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OS DEUSES DE TODAS AS TRIBOS

Por Leonardo Portela

Desde o princípio da humanidade o homem tem a necessidade de acreditar na existência de


um Deus, ou Princípio Criador.
Em remotos tempos como a Idade da Pedra, temos provas científicas e arqueológicas que já
haviam ritos sagrados aos Deuses.
Para entender melhor como funcionava a religião e como ela se desenvolveu de acordo com
cada cultura façamos um paralelo com a mitologia e o costume dos povos em seu tempo.

Mas o que é Mitologia?


Através do mito e da religião podemos entender a cultura e a mentalidade de seus devidos
povos, pois a ligação do homem com a sua religião reflete na postura do mesmo em relação
à vida e as coisas.
Quando falamos de mitos ou mitologia sempre nos vêem a mente Grécia com seus deuses
do Olimpo ou ainda o Egito e suas pirâmides, mas a mitologia está presente em todos os
lugares em todos os tempos, afinal Mitologia é um conjunto de mitos, narrativas fabulosas e
lendas próprias de um povo, uma civilização e/ou religião.
Geralmente, esses mitos narram questões fundamentais da existência humana e seu lugar ao
cosmos 1 junto aos deuses.
Temos os mitos religiosos dos gregos, dos romanos que são muito parecidos devido a cultura
grega ter sido assimilada pelos romanos, hoje em dia comumente chamamos de mitologia
greco-romana, a mitologia nórdica, egípcia, maia ou ainda a aborígine, africana, árabe,
assíria, asteca, chinesa, eslava, etíope, estoniana, fenícia, fino-húngara, havaiana, hindu,
japonesa, judaica, líbio-Armênia, malaia, da Oceania, persa, polonesa ou polaca, russa, Síria,
samoieda, tupi-guarani, islâmica e cristã.

Onde entram os Deuses nessa história?


Como já foi dito, a necessidade do homem em explicar os mistérios da vida e achar
respostas para perguntas como de onde vimos? Ou pra onde iremos? Foi o que nos levou
para criar mitos e a própria mitologia.
Em variadas culturas e civilizações esses mitos deram nascimento aos deuses. Muitas vezes
esses deuses tem características humanas ou de animais, mas sempre com uma referência
ao que já conhecemos.
Por exemplo, os deuses gregos com personalidades fortes e aparência humana, ou os
deuses egípcios que às vezes aparecem com aparência humana misturada com a de
animais.
Ou seja, cada cultura usava o que conhecia para falar sobre o que não conhecia.
Como é um assunto bastante amplo, digno de um livro de história, filosofia ou mitologia,
dividiremos essa coluna em partes para falar sobre os deuses das principais culturas e seu
panteísmo.

OS DEUSES AFRICANOS (PARTE I)


ODUDUA O MITO:

Odudua orixá iorubano, ora masculino, irmão de Obatalá (nome africano de Oxalá), ora
feminino e esposa de Obatalá, simbolizando a “mãe terra” e Obatalá o céu. Esta união é
simbolizada por duas meias-cabaças pintadas de branco, unidas uma sobre a outra,
formando uma bola (o universo) que contém a vida.
Odudua - (cabaça de onde formou a vida)

Odudua, divindade da mitologia Africana criadora da matéria, onde surgiu a vida. É


divindade diretamente ligada à cabaça, a terra, argila e às funções de reprodução.
A mitologia Africana, invocando um tempo em que as mulheres governavam, nos revelam
que; Odudua havia recebido de Olodumare o poder dos orixás, representado por um
pássaro e uma cabaça símbolo do universo.
Tornou-se autoridade do universo e governou-se. Abusou do poder e Olodumare retirou-lhe
a autoridade para confiá-la a Obatalá.
Odudua comanda e controla a fisiologia feminina, a menstruação, a reprodução, assim
como, a fecundação.

Odudua – (cabaça de onde jorrou a vida).


Odudua briga com Obatalá e o Céu e a Terra se separam.

