Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Curso de Geologia Do Petroleo Ed2 3 1
Curso de Geologia Do Petroleo Ed2 3 1
GEOLOGIA DO PETRÓLEO
NOTAS DE AULA
Edição 2
Aracaju, 2009
Olá,
2
1. Introdução
Geologia é a ciência que estuda a estrutura, composição e história do
planeta Terra. Lida com o espaço (desde a escala microscópica, exemplo:
poros das rochas; até milhares de quilômetros, exemplo: bacias sedimentares)
e com o tempo (em geral os fenômenos geológicos são da ordem de milhares a
milhões de anos). As aplicações de geologia são inúmeras: prospecção de
minérios e pedras preciosas, engenharia, meio ambiente, águas subterrâneas e
exploração e produção de Petróleo.
3
• Geotectônica -> Identificação de bacias propícias para a geração e acumulação
de petróleo.
• Geoquímica -> Reconhecimento de rochas geradoras e tipos de petróleo.
• Sedimentologia -> Reconhecimento do ambiente de deposição, importante para
caracterizar os reservatórios e rochas geradoras.
• Estratigrafia -> Reconhecimento de camadas promissoras, comparação entre
diferentes áreas e bacias.
• Geologia Histórica -> Identificação de épocas mais propícias para se encontrar
petróleo.
• Geologia Econômica -> Petróleo é um recurso mineral.
• Geologia Ambiental -> Impacto da perfuração,produção, refino e distribuição
no meio ambiente
4
Figura 1.1 – Processo de Geologia de Petróleo
5
1.3 – Onde está o petróleo
6
Os principais dados utilizados em estudos geológicos visando a
exploração e produção de petróleo são:
• Modelagens matemáticas
7
• -> reservatórios
• -> estruturas potenciais
8
- empresas dão lances, sozinhas ou em sociedade (parcerias).
- os vencedores assumem compromisso de pesquisar a área (realização
de levantamento sísmico e perfuração de poços).
9
- Sísmica 3D
10
1.4.7 - Declaração de Comercialidade => Campo de Petróleo
11
detalhado da geologia da área. Atualmente são confeccionados modelos
virtuais 3D que auxiliam na compreensão dos reservatórios.
1.4.10 – Abandono
12
Exercício I – A escolha de uma Bacia Sedimentar para
Exploração de Petróleo
13
Campos
Nome Latitude Longitude Bacia Situação Estado Produtores Reservatório Observações
Localização na
floresta amazônica,
Área sensível devido
a floresta. Refinaria
mais próxima em
o o o o
Exemplo 3 50´ / 4 00´ Sul 62 47´/ 62 57´Oeste Solimões Terra AM Rio Urucu Arenito Manaus...
o o o o
Adrielle - Ariovaldo 10 32´ / 10 42´ Sul 36 49´/ 36 59´Oeste
o o o o
Bruna - Cristiano 11 04´ / 11 14´ Sul 36 21´/ 36 31´Oeste
o o o o
Duanny - Isabel 9 03´ / 9 13´ Sul 35 32´/ 35 42´Oeste
o o o o
Jayse - Julio 5 10´ / 5 20´ Sul 36 35´/ 36 45´Oeste
o o o o
Kelmer - Milena 5 00´ / 5 10´ Sul 36 20´/ 36 30´Oeste
o o o o
Pedro - Ronney 6 50´ / 7 00´ Sul 43 14´/ 43 24´Oeste
o o o o
Samanta - Soélio 22 50´ / 23 00´ Sul 41 20´/ 41 30´Oeste
o o o o
Verônica - Vinícius 18 34´ / 18 44´ Sul 38 50´/ 39 00´Oeste
o o o o
Walber - Zenon 26 20´ / 26 30´ Sul 47 30´/ 47 40´Oeste
14
2. Rochas Sedimentares e Ambientes de Deposição
As rochas sedimentares são de longe as mais importantes na
geologia do petróleo, pois são nessas rochas que o petróleo foi gerado e
acumulado.
As rochas sedimentares são formadas por sedimentos que se
depositaram ao longo do tempo, passaram por soterramento e
compactação e finalmente se tranformaram em rochas. Algumas rochas,
por processos de erosão dos terrenos e soerguimentos, voltaram à
superfície, e estão expostas nos afloramentos. As que permaneceram em
profundidades somente são atingidas através de perfurações. São elas que
podem conter acumulações de petróleo.
Por serem produtos de deposição, costumam se apresentar em
camadas.
15
Figura 2.1 – Processos Sedimentares atuando numa bacia
16
Atualmente, os reservatórios mais importantes das bacias brasileiras são
rochas siliciclásticas, principalmente arenitos. Em Sergipe, conglomerados são
reservatórios do Campo de Carmópolis.
