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Proteção de Sistemas Elétricos
Elétricos

1 – Relés Diferenciais de Corrente


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1 - INTRODUÇÃO
Os relés diferenciais são a mais importante forma de proteção de transformadores de potência,
e podem estar submetidos a diferentes fatores que propiciam uma operação indesejada do
disjuntor, ou seja:
 correntes de magnetização transitória do transformador;
 defasamentos angulares;
 diferenças de corrente em função dos erros introduzidos pelos transformadores de corrente;
 diferenças de correntes no circuito de conexão do relé em função dos tapes do
transformador de potência.

I cc
TC P T CS
69KV
 13,8KV

Y
F
Y

Ip Is
Ip BR BR
Is
A B

Ip Is
BO
I = 0

Relé diferencial

Fig. 10.46 – Relé diferencial na condição de não-operação

2 – Relés Diferenciais de Corrente


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I cc
I cc TCP TCS

Y F

I1 I2

I1 BR BR I2
A B

I1 I2

I = Is - I p
BO


Fig. 10.47 – Relé diferencial na condição de operação
1.1 – Relés diferenciais de indução
a) É importante notar que as correntes de uma mesma fase que circulam no relé diferencial
não devem possuir diferenças angulares.
b) Os transformadores de corrente não devem apresentar erro superior a 20% até uma
corrente correspondente a oito vezes a corrente do tape a que o relé está ligado, a fim de evitar
uma atuação intempestiva do disjuntor.
c) A ligação do transformador de corrente deve ser executada de forma que, para o regime de
operação normal, não circule nenhuma corrente na bobina de operação.

3 – Relés Diferenciais de Corrente


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d) Como será detalhado no Capítulo 12, quando um transformador é energizado, flui uma
corrente de magnetização de efeito transitória, também denominada de corrente de excitação,
cujo valor é significativamente elevada, visto pela proteção diferencial como um defeito interno
ao equipamento. O valor de pico dessa corrente pode atingir valores compreendidos entre 8 a
10 vezes a corrente do transformador a plena carga. Alguns fatores atenuam a magnitude
dessa corrente, ou seja:
 impedância equivalente do sistema de alimentação do transformador;
 potência do transformador;
 fluxo residual;
 maneira pela qual é energizado o transformador;
 Se o transformador for energizado quando a tensão está passando pelo zero natural, obtém-
se a máxima corrente de magnetização, o que, por probabilidade, é uma situação difícil de
ocorrer.
1.2 – Relés aplicados na proteção diferencial
1.2.1 - Relés de sobrecorrente
Os relés de sobrecorrente constam normalmente de uma unidade de sobrecorrente
instantânea, além da unidade temporizada que o caracteriza. A unidade instantânea é
normalmente ajustada para um elevado valor de corrente. São de aplicação limitada por
favorecer operações intempestivas do sistema, de acordo com as seguintes causas:
 corrente de magnetização do transformador durante a sua energização;

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 saturação dos transformadores de corrente em diferentes níveis, provocando correntes


circulantes no circuito diferencial.
1.2.2 - Relés diferenciais com restrição percentual
 Esse tipo de relé é dotado de uma bobina de restrição cuja função é restringir a operação do
relé, além da bobina diferencial, conforme Fig. 10.47.
 A corrente da bobina de restrição é proporcional a ( I p  I s ) / 2 , já que a bobina de operação é
conectada no centro da bobina de restrição. Assim, a relação da corrente diferencial I  I p s

para a corrente média de restrição ( I p  I s ) / 2 mantém um valor fixo, sem contar, é claro, com
o pequeno efeito da mola de controle, no caso dos relés eletromecânicos.
 O valor da restrição imposto aos relés é estabelecido como uma percentagem da corrente
solicitada pela bobina de operação BO para vencer o conjugado resistente ou de restrição, o
que é denominado normalmente inclinação característica, cujo valor pode variar entre 15 a
50%. A inclinação percentual aumenta quando o relé se aproxima do limite de operação
devido ao efeito cumulativo de restrição da mola e da restrição elétrica.
1.2.3 - Relés diferenciais com restrição percentual e por harmônica
Esses relés são os mais empregados nos esquemas de proteção diferencial,
independentemente da grandeza do sistema ou de sua responsabilidade. Utilizam, além da
restrição percentual, as harmônicas presentes na corrente de magnetização dos
transformadores durante a sua energização, a fim de bloquear a sua operação ou elevar o
valor da corrente de acionamento, tornando-se viável o ajuste de corrente de baixo valor e
tempos de retardo reduzidos, sem o inconveniente de se ter uma operação indesejada.

