Você está na página 1de 41

1 2

Termodinâmica Química

1.3. VARIÁVEIS TERMODINÂMICAS


1
Num problema real, é necessário delimitar a porção de matéria ou um
INTRODUÇÃO À TERMODINÂMICA volume no Universo que será o foco das atenções. Essa porção de matéria ou
CONCEITOS FUNDAMENTAIS volume de controle é o sistema termodinâmico, separado das vizinhanças ou
arredores por uma superfície de controle. Nos sistemas comuns na engenharia
química, o volume de controle pode ser um reator químico, uma operação
unitária qualquer, um estágio de uma coluna de destilação, um trecho de
tubulação, etc.
O sistema termodinâmico é chamado aberto se massa pode transitar para
1.1. INTRODUÇÃO dentro ou para fora do sistema; caso contrário, o sistema é fechado. Exemplos
de sistemas abertos são os reatores contínuos, colunas de destilação contínuas,
A termodinâmica é uma ciência experimental, pois a partir da trechos de tubulação. Exemplos de sistemas fechados são os reatores em
observação de alguns fenômenos físico-químicos foram elaboradas leis básicas, batelada, coluna de destilação em batelada, extração líquido-líquido em
conhecidas como a Lei “Zero”, a Primeira, a Segunda e a Terceira Leis da batelada.
Termodinâmica. Os problemas que a termodinâmica se propõe a resolver Quando um sistema está em contato com as vizinhanças, uma
normalmente envolvem a determinação do valor do calor e/ou trabalho (formas modificação nas vizinhanças produz alterações no sistema. Caso isso não
de energia) necessários ou liberados num processo ou então as mudanças de ocorra, o sistema em questão é dito isolado. Um sistema adiabático é um
estado de uma substância ou mistura provocadas pela transferência de calor ou sistema isolado termicamente das vizinhanças.
pela realização de trabalho. Os cálculos termodinâmicos, contudo, não O estado de um sistema é caracterizado por variáveis macroscópicas
permitem a determinação da dinâmica dos processos, ou seja, a determinação de como composição, pressão, temperatura, densidade, entre outras. A quantidade
quão rápidos se estabelecem os estados finais de equilíbrio, sendo que esse de matéria, massa ou o volume determinam o tamanho do sistema
assunto é o objeto de estudo da cinética e dos fenômenos de transporte. termodinâmico. As propriedades intensivas de um sistema são aquelas variáveis
cujo valor independe do tamanho do sistema, tais como a temperatura, a pressão
e a densidade. Propriedades extensivas são as variáveis cujo valor é
1.2. DEFINIÇÃO E IMPORTÂNCIA determinado diretamente pelo tamanho do sistema considerado (massa, volume,
energia total).

A termodinâmica é o estudo das mudanças nas condições (estado) das


substâncias puras ou de misturas a partir de alterações em sua temperatura, 1.3.1. Temperatura
pressão e estado de agregação. Ela estabelece, também, os princípios
fundamentais para a compreensão dos processos pelos quais as misturas podem
ser separadas ou reagir entre si para a geração de calor e trabalho. A Lei “Zero” da Termodinâmica afirma que, se dois corpos apresentam
Dessa forma, tornam-se possíveis a análise e projetos de sistemas igualdade de temperatura com um terceiro corpo, então eles também apresentam
geradores de potência, reatores químicos, equipamentos com equilíbrio de fase, igualdade de temperatura entre si.
bem como seu aperfeiçoamento visando o aumento de sua eficiência. A temperatura é medida por termômetros, sendo os mais comuns os de
mercúrio, os termopares e os termômetros de resistência. Os termômetros de
resistência são calibrados em dois pontos fixos, por exemplo em um banho de
água e gelo e em água em ebulição à pressão atmosférica. A marcação de
temperaturas intermediárias é feita, então, por interpolação.
As escalas de temperatura mais utilizadas são a Celsius, Kelvin,
Fahrenheit e Rankine. No estudo da termodinâmica é utilizada uma escala

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


3 4
Termodinâmica Química

absoluta de temperaturas, visando a padronização das medidas. A escala g aceleração da gravidade [m.s-2]
absoluta de temperaturas no Sistema Internacional (SI) é a escala Kelvin. h altura [m]
ρ densidade [kg.m-3]

1.3.2. Força e Pressão

A força exercida sobre um corpo equivale ao produto de sua massa pela 1.3.3. Energia, Trabalho, Calor e Potência
aceleração por ele sofrida. Um exemplo de força é o peso de um corpo, que é
função de sua massa e da aceleração local da gravidade. Num processo, a energia pode se manifestar de diversas formas. Ela
pode ser um atributo do sistema (energia cinética, potencial e energia interna).
F = m⋅a (1.1) Onde, a energia cinética se refere à mobilidade das moléculas do sistema
(velocidade das moléculas). A energia potencial se refere à posição do sistema
F força [N] em relação a um campo de forças (em geral à gravidade). E a energia interna é
m massa [kg] associada aos movimentos e às forças intermoleculares das moléculas
a aceleração [m.s-2] constituintes do sistema.
A energia pode também se manifestar como resultado do contato ou da
A unidade do SI para força é o newton (N), igual a 1 kg.m.s-2. interação de um sistema com suas vizinhanças, na forma de calor e trabalho.
A pressão exercida por um fluido ou sólido em uma superfície equivale Trabalho é a manifestação da ação de uma força através de um deslocamento na
à força normal exercida por ele por elemento de área. direção desta força ou da transferência de energia por meios de movimentação
mecânica. Calor é a manifestação de uma transferência de energia resultante de
F uma diferença de temperatura entre o sistema e a vizinhança.
P= A potência é a energia fornecida ou recebida em um processo por
A (1.2) unidade de tempo; portanto, é uma medida da taxa de troca de energia entre dois
sistemas.
P pressão [Pa]
A área [m2]
1.3.4. Densidade e Volume Específico
A unidade do SI para a pressão é o Pascal (Pa), igual a 1 kg.m-1.s-2.
A pressão é medida por instrumentos conhecidos como manômetros (de
ponteiro, de tubo em “U” com mercúrio) que indicam a pressão relativa, acima O volume molar de uma substância (V) representa o volume ocupado
ou abaixo da pressão atmosférica. A pressão atmosférica é medida, por sua vez, por um mol desta substância, representando o estado de agregação desta
pelos barômetros. substância.
Nas aplicações da termodinâmica, é conveniente utilizar a pressão Para os gases ideais, o volume molar pode ser obtido pela equação da
absoluta, equivalente à soma das pressões atmosférica e manométrica, sempre Lei dos gases ideais:
positiva ou, no mínimo, igual a zero para o caso de vácuo absoluto.
No caso dos manômetros com tubo em “U” preenchidos com líquido, P⋅V = R ⋅T (1.4)
pode-se calcular a diferença de pressão ΔP, ou seja, a pressão manométrica,
usando a expressão: V volume molar [m3.mol-1]
R constante dos gases
ΔP = ρ ⋅ g ⋅ h (1.3)

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


5 6
Termodinâmica Química

Na Equação 1.4, R é a constante dos gases, cujo valor depende do


sistema de unidades utilizado, sendo o valor mais comum dado por 0,082
atm.L.mol-1.K-1.
A densidade de uma substância (ρ) equivale a sua massa por unidade de
volume, e também representa o estado de agregação de uma substância. Para os
gases ideais, a densidade pode ser obtida a partira da lei dos gases ideais:

P⋅V = R ⋅T (1.4)

P⋅V = n ⋅R ⋅T (1.5)
m
P⋅V = ⋅R ⋅T (1.6)
M
m
P⋅M = ⋅R ⋅T (1.7)
V
m P⋅M
ρ= = (1.8)
V R ⋅T
m massa [kg]
M peso molecular [g.mol-1]
n número de mols [mol]
ρ densidade [kg.m-3]

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


7 8
Termodinâmica Química

2 & i ) são positivas se elas entram


Na Equação 2.1, as vazões mássicas ( m
no sistema; caso contrário, são negativas.
PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA massa entrando no sistema massa saindo do sistema
CONSERVAÇÃO DE MASSA + -

A Equação 2.1 também pode ser expressa na forma de vazões


O engenheiro ao tentar entender, analisar ou projetar um processo deve volumétricas, utilizando-se a densidade do fluido:
se basear em equações matemáticas que reflitam o comportamento do sistema
em estudo, de forma que possa tomar as decisões necessárias em relação ao & = q& ⋅ ρ
m (2.2)
processo.
Independente do tipo do processo ou equipamento, por mais simples ou q& fluxo volumétrico [m3.θ−1]
mais complexo que seja, ele estará sujeito às mesmas leis da física e da química,
principalmente no que concerne às leis de conservação de massa, energia e
Em uma tubulação, a velocidade média de escoamento e a vazão
momento.
volumétrica de um fluido se relacionam através da equação:

q& = v ⋅ A (2.3)
2.1. BALANÇO DE MASSA

De modo simplificado, a lei de conservação de massa diz que massa não A área seccional [m2]
v velocidade [m.θ−1]
pode ser perdida nem criada. Pode haver reações químicas que transformam
reagentes em produtos, mas a massa total (reagentes e produtos) não será
modificada. Desta forma, a massa total presente em um processo é uma
quantidade conservativa. 2.2. BALANÇO DE COMPONENTES
A variação (acúmulo) de massa no sistema em um intervalo de tempo
(Δt) deve ser igual à quantidade de massa que entra e sai dos limites do sistema: Embora massa não possa ser perdida nem criada, ela pode sofrer
transformações químicas com reagentes, formando produtos. Neste caso, deve-
se fazer um balanço de massa ou um balanço molar pra cada componente
⎛ acúmulo ⎞ ⎛ entra ⎞ ⎛ sai ⎞
⎜⎜ ⎟⎟ = ⎜⎜ ⎟⎟ − ⎜⎜ ⎟⎟ presente no sistema. A forma da equação para o balanço de massa para cada
⎝ de massa ⎠ ⎝ de massa ⎠ ⎝ de massa ⎠ componente (i) é dada por:

ou de forma matemática: ⎛ acúmulo ⎞ ⎛ entra ⎞ ⎛ sai ⎞ ⎛ geração ⎞ ⎛ consumo ⎞


⎜⎜ ⎟⎟ = ⎜⎜ ⎟⎟ − ⎜⎜ ⎟⎟ + ⎜⎜ ⎟⎟ − ⎜⎜ ⎟⎟
dm NC ⎝ de i ⎠ ⎝ de i ⎠ ⎝ de i ⎠ ⎝ de i ⎠ ⎝ de i ⎠
=m & sai = ∑ m
& entra − m &i (2.1)
dt i =1 ou de forma matemática:

m massa [kg] dm i
t tempo [θ Æ s, min ou h] =m
& i,entra − m
& i,sai + ri (2.4)
&
m fluxo mássico [kg.θ−1]
dt
ri taxa de reação de i [kg.θ-1]

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


9 10
Termodinâmica Química

ou Na tabela estequiométrica acima o consumo do componente A foi


dN i & tomado como base de cálculo, porém qualquer outro componente poderia servir
&
= N i,entra − N i ,sai + ri (2.5) de base de cálculo.
dt
Se a reação for completa, ou seja, se todo componente A reagir, então
no final teremos que NA,FINAL = 0 e ξA = NA0. Não necessariamente a reação de
ri taxa de reação de i [mol.θ-1]
reagentes em produtos é completa, e neste caso NA,FINAL ≠ 0. Para reações que
não são completas podemos definir a conversão de um reagente em produtos:
Nas Equações 2.4 e 2.5, a taxa de reação (ri) é positiva se houver
formação do componente i; caso haja consumo do componente i pela reação o
N 0A − N A ξA
sinal da taxa será negativo. XA = ou X A = (2.7)
N 0A N 0A
formação de componente i consumo de componente i
+ - Xi conversão de i

A tabela estequiométrica pode também ser escrita utilizando-se a


conversão, listando-se os componentes, o número de moles iniciais de cada
Reações Químicas e Tabela Estequiométrica componente, a variação dos componentes ocorrida durante a reação (em mols)
em relação à conversão e a quantidade de mols final de cada componente.
Nos sistemas em que há a transformação de reagentes em produtos via
reação química, especialmente nos reatores, o balanço de componentes se torna Componente Inicial Variação Final
extremamente importante. Para se calcular corretamente a formação e/ou A NA0 - XA.NA0 NA0 - XA.NA0
consumo de um componente é recomendável que se faça uma tabela B NB0 - (νB/νA).XA.NA0 NB0 - (νB/νA).XA.NA0
estequiométrica. C NC0 + (νC/νA).XA.NA0 NC0 + (νC/νA).XA.NA0
Dada uma reação química: D ND0 + (νD/νA).XA.NA0 ND0 + (νD/νA).XA.NA0

ν A A + ν BB → ν CC + ν D D (2.6)