17
Figura 2.3 – Exemplos de rochas carbonáticas
18
Figura 2.4 – Microbialitos. Adaptado de www.phoenix.org.br.
19
Figura 2.5 – Deposição atual de evaporitos, em região desértica na Região de El Paso
(Texas, EUA)
Matéria lenhosa (celulose) -> turfa -> lignito -> hulha -> antracito
20
2.3 - Ambientes de Sedimentação
21
Figura 2.6 – Ambientes continentais observados em uma paisagem atual
22
Figura 2.7 - Conglomerado depositado em leques aluviais, Bacia de Santa
Bárbara, Caçapava do Sul – RS, Proterozóico Superior (ca. 600 Ma)
23
Figura 2.8 – Leque Deltaico
24
Figura 2.9 - Arenitos de origem fluvial (rios entrelaçados) – Formação Serraria
Bacia de Sergipe-Alagoas, BR-101, Malhada dos Bois – SE
25
Figura 2.10 – Depósitos meandrantes. As areias depositam-se nas barras
(“ilhas” e margens dos canais, e as argilas na planície de inundação.
26
Figura 2.11 – Seção geológica estratigráfica de um campo de petróleo,
mostrando em sua base um importante reservatório de origem fluvial.
27
Figura 2.12 – Depósitos eólicos (duna) e rocha resultante (arenito eólico)
28
Arenitos eólicos geralmente formam reservatórios (de petróleo e de
água) de qualidade excelente, devido à boa seleção dos grãos e a pequena
quantidade de argila. Ocorrem em alguns campos de petróleo da bacia de
Sergipe-Alagoas (Formação Serraria e Formação Penedo)
29
Figura 2.14 – Sistema de riftes do leste africano. O continente está se partindo
em duas placas tectônicas. Nas áreas de ruptura formam-se grandes falhas
que originam lagos. Esses lagos atuais são análogos para os que se formaram
durante a separação América do Sul e África, e que resultaram em importantes
depósitos das bacias brasileiras (e da costa atlântica africana).
30
Figura 2.15 – Exemplo de um lago formado pela atividade tectônica. O graben
(bloco rebaixado pela ação das falhas) é uma bacia sedimentar usualmente
constituída por lago.
31
Figura 2.16 – Parte do Delta do Mississipi, mostrando as partes integrantes do
sistema deltaico (Orariu & Bhattacharya 2006).
32
Figura 2.18 – Depósitos deltaico-lacustres da Formação Feliz Deserto, em
Neópolis (SE). Em amarelo, delgadas camadas de arenito em meio aos
folhelhos. Os arenitos representam as areias trazidas por rios e depositadas
em barras na desembocadura dos rios junto ao lago.
33
Figura 2.19 – Seção vertical e horizontal de um modelo 3D de reservatórios
deltaicos da Formação Barra de Itiúba, Bacia de Sergipe-Alagoas. Laranja =
arenitos grossos, amarelo = arenitos finos, verde = folhelhos.
34
grande: cerca de 1-5 graus. Mesmo assim é suficiente para que ocorram
fenômenos como escorregamentos (avalanches de sedimento) e formação de
cânions submarinos quando há rebaixamentos do nível do mar.
35
Figura 2.21 – Ambientes de uma Plataforma Carbonática
Turbiditos
São depósitos formados por correntes de turbidez (mistura de água +
sedimentos formando um fluxo denso que desce o talude e deposita o material
na planície abissal. A fonte de sedimentos são as areias da plataforma
continental, que são desestabilizadas em geral por rebaixamentos do nível do
mar. Podem formar extensos depósitos de arenito em água profunda.
TURBIDITOS SÃO OS PRINCIPAIS RESERVATÓRIOS BRASILEIROS. Os
sedimentos finos, depositados por suspensão, são denominados sedimentos
pelágicos.
36
Os turbiditos são os principais reservatórios brasileiros (cerca de 90% da
produção!). São os principais reservatórios dos campos gigantes da Bacia de
Campos. Em Sergipe, ocorrem nos campos de Guaricema (o primeiro campo
offshore descoberto no Brasil) e Piranema (este o primeiro campo nordestino
de água profunda).
37
Exercício II – Prática de Rochas Sedimentares (no laboratório)
38
3. Geologia Estrutural Aplicada
Geologia estrutural é o ramo da geologia que trata da deformação das
rochas e seus produtos. A deformação é a principal responsável pela formação
das trapas (armadilhas onde o petróleo é retido).
As rochas sedimentares originalmente estão dispostas em camadas
horizontais. Mas deformações posteriores podem fazer com que fiquem
inclinadas, até mesmo verticais.