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Os relés diferenciais são também dotados de um determinado número de derivações para se


ajustar o balanceamento da corrente. Além disso, há outro número de derivações para o ajuste
da inclinação característica entre 15 a 50%.
O emprego desses relés é justificado pelas seguintes razões:
 elimina a possibilidade de operação do disjuntor durante a energização do transformador ou
mesmo durante o seu período de funcionamento normal;
 apresenta um tempo de operação cerca de cinco vezes maior do que os relés sem restrição;
 apresenta corrente de operação cerca de 2,5 vezes menor do que os relés sem restrição.
A bobina de restrição, BR, do relé apresenta, em geral, os seguintes valores de percentagem
de harmônicos que consegue restringir, ou seja:
 2ª harmônica: 24%;
 3ª harmônica: 23%;
 5ª harmônica: 22%;
 7ª harmônica: 21%.
A restrição da 2ª harmônica inibe a atuação do disjuntor durante a energização do
transformador. Já a restrição das 3ª e 5ª harmônicas é empregada para inibir o disparo do
disjuntor durante um processo de sobreexcitação do transformador, como, por exemplo,
quando ele está submetido a uma carga de elevado efeito capacitivo.
Quando houver uma diferença de 10 a 15% entre as correntes dos secundários dos
transformadores de correntes instalados em ambos os lados do transformador de força em
condições normais de operação, deve-se empregar transformadores de corrente auxiliares. É

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aconselhável aterrar os secundários comuns dos transformadores de corrente em um só ponto


para evitar falsa operação do relé diferencial.
A corrente de acionamento do relé diferencial é diretamente proporcional ao tape escolhido.
Quando o circuito de restrição estiver desenergizado, a corrente de acionamento ocorre, em
média, a 40% do valor da corrente do tape utilizado, observando que, em geral, a unidade
instantânea quando existir não oferece nenhuma restrição à sua operação.

TCp
A B C

TC p
D I S J U N T O R - 52 - H
TC auxiliar
Transformador

BR D I S J U N T O R - 52 - H

TRANSFORMADOR
Relé diferencial

BO Relé
diferencial

BO
D I S J U N T O R - 52 - L
D I S J U N T O R - 52 - L

TCs

TC auxiliar
TCs

Fig. 10.48 – Esquema trifilar Fig. 10.49– Ligação diferencial com TC auxiliar

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F F F
10
9
Declividade
8

Corrente de Operação
87.1
87.2 40%
7

(Múltiplos da Nominal)
URH 87.3 86.2 86.3
AUX
6
125 OU 220 Vcc

87.2 87B 87C


B.87 30%
URH 5
52 - H 52 - L 4
20%
86.1 3
2
1
B.86 52 - H 52 - L
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Corrente de Restrição I r (Múltiplos da Nominal)

Fig. 10.50 – Ligação de um relé diferencial Fig. 10.51 – Curva de um relé diferencial
Os relés diferenciais eletromecânicos são fabricados em unidades monofásicas, enquanto os
mesmos relés na versão eletrônica são normalmente comercializados em unidades contendo a
proteção das três fases.
Em geral, são disponíveis três tapes de inclinação percentual da corrente de restrição, ou seja:
20, 30 e 40%, conforme se observa na Fig. 10.51. Tanto a corrente de restrição como a
corrente diferencial nesse gráfico são dadas em função do múltiplo da corrente do circuito.
Para se determinar a percentagem da corrente de restrição de acordo com o gráfico da Fig.
10.51, deve-se proceder da seguinte forma:
 Determinar o valor médio da corrente que circula pela bobina de restrição, ou seja:
Is  I p
Im 
2

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I p- corrente que entra no relé pelo terminal ligado ao TC instalado no lado de alta tensão;
Is- corrente que entra no relé pelo terminal ligado ao TC instalado no lado de baixa
tensão;

 Determinar o valor da corrente diferencial, isto é, a corrente que circula na bobina de


operação do relé:
I d  I s  I p

 Determinar o ajuste da declividade percentual do relé:


I d
Ad   100
Im

Para facilitar a escolha das derivações do relé diferencial pode-se calcular a matriz da Tab.
10.12, que corresponde à relação entre os valores nominais das correntes dos tapes
disponíveis.
As Figs. 10.53, 10.54 e 10.55 demonstram os esquemas trifilares de proteção diferencial para
diferentes tipos de conexão de transformadores de potência.

