxico e tixotrópico).
3.3. Fluidos viscoelásticos:
3.3.1. Viscoelasticidade e fenômenos;
3.3.2. Modelos viscoelásticos: Maxwell, Voight e Maxwell-Voight.

4. Equações fundamentais da reologia.

5. Aplicações da reologia em materiais:


5.1. Polímeros no estado fundido;
5.2. Sistemas coloidais;
5.3. Materiais metálicos .
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

Bretas, R. E. S.; D´Avila, M. A. Reologia dos polímeros fundidos, Editora da

UFSCar, 2000.

Macosko, C. W. Rheology: Principles, Measurements, and Applications, Wiley-

VCH, 1994.

Dealy J. M.; Wissburun K. F. Melt rheology and its role in plastic processing, 2

ed.,1995.

Gebhard S. Reologia e Reometria - Fundamentos Teóricos e Práticos, 2nd ed.,

Artiliber, 2006.
CRONOGRAMA
11/04/2022 Introdução a reologia e conceitos básicos
18/04/2022 Classificação reológica dos materiais
25/04/2022 Fatores que interferem na viscosidade
02/05/2022 Modelos viscoelásticos e equações fundamentais da reologia
09/05/2022 Comportamento reológico dos polímeros fundidos: parte 1
16/05/2022 P1
23/05/2022 Comportamento reológico dos polímeros fundidos: parte 2
30/05/2022 Reometria parte 1
06/06/2022 Reometria parte 2
13/06/2022 Reologia dos colóides
20/06/2022 Seminários
27/06/2022 Congresso Acadêmico (não haverá aula)
04/07/2022 Seminários
11/07/2022 Seminários
18/07/2022 P2
25/07/2022 Postagem das notas e médias finais moodle (não haverá aula)
01/08/2022 Revisões P2 ou P1
08/08/2022 Exame
CRITÉRIOS

 DÚVIDAS PODEM SER TIRADAS POR E-MAIL: guerrini@unifesp.br

 SALA 223 - SALA: 223 (2o ANDAR, PREDIO 2 – CAMPUS TALIM)

𝑃1+0,7𝑃2+0,3𝑆
 6,0 APROVADO
2

MÉDIA  3: REPROVADO DIRETO


P1 e P2: PROVAS 1 E 2.
S: SEMINARIOS (PRESENCIAL TODOS DEVEM APRESENTAR)
NÚMERO MAXIMO DE ALUNOS POR GRUPO: 3 ALUNOS
INTRODUÇÃO
POR QUÊ ESTUDAR REOLOGIA ?

(A) Diferentes
Taxas formas de
de cisalhamento (B)
aplicação de tinta
diferentes!

Defeitos de pintura Pintura sem defeitos


(C) (D) (E)

Escorrimento
Baixa viscosidade ! Alastrabilidade
Alta viscosidade !
Instrumentos para pintura em parede (A) pincel (B) pistola e pinturas na parede (C) com escorrimento
(D) com marcas de pincel (E) perfeita
INTRODUÇÃO
POR QUÊ ESTUDAR REOLOGIA ?

Viscosidades!
Aplicação: sacos plásticos e
filmes para alimentos, produtos
agrícolas, vestuário etc

 Polímeros mais utilizados :


polietilenos e polipropilenos

Processo tubular de filmes soprados Processo tubular de filmes soprados e regiões de


comportamento de fluxo
(Guerrini et al. , 2004)
INTRODUÇÃO
POR QUÊ ESTUDAR REOLOGIA ?
Produção de produtos de cosmético e higiene pessoal

Aplicação de um batom Escoamento da pasta de dente


e como se distribui na boca

Duração de um fixador de cabelo Espalhamento do hidratante


INTRODUÇÃO
POR QUÊ ESTUDAR REOLOGIA ?
Produção de medicamentos

Estabilidade química de uma suspensão ou emulsão

Escoamento da embalagem e de seringas


POR QUÊ ESTUDAR REOLOGIA ?
Previsão de comportamento de vulcões

 Magma mais fluido: tendência a erupção


 Mais viscoso: erupções explosivas
 Lava fluida gera vulcões de menor inclinação
POR QUÊ ESTUDAR REOLOGIA ?
Exemplos: Controle do fluxo para impressão 3D.
INTRODUÇÃO
POR QUÊ ESTUDAR REOLOGIA ?

Ambiental
Pesticidas
Alimentos
Metais
Polímeros

Combustíveis
Tintas
Reologia Cosméticos
Cerâmicos
Síntese

Compósitos
Fármacos
Medicina Muitos outros
INTRODUÇÃO
O QUE É REOLOGIA?

rheologos
REOLOGIA
deformação ciência ou estudo

É ciência que estuda a deformação e o fluxo da matéria (tensão).


