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INTRODUÇÃO

Desmineralização é a remoção de todos os sais inorgânicos da solução através da troca iônica. Neste processo, a
troca catiônica converte os sais dissolvidos em ácidos e a troca aniônica remove estes ácidos tornando a água pura
(Figura 1). O outro único processo comercial que produz água de igual pureza é a destilação, ou nos dias de hoje,
osmose reversa. Por ser a desmineralização da maioria das águas frescas substancialmente mais barata do que a
destilação, ela é amplamente utilizada.

PRINCÍPIOS DA DESMINERALIZAÇÃO

O sistema de desmineralização consiste de dois ou mais vasos de troca iônica incluindo uma unidade de troca
catiônica e uma unidade de troca aniônica (Figura 2).

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Na primeira fase é uma resina catiônica, que troca os íons hidrogênio (H +) por cátions indesejáveis como o cálcio,
magnésio ou sódio. Esta é seguida pela segunda fase na qual as resinas aniônicas trocam os íons hidroxila (OH -)
por ânions indesejáveis como sulfato, cloreto, bicarbonato ou nitrato (Figura 3).

As trocas catiônicas fortemente ácidas transformam os sais em uma quantidade equivalente de ácidos
correspondentes. Bicarbonatos, sulfatos e cloretos transformam-se em ácidos carbônicos, sulfúricos e clorídricos. Os
dois últimos são a acidez mineral livre ou FMA. A água que sai da unidade fortemente catiônica é uma solução
fraca destes ácidos. O ácido carbônico, mais tarde, irá se decompor em dióxido de carbono o qual pode ser
removido por aeração.
As resinas de troca aniônica classificam-se em duas categorias - base fraca e base forte. As resinas aniônicas de
base fraca removem os íons sulfato e cloreto, tais como os ânions fortemente ionizados, porém não removem os
ácidos silícico e carbônico fracamente ionizados, provenientes do dióxido de carbono e sílica. É preciso uma resina
aniônica de base aniônica concentrada para remover os íons fracamente ionizados. A resina de base forte também
removerá todos os ácidos minerais fortes.
O ácido sulfúrico é normalmente usado para regenerar a resina catiônica, uma vez que é o mais barato de todos os
ácidos minerais (Figura 4).

O hidróxido de sódio regenera a resina aniônica (Figura 5).

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OPERAÇÕES DE UM DESMINERALIZADOR

Os desmineralizadores tratam a água durante o ciclo de serviço/atividade. A resina catiônica remove os cátions
indesejáveis substituindo-os por ácidos. Quando a resina encontra-se sem ácido, deve ser retirada de linha e
regenerada. O cicio de regeneração reabastece o ácido dentro das pérolas do trocador de cátions. A resina de troca
aniônica seque o mesmo processo básico e padrão de regeneração, sendo a única diferença o uso de cáustico para
regenerar a resina. A operação de um desmineralizador alterna-se entre serviço e ciclos de regeneração.

Tanto o ciclo de serviço quanto o de regeneração possuem normas químicas e hidráulicas especiais. Vamos agora,
conhecer cada ciclo em detalhe.

A taxa de fluxo de serviço deve ser restrita de cinco a dez galões por minuto, por pé quadrado da área de superfície
da resina durante o serviço normal, devendo-se manter qualidade de efluente razoavelmente constante durante o
tempo de serviço (Figura 6).

No final de um período de serviço, a condutividade de água tratada ou o aumento de sílica mostra que os íons
indesejáveis estão passando através da unidade... chamamos a isto de breakthrough, ou saturação da resina
(Figura 7).

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Isto ocorre porque a resina catiônica utilizou todo o seu ácido e a resina aniônica seu cáustico. Quando acontece a
saturação, o ácido da resina catiônica e o cáustico da resina aniônica devem ser repostos, através de um processo
chamado regeneração.

No final do período de serviço de uma unidade aniônica fortemente básica, a sílica aumentará, o pH diminuirá e a
condutividade diminuirá temporariamente seguindo-se um aumento (Figura 8).

