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Sexo e Religiao - Dag Oistein Endsjo
Sexo e Religiao - Dag Oistein Endsjo
original:
Sex og Religion — Fra jomfruball til hellig homosex
Copyright © 2014
Editor e Publisher
Luiz Fernando Emediato
Diretora Editorial
Fernanda Emediato
Assistente Editorial
Carla Anaya Del Matto
Preparação de Texto
Sandra Martha Dolinsky
Revisão
Daniela Nogueira
Rinaldo Milesi
ISBN 978-85-8130-230-0
14-02418
CDD-201.7
GERAÇÃO EDITORIAL
Bibliografia
Índice de imagens
Prefácio à edição inglesa
H ipólito era um jovem com pouco entusiasmo pelo sexo. Simplesmente não se
interessava pelo assunto: “Ele evita o leito do amor e não deseja nada que tenha
a ver com o casamento”. Só o que quer fazer é correr pelas florestas de Troezen,
cidade grega da idade do bronze, à caça de animais selvagens.
Afrodite, a deusa do amor e do sexo, odeia Hipólito. O jovem que
prefere a caça ao sexo demonstra, por seus atos, sua imensa desconsideração
para com a deusa do amor, a quem considera “a pior entre os deuses”.
A conduta de Hipólito, que ignora os domínios de Afrodite — a vida
sexual —, não passa despercebida aos olhos da deusa. O belo efebo terminou
seus dias mutilado, ao tombar com a carruagem quando os cavalos que a
conduziam se assustaram diante de um monstro enviado pelos deuses
especificamente com esse propósito.
Essa é mais que uma narrativa fascinante da mitologia grega1. O destino
de Hipólito reflete a convicção religiosa autêntica de que os deuses não apenas
desejavam, mas exigiam que fôssemos sexualmente ativos. Abstinência sexual
era simplesmente um comportamento abominável.
A Religião contra e a favor do sexo
O relato sobre Hipólito e Afrodite não se coaduna com a imagem comum que
temos da relação entre sexo e religião. As manchetes dos jornais atuais podem
facilmente nos dar a impressão de que as religiões estão mais preocupadas do
que nunca com o sexo, mas a realidade é quase invariavelmente o oposto
daquela expressa na história de Hipólito. A maioria das religiões normalmente
condena e é contrária ao sexo — com as pessoas erradas, da maneira errada, na
hora errada, no local errado. Irritam-se porque muito se escreve e se fala sobre
sexo; exasperam-se porque sexo é assunto abordado em prosa e verso da maneira
errada. A condenação se dá em termos tão extremos que muitas pessoas ficam
com a impressão de que a religião rejeita o sexo em todas as suas variantes.
Como é possível que uma religião condene pessoas que se abstêm do
sexo enquanto outra reprova a maioria das pessoas que o praticam? Não há
respostas simples para essa questão, e a própria pergunta talvez seja por demais
simplista. Nem mesmo a antiga religião grega de Hipólito e Afrodite apregoava
a aceitação completa de todas as formas de sexualidade, e, a menos que um
indivíduo obedecesse a uma série de regras complexas sobre que tipos de sexo
eram aceitos, as consequências podiam ser severas. Ainda que o trágico destino
de Hipólito seja o reflexo de crenças importantes na Grécia antiga, não passa de
uma peça no complexo quebra-cabeça que compõe a imagem integral da relação
entre sexo e aquela religião específica.
Mesmo hoje em dia essa imagem é mais complexa do que nos querem
fazer acreditar as manchetes dos jornais. Ao se opor unilateralmente às várias
formas de sexo, a religião não facilita nossa percepção das nuanças. Não
logramos ver que muito dessa condenação implica simultaneamente abençoar o
sexo — contanto que seja o tipo “certo” de sexo, claro. A culpa e a bênção do
sexo caminham de mãos dadas. Ter em perspectiva a relação entre sexo e cada
religião em particular é importante para mantermos o foco nas fronteiras que
delimitam o que é aceito e o que é rejeitado, o que é sagrado e o que é profano.
Regras fundamentais do jogo
3 Lefkovits 2007.
4 BBC 2008a.
5 ImageNepal vol. 23:3, Jan-Fev 2010:12.
6 2010a.
7 Mateus 5:28.
8 Tomás de Aquino, Summa Theologica 2-2.154.4.
9 Wiesner-Hanks 2000:156.
10 Imam Bukhari Sahih Bukhari 8.74.260,8.77.609; Muslim Ibn al-Hajjaj Sahih
Muslim 33.64 21-21-22.
11 Muslim Ibn al-Hajjaj SahihMuslim 33.64 22.
12 Faure 1998:17.
13 Gênesis 3:7.
14 Gênesis 9:21-27.
15 Athanasius Vita Antonii 47.2-3.
16 Bullough 1976:442.
17 365gay 2008b.
18 Bouhdiba [1975]:165-67.
19 Alcorão 24.31.
20 Imã Malik Muwatta 48.4.7.
21 Bouhdiba [19475]:36.
22 BBC 2008b.
23 Brooks1995:107-87-8.
24 Akst 2003.
25 Røthing 1998:13, cf. 166-7, 176, 182-7.
26 Røthing 1998:183.
27 Røthing 1998:184.
28 Røthing 1998:13.
29 Reverendo BillMcGinnis, “Study of Christian sexuality”, em
LoveAllPeople.org, http://www.loveallpeople.org/pearl-christiansexuality.html.
30 Røthing 1998:15, itálicos meus.
31 American Family Association “Disney using ABC to sell homosexual vision
to nation’s television viewers’ in American Family Association Journal 21.2,
março 1997. http://www.despatch.cth.com.au/Misc/disney.html
32 Eron 1993:119-20.
33 Benkov 2001:105-6.
34 Monter 1990:281-82.
35 Black & Way 1998.
3
“Ó , homem inútil! Seria melhor para ti se teu pênis ficasse engastado na boca
de uma serpente venenosa que inserido na vagina de uma mulher. Seria melhor
para ti se teu pênis ficasse preso em uma cova com carvão ardente para que se
consumisse em fogo.” Foi esse o conselho que Buda deu ao monge Sudinna
quando este, por um breve período, voltou aos braços de suas esposas e
engravidou uma delas para garantir sua descendência. Buda sabia que tanto
serpentes como carvão em brasa podem levar à morte, mas sexo pode conduzir a
coisas ainda piores depois da morte: “umbral, abismo, inferno”36. Dificilmente
haverá uma exortação mais expressa à abstenção sexual que essa atribuída a
Buda em conversa com o infeliz monge por volta do ano 400 a.C. A condenação
maciça do sexo nesse episódio não é, de forma alguma, uma exceção.
Está entre os preconceitos mais difundidos a percepção geral das
religiões como instituições antissexuais. Como em tantos outros preconceitos, há
nesse também um quê de verdade. No plano geral, fé em excesso implica
aversão a sexo, mas — como já vimos — inúmeras religiões estão longe de
adotar essa postura. Aqui é preciso fazer uma distinção fundamental entre as
grandes religiões nesse particular. De um lado, o judaísmo, o islã e o hinduísmo,
em larga medida, não condenam o sexo. Muito ao contrário, como veremos mais
detidamente no capítulo sobre heterossexualidade. Ao mesmo tempo, costuma-se
ignorar como, em sua origem, o budismo e o cristianismo manifestam uma
conduta absolutamente negativa em relação ao sexo. O conceito de Buda sobre o
sexo heterossexual, pior que um encontro com uma serpente venenosa ou que a
prisão em uma cova com carvões em brasa, não se refere apenas à vida
monástica, mas implica uma percepção geral do sexo como algo incompatível
com uma almejada libertação do sofrimento. E quando tomamos o cristianismo,
vemos que tanto Jesus como são Paulo diziam que a abstinência sexual, de
longe, era o melhor caminho a trilhar.
Em antigos escritos budistas o casamento é constantemente citado como
a fonte de toda a inquietação, dukkha37. Eis por que Sidarta, o futuro Buda,
abandonou esposa e filhos para trilhar o caminho da sabedoria. Abstinência
sexual é necessária para finalmente romper o círculo vicioso da reencarnação38.
O desejo sexual está, assim como qualquer outro, intrinsecamente ligado ao
sofrimento e tudo o mais que nos impede de alcançar a libertação. O intercurso
sexual heterossexual é, portanto, considerado o pior ato na perspectiva cármica:
não apenas conduz a um carma ruim em si, mas os sofrimentos decorrentes
afetarão os seres que nascerão daquele ato39.
Não é apenas ao abandonar sua esposa que Buda mostra como a
abstinência sexual é fundamental para a completa salvação. Quando Sidarta
estava no meio de seu esforço para alcançar a iluminação, o demônio Mara
recorreu ao sexo para mantê-lo preso aos grilhões do sofrimento.
Mara enviou suas três filhas para tentá-lo. Para garantir que usariam os
artifícios que mais despertavam a luxúria de Sidarta no passado, os três
demônios primeiramente criariam uma miragem de cem maravilhosas virgens,
em seguida de cem mulheres que haviam dado à luz uma única vez, em seguida
outras cem que haviam dado à luz duas vezes, e finalmente uma centena de
mulheres idosas. Sidarta, por sua vez, permaneceu tão plácido diante daquelas
mulheres em todas as suas representações que Mara comparou sua tentativa de
seduzi-lo sexualmente a “esmagar rochas usando talos de lótus e rasgar ferro
com os dentes”40.
A abstinência sexual de monges e monjas budistas serve para colocá-los
em um patamar claramente superior ao de leigos. A regra original era bem
simples: o monge que se deita com uma mulher, ou a monja que deita com um
homem, não é mais monge nem monja. Apesar das palavras cristalinas de Buda
sobre ser preferível evitar o sexo, dentro dos mosteiros budistas persistem
grandes diferenças. Na China e no Japão, apenas os monges que habitam os
mosteiros devem ser celibatários, mas os que servem nos templos costumam ser
casados41. Também existem monges casados no Tibete, na Coreia e na
Indochina, mas não há exceções correspondentes no caso das monjas42. Os
monges celibatários, não surpreendentemente, ocupam as posições hierárquicas
superiores43.
Segundo a tradição, Buda permitiu que as mulheres se tornassem monjas
depois que assim lhe implorou seu principal discípulo do sexo masculino.
Embora a abstinência sexual seja um dos critérios necessários para alcançar a
iluminação, originalmente a possibilidade da abstinência era negada às mulheres.
Semelhantes condutas sexistas, responsáveis pelo ceticismo inicial de Buda
quanto à ordenação de mulheres ascetas, espelham-se na crença de que, nas
mulheres, manter-se abstinente por toda a vida é uma determinação geralmente
menos forte que entre os homens. A tarefa feminina de se subordinar aos homens
normalmente se interpõe no caminho de qualquer determinação que implique
uma vida completamente abstinente, devido ao papel de esposas de homens que
podem nem sempre almejar a abstinência.
O budismo tem uma atitude ambígua para com mulheres castas que
mesmo assim mantêm sua determinação. O conceito da “virgem obstinada” que
se nega a casar, algumas vezes preferindo até a morte, é largamente difundido.
Mosteiros budistas femininos são por vezes lugares de refúgio para tais
mulheres; porém, na prática, o budismo prioriza os deveres da mulher para com
a família antes que para com sua salvação44. Mas o fato de que a estrada da
virgindade eterna possa estar fechada para as mulheres é encarado como uma
desgraça. O bodhisattva transgênero Guan-Yin45 desempenha um interessante
papel nesse contexto. Nos textos da “Terra Imaculada”, Guan-Yin é uma
salvadora divina que liberta os homens do sofrimento espiritual em seis áreas
distintas e os conduz à Terra Imaculada, onde alcançarão a iluminação. Também
resgata pessoas das desgraças deste mundo, como prisões, afogamentos, ataques
de feras selvagens e assaltantes e coisas do gênero46. Em vários contos
tradicionais cabe a ela também redimir mulheres da condição sem esperança que
o casamento representa47.
36 Parajika 4,1.
37 Wilson 2003:140.
38 Faure 1998:29.
39 Faure 1998:33.
40 Samytta Nikaya 4.3.5, cf. Sutta Nipata 4.6.
41 Parrinder 1996:48-9.
42 Faure 1998:189.
43 Wilson 2003:168.
44 Faure 1998:136.
45 Originalmente, Guan-yin era o bodhisattva indiano Avalokiteshvara, mas
passou a ser representado como uma figura feminina na China à época da
dinastia Sung (960-1127) (Reed 1992:164).
46 Reed 1992:164-65.
47 Reed 1992:166.
48 I Coríntios 7:7.
49 I Coríntios 7:8-9.
50 I Coríntios 7:1.
51 Marcos 3:31-35; Mateus 12:46-50; Lucas 8:19-21.
52 Lucas 14:26.
53 Cf. Romanos 1:3-4.
54 Mateus 1:1-17.
55 Mateus 1:18, 1:1-17.
56 Lucas 1:35.
57 Harris Poll 2007.
58 “Por isso, como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado
a morte, assim a morte passou a todo o gênero humano, porque todos pecaram.”
(Romanos 5:12).
59 Agostinho Sobre o casamento e o desejo 1.1.
60 Agostinho Sobre o casamento e o desejo 1.27.
61 Agostinho Sobre o casamento e o desejo 1.35.
62 Marcos 2:19; Mateus 9:15; Lucas 5:34-35.
63 Tertuliano Sobre o leilão das virgens 26.
64 Evans 2003:59.
65 Ambrósio Sobre a virgindade 2.2.16.
66 Endjsø 2008a:82-83.
67 Pseudo-Mateus 7:3.
68 Atos de Tomás, 12:51.
69 Teague 1989:130; Lamberts 1998:21.
70 Bullough 1976:5,392.
71 Wiesner-Hanks 2000:161.
72 Parrinder 1996:220.
73 Bullough 1976:320.
74 Bullough 1976:327
75 Evans 2003:91.
76 Concílio de Cartago (419 A.D.), Cânone 4, cf. Bulllough 1976:320
77 Bullough 1976:320.
78 Wiesner-Hanks 2000:161.
79 Bullough & Bullough 1987:129
80 Bullough 1976:430-31.
81 Fox 1995:182.
82 Cavendish 2003:223.
83 Noreng 2008.
84 Foster 1984:25,46.
85 Foster 1984:25,32 c. 39.
86 Josefo A guerra judaica 2.8.2.
87 Fílon De vita contemplativa.
88 Evans 2003:3.
89 Plutarco Em uma Pompílio 10.1-7.
90 Alcorão 19.19-24.
91 Hidayatullah 2003:273.
92 Código de Manu 5.159.
93 Khandewal 2001:157-58.
94 Khandewal 2001:158.
4
Sexo solitário
“Junto com todas as igrejas cristãs, para todo o sempre queremos afirmar que o
casamento é um sacramento divino unindo um homem e uma mulher”212,
proclama o Centro Cristão de Oslo, uma pequena, mas extremamente ativa,
congregação independente. O casamento foi “instituído por Deus no tempo da
inocência do homem”, como expresso no Book of Common Prayer, de 1662213.
Sendo assim, o casamento é uma instituição sagrada que permaneceu imutável
em essência desde o princípio das eras, como se costuma argumentar. Se as
coisas fossem assim tão simples, haveria pouco assunto a tratar neste livro, mas
sabemos que não é o caso. Como vimos, muitos povos, tanto cristãos quanto de
credos mais variados, consideravam o casamento algo vil, ou pelo menos nada
além de um último recurso para aqueles incapazes de se abster completamente
do sexo.
A percepção do casamento como uma instituição permaneceu inabalável
por milhares de anos como um elemento central na estruturação da fé de muitas
pessoas — embora não haja bases históricas para tanto. Se um hindu, judeu ou
cristão diz que o casamento é sagrado para si por jamais ter se modificado, isso é
uma verdade teológica, um testemunho de fé do mesmo tipo que alguém faz ao
professar sua fé em Deus. Existe uma diferença, no entanto: ninguém jamais
conseguiu provar a existência ou não de algum tipo de divindade, ao passo que a
afirmação de que o casamento segue inalterado é pura e simplesmente falsa.
Quando, por exemplo, o Vaticano afirma que “a sociedade deve sua
sobrevivência contínua à família, fundamentada no casamento”214, isso também
é um testemunho de fé, de forma alguma uma verdade objetiva, pois sabemos
que muitas sociedades no passado saíram-se perfeitamente bem sem o conceito
católico de casamento, e tantas outras saem-se tão bem hoje em dia.
A ideia da imutabilidade do casamento tem sido constantemente
utilizada como argumentação acerca do que Deus considera aceitável ou não no
sexo. Nesse contexto, é salutar ter em mente que foi por volta de 200 a.C. que o
mito de Adão e Eva começou a ser utilizado para defender diferentes valores e
visões de mundo215. Mas, independentemente do que aconteceu no Paraíso, é
evidente que o casamento heterossexual, em nenhuma hipótese, permaneceu o
mesmo em qualquer uma das religiões que se referem ao relato bíblico da
criação.
Para nós pode parecer óbvio a opção do casamento — ele é considerado
uma espécie de direito humano216. Mas o fato de que jovens homens e mulheres
possam escolher livremente seus futuros cônjuges é, como regra geral, um
fenômeno mais recente, quase uma revolução social. Comum a quase todas as
religiões é o fato de o casamento, em princípio, ser um arranjo decidido pela
família. A opinião de ambos os cônjuges era mais ou menos irrelevante. Às
vezes acontecia de o homem ter até certo direito a determinar algo. A variação
etária era bem elástica e os noivos podiam já estar na idade adulta, e, portanto,
ter autoridade suficiente para fazer sua própria escolha. Ocasiões em que às
mulheres era dada autonomia para decidir o próprio casamento só podem ser
descritas como raridades socioantropológicas.