No princípio de tudo, quando não havia separação entre o céu e a terra, Obatalá e Odudua
viviam juntos dentro de uma cabaça.
Viviam extremamente apertados um contra o outro, Odudua embaixo e Obatalá em cima.
Eles tinham sete anéis que pertenciam aos dois. À noite eles colocavam seus anéis. Aquele
que dormia por cima sempre colocava quatro anéis e o que ficava por baixo colocava os três
restantes. Um dia odudua, deusa da terra, quis dormir por cima para poder colocar nos
dedos os quatro anéis. Obatalá o deus do Céu, não aceitou. Tal foi a luta que travaram os
dois lá dentro que a cabaça acabou por se romper em duas metades. A parte inferior da
cabaça, com Odudua, permaneceu embaixo, enquanto a parte superior, com Obatalá, ficou
em cima, separando-se assim o Céu da Terra.
No início de tudo, Obatalá, Deus do Céu, e Odudua, Deusa da Terra, viviam juntos. A
briga pelos anéis os separou e separou o Céu da Terra.
Odudua cai na armadilha que ele mesmo preparou para Oxalá.
Sempre reinou grande e irreconciliável rivalidade entre Odudua e Obatalá.
No começo devia Obatalá criar o mundo a mando de Olodumare.
Mas Obatalá não realizou os sacrifícios que lhe foram recomendados.
Seu castigo não tardou e no caminho da Criação ele bebeu vinho demais.
Ao matar a sede que o consumia, acabou se embebedando e adormeceu na estrada.
Odudua, que tinha feito os sacrifícios, roubou de Obatalá o saco da Criação e com tudo o
que havia dentro fez o mundo.
Quando Oxalá acordou da bebedeira deu-se conta do seu erro e inconformado viu que o
mundo acabara de nascer.
O ser supremo castigou Obatalá impondo-lhe muitos tabus, mais lhe deu a oportunidade de
completar a criação, uma vez que o homem ainda não havia sido feito.
E Obatalá criou o homem.
Obatalá propagou entre os quatrocentos e um imoles que ele é que havia sido escolhido
por Olodumare para a Criação e que Odudua o enganara e se aproveitara de obstáculos
intransponíveis, que no seu caminho foram levantados, certamente pela inveja de Odudua.
Muitos imoles, as antigas divindades, ficaram seus partidários, enquanto outros preferiram
tomar o partido de Odudua.
Desde esses tempos começaram as contendas entre Oxalá e Odudua e até hoje um não
quer curvar-se perante o outro em cumprimento.
O Mito da Criação.
Obatalá foi o primeiro orixá criado por Olodumare, com a incumbência de criar o mundo.
Com o poder de sugerir e o de realizar. Para cumprir sua missão, Olodumare entregou-lhe
o “saco da criação”. O poder que lhe fora confiado não o dispensava, entretanto de
submeter-se a certas regras e de respeitar diversas obrigações como os outros orixás.
Como em razão de seu caráter altivo, ele se recusou a fazer alguns sacrifícios e oferendas a
Exu, antes de iniciar sua viagem para criar o mundo. Obatalá iniciou sua caminhada
apoiado em seu cajado para fazer as cerimônias. No momento de ultrapassar a porta do
Além, encontrou Exu, que, entre as suas múltiplas obrigações, tinha a de fiscalizar as
comunicações entre os dois mundos. Exu, descontente com a recusa de Obatalá em fazer
as oferendas prescritas, vingou-se o fazendo sentir uma sede intensa. Obatalá, para matar
sua sede, não teve outro recurso senão o de furar, com o seu cajado, a casca do tronco de
um dendezeiro. Um líquido refrescante dele escorreu: era o vinho de palma. Ele bebeu
abundantemente. Ficou bêbado, caiu adormecido. Veio então Odudua, criado por
Olodumare depois de Obatalá e o maior rival deste. Vendo o grande orixá adormecido,
roubou-lhe o “saco da criação”, dirigiu-se à presença de Olodumare para mostra-lhe o seu
achado e lhe contar em que estado se encontrava Obatalá. Olodumare exclamou: “se ele
está nesse estado, vá você, Odudua! Vá criar o mundo!”. Odudua saiu do além e se
encontrou diante de uma extensão ilimitada de água. Deixou cair a substância marrom
contida no “saco da criação”. Era a Terra. Formou-se, então, um montículo que ultrapassou a
superfície das águas. Ai, ele coloco uma galinha cujos pés tinham cinco garras, esta começou
a arranhar e a espalhar a terra sobre a superfície das águas. Onde ciscava, cobria as águas,
e a terra ia se alargando cada vez mais, Odudua tornou-se assim o rei da terra. Quando
Oxalá acordou não mais encontrou ao seu lado o “saco da criação”. Despeitado, voltou a
Olodumare. Este como castigo pela sua embriagues, proibiu ao grande Orixá, beber vinho
de palma. Confio-lhe, entretanto, como consolo, a tarefa de modelar no barro o corpo dos
seres humanos, aos quais ele, Olodumare, insuflaria a vida.

Quem são os Orixás?


