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Módulo 08 - Relés Diferenciais
Módulo 08 - Relés Diferenciais
e Projetos
Proteção de Sistemas Elétricos
Elétricos
1 - INTRODUÇÃO
Os relés diferenciais são a mais importante forma de proteção de transformadores de potência,
e podem estar submetidos a diferentes fatores que propiciam uma operação indesejada do
disjuntor, ou seja:
correntes de magnetização transitória do transformador;
defasamentos angulares;
diferenças de corrente em função dos erros introduzidos pelos transformadores de corrente;
diferenças de correntes no circuito de conexão do relé em função dos tapes do
transformador de potência.
I cc
TC P T CS
69KV
13,8KV
Y
F
Y
Ip Is
Ip BR BR
Is
A B
Ip Is
BO
I = 0
Relé diferencial
I cc
I cc TCP TCS
Y F
I1 I2
I1 BR BR I2
A B
I1 I2
I = Is - I p
BO
Fig. 10.47 – Relé diferencial na condição de operação
1.1 – Relés diferenciais de indução
a) É importante notar que as correntes de uma mesma fase que circulam no relé diferencial
não devem possuir diferenças angulares.
b) Os transformadores de corrente não devem apresentar erro superior a 20% até uma
corrente correspondente a oito vezes a corrente do tape a que o relé está ligado, a fim de evitar
uma atuação intempestiva do disjuntor.
c) A ligação do transformador de corrente deve ser executada de forma que, para o regime de
operação normal, não circule nenhuma corrente na bobina de operação.
d) Como será detalhado no Capítulo 12, quando um transformador é energizado, flui uma
corrente de magnetização de efeito transitória, também denominada de corrente de excitação,
cujo valor é significativamente elevada, visto pela proteção diferencial como um defeito interno
ao equipamento. O valor de pico dessa corrente pode atingir valores compreendidos entre 8 a
10 vezes a corrente do transformador a plena carga. Alguns fatores atenuam a magnitude
dessa corrente, ou seja:
impedância equivalente do sistema de alimentação do transformador;
potência do transformador;
fluxo residual;
maneira pela qual é energizado o transformador;
Se o transformador for energizado quando a tensão está passando pelo zero natural, obtém-
se a máxima corrente de magnetização, o que, por probabilidade, é uma situação difícil de
ocorrer.
1.2 – Relés aplicados na proteção diferencial
1.2.1 - Relés de sobrecorrente
Os relés de sobrecorrente constam normalmente de uma unidade de sobrecorrente
instantânea, além da unidade temporizada que o caracteriza. A unidade instantânea é
normalmente ajustada para um elevado valor de corrente. São de aplicação limitada por
favorecer operações intempestivas do sistema, de acordo com as seguintes causas:
corrente de magnetização do transformador durante a sua energização;
para a corrente média de restrição ( I p I s ) / 2 mantém um valor fixo, sem contar, é claro, com
o pequeno efeito da mola de controle, no caso dos relés eletromecânicos.
O valor da restrição imposto aos relés é estabelecido como uma percentagem da corrente
solicitada pela bobina de operação BO para vencer o conjugado resistente ou de restrição, o
que é denominado normalmente inclinação característica, cujo valor pode variar entre 15 a
50%. A inclinação percentual aumenta quando o relé se aproxima do limite de operação
devido ao efeito cumulativo de restrição da mola e da restrição elétrica.
1.2.3 - Relés diferenciais com restrição percentual e por harmônica
Esses relés são os mais empregados nos esquemas de proteção diferencial,
independentemente da grandeza do sistema ou de sua responsabilidade. Utilizam, além da
restrição percentual, as harmônicas presentes na corrente de magnetização dos
transformadores durante a sua energização, a fim de bloquear a sua operação ou elevar o
valor da corrente de acionamento, tornando-se viável o ajuste de corrente de baixo valor e
tempos de retardo reduzidos, sem o inconveniente de se ter uma operação indesejada.
TCp
A B C
TC p
D I S J U N T O R - 52 - H
TC auxiliar
Transformador
BR D I S J U N T O R - 52 - H
TRANSFORMADOR
Relé diferencial
BO Relé
diferencial
BO
D I S J U N T O R - 52 - L
D I S J U N T O R - 52 - L
TCs
TC auxiliar
TCs
Fig. 10.48 – Esquema trifilar Fig. 10.49– Ligação diferencial com TC auxiliar
F F F
10
9
Declividade
8
Corrente de Operação
87.1
87.2 40%
7
(Múltiplos da Nominal)
URH 87.3 86.2 86.3
AUX
6
125 OU 220 Vcc
Fig. 10.50 – Ligação de um relé diferencial Fig. 10.51 – Curva de um relé diferencial
Os relés diferenciais eletromecânicos são fabricados em unidades monofásicas, enquanto os
mesmos relés na versão eletrônica são normalmente comercializados em unidades contendo a
proteção das três fases.