νi coeficiente estequiométrico de i Sistemas com Separação de Fases


A tabela estequiométrica é feita listando-se os componentes, o número Nos sistemas em que há a separação de fases durante o processo é
de moles iniciais de cada componente, a variação dos componentes ocorrida importante fazer um balanço de componentes para cada fase em separado,
durante a reação (em mols) e a quantidade de mols final de cada componente. considerando o que entra e o que sai de componentes em cada fase, além da
migração dos componentes de uma fase para a outra fase.
Componente Inicial Variação Final Estes sistemas são aplicados a colunas de destilação, separação líquido-
A NA0 - ξA NA0 - ξA líquido, extração sólido-líquido, absorção e adsorção, sedimentadores, entre
B NB0 - (νB/νA).ξA NB0 - (νB/νA).ξA outros.
C NC0 + (νC/νA).ξA NC0 + (νC/νA).ξA A forma da equação para o balanço de massa para cada componente (i)
D ND0 + (νD/νA).ξA ND0 + (νD/νA).ξA é dada por:

ξi ⎛ acúmulo de i ⎞ ⎛ entra de i ⎞ ⎛ sai de i ⎞


⎟⎟ + (migra de i )
avanço da reação em relação ao
número de moles de i reagidos [mol] ⎜⎜ ⎟⎟ = ⎜⎜ ⎟⎟ − ⎜⎜
⎝ na fase j ⎠ ⎝ na fase j ⎠ ⎝ na fase j ⎠

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


11 12
Termodinâmica Química

EXEMPLO 2.1
ou de forma matemática:
Duas tubulações distintas com diâmetros internos de 0,050 m (d1) e 0,076 m
dm i (d2) transportam água a 25°C a 2 e 3 m/s, respectivamente (Figura 2.1).
=m & i,sai + J& i
& i,entra − m (2.8) Sabendo que essas tubulações convergem para um “tê” misturador conectado
dt a uma tubulação de saída de 0,127 m de diâmetro (d3), calcule a velocidade
média final de escoamento.
Ji fluxo de i que migra de fase [kg.θ-1] Dado: densidade da água a 25°C = 997,0 kg/m3.
ou
dN i & & &
= N i,entra − N i ,sai + J i (2.9)
dt
Ji fluxo de i que migra de fase [mol.θ-1]

Nas Equações 2.8 e 2.9, o fluxo de i que migra de fase (Ji) é positiva se
houver migração do componente i para a fase sendo considerada; caso o
componente i esteja migrado para a outra fase o sinal da taxa será negativo.

migração de componente i migração de componente i


para a fase sendo considerada para outra fase
+ -
Figura 2.1. Confluência de duas tubulações em um tê misturador

RESOLUÇÃO

Fazendo-se o balanço de massa para o “tê” misturador (aplicando-se a


Equação 2.1), tem-se:

NC
dm
=m & sai = ∑ m
& entra − m &i (2.1)
dt i =1

dm
=m
&1+m
& 2 −m
&3 (1)
dt
dm
= 0 uma vez que não há acúmulo de água no “tê”
dt

A vazão mássica na tubulação 1 pode ser calculada usando:


& 1 = v1 ⋅ A1 ⋅ ρ1
m (2)

v1 = 2 m/s (3)

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


13 14
Termodinâmica Química

π ⋅ d12 π ⋅ (0,127 )
2
A1 = (4) A3 = = 0,0127 m 2 (17)
4 4
π × (0,05)2 ρ 3 = 997,0 kg/m3 (18)
A1 = = 1,96 × 10 −3 m2 (5)
4 m &3
v3 = (19)
ρ1 = 997,0 kg/m 3
(6) A 3 ⋅ ρ3
m kg 1 m3
& 1 = 2,0
m ⋅ 1,96.10 −3 m 2 ⋅ 997,0 3 = 3,91 kg/s (7)
v 3 = 17,49
kg

1
⋅ = 1,38 m/s (20)
s m s 0,0127m 2 997,0 kg

A vazão mássica na tubulação 1 pode ser calculada usando:


& 2 = v2 ⋅ A 2 ⋅ ρ2
m (8)

v 2 = 3 m/s (9)

π ⋅ d 22
A2 = (10)
4
π ⋅ (0,076)2
A2 = = 4,54.10 −3 m2 (11)
4
m kg
& 2 = 3,0
m ⋅ 4,54.10 −3 m 2 ⋅ 997,0 3 = 13,58 kg/s (12)
s m

Pela equação do balanço de massa temos:


&1+m
m & 2 −m
&3 =0 (13)

& 3 = 3,91 + 13,58 = 17,49 kg/s


m (14)

Para o cálculo da velocidade de escoamento partimos da equação:


& 3 = v 3 ⋅ A 3 ⋅ ρ3
m (15)

π ⋅ d 32
A3 = (16)
4

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


15 16
Termodinâmica Química

EXEMPLO 2.2 & = q& ⋅ ρ


m (2)

Um reservatório de álcool é cheio com álcool transferido de um outro M = V ⋅ρ (3)


reservatório de álcool, como mostra a Figura 2.2. Deseja-se saber qual o tempo
de enchimento do reservatório de álcool.
d(V ⋅ ρ)
3
Dados: Densidade do álcool (a 25°C) = 997,0 kg/m .
Vazão de entrada de álcool = 50 m /h
3
= q& 1 ⋅ ρ − q& 2 ⋅ ρ (4)
Vazão de saída de álcool = 30 m3/h dt
Nível inicial de álcool no tanque = 2 m
= ρ ⋅ (q& 1 − q& 2 )
dV
Nível final de álcool no tanque = 10 m ρ⋅ (5)
Área do reservatório = 78,5 m2 dt

Como a área do reservatório é constante, a derivada em relação ao volume


do reservatório pode ser substituída pela derivada em relação à altura do
reservatório:

V =h⋅A (6)

dh
A⋅ = q& 1 − q& 2 (7)
dt
dh q& 1 − q& 2
= (8)
dt A
integrando a equação 8 de h = 2 m a h = 10 m:
10 t q& 1 − q& 2
∫ dh = ∫ A
dt (9)
Figura 2.2. Tanque de armazenamento temporário. 2 0

m3 m3
RESOLUÇÃO 50 − 30
10m − 2m = h h ⋅t (10)
Fazendo-se o balanço de massa para o tanque (aplicando-se a Equação 2.1), 78,5m 2
tem-se:
t = 31,4 h (11)
NC
dm
=m & sai = ∑ m
& entra − m &i (2.1)
dt i =1

dm
=m
&1 −m
&2 (1)
dt
A equação 1 pode ser reescrita em função da vazão volumétrica e do
volume no reservatório fazendo:

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


17 18
Termodinâmica Química

EXEMPLO 2.3 g
100000
& = h mol
Nas plantas de ácido sulfúrico, geralmente se produz um grau de ácido e a N T = 2941,2 (2)
partir desta composição o ácido é diluído para produzir concentrações g g h
0,20 ⋅ 98 + 0,80 ⋅ 18
diferentes para comercialização. mol mol
Uma planta de ácido sulfúrico produz como composição primária, ácido
sulfúrico a 85% (em mol). Num tanque de mistura deve-se produzir ácido & & mol
sulfúrico a 20% (em mol). Para diluir o ácido sulfúrico concentrado, a fábrica
N H 2SO 4 = 0,20 ⋅ N T = 588,2 (3)
h
utiliza água vinda de uma torre de lavagem dos gases do reator que possui
uma concentração de 5% (em mol) de H2SO4. Calcule a vazão mássica das & & mol
duas correntes de entrada necessárias para produzir 100 kg/h de H2SO4 a 20% N H 2 O = 0,80 ⋅ N T = 2353,0 (4)
(em mol).
h
Dados: Peso molecular H2SO4 = 98 g/mol Chamando de 1 a corrente de H2SO4 a 5%, de 2 a corrente de H2SO4 a 85% e
Peso molecular H2O = 18 g/mol de 3 a corrente de H2SO4 a 20%, podemos fazer o balanço molar para o
componente H2SO4 no tanque aplicando a Equação 2.5:

dN i & &
= N i,entra − N i ,sai + ri (2.5)
dt
& + 0,85 ⋅ N
0 = 0,05 ⋅ N & − 0,20 ⋅ N
& (5)
1 2 3

& + 0,85 ⋅ N
0,05 ⋅ N & = 588,2 mol/h (6)
1 2

Fazendo o balanço molar para o componente H2O no tanque (aplicando a


Equação 2.5) temos:

dN i & &
= N i,entra − N i ,sai + ri (2.5)
dt
& + 0,15 ⋅ N
0 = 0,95 ⋅ N & − 0,80 ⋅ N
& (7)
1 2 3

& + 0,15 ⋅ N
0,95 ⋅ N & = 2353,0 mol/h (8)
1 2

Figura 2.3. Tanque de mistura.


Para encontrar os fluxos molares das correntes 1 e 2 temos que resolver o
sistema de duas equações (6 e 8) e duas incógnitas (N1 e N2).
RESOLUÇÃO

Na solução de H2SO4 a 20% (em mol) temos 80% de água e 20% de ácido
& + 0,85 ⋅ N
0,05 ⋅ N & = 588,2 mol/h (6)
1 2
sulfúrico. Para calcular o fluxo molar de cada componente temos:
& + 0,15 ⋅ N
0,95 ⋅ N & = 2353,0 mol/h (8)
1 2

& = &
m Isolando N1 na equação 6 temos:
N (1)
0,20 ⋅ PM H 2SO 4 + 0,80 ⋅ PM H 2O
T

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


19 20
Termodinâmica Química

& EXEMPLO 2.4


& = 588,2 − 0,85 ⋅ N 2 = 11764,0 − 17,0 ⋅ N
N & (9)
1 2
0,05 A produção de butano, produto componente do GLP, pode ser realizada pela
Substituindo N1 na equação 8 temos: reação entre o propeno e o metano a 510 K e 175 atm.

0,95 ⋅ (11764,0 − 17,0 ⋅ N


& ) + 0,15 ⋅ N
2
& = 2353,0
2 (10) C3H6 + CH4 Æ C4H10

& = 8822,8
16,0 ⋅ N (11) Qual a quantidade de metano (kg/h) que deve ser alimentado ao reator para
2
processar 5 ton/h de propeno? Qual a produção de butano? A conversão da
& = 551,4 mol/h
N (12) reação é completa e os reagentes são alimentados em sua composição
2
estequiométrica.
Substituindo N2 na equação 9 temos:
Dados: PMMETANO = 16 g/mol
& = 11764,0 − 17,0 ⋅ N
N & = 2390,2 mol/h (13) PMPROPENO = 42 g/mol
1 2
PMBUTANO = 58 g/mol
O fluxo mássico de cada corrente pode ser obtido por:
& ⋅ PM
& 1 = 0,05 ⋅ N &
m T H 2SO 4 + 0,95 ⋅ N T ⋅ PM H 2 O (14)
RESOLUÇÃO
mol g mol g
& 1 = 0,05 ⋅ 2390,2
m ⋅ 98 + 0,95 ⋅ 2390,2 ⋅ 18 (15) O primeiro passo para resolver o balanço de componentes é fazer uma tabela
h mol h mol estequiométrica:
g kg
& 1 = 52584,4
m = 52,6 (16) Componente Inicial Variação Final
h h C3H6 (A) NA0 - ξA 0
0
& 2 =m
& 3 −m
&1 CH4 (B) NB - ξA 0
m (17)
C4H10 (C) 0 + ξA Nc
& 2 = 100,0 − 52,6 = 47,4 kg/h
m (18)
Como o propeno e o metano foram alimentados ao reator em proporção
estequiométrica então:
N A 0 = N B0 (1)

Pelo balanço molar do propeno temos que:

NA0 − ξA = 0 Æ NA0 = ξA (2)

Pelo balanço molar do butano temos que:

0 + ξA = NC Æ NC = ξA = NA
0
(3)

O número de moles de propeno alimentado ao reator é dado por:


ton 1000000g
&A 5 ⋅
m mol
& 0
N A = = h ton = 119048 (4)
PM A g h
42
mol

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


21 22
Termodinâmica Química

A quantidade de metano a ser alimentada será de 119048 mol/h, ou: EXEMPLO 2.5

m & 0 ⋅ PM = 119048 mol ⋅ 16 g ⋅


&B=N
ton
= 1,9
ton
(5) Um reator para produção de ácido acetil salicílico (AAS) é alimentado com 200
B B
h mol 1000000g h mols de ácido salicílico (AS) e com 320 mols de anidrido acético (AAc). Após
uma hora, 60% do AS foram convertidos em produtos (AAS e água) de acordo
A produção de butano também será de 119048 mol/h, ou com a reação:

& ⋅ PM = 119048 mol g ton ton


&C =N
m C C ⋅ 58 ⋅ = 6,9 (6) AS + AAc Æ AAS + água
h mol 1000000g h
Calcule: (a) quantidade de AAS produzida [em mol], (b) a quantidade de AAc
que restou no reator [em mol], (c) a fração molar de cada componente ao final
da reação.