A existência de rochas geradoras e reservatórios é necessária para a
existência de petróleo em uma bacia. Mas raramente essas rochas acumularão
petróleo se não houverem estruturas responsáveis pelo seu aprisionamento.
São feições lineares e planares existentes nas rochas. Podem ter origem
deposicional (ESTRUTURAS SEDIMENTARES) e deformacional (FRATURAS
e FALHAS). São importantíssimas na geologia do petróleo
39
3.1.2 - Direção e Mergulho de Camadas (atitude)
Aplicação:
• Na construção de mapas estruturais: uma das ferramentas mais
básicas da geologia do petróleo.
• Previsão da profundidade onde encontrar determinada camada.
• Planejamento de poços.
40
Figura 3.1 – Conceito de direção e mergulho de uma camada
41
Exercício III: obtenção da direção e mergulho de uma camada
42
43
44
45
3.1.3 - Estruturas formadas pela deformação
3.1.3.1 - Fraturas
3.1.2.2 - Falhas
46
Falhas Transcorrentes – O esforço máximo e o mínimo são horizontais, e o
intermediário é vertical, resultando em movimentação horizontal de blocos.
47
Figura 3.3 – Tipos de falhas segundo a movimentação
48
Figura 3.5 - Falha de Salvador, limita o embasamento (Cidade Alta) da Bacia
do Recôncavo (Cidade Baixa). A Bacia do Recôncavo é um rift (graben)
formado no inicio da separação dos continentes América do Sul e África. A
Bacia do Recôncavo foi a primeira produtora de Petróleo no Brasil.
49
3.2.1.3 - Dobras
50
4. Sistemas Petrolíferos
51
Figura 4.1 – Elementos do Sistema Petrolífero
52
4.2.1 - Geração
Classificação do Querorênio
53
4.2.2 - Migração
4.2.3 - Reservatório
4.2.3.1 - Porosidade
54
Figura 4.3 – Arenito poroso visto no microscópio. Observam-se os grãos (cor
branca) e o espaço poroso (porosidade), na cor azul. A cor azul é devida à
resina impregnada durante a confecção da lâmina.
4.2.3.2 - Permeabilidade
55
selante (capeadora). Normalmente as rochas selantes são folhelhos. Camadas
de sal também são selos altamente eficientes.
56
5. O Método Sísmico
A sísmica é uma das ferramentas fundamentais na exploração de
petróleo. Normalmente toda perfuração de poço (especialmente poços
exploratórios) é precedida de um levantamento sísmico. O objetivo do
levantamento sísmico é apontar as áreas mais favoráveis para a ocorrência de
petróleo, diminuindo assim o risco de perfuração de poços secos.
Trata-se de um método indireto de se conhecer a geologia de uma área.
O método sísmico é baseado na emissão e recepção de ondas acústicas na
subsuperfície. A reflexão produzida por contrastes de propriedades das
camadas permite a obtenção de informações. É como se fosse um “ultrassom”
da Terra, embora com freqüências de onda muito menores do que o ultrassom
utilizado na medicina.
57
Figura 5.1 – Conceito de impedância acústica e refletividade.
5.2.1 - Aquisição
58
VSP (sísmica de poço) –> o geofone é colocado no interior de um poço,
enquanto a fonte acústica é colocada na superfície. Serve para calibrar o
modelo de velocidade da área e investigar a geologia nas proximidades do
poço.
Figura 5.2 – Aquisição sísmica (A), e seção sísmica resultante (Bend 2008).
• - eliminação de ruídos
• - ordenamento dos dados
• - empilhamento
• - análise de velocidades
59
Figuras 5.3 e 5.4 – A configuração geométrica de tiros e geofones num
levantamento sísmico faz com que um refletor horizontal tenha uma forma de
hipérbole em uma seção em tempo (maior a distancia entre a fonte e o
receptor, maior será o tempo da reflexão). Uma das funções do processamento
é corrigir a curvatura aparente da reflexão. Extarido de Bend (2008).
60
5.2.3 – Interpretação sísmica
61
Figura 5.6 – Mapa Estrutural Sísmico de um refletor. As cores quentes
(amarelo) indicam menores valores de tempo sísmico (isto é, profundidades
mais rasas). Portanto, as áreas em amarelo são os pontos mais favoráveis
para acumulação de petróleo (trapa estrutural). A malha de pontos são os
pontos de tiro, espaçados de 5 pontos para fins de visualização.
R ~ v/4f
• Poço: dado vertical de alta freqüência (alta resolução), o que não existe
na sísmica. Se não existir sísmica, o dado entre os poços é interpretado.
62
Figura 5.7 – Comparação entre cinco camadas com características diferentes
(profundidade, velocidade de propagação da onda e freqüência dominante de
um levantamento sísmico). No caso da Camada E, a resolução é de apenas
42m. Isto significa que, neste caso, não podemos enxergar o limite de uma
camada que tenha menos do que 42m.