Em geral, são disponíveis três tapes de inclinação percentual da corrente de restrição, ou seja:
20, 30 e 40%, conforme se observa na Fig. 10.51. Tanto a corrente de restrição como a
corrente diferencial nesse gráfico são dadas em função do múltiplo da corrente do circuito.
Para se determinar a percentagem da corrente de restrição de acordo com o gráfico da Fig.
10.51, deve-se proceder da seguinte forma:
Determinar o valor médio da corrente que circula pela bobina de restrição, ou seja:
Is I p
Im
2
Para facilitar a escolha das derivações do relé diferencial pode-se calcular a matriz da Tab.
10.12, que corresponde à relação entre os valores nominais das correntes dos tapes
disponíveis.
As Figs. 10.53, 10.54 e 10.55 demonstram os esquemas trifilares de proteção diferencial para
diferentes tipos de conexão de transformadores de potência.
diferenciais – GE
Transformador
Transformador
TCP TCS
Ih Ie
Ip Is
BR BR
BO
BR BR
BO
Relé diferencial
BR BR
Ip BO Is
Relé diferencial
Ip Is
BR BR
BO
BR BR
BO
BR BR
TC Auxiliar BO TC Auxiliar
Relé diferencial
Ie
TCP Transformador TCS
Ih
Ip Is
Transformador
de aterramento
BR BR
BO
BR BR
BO
BR BR
BO Is
Relé diferencial
CS CS CS CS CS CS
52 52 52 52 52 52
CS CS CS CS CS CS
I II
52
CS CS
CS CS CS CS CS CS CS CS
52 52 52 52 52 52 52 52
CS CS CS CS CS CS CS CS
TR TR TR TR
CS CS CS
52 52 52
CS CS CS
CS CS CS
52 52 52
Ih Ih
CS CS CS Fonte
52 52 Carga
TC TC
CS CS CS
Ip Is
52 52 52
Ih
CS CS CS 52 Carga
TC
Is
TR TR
87
É um esquema pouco utilizado. Neste caso, os secundários dos TCs são conectados em
paralelo e um relé de sobrecorrente é conectado, de acordo com a Fig. 10.59. Como a soma
vetorial das correntes nos alimentadores é nula, logo não há corrente fluindo no relé de
sobrecorrente diferencial unidade 87.
No entanto, existe na prática diferenças de características técnicas dos TCs que podem
propiciar um fluxo de corrente através do relé de sobrecorrente, mesmo que a soma vetorial
das correntes no primário seja zero. Essa corrente poderá ocasionar uma operação
intempestiva do relé.
Da mesma forma, se houver saturação dos TCs poderá fluir uma corrente no relé de
sobrecorrente que realizará uma operação indesejada.
b) Esquema de corrente diferencial por balanço de corrente com circuito de estabilização
Foi agregado ao esquema anterior um circuito de estabilização que permite melhorar o
desempenho desse tipo de esquema, mesmo nos casos de eventuais erros dos TCs ou nos
processos de saturação dos mesmos.
c) Esquemas diferenciais percentuais
São esquemas muito semelhantes aos esquemas de proteção diferencial de transformadores
de potência. A Fig. 10.60. mostra este tipo de esquema, sendo 87R e 87OP respectivamente
as bobinas de restrição e de operação.
Se houver um defeito esterno à zona de proteção fluirá uma corrente na bobina de restrição do
relé diferencial. A corrente na bobina de operação, devido à saturação do TC será pequena.
Neste caso, deve-se ajustar o relé para que o mesmo não atue para uma determinada relação
percentual de corrente entre a corrente de restrição e a de operação.
BARRA
Ih Ih
Fonte 52 52 Carga
TC TC
Is
Is
Ih
52
TC
R R
OP
G
operação com correntes desequilibradas;
BO
~
perda de excitação;
BR
motorização do gerador; TCs TCs TCs
RTC = 250 - 5A = 50
TC do lado secundário
I tcs 1.883,9
Is 4,70 A
RTC 400
f) Relação Is / I p
I s 4,70
1,080
I p 4,35
Para se calcular o tape do relé mais adequado, basta entrar na matriz da Tab. 10.12,
escolhendo-se a relação mais próxima do valor anteriormente calculado. Dessa forma, o valor
da Tab. é 1,086, que corresponde a ligar o terminal B do relé na derivação 3,8, e o terminal A
na derivação 3,5.