RESOLUÇÃO

O primeiro passo para resolver o balanço de componentes é fazer uma tabela


estequiométrica:

Componente Inicial Variação Final


AS (A) NA0 = 200 mol - ξA N/A = 0,60.NA
0

AAc (B) NB0 = 320 mol - ξA NB


AAS (C) 0 + ξA Nc
Água (D) 0 + ξA ND

Pelo balanço molar do ácido salicílico (A) temos que:

NA0 − ξA = NA (1)

N A 0 − ξ A = 0,60 ⋅ N A 0 (2)

N A 0 − ξ A = 0,60 ⋅ 200 = 120mol (3)

ξ A = N A 0 − 120mol (4)

ξ A = 200 − 120 = 80mol (5)

Pelo balanço molar do ácido acetil salicílico (C) temos que:


0 + ξA = NC (6)

N C = ξ A = 80mol (7)

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


23 24
Termodinâmica Química

Pelo balanço molar do anidrido acético (B) temos que: EXEMPLO 2.6
NB0 − ξA = NB (8) A amônia é um subproduto indesejável em alguns processos químicos. Sua
liberação junto com efluentes gasosos não é permitida devido a seu cheiro e
N B = N B 0 − ξ A = 320 − 80 = 240mol (9) irritação causada. Uma coluna de absorção pode ser usada para absorver a
amônia de uma corrente gasosa (ar-amônia) usando água como líquido
Pelo balanço molar da água (D) temos que: absorvente. Um efluente gasoso possui 20% em mola de amônia e 99% desta
amônia deve ser removida da corrente de ar. Calcule a quantidade mínima de
0 + ξA = ND (10)
água necessária para absorver a amônia sabendo que o fluxo de gás é de 600
m3/h e a solubilidade máxima de amônia em água é de 12 g/g água a 30oC e 1
N D = ξ A = 80mol (11)
atm. Qual a fração molar de amônia remanescente na corrente de ar?

Figura 2.4. Lavador de gases.

RESOLUÇÃO

O fluxo molar da corrente 1 é obtido através da lei dos gases ideiais:


P⋅V = n ⋅R ⋅T (1)

n P 1 mol
= = = 0,04025 (2)
V R ⋅ T 0,082 ⋅ 303 L

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


25 26
Termodinâmica Química

& = q& ⋅ n = 600000 L ⋅ 0,04025 mol = 24150 mol & AR = N


N & AR = N
& ⋅ x AR (11)
N 1 1 (3) 1 3 3 3

( )
V h L h
& AR = N
N & ⋅ 1 − x AM (12)
Pelo balanço molar da amônia temos que: 1 3 3

& AM − N
0=N & AM − N
& AM (4)
& AR = N
N & −N& ⋅ x AM (13)
1 3 4 1 3 3 3

como 99% (em mol) de amônia deve ser removidos da corrente 1: Isolando o termo da fração molar de amônia na corrente 3 temos:

& AM = 0,01 ⋅ N
N & AM (5)
& −N
N & AR
3 1 x 3AM = 3 1
(14)
&
N
isolando o fluxo molar de amônia na corrente quatro: 3

& AM = N
N & AM − 0,01 ⋅ N
& AM (6) O fluxo molar da corrente 3 por sua vez é a soma dos fluxos de ar e
4 1 1
amônia nesta corrente:
& AM = 0,99 ⋅ N
N & AM (7)
4 1 & =N
N & AR + N
& AM (15)
3 3 3
& AM & AM mol mol
N 4 = 0,99 ⋅ N 1 = 0,99 ⋅ 0,20 ⋅ 24150 = 4781,7 (8) E o fluxo molar de amônia na corrente 3 é igual a 1% do fluxo de
h h amônia na corrente 1.
Como estamos trabalhando em unidades mol/h devemos transformar a
solubilidade da amônia em água de g amônia/g água para mol amônia/mol & AM = 0,01 ⋅ N
N & AM (16)
3 1
água:
g AM 18 g AG 1 mol AM mol AM Substituindo na equação 14:
S AM = 0,12 ⋅ ⋅ = 0,1271 (9)
g AG 1 mol AG 17 g AM mol AG & AR + 0,01 ⋅ N
N & AM − N& AR
x 3AM = 1 1 1
(17)
& AR + 0,01 ⋅ N
N & AM
Pelo balanço molar da água temos que: 1 1

& AG − N
0=N & AG (10) 0,01 ⋅ 0,20 ⋅ 24150
2 4 x 3AM = (18)
0,80 ⋅ 24150 + 0,01 ⋅ 0,20 ⋅ 24150
& AM
N & AG = N 4
& AG = N (11)
2 4
S AM x 3AM = 0,0025 (19)

& AM
& AG = N 4 = 4781,7 mol AM ⋅ 1 mol AG
N (12)
2
S AM h 0,1271 mol AM

& AG = 37621,6 mol AG


N (13)
2
h
A fração molar de amônia remanescente na corrente de ar pode ser calculada
pelo balanço molar do ar:

& AR − N
0=N & AR (10)
1 3

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


27 28
Termodinâmica Química

EXERCÍCIOS de álcool a 60% (em massa) e entra no tanque de mistura a uma vazão de
10 kg/h. Uma segunda corrente (2) entra no tanque de mistura e é
2.1. Em um trecho de tubulação, duas tubulações (A e B) convergem através composto de álcool a 40% (em massa) entrando a uma vazão de 15 kg/h.
de um “tê” misturador para uma terceira (C) tubulação. Determine a Calcule a quantidade de álcool hidratado a 93% (em massa) (corrente 3)
densidade de um líquido na tubulação de saída (Figura 2.5). que deve ser alimentado ao tanque para que 20 kg/h de etanol seja
Dados: enviado ao reator. Calcule também a fração mássica de etanol na corrente
vazão mássica no tubo A = 1000 kg/h que sai para o reator.
vazão mássica no tubo B = 1200 kg/h
velocidade média de escoamento no tubo C = 2 m/s.
diâmetro do tubo C = 0,038 m

Figura 2.5. Tê misturador.


Figura 2.6. Tanque de mistura.
Resp: ρ = 270 kg/m .
3

Resp: a) m1 = 8,60 kg/h; b) φ4 = 0,595

2.2. Para-xileno é utilizado no processo de produção de ácido tereftálico (um


intermediário do poliéster). Uma indústria possui um tanque completo com 2.4. A decomposição térmica do óxido nitroso é dada pela reação:
p-xileno e este é bombeado para a fábrica numa vazão de 20 m3/h.Deseja-
se saber por quantos dias é possível manter a produção de ácido N2O Æ N2 + 0,5 O2
tereftálico com o p-xileno contido no reservatório.
Dados: e ocorre a 1030 K e 1 atm.
Densidade do p-xileno a 25°C = 856,9 kg/m3. Se 0,1 kg/h de N2O for tratado, qual é o fluxo volumétrico de N2 e O2 que
Nível inicial de p-xileno no tanque = 25 m deixam o reator? Considere os gases como ideais.
2
Área do reservatório = 707 m
Resp: a) VN2 = 191,9 L/h; b) VO2 = 95,9 L/h
Resp: 36,8 dias.

2.5. Butano, um dos componentes do gás de cozinha, pode ser produzido a


2.3. Um processo químico consome 20 kg/h de etanol. Um tanque de mistura é partir da reação:
posicionado antes do reator e recebe etanol hidratado de dois pontos do
processo onde é recuperado. A primeira corrente (1) de reciclo é composto C3H6 + CH4 Æ C4H10

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


29 30
Termodinâmica Química

Qual a quantidade de metano (kg/h) que deve ser alimentado ao reator


para processar 5 ton/h de propeno, sabendo que a reação é completa?
Qual a produção de butano?

Resp: a) 1904,8 kg/h; b) 6,9 ton/h

2.6. A reação química para a hidrogenação do benzeno para produção de


ciclohexano ocorre a 478 K e 27 atm com um excesso de 100% de
hidrogênio. Se a conversão de benzeno em ciclohexano é de 60% e
deseja-se produzir 3,6 ton/h de ciclohexano, calcule:
a. A vazão volumétrica de hidrogênio na entrada do reator (478 K e 27
atm)
b. Consumo de benzeno pela reação (ton/h)
c. Fração molar de hidrogênio, benzeno e ciclohexano na saída do reator.

Dados: Todos os produtos entram e saem do reator a 478 K e 27 atm.


Reação química: C6H6 + 3 H2 Æ C6H12
O hidrogênio se comporta como gás ideal

Resp: a) 622,2 m3/h; b) 3,34 ton/h;


c) xH2 = 0,077; xB = 0,808; xC = 0,115

2.7. Alguns processos de fermentação aeróbia requerem um fluxo de água


saturada com oxigênio. Nestes processos o oxigênio pode ser borbulhado
diretamente no caldo de fermentação ou pode ser borbulhado em um
tanque em separado por onde água ou caldo de fermentação passa
continuamente. Considerando um processo onde o oxigênio é borbulhado
continuamente num tanque por onde água passa sob fluxo constante,
calcule a quantidade de oxigênio absorvido pela água. O processo ocorre
com o borbulhamento de oxigênio puro a 1,0 atm de pressão num sistema
passando água a 25oC. A vazão de água pelo tanque é igual a 200 L/h e
contém 1,320.10-5 g de oxigênio dissolvido por g de água. A fração molar
de oxigênio na água pode ser calculada pela Lei de Henry:
p=H⋅x
onde x é a fração molar de oxigênio dissolvido na água, H é a constante
de Henry (4,38.104 atm) e p é a pressão do sistema.
Dados: densidade da água = 1000 g/L

Resp: 5,478 g/h

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


31 32
Termodinâmica Química

3 Semelhante a convenção adotada no balanço de massa, as quantidades


de energia são positivas se elas entram no sistema, e negativas se elas saem do
sistema.
PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA
CONSERVAÇÂO DA ENERGIA energia entrando no sistema energia saindo do sistema
+ -

A energia contida nas moléculas pode ser dividida em energia interna,


energia potencial e energia cinética. A energia interna representa a energia de
3.1. BALANÇO DE ENERGIA uma substância associada aos movimentos, interações e ligações dos seus
elementos constituintes. A energia cinética e a energia potencial são formas de
Da mesma forma que a lei de conservação de massa, a lei de energia relacionadas ao movimento e à posição do sistema em relação a um
conservação de energia diz que energia não se cria, não se perde, mas um tipo referencial externo.
de energia pode ser transformado em outro tipo de energia, como por exemplo,
calor pode ser transformado em trabalho. Desta forma, a energia total presente
em um processo também é uma quantidade conservativa, e isso é, em linhas
E& = m (
& ⋅ Û + Ê C + Ê P ) (3.3)
gerais, o quê afirma a Primeira Lei da Termodinâmica.
O equacionamento do balanço de energia é mais complicado do que EC energia cinética [J.kg-1]
para o balanço de massa, sendo que se deve considerar a energia na forma de EP energia potencial [J.kg-1]
calor, na forma de trabalho e a energia contida nas moléculas que estão no U energia interna [J.kg-1]
sistema e nas moléculas que entram e saem do sistema.
onde
⎛ entra de ⎞ ⎛ sai de ⎞ v2
⎛ acúmulo ⎞ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟ Ê C = (3.4)
⎜⎜ ⎟⎟ = ⎜ energia ⎟ − ⎜ energia ⎟ + (calor ) + (trabalho ) 2
⎝ de energia ⎠ ⎜ com o fluxo ⎟ ⎜ com o fluxo ⎟
⎝ ⎠ ⎝ ⎠ Ê P = g ⋅ h (3.5)

ou de forma matemática: g aceleração da gravidade [m.s-1]


h altura em relação a um referencial [m]
v velocidade [m.s-1]
dE & & +W
= E entra − E& sai + Q & (3.1)
dt & , quando há
O transporte de energia pode ser feito na forma de calor, Q
uma diferença de temperatura entre o sistema e as vizinhanças. Se calor é
dE NC & +W
&
= ∑m & i ⋅ Ê i + Q (3.2) transferido das vizinhanças para o sistema, então o fluxo de calor possui sinal
dt i=1 positivo; caso o sistema transfira calor para as vizinhanças, então o valor do
fluxo de calor é negativo.
E energia [J]
&
Q fluxo de calor [J.θ-1] calor entrando no sistema calor saindo do sistema
&
W fluxo de trabalho [J.θ ] -1 + -

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


33 34
Termodinâmica Química

& ) é outra forma de energia em trânsito que pode ser


O trabalho ( W Uma função de estado importante na termodinâmica é a entalpia de um
realizado basicamente de três modos: trabalho de eixo, trabalho de pistão e sistema (H), que é equivalente à soma da energia interna U e do produto PV.
trabalho de fluxo.
H = U + P⋅V (3.10)
& =W
W & +W
& +W
& (3.6)
S P F
Substituindo essa definição no balanço de energia, a Equação 3.9 pode
ser escrita de forma mais compacta:
& = − P ⋅ dV
W (3.7)
P