9 – Relés Diferenciais de Corrente


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Tab. 10.11 – Cargas dos relés TC

diferenciais – GE
Transformador

Tapes Acionamento Circuito de operação Circuito de restrição RD


mínimo sem Cargas Impedância Cargas Impedância
TC TC
restrição VA  VA 
2,9 0,87 3,2 0,128 1,3 0,052
3,2 0,96 2,7 0,108 1,2 0,048
3,5 1,05 2,4 0,096 1,1 0,044
3,8 1,14 2,0 0,080 1,0 0,040
4,2 1,26 1,9 0,076 0,9 0,036
4,6 1,38 1,6 0,064 0,8 0,032
Carga Carga
5,0 1,50 1,5 0,060 0,7 0,028
8,7 2,61 0,7 0,028 0,5 0,020

Fig. 10.52 – Transformadores


com 3 enrolamentos
1.3 – Proteção de barramentos
O barramento principal de uma subestação concentra uma grande quantidade potência e,
portanto, pode provocar sérias perturbações no sistema elétrico quando está submetido a uma
falta.
A proteção de barramento deverá garantir para cada barra protegida uma rápida intervenção
da proteção, porém de forma seletiva.
Tab. 10.12 – Matriz de relação das derivações
10 – Relés Diferenciais de Corrente
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Tapes Tapes disponíveis no relé lado de BT


lado AT 2,9 3,2 3,5 3,8 4,2 4,6 5,0 8,7
2,9 1,000 1,103 1,207 1,310 1,448 1,586 1,724 3,000
3,2 1,000 1,094 1,188 1,313 1,438 1,563 2,719
3,5 1,000 1,086 1,200 1,314 1,429 2,486
3,8 1,000 1,105 1,211 1,316 2,289
4,2 1,000 1,095 1,190 2,071
4,6 1,000 1,087 1,891
5,0 1,000 1,740
8,7 1,000

Transformador
TCP TCS
Ih Ie
Ip Is

BR BR

BO

BR BR

BO
Relé diferencial
BR BR

Ip BO Is

Relé diferencial

Fig. 10.53 – Esquema diferencial: conexão triângulo-estrela


A proteção de barramento pode ser realizada utilizando os seguintes métodos:
 proteção diferencial;
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 proteção de distância, utilizando a segunda zona de proteção.


No presente caso serão apresentados os principais esquemas básicos de configuração de
barramento da subestação que pode merecer o emprego da proteção diferencial.
Um barramento de uma subestação pode ser projetado com diferentes configurações, ou seja:
a) Arranjo em barra simples

TCP Ih Transformador Ie TCS

Ip Is

BR BR

BO
BR BR

BO
BR BR

TC Auxiliar BO TC Auxiliar
Relé diferencial

Fig. 10.54 – Esquema diferencial: conexão estrela aterrada-triângulo-estrela aterrada

12 – Relés Diferenciais de Corrente


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Ie
TCP Transformador TCS
Ih

Ip Is
Transformador
de aterramento

BR BR

BO
BR BR

BO
BR BR

BO Is

Relé diferencial

Fig. 10.55 – Esquema diferencial: conexão estrela aterrada-triângulo com transformador


de aterramento
b) Arranjo em barra seccionada
Esta configuração se caracteriza pela instalação de dois barramentos conectados através de
um disjuntor, conforme Fig. 10.57. Dependendo do tipo de proteção projetada, um defeito em
quaisquer uma das barras (I ou II) provocará a desconexão de todas as linhas de alimentação
e carga ligadas à seção do barramento defeituoso.

