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DAS MAIORIAS MINORIZADAS AO

SUJEITO DESIDENTIFICADO: a
aventura do pesquisador negro na
academia eurocêntrica

Richard Santos. Doutorando em


ciências sociais. CEPPAC-UNB.
Pesquisador do Grupo de Estudos
Comparados México, Caribe, América
Central e Brasil. MECACB-UNB/The
Migrations and Society Research Unit
(URMIS) - Université Paris-Sorbonne.
Maria do Carmo Rebouças da Cruz F.
Dos Santos. Doutoranda em
Desenvolvimento e Cooperação
Internacional. CEAM-UNB.
APRESENTAÇÃO
• Apresentação do lugar de fala a partir de
abordagem histórica do espaço reservado ao
negro brasileiro e do africano na academia
brasileira.
• Contar um pouco de minha história pessoal é
apresentar aos leitores desse trabalho o meu
lugar de fala.
APRESENTAÇÃO
• A REVOLUÇÃO NÃO SERÁ TELEVISIONADA- Memorial descritivo de um
combatente

• “A revolução não será televisionada/ não será televisionada/Na revolução não haverá
irmão, rebobinar/a revolução não será televisionada/ a revolução será ao vivo/ Não
vai haver fotos de porcos atirando em irmãos numa repetição instantânea. Não vai
haver fotos de porcos atirando em irmãos numa repetição instantânea.”. Gil Scott
Heron. The revolution will not be televised.
• “O Rap é a CNN negra”- Chuck D- Public Enemy
• “Vamos derrubar o chefe de Estado/resistência sem parar e demonstrar que é
tempo/hora para uma mudança drástica/ tempo de retaliar e acordar/ Chega de
mentiras! Eu tenho o suficiente para a revolução!”. Public Enemy- Revelations
33/3 revolutions.
• “Programado pra morrer nós é /Certo é, certo é, Dê no que der/Cochilou, mano,
quando acordar é tarde/Aqui cabelo voa no mundo covarde/O ser humano que
respeita e morre por ela/Quem eh, é, conhece o pique de favela/ O guerreiro de fé que
não se entrega assim/No mundão a vida é loca, são vários contra mim/É certo da
antiga, confissão de confiança/Traição consigo mesmo mata qualquer esperança”.
Racionais MC`s- Programado pra morrer nós é!
APRESENTAÇÃO
• As citações à cima fazem referência à luz que o movimento Hip Hop
foi e é em minha vida, e ao lugar de minha fala, de onde tirei a
inspiração para o título da tese. Através do Hip Hop e da ação
política consegui eliminar de mim o germe da subalternidade, a
ideia de incapacidade e lugar socialmente demarcado para todos os
jovens negros pobres e precarizados socialmente como os de minha
origem. Não a nego, e o não negar me leva a uma tentativa de
superação e transposição dos muros que a vida tem me apresentado
no caminhar. Junto com a crença nos orixás, guias e encantados,
tenho superado as marcações midiáticas que nos relegam o lugar do
“outro” na suposta sociedade branca e elitizada com perfil ocidental,
como querem os que constroem a estrada do pensamento social
brasileiro através do imaginário midiático. O desenvolvimento dessa
tese é o ir ao encontro de mim, no sentido fanoniano, sem mais
esperar.
APRESENTAÇÃO
• Se “as dilacerações da alma” são “puras
interiorizações dos conflitos sociais, é possível
esclarecer os outros falando de si mesmo”. (SARTRE
apud MEMMI, 1977, p. 4).
• O preto é um brinquedo nas mãos do branco; então,
para romper este círculo infernal, ele explode.
Impossível ir ao cinema sem me encontrar. Espero
por mim. No intervalo, antes do filme, espero por
mim. Aqueles que estão diante de mim me olham,
me espionam, me esperam. (FANON, 2008, p. 126).
APRESENTAÇÃO
• Pretende-se, transdisciplinarmente, uma abordagem descolonial
como a um projeto de desvendamento do mundo presente com o
propósito de transformá-lo, re-configurá-lo dando visibilidade a
história e constituição social do que chamamos aqui de Maioria
Minorizada (SANTOS, 2016) , e que individualmente
constituem-se no Sujeito Desidentificado.
• A criação de tais termos têm referência ao propósito de
desconstrução da colonialidade do saber, a partir da lógica que
colonização é: “ a força expansiva de um povo, é o seu poder de
reprodução, é a sua expansão e a sua multiplicação através dos
espaços; é a submissão do universo ou de uma vasta parte dele à
sua língua, aos seus costumes, às suas ideias e às suas leis
(MBEMBE, 2014, p.119)
SUJEITO DESIDENTIFICADO
• Termo utilizado pelo pesquisador ao longo da construção
narrativa de sua dissertação de mestrado, justamente para
referenciar a maioria populacional afrodescendente
brasileira, porém, minoria nos espaços de constituição do
imaginário social, caso da televisão, objeto de estudo naquele
propósito. Segundo este, Santos (2014), estes sujeitos
desidentificados, são desidentificados pela mídia televisiva ao
serem apresentados em sua programação diária,
continuamente como desprovidos de culturas e valores
tradicionais, e nas telenovelas, especificamente, sem um
lastro familiar que os forneça raízes de pertencimento.
Conforme Muniz Sodré, são sujeitos e culturas associadas ao
grotesco.
MAIORIA MINORIZADA
• Na tese, buscaremos a desconstrução da homogeneidade comunicacional do
ser latino americano, nascida a partir do construto identitário do que é o
ocidental europeu ou estadunidense, em oposição às Maiorias Minorizadas,
maioria populacional, porém, inferiorizada financeiramente.
• O processo de homogenização dos membros da sociedade imaginada de
uma perspectiva eurocêntrica como característica e condição dos Estados-
nação modernos, foi levado a cabo nos países do Cone Sul latino-americano
não por meio da descolonização das relações sociais e políticas entre os
diversos componentes da população, mas pela eliminação massiva de
alguns deles (índios, negros e mestiços). Ou seja, não por meio da
democratização fundamental das relações sociais e políticas, mas pela
exclusão de uma parte da população. Dadas essas condições originais, a
democracia alcançada e o Estado-nação constituído não podiam ser
afirmados e estáveis. A história política desses países, muito especialmente
desde fins da década de 60 até o presente, não poderia ser explicada à
margem dessas determinações. (QUIJANO,Anibal. 2005).
MAIORIA MINORIZADA/pesquisador
ativista
• Charles Halle afirma que a práxis dialética
provocada por um pesquisador ativista pode
contribuir para uma agenda mais ativa
proporcionante da mudança social na esfera
acadêmica. Proporcionar reconfigurações das
formas tradicionais de produção de conhecimento
que privilegiam uns poucos em detrimento de uma
maioria, e facilitar a democratização da pesquisa, da
pedagogia (domínio de signos e símbolos do
ambiente), e contribuir para a democratização da
educação. (2008, pag. 14).
AGRADECIDO!

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