Uma norma religiosa tradicional e amplamente difundida é a de que a
mulher deve ser subordinada ao homem na constância do matrimônio. No
judaísmo bíblico fica claro que a mulher é normalmente considerada propriedade
do homem: ele não deverá, por exemplo, cobiçar “a casa de teu próximo; não
cobiçarás a mulher de teu próximo, nem seu escravo, nem sua escrava, nem seu
boi, nem seu jumento, nem nada do que lhe pertence”217. Segundo Paulo, no
Novo Testamento, o homem é “a cabeça da mulher” assim como Cristo é a
cabeça do homem218. Agostinho explica como o casamento é uma “união
amorosa” na qual “um governa e o outro lhe dá ouvidos”219. O Alcorão descreve
como o homem é o protetor ou mantenedor (qawwam) da mulher220. Muitas
religiões, incluindo o judaísmo bíblico e o cristianismo tradicional, acreditavam
que a submissão da mulher ao homem era tanta que um esposo tinha o direito de
estuprar sua esposa. Não era algo que a religião condenasse, e serviu de
inspiração para as leis religiosas sobre o sexo. Em 2003, somente pouco mais de
cinquenta países consideravam crime o estupro conjugal221. Nos EUA, a
propósito, o estupro conjugal era legalizado em todos os estados até 1975,
quando Dakota do Norte se tornou o primeiro estado a declará-lo ilegal222. E não
é considerado ilegal na maioria dos países muçulmanos. Na Noruega, ninguém
jamais fora condenado por estuprar sua esposa até 1974, quando a Corte
Suprema decidiu que um cônjuge não seria inimputável por cometer estupro.
Casamentos arranjados ainda são uma prática disseminada em muitas
religiões, configurando uma inequívoca e séria violação aos direitos humanos
em muitas partes do mundo, inclusive na Noruega — o que serve também para
demonstrar que um casamento constituído dessa maneira, seja em qual religião
for, choca-se frontalmente com a noção moderna do que sejam direitos humanos.
Detalhes inconvenientes como esses passam despercebidos pela mente dos
defensores da ideia de que o casamento é uma instituição imutável, que não
costumam mencioná-los nos seus argumentos.
Muitas outras mudanças ocorreram em nossa maneira de compreender o
casamento. Para o cristianismo, por exemplo, ele gradualmente passou de um
ritual periférico a uma posição protagonista na concepção religiosa de mundo de
muitos fiéis.
Inicialmente, os cristãos nem sequer regulavam o ingresso na vida
conjugal, mas o deixavam a cargo das autoridades pagãs do Império Romano.
Não existem registros de casamentos cristãos anteriores ao século III. Muito
embora tenha sido e continue sendo o único âmbito legal cristão para o sexo, o
casamento não era considerado uma instituição especialmente importante nem
muito menos sagrada. Mas, ao longo da Idade Média, o casamento passou de
uma instituição com pouco contato eclesiástico ou canônico para algo com que a
Igreja passou a se envolver inteiramente223, e foi entronizado como sacramento
apenas no século XIII224.
Apesar de ter sido alçado à condição de sacramento, muitas pessoas
continuavam a se casar fora dos ditames da Igreja. Juridicamente, um voto de
casamento em si já era suficiente, independentemente de onde era proferido. O
casamento na Igreja não era considerado o único meio legal de união na
Inglaterra e no País de Gales até 1753225. Quando várias congregações
religiosas, como a Igreja católica, dizem formalmente que consagram o
casamento226, acham-se cobertas de razão segundo sua própria posição
teológica; mas nem sempre essa foi a realidade nem na Igreja católica nem nos
demais domínios do cristianismo.
Outra compreensão do casamento, que se encontra no cristianismo, é a
de que preferencialmente a pessoa deve se manter sexualmente casta também
casada. Essa era uma concepção defendida, entre tantos, por vários patriarcas
cristãos. Especialmente em relação aos padres, que no cristianismo ocidental
foram autorizados a se casar até 1123, a Igreja passou a exigir que “se
afastassem de suas esposas”227.
Um tipo totalmente diferente de casamento sem sexo encontramos no
hinduísmo, no qual pessoas em situações específicas não se casam com outras,
mas com animais e lugares. Um homem chamado Nandi Munda, da aldeia
Ghatshila, no estado de Jhardkand, casou-se com uma montanha chamada
Lakhasaini em 2007. A deusa protetora do local lhe havia surgido em sonho que
os ataques das guerrilhas maoístas locais cessariam caso ele se casasse com uma
montanha. Seus vizinhos aldeões apoiaram sua decisão e celebraram seu
casamento com a montanha com uma festa tradicional para centenas de
convidados228. No estado de Tamil Nadu, em 2007, P. Selvakumar, de
Manamadurai, casou-se com um cachorro para expiar a culpa por ter matado
dois cães cinco anos antes. Depois do ocorrido, ele se sentiu perseguido por
desgraças, e, segundo um astrólogo, o casamento canino seria a única maneira de
melhorar seu destino. A cerimônia se deu observando a tradição, incluindo o
banho ritual no templo hindu local. A noiva, a cadela Selvi, foi escolhida pela
família do noivo da mesma maneira que teriam escolhido uma mulher para a
cerimônia entre humanos229.
Na aldeia de Pallipudet, também em Tamil Nadu, existe a tradição de
celebrar casamentos entre sapos e garotas para protegê-las de doenças místicas.
O costume tem origem no mito da transformação de Shiva em um sapo. Como
testemunharam Vigneswari e Masiakanni em 2009, ambas com sete anos de
idade, não existe sexo envolvido nesse tipo de casamento: as menininhas
voltaram imediatamente à vida que levavam antes da cerimônia e seus maridos,
dois sapos, foram devolvidos à lagoa de onde vieram.
Outro tipo de casamento sem sexo, nos limites do sobrenatural, teve seu
renascimento na religião chinesa. Um preceito fundamental para casais chineses
é o de serem sepultados juntos. Quando da morte de um jovem solteiro, seus pais
podem não desejar que o filho seja enterrado sozinho. Procuram, então, um
cadáver feminino, casam-nos e os sepultam juntos. Nem sempre um cadáver
feminino está disponível, e isso levou à criação de um mercado. Ladrões de
sepulturas ganham um bom dinheiro roubando corpos de mulheres — quanto
mais frescos, mais alto o valor. Mas já houve ocasiões em que os ladrões
acharam mais vantajoso assassinar mulheres e vender seus corpos para pais à
procura de noivas cadáveres para o filho morto do que correr o risco cavando
sepulturas230.
No budismo, o casamento não é visto como uma instituição religiosa
central. Ao contrário, dá-se mais importância à perspectiva não religiosa, e
tradicionalmente monges budistas, por exemplo, nem se fazem presentes na
cerimônia. Ainda assim, em diferentes regiões budistas usam-se cada vez mais
símbolos religiosos e a participação ativa de autoridades religiosas. No budismo
ocidental surgiram cerimônias de casamento seguindo o modelo cristão231, e
certos hotéis tailandeses passaram a oferecer pacotes de casamento budista ao
gosto dos hóspedes ocidentais, incluindo monges, buquê de noiva, bolo e
dançarinos típicos232. Comparado ao cristianismo, que se afastou de seu foco
original de abstinência total ou bênção enfática do casamento heterossexual, o
budismo jamais viu o matrimônio como um fim em si mesmo.
Caso se busque uma compreensão única e simples do casamento como
instituição religiosa, o islã não é a alternativa mais adequada, simplesmente
porque entre os muçulmanos sempre houve a convicção de que há claramente
vários tipos diferentes de casamento. Ao tipo mais comum, que só pode ser
desfeito pela morte ou por uma separação formal, somam-se um par de outras
variantes. O casamento mutah, de duração predeterminada, é uma forma
legalizada de relação heterossexual e pode ser acordado para durar desde
algumas horas até alguns anos. O objetivo imediato é simplesmente dar aos
parceiros a oportunidade de satisfazer seus desejos sem ter que praticar sexo
extraconjugal. Depois de um casamento desse gênero, espera-se a mulher
menstruar três vezes antes de ser permitido aos cônjuges consumar outra união
— isso para não haver dúvidas sobre uma eventual paternidade futura. A menção
corânica sobre quando é permitido ao homem fazer sexo com escravas ou
capturadas em uma guerra233 é normalmente tomada como referência nesse tipo
de casamento. A maioria dos muçulmanos sunitas não aceita mais o mutah: os
hadiths atestam que foi um casamento legal na época de Maomé, mas depois foi
banido pelo califa Omar234. O mutah é praticado entre os xiitas e legalizado no
Irã.
Outro tipo de casamento com menos implicações é o misyar, no qual o
homem não precisa morar com a mulher nem sustentá-la economicamente. É
realizado quando o casal não tem condições de ingressar em um casamento
comum por razões financeiras ou como uma alternativa ao que, de outra forma,
seria uma relação extraconjugal, sobretudo quando o homem possui mais de uma
esposa. Ainda assim, não existe uma opinião majoritária sobre o grau de
tolerância do islã ao misyar. Teólogos muçulmanos também não conseguem
chegar a um consenso sobre o urfi, casamento secreto em que a única prova é
uma declaração assinada pelas testemunhas — caso seja destruída, não haverá
outra prova dessa união. Ainda assim, o número desses casamentos secretos tem
aumentado, principalmente entre jovens homens sem condições de constituir um
lar ou em busca de uma alternativa legal ao sexo extraconjugal, claramente
condenado pelo Alcorão235.
A crença amplamente difundida de que o casamento sempre existiu
como uma instituição religiosa mais ou menos imutável é, portanto, nada mais
que uma crença religiosa.
Da mesma forma que desempenha um papel central nas diversas
religiões, o casamento também costuma ser visto como uma instituição
desafiadora da fé e até mesmo não exatamente religiosa. Além disso, existe a
percepção de que há nítidas variantes de casamentos cujo grau de importância
também varia, assim como existem divergências fundamentais sobre quem pode
se casar com quem.
Embora dadas normas muito diferentes em relação ao comportamento
sexual masculino, certos padrões atravessam as fronteiras religiosas. Com
exceção daquelas que condenam qualquer forma de sexo, a maioria das religiões
tende a concordar que a atividade heterossexual dentro do casamento é aceitável
até certo ponto — embora nem sempre seja recomendável.
Mas, como veremos, isso não é uma verdade absoluta para todos os tipos
de sexo heterossexual.
Sexo, queira ou não
Os órgãos sexuais são “os sinais visíveis de um mandado recebido dos deuses”,
dizia o proeminente xintoísta japonês Miyahiro Sadao, em 1831. Ele continua:
“Os homens nascem equipados com órgãos sexuais masculinos e estes [...] são
órgãos que devem ser utilizados para o propósito com que foram criados, isto é,
a procriação, para aumentar a quantidade de pessoas em nossa terra”236. O pênis
é, na verdade, “uma salvação para honrar as gerações de descendentes”.
Qualquer tentativa de evitar que alguém utilizasse seu órgão sexual masculino
seria um sacrilégio237.
Não é apenas o pobre Hipólito, de quem falamos no prefácio, que deve
temer os deuses por não desejar o sexo. A antiga religião da Grécia não figura
sozinha na história das religiões como uma fé que incentivava o sexo. O
xintoísmo japonês está entre as religiões que mais explicitamente pregam o
evangelho sexual.
Quando vemos o sexo dessa forma, torna-se extremamente complicado
permitir que alguém pratique a abstinência sexual. Entre muitos xintoístas
prolifera uma visão crítica do budismo, cuja orientação antissexual é considerada
uma blasfêmia. Miyahiro Sadao expressou-se desta forma: “Encaminhar jovens
pouco esclarecidos a monges budistas é em si um pecado contra os deuses”238.
Enquanto budistas, católicos e muitos outros fazem o que podem para conservar
o celibato pastoral, o casamento é logicamente uma obrigação para pastores
xintoístas239.
A posição ambivalente sobre o casamento, que vemos em muitas áreas
do cristianismo e do budismo, não é de forma nenhuma a única maneira de
regular a heterossexualidade. Com frequência invulgar, sexo e casamento são
considerados uma obrigação religiosa. O judaísmo, pressuposto religioso do
cristianismo, está entre as religiões que possuem outra abordagem sobre o
casamento, bem diferente daquela das religiões de Buda e de Paulo. Espera-se de
homens e mulheres que se casem — mais que isso: é sua obrigação. A passagem
sobre a filha de Jefté, no Livro dos Juízes, demonstra bem o papel central do
casamento naquela época. Quando Jefté partiu para combater os amonitas,
prometeu sacrificar a primeira pessoa que saísse de sua casa e fosse encontrá-lo,
caso retornasse da batalha são e salvo. Depois de derrotar os amonitas, foi
recebido por sua única filha, que foi recebê-lo tocando pandeiro e dançando. A
filha compreendeu que a promessa de seu pai a Deus significava sua própria
morte, mas lhe fez um único pedido que demonstra o que considerava
importante para sua existência: “Concede-me somente isto: deixa-me que vá
sobre as colinas durante dois meses, para chorar a minha virgindade com as
minhas amigas”240. Perder a vida pelas mãos do pai já seria ruim, mas morrer
solteira era uma tragédia.
Caso pudesse se casar antes que seu pai a matasse, a filha de Jefté teria
que fazer sexo, que se configurava uma obrigação logo após o matrimônio. Deus
deixou essa obrigação muito clara a Adão e Eva ainda no Jardim do Éden.
“Frutificai [...] e multiplicai-vos, enchei a Terra e submetei-a”241. Alguns séculos
depois, ao deixar para trás a arca, Noé e seus filhos receberam as mesmas
instruções após Deus afogar todos os outros seres humanos no dilúvio242.
O judaísmo demonstrou, ao longo de toda sua história, uma postura
bastante negativa em relação ao celibato.
Sexo e fecundidade estão diretamente relacionados. Quando alguém
considera seus descendentes uma dádiva divina, ao se abster de sexo estará
recusando a Deus. Como podemos ler no Livro dos Salmos: “Inútil levantar-vos
antes da aurora, e atrasar até alta noite vosso descanso, para comer o pão de um
duro trabalho, pois Deus o dá aos seus amados até durante o sono. Vede, os
filhos são um dom de Deus: é uma recompensa o fruto das entranhas. Tais como
as flechas nas mãos do guerreiro, assim são os filhos gerados na juventude.”243.
A promessa de Deus para os judeus é idêntica a que Ele fez a Abraão: “Farei de
ti uma grande nação; eu te abençoarei e exaltarei o teu nome, e tu serás uma
fonte de bênçãos”244. Por meio do casamento e do sexo conjugal obrigatório
com fins de procriação, os judeus dão sua contribuição à promessa de Deus para
Abraão. A fecundidade é um sinal de que os fiéis carregam consigo a fé: “Não
haverá no meio de ti quem seja estéril, macho ou fêmea”245.
Quando pede a Jeremias para não desposar uma mulher, Deus está, na
verdade, atribuindo-lhe uma tarefa: demonstrar ao povo de Israel como este se
afastou d’Ele246. A condição de solteiro de Jeremias é um símbolo trágico de um
Israel que se afastou de Deus.
No judaísmo bíblico, o direito da mulher de procriar era tão extenso que
ela poderia até desposar o cunhado, caso seu marido morresse antes de ela
engravidar. No Gênesis, somos apresentados a Tamar, que primeiramente se casa
com o filho mais velho de Judá, mas este logo morre, por ser “mau aos olhos de
Deus”. Logo em seguida ela se casa com o segundo filho de Judá, que também
morre antes que ela engravide. Ao perceber que o sogro não deseja lhe dar seu
terceiro filho, o mais novo, como marido, ela se veste como prostituta e
consegue ludibriar o próprio Judá, que a engravida. Ao ser acusada de
prostituição quando os primeiros sinais da gravidez ficam visíveis, Tamar prova
que o sogro é o pai da criança. Homem temente a Deus (e um cliente de
prostitutas incrivelmente distraído), Judá conclui o seguinte: “Ela é mais justa do
que eu; pois não a dei (como esposa) a meu (terceiro) filho Selá”247. No plano
mítico, essa história atesta, exageradamente até, a importância do papel da
esposa de conceber um filho no seio da família.
O judaísmo rabínico acompanha essa visão da obrigatoriedade sexual, e
já na Mishná, um texto rabínico primitivo datado de cerca de 200 d.C., fica
muito claro que o sexo é o papel do homem no matrimônio: “Um homem não
deve se escusar da procriação caso já não tenha filhos”. Mesmo que já seja
casado por dez anos e sua mulher, ainda assim, “não tenha tido criança, a ele não
é permitido recusar esse encargo”. Ao homem é exigido que procrie, enquanto a
mulher, segundo a Mishná, não tem a mesma obrigação248. O homem que “não
cumpre seu papel de gerar descendentes é como alguém que deixa esvair o
próprio sangue”, segundo escreveu o rabino Rashi no século I. Maimônides, um
dos mais influentes eruditos do judaísmo, afirmou, no século II, que a mulher
também tinha a obrigação de fazer sexo. Caso se negasse, o homem podia ser
forçado a se separar dela. Esse tipo de exigência não encontrou muito apoio, já
que uma de suas implicações seria um relaxamento das exigências para que uma
mulher se divorciasse.