13 – Relés Diferenciais de Corrente


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CS CS CS CS CS CS

52 52 52 52 52 52

CS CS CS CS CS CS

I II
52
CS CS

CS CS CS CS CS CS CS CS

52 52 52 52 52 52 52 52

CS CS CS CS CS CS CS CS

TR TR TR TR

Fig. 10.56 – Barra simples Fig. 10.57 – Barra seccionada


c) Arranjo em barra dupla com disjuntor e meio
Podem-se classificar as proteções de barramento em três arranjos fundamentais.

14 – Relés Diferenciais de Corrente


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CS CS CS

52 52 52

CS CS CS

CS CS CS

52 52 52
Ih Ih

CS CS CS Fonte
52 52 Carga
TC TC
CS CS CS
Ip Is
52 52 52
Ih

CS CS CS 52 Carga
TC

Is

TR TR
87

Fig. 10.58 – Disjuntor e meio Fig. 10.59 – Corrente diferencial


a) Esquema de corrente diferencial por simples balanço de corrente

15 – Relés Diferenciais de Corrente


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É um esquema pouco utilizado. Neste caso, os secundários dos TCs são conectados em
paralelo e um relé de sobrecorrente é conectado, de acordo com a Fig. 10.59. Como a soma
vetorial das correntes nos alimentadores é nula, logo não há corrente fluindo no relé de
sobrecorrente diferencial unidade 87.
No entanto, existe na prática diferenças de características técnicas dos TCs que podem
propiciar um fluxo de corrente através do relé de sobrecorrente, mesmo que a soma vetorial
das correntes no primário seja zero. Essa corrente poderá ocasionar uma operação
intempestiva do relé.
Da mesma forma, se houver saturação dos TCs poderá fluir uma corrente no relé de
sobrecorrente que realizará uma operação indesejada.
b) Esquema de corrente diferencial por balanço de corrente com circuito de estabilização
Foi agregado ao esquema anterior um circuito de estabilização que permite melhorar o
desempenho desse tipo de esquema, mesmo nos casos de eventuais erros dos TCs ou nos
processos de saturação dos mesmos.
c) Esquemas diferenciais percentuais
São esquemas muito semelhantes aos esquemas de proteção diferencial de transformadores
de potência. A Fig. 10.60. mostra este tipo de esquema, sendo 87R e 87OP respectivamente
as bobinas de restrição e de operação.
Se houver um defeito esterno à zona de proteção fluirá uma corrente na bobina de restrição do
relé diferencial. A corrente na bobina de operação, devido à saturação do TC será pequena.
Neste caso, deve-se ajustar o relé para que o mesmo não atue para uma determinada relação
percentual de corrente entre a corrente de restrição e a de operação.

16 – Relés Diferenciais de Corrente


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BARRA
Ih Ih

Fonte 52 52 Carga
TC TC

Is
Is

Ih
52
TC

R R

OP

Fig. 10.60 – Esquema de proteção diferencial de barramento


Devem ser observados alguns requisitos básicos:
a) Dimensionar os TCs de forma a impedir a sua saturação. Caso contrário poderá ocorrer uma
saída intempestiva dos disjuntores, comandados pelo relé diferencial.
b) Dimensionar os TCs com a mesma RTC.
c) Utilizar condutores de interligação entre os TCs e o relé de seção elevada, não inferior a 6
mm².
d) Evitar de utilizar relés instantâneos.
e) Temporizar o relé diferencial em 0,2 ou 0,3 s se for suportável pelos equipamentos.
17 – Relés Diferenciais de Corrente
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1.3.1 – Proteção diferencial de geradores síncronos


As principais condições anormais de operação de um gerador são:
 curto-circuito nos enrolamentos;
 operação em sobrecarga;
 sobreaquecimento dos enrolamentos e mancais; TCp TCp TCp

 perda de sincronismo. Disjuntor / Chaves


Relé
 sobrevelocidade; diferencial

G
 operação com correntes desequilibradas;
BO
~
 perda de excitação;
BR
 motorização do gerador; TCs TCs TCs

Fig. 10.61 – Esquema básico de uma proteção


diferencial de um gerador

Os relés diferenciais protegem os geradores elétricos contra as seguintes anormalidades no


sistema:
 defeitos internos nos geradores, com exceção para defeitos entre espiras;
 defeitos nos condutores primários, dentro da zona de proteção;

18 – Relés Diferenciais de Corrente


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 defeitos monopolares em praticamente qualquer ponto do enrolamento do estator.