A queda temporária na condutividade, quando a capacidade de resina é superada pela primeira vez, é facilmente
explicada. Durante um ciclo normal de operação, uma pequena quantidade de sódio escapa da resina catiônica. A
medida que a resina aniônica converte os ânions em íons hidroxila (OH -), os íons de sódio combinam com o grupo
hidroxila para produzir pequenas quantidades de hidróxido de sódio, NaOH, que é altamente condutivo. Quando a
capacidade da resina aniônica esgota-se, o vazamento de sílica converte o vazamento de sódio em silicato de sódio,
um composto menos condutor do que o hidróxido de sódio.

Quando o aumento de sílica é detectado, o desmineralizador deve der retirado imediatamente de serviço. Se o
desmineralizador permanecer em operação até que a condutividade aumente, não somente a sílica da água natural
escapará, como também o sulfato da água natural e os íons de cloreto removerão a sílica adicional da resina. Nestas
circunstâncias, a sílica da água tratada pode, substancialmente, excedera concentração de sílica da água natural.
Um medidor para a quantidade de água tratada em conjunto com um analisador contínuo de sílica e a sonda de

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condutividade localizada ligeiramente acima do leito de resina podem ser utilizados para mostrar a necessidade de
regeneração.

REGENERAÇÃO

A retrolavagem é a primeira parte do processo de regeneração. O fluxo de água é reverso no leito, de cinco a dez
galões por minuto por pé quadrado, é invertido durante aproximadamente dez minutos, para remover toda sujeira
acumulada e os fragmentos de resina (Figura 9). Isto é importante para soltar e recuperar a resina, para evitar
vedação/ packing e possível formação de canais em ciclos subseqüentes.

Quando a resina tiver sido completamente retrolavada, uma solução diluída de ácido sulfúrico é injetada na unidade
catiônica para remover os íons de sódio, cálcio e magnésio das superfícies e repor os íons de hidrogênio (Figura
10).

Injeta-se ácido por etapas de 2 a 6% para eliminar a possibilidade de formação de sulfato de cálcio sobre a resina, o
que poderia ocorrer se uma solução de ácido forte fosse utilizada inicialmente (Figura 11).

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A etapa de deslocamento do ácido ou enxágüe lento segue-se à introdução ácida na mesma vazão (Figura 12).

Isto assegura um contato completo do ácido com todas as pérolas (contas) da resina no vaso. Após o enxágüe lento,
é realizado um enxágüe rápido para remover todos os vestígios de ácido do recipiente e preparar o leito para
retornar à operação.

A regeneração de uma unidade aniônica, após seu período de serviço, ocorre de forma similar, exceto pelo
acréscimo de regenerante diferente e uma etapa adicional. Hidróxido de cálcio ou cáustico é utilizado para
regenerar a resina aniônica (Figura 13). Para obter-se melhor remoção de sílica é necessário pré-aquecer o leito
de resina aniônica a aproximadamente 120 oF (50 oC) para se efetuar uma remoção mais eficiente de sílica das
pérolas de resina. A necessidade de retrolavagem da resina aniônica varia de um a três galões por minuto por pé
quadrado da superfície da resina, dependendo da temperatura da água. São usualmente recomendadas vazões de
regenerante e enxágüe de 0.25 a 1.5 galões por minuto por pé cúbico de resina, respectivamente. A água
desmineralizada deve ser utilizada para a regeneração da resina aniônica, uma vez que a água não-tratada causará
precipitação dos sais de cálcio e magnésio sobre o leito de resina. O cáustico utilizado para regenerar as resinas
aniônicas de base forte deve ser adicionado como solução a 4%.

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EQUIPAMENTO DE DESMINERALIZAÇÃO

Os vasos de troca aniônica e catiônica para desmineralização são similares àqueles utilizados para filtração e
abrandamento. A única diferença é que o interior do vaso está revestido com borracha ou plástico (Figura 14). A
tubulação, válvulas e acessórios devem ser revestidos ou feitos de materiais resistentes a ácido. As válvulas de
bloqueio ou válvulas de passagem estão localizadas em dois vasos seqüenciais, possibilitando que cada unidade seja
isolada e regenerada separadamente, sem o risco de contaminação para a outra unidade.

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O sistema de desmineralização varia de acordo com os requisitos de aplicação. A figura 15 nos mostra nove
sistemas básicos de desmineralizadores e lista das áreas de aplicação, qualidade típica de água tratada e as relativas
vantagens de cada um.