Um dos principais textos cabalísticos judaicos, o Zohar, escrito no
século XIII, põe a exigência da procriação feita ao homem em uma perspectiva
cósmica, redefinindo o sétimo mandamento: não cometer adultério passa a
significar “procriar e deixar herdeiros”. Caso um homem se negue a procriar,
esse ato é visto como uma “rebelião contra Deus”249. A abstinência sexual é
condenada de maneira ainda mais clara no Shulhan ‘Aruch, um código legal do
século XVI com textos e comentários compilados respectivamente pelo rabino
palestino Joseph ben Efraim Caro e pelo rabino polonês Moisés Isserles. Assim
afirma Caro: “Aquele que não se envolve na procriação é visto como um
assassino, alguém que limita o papel da humanidade na Terra e contribui para
que Deus abandone o povo de Israel”. Isserles prossegue: “Aquele que não
possui esposa leva uma vida sem bênçãos, longe da Torá e não pode ser
considerado uma pessoa. Mas assim que desposar uma mulher, todos os seus
pecados estarão perdoados, tal como rezam as Escrituras: ‘Aquele que acha uma
mulher, acha a felicidade: é um dom recebido do Senhor’”.250
Por conta da concepção básica de que o casamento era uma instituição
criada para coibir a prostituição, até Paulo aceitava a possibilidade do sexo
obrigatório — para aqueles incapazes de se conter, que no matrimônio
conseguiriam dar vazão à sua cupidez.
Somente havendo “consentimento mútuo e temporário” admite-se a
abstinência sexual dentro do casamento251. Não é aceitável se apenas um
cônjuge houver perdido o desejo, estiver com dor de cabeça ou algo do gênero.
Muito ao contrário. É preciso se doar ao parceiro mais ardente, não importa quão
inapetente para o sexo o outro esteja: “Não vos recuseis um ao outro, a não ser
de comum acordo, por algum tempo, para vos aplicardes à oração; e depois
retornai novamente um para o outro, para que não vos tente Satanás por vossa
incontinência”252. Assegurar à mulher o direito ao casamento era uma antiga
tradição judaica, mas estender esse direito ao corpo masculino é algo inaudito,
que raramente mereceu algum destaque entre os primeiros cristãos.
Embora vários patriarcas da Igreja tenham afirmado que
preferencialmente o casamento não deveria incluir o sexo, no cristianismo
medieval acreditava-se que uma união verdadeira deveria envolver relações
sexuais. A maioria das leis canônicas fazia a distinção entre o matrimônio e sua
consumação por meio do ato sexual. Um casamento poderia ser anulado sem
maiores problemas caso a relação sexual não houvesse ocorrido. Mas, não fosse
esse o caso, a união seria indissolúvel. Logo, a primeira relação sexual conjugal
era um ato com sérias implicações legais e teológicas253. Eis por que era comum
nas bodas os convidados literalmente acompanharem noivo e noiva até o leito
nupcial, enquanto o padre abençoava até a mobília. O casal deveria consumar o
ato sexual tão logo os demais houvessem deixado o aposento254.
Ainda assim, a Igreja católica não levou adiante a ideia de que o sexo no
casamento é uma obrigação, preferindo insistir na tese da capacidade de fazer
sexo vaginal como uma urgência. Segundo a lei canônica, se faltar à mulher ou
ao homem a capacidade de consumar o ato sexual no transcurso do casamento,
este será anulado255. Vários casamentos foram desfeitos pela Igreja exatamente
porque a mulher descobria que o homem era impotente. O brasileiro Hedir
Antônio de Brito foi vítima de um efeito colateral menos conhecido dessa regra
sagrada. Em 1996, Brito estava prestes a desposar a mulher de sua vida, Elzimar
Serafim, e já havia enviados os convites para a cerimônia. Porém, quarenta dias
antes da data, a Igreja informou que não mais lhe daria permissão para se casar,
já que era um cadeirante, e assim, de acordo com o entendimento eclesiástico,
não poderia consumar o ato sexual256.
Pelas mesmas razões, a Igreja católica recusou-se a casar pessoas com
alguma deficiência física257.
Hoje em dia, muitos cristãos sentem ou já sentiram na pele algum tipo
de pressão para se casar, mas já houve época em que o peso dessa obrigação foi
muito maior. No século XVIII, os herrnhuters iniciaram uma loteria para
determinar os casamentos, para assim deixar a cargo de Jesus a determinação de
quem deveria desposar quem258. A prática sobreviveu entre os herrnhuters que
emigraram para as Índias ocidentais dinamarquesas, até se tornar um costume
entre os missionários e finalmente ser abolida em 1836259.
A seita cristã Moon, liderada pelo reverendo Sun Myong Moon,
compreende o sexo com base em uma visão que tem como ponto de partida o
pecado original. O plano original de Deus era redimir o pecado original por meio
do casamento de Jesus, um Jesus sexualmente ativo, que povoaria a Terra com
uma nova geração de seres concebidos sem pecado. Infelizmente, Jesus foi
crucificado antes disso, e então Deus enviou o reverendo Moon em seu lugar, a
fim de que sejam ele e seus descendentes essa nova geração de pessoas. Os
seguidores do reverendo Moon veem o casamento como missão, e graças às
bênçãos de seu líder, sua própria união é notoriamente livre de pecado. Durante
as enormes cerimônias de casamentos coletivos, perfeitamente coreografadas, o
próprio Moon decide quem vai desposar quem, assegurando, assim, a
intervenção divina desde o primeiro momento da união260.
O islã compartilha a visão judaica do casamento e do sexo conjugal
como uma obrigação. Deus diz no Alcorão: “E vos é proibido esposardes as
mulheres casadas, exceto as escravas que possuís. É prescrição de Alá para vós.
E vos é lícito, além disso, buscardes mulheres com vossas riquezas, para as
esposardes, e não para cometerdes adultério. E, àquelas com as quais vos
deleitardes, concedei-lhes seu mahr261 como direito preceituado. E não há culpa
sobre vós, pelo que acordais, mutuamente, depois do preceituado.”262. Quando
um homem se casa deve também fazer sexo. Se a mulher reclamar da abstinência
do parceiro, ele tem o dever explícito de se deitar com ela antes do decorrer de
um ano263. E não deverá se abster do sexo conjugal por mais de quatro meses
depois disso264. Caso se mantenha abstinente, deve se divorciar.
No hinduísmo, o papel principal da mulher é se casar, praticar sexo
heterossexual e ter filhos.
Muito embora a abstinência sexual continue a ser vista como uma
obrigação para jovens mulheres e para solteiros, o contrário é válido para
mulheres em idade de casamento. O casamento é, aliás, o único sacramento
védico para as mulheres265. Aquelas que se abstêm do sexo e do casamento estão
rompendo com as mais fundamentais normas sexuais do hinduísmo.
O homem hindu incorre em obrigações diferentes, dependendo da idade
em que se encontre. Quando conta 24 anos, é visto como alguém perfeito para se
tornar o provedor de um lar, e nessa fase se esforçar para adquirir bens e prazeres
materiais266. Assim que se casa, há a implicação tácita de que sua obrigação é
fazer sexo. O Código de Manu, por exemplo, deixa claro que um homem deve
fazer sexo com sua mulher enquanto ela for fértil e também deve lhe
proporcionar prazer267. Um homem que não pratica sexo com sua mulher
quando ela provavelmente está no ápice de seu ciclo de fertilidade deve ser
censurado268. Procriar é da mais alta importância: ter um filho quase que
automaticamente garante ao homem um lugar no paraíso269. Embora o Código
de Manu jamais tenha sido lido pela maioria dos hindus, menos ainda nos dias
de hoje, prevalece o princípio do dever masculino de ser sexualmente ativo e
trazer ao mundo descendentes homens. Caso alguém falhe na missão de produzir
um filho que possa perpetuar essa tradição quando chegar a época, isso é visto
como uma grande desgraça.
Enquanto muitas pessoas estão convictas, por razões religiosas, de que
não desejam ou não devem praticar o sexo em absoluto, há um bom número de
concepções religiosas que pregam exatamente o oposto dessa visão: é nosso
dever praticar o sexo. Nessa perspectiva, podemos traçar paralelos entre outras
exigências que a religião nos faz, como a orar, fazer um sacrifício ou obedecer a
certos ritos de passagem, como o batismo ou o funeral. Desta forma, vemos que
o sexo passa a ocupar um lugar central na observância religiosa. Quando a
demanda por sexo é absoluta, fica claro que nem uma oração nem um sacrifício
bastam: o sexo torna-se essencial, como Hipólito e tantos outros descobriram da
pior maneira.
As razões para praticar sexo são, porém, muitas e variadas. A tarefa
humana de se multiplicar, atribuída pelos deuses, é uma das razões que
constantemente emerge no judaísmo, xintoísmo, hinduísmo e onde mais for. Essa
obrigação costuma vir acompanhada de uma concepção claramente sexista. No
hinduísmo tradicional, por exemplo, o sexo conjugal tem pouca serventia caso
produza apenas mulheres. Em um extremo, não praticar sexo é uma ofensa
contra os deuses. Em outros contextos, é dever de cada um estar sexualmente
disponível para seu cônjuge assim que se casarem — isso está presente, por
exemplo, no judaísmo, no cristianismo e no islã. Para muitas pessoas, parte
dessas s regras sexuais é vivida como o peso de uma obrigação. Não basta
apenas ingressar em um casamento heterossexual, independentemente da
vontade: deve-se estar sexualmente disponível para o cônjuge sempre que for
preciso.
Apenas para reprodução
Michelle, mãe de três crianças, e Dani, mãe de quatro, ambas judias ortodoxas,
foram abandonadas por seus maridos no fim da década de 1990. Os homens que
as deixaram não desejavam se separar, embora ambos mantivessem abertamente
relações com outras mulheres e fossem pais de outras crianças. Já que somente o
homem tem o direito de requerer o divórcio segundo o judaísmo ortodoxo,
Michelle e Dani não tiveram escolha a não ser continuar casadas.
Em Israel, o casamento e o divórcio são regidos por leis religiosas, não
seculares. Todos os judeus, independentemente do ramo de judaísmo a que
pertencem, ficam automaticamente à mercê das cortes ortodoxas, as únicas que
Israel reconhece na esfera do direito familiar. A única maneira de escapar da
jurisdição das autoridades religiosas é casar-se no exterior. Os casos de Michelle
e Dani, que em 2004 foram abordadas no documentário Mekudeshet
(“Condenadas ao casamento”), não são, de forma nenhuma, uma exceção.
Muitas mulheres judias vivem em situação semelhante em Israel. Embora os
maridos de Michelle e Dani abertamente admitissem sua relação com outras
mulheres, a corte religiosa ortodoxa recusou-se a aceitar o pedido de divórcio, a
menos que fosse protocolado pelos próprios homens. Nesse ínterim, Michelle e
Dani foram proibidas de namorar ou casar-se com outros homens, ao passo que
aqueles que as abandonaram podiam fazer o que quisessem, exceto casar-se
novamente412.
A regulação do divórcio é parte importante do controle do sexo pela
religião, principalmente por representar uma maneira efetiva de esta regular a
quantidade de parceiros sexuais. O adultério, alternativa ao divórcio, é uma das
poucas condutas sexuais ainda condenadas pela maioria dos fiéis hoje em dia,
independentemente da religião a que pertençam. As religiões que logram limitar
o acesso ao divórcio também limitam as possibilidades de os cônjuges fazerem
sexo com outras pessoas que não seus parceiros originais.
Como a maioria das religiões dá mais destaque ao controle sexual da
mulher, não surpreende constatar que a discrepância entre os direitos sexo-
religiosos de homens e mulheres se reflita nas regras pertinentes ao divórcio. Ao
mesmo tempo, podemos perceber que o divórcio é uma das áreas nas quais as
religiões, em grande medida, tiveram que se render ao controle dos fiéis no curso
do século passado. Mas é preciso ter em mente que as religiões,
tradicionalmente, não consideravam o divórcio um tema controverso, tanto para
homens como para mulheres.
No Pentateuco encontramos regras bastante simples em relação ao
divórcio. Se um homem “vier a odiá-la [a sua mulher] — “por descobrir nela
qualquer coisa inconveniente”, por exemplo — simplesmente “escreverá uma
letra de divórcio, lhe entregará na mão e a despedirá de sua casa”.413 Caso mude
de ideia, é permitido ao homem casar-se novamente com a mesma mulher, mas
apenas se ela não houver se casado com outro homem nesse intervalo. Caso o
primeiro marido ainda assim a tome como esposa novamente, terá cometido um
ato abominável aos olhos do Senhor414.
Havia, porém, alguns tipos de esposa das quais era impossível se
separar. Caso um homem fosse apanhado em flagrante com uma virgem que já
não estivesse prometida a outro, teria não apenas que pagar cinquenta shekels ao
seu futuro sogro, mas também casar-se com ela e “Como a deflorou, não poderá
repudiá-la em todos os dias de sua vida”415.
A opinião da esposa, sobre o divórcio ou sobre ser expulsa de casa ao
sabor da vontade de seu marido, era irrelevante. As mulheres não tinham o
mesmo direito de pedir o divórcio, mas algumas o faziam assim mesmo. O Livro
dos Juízes fala de uma concubina que ficou furiosa com seu homem, que
pertencia à linhagem de Levi, e “deixou-o e foi para junto de seu pai em Belém
de Judá”416. A concubina jamais teria direito a uma separação formal, e a única
esperança para uma mulher que desejasse o divórcio era que o marido a
considerasse portadora de “algum inconveniente” ou simplesmente se cansasse
dela.
O Talmude prossegue permitindo ao homem e negando à mulher o
direito ao divórcio. Como expressa a Mishná: “Uma mulher pode se separar com
ou sem seu consentimento; um homem somente se separa se ele mesmo
consentir”417. Assim que uma mulher se divorcia, sua sexualidade deixa de ser
regulada pelas regras para mulheres casadas. A declaração formal de divórcio
que um marido é obrigado a dar a sua mulher deve ratificar que, a partir de
então, ela passa a estar “disponível para qualquer homem”418. Logo após a
conquista islâmica da Mesopotâmia, eruditos judeus deram às mulheres o direito
ao divórcio, que não tardaria a ser abolido no curso do século XIII419.
No século XI, o célebre talmudista Gershom ben Judá propôs, com
sucesso, aos judeus asquenazes que um marido deveria ter a anuência da mulher
para se divorciar, uma limitação significativa do direito originalmente concedido
aos homens420, mas a maioria dos judeus sefardis jamais aceitou essa
mudança421. Quando países ocidentais passaram a liberar o divórcio e os judeus
puderam se separar legalmente sem o peso das obrigações religiosas, muitos que
novamente se casaram pela lei civil passaram a ser considerados adúlteros, e
seus filhos, ilegítimos422. Judeus moderados e progressistas agora aceitam o
divórcio em bases mútuas e não veem nenhuma incompatibilidade entre as leis
civis e religiosas; mas, como vimos, muitos ortodoxos ainda se baseiam na lei
antiga, em que o gênero é determinante.
O islã parte do mesmo princípio que o judaísmo nesse particular, e
garante aos homens um direito negado às mulheres; mas regula o divórcio de
forma bem mais abrangente. No Alcorão, todo o capítulo 65 diz respeito ao
assunto, e por isso foi apelidado de al-Talaq: divórcio. O marido é
terminantemente proibido de expulsar a esposa de casa da forma descrita no
Pentateuco e é obrigatório cumprir um período de afastamento423. Segundo os
hadiths, tanto o califa Omar quanto o genro de Maomé, Ali, afirmam que esse
período se inicia quando o homem jura abster-se de sexo com sua esposa, e deve
durar quatro meses424. Ao término, ou o homem recebe a esposa de volta
“amistosamente” ou se separa dela “amistosamente”. Se ele tiver certeza de que
deseja realmente o divórcio, não pode simplesmente entregar uma declaração
por escrito nas mãos da mulher. É preciso a presença de duas testemunhas. O
homem também tem o dever de sustentar sua ex-mulher de acordo com sua
capacidade financeira, especialmente se ela estiver grávida425.
O costume largamente difundido de o homem dizer três vezes “Eu me
divorcio de você” tem implicações jurídicas no islã, mas é visto por muitos como
uma distorção pecaminosa do direito masculino e uma afronta ao Alcorão426. Em
muitos dos países onde habitam muçulmanos, esse tipo de divórcio seria
considerado ilegal em relação às leis nacionais, o que, evidentemente, obrigaria
o homem, nesses casos, a recorrer a um procedimento mais complexo de
separação427.
Assim como suas pares judias, as mulheres muçulmanas não tinham, de
início, nenhuma possibilidade de obter o divórcio por iniciativa própria. Mas há
imensas diferenças de país a país.
No Saara ocidental, ocupado pelo Marrocos, por exemplo, geralmente se
aceita que as mulheres peçam o divórcio428. Vários países muçulmanos admitem
que as mulheres tomem essa iniciativa com base em uma série de razões, e as
mudanças legais que possibilitaram isso muitas vezes foram inspiradas em
relatos do Alcorão429.
Tanto a Turquia como o Sudão passaram a dar às mulheres o direito ao
divórcio no início do século XIX430. No Irã, existem algumas possibilidades para
que isso ocorra, normalmente baseadas no que reza o contrato conjugal431. No
Marrocos, esse direito só passou a ser garantido em 2004432.