Os relés diferenciais não garantem a proteção do gerador para as seguintes anormalidades do
sistema:
 defeitos entre as espiras dos enrolamentos;
 rompimento dos enrolamentos do estator originando circuitos abertos;
 defeitos externos à zona de proteção;
 defeitos monopolares entre os enrolamentos e a carcaça, no caso de o sistema não ser
aterrado.
O relé diferencial deve efetuar o disparo do disjuntor principal e do disjuntor de campo do
gerador. Adicionalmente o relé diferencial pode atuar sobre o regulador de velocidade da
turbina e ainda efetuar a operação de alarme sonoro ou visual.
A aplicação de relés diferenciais é mais eficiente no caso de geradores com neutro
solidamente aterrado, pois fica garantida a abertura do disjuntor principal para defeitos
monopolares. Se o gerador opera isolado, o relé diferencial somente será eficiente para
defeitos tripolares ou bipolares com terra.
Recomenda-se a aplicação de proteção diferencial em geradores com os seguintes requisitos:
 geradores com capacidade nominal igual ou superior a 1.000 kVA, independente da tensão
nominal;
 geradores com tensão igual ou superior a 5.000 V, independente da capacidade nominal;
 geradores com tensão igual ou superior a 2.200 V e capacidade nominal superior a 500 kVA.

EXEMPLO DE APLICAÇÃO (1)


19 – Relés Diferenciais de Corrente
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Determinar os parâmetros principais dos transformadores de corrente e os ajustes necessários


do relé de corrente diferencial para a proteção de um transformador de potência de 20/26 MVA,
na tensão de 69/13,8 kV, ligado em triângulo no primário e estrela no secundário. As Figs.
10.46 e 10.47 ilustram o diagrama de ligação e as condições em que ocorrem os defeitos. A
corrente de curto-circuito monopolar próxima às buchas secundárias é de 2.100A.
a) Corrente nominal primária do transformador em condição de ventilação máxima
26.000
I np   217,5 A
3  69

b) Corrente nominal secundária do transformador em condição de ventilação máxima


26.000
I ns   1.087,7 A
3  13,8

c) Relações nominais dos TCs (RTC)


 TC do lado primário (ligação Y)
I tcp  I np  217,5 A

RTC = 250 - 5A = 50

 TC do lado secundário (ligação  )


I tcs  3  I ns  3  1.087,7  1.883,9 A

RTC: 2.000 - 5 = 400


20 – Relés Diferenciais de Corrente
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d) Corrente nos terminais secundários dos TCs


 TC do lado primário
I tpc 217,5
Ip    4,35 A
RTC 50

 TC do lado secundário
I tcs 1.883,9
Is    4,70 A
RTC 400

e) Erro percentual na relação


Is  I p 4,70  4,35
I   100   100  8,0%
Ip 4,35

f) Relação Is / I p

I s 4,70
  1,080
I p 4,35

Para se calcular o tape do relé mais adequado, basta entrar na matriz da Tab. 10.12,
escolhendo-se a relação mais próxima do valor anteriormente calculado. Dessa forma, o valor
da Tab. é 1,086, que corresponde a ligar o terminal B do relé na derivação 3,8, e o terminal A
na derivação 3,5.
g) Erro percentual da ligação

21 – Relés Diferenciais de Corrente


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I b 3,8
  1,085
I a 3,5

1,085  1,080
I   100  0,46%
1,080

h) Ajuste da declividade percentual


O valor médio da corrente que circula pela bobina de retenção vale:
4,70  4,35
Im   4,52
2

O valor da corrente diferencial é:


I d  4,70  4,35  0,35 A (corrente que circula na bobina de operação, BO)

O ajuste da declividade percentual do relé deve ser de:


I d 0,35
Ad   100   100  7,7%
Im 4,52

O ajuste nominal deve ser feito em 20% no caso de se utilizar um relé cuja característica é
dada na Fig. 10.51. Tratando-se de um defeito fase-terra no enrolamento secundário do
transformador, dentro da zona protegida, com uma corrente de intensidade igual a 2.100 A
pode-se constatar a operação do relé, ou seja:
A corrente de defeito refletida para o lado primário vale:
2.100  13.800 / 69.000
I cp   242,4 A
3