63
Figura 5.8 – Anomalia de amplitude negativa (bright spot) associada à camadas
de arenito portadoras de hidrocarboneto, no Mar do Norte (Cartwright, 2003).
64
5.5 - Conversão Tempo-Profundidade
Exemplo:
65
Exercício IV – Interpretação de Seção Sísmica
Exercício:
66
67
68
Exercício V – Construção de um mapa estrutural sísmico
A= (π * a * b)
69
70
6. Prospectos Exploratórios
O prospecto é um documento que resume as justificativas para a
perfuração de um poço, o projeto do poço, a previsão das camadas que serão
atravessadas pelo poço e a análise econômica da locação.
Deve incluir: Mapa estrutural com o ponto da locação, Seção sísmica e
geológica, coordenadas e profundidade dos objetivos, profundidade final,
quadro de previsões geológicas e resumo da análise econômica.
Orientações sobre amostragens, testes de formação e perfilagem a srem
efetuadas no poço, também constam no prospecto.
5 – Jazida mais rasa -> Poço visando reservatórios mais rasos em uma
acumulação já descoberta.
6 – Jazida mais profunda -> Poço visando reservatórios mais profundos, ainda
não atingidos por poços, em uma acumulação já descoberta.
9 – Especial -> Poços para captação de água, para aquisição de dados, para
injeção de vapor etc.
71
Figura 6.1 – Quadro de Previsões geológicas – parte integrante do prospecto
72
A partir do mapeamento sísmico, podemos estimar o volume de rocha
reservatório da estrutura mapeada, a partir da área de fechamento (A) e de
uma espessura estimada (h). A espessura (h) é de difícil resolução em sísmica,
daí a importância de se conhecer, a partir de áreas próximas ou análogos, o
reservatório objetivo. No caso de uma área de 10 km2 (um campo de petróleo
de tamanho médio) e espessura de reservatório de 10m, teremos um volume
de rocha de:
Vr = A * h
Vr = 10m * 10.000.000m2
Vr = 100.000.000m3
Vp = Vr * phi
Vp = 100.000.000 m3 * 0,15
Vp = 15.000.000 m3
Vo = Vp * So
Vo = 15.000.000 m3 * 0,65
Vo = 9.750.000 m3
73
também será aproveitado e valorado. Mas para uma simplificação,
consideraremos aqui somente o volume de óleo. O Volume de óleo do
reservatório, mas nas condições de superfície é denominado Volume de Óleo
Original In Plane (VOIP):
VOIP = Vo / Bo
VOIP = 7.500.000 m3
Vrec = VOIP * FR
Vrec = 1.500.000 m3
74
Fc = geração * migração * Trapa * Reservatório * Sincronismo
Fc = 0,105
Vrisc = Vrec * Fc
Vrisc = 157.500m3
Valor = U$ 985.960 * 20
Valor = U$ 19.719.200
75
até da taxa de juros ao longo do tempo, a fim de se obter o VPL (valor presente
líquido) do projeto.
•
EXEMPLO DE ANÁLISE ECONÔMICA SIMPLIFICADA
76
Exercício VI – Elaboração de um Prospecto Exploratório
• 1. Mapa de Localização
• 2. Justificativa: falar da geologia da área, das estruturas que motivaram
o projeto do poço, potenciais reservatórios.
• 3. Mapa estrutural com a posição do poço (do Exercício IV)
• 4. Seção sísmica com a posição do poço (do Exercício V)
• 5. Quadro de Previsões Geológicas
• 6. Análise Econômica
77
78
7. Bacias Sedimentares Brasileiras
Cerca de 50% do território brasileiro é coberto por bacias sedimentares,
nem todas petrolíferas (Figura 7.1).
79
Figura 7.2 – Esquema de separação de placas, inicialmente com formação de
bacias riftes (grabens limitados por falhas), passando a bacias de margem
passiva.
Exemplos:
80
Figura 7.3 – Seções geológicas de Bacias intracratônicas (Petri & Fulfaro
1983).
81
Figura 7.4 – Rifte do Recôncavo-Tucano-Jatobá, formado no início da
separação dos continentes América do Sul e África. A bacia do Recôncavo foi a
primeira a produzir petróleo no Brasil.
(http://www.phoenix.org.br/images/Tuc_mapa.gif).
82
• Obs: As bacias do Recôncavo/Tucano/Jatobá são riftes que não
evoluíram para margem passiva.
83
Figura 7.6 – Coluna estratigráfica da Bacia de Sergipe-Alagoas (Sub-bacia de
Alagoas) (Campos Neto et al, 2007).