Orixás, divindades da religião africana, principalmente do candomblé de origem ioruba.
Simbolizam as forças da natureza. Invocados, encarnam nos médiuns, ou filhos-de-santo.
Intermediários entre os devotos e o deus superior Olorum. Da cultura ioruba, o culto
estendeu-se para outros grupos de africanos e, hoje, também para a população branca. Os
principais orixás são Oxalá, Xangô (raio, trovão), Ogum (guerra, luta), Oxossi (caça,
matos), Iemanjá (águas salgadas, peixes), Oxum (águas doces), Omulu ou Obaluaiê
(doenças, pestes), Oxumarê (arco-íris), Iansã (ventos, tempestades), Nanã Burucu
(chuva), Ibeji (fecundidade) e Obá. Oxalá é macho e fêmea, Iemanjá, Obá, Iansã,
Oxumarê, Oxum e Nanã são femininos. Os demais são masculinos. Na umbanda são
representados por santos católicos.

Mais alguns exemplos:

Ala
Ala ou Ane é a deusa criadora da vida e senhora da morte, mãe da Terra para a tribo Ibo,
na Nigéria.
Cuidava e protegia seu povo, providenciando tudo o que favorecia e sustentava a vida: ela
deu as leis, ensinou os preceitos da moralidade, forneceu os meios para curar as doenças e
estava presente no momento em que a alma fazia a sua passagem.
Entre as representações, Ala ela pode estar cercada de crianças ou segurando inhames e
uma faca nas mãos, símbolos da vida e da morte.

Oyá
Originalmente, Oyá era a deusa ioruba padroeira do rio Níger. Depois passou a personificar
a força das tempestades, dos ventos e dos relâmpagos. Oyá significa "quebrar, rasgar", pois
seus ventos quebram as superfícies calmas da água.
Oyá é uma guerreira de temperamento fogoso, protetora das mulheres envolvidas em
disputas ou lutas. Mas seu poder é tanto construtivo quanto destrutivo. Foi ela quem deu o
poder do fogo e dos raios ao seu irmão e esposo, o deus Xangô.
Em seu aspecto escuro - "Egungun Oyá" - é a Senhora dos Mortos, a sentinela dos
cemitérios. Como padroeira da justiça e da memória, Oyá preserva as tradições ancestrais.
Suas insígnias são: chifres de búfalo, espada, espanador (com o qual controla os eguns - os
desencarnados).
Na migração do mito é conhecida no Brasil como Iansã; em Cuba, como Olla; no Haiti,
como Aido Wedo e em Nova Orleans, é Brigette. Ou seja, uma das mais importantes
deusas do candomblé, umbanda, santeria e vodu.

Tji Wara
Tji Wara é a deusa africana da agricultura.
Os camponeses, para obter abundância nas colheitas, invocavam as bênçãos de Tji Wara no
ato do plantio e faziam reverências a ela no momento da colheita, oferecendo-lhe os
primeiros frutos e as espigas de milho; às vezes, sacrificavam algum animal e salpicavam a
terra com o sangue do mesmo.

Yemanjá
Yemanjá, Ymojá ou Yemoyá é a Deusa Mãe nigeriana da água salgada e uma das
maiores deusas africanas.
Era representada como uma mulher madura, com seios volumosos, longos cabelos negros,
cercada de conchas e peixes.
O verdadeiro nome de Yemanjá é Yeyá Omo Ejá ("mãe cujos filhos são peixes"). Seus
vários nomes nada mais indicam do que a representação dos sete caminhos pelos quais
chega ao local de sua origem: mar, lagoa, rio, fonte, espuma, ondas e arrecifes.
Na Nigéria, ela era a deusa ioruba regente do rio Ogum, filha do mar, para cujo seio ela
fluía. Como Mamma Watta, a Mãe d'água, deu origem a todas as águas e gerou inúmeras
outras divindades. Mesmo dormindo Yemanjá criava novas fontes de águas.
A Senhora dos Oceanos. Trabalha em favor do amor, da família e a educação das crianças,
além da maternidade. Conta o mito da criação, que dos seios fartos de Iemanjá, brotaram os
oceanos e com ele os orixás seus filhos: Exu, Ogum, Oxossi, Xangô e Oxum.

Oxum
Oxum é a deusa ioruba das fontes e dos rios, do amor, da sensualidade e da arte. Suas
insígnias são: pulseiras e colares dourados, leque, espelho e seixos brancos de rio.
Oxum é a principal divindade dos Oshogobó (religião africana) e recebe oferendas em
"mulukun" (feijão fradinho com cebola e camarão), "adun" (farinha de milho com azeite e
mel) e objetos de cobre e latão, particularmente jóias.
Tanto no Brasil quanto na África é cultuada no candomblé; em Cuba e no Haiti, na santeria,
é chamada de Erzulie ou Freda.
É o Orixá da beleza, amor e fertilidade. Bonita, muito elegante, charmosa, e possessiva. Está
sempre tentando ajudar, gosta de doar roupas e brinquedos.
Adora se adorar, e gosta de tons claros nos cabelos. Muito intuitiva e feiticeira, sente que
algo não está bem. É anfitriã adorável e de boa fé, não percebendo maldade dos inimigos.