g) Erro percentual da ligação
1,085 1,080
I 100 0,46%
1,080
O ajuste nominal deve ser feito em 20% no caso de se utilizar um relé cuja característica é
dada na Fig. 10.51. Tratando-se de um defeito fase-terra no enrolamento secundário do
transformador, dentro da zona protegida, com uma corrente de intensidade igual a 2.100 A
pode-se constatar a operação do relé, ou seja:
A corrente de defeito refletida para o lado primário vale:
2.100 13.800 / 69.000
I cp 242,4 A
3
I d 4,84
100 200% 20% (o relé opera)
Im 2,42
Considerando agora que o ponto de defeito para a terra fosse no circuito secundário, fora de
zona protegida, conforme Fig. 10.46, ter-se-ia:
2.100 2.100
Is 5,25 A
RTCs 400
242,4 242,4
Ip 4,84 A
RTCp 50
TC do lado secundário ( )
24 – Relés Diferenciais de Corrente
Consultoria
e Projetos
Proteção de Sistemas Elétricos
Elétricos
3 1.087,7
I tcs 4,70 A
400
5 5
Rs
5 2,88
3
Para a escolha dos tapes dos TCs auxiliares é necessário proceder-se como no exemplo
anterior, utilizando uma matriz de relações de derivação.
1.4 – Relés diferenciais digitais
As principais funções de proteção dos relés diferenciais digitais são:
proteção contra curto-circuito para transformadores de dois e três enrolamentos;
proteção contra curto-circuito para motores e geradores;
proteção de sobrecarga com característica térmica;
proteção de sobrecorrente de retaguarda de tempo definido e/ou tempo inverso;
entradas binárias parametrizáveis, relés de alarme e disparo, além sinalização através de
LEDs;
medição de corrente operacional;
relógio de tempo real e indicadores de falha e de operação;
registro de falha.
Todos os parâmetros de ajuste podem ser introduzidos através do painel frontal com display
integrado ou via computador pessoal sob o controle do usuário. Os parâmetros são
armazenados em memória não volátil, evitando que sejam deletados durante a ausência da
tensão de alimentação.
O automonitoramento de falha do relé é realizado continuamente sobre o hardware e o
software, indicando quaisquer irregularidades dectadas.
Os relés diferenciais digitais podem ser comercializados em unidades monofásicas ou
trifásicas. A Fig. 10.62 mostra um relé digital trifásico da ABB.
26 – Relés Diferenciais de Corrente
Consultoria
e Projetos
Proteção de Sistemas Elétricos
Elétricos
Unidades de fases A, B e C
100 100
10 10
Índices
1
Índices
0,9
0,8
0,7
0,6
1 0,5
0,4
1
0,3 1
0,9
0,8
0,2 0,7
0,6
0,5
0,4
0,1 0,3
0,2
0,05
0,1 0,1
0,1
0,05
0,01 0,01
0,1 0,1
Vezes a corrente ajustada Vezesacorrenteajustada
valor nominal: 5 ou 1 A;
capacidade térmica: 4 I n (em regime permanente)
limite dinâmico: 240 I n ;
b) Ajuste da proteção
Unidade diferencial
habilitação: sim ou não
Unidade instantânea
habilitação: sim ou não;
Unidade térmica
habilitação: sim ou não;
constante de tempo (com ventilação): 0,5 a 300 min, em passos de 0,01 min;
constante de tempo (sem ventilação): 0,5 a 300 min, em passos de 0,01 min;
CS
Determinar os ajustes de um relé de proteção diferencial digital instalado no transformador de
20 MVA, tensões nominais de 69/13,8 kV, de acordo com a Fig. 10.66. 52 O transformador não
Cargas
32 – Relés Diferenciais de Corrente
c) Relação de transformação
Lado de alta tensão
200
RTC a 40
5
Lado de média tensão
1000
RTC b 200
5
g) Corrente diferencial
Lado de alta tensão
Posição do tape médio: 69 kV
I ame 4,18 – 4,18 = 0A
34 – Relés Diferenciais de Corrente
Consultoria
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Elétricos
h) Erro de ajuste: é a relação entre a corrente diferencial e a corrente vista pelo relé.
Posição de tape médio
0
E ame 100 0%
4,18
i) Cálculo da inclinação
Deve-se considerar os erros dos transformadores de correntes, a corrente a vazio e o erro de
ajuste, ou seja:
erro dos TCs: 10%
corrente a vazio: 2%
35 – Relés Diferenciais de Corrente
Consultoria
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Elétricos
l) Restrição do 20 e 50 harmônico
Recomenda-se um ajuste de 20%.
m) Filtro de seqüência zero
Recomenda-se ajustar em sim.
n) Grupo de conexão
enrolamento 1: conexão em estrela (E);
enrolamento 2: conexão em triângulo (D);