84
Figura 7.7 – Seção Geológica da Sub-Bacia de Alagoas.
Figura 7.8 – Seção Sísmica da Bacia de Santos. Notar os domos de sal. Fonte:
AAPG Explorer, 2009.
85
7.5 - Recursos Petrolíferos do Brasil
86
Figura 7.10 – Evolução das reservas de petróleo no Brasil, fruto principalmente
da atividade exploratória (Fonte: ANP).
87
Figura 7.11 – A Bacia de Sergipe-Alagoas, com a localização dos principais
campos de petróleo (Fonte: CPRM).
88
Figura 7.12 – Seção geológica esquemática pela Bacia de Sergipe-Alagoas,
desde Aracaju até Maceió.
89
8. Noções de Petrofísica
Petrofísica é o estudo das propriedades físicas da rocha, realizado com
medidas diretas e indiretas. Tem aplicação na estimativa da capacidade de
armazenamento (volumes) e da qualidade dos reservatórios. Seu estudo tem
grande interface com a ENGENHARIA DE RESERVATÓRIOS e com a
GEOFÍSICA.
• Porosidade
• Permeabilidade
• Compressibilidade
• Saturação de fluidos
• Argilosidade
• Molhabilidade
• Permeabilidade relativa
• Pressão capilar
8.1 - Porosidade
PhiT = VpT / VT
PhiE = VpE / VT
90
Tipos de Porosidade
• Intergranular
• Microporosidade (< 2 micra)
• Dissolução (secundária)
• Fratura
Medidas de Porosidade
91
8.2 – Permeabilidade
Q = K . A . dP (fluxo linear)
µ.L
Valores de Permeabilidade
• Baixíssima < 1 mD
• Baixa 1-10 mD
• Regular 10-100 mD
• Boa 100-1000 mD
• Excelente >1000 mD
92
Obtenção da Permeabilidade
93
8.3 - Saturação de fluidos
• Sw + So + Sg = 1
Sw – saturação de água
So – Saturação de óleo
Sg – saturação de gás
94
Molhabilidade
Tendência que um determinado fluido tem de se espalhar em uma
superfície sólida em presença de outro fluido não miscível. É função,
principalmente, da rugosidade do poro (tortuosidade). Influencia na pressão
capilar, na permeabilidade relativa e nas medidas de resistividade dos perfis.
Impacto na recuperação do reservatório (primária, secundária e
terciária).
95
Figura 8.4 – Relação entre saturação de fluidos e permeabilidade relativa. A
presença de mais de um fluido modifica o potencial de outro fluido escoar.
Quatro exemplos de saturação são identificados (pontos a, b, c, and d),
correspondentes às saturações de 1.0, 0.9, 0.6, e 0.2 respectivamente (Fonte:
Leetaru 2008).
96
Po – Pw = (rw – ro) g h = Pc
8.6 - Compressibilidade
97
Cf = (dVp/Vp) / dP
8.8.1 – Óleo
Alguns conceitos:
98
Óleo -> petróleo no estado líquido nas condições de reservatório, e que
permanece líquida nas condições de superfície
Classificam-se em parafínicos (melhores) e asfaltênicos.
8.8.2 – Gás
Gás Natural -> petróleo que existe na fase gasosa ou em solução, nas
condições de reservatório e de superfície
Gás associado ao óleo -> gás existente em reservatórios produtores de
óleo. Pode ser livre (capa de gás) ou em solução
Gás não associado -> gás natural existente em reservatórios
considerados como produtores de gás
Condensado -> gás natural que permanece líquido nas condições de
separação
Condensado estabilizado -> gás natural que permanece líquido nas
condições atmosféricas
Composição do gás: variável, mas comumente 80% é metano, 10%
etano e 10% propano+butano.
99
Bg -> Fator volume de formação do gás. É a razão entre o volume de
gás nas condições de reservatório e as condições de superfície. Como o gás
se expande quando chega à superfície (devido à perda de pressão), o Bo é
sempre bem menor do que 1 (por exemplo, cerca de 0,0005 a 4000m de
profundidade).
100
9. Acompanhamento Geológico de Poços
É a atividade realizada na sonda durante a perfuração do poço.
Inclui as seguintes observações e análises:
- Acompanhamento dos parâmetros de perfuração: inclinação do
poço, dados da lama de perfuração, tempo de penetração etc.
- Descrição de amostras de calha.
- Testemunhagem.
- Detector de gás.
- Confecção do perfil de acompanhamento geológico.
• Verticais
101
COTAS (profundidade verticalizada em relação ao nível do mar), para que as
camadas não sejam “contaminadas” pela topografia do terreno.