NC
dE NC
= ∑m ( ) & +W
& i Ĥ + Ê C + Ê P i + Q & +W
S
&
P (3.11)
& = ∑m
W & ⋅P⋅V (3.8) dt i =1
F
i =1
WF trabalho de fluxo [J] A variação do conteúdo de energia do sistema num intervalo de tempo
WP trabalho de pistão [J] finito Δt é encontrada integrando-se a equação do balanço de energia entre os
WS trabalho de eixo [J] tempos t e t+Δt.
& F trabalho de fluxo [J.θ-1]
W
& P trabalho de pistão [J.θ-1]
W
& S trabalho de eixo [J.θ-1] 3.2. CAPACIDADE CALORÍFICA
W
A entalpia de um fluido real depende da sua temperatura e de sua
O trabalho de eixo resulta da ação de uma força mecânica dentro do pressão. A capacidade calorífica à pressão constante (Cp) é definida como o
sistema, não havendo deformação das fronteiras do sistema. Quando há do quociente entre a variação da entalpia e a variação de temperatura, e é utilizada
movimento (deformação) das fronteiras do sistema devido à atuação de uma para calcular a entalpia do sistema a uma temperatura e pressão qualquer.
força então trabalho é realizado na forma de trabalho de pistão.
⎡ ∂H (T, P ) ⎤
trabalho fornecido ao sistema trabalho realizado pelo sistema C P (T, P ) = ⎢ (3.12)
pela vizinhança na vizinhança ⎣ ∂T ⎥⎦ P
+ -
Para fluidos ideais, pode-se considerar que a capacidade calorífica a
Num processo de escoamento, o deslocamento de uma porção de fluido pressão constante e a entalpia são apenas função da temperatura do sistema.
realiza trabalho na porção de fluido a sua frente e por sua vez também sobre a A entalpia para muitos fluidos pode ser encontrada em tabelas de
ação do trabalho do fluido anterior. Desta forma, se há passagem de fluido pelo propriedades dos fluidos em diversos livros como: Perry, R.H. & Green, D.
sistema, o fluido que está entrando irá realizar um trabalho no sistema e o fluido Perry’s Chemical Engineers’ Handbook, McGraw-Hill, New York, 1984; e
que está saindo irá realizar um trabalho nas vizinhanças. Reid, R.C., Prausznit, J.M., Poling, B.E, The Properties of Gases and Liquids,
A Primeira Lei da Termodinâmica pode ser representada pela equação McGraw-Hill, New York, 1987.
geral da conservação da energia: Os valores de entalpia são tabelados a temperatura de 298 K (25oC) e
para se calcular a entalpia de um fluido a uma temperatura T qualquer, pode-se
dE NC
( ) utilizar a equação:
NC
= ∑m & +W
& i Û + Ê C + Ê P i + Q & +W
S
& + ∑m
P & i ⋅(P ⋅ V )i
dt i =1 i =1 T
H(T ) = ∫ Cp dT (3.13)
(3.9) 298 K

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


35 36
Termodinâmica Química

A variação de entalpia entre duas temperaturas pode ser calculada 3.3. CALOR LATENTE
usando-se a equação:
Para um fluido sofrer uma mudança de estado (ou mudança de fase),
T2 energia deve ser fornecida para as moléculas do fluido quando elas passam do
ΔH = H(T2 ) − H(T1 ) = ∫ Cp dT (3.14) estado sólido para o líquido, do estado líquido para o gasoso ou do estado sólido
T1
para o gasoso. Por outro lado, energia deve ser removida das moléculas do
fluido quando elas fazem o caminho inverso, ou seja, passam do estado gasoso
É importante salientar que as equações 3.13 e 3.14 só podem ser usadas para o líquido, do estado líquido para o sólido ou do estado gasoso para o
quando não há mudança de fase na faixa de temperaturas sendo considerada sólido.
para o fluido. Esta energia que deve ser fornecida ou retirada das moléculas do fluido
Análoga à entalpia, a energia interna de um fluido real também depende é conhecida como calor latente (λ) e é geralmente bem maior do que a energia
da sua temperatura e de sua pressão. A capacidade calorífica a volume constante que deve ser fornecida ou retirada das moléculas do fluido quando este está
(Cv) é definida como o quociente entre a variação da energia interna e a sendo aquecido ou resfriado sem que haja mudança de estado (energia
variação de temperatura, e é utilizada para calcular a energia interna do sistema conhecida como calor sensível).
a uma temperatura e pressão qualquer. Durante a mudança de estado, conforme energia vai sendo fornecida
para as moléculas a entalpia do sistema aumenta, porém a temperatura do fluido
⎡ ∂U(T, P ) ⎤
C V (T, P ) = ⎢
permanece constante. A temperatura do fluido só voltará a aumentar quando
(3.15)
⎣ ∂T ⎥⎦ V todas as moléculas do fluido tiverem mudado de estado (Figure 3.1).

Para fluidos ideais, pode-se considerar que a capacidade calorífica a


volume constante e a energia interna são apenas função da temperatura do
sistema. Os valores de energia interna são tabelados a temperatura de 298 K
(25oC) e para se calcular a energia interna de um fluido a uma temperatura T
qualquer, pode-se utilizar a equação:

T
U(T ) = ∫ Cv dT (3.16)
298 K

A variação de energia interna entre duas temperaturas pode ser


calculada usando-se a equação:

T2
ΔU = U(T2 ) − U(T1 ) = ∫ Cv dT (3.17)
T1
Figura 3.1. Variação da entalpia e da temperatura durante as mudanças de
Do balanço de energia para os processos à pressão constante, sem estado físico da matéria.
escoamento e na ausência de trabalho de eixo, o calor trocado é equivalente à
variação de entalpia do sistema; por outro lado, para os processos a volume Como as energias necessárias para fazer a mudança de estado do estado
constante sem escoamento e na ausência de trabalho de eixo, é a variação da sólido para o líquido, do estado líquido para o gasoso e do estado sólido para o
energia interna que se iguala ao calor trocado na mudança de estado. gasoso são diferentes, definimos três tipos de calor latente:

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


37 38
Termodinâmica Química

• Calor latente de fusão: é a energia necessária para realizar a mudança de energia durante a reação química (reação endotérmica). Esta diferença de
estado de um fluido do estado sólido para o estado líquido. entalpia entre os produtos e reagentes é conhecido como calor de reação.
• Calor latente de ebulição: é a energia necessária para realizar a
mudança de estado de um fluido do estado líquido para o estado gasoso. ΣREAGENTES > ΣPRODUTOS ΣREAGENTES < ΣPRODUTOS
• Calor latente de sublimação: é a energia necessária para realizar a há liberação de calor há absorção de calor
mudança de estado de um fluido do estado sólido para o estado gasoso. reação exotérmica reação endotérmica

A variação de entalpia entre dois estados físicos da matéria pode ser O calor de reação é definido como:
calculada usando-se a equação:
ΔH R = ∑ H PRODUTOS − ∑ H REAGENTES (3.20)
( ) (
ΔH = H estado 2 − H estado 1 = λ ) (3.18)
ΔHR calor de reação [J/mol]

λ calor latente [J/mol]


Dada uma reação química:
Por sua vez, a variação de entalpia entre duas temperaturas quando
ocorre uma mudança de fase ao longo desta faixa de temperaturas pode ser
ν A A + ν BB → ν CC + ν D D (3.21)
calculada usando-se a equação: νi coeficiente estequiométrico de i
TME T2
ΔH = H(T2 ) − H(T1 ) = ∫ Cp1dT + λ + ∫ Cp 2 dT (3.19) O calor de reação será dado por:
T1 TME
ΔH R = ν A ⋅ H A + ν B ⋅ H B − ν C ⋅ H C − ν D ⋅ H D (3.22)
Cp1 capacidade calorífica do fluido no
estado físico 1 [J/mol.K] Como vimos anteriormente, os valores de entalpia são tabelados a 298
Cp2 capacidade calorífica do fluido no K (25oC) e desta forma o calor de reação poderá ser facilmente calculado para
estado físico 2 [J/mol.K] esta temperatura.
TME temperatura na qual ocorre a mudança
ΔH R (298K ) = ∑ H PRODUTOS (298K ) − ∑ H REAGENTES (298K )
de estado
(3.23)

3.4. CALOR DE REAÇÃO Para se calcular o calor de reação a uma temperatura T qualquer, basta
calcular a entalpia de um fluido a uma temperatura T qualquer usando a
Nos sistemas em que há a transformação de reagentes em produtos, equação 3.13.
através de uma reação química, o balanço de energia irá depender das entalpias
dos reagentes que entram no reator e dos produtos que saem do reator. Em geral T T
a entalpia dos reagentes é diferente da entalpia dos produtos, havendo liberação ΔH R (T ) = ΔH R (298K ) + ∑ ∫ Cp dT − ∑ ∫ Cp dT (3.24)
ou absorção de calor pela reação. PROD 298K REAG 298K
Se o somatório das entalpias dos reagentes for maior que o somatório da
entalpia dos produtos então haverá liberação de energia durante a reação
química (reação exotérmica). Caso o somatório das entalpias dos reagentes for Para a reação mostrada na equação 3.21, teremos que o calor de reação
menor que o somatório da entalpia dos produtos então haverá absorção de será igual a:

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


39 40
Termodinâmica Química

ΔH R (298K ) = ν A ⋅ H A (298K ) + ν B ⋅ H B (298K )


(3.25)
− ν C ⋅ H C (298K ) − ν D ⋅ H D (298K ) dE &
=Q (3.28)
dt
T T
ΔH R (T ) = ΔH R (298K ) + ν A ⋅ ∫ Cp A dT + ν B ⋅ ∫ Cp B dT
(
d U + EC + Ep ) &
=Q (3.29)
298K 298K
(3.26) dt
T T
− ν C ⋅ ∫ Cp C dT − ν D ⋅ ∫ Cp D dT Frente ao tamanho da energia interna dos componentes, as energias
298K 298K cinéticas e potencial podem ser desconsideradas:

dU &
=Q (3.30)
Balanços de Energia com Reatores Químicos dt
Substituindo a energia interna pela entalpia, usando a equação:
O equacionamento do balanço de energia quanto existe reação química
é, a princípio, iguala ao equacionamento do balanço de energia sem reação H = U + PV (3.31)
química. Porém como a entalpia das moléculas que são consumidas e das que teremos:
são produzidas são diferentes, temos que tomar muito cuidado com os termos
d(H − PV ) &
(acúmulo de energia), (entra de energia com o fluxo) e (sai de energia com o =Q (3.32)
fluxo). dt
aplicando a distributiva:
⎛ entra de ⎞ ⎛ sai de ⎞
⎛ acúmulo ⎞ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎜⎜ ⎟⎟ = ⎜ energia ⎟ − ⎜ energia ⎟ + (calor ) + (trabalho ) dH PdV VdP &
− − =Q (3.33)
⎝ de energia ⎠ ⎜ com o fluxo ⎟ ⎜ com o fluxo ⎟ dt dt dt
⎝ ⎠ ⎝ ⎠
As reações em reatores batelada geralmente ocorrem a pressão
ou na forma matemática: constante (dP = 0) e o reator em um volume constante (dV = 0):

dE NC
= ∑m
dt i =1
( ) & +W
& i Ĥ + Ê C + Ê P i + Q & +W
S
&
P (3.27) dH &
=Q (3.34)
dt
Dependendo do tipo do reator químico, o balanço de energia será um
pouco diferente, pois existem reatores que operam de forma contínuo e os que onde H é a entalpia total dos componentes no reator, e a diferença de
operam em batelada. entalpia (dH) será proporcional ao ΔHR.

O reator batelada funciona como uma “panela de pressão”, onde os Para obter o valor do fluxo de calor sendo liberado ou absorvido pelo
reagentes são alimentados ao reator, fecha-se o reator e após um certo tempo os reator (Q) devemos analisar conjuntamente o balanço de energia (Eq. 3.34) e
produtos e reagentes não reagidos são removidos do reator. Neste tipo de reator, balanço de massa para a reação, resolvendo ao mesmo tempo as duas equações.
não há trabalho de pistão (WP = 0), o trabalho de eixo (provido pelo agitador)
pode geralmente ser desprezado (WS = 0) e não há fluxo de entrada e saída de No reator contínuo reagentes são continuamente alimentados do reator e
produtos e reagentes (m = 0). Desta forma, o balanço de energia é dado por: produtos e reagentes não consumidos são também continuamente removidos do
reator. Neste tipo de reator considera-se que a concentração dos componentes na

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


41 42
Termodinâmica Química

saída do reator é igual à concentração no interior do reator. No reator contínuo O calor de reação é definido como a diferença entre a entalpia dos
não há trabalho de pistão (WP = 0), o trabalho de eixo (provido pelo agitador) produtos e a entalpia dos reagentes (HP – HR), portanto:
pode geralmente ser desprezado (WS = 0), as energias cinéticas e potencial
podem ser desprezadas, pois seus valores será muito inferiores aos valores e & ⋅ X ⋅ (− ΔH R ) + Q
0=m & (3.44)
variação da entalpia dos componentes entrando e saindo do reator, e não há
acumulo de energia no reator. Desta forma, o balanço de energia é dado por: & =m
Q & ⋅ X ⋅ ΔH R (3.45)
NC
0 = ∑m &
& i ⋅ Hi + Q (3.35) Analisando o fluxo de calor (Q) temos que se a reação for exotérmica
i =1 (ΔHR < 0), o fluxo de calor será negativo (Q < 0) indicando que a reação está
liberando calor e para manter uma temperatura constante calor deve ser
0 = ∑m
& i ⋅ Hi − ∑ m &
& i ⋅ Hi + Q (3.36) removido do reator. Por outro lado, se a reação for endotérmica (ΔHR > 0), o
ENTRA SAI
fluxo de calor será positivo (Q > 0) indicando que a reação está absorvendo
Podemos, a princípio considerar que os componentes que entram no calor e para manter uma temperatura constante calor deve ser fornecido para o
reator são somente reagentes então: reator.

