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Com o intuito de minimizar o sofrimento animal, utiliza-se a

insensibilização, um método que causa o atordoamento proporcionado o bem


estar animal durante seu abate. No que diz respeito às aves, o atordoamento é
causado por eletronarcose, um método eficaz, simples e de baixo custo. A sua
aplicação ocorre por meio de cubas de imersão, onde se utiliza a água como
condutor de corrente elétrica. É importante que a amperagem e voltagem
usadas sejam suficientes para causar perda da consciência (Filho, 2014).

De acordo com Filho (2014, p.16) o equipamento utilizado dever conter


painéis responsáveis por mostrar a intensidade da corrente e da tensão
aplicadas a fim de garantir uma insensibilização eficiente. Além disso, o mesmo
deve conter sensores que determinarão a voltagem e amperagem necessárias
para aquele grupo de aves de modo que não seja superior ao necessário para
causar o atordoamento.

O processo consiste em causar perda da consciência das aves por meio


da epilepsia instantânea, porém esse estado é reversível e após poucos
segundos os sinais vitais das aves podem ser normalizados. Sendo assim os
seguintes fatores como: a corrente – fluxo elétrico conduzido por meio da água
– a tensão – que impulsiona a corrente até o cérebro – a resistência – que é a
dificuldade uma determinada corrente atravessar um corpo – e a frequência –
que corresponde à repetição do ciclo – são de suma importância para que a
eletronarcose seja aplicada de maneira eficaz (Filho, 2014).

Vale salientar que existem outros fatores a serem analisados, como o


tamanho da ave, seu sexo e sua idade. Desse modo, cada ave possui suas
próprias características e se comporta de maneira única quando ocorre a
aplicação da corrente elétrica (Filho, 2014).

Um modo de potencializar o efeito da passagem da corrente elétrica por


meio da cuba consiste em adicionar cloreto de sódio à água aumentando assim
sua condutividade e eficiência do processo. Recomenda-se também que
ganchos metálicos nos quais as aves são penduradas, estejam molhados
(Filho, 2014).
Observando as aves insensibilizadas, pode-se destacar que as mesmas
apresentam ausência de ruídos e respiração, pernas estendida, pescoço
arqueado e olhos fixos (Filho, 2014).

A eletronarcose usada como meio de insensibilização em aves, caprinos


e suínos consiste em provocar ao animal uma fase epilética causando
inconsciência sem que haja dor. Para que seja verificada a inconsciência do
animal é possível observar se há movimento do seu globo ocular. A duração
dessa etapa depende exclusivamente da corrente elétrica e frequência
aplicadas, quando corretas a insensibilização ocorre em poucos segundos
(GOMIDE et al., 2014).

Gomide et al. (2014) afirma que:

O método mais comum de insensibilização por eletronarcose utiliza corrente


alternada, de forma de onda senoidal, a uma frequência de 50 a 60 Hz.
Frequências tão altas como 1800 Hz podem ser usadas, e a forma de onde
pode ser ainda quadrada ou retangular. No entanto, frequências abaixo de 25
Hz não induzem a inconsciência, enquanto aquelas entre 50 e 200 Hz são
eficazes na insensibilização. Frequências mais altas (acima de 200 Hz) podem
induzir a epilepsia, mas a duração da inconsciência é menor do que as
correntes aplicadas a 50 Hz. Além disso, frequências acima de 1600 Hz podem
causar dor ao animal, não sendo possível induzir uma inconsciência
instantânea GOMIDE et al., 2014, p.52)

Cada animal possui uma genética específica que resulta em


características diferentes, como a quantidade de gordura presente em cada
um. Desse modo, o animal apresenta uma resistência específica à corrente
elétrica aplicada. Para que a insensibilização seja eficiente é necessária a
utilização de uma voltagem elevada para que a corrente elétrica seja suficiente
até mesmo em animais com a resistência maior. Outro fator que pode auxiliar
na eficiência é a seleção de animais com características similares como
tamanho e peso (GOMIDE et al., 2014).
Segundo Gomide et al. (2014):

Outro método de se garantir que a corrente elétrica não seja inferior a


mínima necessária para adequada insensibilização é a regulação a
voltagem para cada animal, de acordo com a sua resistência. Há
insensibilizadores nos quais o circuito elétrico possui um sensor que
ajusta a voltagem do aparelho de acordo com a resistência do animal.
Esses aparelhos são, no entanto, muito caros. Um método alternativo
e mais barato é o uso de insensibilizadores de voltagens constantes,
porém com dispositivos de controle da corrente. Nestes, o nível de
voltagem aplicado é alto, mas, para cada animal, o excesso de
corrente aplicada é dissipado para um resistor presente no circuito do
aparelho (GOMIDE et al., 2014, p.53)

A insensibilização em aves está relacionada com as questões de bem


estar animal. Além disso, ela é um fator primordial para que a sangria seja
eficaz, uma vez que o animal inconsciente permite que o corte dos vasos
sanguíneos seja feito de modo correto (GOMIDE et al., 2014).

Em abatedouros de grande porte o uso de cubas de insensibilização é o


mais comum. As aves são penduradas com as cabeças voltadas para o tanque
e quando imersas no líquido - água ou salmoura - sofrem perda da consciência
por meio da corrente elétrica aplicada (GOMIDE et al., 2014).

A tensão aplicada nas aves não deve ser alta, uma vez que acima do
recomendado, pode ocorrer machucados na carcaça como hematomas, quebra
de ossos e manchas o que não favorece a comercialização do produto final e
causa a indústria prejuízos. Segundo Gomide (), utiliza-se no Brasil dois tipos
de voltagens, a alta com corrente contínua entre 90 e 100 V ou baixa com
corrente alternada entre 40 e 50 V, ambas pelo tempo de 7 segundos
(GOMIDE et al., 2014).

De acordo com Gomide et al. (2014):

Deve-se levar em consideração que, de acordo com a Lei de


Ohm, cada ave na cuba de insensibilização irá receber uma corrente
inversamente proporcional à sua resistência elétrica ou impedância
(...) Galinhas com 12 semanas de idade por exemplo, possuem uma
resistência elétrica entre 1900 e 7000 Ω, contra valores entre 1000 e
2600 Ω no caso de frangos. Assim, como haverá várias aves com
diferentes resistências simultaneamente na cuba, a corrente elétrica
aplicada seguirá o caminho de menor resistência e aves com baixa
resistência elétrica sofrerão uma corrente maior do que a indicada,
enquanto aquelas com alta resistência sofrerão uma corrente menor,
insuficiente para provocar uma insensibilização eficaz (GOMIDE et
al., 2014, p. 62)

Figura 1: Esquema de insensibilização de aves por eletronarcose através de


banho de imersão.

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