Referências do poço:
• Coordenadas da base (X, Y)
• Coordenadas do Fundo (X, Y)
• BAP (boca do antepoço) -> equivale à cota topográfica do terreno
• MR (mesa rotativa) -> é a cota topográfica mais a altura da plataforma
• Profundidade medida (MD) -> é a medida em relação à plataforma
• Profundidade verticalizada (TVD) -> é a profundidade descontado efeito
da inclinação do poço
• Cota (TVDSS) -> é a profundidade verticalizada em relação ao nível do
mar. Em geral, é expressa em valores negativos.
TVD = Σ (∆
∆ vert)
TVDSS = MR - TVD
102
9.3 - Amostras de Calha
• Exemplo:
1042-1045m : 70% arenito fino, bem selecionado, poroso, micáceo; 30%
folhelho verde escuro, calcítico
Indícios de Calha
103
• Só é possível analisar a fluorescência e corte quando a lama for à base
de água. Na lama a base de óleo este mascara a presença do petróleo
natural presente na rocha.
9.4 - Testemunhos
104
Em algumas situações é necessária a obtenção de uma amostra integral
da rocha perfurada. Esta operação é chamada de testemunhagem.
Deve-se prever o momento em que a zona de interesse será atingida
pelo poço.
Normalmente os testemunhos tem o comprimento de um tubo de
perfuração (ou múltiplos): 9m, 18m, 27m...
Os testemunhos são obtidos por equipamento chamado barrilete. Depois
de coletados, são sumariamente descritos na sonda, embalados e enviados ao
laboratório de geologia da empresa. No laboratório são serrados e descritos
com maior detalhe.
Além da descrição do tipo de rocha, informações mais sofisticadas
podem ser obtidas:
- porosidade, permeabilidade, permeabilidades relativas, pressão capilar.
- Microfósseis (datação)
- Geoquímica (potencial gerador, tipo e maturação da matéria orgânica)
105
Figura 9.4 – Caixas com testemunhos de rochas reservatório (arenitos: Agxi,
Afm e Agbi) e selantes (folhelhos: Fn). A linha verde marca um contato entre o
arenito reservatório e o folhelho capeador. Cada caixa tem 1m de comprimento.
106
peneira de lama, no “gas trap”, e continuamente analisado no detector de
gases.
A medida em geral é realizada em UGT (unidades de gás total) e UGP
(unidades de gás pesado).
Alguns detectores podem ser bem sofisticados, chegando a fazer a
cromatografia do gás.
Geralmente os indícios descritos em amostras de calha estão
associados aos indícios de detector de gás.
107
Figura 9.5 – Trecho de um perfil de acompanhamento geológico de um poço.
108
10. Perfilagem de Poços
Perfilagem é o registro contínuo ou discreto, em escala, de parâmetros
físicos (resistivos, acústicos e radioativos), químicos ou biológicos. Devido ao
custo “relativamente baixo” e obtenção ao longo de todo o poço, pode ser
considerada, ao lado da sísmica, a principal ferramenta da geologia de
petróleo.
A operação de perfilagem é feita com a utilização de uma ferramenta de
aquisição de dados, puxada por um cabo (que tem a função de puxar a
ferramente e também de transmitir os dados). Uma unidade de perfilagem
consta do guincho e carretel, e de equipamentos que gravam e processam o
registro da perfilagem (Figura 10.1).
109
• Correlação entre poços
• Identificação dos fluidos que saturam a rocha
• Controle da profundidade e do calibre do poço
• Cálculo da porosidade e permeabilidade
• Saturação dos fluidos
• Espessura dos reservatórios
• Densidade das rochas
• Velocidade sônica
• Volume de argilas
• NENHUM PERFIL, ISOLADAMENTE, RESOLVE O PROBLEMA. DEVE-
SE UTILIZAR COMBINAÇÃO DE PERFIS
110
• Aplicação: identificação do tipo de rocha e estimativa de permeabilidade
• Resolução: 1,5m
111
• Resolução = 0,6m
• Aplicação: identificação de fluidos, especialmente gás
10.2.8 – Dipmeter
112
10.2.9 - Perfis de Imagem
113
Figura 10.2 – Trecho perfilado de um poço. Na primeira coluna a curva
de raios gama (GR) diferencia arenito (baixo valor) de folhelho (valor
elevado). Na segunda coluna estao marcados os valores de
profundidade (MD). Na terceira coluna (curva vermelha) a resistividade
(ILD) alta devido à presença de óleo no reservatório arenito. A existência
de reservatório poroso é confirmada pela combinação dos perfis
densidade (RHOB) e neutrão (NPHI)(coluna 4), pintado de amarelo onde
a curva de neutrão estiver à direta da de densidade.
114
Figura 10.3 – Quadro resumo dos principais tipos de perfis e suas aplicações.