& 1 ⋅ HR − ∑ m
0=m &
& i ⋅ Hi + Q (3.37)
SAI

O fluxo de saída do reator é composto de produtos e reagentes não


consumidos, onde a entalpia total do fluxo de saída será dependente da
conversão dos reagentes em produtos:

∑ H i = X ⋅ H p + (1 − X ) ⋅ H R (3.38)
SAI
HP entalpia dos produtos [J/mol ou J/g]
HR entalpia dos reagentes [J/mol ou J/g]
X conversão

0=m
& 1 ⋅ HR − m [
& 2 ⋅ X ⋅ H p + (1 − X ) ⋅ H R + Q
& ] (3.39)

Como geralmente não se deseja que haja acúmulo de massa no interior


do reator, então m1 = m2 (em massa – o número de moles poderá ser
diferente).

0=m [ ]
& ⋅ H p − X ⋅ H p − (1 − X ) ⋅ H R + Q
& (3.40)

& ⋅ [H − H + X ⋅ H − X ⋅ H ] + Q
0=m R R
&
R p (3.41)

& ⋅ [+ X ⋅ H − X ⋅ H ] + Q
0=m R
&
p (3.42)

& ⋅ X ⋅ [H − H ] + Q
0=m R
&
p (3.43)

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


43 44
Termodinâmica Química

EXEMPLO 3.1 &1 =m


m &2 (3)

Ao passar por uma turbina adiabática (Figura 3.2), vapor inicialmente a 500°C e Da Eq. 3.11, o balanço de energia fornece:
3,5 MPa se expande até 200°C e 0,3 MPa, para gerar 750 kW. Qual deve ser a

( )
vazão de vapor para se atender a essa demanda? dE n
Dados: para o vapor, nas condições iniciais, H1 = 3450,9 kJ/kg; nas condições = ∑m & −W
& 1 ⋅ Ĥ + Ê C + Ê P i + Q & +W
& (3.11)
-1 S P
finais, H2 = 2865,6 kJ/kg; 1 kW = 1 kJ/s . dt i =1

Uma vez que o processo ocorre em estado estacionário:


dE
=0 (4)
dt
Dado que a turbina é adiabática (Q = 0), desprezando as energias cinéticas e
potencial, e sabendo que não há trabalho de pistão, obtém-se:

& 1 ⋅ Ĥ1 − m
m & =0
& 1 ⋅ Ĥ 2 − W (5)
S

Substituindo na equação (5) os valores das entalpias inicial e final e da


potência da turbina (lembrando que para esse equipamento ela é negativa),
tem-se:

kg kJ kg kJ kJ
&1
m ⋅ 3450,9 −m
&1 ⋅ 2865,6 − 750 = 0 (6)
s kg s kg s
Figura 3.2. Turbina adiabática movida a vapor.
&1 =m
m & 2 = 1,3 kg/s (7)

RESOLUÇÃO

Do balanço geral de massa, Eq. 2.1, obtém-se:

dm n
= ∑m &i (2.1)
dt i =1
dm
=m
&1 −m
&2 (1)
dt
Na equação (1), o sub-índice 1 refere-se à vazão de entrada da turbina e o sub-
índice 2, à vazão de saída.

dm
=0 processo ocorre no estado estacionário (2)
dt

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


45 46
Termodinâmica Química

EXEMPLO 3.2
dm
Água inicialmente a 40°C é bombeada a partir de um tanque de armazenagem =0 processo ocorre no estado estacionário (2)
dt
a uma vazão de 100 kg/min e deve atingir um segundo tanque, localizado 25 m
acima do primeiro, a 25°C (Figura 3.3).
Qual deve ser a potência da bomba utilizada nesse transporte de água, se no &1 =m
m &2 (3)
caminho entre o primeiro e o segundo tanques ocorre uma perda de calor à
kg 1 min kg
taxa de 200 kJ/s? &1 =m
m & 2 = 100 ⋅ = 1,67 (4)
Dados: entalpia da água líquida: 104,89 kJ/kg a 25°C, min 60 s s
entalpia da água líquida: 167,50 kJ/kg a 40°C
O balanço de energia é dado pela Eq. 3.11:
dE n
= ∑m
dt i =1
( & +W
& 1 ⋅ Ĥ + Ê C + Ê P i − Q S)
& +W
&
P (3.11)

Uma vez que o processo ocorre em estado estacionário:


dE
=0 (5)
dt
Desprezando-se os termos de energia cinética e trabalho de pistão:

& 1 ⋅ Ĥ1 − m
m (
& 1 ⋅ Ĥ 2 + Ê P 2 − Q )
& +W
& =0
S (6)

Substituindo na equação (6) os valores das vazões mássicas, das entalpias


inicial e final, da energia potencial na saída e da perda de calor, obtém-se:

kg kJ kg ⎛ kJ m 1 kJ ⎞ kJ .
(7)
Figura 3.3. Transporte de líquido entre dois tanques de armazenagem. 1,67 ⋅ 167,50 − 1,67 ⋅ ⎜⎜104,89 + 9,80 2 ⋅ 25 m ⋅ ⎟⎟ − 200 + WS = 0
s kg s ⎝ kg s 1000 J ⎠ s

& = 96 kW
W (8)
RESOLUÇÃO S

Aplicando-se o balanço geral de massa, Eq. 2.1, tem-se:

dm n
= ∑m &i (2.1)
dt i =1
dm
=m
&1 −m
&2 (1)
dt
Na equação (1), o sub-índice 1 refere-se à vazão de entrada da bomba e o sub-
índice 2, à vazão de saída. Supondo que o processo ocorra em estado estacionário,
tem-se:

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


47 48
Termodinâmica Química

EXEMPLO 3.3 dm
=m
&1 −m
&2 (1)
Bocais são tubos com uma redução de diâmetro na extremidade de saída que
dt
proporcionam um aumento de velocidade do fluido (Figura 3.4). Dessa forma, a dm
energia interna do fluido que passa por um bocal é parcialmente convertida em =0 processo ocorre no estado estacionário (2)
energia cinética, acarretando um aumento de velocidade do fluido e a dt
diminuição de sua pressão.
Por possibilitar esse aumento de velocidade, esses dispositivos estão &1 =m
m &2 =m
& (3)
presentes em máquinas de decapagem (retirada de tinta de equipamentos), de
limpeza a jato de água, em turbinas e nos sistemas de agitação de suspensões
líquidas em tanques. O balanço de energia no compressor na forma da Eq. 3.11 fornece:
Quando o bocal é instalado no interior de um tubo conectado a um “tê” (no
caso dos ejetores), a diminuição da pressão é suficiente para permitir o
transporte de materiais particulados e até mesmo o resfriamento de outras
dE n
= ∑m
dt i =1
( ) & +W
& 1 ⋅ Ĥ + Ê C + Ê P i + Q & +W
S
&
P (3.11)
substâncias, como nos sistemas antigos de refrigeração que utilizavam vapor
para resfriar água em navios.
Uma vez que o processo ocorre em estado estacionário:
Calcule a velocidade de uma corrente de vapor na saída de um bocal sabendo-
se que na entrada do dispositivo as condições são 300 kPa e 250°C (H1 = dE
2967,6 kJ/kg) e 75 m/s; e na saída, 200 kPa e 200°C (H2 = 2870,5 kJ/kg). =0 (4)
dt
Supondo que a passagem do vapor pelo bocal seja rápida o bastante
para ser desprezada a troca de calor com o dispositivo:
& =0
Q (5)

Dado que o volume do bocal não se altera e que não há partes móveis:
& =0
W (6)

O desnível entre os pontos de entrada e saída do bocal pode ser


desprezado e:
Figura 3.4. Bocal. Ê P1 = Ê P 2 = 0 (7)

Aplicando as simplificações no balanço de energia temos:


RESOLUÇÃO
⎛ v2 ⎞ ⎛ v2 ⎞
& ⋅ ⎜ Ĥ1 + 1 ⎟ − m
m & ⋅ ⎜ Ĥ 2 + 2 ⎟ = 0 (8)
O sistema escolhido será o bocal e seu conteúdo em qualquer tempo. ⎜ 2 ⎟⎠ ⎜ 2 ⎟⎠
Na resolução do exemplo, para representar as condições de entrada será utilizado o ⎝ ⎝
sub-índice 1 e para as de saída, o sub-índice 2.
Resolvendo com os dados do problema:
Aplicando-se o balanço de massa para o bocal:

dm n
= ∑m &i (2.1)
dt i =1

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


49 50
Termodinâmica Química


⎜ ⎛ m⎞
2 ⎞

EXEMPLO 3.4
⎜ 75,0 ⎟ (9)
kg ⎜ kJ ⎝ s⎠ 1 kJ ⎟ kg ⎛⎜ kJ v 22 m 2 1 kJ ⎞⎟
&
m ⎜ 2967,6 + ⋅ ⎟ −m
& 2870 ,5 + ⋅ =0
s ⎜ kg 2 1000 J ⎟ s ⎜⎝ kg 2 s 2 1000 J ⎟⎠ Os trocadores de calor são equipamentos nos quais ocorre a transferência de
⎜ ⎟ energia térmica de um fluido quente para um outro de menor temperatura. Os
⎝ ⎠ modelos mais simples consistem em uma tubulação contida em outro tubo, nos
quais os fluidos quente e frio circulam individualmente, trocando calor através
v 22
= 2970,4 − 2870,5 (10) da superfície externa do tubo interno.
2000 São empregados nas indústrias químicas e petroquímicas para aquecer ou
arrefecer produtos químicos, nos processos de pasteurização do leite,
m derivados e sucos de frutas, nos sistemas de refrigeração para conservação de
v 2 = 447,0 (11)
alimentos e produtos industriais.
2
Amônia, empregada como fluido refrigerante em um processo, inicialmente a
0°C e 100 kPa (HNH3,1 = 1472,6 kJ/kg) passa por um condensador resfriado
com uma corrente de água (Figura 3.4) e o deixa a -20 °C e 75 kPa (HNH3,2 =
1431,7 kJ/kg). A água utilizada apresenta como condições iniciais 25°C e 3,2
kPa (HH2O,1 = 104,87 kJ/kg) e 40°C e 7,4 kPa (HH2O,2 = 167,54 kJ/kg) como
condições finais.
Determine a vazão de água necessária para se resfriar amônia à vazão de 5
kg/s.

Figura 3.5. Condensador.

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


51 52
Termodinâmica Química

RESOLUÇÃO
Supondo que o trocador seja isolado das vizinhanças (as trocas de calor
O sistema escolhido será o trocador de calor como um todo. são internas ao equipamento):
As condições de entrada são apresentadas com o sub-índice 1 e as de saída, com o .
sub-índice 2, tanto para a amônia como para a água. Q=0 (7)

Aplicando-se o balanço de massa para o trocador de calor: Dado que o volume do trocador não se altera e que não há partes
móveis:
dm n
= ∑m &i (2.1) .
dt i =1 W=0 (8)

dm Aplicando as simplificações no balanço de energia temos:


=m
& NH3,1 + m
& H 2O,1 − m
& NH 3, 2 − m
& H 2O, 2 (1)
dt & NH 3,1 ⋅ Ĥ NH 3,1 − m
m & NH 3, 2 ⋅ Ĥ NH 3, 2 + m
& H 2 O ,1 ⋅ Ĥ H 2 O,1 − m
& H 2 O , 2 ⋅ Ĥ H 2 O, 2 = 0 (9)

Supondo que a operação do trocador seja em estado estacionário: (


& NH 3 ⋅ Ĥ NH 3,1 − Ĥ NH3, 2 + m
m ) (
& H 2O ⋅ Ĥ H 2O,1 − Ĥ H 2O, 2 = 0 ) (10)
dm
=0 (2) kg ⎛ kJ kJ ⎞ kg ⎛ kJ kJ ⎞
dt 5 ⋅ ⎜⎜1472,6 − 1431,7 ⎟⎟ + m
& H 2O ⋅ ⎜⎜104,87 − 167,54 ⎟⎟ = 0 (11)
s ⎝ kg kg ⎠ s ⎝ kg kg ⎠
& NH 3,1 = m
m & NH3, 2 = 5 kg/s (3)
kg
& H 2O = 3,3
m (12)
s
Pela equação (1) tem-se que:
& H 2O,1 = m
m & H 2O, 2 (4)

O balanço de energia no trocador na forma da Eq. 3.11 fornece:


dE n
= ∑m
dt i =1
( & +W
& 1 ⋅ Ĥ + Ê C + Ê P i + Q & +W
S
&
P) (3.11)

Uma vez que o processo ocorre em estado estacionário:


dE
=0 (4)
dt
Os termos de energia cinética são desprezíveis:

v 2NH 3,1 v 2NH 3, 2 v 2H 2O,1 v 2H 2O, 2


= = = =0 (5)
2 2 2 2
Os desníveis entre os pontos de entrada e saída das correntes de
amônia e água não foram fornecidos e serão desprezados:
Ê P , NH 3,1 = Ê P , NH 3, 2 = Ê P ,H 2O,1 = Ê P ,H 2O, 2 = 0 (6)

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


53 54
Termodinâmica Química

EXEMPLO 3.5 RESOLUÇÃO

As caldeiras são unidades geradoras de vapor d'água, e podem ser do tipo Na resolução do exemplo, para representar as condições de entrada da água na
elétricas, fogo-tubulares ou água-tubulares. Nas caldeiras fogo-tubulares, a caldeira será utilizado o sub-índice 1 e para as condições do vapor de saída, o sub-
água é aquecida diretamente com os gases produzidos na queima de um índice 2.
combustível. As do tipo água-tubulares utilizam a chama proveniente da
combustão para aquecer indiretamente água que circula por uma tubulação. Aplicando-se o balanço de massa para a caldeira:
O vapor produzido nas caldeiras pode ser utilizado nos trocadores de calor
dm n
como fluido quente, em colunas de destilação, nos tanques aquecidos por = ∑m &i (2.1)
camisas ou serpentinas e em turbinas para geração de energia eletro- dt i =1
mecânica.
Uma caldeira multitubular (Figura 3.6) produz vapor com velocidade de 70,0 dm
m/s à temperatura de 310°C e à pressão manométrica de 19,0 kgf/cm2 (H2 =
=m
&1 −m
&2 (1)
dt
3045,12 kJ/kg). Sabendo-se que a água a ser vaporizada entra com velocidade
média de 3,0 m/s e temperatura de 30,0°C (H1 = 125,64 kJ/kg), calcule a dm
quantidade de calor consumido por massa de vapor produzido. =0 processo ocorre no estado estacionário (2)
O desnível entre a entrada de água e a saída de vapor é de 9,0 m.
dt
Desconsidere as perdas de calor nos gases de combustão, nas cinzas e pelas &1 =m
m &2 =m
& (3)
paredes.