Em relação ao divórcio, o cristianismo parte de um pressuposto
totalmente diferente do judaísmo e do islã. Jesus afirmou que todos aqueles que
se casam novamente depois de terem se separado, por definição, cometem
adultério e “se lançam ao inferno”. Não importa se um homem divorciado se
conserve solteiro, pois será culpado de adultério caso sua ex-mulher se case
novamente. Na visão de Jesus, a fornicação era a única razão legítima para o
divórcio, mas essa exceção pode muito bem ser uma interpretação tardia do texto
bíblico, mais que algo que Jesus tenha realmente dito433.
O fato de que Jesus não falou muito sobre a sexualidade é normalmente
visto como um problema, porque obrigou os cristãos a tirar conclusões com base
em outras afirmações que ele fez. Mas Jesus é muito claro sobre o divórcio: é
proibido e conduz à danação.
De pouco adianta retroceder e tentar ponderar as afirmações de Jesus e
os exemplos de homens do Velho Testamento, que tinham o direito de agir como
bem entendessem. O ponto de partida para que Jesus abordasse o divórcio foram
exatamente as leis do Pentateuco pelas quais um homem teria o direito de
abandonar o casamento: Jesus as rejeita de imediato dizendo que não são rígidas
o suficiente434. Não há, tampouco, nada no Novo Testamento que possa ser
usado para argumentar que os cristãos têm direito ao divórcio. Paulo permite a
um gentio tomar a iniciativa de se separar, e, nesse caso, seu cônjuge cristão, seja
homem ou mulher, estará “livre das amarras”435. O ponto de partida para a
cristandade é indiscutível: o divórcio é estritamente proibido.
Considerando que é quase impossível interpretar Jesus e o resto do Novo
Testamento sob outra ótica que não essa, é especialmente interessante observar
como o divórcio ainda assim é totalmente aceito ou considerado uma questão
superada pela maioria dos cristãos de hoje. Quando Per Oskar Kjølaas, bispo de
Nord-Hålogaland, deu entrada em seu pedido de divórcio, somente uns poucos
membros do movimento conservador luterano laestadiano lhe pediram que se
afastasse do cargo. O bispo Olav Skjevesland, primaz da Igreja da Noruega, nem
sequer mencionou o veto integral de Jesus ao divórcio. Ao contrário, disse que
“essa é uma questão privada que não diz respeito ao público em geral”. É
“perfeitamente possível” ser um bispo divorciado, argumentou ele. Segundo
Skjevesland, ao se divorciar, um bispo “não se divorcia de sua vocação” — a
despeito da proibição bíblica436.
O primeiro e até agora único presidente divorciado a ocupar a Casa
Branca foi Ronald Reagan, que se elegeu com um apoio esmagador da direita
cristã. John McCain, candidato às eleições presidenciais de 2008 nos EUA
apoiado pela imensa maioria dos conservadores cristãos, também era divorciado,
e isso jamais representou um problema digno de nota.
Para vários patriarcas dos primórdios da Igreja, mesmo quando um
divórcio resultava do adultério, o parceiro inocente não tinha o direito de se
casar de novo437. Tertuliano, por exemplo, foi bastante claro quando afirmou que
um segundo casamento “não pode ser considerado nada além de um tipo de
fornicação”438. Mas o desequilíbrio entre gêneros não tardaria a se manifestar
novamente. O Concílio de Elvira, na Espanha, no começo do século IV, exigiu
que o marido se divorciasse caso sua mulher o traísse, mas se o marido fosse o
infiel, a esposa não teria absolutamente nenhum direito439. No Império Bizantino
o homem tinha o direito de se divorciar da mulher não apenas em decorrência de
um adultério, mas também caso ela frequentasse locais de grande fluxo de
pessoas, tais como hipódromos ou banhos públicos. Se o homem fosse infiel,
não haveria razões correspondentes para uma separação, exceto se o ato fosse
especialmente pecaminoso ou provocasse alguma comoção social440.
Ao lado da diferenciação de gêneros havia também uma de classes.
Carlos Magno, que proibiu o casamento após o divórcio também na lei civil,
casou-se e se separou várias vezes441. Mas, como nos ensinaram os livros de
história, não era sempre fácil para os monarcas deixar para trás um casamento,
fosse por meio do divórcio ou da anulação. O papa jamais permitiu que Henrique
VIII abandonasse sua primeira esposa, o que levou ao rompimento entre a Igreja
católica e a anglicana.
A Reforma não trouxe nenhuma abertura para o divórcio, nem mesmo na
Inglaterra. De acordo com a Igreja anglicana, o adultério continuava sendo a
única razão para o divórcio até o ano de 1857. Mesmo se alguém possuísse um
cônjuge infiel, não era fácil sair de um casamento. Entre 1670 e 1749, somente
dezesseis separações foram reconhecidas. Em outros países protestantes era
possível invocar o divórcio com base em infidelidade ou impotência, ou, em
raras ocasiões, se o cônjuge fosse portador de alguma doença contagiosa,
condenado por algum crime grave ou se convertesse a outra religião. Mas, ainda
assim, o número de divórcios era pequeno. Em muitas áreas, a taxa de divórcios
no começo da era moderna era de cerca de dois a cada ano por 100 mil
habitantes442; nos EUA de 2008, era de 350 por 100 mil443; na Noruega de 2007,
217 por mil444.
A Igreja católica manteve sua tolerância zero contra o divórcio, e
embora costume contornar sua proibição anulando casamentos em larga escala,
reiteradamente envida seus esforços contra a legalização do divórcio em países
católicos. A Igreja católica resistiu fortemente quando a república da Espanha
legalizou o divórcio, em 1932, mas, felizmente — do ponto de vista
católico —, Franco reverteu a decisão quando os fascistas tomaram o poder,
alguns anos depois445. O Vaticano teve êxito ao torpedear um projeto de lei de
divórcio na Itália, em 1921446, e também fez o que pôde para convencer os
italianos a votar contra uma nova lei que legalizava o divórcio em um referendo,
em 1974. Cinquenta e nove por cento da Itália de maioria esmagadoramente
católica votou pela manutenção do recém-conquistado direito de se separar.
Na Dinamarca, a Igreja luterana estatal introduziu sua própria cerimônia
de divórcio447, mas uma institucionalização cristã da separação ainda é algo
muito raro. A mais importante evidência da total mudança de atitude em relação
ao divórcio entre os cristãos é tão somente o número de pessoas que tomam uma
atitude e se divorciam. A proporção de uniões que terminam em divórcio nos
países protestantes europeus é de cerca de 40 a 50%. Nos países católicos, não
apenas constatamos que muitíssimas pessoas vivem em oposição direta à
doutrina da Igreja, mas que a filiação religiosa não é o único fator decisivo.
Existem variações significativas entre diferentes países católicos europeus.
Enquanto o índice de casamentos que acabam em divórcio na Bélgica,
Liechtenstein, Lituânia, Luxemburgo, Hungria e Áustria é de pouco mais de
40%, na Itália, Croácia, Polônia e Espanha esse número fica abaixo de 20%448.
O budismo é, em princípio, neutro em relação ao divórcio, algo que tem
relação com o fato de nem o sexo nem tampouco o casamento terem muita
importância para essa religião. Em países budistas como Sri Lanka, Burma e
Tailândia, o divórcio é tradicionalmente aceito e fácil de obter449. Mas, vendo
como o budismo tem sido praticado em outros países, os problemas costumam
ser mais frequentes, especialmente para as mulheres. Confucianistas, bem como
fiéis de outras religiões, têm sua parcela de contribuição no agravamento do
problema em países como Vietnã e China450. No Japão, onde o budismo divide
com o xintoísmo o primeiro lugar entre as religiões do país, era virtualmente
impossível para uma mulher conseguir o divórcio antes 1947, a não ser com a
anuência do marido, para quem, por sua vez, bastava apenas alegar que não mais
gostava da mulher para obtê-lo.
Se uma esposa não engravidasse, a família do marido poderia forçar um
divórcio ainda que ele mesmo não o desejasse. O adultério por parte do marido
não levava ao divórcio, mas se uma mulher fosse a adúltera, a razão era mais que
suficiente451.
Tornar-se uma freira era a única possibilidade que uma mulher budista
tinha para obter o divórcio no Japão452. As freiras que se convertiam por esse
motivo eram menosprezadas em relação às demais453.
Embora o hinduísmo seja uma espécie de ponto de partida do budismo,
existem poucos paralelos na visão sobre o divórcio. No hinduísmo, o divórcio é,
em princípio, muito problemático, porque o casamento é visto como uma ligação
eterna que se mantém ao longo de muitas vidas e também no paraíso. Essa era a
razão pela qual as mulheres não deveriam se casar novamente, mesmo quando
viúvas. Os homens não tinham o mesmo problema porque tinham o direito de ter
várias esposas.
Como acontece com frequência no hinduísmo, as exceções são muitas
também nesse particular. Pessoas que não pertencem mais a uma casta ou
membros das castas inferiores têm, historicamente, mais facilidade para se
divorciar, como também povos tribais da Índia. Mais surpreendente é o fato de
que em regiões do Punjab e de Maharashtra o divórcio era uma prática usual
entre as castas superiores454. Para muitos, as regras sobre o divórcio eram
aplicadas segundo a casta a que pertenciam, e em muitas castas é
tradicionalmente permitido que os casais se divorciem caso ambos os cônjuges
estejam de acordo455. Em algumas castas o homem também tem o direito de se
separar da mulher, independentemente do que ela deseja456. Em outras, há
algumas possibilidades que dão à mulher o direito de se separar caso seja essa
sua vontade, ou pagando ao cônjuge o valor de todos os dotes recebidos no
casamento457, ou caso o homem seja impotente, tenha desaparecido ou se
tornado um asceta458.
Atualmente, o direito familiar dos hindus, aprovado em 1955, reconhece
a possibilidade total do divórcio e equipara mulheres e homens tanto em relação
à separação como à anulação do casamento. Alguns porta-vozes das castas
superiores chegaram a afirmar que isso retratava um declínio cultural e
religioso459. Um casamento pode, por exemplo, ser anulado se o marido se
revelar impotente ou se a mulher engravidar de outro homem na vigência do
matrimônio. São razões para o divórcio, para homens e mulheres: adultério,
crueldade, lepra, doença sexualmente transmissível, abandono do lar, ascetismo,
ingresso em uma ordem religiosa ou abandono da fé hindu460. Quênia e Uganda
foram países que introduziram leis bastante similares para hindus em 1960 e
1961, respectivamente461. E desde 1976, hindus na Índia têm o direito de se
divorciar, após um ano de separação de corpos, por nenhuma razão específica
que não o desejo manifesto de um ou de ambos os cônjuges462.
Não é possível classificar a postura das religiões em relação ao divórcio
apenas analisando se é ou não permitido. Quando examinamos mais de perto,
vemos que uma série de fatores diferentes determina essa conduta. No
cristianismo e no hinduísmo, existe o princípio subjacente da indissolubilidade
do casamento, o que obviamente implica a impossibilidade do divórcio como
fundamento dessas religiões. No budismo, por outro lado, o fator principal é a
irrelevância do casamento. O ingresso no casamento não é considerado uma
questão religiosa essencial — consequentemente, o ato de sair dele também não.
No judaísmo e no islã, novamente, o ponto de partida não é nem uma proibição
total nem uma aceitação generalizada do divórcio. Em vez disso, o princípio
norteador é o direito arrogado pelo homem de controlar a sexualidade da mulher.
Somente os homens podem dar início a um divórcio, o que significa que o
direito masculino de controlar a mulher é francamente superior ao do casamento
como instituição.
Atitudes mais modernas em relação ao divórcio, particularmente dentro
do cristianismo, oferecem um bom exemplo de como as religiões são capazes de
fazer vista grossa àquilo sobre o que normalmente se julgam autoridades
máximas. A hipótese do divórcio se tornou tão autoevidente na vida de tantos
cristãos que a maioria deles nem vê problemas na condenação irrestrita que Jesus
fazia a ele. A postura cristã em relação ao divórcio é, portanto, um excelente
exemplo de como as proibições religiosas podem ser ignoradas por completo
assim que deixam de ser relevantes para os fiéis.
Demais proibições e orifícios corporais
O Senhor surgiu para Moisés e disse: [...] “Se um homem dormir com uma
mulher durante o tempo de sua menstruação e vir a sua nudez, descobrindo o seu
fluxo e descobrindo-o ela mesma, serão ambos cortados do meio de seu
povo”463. Não restam dúvidas quanto a essa proibição bíblica para o sexo
durante a menstruação. A proibição de Deus é total, e os que a desobedecerem
cometendo essa “abominação” devem ser mortos. Pode parecer um exagero, mas
é uma medida de extrema importância, segundo a Bíblia.
O objetivo, aqui, não é chegar a nenhuma conclusão teológica extrema
sobre o que deve ser feito com aqueles que praticarem sexo durante o período
menstrual, mas mostrar que as regras religiosas para o sexo heterossexual se
estendem muito além da simples relação sexual dentro ou fora do casamento. As
regras para o sexo durante o período menstrual são apenas algumas dessas
restrições. Mas, se observarmos esse fenômeno mais de perto, logo veremos que
impõe uma problemática bem mais complexa.
Embora a Bíblia determinasse inapelavelmente a pena de morte para o
sexo durante a menstruação, é improvável que essa determinação fosse
cumprida. O texto, de forma um tanto confusa, prescrevia anteriormente sanções
bem diferentes para o mesmo ato. Caso um homem dormisse com uma mulher
no período de sete dias em que era considerada impura — quando tivesse “seu
fluxo de sangue” —, teria sido contaminado e seria ele mesmo considerado
impuro por sete dias, e o leito em que se deitassem também464. Esse é um tema
sobre o qual Deus se manifestou a Moisés465, logo, é um tanto difícil saber o que
precisa ser feito com aqueles que praticaram sexo durante a menstruação. O que
fica claro é a interdição do ato sexual em si, e talvez caiba a cada fiel,
individualmente, decidir se esses criminosos sexuais merecem ou não a pena
capital.
No judaísmo, a proibição ao sexo menstrual está relacionada a uma
compreensão mais ampla da pureza religiosa e ritual, que inclui aspectos outros
que não sexuais. As mais conhecidas são as regras dietéticas, que proíbem a
carne de suínos, coelhos, camelos, avestruzes, camarões e certas variedades de
gafanhotos (gafanhotos de certas espécies são perfeitamente palatáveis)466.
Proibições similares sobre impurezas dizem respeito a doenças de pele, partos e
bolor nas roupas467. No que se refere ao sexo e à impureza, qualquer tipo de ato
que envolva secreções corporais é considerado impuro: “Se uma mulher dormiu
com esse homem [que despejou sua semente], ela se lavará na mesma água que
ele”; e mesmo depois de um banho ritual ambos estarão “impuros até a tarde”. O
mesmo princípio vale para o homem “cuja semente lhe escapar” quando não
estiver fazendo sexo com uma mulher, e não se restringe somente ao sêmen:
“Toda veste e toda pele sobre as quais caírem o sêmen serão lavadas com água, e
ficarão impuras até a tarde”468. Como uma mulher menstruada é considerada
impura por sete dias, não surpreende que a combinação com a atividade sexual
— também considerada impura — conduza a sanções ainda mais severas.
O sexo menstrual não é a única variedade sexual impura passível de
punição com a pena capital, também recomendada para casos de adultério,
bestialismo, pederastia, incesto e sexo com familiares casados. Todas estas
formas de sexo impuro, além da prática de magia e ingestão de animais impuros,
eram atos abomináveis praticados tanto pelos egípcios como pelas “nações que
Deus castigava diante dos homens”469. Não se sabe, ao certo, se essas condutas
eram de fato praticadas por todos os povos da região, mas a impressão de que
assim procediam é muito importante na Bíblia. O fato é que os israelitas
acreditavam nisso, e uma vez que Deus lhes disse “Sereis para mim santos,
porque eu, o Senhor, sou santo; e vos separei dos outros povos para que sejais
meus”, eles procuraram não copiar certos costumes dos povos que os
rodeavam470. Tais atos conspurcariam até mesmo a Terra Santa471. Quando os
israelitas tiravam a vida de quem praticava sexo menstrual ou violava outras leis
semelhantes, agiam sob inspiração sagrada, para reforçar a singularidade de sua
relação com Deus.
Como tantos outros aspectos relacionados à pureza ritual na Bíblia, a
condenação do sexo menstrual foi mantida pelo judaísmo rabínico. Embora
tenha abolido a pena de morte para tanto, a lei mosaica manteve a proibição do
sexo nos sete dias em que a mulher “esteja impura”, somados a “sete dias de
purificação” — em outras palavras, o sexo era interditado durante duas semanas
a cada mês devido à menstruação472.
A proibição ao sexo menstrual foi herdada pelas demais religiões
abraâmicas, embora as severas sanções divinas em geral tenham sido deixadas
de lado. Ainda que o Alcorão mantenha o interdito, nada consta sobre
penalidades, apenas a menção de que os homens devem se abster de sexo com
mulheres menstruadas porque são impuras473. O cristianismo medieval não
proibiu apenas o sexo durante a menstruação, mas também ao longo da gravidez
e da lactação. Sobre o culpado desses pecados recaía um período de penitência
de quarenta dias474.