22 – Relés Diferenciais de Corrente


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I cp 242,4
Ip  
RTC 50

I p  4,84 A (veja esquema da Fig. 10.47)


Is  0

I d  I p  I s  4,84  0  4,84 A (corrente na bobina de operação)


I p  Is 4,84
Im    2,42 A (corrente na bobina de retenção)
2 2

I d 4,84
  100  200%  20% (o relé opera)
Im 2,42

Considerando agora que o ponto de defeito para a terra fosse no circuito secundário, fora de
zona protegida, conforme Fig. 10.46, ter-se-ia:
2.100 2.100
Is    5,25 A
RTCs 400

242,4 242,4
Ip    4,84 A
RTCp 50

I d  5,25  4,84  0,41 A (corrente na bobina de operação)


5,25  4,84
Im 
2
 5,0 A (corrente na bobina de retenção)

23 – Relés Diferenciais de Corrente


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I d 0,41
  100  8,2%  20% (o relé não opera)
Im 5,0

EXEMPLO DE APLICAÇÃO (2)

Para o mesmo transformador mencionado no exemplo anterior, determinar os parâmetros dos


transformadores intermediários, segundo o esquema de ligação da Fig. 10.49. Determinar
também os ajustes dos relés diferenciais.
Tecnicamente não haveria necessidade da aplicação de transformadores auxiliares, já que a
diferença entre as correntes primária e secundária dos TCs principais é inferior a 10%; no
presente caso, 8,0%.
a) Corrente nominal primária do transformador
I np  217,5A (já calculada)

b) Corrente nominal secundária do transformador


I ns  1.087,7 A (já calculada)

c) Corrente no secundário dos TCs principais


 TC do lado primário (Y)
217,5
I tcp   4,35 A
50

 TC do lado secundário (  )
24 – Relés Diferenciais de Corrente
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3  1.087,7
I tcs   4,70 A
400

d) Corrente nominal no secundário do TC auxiliar do lado primário


I npa  5 A

e) Relação entre as correntes do primário e do secundário do TC auxiliar do lado primário


I tcp 4,35
Rp    0,87
5 5

Deve ser adotada a relação mais próxima a 4,35 - 5A.


f) Corrente nominal no secundário do TC auxiliar do lado secundário
In 5
I nsa    2,88 A
3 3

g) Relação entre as correntes do primário e do secundário do TC auxiliar do lado secundário


Ttcs 4,70
Rs  
5 5
3 3

5 5
Rs  
5 2,88
3

Deve se adotada a relação mais próxima a 5 - 2,88 A


25 – Relés Diferenciais de Corrente
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Para a escolha dos tapes dos TCs auxiliares é necessário proceder-se como no exemplo
anterior, utilizando uma matriz de relações de derivação.
1.4 – Relés diferenciais digitais
As principais funções de proteção dos relés diferenciais digitais são:
 proteção contra curto-circuito para transformadores de dois e três enrolamentos;
 proteção contra curto-circuito para motores e geradores;
 proteção de sobrecarga com característica térmica;
 proteção de sobrecorrente de retaguarda de tempo definido e/ou tempo inverso;
 entradas binárias parametrizáveis, relés de alarme e disparo, além sinalização através de
LEDs;
 medição de corrente operacional;
 relógio de tempo real e indicadores de falha e de operação;
 registro de falha.
Todos os parâmetros de ajuste podem ser introduzidos através do painel frontal com display
integrado ou via computador pessoal sob o controle do usuário. Os parâmetros são
armazenados em memória não volátil, evitando que sejam deletados durante a ausência da
tensão de alimentação.
O automonitoramento de falha do relé é realizado continuamente sobre o hardware e o
software, indicando quaisquer irregularidades dectadas.
Os relés diferenciais digitais podem ser comercializados em unidades monofásicas ou
trifásicas. A Fig. 10.62 mostra um relé digital trifásico da ABB.
26 – Relés Diferenciais de Corrente
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Elétricos