O balanço de energia no compressor na forma da Eq. 3.11 fornece:


dE n
= ∑m
dt i =1
( ) & +W
& 1 ⋅ Ĥ + Ê C + Ê P i + Q & +W
S
&
P (3.11)

Uma vez que o processo ocorre em estado estacionário:


dE
=0 (4)
dt
O desnível entre os pontos de entrada de água e de saída de vapor da
caldeira é de 9,0 m, assim:
Ê P1 = 0 (5)

m m2
Ê P 2 = g ⋅ h = 9,80 ⋅ 9, 0 m = 88, 2 (6)
s2 s2
Dado que o volume da caldeira não se altera e que não há partes móveis
no equipamento:
.
W=0 (7)
Figura 3.6. Caldeira.
Aplicando as simplificações no balanço de energia temos:

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


55 56
Termodinâmica Química

⎛ v2 ⎞ ⎛ v2 ⎞ & EXEMPLO 3.6


m & ⋅ ⎜ Ĥ 2 + 2 + Ê P 2 ⎟ + Q
& ⋅ ⎜ Ĥ1 + 1 ⎟ − m =0 (8)
⎜ ⎟
2 ⎠ ⎜ 2 ⎟
⎝ ⎝ ⎠ Um problema que muitas vezes deve ser enfrentado em engenharia é a
interpolação de valores. Nem todos os valores de propriedades físicas estão
tabelados, e é comum precisarmos de um valor que não está tabelado. Neste
kg ⎛ kJ m 2 1 kJ ⎞
&
m ⋅ ⎜⎜125,64 + 4,5 2 ⋅ ⎟− caso é preciso obter este valor via interpolação entre os dois valores tabelados
s ⎝ kg s 1000 J ⎟⎠ mais próximos.
(9) Um exemplo desta aplicação é para vapor d’água saturado. O balanço de
kg ⎡ kJ ⎛ m2 m2 ⎞ 1 kJ ⎤ & massa e energia de evaporadores pode depender da necessidade de valores
+ ⎜⎜ 2450,0 2 + 88,2 2 ⎟⋅
−m ⋅ ⎢3045,12 ⎟ 1000 J ⎥ + Q = 0
& obtidos por interpolação, especialmente quando se utiliza vapor troca térmica,
s ⎢⎣ kg ⎝ s s ⎠ ⎥⎦ ou quando vapor é retirado de uma mistura sendo concentrada (Figura 3.7).
Calcule a entalpia do vapor d’água a 13 kPa que sai de um processo de
kg ⎛ kJ ⎞ kg ⎛ kJ ⎞ & concentração de café. Qual é a temperatura do vapor saturado nesta pressão?
&
m ⋅ ⎜⎜125,64 ⎟⎟ − m
& ⋅ ⎜⎜ 3047,66 ⎟⎟ + Q =0 (10) Dados: entalpia do vapor d'água saturado a 10 kPa e 45,81°C é 2584,7 kJ/kg
s ⎝ kg ⎠ s ⎝ kg ⎠ entalpia do vapor d’água saturado a 15 kPa e 53,97°C é 2599,1 kJ/kg

⎛ kJ ⎞ ⎛ &
kJ ⎞ Q
⎜⎜125,64 ⎟⎟ − ⎜⎜ 3047,66 ⎟⎟ + = 0 (11)
⎝ kg ⎠ ⎝ &
kg ⎠ m
&
Q kJ
= 2922 (12)
&
m kg

Figura 3.7. Evaporador para processo de concentração de café.

RESOLUÇÃO

Os dados fornecidos pelo enunciado do problema são:

Pressão Temperatura Entalpia


(kPa) (°C) (kJ.kg-1)
10 45,81 2584,7
13 T=? H=?
15 53,97 2599,1

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


57 58
Termodinâmica Química

EXEMPLO 3.7
Supondo uma variação linear da entalpia com a pressão, pode-se escrever:
O tratamento de águas residuárias por processo anaeróbio gera, pela oxidação
Ĥ − Ĥ1 P − P1 bioquímica da matéria orgânica, o gás metano (CH4, hidrocarboneto incolor)
= (1) que pode ser usado como combustível. No projeto de um aquecedor à gás é
Ĥ 2 − Ĥ1 P2 − P1 necessário se determinar a variação de entalpia (ΔH) e o calor específico
médio (Cpmed) para uma faixa de temperatura.
Ĥ − 2584,7 13 − 10 Calcule o ΔH e o Cpmed para se aquecer 1 kg de metano de 32,0°C até 150,0°C
= (2)
2599,1 − 2584,7 15 − 10 e a potência para se aquecer 12 kg desse gás em 60 segundos.
Dados: MCH4 = 16,04 g/mol
Cp(A ) = −160,82 + 105,10 ⋅ A 0, 25 − 5,9452 ⋅ A 0,75 + 77,408 ⋅ A -0,5
kJ cal
Ĥ = 2593,3 (3)
mol . K
kg
A = T (Kelvin)/100
De modo semelhante, supondo-se a variação linear da entalpia com a
temperatura:
RESOLUÇÃO
T − T1 Ĥ − Ĥ1 Variação de entalpia:
= (4)
T2 − T1 Ĥ 2 − Ĥ1
A definição de calor específico à pressão constante é dada por:
T − 45,81 2593,3 − 2584,7 ⎡ ∂H(T, P ) ⎤
= C P (T, P ) = ⎢ (3.12)
⎣ ∂T ⎥⎦ P
(5)
53,97 − 45,81 2599,1 − 2584,7

T = 50,7 o C (6) e pode ser escrita na forma:


dH
CP = (1)
dT
para os gases perfeitos (ideais) pois, neste caso, a entalpia é independente
da pressão e só é influenciada pela temperatura.
Supondo que o processo de aquecimento ocorra à pressão constante, o
calor a ser transferido pelo aquecedor equivale à variação de entalpia do
gás no intervalo de temperatura fornecido.
Uma vez que foi fornecida uma equação para o calor específico em unidade
molar, a variação de entalpia em unidade molar (H) é obtida a partir da
integração da equação (1) no intervalo de temperatura de 32,0 a 150,0 °C:

dT
dA = ⇒ dT = 100 dA (2)
100
423K A2
ΔH = H(423 K ) − H(305 K ) = ∫ C P dT = ∫ C P (A ) ⋅ 100 dA (3)
305 K A1

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


59 60
Termodinâmica Química

A1 = T1/100 = 305/100 = 3,05 (4) Potência:


.
A2 = T2/100 = 423/100 = 4,23 (5) A potência ( Q ) para se aquecer 12 kg de metano em 60 segundos é obtida
pela análise de unidades:
( )
4, 23
ΔH = ∫ − 160,82 + 105,10 ⋅ A 0,25 − 5,9452 ⋅ A 0,75 + 77,408 ⋅ A -0,5 ⋅ 100 dA (6)
3, 05 & = ΔĤ ⋅ M ⋅ t = 285,78 J ⋅ 12000 g = 57156 J
Q (13)
g 60 s s
R
r n +1
R
Sabendo-se que ∫ r dr = + c (n ≠ −1) , tem-se:
n
n +1 0 & = 57156 J = 57156 W
Q (14)
0
s
4, 23
⎛ A 0,25 +1 A 0,75 +1 A − 0,5 +1 ⎞
ΔH = 100 ⋅ ⎜⎜ − 160,82 ⋅ A + 105,10 ⋅ − 5,9452 ⋅ + 77,408 ⋅ ⎟
⎝ 0,25 + 1 0,75 + 1 − 0,5 + 1 ⎟⎠ Calor específico médio:
3, 05

A equação (15) a seguir é a definição do calor específico médio para


(7)
qualquer processo:
ΔH = 100 ⋅ [(− 680,27 + 510,06 − 42,39 + 318,41) − T2

− (− 490,50 + 338,90 − 23,91 + 270,37 )]


(8)
∫ Ĉ P dT
T1
Ĉ P ,med = (15)
ΔH = 100 ⋅ (105,81 − 94,86 ) (9)
T2 − T1

Substituindo os valores fornecidos tem-se:


cal
ΔH = 1095,0 (10)
mol . K cal
68,27
A variação de entalpia por unidade de massa ( ΔĤ ) é obtida pela relação g cal
Ĉ P ,med = = 0,578 (16)
entre ΔH e a massa molecular do metano ( M CH ): (423 − 305) K g.K
4

cal
1095,0
ΔH mol = 68,27 cal
ΔĤ = = (11)
M CH 4 g g
16,04
mol
O resultado pode ser convertido para unidades do SI:

cal 4,186 J J
ΔĤ = 68,27 ⋅ = 285,78 (12)
g 1 cal g

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


61 62
Termodinâmica Química

EXEMPLO 3.8 Aplicando-se o balanço de massa para o compressor:

dm n
Os compressores são equipamentos empregados para se deslocar gases e = ∑m &i (2.1)
vapores, e principalmente para aumentar a pressão dos gases e vapores. dt i =1
Suas aplicações incluem uso em sistemas de pintura, acionamento de turbinas,
compressão do ar para operação de ferramentas industriais (como furadeiras, dm
esmerilhadeiras e prensas), oxigenação de unidades de tratamento de águas =m
&1 −m
&2 (1)
dt
residuárias e de tanques de piscicultura, entre outras aplicações. São
fundamentais nos sistemas de ar condicionado, que visam o conforto térmico, dm
preservação de equipamentos e documentos, manter salas limpas para =0 processo ocorre no estado estacionário (2)
fabricação de componentes eletrônicos, usinagem fina e sistemas de dt
refrigeração para conservação de alimentos e produtos químicos. São bastante
usados também nos processos criogênicos para obtenção de oxigênio, &1 =m
m &2 (3)
nitrogênio e argônio a partir do ar.
Calcule a vazão mássica de ar que passa por um compressor de um processo O balanço de energia no compressor na forma da Eq. 3.11 fornece:
criogênico de 5000 hp (Figura 3.7) com as condições do ar de entrada de 1,0
atm e 25°C (298 K) e de saída de 5,5 atm e 212°C (485 K). É dada a vazão
volumétrica do ar de saída de 2,0 m3/s em um duto de 25 cm de diâmetro.
dE n
= ∑m
dt i =1
( ) & +W
& 1 ⋅ Ĥ + Ê C + Ê P i + Q & +W
S
&
P (3.11)

Dados: Ar Æ Ĉ P = 0,24 kcal/kg.K.


Uma vez que o processo ocorre em estado estacionário:
dE
=0 (4)
dt
Dado que o volume do compressor não se altera, o trabalho equivale ao
trabalho de eixo:

& =W
W & (5)
s

Supondo que a compressão do ar seja adiabática:


.
Q=0 (6)

Supondo que a superfície de controle esteja longe o bastante da entrada


para que o ar na admissão seja considerado estagnado e à temperatura
Figura 3.8. Compressor de ar. ambiente:
v1 = 0 (7)

Desprezando o desnível entre as tubulações de entrada e saída:


RESOLUÇÃO Ê P1 = Ê P 2 = 0 (8)

Na resolução, para as condições de entrada será utilizado o sub-índice 1 e


Substituindo as equações (4) a (8) no balanço de energia:
para as de saída, o sub-índice 2.