O livro de penitência irlandês de Cummean, do século VI, proibia o sexo
às quartas, sextas e domingos, além dos sábados à noite. Além disso, os casais
deveriam se abster de sexo durante três períodos de quarenta dias a cada ano,
perfazendo, assim, um total de noventa dias anuais nos quais o sexo era
permitido475. Posteriormente, na Idade Média esse tipo de embargo passou a ser
visto com menos seriedade476, e, hoje em dia, poucos cristãos se importariam
com tais questões do ponto de vista puramente religioso.
Seguindo para o Oriente, vemos que o sexo durante a menstruação é
proibido pelo Código de Manu477. Esses escritos antigos contêm inúmeras outras
proibições a que poucos hindus obedeceriam atualmente. É pecado fazer sexo
debaixo d’água, está escrito. Alguém que o pratique deve se penitenciar e fazer
samtapana kricchra478, isto é, ingerir uma mistura de urina de vaca, estrume
bovino, leite, leitelho, manteiga clarificada e uma infusão de grama kusa, e jejuar
pelas 24 horas seguintes479. Um homem pertencente às três castas superiores não
pode fazer sexo com uma mulher durante o dia ou sobre carroça puxada por
bois. Caso, mesmo assim, incorra nessas condutas abomináveis, deverá obedecer
a um ritual de purificação banhando-se completamente vestido480. Embora
pareçam absurdas aos olhos da maioria das pessoas hoje em dia, essas regras
oferecem uma clara mostra de como os limites para a regulação do sexo pela
religião parecem não existir.
Certa vez, a lendária heroína grega Atalanta e seu amado Melânio
fizeram sexo em um templo dedicado a Zeus ou à deusa-mãe Cibele. Não se
sabe se encontraram esse templo durante uma caçada ou se teriam sido tomados
por um desejo súbito, obra da deusa do amor, Afrodite, furiosa por não lhe terem
feito uma oferenda de gratidão. Qualquer que tenha sido a razão, eles deveriam
ter sido mais cautelosos — a religião grega proibia o sexo nos templos. De
acordo com Ovídio, as inúmeras esculturas de madeira viraram o rosto diante da
visão do casal copulando no local sagrado. Atalanta e Melânio não ficaram
impunes por seu desvio sexual. O pescoço de ambos se curvou e se encheu de
pelos, seus dedos se transformaram em garras, seus braços viraram patas e do
dorso brotaram caudas. Já não eram mais seres humanos: foram transformados
em leões481.
Transformar-se em bestas por fazer sexo nos templos gregos, sem
dúvida, era algo excepcional, mas serve para enfatizar o quanto a prática era
proibida em locais sagrados. O Pentateuco também proíbe o sexo no templo482,
uma interdição que foi mantida e estendida a todos os locais sagrados do
judaísmo. Quando os filhos de Eli fizeram sexo com a mulher que prestava
serviços no santuário, seu pai recebeu uma mensagem divina dando conta de que
“morrerão ambos no mesmo dia”, o que de fato ocorreu483.
O cristianismo possui as mesmas proibições, ainda que mais implícitas.
A proibição cristã do sexo em locais sagrados talvez seja mais bem
exemplificada nas muitas fantasias cristãs sobre rituais satânicos e outros cultos
não cristãos que ocorrem exatamente dentro de igrejas. Normalmente o sexo
ocorre no próprio recinto ou em rituais que deliberadamente desfazem os ritos
eclesiásticos.
Em 1841, Giovanni Furlan foi decapitado e queimado em Veneza por
fazer sexo com sua esposa. Mas isso não foi uma expressão radical da postura
cética do cristianismo contra o sexo heterossexual, vigente ao longo de toda a
história da religião. O problema foi que Furlan praticou o tipo errado de sexo,
recorrendo ao orifício errado. A sentença mortal foi levada a cabo com base na
acusação de reiterada sodomia — mais precisamente, sexo anal484. Em 1758, um
francês foi condenado à escravidão perpétua nas galés na Catalunha por ter
praticado sexo anal com sua mulher, e homens foram executados em 1583 e
1619 em Zaragoza pelo mesmo crime485. Portanto, a concepção vigente em
certos círculos cristãos de hoje, de que o sexo anal heterossexual seria tolerável
por preservar a virgindade da parceira, é uma opinião das mais controversas na
teologia cristã486. A condenação cristã ao sexo anal estava relacionada à ideia de
que sodomia e sexo anal eram sinônimos, e não era algo que homens e mulheres
devessem praticar entre si. O sexo anal era visto com ressalvas também por não
ser considerado natural — em outras palavras, não permitia a procriação.
Não há nada na Bíblia sobre o sexo anal entre homens e mulheres. A
condenação cristã do sexo anal é, portanto, baseada em nada mais que uma
interpretação do que Deus acredita ser a conduta sexual correta. Se recorrermos
à tradição rabínica, veremos outra interpretação: aqui, o sexo anal é permitido no
casamento487. Ao abordar as posições sexuais permitidas, os hadiths islâmicos
proíbem casais de praticar o sexo anal, sem explicar o porquê488. Assim como na
doutrina cristã, alguns juristas sunitas traçam um paralelo entre o sexo anal
heterossexual e o tipo de sexo que se dizia praticar em Sodoma489.
Em 342, os imperadores cristãos Constantino e Constâncio proibiram
toda e qualquer relação sexual conjugal que não a vaginal490. Não era apenas um
típico exemplo da preocupação cristã com o sexo anal, mas também com o oral.
Como vimos, muitos cristãos conservadores de hoje afirmam que o sexo oral é
uma alternativa boa e prática para aqueles que realmente desejam praticar sexo
antes do casamento491. Obviamente, os cristãos nem sempre tiveram essa
opinião: o sexo oral é costumeiramente visto como ainda pior que o anal.
Agostinho sustentava que era melhor para homens que gostavam do
assim chamado “sexo desnaturado” — a saber: anal ou oral — praticá-lo com
prostitutas, argumentando que era melhor fazer coisas deploráveis com mulheres
cuja salvação já seria duvidosa, que pôr em risco a vida eterna de suas devotadas
esposas492.
Graciano, que no século XII publicou um dos mais importantes
compêndios de leis canônicas do cristianismo ocidental, dizia que a prática desse
tipo de “sexo desnaturado” dentro do casamento era pior que a fornicação e o
adultério493. Outros patriarcas da Igreja lamentavam-se, com boas razões, pelo
fato de que era difícil comprovar, dentro do casamento, a existência de tais
práticas sexuais condenadas, e nada podiam fazer a menos que as pessoas
confessassem os delitos494.
Embora dificilmente se trate de uma questão que ocupe o tempo da
maioria dos fiéis, a proscrição cristã do sexo anal e oral não é somente uma
história perdida no tempo. Essas práticas estão claramente inseridas entre o sexo
conjugal não procriador, prática que a Igreja católica define como a única
permitida e verdadeiramente humana495. Práticas heterossexuais de sexo oral e
anal permaneceram sendo crimes também segundo algumas leis cristãs
modernas. Somente em 2003 a Suprema Corte dos EUA invalidou as leis
estaduais que proibiam o sexo oral e anal entre homens e mulheres496. O sexo
anal, aliás, fornece um bom exemplo da discrepância tão frequente entre o que as
pessoas realmente fazem e aquilo que é proibido, ou por uma condenação direta
da Igreja ou por leis de inspiração religiosa. Estatísticas de 2005 sugerem que
47% dos adultos nos EUA já fizeram sexo anal. Na Itália, apesar de nove a cada
dez italianos pertencerem à Igreja católica, que condena com tanto vigor o sexo
anal, 50% da população admitem já tê-lo praticado assim mesmo497.
Leis religiosas que governam quando, onde e como pessoas podem fazer
sexo representam uma grande variedade de maneiras de regular a sexualidade.
As limitações acerca de quando é possível fazer sexo dizem respeito tanto a
normas de pureza como a uma necessidade religiosa de constranger a
sexualidade — mesmo dentro do casamento. Embora a vida privada de um casal
seja bem mais restrita hoje que antes (somente os mais ricos possuíam seus
próprios quartos de dormir), as regras que tentavam impor limites à sexualidade
eram difíceis de ser postas em prática. Com exceção das normas que dizem
respeito à menstruação e à obrigação de fazer sexo com uma mulher somente em
seu período fértil, as tentativas de limitar a vida sexual das pessoas não
encontraram eco nem no senso comum nem nas fontes religiosas. Não há dúvida
de que esses fatores explicam, em parte, o porquê de essas tentativas de
restringir o sexo a determinados períodos terem tido tão pouco êxito.
A regulação religiosa sobre quais orifícios corporais podem ser
utilizados para o sexo é outra área cujo controle é bem difícil, pois representam
uma invasão extrema na vida privada de parceiros que têm para si bem nítido
esse direito. Ainda assim, tais regras concentram-se bem mais em determinar
quais orifícios são permitidos que em impor restrições temporais ao sexo —
embora sempre haja uma série de outros detalhes envolvidos. O uso
heterossexual de qualquer outro orifício que não a vagina implica
automaticamente que o sexo não tem fins de procriação, e, consequentemente,
qualquer religião que afirme que o sexo só deve ser feito com fins de procriação
condenará o uso sexual desses orifícios. Caso o uso heterossexual de orifícios
outros que não a vagina seja tolerado, estaremos nos aproximando dos confins
do território heterossexual.
Se o sexo for sinônimo de um pênis penetrando uma vagina, nada que
não seja sexo heterossexual será considerado natural. Quando o uso de outros
orifícios corporais é tolerado, fica, portanto, mais fácil se questionar por que não
é possível fazer o mesmo com pessoas do mesmo gênero.
A proibição do sexo em locais sagrados e em determinadas outras
localidades tem sido mais comum que as restrições temporais, mas nunca teve
uma grande importância, possivelmente porque coincide com a regra básica
cotidiana, comum em tantas culturas, de que o sexo não deve ser praticado em
público. Portanto, raramente houve oposição à proibição do sexo em locais
específicos, seja em princípio, seja na prática.
As regras religiosas sobre onde, quando e como é possível fazer sexo
funcionam, na prática, como uma última lembrança do quão complexa a
heterossexualidade pode ser do ponto de vista religioso. Ao mesmo tempo, essas
regras dão um bom exemplo de como a questão sexual desempenha um papel
fundamental em muitas religiões; há marcadamente poucas, senão nenhuma,
áreas do comportamento sexual que a religião não tentou regular.
É, acima de tudo a diversidade dessas regras que caracteriza a
abordagem religiosa da heterossexualidade. Muito do debate atual parece sugerir
que a religião considera problemática apenas a homossexualidade, mas é
importante ter claro em mente que várias formas de heterossexualidade — na
verdade, a heterossexualidade em si — podem ser muito problemáticas do ponto
de vista religioso.
Mesmo a abordagem da heterossexualidade como uma categoria per se
dentro das diferentes religiões pode representar um problema. As regras para
homens e mulheres são tão diferentes em muitas religiões que a
heterossexualidade em si se torna desprezível como categoria para discutir o que
é permitido e o que é proibido: seria mais preciso tratar a heterossexualidade
masculina e a feminina como categorias separadas.
A ênfase no sexo no âmbito do casamento é tão absoluta para as várias
religiões que faz mais sentido abordar o sexo conjugal e o extraconjugal como
duas categorias principais. Falar de sexo heterossexual ou de outro tipo fora do
casamento torna-se, desta forma, irrelevante, tão formidável é a proibição,
independentemente da forma de sexo à qual estejamos nos referindo.
Existem religiões que classificam o sexo à medida que permita ou não a
procriação, e respectivamente o endossam ou o condenam. Aqui, o gênero do
parceiro e a escolha do orifício são relevantes, mas não seriam os fatores
determinantes para que tipo de sexo seria considerado correto em termos
religiosos.
Há uma tendência muito clara, observável, talvez, na maioria das
religiões de hoje, de dar um grande crédito à heterossexualidade como uma
categoria per se. Isso, em grande medida, deriva da homossexualidade ser tão
nitidamente definida como uma categoria de pleno direito, tanto pelas religiões
como pela sociedade em geral. Uma vez que o gênero do parceiro se tornou o
fator principal para definir a sexualidade, a heterossexualidade também ganhou,
consequentemente, mais atenção como categoria. Quando observamos, por
exemplo, as atitudes cristãs normalmente adotadas em relação ao sexo entre
parceiros heterossexuais em grandes partes da Europa, fica óbvio que para
muitas pessoas não importa se o sexo é feito dentro dos limites do casamento ou
não. A sexualidade conjugal, em grande medida, foi substituída pela
heterossexualidade no discurso sexo-religioso.
A visão budista que Mitsuo Sadatomo tem do sexo homossexual sagrado não
está em absoluto isolada no panorama religioso, ainda que não represente uma
tendência majoritária. Nenhuma das grandes religiões tem uma postura positiva
em relação à homossexualidade. Se examinarmos o panorama religioso atual,
veremos fiéis de todas as crenças argumentando que sua própria religião tem
uma visão positiva da homossexualidade.
De fato, Mitsuo é bem representativo do contexto do budismo japonês.
Mosteiros budistas no Japão eram famosos por abrigar casos homossexuais,
normalmente entre homens de posição e idades diferentes. Alguns homens
ingressavam nos mosteiros exatamente por causa de seu amor por outros
homens507.
O budismo e a homossexualidade masculina eram intrinsecamente
conectados no Japão. O bodhisattva Kobo Daishi, que instruiu Mitsuo no sexo
entre homens, costumava ser visto como responsável pela introdução tanto do
budismo esotérico como do sexo entre homens no Japão do século XI508. Dos
séculos XIV ao XVI floresceu um gênero próprio de narrativa, chigo
monogatari, versando sobre a relação entre monges e noviços (chigo). Eram
histórias que costumavam terminar com o monge perdendo seu amor e, por meio
dessa perda, alcançando um novo patamar de consciência. Como regra, o belo
noviço era uma manifestação de um grande bodhisattva, uma divindade budista,
que por meio de suas condutas homossexuais, dentre outras, dava ao monge um
insight mais profundo509.
Em 1667, Kitamura Kigin, escriba e conselheiro dos xóguns de
Tokugawa, publicou Rock azaleas, um compêndio de poemas homoeróticos no
qual o budismo novamente desempenha um papel preponderante. A maior parte
desses poemas são lições de amor escritas por monges para os noviços. O verso
mais antigo data do século X e provavelmente foi escrito pela pena de algum
discípulo de Kobo Daishi510. Kigin é ainda mais explícito no vínculo que faz
entre a homossexualidade e o budismo. No prefácio, escreve:
Já que a relação entre os gêneros foi proibida por Buda, os pastores da
lei — não sendo feitos nem de rocha nem de madeira — não tinham alternativa a
não ser praticar o amor com os rapazes como uma forma de dar vazão aos seus
sentimentos... Essa forma de amor se mostrou mais profunda que o amor entre
homens e mulheres, afligindo o coração de aristocratas e guerreiros,
indistintamente. Mesmo aqueles que habitam montanhas e cortam lenha na
floresta estão cientes de seus prazeres511.
Em The Mirror of Manly Love, escrito por Ihara Saikaru em 1864,
encontramos novamente a antiga divindade homossexual Kobo Daishi. Segundo
esse livro, “Kobo Daishi não pregava os profundos prazeres do amor entre
homens fora dos muros dos mosteiros porque temia a extinção da
humanidade512. No prefácio do livro, Saikaku não relaciona o amor entre
homens apenas ao budismo, mas também à religião nacional do Japão, o
xintoísmo. Segundo Saikaku, a homossexualidade masculina surgiu, de acordo
com a mitologia xintoísta, no começo dos tempos, com a fálica “joia em forma
de lança vinda dos céus”: “No princípio, quando os deuses iluminaram os céus,
Kuni-toko-tachi foi educado no amor pelos rapazes por um pássaro de cauda
longa que morava no leito seco de um rio sob a ponte suspensa do céu... Até a
miríade de insetos preferia a posição do amor entre rapazes. Como resultado, o
Japão passou a ser chamado de ‘Terra das Libélulas’”. O sexo heterossexual e o
“choro das crianças” só surgiu uma geração depois porque o Deus Susa-no-wo,
incapaz de desfrutar do amor dos rapazes na velhice, transformou-se na princesa
Inada como consolo513. Em outras palavras, não era sem embasamento religioso
que tanto templos budistas como santuários xintoístas, como Saikaku aponta,
funcionavam como locais de encontro para homens que desejavam outros
homens. Pastores lendários podiam escrever milhares de cartas de amor para
seus amantes masculinos sem causar comoção, mas uma única carta para uma
mulher poderia destruir a reputação de um homem para sempre514.
No Japão contemporâneo, a homossexualidade não tem, de maneira
nenhuma, a mesma aceitação que tinha no passado, mas isso decorre
primeiramente da influência externa e do desejo das autoridades japonesas de
modernizar o país com base no modelo ocidental desde a abertura japonesa ao
mundo, em meados do século XIX. Em 1873, foi introduzida a proibição do sexo
entre homens segundo o modelo alemão. Ainda que tenha sido revogada dez
anos depois, recomendação de juristas franceses, iniciativas como essa levaram a
que a homossexualidade deixasse de ser amplamente aceita na sociedade e,
consequentemente, perdesse seu papel central na religião515.