115
Principais cutoffs:
O poço UNIT-2 foi perfilado, e encontrou dois reservatórios com óleo. Analise o
perfil e responda as questões:
116
Preencher a tabela
Zona TOPO BASE PHI(%) SW(%) So(%) Fluido Obs
A Óleo
B Óleo
B Água
117
11. Teste de Formação
É a produção temporária de um poço, com o objetivo de conhecer o
fluido, vazão, a pressão, permeabilidade, o dano e o volume do reservatório.
Basicamente, consta da colocação do intervalo (reservatório), em contato com
a pressão atmosférica através de uma tubulação.
http://images.pennnet.com/articles/os/thm/th_akos1-0902off.jpg
Figura 11.1 – Plataforma em operação de teste de formação em poço.
118
Figura 11.2 – Esquema de um teste de formação: equipamentos de superfície e de
subsuperfície.
• Planejamento do teste
• Montagem e Descida da Ferramenta
• Abertura do teste
• 1o fluxo
• 1 a estática
• 2 o fluxo
119
• 2 a estática
• Circulação Reversa
• Retirada e demontagem da Ferramenta
• Interpretação do Teste
120
Figura 11.6 - Esquema da coluna de teste em frente ao reservatório durante o
fechamento da válvula para estática. Após o fechamento, o reservatório
recupera a pressão perdida durante o fluxo. Esse crescimento de pressão é
registrado durante a etapa de estática. A pressão do reservatório (Pressão
estática) é registrada.
• Pressão Hidrostática
121
• Pressão Estática Inicial
• Pressão de Fluxo
• Pressão Estática Final
• Depleção
• Vazão
• IP (Índice de Produtividade)
• Dano
• Permeabilidade
IP = Q / (Pe-Pw)
Q = vazão
Pe = pressão estática
Pw = pressão de fluxo
122
12. Correlação e Zoneamento de Reservatórios de
Petróleo
Entende-se por correlação a identificação de superfícies (topos e bases
de camadas) em diversos poços, com base em características semelhantes
das curvas de perfis, de conteúdo fóssil etc. O objetivo da correlação é rastrear
essas superfícies, visando a elaboração de seções, mapas e modelos 3D.
O ramo da geologia que trata da correlação e do ordenamento das
camadas é a estratigrafia. Tem grande aplicação na geologia do petróleo: na
determinação da geometria do reservatório e na sua subdivisão interna
(zoneamento).
12.1 - Estratigrafia
Coluna Estratigráfica
Unidades -> São volumes limitados por duas superfícies. Por exemplo,
uma camada é limitada por uma superfície topo e uma base.
123
Figura 12.1 – Exemplo de Coluna Estratigráfica – Bacia de Sergipe-Alagoas
(Feijó, 1994)
124
Figura 12.3 – Trecho perfilado de um poço (raios gama e interpretação
litológica), com diversos marcadores reconhecidos. Esses marcadores são os
cruzamentos de superfícies com o poço. Várias supefícies são limites de
camadas.
Alguns Conceitos:
125
• Pacote de reservatórios -> conjunto de reservatórios
agrupados devido à impossibilidade de mapeamento individualizado.
Pode ser considerado, para fins práticos, como uma zona de produção.
126
Figura 12.5 – Diferença entre uma seção estrutural e uma estratigráfica, para a
mesma área. Na estrutural as superfícies e falhas estão posicionadas como
nos dias atuais. Na seção estratigráfica a profundidade dos poços foi alterada
de modo a nivelar na superfície horizontal verde (datum). A seção mostra como
era a geologia na época da deposição do datum.
127
Exercício VIII – Correlação e Seção Geológica
Pede-se:
128
129
130
13. Mapeamento Geológico de Reservatórios e Modelos
Geológicos 3D
Mapas geológicos são utilizados para a comunicação, para o
gerenciamento e para o cálculo de áreas e volumes.
Mapas são representações 2D da realidade.
Tipos de Representação:
• 1D -> perfil de poço (z)
• 2D -> mapa (x,y) , seção (y,z)
• 3D -> volume (x,y,z)
• 4D -> variação no tempo (x,y,z,t)
131
• Mapas de Espessura porosa com óleo (Ho) ou gás (Hg)-
> é o mapa somente da fração da isólita portadora de óleo (fica fora a
porcao do reservatório abaixo do contato óleo-água).
• Mapa de HPHISO -> é um mapa do produto espessura
porosa com óleo (H), porosidade (PHI) e saturação de óleo (SO). Este
mapa é utilizado no cálculo de volumes. Cada intervalo de curva
multiplicado pela área fornece o volume do reservatório.