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


63 64
Termodinâmica Química

⎛ v2 ⎞ & m3
m & 1 ⎜ Ĥ 2 + 2 ⎟ + W
& 1 ⋅ Ĥ1 − m S =0 (9) 2,0

⎝ 2 ⎟⎠ v2 = s = 40,82 m (19)
0,049 m 2 s
v 22 &
& 1 ⋅ Ĥ1 − m
m & 1 ⋅ Ĥ 2 − m
&1⋅ + WS = 0 (10) Uma vez que o compressor fornece trabalho para o ar, sua potência é
2
computada na equação do balanço de energia como positiva. Então:

−m (
& 1 ⋅ Ĥ 2 − Ĥ1 − m
&1⋅) v 22
2
& =0
+WS (11)
& = 5000 hp ⋅ 1 kW = 3728,6 kW
W (20)
S
1,341 hp
⎛ v2 ⎞ &
& 1 ⋅ ⎜ ΔĤ + 2 ⎟ + W
−m S =0 (12)
⎜ 2 ⎟⎠
Finalmente, substituindo-se os valores na equação (12):

⎛ ⎛ m⎞
2 ⎞
A variação de entalpia ΔH é calculada utilizando-se a equação: ⎜ ⎜ 40,82 ⎟ ⎟
kg ⎜ kJ ⎝ s⎠ 1 kJ ⎟ kJ
T2 −m
&1 ⋅ ⎜187,6 + ⋅ ⎟ + 3728,6 = 0 (21)
ΔĤ = ∫ Ĉ P dT (13) s ⎜ kg 2 1000 J ⎟ s
T1 ⎜ ⎟
⎝ ⎠
Como o calor específico dado é constante, a equação (13) torna-se:
kg
& 1 = 19,79
m (22)
⋅ (485 − 298) K = 187,6
kcal 4,18 kJ kJ s
ΔĤ = Ĉ P ⋅ ΔT = 0,24 ⋅ (14)
kg . K 1 kcal kg

Para o cálculo da velocidade de saída, utiliza-se a Eq. 2.3:


q& = v ⋅ A (2.3)

q& 2
v2 = (15)
A2

m3
q& = 2,0 (16)
s
π ⋅ d 22
A2 = (17)
4
π ⋅ (0,25m )2
A2 = = 0,049 m 2 (18)
4

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


65 66
Termodinâmica Química

EXEMPLO 3.9 Para calcular o balanço de energia, e se obter a carga térmica do evaporador
(Q), é necessário conhecer as vazões mássicas da corrente concentrada e do
Os evaporadores (Figura 3.9) são equipamentos utilizados em indústrias vapor de saída. Assim, aplicando-se o balanço de massa para o soluto, tem-se:
químicas para promover a evaporação da água de uma corrente diluída e,
assim, produzir soluções concentradas. Estão presentes nas indústrias de dm n
processamento de açúcar, papel e celulose, de sucos de frutas, na purificação = ∑m &i (2.1)
de água para geração de vapor em caldeiras, na destilação de águas salinas e dt i =1
na concentração de produtos químicos (ácidos e bases).
dm S
Calcule a carga térmica de um evaporador operando a 75°C para concentrar =m
& 1,S − m
& 2,S − m
& 3,S (1)
2000 kg/h de uma solução de ácido fosfórico (H3PO4), inicialmente a 20% e dt
90°C, até 50% em massa.
Dados: Entalpia do vapor d'água saturado a 75°C Æ H = 629,14 kcal/kg Na equação 1, mi,S é a vazão de soluto presente na corrente i (i = 1, 2 e 3).
Calores específicos das soluções de ácido fosfórico Æ Cp = 0,8489
cal/g.K a 20% e Cp = 0,6350 cal/g.K a 50%. Supondo que a operação do evaporador seja em estado estacionário:
dm S
=0 (2)
dt

kg solução 20 kg H 3 PO 4 kg H 3 PO 4
& 1,S = 2000
m ⋅ = 400 (3)
h 100 kg solução h
kg solução 50 kg H 3 PO 4 kg H 3 PO 4
& 2,S = m
m &2 ⋅ = 0,5 ⋅ m
&2 (4)
h 100 kg solução h
& 3,S = 0
m (5)

Substituindo os valores na equação (1), tem-se:


kg H 3 PO 4 kg H 3 PO 4
400 − 0,5 ⋅ m
&2 =0 (6)
h h
kg solução
& 2 = 800
m (7)
h
Figura 3.9. Evaporador para concentrar ácido fosfórico.

Aplicando-se o balanço de massa global (isto é, para as soluções), tem-se:


RESOLUÇÃO
dm n
= ∑m &i (2.1)
Na operação desse equipamento, basicamente, são consideradas 3 correntes dt i =1
que participam do processo de evaporação: a corrente diluída de alimentação
na entrada (corrente 1, de 2000 kg/h de H3PO4 a 20% e 90°C), uma corrente de dm
concentrado final (corrente 2, H3PO4 a 50% e 75°C) e uma corrente de vapor =m
&1 −m
& 2 −m
&3 (8)
dt
saturado (corrente 3, livre do soluto H3PO4).

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


67 68
Termodinâmica Química

Na equação (8), mi (i = 1, 2 e 3) é a vazão das correntes de entrada e saída T2


do equipamento. ΔĤ = Ĥ 2 − Ĥ1 = ∫ Ĉ P dT (17)
Dado que a operação do evaporador é em estado estacionário: T1
dm
=0 (9)
dt Utilizando-se a convenção adotada nas tabelas de vapor d'água (para
temperatura de 273K a entalpia é zero), da equação (17) vem que:
Substituindo-se na equação (8): T

kg kg Ĥ − 0 = ∫ Ĉ P dT (18)
2000 − 800 −m
&3 =0 (10) 273K
h h
kg Ĥ = Ĉ P ⋅ (T - 273) (19)
& 3 = 1200
m (11)
h
Aplicando-se a equação (19) para o cálculo das entalpias das
O balanço de energia no compressor na forma da Eq. 3.11 fornece: correntes diluída e concentrada de ácido fosfórico, tem-se:

dE n
= ∑m
dt i =1
( ) & +W
& 1 ⋅ Ĥ + Ê C + Ê P i + Q & +W
S
&
P (3.11) Ĥ1 = Ĉ P1 ⋅ (T1 − 273) = 0,8489
cal
g⋅K
⋅ (363 − 273)K ⋅
1 kcal
1000 cal
= 0,0764
kcal
g
(20)

Ĥ 2 = ĈP 2 ⋅ (T2 − 273) = 0,6350 ⋅ (348 − 273)K ⋅


cal 1 kcal kcal (21)
Uma vez que o processo ocorre em estado estacionário: = 0,0476
g⋅K 1000 cal g
dE
=0 (12)
dt Substituindo-se os valores dados e calculados:

kg kcal 1000 g
As velocidades das correntes de solução diluída, de solução concentrada 2000 ⋅ 0,0764 ⋅ −
e de vapor serão desprezadas: h g 1 kg
(22)
v1 = v 2 = v 3 = 0 (13) kg kcal 1000 g kg kcal .
− 800 ⋅ 0,0476 ⋅ − 1200 ⋅ 629,14 +Q =0
Os desníveis entre os pontos de entrada e de saída serão desprezados:
h g 1 kg h kg
Ê P1 = Ê P 2 = Ê P3 = 0 (14)
& = 640266 kcal
Q (23)
Dado que o volume do evaporador não se altera e que não há partes h
móveis no equipamento:
.
W=0 (15)

Aplicando as simplificações no balanço de energia temos:

& 1 ⋅ Ĥ1 − m
m & 2 ⋅ Ĥ 2 − m & =0
& 3 ⋅ Ĥ 3 + Q (26)

As entalpias das correntes de solução diluída e concentrada são


calculadas utilizando-se a definição de calor específico à pressão
constante:

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


69 70
Termodinâmica Química

EXEMPLO 3.10 RESOLUÇÃO

No capítulo 2, o exemplo 2.3 mostrou como calcular os fluxos mássicos de No exemplo 2.3 vimos que para produzir 100 kg/h da solução de H2SO4 a 20%
duas correntes de ácido sulfúrico para produção de ácido sulfúrico numa (em mol) temos que misturar 551,4 mol/h da solução de H2SO4 a 85% e 2390,2
concentração desejada. As diversas correntes que entram em um tanque de mol/h da solução de H2SO4 a 5%.
mistura nem sempre estão em uma mesma temperatura e durante o processo O balanço de energia no sistema na forma da Eq. 3.11 fornece:
de mistura haverá também a homogeneização da temperatura no interior do
tanque.
Uma planta de ácido sulfúrico produz ácido sulfúrico a 85% (em mol) como
dE n
= ∑m
dt i =1
( & +W
& 1 ⋅ Ĥ + Ê C + Ê P i + Q S)
& +W
&
P (3.11)
composição primária, sendo que esta solução fica estocada a temperatura
ambiente (26oC). Num tanque de mistura produz-se ácido sulfúrico a 20% (em Uma vez que o processo ocorre em estado estacionário:
mol). Para diluir o ácido sulfúrico concentrado, a fábrica utiliza água vinda de
uma torre de lavagem dos gases do reator que possui uma concentração de dE
o
5% (em mol) de H2SO4, corrente que entra a 45 C no tanque de mistura. =0 (1)
dt
Calcule a temperatura da corrente de saída.
Dados: Produção = 100 kg/h de H2SO4 a 20% (em mol)
As variações das energias potencial e cinética das correntes podem ser
Peso molecular H2SO4 = 98 g/mol
desprezadas.
Peso molecular H2O = 18 g/mol
Cp H2SO4 = 1,40 J/g.K Ê P1 = Ê P 2 = Ê P3 = 0 (2)
Cp H2O = 4,18 J/g.K
H(298 K) H2SO4 = -811320 J/mol Ê C1 = Ê C 2 = Ê C3 = 0 (3)
H(298 K) H2O = -242000 J/mol
Dado que o volume do tanque não se altera e que não há partes móveis
no equipamento, e que não há troca de calor com o meio ambiente:
.
W=0 (4)
.
Q=0 (5)

Aplicando as simplificações no balanço de energia temos:

& 1 ⋅ Ĥ1 − m
m & 2 ⋅ Ĥ 2 − m
& 3 ⋅ Ĥ 3 = 0 (6)

Como temos valores da entalpia de formação em mol e os fluxos em mol


podemos usar a equação (6) em mol:

n& 1 ⋅ Ĥ 1 − n& 2 ⋅ Ĥ 2 − n& 3 ⋅ Ĥ 3 = 0 (7)

Como estamos trabalhando com uma solução aquosa de ácido sulfúrico


devemos calcular separadamente as entalpias da água pura e do ácido
sulfúrico puro:

Figura 3.10. Tanque de mistura. n& 1AG ⋅ Ĥ 1AG + n& 1S ⋅ Ĥ 1S + n& AG


2 ⋅ Ĥ 2
AG
+ n& S2 ⋅ Ĥ S2 − n& 3AG ⋅ Ĥ 3AG − n& S3 ⋅ Ĥ S3 = 0 (8)

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


71 72
Termodinâmica Química

As entalpias dos componentes são calculadas utilizando-se a definição 80525331,83 − 257740,76 ⋅ T = 0 (22)
de calor específico à pressão constante:
T Resolvendo a equação:
Ĥ(T ) = Ĥ 1 (298K ) + ∫ Ĉ P dT (9)
T = 312,4K = 39,4º C (23)
298 K

Antes de usar a equação (9) para os componentes nas temperaturas


das três correntes temos que transformar o Cp dado no problema de
J/g.K para J/mol.K:

Cp(mol) = Cp(massa ) ⋅ PM (10)

J g J
Cp H 2SO 4 (mol) = 1,40 ⋅ 98,0 = 137,2 (11)
g.K mol mol.K
J g J
Cp H 2O (mol) = 4,18 ⋅ 18,0 = 75,24 (12)
g.K mol mol.K
Calculando a entalpia do ácido sulfúrico puro na corrente 1 temos:

Ĥ 1H 2SO 4 (318K ) = Ĥ 1H 2SO 4 (298K ) + Ĉ P ⋅ (318K - 298K ) (13)

Ĥ 1H 2SO 4 (318K ) = −811320 + 137,2 ⋅ (20 ) = −808576,0 J / mol.K (14)


Para os demais componentes e correntes:

Ĥ 1H 2 O (318K ) = −242000 + 75,24 ⋅ (20 ) = −240495,2 J / mol.K (15)

Ĥ H2 2SO 4 (299K ) = −811320 + 137,2 ⋅ (1) = −811182,8 J / mol.K (16)

Ĥ H2 2 O (299K ) = −242000 + 75,24 ⋅ (1) = −241924,76 J / mol.K (17)

Ĥ 3H 2SO4 (T ) = −811320 + 137,2 ⋅ (T - 298) = −852205,6 + 137,2 ⋅ T (18)

Ĥ 3H 2O (T ) = −242000 + 75,24 ⋅ (T - 298) = −264421,52 + 75,24 ⋅ T (19)


Substituindo os valores de entalpia e fluxo molar na equação (8):

n& 1AG ⋅ Ĥ 1AG + n& 1S ⋅ Ĥ 1S + n& AG


2 ⋅ Ĥ 2
AG
+ n& S2 ⋅ Ĥ S2 − n& 3AG ⋅ Ĥ 3AG − n& S3 ⋅ Ĥ S3 = 0 (20)

2270,7 ⋅ (− 240495,2) + 119,5 ⋅ (− 808576,0)


+ 82,7 ⋅ (− 241924,76 ) + 468,7 ⋅ (− 811182,8) (21)
− 2353,0 ⋅ (− 264421,52 + 75,24 ⋅ T ) − 588,2 ⋅ (− 852205,6 + 137,2 ⋅ T ) = 0

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


73 74
Termodinâmica Química

EXERCÍCIOS 3.3. Um compressor operando de modo contínuo e em estado estacionário


produz gás à temperatura T2 e pressão P2 a partir de condições iniciais T1
e P1. Obtenha, a partir do balanço geral de energia, uma equação que
3.1. Supondo as mesmas condições iniciais e finais para o vapor d'água do
permita quantificar a troca de calor e trabalho para esse sistema num
Exemplo 3.1 e que ele escoa à vazão de 10 kg/s, qual a potência
intervalo de tempo Δt.
( )
produzida pela turbina se a tubulação na entrada da mesma é de 0,20 m
de diâmetro e na saída, de 0,30 m de diâmetro (Figura 3.11)? Resp.: Q + W = Ĥ 2 − Ĥ1 ⋅ Δm
Dados:
Volume específico do vapor na condição inicial = 0,0992 m3/kg
Volume específico do vapor na condição final = 0,7163 m3/kg 3.4. Estime a potência teórica necessária para mover um pequeno compressor
que desloca 1,1 kg/min de ar seco com pressão absoluta de 1,0 atm e
temperatura de 26°C até a pressão manométrica de 2,4 atm e temperatura
de 152,3°C (Figura 3.12). Adote velocidade do ar na saída de 41,2 m/s e
calor específico à pressão constante de 1,004 kJ/kg.K.