Abandonemos o Japão e sigamos para o Mar Amarelo. Lá
encontraremos uma idêntica aceitação do sexo entre homens na sociedade
chinesa. A partir do século I a.C., o budismo também passou a desempenhar um
papel de destaque na China. E, a exemplo de como o budismo e o xintoísmo
estavam intimamente ligados no Japão, é difícil diferenciar práticas budistas,
taoístas e confucionistas e das demais antigas religiões chinesas. A
homossexualidade masculina era aceita pela elite social, segundo indicam os
graus de tolerância na visão de mundo religiosa na China, uma visão que data de
antes da chegada do budismo. Um conto escrito no sexto século depois de Cristo
pelo filósofo Ha Fei Zi fala sobre o governante de Wei e seu amante masculino
Mizi Xia, no final do século III. Xia apanhou um pêssego, e ao descobrir quão
delicioso era, deu o resto para o amante em vez de comê-lo inteiro. “O pêssego
mordido” tornou-se, então, uma expressão associada ao amor entre homens516.
Há, portanto, uma clara linha de continuidade entre os idos chineses e a época
em que o budismo começou a ter influência. Em seu enorme e célebre trabalho
sobre a história chinesa de cerca do século I a.C., Sima Qian escreveu um
capítulo inteiro sobre os muitos amantes masculinos do imperador da antiga
dinastia Han517. O imperador Wen, por exemplo, foi amante de um marinheiro
do palácio imperial depois de sonhar que outro o teria ajudado a alcançar o reino
dos imortais518. Um imperador que o sucedeu, Wu, foi sepultado com seu
amante, embora ambos fossem casados519. Sepultamento conjunto e descoberta
de um caminho para a imortalidade indicam o grau de aceitação e o contexto
positivo de que o amor entre o mesmo gênero gozava no contexto religioso, algo
que prosseguiu até bem depois dos primeiros imperadores Han. Pouco antes do
nascimento de Cristo, o imperador Ai Di foi de tal sorte arrebatado por seu
amante, a quem havia nomeado comandante-em-chefe dos exércitos, que
preferiu cortar a manga de sua túnica a ter que despertar o amante que havia
adormecido sobre ela. Essa história se tornou recorrente na literatura chinesa, e
devido a esse episódio, o amor entre homens passou a ser chamado de “a paixão
da camisa da manga cortada”520. Durante dinastias não chinesas, como mongóis
e manchus, houve menos entusiasmo pelas relações entre homens521. Assim
como no Japão, a resistência chinesa à homossexualidade cresceu sob influência
ocidental, mas somente quando os comunistas tomaram o poder foi que a
homofobia grassou na China, embora jamais tenha havido uma proscrição
formal à homossexualidade522. Durante a ditadura de Mao houve períodos de
forte perseguição, e a homossexualidade chegou a ser declarada “inexistente”523.
A acepção positiva tradicionalmente existente entre a religião e a
homossexualidade masculina no Japão e na China pode ser vista dentro de um
pano de fundo budista mais amplo. Como Kitamura Kigin indicou, a
homossexualidade disseminada nos mosteiros tem a ver com a resistência que o
budismo normalmente tem em relação ao sexo heterossexual524. Uma vez que a
procriação era o pior aspecto do sexo, segundo o budismo, a
homossexualidade — apesar de tudo — era tida em melhor conta. Não
surpreende, portanto, encontrarmos um grau sempre maior de tolerância ao sexo
intragênero em grande parte do budismo.
Desejo em excesso é um problema, não importa qual seja o gênero do
parceiro. Vários textos budistas primitivos, por exemplo, traçam um quadro nada
positivo do que chamam de pandaka, isto é, homens afeminados acusados de um
desejo avassalador por homens não pandaka. Não é a questão de gênero que
causa espécie aqui, mas o desejo sem limites. Pandakas são, consequentemente,
comparados a prostitutas ou a jovens lascivas. Diz-se que Buda se recusou a
ordenar pandakas monges525.
Ainda assim, fazer sexo com um pandaka afeminado era menos
traumático para um monge que fazê-lo com uma mulher. E fazer sexo com um
homem não pandaka, ou seja, com um homem que não fora acometido pela onda
de desejo que acometia mulheres e pandakas, era ainda menos traumático526. O
que temos, aqui, é um ranking curioso e bem nítido de variantes sexuais e uma
indicação da variante menos perniciosa para um monge. Se um monge devia
praticá-lo, o sexo com um homem “comum” era preferível, seguido pelo sexo
com um afeminado pandaka, sendo o sexo heterossexual considerado o de pior
tipo.
No Tibete, não apenas eram comuns as relações mais discretas entre
homens527: encontramos também uma ordem monástica especialmente
conhecida por seu desejo por outros homens. Os monges ldab ldob eram
hipermasculinizados, combativos e dados a utilizar uma sombra nos olhos que os
deixavam com uma aparência ainda mais agressiva. Frequentemente empregados
como seguranças por suas habilidades marciais, os ldab ldob não apenas tinham
casos com monges mais jovens, mas eram conhecidos por raptar homens nos
quais estivessem interessados528.
No budismo theravada, popular no Sri Lanka e no sudeste asiático, não
se aceita a homossexualidade nos mosteiros da mesma forma que no Japão e no
Tibete tradicionais, mas as punições para os comportamentos homossexuais e
heterossexuais são equivalentes em termos de grau de severidade. Enquanto o
sexo heterossexual era punido com a expulsão do mosteiro, o sexo entre homens
levava apenas a penitências menores529. Na prática, o contato sexual discreto
entre homens costumava ser frequente e não era sequer punido530. Ao contrário
da heterossexualidade, a homossexualidade não representa nenhum desafio
especial para a vida monástica, desde que que não implique uma obrigação
familiar nem a lealdade a qualquer pessoa estranha ao convento531.
Contudo, não é correto ver o budismo como uma religião em geral
positiva em relação à homossexualidade como tal. Todos os exemplos que vimos
só mostram o sexo entre homens. O sexo entre mulheres jamais era visto de
forma semelhante, senão como algo claramente pejorativo. Enquanto o sexo
entre homens não apenas era tolerado, mas por vezes até considerado sagrado,
entre mulheres era geralmente visto de forma negativa. Como o desejo é um dos
maiores problemas na perspectiva budista, a sexualidade feminina é ainda mais
problemática, pois no budismo a mulher é normalmente considerada um ser
movido por desejos sexuais532. O sexo entre mulheres torna-se, portanto,
impossível de equiparar ao sexo entre homens. A relação entre monjas é
governada por regras muito mais rígidas. A elas não é permitido dormir na
mesma cama, exceto se uma estiver doente, como também não podem se despir
uma diante da outra, conversar sobre assuntos sexuais, massagear umas às outras
nem usar a mesma água do banho. Monjas adultas não podem se sentar na cama
de uma noviça e tampouco vasculhar suas roupas533.
Que o sexo entre homens era muito difundido e aceito na Grécia antiga é
fato bem conhecido. O que é menos conhecido é que era também intimamente
associado a crenças religiosas. A religião não condenava a homossexualidade
masculina, e existiam, na verdade, inúmeros precedentes religiosos para tanto.
Muitos dos deuses tinham relacionamentos com jovens mortais. Zeus apaixonou-
se de tal forma pelo jovem Ganimedes que o levou para o Olimpo. Apolo estava
perdidamente apaixonado pelo belo Jacinto e um rejuvenescido Pelópidas foi
atraído por um ciumento Possêidon. Em inúmeras representações artísticas há
também claros paralelos de como homens tentam cortejar outros, e de como os
deuses, por sua vez, tentam cortejar os mortais do sexo masculino534. Segundo o
poeta Píndaro no século V a.C., o amor de homens mais velhos por jovens era
diretamente inspirado pelos deuses535.
O sexo podia ser proibido nos templos, não obstante, era praticado. Há
inúmeros remanescentes de grafites em paredes de templos dizendo coisas como
“Aqui Jasão deitou com Heitor”536. Em outras ocasiões, não é apenas o local que
empresta ao sexo uma conotação religiosa. No templo de Apolo em Santorini, é
possível ler esta inscrição do século VII a.C.: “Por Apolo de Delfos, aqui
Crímon penetrou o filho de Báticlo”. Bem ao lado há outra inscrição: “Aqui
Crímon penetrou Amótio”537.
A relação sexual entre homens estava institucionalizada de diferentes
formas nas cidades-estados gregas. Como regra geral, um homem mais velho era
o parceiro ativo e um jovem, o passivo — um modelo que refletia a relação entre
deuses e mortais. Assim como no contexto heterossexual, no qual a mulher
sempre desempenhava o papel inferior, a homossexualidade não deveria ocorrer
entre iguais. O sexo entre parceiros socialmente equivalentes não era visto
apenas como algo essencialmente não grego: por vezes beirava uma atividade
não humana538.
Em Tebas, homens mais idosos e mais jovens costumavam viver como
casais, paralelamente à vida conjugal que levavam com suas esposas539. Havia
um nítido aspecto religioso nessa prática, e em 378 a.C. a cidade fundou o
Bando Sagrado, que consistia de 150 soldados e seus “maridos”540. Na Esparta
clássica e também do período helenístico, havia normas rígidas acerca de como
casais masculinos deveriam se portar, incluindo atribuir ao mais velho a
responsabilidade pelo amante mais novo541. Em Creta, o rapto dos jovens pelos
quais os mais velhos estavam atraídos era parte integrante do rito formal de
passagem da adolescência para a idade adulta. Era considerado vergonhoso caso
um jovem não houvesse sido considerado atraente o bastante para ser raptado.
Esse ritual espelhava as concepções religiosas que retratavam jovens rapazes
sendo raptados pelos deuses, e era considerado adequado fazer uma oferenda a
Zeus quando o jovem retornasse a sua casa542.
Muito embora os romanos não compartilhassem a visão sagrada do sexo
entre homens vigente entre os gregos, o jovem e belo Antínoo foi declarado
Deus depois de se afogar nas águas do Nilo em 130 a.C.543, pelo fato de ser
amante do imperador Adriano544. Seu culto chegou a ser comparado à adoração
a Jesus545, e não foram poucos os cristãos que ficaram incomodados com a
perpetuação do culto ao jovem amante divino do imperador546. Apesar de a
maioria dos deuses entronizados pela relação com da família imperial não terem
merecido reverência além dos cultos mais formais, o belo Deus homossexual
tornou-se uma figura popular no Mediterrâneo oriental; sua adoração manteve-se
inabalável por dezenas de anos depois da morte de Adriano547.
Assim como na tradição budista e xintoísta, o sexo entre mulheres
jamais alcançou o mesmo prestígio na antiga religião grega. Ao contrário, vemos
que era considerado abjeto e anormal, já que a sexualidade necessariamente
implicava um parceiro penetrando outro. Isso significa que o sexo entre homens
poderia ser considerado natural, ao contrário do sexo entre mulheres548.
Somente ao longo dos últimos dois séculos é possível analisar o hinduísmo como
algo próximo de uma religião unificada. Logo, não é de surpreender o fato de
que haja atitudes divergentes em relação à sexualidade intragênero dentro das
tradições hindus. A homossexualidade é, ainda assim, encontrada em diversos
contextos, e os deuses adoravam praticá-la. Certa vez, Shiva se transformou em
uma mulher para ser capaz de desfrutar do amor lésbico de sua esposa Parvati727.
O deus Krishna tomou a forma de uma bela jovem para seduzir e destruir o
demônio Araka, matando-o três dias depois da festa de casamento728. Da mesma
forma que Shiva e Parvati, o deus Harihara é uma fusão dos deuses masculinos
Shiva e Vishnu729. A sexualidade quase ilimitada com que os deuses costumam
se mostrar é particularmente sagrada para os hindus, às vezes como um exemplo
a ser seguido. Portanto, não é desprovido de significância, em relação à moral
sexual hindu, que Vishnu se transforme na tentadora Mohini e conceba um filho
com Shiva730. A homossexualidade em si pode ser sagrada, como podemos
testemunhar em uma série de templos como Khajuraho, em Madhya Pradesh, e
Konark, em Orissa, onde existem representações de atos homossexuais entre as
muitas formas de arte sexual existentes. O sexo entre mulheres é um tema
particularmente recorrente na decoração desses templos.
Diversas narrativas míticas mostram que a sexualidade intragênero pode
ter a bênção dos deuses. Uma estátua de Orissa, datada do século XI, mostra
Kama, deus do amor, atirando suas flechas em duas mulheres731. Algumas
versões do texto medieval Padma Purana descrevem como as duas viúvas do rei
Dilipa, que não teve filhos, são aconselhadas ou por um sacerdote ou pelo deus
Krishna a fazer sexo entre si para conceber uma criança. Elas o fazem, com a
bênção divina, e a criança que concebem recebe o nome de Bhagiratha, ou
“nascido de duas vulvas”732.
Tradicionalmente falando, nem seria preciso admoestação divina para
que os hindus praticassem sexo homossexual. O Kama Sutra explica
detalhadamente como homens que escondem seus desejos homossexuais
praticam sexo oral em outros733. O mesmo texto inclui recomendações de
algumas frutas e vegetais para ser usados como consolos para concubinas que
queiram se deitar com outras, ou com suas amigas mais íntimas, ou ainda com
criadas734.
Os hijra, homens travestidos e em geral castrados, têm enorme destaque
no hinduísmo e tornam o panorama sexual ainda mais diverso. A deusa
Bahuchara, que mutila os próprios seios para evitar ser estuprada, é muito
importante para os hijra. Eles a veem como um reflexo de sua própria condição
inspirada em um lendário seguidor da deusa, a quem ela teria ordenado que
cortasse o próprio pênis e se vestisse com roupas femininas735. O Kama Sutra
ensina como os hijra podem viver como cortesãos e desfrutar do sexo com
homens736.
A reencarnação também desempenha um papel na visão hindu do sexo
intragênero ao levar à crença de que a mesma pessoa pode renascer homem ou
mulher em vidas sucessivas. Místicos hindus da Idade Média eram vistos como
reencarnações de diversas amantes femininas de Krishna737. Para o hindu médio,
no entanto, a barreira do gênero nunca é ultrapassada na reencarnação, embora,
em tese, seja possível mudá-lo de outras formas, e assim, praticar sexo com
pessoas de seu mesmo gênero biológico. O lendário sábio Narada certa vez
pediu ao deus Krishna que lhe explicasse o amor. O deus levou o homem a um
lago milagroso cheio do néctar divino, onde Narada se banhou e se transformou,
durante um ano, na bela jovem Naradi. Durante esse ano inteiro como Naradi,
Narada fez amor com Krsihna738.
Recorrendo ao Código de Manu é possível encontrar diferentes
abordagens que, à primeira vista, soam pejorativas em relação ao sexo entre
mulheres. Uma mulher solteira que corrompa outra deverá pagar o dobro do
valor do dote e ser golpeada dez vezes com um cajado. Uma mulher casada que
seduza uma solteira pede uma punição ainda mais rígida: deve ter a cabeça
raspada, dois dedos decepados e ser forçada a desfilar pela cidade montada sobre
um asno739. O Código de Manu não se concentra no sexo entre mulheres como
tal, e seu propósito é proteger as jovens, preservando sua virgindade até que se
casem. Nada consta que possa ser visto como uma condenação ao sexo entre
mulheres casadas — as concubinas que recorrem a vegetais, mencionadas no
Kama Sutra, por exemplo.
O Código de Manu também proíbe homens das três castas superiores de
fazer sexo anal com outros, mas não diz nada sobre o sexo entre homens. Ele é
aparentemente liberado para párias e para homens das castas inferiores. A
punição para o sexo anal de homens das castas mais altas é, por sinal,
imensamente mais branda que para o sexo anal heterossexual: em vez de um
simples banho ritual740, um homem pertencente a essas castas que fizer sexo
anal com uma mulher deverá ingerir diversos produtos de origem bovina: urina,
estrume, leite, leitelho e manteiga clarificada, e em seguida jejuar por 24
horas741.
O sexo entre homens era proibido por lei na Índia até 2009742. Em
princípio, homossexuais correriam o risco de prisão perpétua, embora a
legislação já fosse letra morta. Originalmente, não tinha nada a ver com o
hinduísmo: era um trecho de legislação introduzido pelos britânicos em 1860,
moldado na tradição legal cristã da Grã-Bretanha. Embora não tivesse relação
nenhuma com as tradições locais, contribuiu para estigmatizar a
homossexualidade entre os hindus. Como tantos japoneses e chineses, os hindus
também adotaram a homofobia reinante na Europa. Mahatma Gandhi chamou a
homossexualidade e qualquer outra forma de sexo que não levasse à reprodução
de “vício desnaturado” e, nas décadas de 1920 e 1930, encabeçou campanhas
para eliminar quaisquer referências positivas à homossexualidade e à
transexualidade no hinduísmo. Gandhi chegou até a enviar grupos de partidários
para destruir imagens homoeróticas retratadas na arte medieval hindu,
especialmente em templos743.
É difícil chegar a conclusões definitivas acerca da visão histórica do
hinduísmo sobre a homossexualidade. Se tal prática não era vista como um
fenômeno normal, também estava inserida no âmbito religioso. Um dos fatores
mais notáveis do hinduísmo é a prevalência de fatores externos, que
originalmente nada tinham a ver com a religião, mas contribuíram para o
desenvolvimento de uma visão totalmente nova da homossexualidade durante o
período de formação de uma identidade religiosa comum. Iniciativas anti-
homossexuais, britânicas e cristãs, não foram apenas obedecidas, mas
incorporadas pelos hindus em tal medida que pareciam sempre ter feito parte do
hinduísmo. Embora fossem condutas importadas, passaram a integrar o
hinduísmo. Colonialistas homofóbicos europeus tiveram um êxito muito além
das expectativas. Não apenas lograram utilizar a lei para estigmatizar e suprimir
um comportamento sexual que entrava em choque com suas convicções
religiosas, mas fizeram que milhões de hindus também passassem a adotá-las
como se sempre houvessem pertencido àquela religião.