Analisa deformações (ou as tensões) de um material devido a aplicação de uma
tensão (ou deformação).
Estuda fluidos: líquidos, suspensões de partículas, emulsões e polímeros no
estado fundido. O comportamento de sólidos é abordado na Resistência dos
Materiais.
INTRODUÇÃO
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Origem da reologia – mecânica clássica – Grécia antiga

 Robert Hooke (1678): “Teoria Verdadeira da Elasticidade”


“A intensidade da força elástica (reação da força aplicada na mola) é
diretamente proporcional à sua deformação”;

F = força (N);
F  k  x k = constante de força do material (kg/s2);
x = extensão da deformação (m).

= tensão
 = - G.  G = módulo elástico
 = deformação
INTRODUÇÃO

 Isaac Newton (1687): “Principia”

“A resistência advinda do atrito das partes do líquido, com as demais variáveis


constantes, é proporcional à velocidade com que as partes do líquido são
separadas uma das outras”;
Ao dobrar a tensão aplicada, o gradiente de velocidade também será dobrado;

Viscosidade (): medida do atrito interno; medida da resistência ao fluxo.

Lei de Newton

dv x  xy = tensão de cisalhamento (Pa);


 xy     = viscosidade (Pa.s);
dy 
 = taxa de cisalhamento (s-1).
INTRODUÇÃO
EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Classe de fluidos/modelos Época Trabalhos Representativos


Corpo rígido Antiguidade Arquimedes, Newton (1687)
Material ideal Sólido elástico XVII Hooke (1678), Young (1807)
Fluido de Pascal XVIII Pascal (1663), Bernouilli (1738), Euler (1755)
Líquido Newtoniano XVIII-XIX Newton (1687), Navier (1823), Stokes(1845),
Hagen (1839), Poiseuille (1841)
Viscoelasticidade linear XIX Weber (1835), Maxwell (1867), Poynting &
Thomson (1902)
Líquidos newtonianos XIX-XX Trouton&Andrews (1904), Bingham (1922),
Oswald (1925), De Waele (1923), Herschel-
Bulkley (1926)

Viscoelasticidade não linear XX Poynting (1913), Zaremba (1903), Jaumann


(1905), Hencky (1929)
Descrição da Suspensões XX Einstein (1906), Baekeland (1909),
classe de Polímeros Staudinger (1920), Trouton (1906)
materiais Viscosidade extensional Tamman&Jenckel (1930)

Gênesis da reologia 1929 Bingham, Reiner e outros


DESENVOLVIMENTO
DEFINIÇÕES BÁSICAS
FORÇA (F)
Força do corpo: agem diretamente sobre a massa do elemento como
resultado de um campo de força. Ex: campos magnético e elétrico.

Força de superfície: resultado do contato de um elemento de fluido com uma


parede sólida ou com os elementos fluidos vizinhos.Ex: forças de tração e
compressão.

REOLOGIA FORÇAS DE SUPERFÍCIE

Forças que atuam em um fluido:


movimento do fluido, gradientes de pressão, moléculas do fluido
DESENVOLVIMENTO
DEFINIÇÕES BÁSICAS
TENSÃO ()
ΔF = variação da força
ΔA = variação da área

Unidades de tensão: N/mN/m2 ou pascal (Pa), dina/cm2 e lbf/ft2

Força e área são grandezas vetoriais:

A
S F

= vetor unitário normal à superfície onde a força é aplicada


= vetor força
= tensor tensão
DESENVOLVIMENTO
DEFINIÇÕES BÁSICAS
A cada componente do vetor força, uma direção estará associada.
Assim, o tensor tensão terá nove componentes:

:atuam na direção normal ao fluido tensões normais


:atuam na direção paralela ao fluido tensões de cisalhamento

Por simetria:
Portanto: 3 tensões normais e 3 tensões de cisalhamento
DESENVOLVIMENTO
DEFINIÇÕES BÁSICAS
Deformação ()
Mudança da forma de um corpo

Rotação de um elemento de fluido, sem


deformação;

Deformação por cisalhamento de um elemento


de fluido;

Deformação por elongação de um elemento de


fluido;
DESENVOLVIMENTO

Deformação elongacional ()

elongação

L’
L

L' L
 
L

d 1
 
 d ( def ormação)
   s
d (tempo) dt
DESENVOLVIMENTO

Deformação por cisalhamento


Cisalhamento simples: planos paralelos infinitamente finos escorregam uns sobre
os outros que é denominado de deformação laminar. Os diferentes modos
deformação laminar:

Deformações laminares encontradas em fluidos:


A – Cisalhamento simples (planar)
B – Cisalhamento rotacional
C – Cisalhamento telescópio
D – Cisalhamento por torção
DESENVOLVIMENTO
Deformação por cisalhamento simples
A deformação por cisalhamento simples em um fluido pode ocorrer quando esse é
colocado entre duas superfícies paralelas e a superfície superior se desloca uma
distância (Xw) em relação à inferior;
X

H
DESENVOLVIMENTO
Se a distância entre as superfícies é H e assumindo-se que não há
escorregamento do fluido nas superfícies, cada elemento de fluido estará sujeito a
mesma deformação de cisalhamento local (xy):

𝛿𝑥
𝛾𝑥𝑦 =
𝛿𝑦
dy: altura de um elemento de fluido
antes do deslocamento da
superfície.
dx: deslocamento da superfície
𝛿𝑥
𝛾𝑥𝑦 = superior desse elemento de fluido
𝛿𝑦
na direção x.
DESENVOLVIMENTO

Se H for muito pequeno, a deformação de cisalhamento poderá ser considerada


linear e será independente do tamanho do elemento, podendo ser expressa por:

𝑋𝑤
𝛾𝑥𝑦 =
𝐻
DESENVOLVIMENTO
Se H for muito pequeno, a velocidade do material vx em qualquer ponto y será:

𝑦
𝑣𝑥 = × 𝑉𝑤
𝐻
DESENVOLVIMENTO

Taxa de deformação por cisalhamento

É definida como a variação da velocidade das camadas em relação a distância entre


as camadas, ou como sendo o quanto o fluido deforma durante um tempo fixo.
Taxa de cisalhamento simples (𝛾𝑥𝑦 ): variação da deformação de cisalhamento
com o tempo;

𝑑𝛾𝑥𝑦 𝑑𝑣𝑥
𝛾𝑥𝑦 = =
𝑑𝑡 𝑑𝑦

Na superfície superior, em que y = H e


vx = Vw, tem−se que:

𝑉𝑤
𝛾𝐻 =
𝐻

Unidade da taxa de deformação de cisalhamento ou taxa de cisalhamento: (s-1)


DESENVOLVIMENTO
DEFINIÇÕES BÁSICAS

O tensor taxa de deformação, , é uma grandeza vetorial dada por:

:atuam na direção normal ao fluido Taxas elongacionais


:atuam na direção paralela ao fluido Taxas de cisalhamento

Por simetria:

Portanto: 3 taxas elongacionais e 3 taxas de cisalhamento


DESENVOLVIMENTO
DEFINIÇÕES BÁSICAS
Viscosidade
Resistência do fluido sob deformação por elongação ou cisalhamento.

Unidades da viscosidade: Pa.s, s/cm2 (poise)

10 Poise =1 Pa.s
1 cP (centipoise) = 1 m Pa.s (mili-pascal-segundo)

Viscosidades de Cisalhamento Típicas (Pa.s)

 Asfalto ------------------------- 80.000 -150.000


 Polímero Fundido ----------- 300 a 5000
 Mel Líquido ------------------- 10 (25oC)
 Glicerina ----------------------- 1 (25oC)
 Óleo vegetal ------------------ 0,01 (25oC)
 Água --------------------------- 0,001 (25oC)
DESENVOLVIMENTO
DEFINIÇÕES BÁSICAS
Exemplo: viscosidades elongacionais em processo tubular de filmes soprados

(Bretas & D’Ávila, 2000)

O que mudará no processamento desses materiais?


Polietilenos: soprados para cima devido ao
comportamento de endurecimento sob
tensão.

Filme de PE

Extrusora para PE

Extrusora para PP

Filme de PP
Polipropilenos: soprados para
baixo devido ao comportamento
de amolecimento sob tensão.

32
DESENVOLVIMENTO
DEFINIÇÕES BÁSICAS
Exemplo: viscosidade elongacional em processo de fiação do fundido

Sem deformação uniaxial

Comportamento de endurecimento sob tensão: não uniformidade da fibra.

Comportamento de amolecimento sob tensão: uniformidade das fibras.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Reologia: estuda o fluxo e a deformação da matéria através da resposta do material


à aplicação de uma tensão ou deformação relacionadas as forças de superfície.

Força de superfície: resultado do contato de um elemento de fluido com uma


parede sólida ou com os elementos fluidos vizinhos. Ex: forças de tração,
compressão e cisalhamento.

Tensão (força/área)
:atuam na direção normal ao fluido tensões normais
:atuam na direção paralela ao fluido tensões de cisalhamento

Taxa de deformação (variação da deformação/tempo);


:atuam na direção normal ao fluido Taxas elongacionais
:atuam na direção paralela ao fluido Taxas de cisalhamento

Por que é importante estudar a reologia?

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