Figura 3.11. Turbina.


Figura 3.12. Compressor de ar.

Resp.: Ws = 5800 kW Resp.: Ws = 2237 W.

3.2. Para vapor d'água superaquecido tem-se: 3.5. As condições de uma corrente de vapor superaquecido na saída de um
bocal são 50 kPa e 100 °C (H2 = 2682,5 kJ/kg) e 300 m/s. Sabendo-se que
Valores de entalpia do vapor d'água superaquecido a velocidade inicial da corrente era de 50 m/s, determine a entalpia do
600°C 700°C vapor na entrada do dispositivo (Figura 3.13).
1,60 MPa 3693,2 kJ/kg 3919,7 kJ/kg
1,80 MPa 3691,7 kJ/kg 3918,5 kJ/kg

Estime a entalpia do vapor d'água superaquecido a 625°C e 1,70 MPa.

Resp.: H = 3750,0 kJ.kg-1.

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


75 76
Termodinâmica Química

3.7. Determine a vazão de vapor produzido e o calor fornecido a uma caldeira


cuja alimentação resulta da composição de três correntes: 2300,0 kg/h de
água a 121,1°C de refervedores de colunas de destilação (H1 = 507,9
kJ/kg), 6200,0 kg/h de água a 119,6°C de trocadores de calor (H2 = 501,7
kJ/kg) e 450,0 kg/h de água a 59,7°C de vários pontos do processo(H3 =
249,4 kJ/kg).
A caldeira produz vapor saturado à pressão absoluta de 21,0 kgf/cm2 (H4 =
2799,5 kJ/kg) e possui uma purga para retirada de água de 35,0 kg/h
(líquido saturado à temperatura do vapor, H5 = 914,2 kJ/kg).

Resp.: m = 8900 kg/h; Q = 5,70 MW.


Figura 3.13. Bocal.

Resp.: H1 = 2700 kJ/kg. 3.8. Uma solução de ácido nítrico a 10% em massa e 93°C a uma vazão de
500 kg/min deve ser concentrada até 90% em um evaporador operando a
68,7°C. Calcule a potência necessária em watts para se efetuar esse
3.6. Um trocador de calor utiliza como fluido refrigerante o R-134a (1,1,1,2- processo.
tetrafluormetano, substituto do CFC em geladeiras e sistemas de ar Dados: CP = 0,900 cal/g.K para solução de HNO3 a 10%
condicionado em veículos, menos agressivo à camada de ozônio) para CP = 0,515 cal/g.K para solução de HNO3 a 90%
resfriar água (Figura 3.14). Uma corrente de 10 kg/s de R-134a entra no H = 626,6 kcal/kg para vapor saturado a 68,7°C
trocador de calor a 0,15 MPa e 20°C (HR1 = 419,1 kJ/kg) e sai a 0,20 MPa 1 cal = 4,184 J.
e 50°C (HR2 = 444,6 kJ/kg), enquanto que a água a ser esfriada entra a Resp.: Q = 280410 kcal/min.
25°C e 3,2 kPa (HH2O,1 = 104,9 kJ/kg) e deve sair a 10°C e 1,2 kPa (HH2O,2
= 50,0 kJ/kg).
Calcule a vazão de água que pode ser resfriada nessas condições. 3.9. A produção de combustíveis líquidos a partir do gás natural tem como
primeira etapa do processo a produção de gás de síntese. Para produzir
gás de síntese pelo sistema ATR, o gás natural (que tem como
componente principal o metano - CH4) é oxidado pela reação:

CH 4 + 2 O 2 ⎯
⎯→ CO 2 + 2 H 2 O

Calcule:
a) o calor de reação a 298K e a 950K.
b) considerando conversão completa, qual é a quantidade de calor que
deve ser removido do reator se entram 1000 mol/h de CH4.
c) se o calor de reação for removido passando água por uma serpentina
o
interna ao reator, com a água de refrigeração entrando a 29 C e saindo
o
a 60 C, qual o fluxo mássico de água requerido para resfriar o reator?

Figura 3.14. Trocador de calor para resfriamento de água. Dados:


Componente Cap.Calorífica [cal/mol.K] Entalpia (298 K) [cal/mol]
Resp.: m = 4,6 kg/s. CH4 10,0 -17889
O2 7,3 0
CO2 9,9 -94051
H2O 8,2 -57800

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


77 78
Termodinâmica Química

3.10. Considere o sistema industrial da Figura 3.15. H2SO4 80%


Água 60ºC
50ºC

A Misturador H2 SO4 40%


H 2SO4 15%
120ºC
Trocador de Calor 30ºC
A Água Figura 3.16. Sistema de mistura de ácido sulfúrico.
10 kmol/h 30ºC
Reator Dados: Cp Água = 4,8 J/g.K;
Isotérmico A,B,C
B Coluna de Cp H2SO4 100% = 2,8 J/g.K.
Destilação
a) Calcule o fluxo mássico das correntes de H2SO4 80% e H2SO4 15%
para produzir 3500 kg/h de H2SO4 40%.
B,C
b) Calcule a temperatura da corrente de H2SO4 40% sabendo que não há
Figura 3.15. Sistema de reação e separação industrial
perda de calor para o meio ambiente.
Dados: Reação: A + 2 B Æ C
3.12. Calcule a conversão do reagente A no reator sabendo que entram 300
Conversão do reagente A no reator = 30%
kg/h de A no sistema, que a alimentação no reator é equimolar e que a
vazão de água passando pela jaqueta do reator é igual a 10800 kg/h
Capacidade Peso Molecular Entalpia (298K)
(Figura 3.17).
Calorífica [g/mol] [kJ/kg] A
[J/g.K] 300 kg/h
A 2,3 45 1000 50ºC
B 11,8 68 1300
C 0,9 2480
Água 4,8 B
50ºC
a) Sabendo que a alimentação no reator é equimolar, calcule os fluxos Reator A,B,C,D
molares de A, B e C na saída do reator. Isotérmico 300ºC
300ºC
b) Calcule a fração mássica do produto C na corrente de fundo da coluna
de destilação.
c) Qual o fluxo de água necessário para resfriar a corrente de topo do Água Água
separador de 120ºC para 60ºC. Se houver um problema no 25ºC 90ºC
bombeamento de água de refrigeração e somente 75% deste fluxo
estiver disponível, qual será a temperatura de saída da corrente do Figura 3.17. Reator químico.
composto A após o trocador de calor?
d) Calcule o ΔH da reação na temperatura de reação (80ºC). A reação é Dados: Reação: 2A + B Æ C + 3D
endotérmica ou exotérmica?
Capacidade Peso Molecular Entalpia (298K)
Calorífica [kJ/mol.K] [g/mol] [kJ/mol]
3.11. Ácido sulfúrico diluído é produzido em um tanque de mistura conforme o A 0,030 24 -36,7
sistema industrial mostrado na Figura 3.16. As porcentagens são em base B 0,075 38 -288,5
mássica. C 0,060 32 -310,2
D 0,100 18 -250,3
Água 0,075 18 -285,8

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


79 80
Termodinâmica Química

3.13. No reator que produz biodiesel (Fig 3.17) os reagentes (metanol e óleo) 12 horas. Por fim, na fase 3 o forno é deixado para esfriar naturalmente
são alimentados ao reator a 40ºC. Se a reação ocorre a 60ºC e os até 25ºC. Calcule o calor necessário para realizar o processo e o tempo de
produtos deixam o reator também a 60ºC, qual a quantidade de calor que duração da batelada.
deve ser fornecida ou removida do reator para manter a mistura reacional
a 60ºC? Dados: Cp calcário = 0,08234 kJ/kg.K
Perda de calor para o meio ambiente = 2000 kJ/h
Biodiesel
Óleo

Metanol

Reator Separador
Biodiesel
Metanol
Óleo
Óleo
Glicerina
Metanol
Glicerina
Figura 3.17. Sistema de produção de biodiesel

Dados: Reação: Óleo + 3 Metanol Æ Glicerina + 3 Biodiesel


Conversão = 65%
Razão molar de metanol:óleo igual a 6:1 na alimentação do reator;
Produção de 2000 kg/dia de biodiesel.

PM [g/mol] Hof (298 K) Cp [kJ/mol.K]


[kJ/mol]
Biodiesel 280 -212,4 0,0454
Óleo 836 -1087,2 0,0429
Metanol 30 -238,6 0,0758
Glicerina 92 -665,9 0,0327

3.14. Uma caldeira produz 120 kg/h de vapor de água superaquecida a 180ºC.
Sabendo que água a 50ºC entra na caldeira, calcule a quantidade de calor
necessário para produção de vapor. A operação ocorre à pressão
atmosférica.

Dados: Hof(298 K) = -285,84 kJ/mol


Cp liquido = 0,03346 kJ/mol.K
Cp vapor = 0,0764 kJ/mol.K
ΔHVAP = 40,656 kJ/mol
PM = 18 g/mol

3.15. Um processo de calcinação é conduzido em batelada. Duzentos quilos de


calcário é alimentado a um forno. Na fase 1, que dura 2 horas, o forno é
aquecido de 25ºC até 1200ºC. Na fase 2 o forno é mantido a 1200ºC por

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.


81
Termodinâmica Química

3.16. Considerando o seguinte processo industrial para a produção de


detergente (dodecilbenzeno sulfonato de sódio – DBSS) responda as
perguntas.

Reação 1: Benzeno + Dodeceno Æ DodecilBenzeno


Reação 2: DodecilBenzeno + H2SO4 Æ DodecilBenzeno Sulfonato + H2O
Reação 3: DBS + NaOH Æ DBSS + H2O

a) Qual a quantidade de benzeno e dodeceno que devem ser alimentados


ao processo para produzir 15000 kg/dia de DBSS?
b) Qual é o fluxo da corrente de reciclo de dodeceno (corrente de
dodeceno que sai da coluna de destilação C2 e entra no reator R1)?
c) Qual é a quantidade de óleum 20% necessária para sulfonar o
dodecilbenzeno?
d) Qual o calor de reação entre o dodeceno e o benzeno (reação 1)?
e) Qual a quantidade de calor que deve ser removida do reator R1 para
manter sua temperatura constante?
f) Qual a quantidade de metano que deve ser queimado para aquecer o ar
que é usado no spray-dryer até 540oC?

Dados:
A reação 1 ocorre a 45oC com uma conversão de 90%
A reação 2 ocorre com excesso de óleum, na proporção óleum:DB
= 1,25
A separação do ácido sulfúrico em excesso do DBS ocorre com
adição de água num tanque até que a concentração de ácido seja
de 78%.
A reação 3 (neutralização do DBS) é feita adicionando-se uma
solução aquosa de hidróxido de sódio 40% (em mol). O hidróxido
de sódio é adicionado em excesso (20%).
A queima do metano (para aquecimento do ar) é completa.
ΔH(298 K) benzeno = 48977 J/mol
ΔH(298 K) dodeceno = - 214179 J/mol
ΔH(298 K) dodecilbenzeno = - 227175 J/mol
ΔH(298 K) metano = xxx J/mol
ΔH(298 K) oxigênio = 0,0 J/mol
ΔH(298 K) nitrogênio = 0,0 J/mol
ΔH(298 K) dióxido de carbono = xxx J/mol
ΔH(298 K) água = xxx J/mol
Cp

Fernandes, Pizzo & Moraes Jr.

Você também pode gostar