Religião e homossexualidade hoje em dia
Embora a maioria dos cristãos de hoje possa discordar das convicções religiosas
de Truman de que as raças não deviam se misturar, sua postura era
compartilhada pela maioria dos cristãos norte-americanos quando dessa
afirmação, em 1963 (em 1958, 94% dos habitantes dos EUA pensavam
assim)849. O racismo religioso exerceu um papel fundamental no controle da
vida sexual durante milhares de anos, e ainda continua exercendo. A afirmação
de Truman sobre a proibição do sexo inter-racial na Bíblia não reflete apenas as
crenças cristas de então: está bem fundamentada nos textos sagrados. Na Bíblia,
Deus está constantemente proibindo os israelitas de desposar cônjuges que
pertençam aos povos vizinhos850. Aqueles nascidos de casamentos miscigenados
não ingressarão no reino dos céus, nem mesmo “até a décima geração”851. Claro
está que isso está relacionado com o temor de que os judeus adotem os deuses
dos vizinhos, mas ao mesmo tempo existe um claro elemento racista na
proibição do culto a Javé pelos filhos e descendentes de tais casamentos
miscigenados, proibição que reflete também uma necessidade de manter o
sangue da “descendência sagrada” isento de qualquer outro852.
Ao contrário de tantas outras proibições encontradas no Pentateuco, as
normas de racismo sexo-religioso ecoam em inúmeros outros livros da Bíblia.
Ao afirmar que “se tinham casado [alguns judeus] com mulheres de Azoto, de
AmonAmon e de Moab”, o profeta Neemias imediatamente os amaldiçoou, e
não se limitou a isso: “até bati em muitos, arranquei os cabelos de alguns”853. A
um sacerdote casado com uma gentia Neemias também censurou por ter
profanado o sacerdócio e os deveres sagrados dos sacerdotes e dos levitas854.
Quando soube que os judeus da Babilônia estavam se casando com gentias “e a
raça santa misturou-se com a dos habitantes dessas terras”, o profeta Esdras se
exasperou: “Ouvindo essas palavras, rasguei minha túnica e a capa, arranquei os
cabelos da cabeça e da barba”855. Esdras tinha boas razões para se preocupar,
uma vez que as “transgressões” ocasionadas por esses matrimônios podiam
muito bem causar a ira de Deus, que exterminaria a todos”856. Havia, porém,
uma saída para essa tragédia: que os homens celebrassem “uma aliança com
nosso Deus: proponhamo-nos a mandar de volta todas essas mulheres e seus
filhos”857. Esdras ordenou a todos os judeus que haviam contraído matrimônios
miscigenados: “compenetrai-vos de vossa falta diante do Senhor” e “separai-vos
dos povos desta terra e das mulheres estrangeiras”858. Às vezes, o divórcio não é
apenas uma possibilidade, mas uma necessidade religiosa.
É interessante notar que a proibição contra tais casamentos miscigenados
apenas parece ser relevante quando ocorre de forma pacífica. Regras diferentes
valem para “Quando fores à guerra contra os teus inimigos e o Senhor, teu Deus,
os entregar em tuas mãos, se os fizeres cativos”: se, como homem, “e vires entre
eles uma mulher formosa da qual te enamores e a queiras tomar por esposa, tu a
conduzirás à tua casa. Ela rapará os cabelos, cortará as unhas, deporá o vestido
com que foi aprisionada e permanecerá em tua casa, chorando o seu pai e a sua
mãe durante um mês”, poderá muito bem fazer sexo com ela depois desse
período. “Depois disso, irás procurá-la, serás seu marido e ela será tua mulher.”
Caso, eventualmente, haja se cansado e ela deixar de agradá-lo, “Se ela cessar de
te agradar, tu a deixarás partir como lhe aprouver, mas não poderás vendê-la por
dinheiro, nem maltratá-la, pois fizeste dela tua mulher.”859
Nesse ínterim, os vários autores bíblicos ignoram essas proibições e
passam a escrever como se não existissem. No Livro de Rute, não só homens
judeus desposam mulheres moabitas sem que isso configure um problema860,
mas a protagonista moabita, Rute, termina sendo amante do lendário Rei
Davi861. Um sem-número de outros casamentos miscigenados é mencionado en
passant862. Os personagens mais poderosos os contraíam mesmo a contragosto.
Moisés casou-se com Zípora, uma mulher cuchita da terra de Madiã863. Quando
Aarão e Miriam, irmãos de Moisés, o admoestaram por essa união, Deus
imediatamente tomou o partido deste, castigou seus irmãos e fez de Miriam uma
leprosa864. O rei Davi também tinha uma esposa gentia865, e seu filho Salomão
desposou mulheres do Egito, Moab, Amon, Edom, Sidônia e da terra dos
hititas866.
Ao longo da história, é fato que os judeus se casaram entre si com maior
frequência, mas as sociedades cristãs e muçulmanas nas quais viviam não lhes
davam alternativas. Na Índia também era impossível para os judeus se casar com
outros que não os seus, mas, mesmo assim, a partir do século XVI eles também
interiorizaram as práticas sexo-religiosas racistas: judeus indianos de pele mais
clara recusavam-se a casar com judeus mais escuros e condenaram o casamento
entre ambos867.
Hoje em dia, os judeus que vivem fora de Israel talvez sejam o grupo
que mais se casa com pessoas de outras religiões — nos EUA, esse número é de
cerca de 50%. Ao mesmo tempo, muitos judeus condenam justamente esse tipo
de casamento, não somente devido à norma que determina que só é considerado
judeu aquele que nasceu de um ventre judeu. Muitos judeus ortodoxos e
sionistas em Israel e nos EUA comparam a grande incidência de casamentos
inter-raciais a um “genocídio autoperpetrado” e referem-se ao assunto como
“holocausto silencioso”868.
Quase nada há no Novo Testamento que possa embasar as teses sexo-
religiosas racistas existentes no Velho Testamento, e tanto Jesus como seus
discípulos exortavam o contato com pessoas de diferentes etnias. Mesmo isso
não impediu que muitos cristãos persistissem na crença de que o sexo só deveria
ser feito entre pessoas com o mesmo tom de pele, da mesma etnia ou, pelo
menos, que compartilhassem o mesmo credo. Tampouco há no Novo Testamento
algo que anule as proibições racistas do Velho Testamento. A exortação ao
contato com as pessoas de etnias diferentes não vai além da cortesia,
prestimosidade e hospitalidade. Nem mesmo a afirmação um tanto forçada de
são Paulo — “Já não há judeu nem grego [...] pois todos vós sois um em Cristo”
— pode ser vista como uma revogação das proibições do Velho Testamento. Se
assim fosse, teríamos também que interpretar outra de suas máximas — “[Não
há] nem homem nem mulher” — como um estímulo à homossexualidade. E não
há um cristão sequer que interprete dessa forma o que são Paulo disse.869
Relações sexuais entre cristão e não cristãos eram passíveis de severas
punições durante a Idade Média. Muitas mulheres cristãs que haviam feito sexo
com judeus ou muçulmanos foram condenadas à morte. Não era incomum que
cristãos fossem punidos por fazer sexo com gentias870. O mais importante era
seguir os princípios, como deixa claro a lei inglesa do final do século XIII, ao
estabelecer que “aqueles que tiverem relações (sexuais) com judeus ou judias
[...] devem ser enterrados vivos”871, uma proibição que se estendia muito além
do temor da mistura de credos. Em 1268, o papa Clemente IV recriminou o rei
Afonso III de Portugal por permitir que cristãos se casassem com mulheres de
ascendência sarracena ou judia872. No Reino de Aragão do século XIV, o sexo
entre cristãos e judeus — mesmo marranos — era punido com a pena de
morte873. Nesse ínterim, os leitores dos romances medievais deparavam-se com
um formidável milagre racista nesse contexto. No romance inglês The King of
Tars, um sultão muçulmano se converte ao cristianismo depois de desposar uma
princesa cristã. Ao ser batizado, Deus trata de branqueá-lo para que os leitores
não mais tenham que se preocupar com as complicações teológicas do
casamento entre pessoas de tons de pele diferentes874.
Com a Reforma surgiram novas regras. Por um lado, uma nova norma
mais abrangente estipulava que as princesas prometidas em casamento a
príncipes herdeiros de credos diferentes deveriam se converter. Por outro, esse
tipo de casamento não era tão acessível à população comum. Em 1631, um
conselho municipal luterano em Estrasburgo determinou o pagamento de uma
multa para que alguém pudesse se casar com um calvinista. Uma mulher
luterana perderia sua cidadania se desposasse um calvinista875.
Assim como aos cristãos da Espanha não era concedido casar-se com
judeus ou muçulmanos, a proibição básica do casamento entre cristãos e não
cristãos também foi exportada para a América hispânica876. Novamente a
religião não era a única questão. A expansão europeia implicava um maior
número de relacionamentos sexuais entre brancos e mulheres não brancas,
porém, muitos missionários também os condenavam e tentavam o quanto
podiam fazer que as autoridades coloniais os proibissem877.
De qualquer forma, as autoridades cristãs ficavam mais que satisfeitas ao
criar leis desse tipo, sem que fosse preciso nenhum incentivo da parte dos
missionários. Autoridades protestantes holandesas na África do Sul proibiram o
casamento ente pessoas de diferentes tons de pele em 1685878; no Brasil, as
autoridades católicas introduziram proibição semelhante em 1726879. Na colônia
dano-norueguesa de Trankebar, na Índia, a Igreja luterana procurou coibir o sexo
entre brancos e mulheres indianas recusando-se a batizar os filhos que tinham. O
resultado foi que as mães os levavam para batizar em uma Igreja católica, menos
racista, localizada alguns metros adiante na mesma rua880.
Missionários alemães nas colônias do sudoeste africano, por volta do
ano 1900, dividiam-se em sua concepção teológica de mundo em relação ao
racismo sexual. Enquanto alguns consideravam o sexo entre brancos e negros
“um pecado contra a consciência racial”, outros eram mais pragmáticos e
achavam que o casamento era preferível à disseminação do sexo extraconjugal
entre homens brancos e mulheres negras881. Missionários cristãos na Austrália
tendiam a condenar qualquer forma de sexo entre brancos e aborígines882.
Alguns dos exemplos mais abrangentes e duradouros de racismo sexo-
religioso encontramos nos EUA. As primeiras leis norte-americanas contra o
sexo entre pessoas de diferentes tons de pele foram promulgadas na Virgínia, em
1662883. A proibição do casamento inter-racial tinha o apoio majoritário das
comunidades cristãs dos EUA. Na prática, os proprietários tinham direitos de
usufruto sexual sobre seus escravos, sem despertar reação nem das autoridades
nem das instituições religiosas884. O estupro de escravas negras por homens
brancos não era previsto em lei, logo, não era ilegal885. Uma quantidade
crescente de escravos com sangue branco nas veias atestava essa prática886.
Escravos de pele mais clara alcançavam melhores preços no mercado887, e as
leis escravocratas da Virgínia, entre outros estados, autorizavam a lucrativa
tomada de posse da prole dos escravos por seus donos. Os filhos de uma mulher
negra e de um homem branco seriam “escravos ou libertos com base somente no
status da mãe”888.
Antes da abolição da escravatura, a extensa oposição ao sexo entre
pessoas de cor diferente deve ser compreendida no contexto da defesa que a
religião também fazia da escravidão, baseada na existência dessa instituição nos
tempos do Velho e do Novo Testamentos. Além disso, muitos cristãos brancos
consideravam importante o fato de que os negros provavelmente eram
descendentes de Caim, que Deus havia amaldiçoado889, ou de Cam, a quem o
pai, Noé, amaldiçoara e condenara a servir como escravo de seus irmãos por
toda a eternidade890.
Depois da abolição da escravatura, o foco passou a ser outro. Durante o
cativeiro, não era comum que escravos tivessem o direito a se casar, mas, uma
vez libertos, havia a urgência legal de evitar que negros e brancos se
casassem891. Nos anos que se seguiram à Guerra Civil, os EUA viveram um
ligeiro declínio no número de casamentos inter-raciais nos estados onde esse tipo
de casamento era proibido, mas o número voltou a subir entre 1897 e 1913,
quando o casamento entre raças diferentes era ilegal em trinta estados da União.
As autoridades do país continuavam a usar argumentos teológicos genéricos na
defesa dessa proibição. A Corte Suprema da Geórgia demonstrou, já em 1869,
que um casamento miscigenado seria impossível pelas graças de Deus, e
“nenhuma lei dos homens” jamais poderia mudar esse estado de coisas892. Em
1871, a corte do Tennessee reportou-se ao Velho Testamento para manter a
proibição do casamento inter-racial no Estado893. Como o casamento é “uma
instituição pública estabelecida por Deus”, a suprema corte do Texas considerou,
em 1877, impossível a celebração do matrimônio entre pessoas de cores
diferentes894. Um matrimônio assim deveria ser proibido, avaliou a suprema
corte do Alabama no mesmo ano, já que Deus “criou duas raças (branca e negra)
separadas”895. Após um julgamento unânime, a suprema corte de Indiana
declarou, em 1871: “A lei natural provém nitidamente de Deus e proíbe o
casamento inter-racial e a mistura que leva à corrupção das raças, e eis a razão
da natureza distinta de cada uma delas”896.
A segregação geral, principalmente nas escolas, era muito importante do
ponto de vista sexo-religioso, para evitar que crianças considerassem a
discriminação racial um fenômeno bizarro e insolente897. Na prática, a proibição
era voltada primeiramente ao sexo entre homens negros e mulheres brancas, e
contra o reconhecimento legal de qualquer relação entre pessoas de etnias
diferentes. Da mesma maneira como senhores de escravos tinham livre acesso ao
corpo de suas escravas negras, homens brancos continuavam a ter assegurada a
possibilidade de fazer sexo com suas empregadas domésticas898. Dessa forma, a
convicção religiosa e racista mostrava que não era assim tão consistente.
Mesmo diante do argumento frequente de que as relações sexuais que
extrapolavam as barreiras cromáticas não faziam bem a nenhuma das raças
envolvidas, é evidente que a regulação cristã do sexo miscigenado objetivava
preservar a pureza da raça branca. O simples fato de alguém trazer um pouco de
sangue negro nas veias era o bastante para que essa pessoa fosse considerada
negra do ponto de vista cristão ou segundo uma lei influenciada por essa mesma
visão. Afinal de contas, era a pele negra a marca visível da maldição divina que
recaiu sobre Caim e Cam.
A certeza do desejo divino de manter as raças separadas manteve-se
inabalável. Até 1958, 94% de todos os habitantes dos EUA ainda se diziam
contrários ao casamento de pessoas de diferentes tons de pele899. Em 1961,
enquanto Barack Obama nascia no Havaí, o casamento de seus pais constituía
um crime em 22 outros estados norte-americanos.
Em 1959, Mildred (negra) e Richard Loving (branco) casaram-se e
foram condenados a um ano de prisão ou à expulsão, por 25 anos, do estado da
Virgínia. A sentença tinha uma explicação teológica: “Deus todo-poderoso criou
as raças branca, negra, amarela, malaia e vermelha e as colocou em continentes
separados. O fato de ter separado as raças mostra que ele não desejava que se
misturassem”. Foi exatamente essa argumentação que a Corte Suprema dos EUA
considerou irrelevante em 1967, quando afirmou que as proibições racistas de
casamento que ainda vigoravam em dezesseis estados não tinham embasamento
constitucional900. De forma alguma essa decisão teve apelo popular. Em 1968,
um ano depois de revogada a proibição, 73% dos norte-americanos eram
contrários à legalização de tais casamentos. Seriam necessários mais dezesseis
anos para que esse índice caísse para metade da população901, mesma
porcentagem existente quando o casamento entre pessoas do mesmo sexo foi
legalizado no primeiro estado norte-americano, em 2004902. Ainda há uma
expressiva oposição ao casamento que extrapola fronteiras cromáticas: em 1994,
37% dos norte-americanos eram contra o casamento entre negros e brancos903, e
20% ainda se declaravam contrários em 2009904.
Muitos cristãos viam, e ainda veem, o racismo sexual como uma pedra
de toque de sua religião. A Convenção Batista do Sul, maior comunidade
religiosa dos EUA, foi fundada em 1845 em consequência de divergências com
os batistas dos estados setentrionais sobre o nível de importância do racismo no
núcleo da fé cristã. Até a década de 2000, os líderes dos Batistas do Sul
utilizavam argumentos teológicos em sua luta para manter a segregação racial
nos mais variados setores da sociedade905. Mesmo batistas liberais e muitos
outros cristãos que desejavam igualdade racial diziam que Deus, apesar disso,
não queria o sexo entre negros e brancos906. Em 1965, o influente teólogo
presbiteriano John Edwards Richards escreveu uma carta a todas as igrejas
presbiterianas dos EUA, na qual dizia: “Deixemos que os que querem eliminar a
diversidade racial da criação divina sofram as consequências de seus desatinos
na vida de seus filhos”907. Em 1958, quando foi lançado o livro infantil The
Rabbit’s Wedding, uma narrativa sobre o casamento de um coelho branco com
uma coelha preta, sobrevieram protestos de cristãos enfurecidos contra tamanha
perversão da obra do Criador908.