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Figura 15 – Arranjos de Sistema de Desmineralização

DESMINERALIZADORES DE LEITO MISTO

Desmineralizadores de leito misto utilizam um vaso simples contendo uma mistura de resinas de troca catiônica e
aniônica (Figura 16). De fato, um leito misto é quase como um número infinito de desmineralizadores
catiônicos/aniônicos de duas etapas, em série. Todas as pérolas de resina aniônica atraem imediatamente o ácido
produzido pelas pérolas catiônicas vizinhas. Removendo o ácido na medida em que este se forma, permite que a
reação de troca iônica se complete. Assim, o tratamento de um leito misto resulta na qualidade mais próxima de
água pura que se possa esperar.

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Um desmineralizador de leito misto é regenerado primeiro por retrolavagem para limpar as pérolas de resina e
separá-las (Figura 17).

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A resina aniônica mais leve sobe até o topo e a resina catiônica mais pesada se decanta no fundo. Deve estar visível
através de um vidro de observação localizado no lado do tanque uma linha acentuada entre as resinas separadas. A
resina catiônica é regenerada com ácido de modo semelhante à resina de abrandamento normal, enquanto que a
resina aniônica é regenerada com cáustico. O ar é utilizado para a mistura de resina em seguida às etapas de
regeneração. Tanto a qualidade da água tratada quanto a capacidade da unidade podem ser afetadas se a resina não
for completa e uniformemente misturada.

OUTROS PROCESSOS

Desenvolvimentos recentes da troca iônica levaram ao uso de novas técnicas para os problemas de manuseio e a
abordagens de desmineralização mais econômicas. Um desenvolvimento relativamente novo foi a aplicação
comercial da troca iônica contracorrente. Este processo faz com que a água passe através da coluna de resina,
primeiramente penetrando a resina quase exaurida e progressivamente alcance a resina em seus estágios mais
elevados de regeneração até que, exatamente antes de deixar a coluna, passe através da resina recentemente
regenerada. A perda é consideravelmente, reduzida pela operação de contra-fluxo.

Outro desenvolvimento significativo utiliza leito de resina, usualmente resinas aniônicas fracamente básicas e
fortemente ácidas, na mesma coluna. Por ser a resina fracamente básica menos densa do que a resina fortemente
básica, a retrolavagem após a regeneração faz com que a resina de base fraca forme uma camada no topo da resina
de base forte. Se a resina de base fraca é apropriadamente selecionada, a camada que ela formará protegerá a resina
de base forte contra depósito orgânico e também removerá, economicamente, a acidez mineral. Isto também se
aplica a unidades catiônicas, onde resina catiônica fracamente ácida é utilizada no mesmo recipiente em que a
resina catiônica fortemente ácida. Ambos os casos resultam em economia significativa de regenerantes.

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VANTAGENS E LIMITAÇÕES

A desmineralização produz água altamente pura para quase todos os usos. Água desmineralizada é amplamente
utilizada como água de alimentação de caldeira de alta pressão, água de processos químicos, produção de
eletrônicos, produção farmacêutica, etc.

Os sistemas de desmineralização podem produzir água com uma pureza comparável com àquela obtida por
destilação e com a maioria de fornecimentos de água fresca a um custo muito menor. Os desmineralizadores de
leito misto produzem água com uma condutância específica de 0.055 microhms. Os sistemas de desmineralização
estão disponíveis em uma ampla variedade de tamanhos, desde pequenas colunas de laboratório, para uns poucos
galões por hora até grandes unidades, que podem produzir milhares de galões por minuto. Uma operação eficiente
pode ser obtida com quase todos os tamanhos.

Assim como outros sistemas de troca iônica, os desmineralizadores funcionam eficientemente apenas se a água
estiver livre de matéria suspensa e materiais oxidantes, tais como o cloro. As resinas de troca aniônica são mais
suscetíveis aos orgânicos. As resinas desmineralizantes padrão não podem remover materiais coloidais ou
organicamente seqüestrados e a presença inesperada destes pode causar contaminação por sílica ou ferro em
algumas águas desmineralizadas. Enquanto alguns materiais orgânicos passam através das colunas sem serem
afetados pelo desmineralizador, outros podem poluir seriamente os leitos de resina aniônica.

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