• Mapas de NTG -> “net to gross” , é um mapa da razão
reservatório/rocha total. Retrata a qualidade do reservatório. As
informações são expressas em (x=latitude, y=longitude, z=percentual).
• Mapas de Atributos (porosidade, permeabilidade,
saturação, pressão) -> retratam a variação das propriedades no
reservatório.
132
Figura 13.2 – Mapa de Isópacas de um reservatório de arenito. As curvas de
nível retratam espessuras. Notar a forma resultante de canais distributários na
foz de um antigo rio (ambiente deltaico). Leetaru (2006).
133
Figura 13.3 – Modelo 3D representando a estratigrafia de uma área. As
diversas cores representam diferentes tipos de rochas (laranja = arenito
grosso, amarelo = arenito, verde = folhelho). Os diversos poços estão
representados em vermelho.
134
Uso dos Modelos 3D
1 - SIMULAÇÃO DE FLUXO:
A geologia é representada por um modelo numérico (geocelular)
contendo as propriedades de interesse para o modelo de fluxo:
porosidade,permeabilidade e saturações dos fluidos.
Do simulador saem resultados importantes como a curva de previsão de
produção de fluidos e o fator de recuperação final do reservatório.
2 – CHEQUE DE INTERPRETAÇÃO
As interpretações geológicas só serão verdadeiras se
tridimensionalmente factíveis. Por isso, a interpretação geológica concomitante
com o modelo 3D está se tornando rotineira
3 – CÁLCULO VOLUMÉTRICO
Realizações múltiplas de modelos 3D são comumente utilizadas para a
geração de distribuição de volumes de petróleo, ou seja, avaliar a incerteza.
135
Figura 13.5 – Modelo 3D integrando reservatórios, poços, instalações e
plataformas em uma área offshore.
136
Exercício IX – Mapeamento Estrutural do Reservatório
137
Exercício X – Confecção de um mapa volumétrico
VOIP = A * ho * phi * So / Bo
138
MAPA BASE COM CÉLULAS DISCRETIZADAS
139
14. Previsão de Produção
Um dos principais objetivos da geologia de petróleo é fornecer à
engenharia de reservatórios o modelo geológico. Um dos produtos do modelo
geológico é o volume de óleo in place. A partir do VOIP, a engenharia de
reservatórios estima o volume recuperável e a curva de previsão de produção.
Vários métodos podem ser utilizados na previsão de produção, entre eles as
curvas de declínio e a simulação de reservatórios.
Trataremos aqui do método mais simples (e ainda o mais utilizado) na
engenharia de reservatórios, a curva de declínio. Todo reservatório, que produz
através de um ou mais poços, apresenta com o tempo uma queda de
produção, acompanhada de aumento de produção de água e/ou gás. Com
base neste comportamento, podem ser ajustadas curvas (representadas por
equações matemáticas) ao histórico de produção, de modo a prever o futuro do
reservatório. O modelo matemático mais freqüente é o exponencial, típico dos
reservatórios com gás em solução, onde a vazão do(s) poço(s) declina(m)
segundo uma taxa exponencial em relação ao tempo.
Fórmulas do declínio:
Q = Qi * e-ααt
α = dQ / dt
Np = (Qi – Q) / α
Q – vazão em determinado momento (m3/d)
Qi – vazão inicial (m3/d)
α – taxa de declínio (/dia)
t – tempo (dias)
Np – Produção acumulada (m3)
α) * ln (Qi/Qf)
T = (1/α
Obtenção da taxa de declínio exponencial:
Np = (Qi – Q) / α
140
Exemplo:
α = (Qi – Q) / Np
α = (100 – 1) / 100.000
α = 99 / 100.000
α = 0,001
• VR = VOIP * FR
141
Exercício XI – Previsão de Produção
142
Figura 14.1 - Obtenção do declínio, tempo de vida do reservatório e curva de
produção utilizando planilha EXCEL.
143
144
15. Reservas
- No início da vida do campo, RESERVA é o Volume Recuperável: desde que
tecnicamente e economicamente viável.
Reserva = VR – Np
- Uma reserva pode ser aumentada sem alterar o VOIP. Exemplo. Aumentando
o Fator de Recuperação através de injeção de água, de 20% para 40%,
estaremos duplicando a reserva.
Incerteza na Reserva:
145
Figura 15.1 – Relação matemática entre produção acumulada, reserva,
histórico e previsão de produção.
16. Bibliografia
Press, F.; Siever, R.; Groetzinger, J.; Jordan, T.H. Para Entender a Terra
Ed.Artmed, 656p, 2006.
146
Teixeira, W.; Taioli, F.; airchield, T.; Toledfo, M.C.M. Decifrando a Terra,
Companhia Editora Nacional, São Paulo, 558p, 2008.
147