Mawu
Grande Mãe em Daomé, Mawu é a criadora do universo e que estabeleceu a ordem no
caos primordial. É a criadora da Terra e dos seres humanos.
No início, Mawu usou argila para modelar os corpos. Terminada a argila, passou a
ressuscitar os mortos, fato que explica a semelhança de certas pessoas com seus ancestrais.
E assim foi crescendo e se fortalecendo a humanidade; contudo, as pessoas se tornaram
violentas e arrogantes e isso aborreceu Mawu, fazendo com que se retirasse para sua
morada no céu. Com a situação na Terra se complicando a cada dia, ela mandou seu filho
Lisa para ensinar à humanidade a obediência e o respeito às leis.
Alguma vezes Mawu aparece como a senhora da Lua e Lisa um deus solar. Outras vezes é
representada com dois rostos: um de mulher, com luas nos olhos e regendo a noite, por isso
chamada de deusa da noite e do amor; o outro de homem, com sóis nos olhos e regendo
o dia e chamado Lisa.
Um provérbio africano diz: "Lisa pune, mas Mawu perdoa", caracterizando suas qualidades
maternais.

Harrakoi Dikko
Os africanos celebram muitas entidades como deusas das águas e da fertilidade.

• Benim: Harrakoi Dikko, a Mãe d'água;


• Daomé: Afreketé, deusa protetora do mar;
• Gana: Abenawa e Aberewa, deusas protetoras da pesca;
• Mali: Nummo, a Mãe d'água primordial;
• Nigéria: Oxum, deusa da água doce e da sexualidade; Obá, deusa do rio e do amor;
Yemanjá, a Mãe Universal e Senhora das águas;
• Uganda: Mukasa, deusa protetora da pesca e Nagodya, deusa protetora dos lagos.

Exu
Exu é o senhor do bem e do mal. Ele está em todos os locais e fala todas as línguas. É a
própria comunicação. É o orixá da inteligência, do bom humor, dos amantes da vida e da boa
mesa, das cores e odores.
É o Orixá da guerra, deus do ferro, divindade que forja o ferro, transformando em
instrumento de luta, protege os filhos das demandas, protege os filhos contra os perigos do
dia-a-dia. Na criação do mundo, Olorum, senhor do universo encarregou Ogum de ir à
frente, com sua espada encantada, abrindo caminho para os outros Orixás. Ogum abriu
todas as estradas e caminhos desta vida, sendo chamado por isso de Asiwajú - o pioneiro;
orixá desbravador.

Ossanha
Detém o conhecimento do uso medicinal das plantas e ervas.

Oxalá
O Senhor da criação. Trabalha em favor da paz e da ordem. Diz o mito que quando Olorum
criou o Universo, encarregou Obatalá conhecido por Oxalá, da criação de todos os seres
vivos existentes no Ayê, a terra, e Odudua da criação de toda a matéria viva. O mundo é
representado por uma cabeça dividida em duas partes: a parte superior corresponde a
Oxalá, o Senhor da criação, princípio masculino do Universo, e a inferior a Odudua, o
princípio feminino da criação. Oxalá e Odudua não se separam. Há quem acredite que
sejam a mesma pessoa, a mesma energia.

Oxossi
Orixá provedor e da fartura. Conta a lenda, quando Ayê - a terra - , foi criado, Olorum
encheu-o de animais de todos os tipos, encarregando Odé - a caçador, também conhecido
por Oxossi, irmão caçula de Ogum, o guerreiro, de ser patrono dos animais, padroeiro dos
caçadores e da caça. Oxossi é o Orixá provedor, o responsável por trazer alimento e todas
as pessoas; o Senhor da Ecologia.

Xangô
É o Orixá da justiça, corrige injustiças, protege contra catástrofes.
Autoritário, severo, líder, mandão, político, afortunado financeiramente e nos negócios,
convencedor, ambicioso, sabe tratar os negócios como ninguém.
Líder nato e disciplinado acha que nunca está errado.

Yansã
A Senhora da Alegria. Há quem acredite que Yansã seja a versão feminina de Xangô e vice-
versa. Ela é a senhora dos ancestrais: Transporta os mortos do Ayê (terra) e Orun (céu),
fazendo-os nascer numa outra vida. É o Orixá que protege contra os desastres e acidentes,
dá coragem e impulsividade, fiscaliza o ritual e a conduta dos presentes ao ritual.

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