Unidades de fases A, B e C

Fig. 10.62 – Relé diferencial ABB


Na proteção de transformadores, motores e geradores, os relés diferenciais digitais
apresentam as seguintes particularidades:

27 – Relés Diferenciais de Corrente


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Tempo emsegundos Tempoemsegundos


1.000 1.000

100 100

10 10

Índices
1

Índices
0,9
0,8
0,7
0,6

1 0,5
0,4
1
0,3 1
0,9
0,8
0,2 0,7
0,6
0,5
0,4
0,1 0,3

0,2
0,05
0,1 0,1
0,1

0,05

0,01 0,01
0,1 0,1
Vezes a corrente ajustada Vezesacorrenteajustada

Fig. 10.63 – Característica inversa Fig. 10.64 – Característica muito inversa


 proteção de retaguarda através da proteção de sobrecorrente temporizada utilizando as
características de tempo definido ou de tempo inverso, sendo um estágio para sobrecorrente
(I>) e outro para corrente alta (I>>), podendo serem bloqueadas. As Figs. 10.63 e 10.64 são
exemplo das curvas de tempo inverso dos relés de fabricação Ziv, de procedência
espanhola.
 restrição de corrente de inrush;
28 – Relés Diferenciais de Corrente
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 restrição adicional para um defeito externo à zona de proteção com saturação do


transformador de corrente (detector de saturação de TC).
Em geral, os relés diferenciais digitais apresentam réplica térmica, avaliando a maior corrente
de fase e comparando-a com o valor ajustado no relé. O tempo de disparo durante uma
condição de sobrecarga deve considerar a carga anterior à sobrecarga, podendo-se selecionar
um alarme antes de atingir a condição de disparo. A curva da Fig. 10.65 é um exemplo de
curva de atuação de réplica térmica para relés diferenciais digitais da Ziv.

Fig. 10.65 – Curvas de característica de tempo da unidade térmica


A seguir serão declarados os principais dados para ajuste dos relés Ziv.
a) Entrada de corrente
29 – Relés Diferenciais de Corrente
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 valor nominal: 5 ou 1 A;
 capacidade térmica: 4  I n (em regime permanente)
 limite dinâmico: 240  I n ;

 carga do circuito de corrente: < 0,2 VA para I n  5A e < 0,05 VA para I n  1A .

b) Ajuste da proteção
 Unidade diferencial
 habilitação: sim ou não

 valor de tape para os enrolamentos 1, 2 e 3: (0,5 a 2,5)  I n , em passos de 0,01 A;

 sensibilidade diferencial: 0,5 a 1 A, em passos de 0,01 A;

 declividade: 15 a 50%, em passos de 1%;

 restrição do 20 harmônico: 0,10 a 0,50, em passos de 0,01;

 restrição do 50 harmônico: 0,10 a 0,50, em passos de 0,01;

 temporização: 0 a 300 s, em passos de 0,01 s.

 Unidade instantânea
 habilitação: sim ou não;

30 – Relés Diferenciais de Corrente


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 partida da unidade: (1 a 10)  tape, em passos de 0,01;

 temporização: 0 a 300 s, em passos de 0,01 s.

 Unidade térmica
 habilitação: sim ou não;

 constante de tempo (com ventilação): 0,5 a 300 min, em passos de 0,01 min;

 constante de tempo (sem ventilação): 0,5 a 300 min, em passos de 0,01 min;

 corrente máxima: (1 a 1,5)  I n , em passos de 0,01 A;

 nível de alarme: 50 a 100%, em passos de 1%;

 memória térmica: sim ou não.

 Unidade de tempo de neutro sensível


 habilitação: sim ou não.

 partida da unidade: (0,01 a 0,24)  I ns , em passos de 0,01 A;

 curvas características: tempo fixo e inversa;

 índice de tempo de curva: 0,01 a 1, em passos de 0,01;

 controle de partida: sim ou não;

31 – Relés Diferenciais de Corrente


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 Unidade instantânea de neutro sensível


 habilitação: sim ou não;

 partida da unidade: (0,05 a 3)  I ns , em passos de 0,01 A;

 temporização: 0 a 100 s, em passos de 0,01 s;

 controle de partida: sim ou não.

