Você está na página 1de 3

Vodum

Vodou – Vodoun – Vodum – Voodoo – Voudun – Vodu – Vudu – Hoodoo


- etc.

A palavra vodou é de origem Ewe/Fon e significa força divina, espírito, força


espiritual. É usada pelo povo do oeste da África para designar os deuses e
ancestrais divinizados.

No século XVIII o rei Agajá consolidou as crenças de vários clãs e aldeias,


formando um “sistema espiritual dos Voduns”. Isso gerou uma enorme variação do
termo, devido à quantidade de dialetos usados por esses clãs e aldeias, que
somado a influência francesa, passaram a falar como entendiam.

Essa diversificação fonética dá-se também por conta dos idiomas de pesquisadores
que “invadiram” a África, em busca de conhecimento sobre o Vodou. No Brasil, por
exemplo, usamos o fonema Vodum.

A palavra Hoodoo não é uma variante de Vodou. O Hoodoo é uma sociedade


haitiana similar as que existem no Benin (Sociedade do Bo) e Gana (Sociedade Jou-
Jou), onde pessoas são preparadas para ler oráculos e fazer fórmulas mágicas
usando elementos da flora, da fauna e do mineral.

Como sou brasileira usarei daqui por diante o termo “Vodum”.

Quando foi estabelecido o grande reino de Dahomey, lá não existia o culto de


Voduns. Nessa época, o atual rei sentia a necessidade de uma assistência
espiritual que o ajudasse a combater os problemas que o atormentava. Mandou
chamar um bokono (adivinho) e pediu que esse consultasse os oráculos.

À conselho dos oráculos mandou vir de diversas regiões os Voduns e construiu


seus templos. Com isso Dahomey passou a sitiar diversos clãs e aldeias de
Voduns. Anos mais tarde, o rei Agajá fez a consolidação, como já foi dito.

No período da escravidão, muitos daomeanos foram levados para o novo mundo e


com eles a cultura e o culto dos Voduns.

Os Voduns cultuados no Brasil são originários da África, suas práticas e tradições


se mantiveram intacta como era no Dahomey (atual Benin) desde o começo dos
tempos.
A nação Jeje sofreu por alguns anos uma queda em seus cultos, devido à falta de
informações. Os mais antigos preferiram levar para o túmulo seus conhecimentos a
passá-los aos que poderiam perpetuar os Voduns no Brasil.

Dos filhos de Jeje que ficaram perdidos, sem conhecimento sobre Voduns, uns
mudaram de nação e outros resolveram investigar, buscar, pesquisar suas origens e
levantar a bandeira da nação. Hoje, graças a essas pessoas, a nação Jeje voltou a
crescer e a seguir a cultura que foi deixada pelos escravos. Hoje, encontramos kwes
e pessoas que realmente sabem o Culto dos Voduns, esses aprenderam na
“própria carne” a passar seus conhecimentos e não deixar que nossa nação venha a
sofrer novos abalos ou quedas. Com a proliferação de estudos e pesquisas sobre os
Voduns, alguns dos mais velhos que ainda estão vivos resolveram colaborar e nos
passar alguns conhecimentos.

A primeira coisa que os adeptos do Jeje devem aprender é a diferença entre


Voduns e Orixás. Vodum é Vodum, Orixá é Orixá; Oyá não é Vodum Jô. Aziri
não é Oxum, Naetê não é Yemanjá, etc.

Assim como na África, também fazemos Orixás dentro dos templos de Vodum, mas
isso não os transforma em Voduns, eles são considerados deuses estrangeiros,
aceitos em nossos templos. Esses Orixás são tão respeitados e venerados quanto
os Voduns. Não existe discriminação nenhuma em relação aos dois deuses
(Voduns/Orixás). Em templos de Orixás, também encontramos Voduns feitos, a
única diferença é que no Jeje, não mudamos os nomes dos Orixás. Para nós Oyá,
Yansã são conhecida exatamente como Oyá, Yansã. Já os Voduns em templos de
Orixás mudam de nome, por exemplo, Vodum Dan/Bessen recebe o nome de
Oxumarê, Sakpata recebe o nome de Omulu, etc. Essa diferença também é
registrada na Nigéria, então, não é “coisa de brasileiro”.

Falar sobre os Voduns é uma tarefa de muita responsabilidade. No meu caso é o


resultado de 30 anos vividos dentro do culto, somado as minhas pesquisas e
estudos.

Os Voduns são agrupados por famílias: Savaluno, Dambirá, Davice, Hevioso; que
se subdividem em linhagens.

A sociedade daomeana é patrilinear e polígena, isto é, dá-se por linha paterna; o


homem é casado com diversas mulheres. A sociedade organiza-se em sibs, grupos
de irmãos que têm a mesma mãe e o mesmo pai, sem base territorial própria e
subdivide-se em famílias.

No Brasil, as casas de santo cultuam todas as famílias, porém, os Voduns são


interligados entre si com comportamentos, costumes, gostos e atitudes sempre
gerados pelo ancestre ou chefe de da casa.
Em minhas pesquisas encontrei mais de 450 Voduns; alguns cultuados no Brasil
outros não. Acredito que com esse resgate poderemos ampliar nossos cultos e
voltar a reverenciar Voduns, que tinham desaparecido devido à falta de informações,
assim como admitir em nossos templos esses Voduns encontrados.

O Brasil herdou vastos panteões de divindades que ficaram regionalizados de


maneira que somente alguns Voduns tiveram domínio nacional

A cultura dos Voduns é belíssima; penso que todos nós, filhos da nação Jeje,
devemos procurar aprender cada dia mais. Afirmo que, os maiores fundamentos de
Voduns estão embutidos nessa cultura. Comprovem!...

Você também pode gostar