EXEMPLO DE APLICAÇÃO (3) Sistema

CS
Determinar os ajustes de um relé de proteção diferencial digital instalado no transformador de
20 MVA, tensões nominais de 69/13,8 kV, de acordo com a Fig. 10.66. 52 O transformador não

tem sistema de ventilação forçada e é dotado dos seguintes tapes: 67,2 kV CS


– 69 kV – 72,5 kV.
O lado de alta tensão (69 kV) está ligado em estrela e o lado de média TCp tensão (13,80 kV) está
ligado triângulo. Utilizar um relé digital de fabricação Ziv de 5A de corrente Y
nominal. Serão
utilizados transformadores de corrente 10A200. 20 MVA  87 86
69/13,8 KV
a) Corrente de nominal
20.000
I  TCs
3  69 = 167,3 A
up
CS

b) Determinação dos tapes 52

 Lado de alta tensão CS

 Posição do tape médio: 69 kV

Cargas
32 – Relés Diferenciais de Corrente

Fig. 10.66 – Diagrama unifilar simplificado


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20.000
I ame 
3  69
=167,3 A
 Posição do tape máximo: 72,5 kV
20.000
I ama   159,2 A
3  72,5
 Posição do tape mínimo: 67,2 kV
20.000
3  67,2 =171,8 A
I ami 

 Lado de média tensão


20.000
Ib   836,7 A
3  13,80

c) Relação de transformação
 Lado de alta tensão
200
RTC a   40
5
 Lado de média tensão
1000
RTC b   200
5

d) Correntes vistas pelo relé através do TC de alta tensão


 Posição de tape médio
167,3
I arme   4,18 A
40
 Posição de tape máximo
33 – Relés Diferenciais de Corrente
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Elétricos
159,2
I arma   3,98 A
40
 Posição de tape mínimo
171,8
I armi   4,30 A
40

e) Correntes vistas pelo relé através do TC de média tensão


836,7
I br   4,18 A
200
Como o secundário do transformador está conectado em triângulo a corrente vista pelo relé
vale:
4,18
I 
br  2,41A
3

f) Ajuste do tape do relé


 Lado de alta tensão (tape médio)
4,18 4,18
I at  4,18 A   In
In = 5 = 0,83
 Lado de média tensão
2,41 2,41
I bt  2,41 A  = = 0,48  In
In 5

g) Corrente diferencial
 Lado de alta tensão
 Posição do tape médio: 69 kV
I ame  4,18 – 4,18 = 0A
34 – Relés Diferenciais de Corrente
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 Posição do tape máximo: 72,5 kV


I ama  4,18 – 3,98 = 0,2A
 Posição do tape mínimo: 67,2 kV
I ami =4,30 – 4,18 = 0,12A
 Lado de média tensão
I b  2,41 – 2,41 = 0A

h) Erro de ajuste: é a relação entre a corrente diferencial e a corrente vista pelo relé.
 Posição de tape médio
0
E ame   100  0%
4,18

 Posição de tape máximo


0,2
E ame   100  5,025%
3,98

 Posição de tape mínimo


0,12
E ame   100  2,8%
4,30

i) Cálculo da inclinação
Deve-se considerar os erros dos transformadores de correntes, a corrente a vazio e o erro de
ajuste, ou seja:
 erro dos TCs: 10%
 corrente a vazio: 2%
35 – Relés Diferenciais de Corrente
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 erro de ajuste: 4,7% (máximo valor)


A soma dos erros vale 16,7%. Recomenda-se ajustar o relé entre 20 a 25%.
j) Sensibilidade
Recomenda-se ajustar a sensibilidade diferencial em 30% do valor do tape do enrolamento de
referência, ou seja:
30%  4,18A = 1,25A
k) Unidade instantânea
Recomenda-se um ajuste de 8 vezes a corrente nominal do tape do enrolamento de referência
e um tempo de 20 ms, ou seja:
I ai  8  4,18  33,4 A  I ai  35 A

l) Restrição do 20 e 50 harmônico
Recomenda-se um ajuste de 20%.
m) Filtro de seqüência zero
Recomenda-se ajustar em sim.
n) Grupo de conexão
 enrolamento 1: conexão em estrela (E);
 enrolamento 2: conexão em triângulo (D);

36 – Relés Diferenciais de Corrente

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