Em parte pelo fato de a proibição contra o casamento miscigenado ser
tão relevante para um grande contingente de fiéis, alguns estados resolveram
manter a restrição em seus códigos civis mesmo depois de revogada pela
Suprema Corte, em 1967, embora não houvesse mais maneiras de levá-la a
efeito. Somente em 1998 e 2000 os últimos dois estados — Carolina do Sul e
Alabama, respectivamente — a suprimiram após um referendo popular. Mesmo
assim, ainda havia uma significativa minoria que desejava o contrário: 38% na
Carolina do Sul votaram pela continuação da proibição, e 41% queriam mantê-la
no Alabama909. Considerando que ambos os estados têm uma grande população
de descendentes africanos, e os afro-americanos opõem-se ao racismo sexual
legalizado com muito mais vigor que os brancos, a resistência à revogação da
proibição foi claramente muito forte entre os eleitores brancos desses dois
estados sulistas910.
A convicção religiosa é, até hoje, um critério fundamental para o
racismo sexual norte-americano. Algumas pessoas percebem isso melhor que
outras. O deputado estadual da Carolina do Sul Lanny Littlejohn, que tentou
manter a proibição no plebiscito de 1998, fez a seguinte declaração a respeito:
“Não era isso que Deus tinha em mente quando fez a separação das raças nos
tempos da Babilônia”911. Sua justificativa para a segregação racial no casamento
era, portanto, o relato do Gênesis sobre como Deus separou os povos na Torre de
Babel912. Littlejohn também deixou claro de onde vinham suas convicções: “Fui
educado na fé batista [...] Minha família me ensinou tudo isso com o passar dos
anos”. Kenneth Wayne Hagin, uma figura central do movimento pentecostal
norte-americano e filho de um dos fundadores dos Centros Bíblicos Rhema,
existentes em quinze países, tem a declarar o seguinte sobre o sexo entre pessoas
de cores diferentes: “Somos amigos. Jogamos e brincamos juntos. Somos um
grupo, mas não namoramos uns aos outros... Não acho que deveríamos misturar
as raças”913. Em 1998, a Universidade Bob Jones, uma instituição
fundamentalista cristã e o maior centro privado de ensino superior da Carolina
do Sul, deu a seguinte resposta ao pedido de matrícula de um estudante casado
com uma mulher negra: “A Universidade Bob Jones não possui, entretanto, uma
regra que proíba o namoro inter-racial entre seus estudantes. Deus separou os
povos por Sua própria vontade [...] Embora não haja na Bíblia nenhum versículo
que diga dogmaticamente que as raças não devam se casar entre si, o plano
divino que mostra como Ele lidou com as raças ao longo das eras indica que o
casamento inter-racial não é a melhor escolha para o homem”. Ao mencionar a
expressão “ao longo das eras”, a universidade incluía a narrativa bíblica e
indicava que a Torre de Babel era o exemplo primordial do plano de Deus de
manter as raças separadas914.
A Igreja mórmon, que surgiu em meados do século XIX, refletiu
também o racismo de sua época e dedicou à segregação sexual um posto central
em sua doutrina. Em 1863, por exemplo, o profeta mórmon Brigham Young
explicou “a relação de Deus com a raça africana”: “Se o homem branco, que
pertence à descendência escolhida, mistura seu sangue com o dos descendentes
de Caim, a pena é, segundo a lei divina, a morte imediata”915. Durante a
migração que fez a caminho do oeste desde o estado de Illinois, em 1847, Young
ouviu falar de um homem negro pertencente à Igreja que havia se casado com
uma mulher branca em Massachusetts, e declarou que mandaria matar o casal se
estivessem por perto916. Como os mórmons se consideram o novo povo
escolhido, baseiam sua condenação à miscigenação racial diretamente na ordem
que Deus deu aos israelitas para que praticassem o racismo sexual. Em 1954, um
dos mais proeminentes membros da Igreja alegou que brancos que faziam sexo
com negros incorriam em “morte espiritual”. E que é essencial que pessoas
brancas estejam vigilantes, porque “os negros procuram se imiscuir à raça
branca. Eles não descansarão até conseguir isso por meio do casamento inter-
racial”917. O racismo fundamentalista dos mórmons perdurou até Spencer W.
Kimball, então presidente da Igreja, receber uma revelação divina, em 1978918.
Ao passo que o antissemitismo de Hitler foi construído com base em
centenas de anos de preconceito cristão contra os judeus, seus ideais de pureza
racial foram diretamente inspirados nas leis norte-americanas, que, por sua vez,
resultavam do racismo cristão919. Muitos nazistas acreditavam que agiam em
pleno acordo com o cristianismo ao proibir o sexo entre pessoas de etnias
diferentes e não permitir que deficientes físicos tivessem filhos, mesmo que isso
implicasse o assassinato em massa. Nazistas cristãos diziam que a lei de Deus os
obrigava a lutar contra quaisquer formas de miscigenação e bastardia920. Evitar
que alguém considerado um ser humano inferior se reproduzisse era considerado
uma expressão “do mais alto respeito pelas leis naturais concedidas por
Deus”921.
A Igreja Reformista Holandesa na África do Sul também recorreu a
argumentos bíblicos para defender tanto a segregação racial quanto o apartheid
em geral. A divina separação das raças era equiparada à maneira como Deus
havia separado a luz as trevas ou as águas da terra. A mistura de pessoas de cores
diferentes seria, portanto, um ato de rebelião contra o próprio Deus. Não foi Ele
quem apartou os povos que tentavam construir a Torre de Babel922? Os racistas
sul-africanos não recebiam apoio moral apenas dos cristãos norte-americanos.
Em 1960, várias organizações religiosas suecas independentes faziam uma
defesa total do apartheid, exatamente porque o relacionamento sexual entre
brancos e negros devia ser encarado como uma desgraça.
A ampla condenação social do racismo que se tem hoje é o único aspecto
que faz que o racismo sexual baseado em fatores religiosos se sobressaia como
um fenômeno estranho. Na realidade, deveria ser visto como um exemplo típico
de como as regras religiosas para a vida são baseadas na maneira como a religião
classifica e hierarquiza os seres humanos. Uma regra religiosa para definir quem
pode fazer sexo com quem é uma das formas mais poderosas de reforçar
identidades diferentes.
O racismo sexual cristão consiste em um fenômeno singular em outro
sentido. Da posição central e evidente que ocupava, foi rapidamente
marginalizado e, por fim, quase esquecido. Em poucas dezenas de anos, a
transformação foi tamanha que muitas pessoas nem mais se dão conta da
relevância que essas percepções tiveram ao longo dos séculos, e em vários
setores do cristianismo, do papel fundamental que desempenhavam até poucos
anos atrás.
Racistas ou não, todos os cristãos pertencem à mesma religião. Sua
crença está embasada nas mesmas escrituras e na mesma tradição. Assim como
os costumes cristãos em relação ao sexo intragênero, a maioria das passagens
bíblicas que abordam o sexo inter-racial o condena, ainda que algumas narrativas
apontem na direção oposta. Ao observar a história da Igreja, vemos um maior ou
menor grau de homofobia e racismo sexual se alternando, com uma inclinação
marcadamente negativa a partir da Idade Média. Se considerarmos que ambos
gradualmente vêm perdendo terreno dentro do cristianismo, perceberemos que a
homofobia cristã diminuiu de intensidade ainda mais rápido que o racismo tão
logo se passou a problematizar a questão com maior rigor. Ambos os pontos de
vista contaram, e ainda contam, com defensores de peso, mas a velocidade com
que a homofobia cristã perdeu sua aura de obviedade foi justamente o que mais
deu visibilidade à defesa dessa causa. Mas não resta dúvida de que a defesa do
racismo sexual, baseada em princípios bíblicos, está viva e é extremamente
resistente.
Atenha-se à sua casta
Não é preciso morrer para constatar como as forças divinas reagem diante de
diferentes formas de sexo. É notório que o ato sexual pode transmitir doenças,
mas isso não impede que pessoas religiosas enxerguem a mão pesada de Deus
exatamente no contágio de enfermidades sexualmente transmissíveis. A Aids é o
exemplo contemporâneo mais característico, mas, mesmo antes da epidemia da
doença, a congregação da Igreja Livre da Escócia deixou claro, em 1980, que
“os casos crescentes de certas doenças transmitidas sexualmente dão o
testemunho do julgamento justo de Deus”1073. Assim sendo, gonorreia e
clamídia podem ser consideradas castigos divinos. Jerry Falwell, influente
evangélico norte-americano e líder de uma agência de relações públicas
conservadora chamada Moral Majority, disse textualmente que a herpes era um
castigo de Deus para as pessoas “que vivem como se O houvesse esquecido”1074.
Essas ideias correntes acerca de doenças sexualmente transmissíveis e
não letais são até bem brandas se comparadas ao clamor maciço que emergiu no
início da epidemia de Aids, vista como uma resposta divina ao pecado1075. De
acordo com um pronunciamento oficial da liderança da Igreja mórmon em 1988,
os homossexuais vítimas de Aids eram totalmente diferentes das chamadas
“vítimas inocentes, que incluem cônjuges insuspeitos, bebês e aqueles que
receberam transfusão de sangue infectado”1076. Homens que haviam feito sexo
com outros homens eram, em outras palavras, vítimas culpadas. Jerry Falwell,
por sua vez, externou sua opinião em 1987 ao chamar a Aids de “juízo que Deus
faz sobre a América, que apoia a imoralidade”1077, uma consequência da
revolução sexual e um “castigo adequado” para a homossexualidade1078.
Em 1991, uma pesquisa mostrou que 70% dos protestantes e 54% dos
católicos norte-americanos achavam que pacientes HIV positivos deveriam
portar algum tipo de distintivo, semelhante aos judeus que transitavam pelas ruas
com estrelas amarelas na Alemanha sob o nazismo1079. O judaísmo ortodoxo via
as vítimas de Aids como uma consequência direta de um estilo de vida
moralmente inaceitável1080. O cardeal católico de Nova Iorque, John O’Connor,
explicou que a Aids era uma doença que as pessoas contraíam por terem
“rompido com os ditames da Igreja”1081. A organização Moral Majority também
se mostrou contra o apoio público para a descoberta de uma cura para a Aids, já
que era uma epidemia que afetava primeiramente homossexuais masculinos1082
— uma gente que merecia morrer, e morria aos milhares. Posturas como essas
contribuíram para que até 1986 nada ou muito pouco fosse feito pelas
autoridades norte-americanas para controlar a epidemia entre homossexuais
masculinos. O quadro, porém, felizmente é bem mais amplo. Muitas
comunidades católicas e judias tomaram partido contra tais posturas e disseram
que a Aids jamais poderia ser interpretada como um castigo divino. Muitas
organizações religiosas também abriram as portas de seus hospitais para
pacientes de Aids1083.
Mas a forma imprópria de sexo não contribui apenas para o surgimento
de doenças criadas por Deus. A lepra, por exemplo, era vista na Idade Média
como resultado de sexo pecaminoso entre indivíduos1084. De acordo com os
iorubás do sudoeste nigeriano, adúlteros devem ser condenados pelos pecados
que cometeram. Se o adultério não for castigado pela sociedade, deuses e
espíritos infligirão a doença, a infertilidade e a morte aos adúlteros, pois tal
prática é um insulto aos deuses e aos ancestrais que haviam abençoado aquela
união1085.
Em outros casos, entretanto, são os parentes mais próximos e caros aos
adúlteros que correm maior risco. Para a tradicional religião Azande, do Sudão,
a infidelidade feminina pode ocasionar a morte do marido em uma guerra ou em
uma caçada1086. No budismo chinês, um homem infiel corre o risco de perder
suas mulheres, filhos e netos. Embora isso obviamente seja uma tragédia para as
mulheres e os filhos, é o marido quem está sendo punido pelas forças divinas,
neste caso em particular porque a ausência de esposas e descendentes significa
que não haverá mais ninguém para lhe prestar os sacrifícios rituais quando ele
morrer1087.
Da mesma maneira que o sexo impróprio pode acarretar morte e
desgraças para seus praticantes nesta vida, o correto pode trazer consequências
positivas. Na China medieval, a visão taoísta da sexualidade foi influenciada
pelo conceito de yin e yang, segundo princípios quase alquímicos. O fangzhong
shu, “a arte da alcova”, ensina como é possível direcionar a sexualidade de modo
a obter os maiores benefícios físicos e psíquicos por meio do orgasmo1088. Ao
fazer sexo com uma mulher, o homem tem um acréscimo em sua força yang.
Logo, pode aumentá-la ainda mais se fizer sexo com várias: três, nove ou onze
são números considerados auspiciosos para tanto. Desta forma, a pele masculina
vai ficar luzidia, ele sentirá seu corpo mais leve, seus olhos brilharão e sua força
vital florescerá. O sexo correto é capaz de rejuvenescer um ancião e fazê-lo
sentir-se como se tivesse 20 anos1089. Se dominar o controle do yin e do yang
por meio do intercurso sexual, um homem pode se tornar imortal, a exemplo do
lendário imperador Amarelo, que se deitou com 1.200 mulheres.
Não obstante, possuir, antes de tudo, o conhecimento religioso adequado
é um fator determinante: vale a qualidade, e não a quantidade. Caso
desconhecesse a maneira correta, um único ato sexual com uma mulher poderia
resultar na morte do indivíduo1090. Por isso, os manuais sexuais taoístas
costumavam explicar em detalhes como proceder. Recomenda-se ao homem que
armazene a maior quantidade de yin feminino que conseguir sem desperdiçar seu
yang. Ele pode, por exemplo, manter o seu pênis dentro da mulher enquanto ela
tem o orgasmo, e então, retirá-lo antes de ejacular. Essa técnica trará benefícios
não apenas ao homem. Caso ele resolva fazer sexo com cinco ou seis concubinas
antes de ter engravidado a própria esposa, a criança a ser concebida gozará de
melhor saúde1091. De maneira similar, a mulher se tornará mais forte caso deixe
que o homem ejacule dentro de si sem ter ela própria atingido o orgasmo1092.
Essas ideias taoístas sobre as consequências positivas do sexo foram
alvo de críticas de budistas e confucianos1093. Graças ao poder administrativo
que detinham na China, os confucianos fizeram que os manuais taoístas fossem
oficialmente declarados vis e degenerados, e destruíram a maioria deles1094.
Também os taoístas mais ortodoxos condenavam essa visão mais favorável do
sexo1095. Com o ocaso do intercurso sexual yin-yang, ninguém mais conseguiu
atingir a imortalidade por meio do sexo.
A noção de que nossa própria vida sexual possa contribuir para nossa
salvação ou danação enquanto indivíduo está presente entre várias religiões. Já a
noção de que alguém corre o risco de ser punido em decorrência disso ainda
nesta vida é uma convicção mais marginal, assim como é menor o contingente
de pessoas que acreditam que os deuses interferem fisicamente em nosso
cotidiano. A ideia de que os deuses possam se intrometer, punindo ou
recompensando os seres humanos segundo seu próprio critério divino, é uma
convicção religiosa amplamente aceita, e não se restringe à esfera sexual. Mas,
dada a posição central que o sexo ocupa em várias religiões, ao admitirmos que
os deuses podem interferir diretamente em nossa existência, parece lógico que o
exercício de nossa sexualidade possa nos levar tanto à felicidade como à
desgraça nesta vida.
Quando sociedades inteiras são punidas
Sendo utilizado de forma tão direta em contextos sagrados, é natural que o sexo
seja controlado por líderes religiosos. Porém, a existência de um especialista
religioso em sexo não é algo assim tão comum. A noção de que existe alguém
cuja função primeira é lidar com questões sexuais talvez povoe fantasias eróticas
envolvendo religiões antigas em países exóticos. Embora não sejam tão comuns
quanto se imagina (ou deseje), os especialistas religiosos em sexo não deixam de
existir.
A Bíblia hebraica faz várias referências às prostitutas sagradas nos
templos. Embora em geral se trate da condenação de um costume que
provavelmente era típico dos povos vizinhos1160, é possível compreendê-las
como uma prova de que esse fenômeno existia em outras religiões. As fontes
primárias relacionadas a diversas religiões antigas do Oriente Médio não
sustentam relatos gregos e bíblicos de que a prostituição religiosa era
disseminada1161. Logo, o texto bíblico, provavelmente, é mais um exemplo de
como os israelitas atribuíam a seus vizinhos comportamentos que eles mesmos
consideravam heréticos. Ainda assim, havia especialistas sexuais que não eram
prostitutas. As sacerdotisas na antiga Babilônia, por exemplo, desempenhavam
uma função sexual assumindo o papel da deusa Inanna em um matrimônio
sagrado com o rei1162.
Embora restem poucos fundamentos que indiquem a existência da
prostituição sagrada entre os vizinhos dos israelitas, a história não termina aqui.
A proibição específica de que israelitas, homens ou mulheres, se prostituam no
templo1163 sugere que esse fenômeno não era de todo estranho à religião
hebraica. A Bíblia conta que as prostitutas foram introduzidas no templo sob o
reinado de Reoboão, filho de Salomão1164. Como há repetidas referências a
expulsão de pessoas que eram “prostitutas sagradas”, a prática pode ter estado
associada à religiosidade israelita1165. Curiosamente, há várias referências à
expulsão somente de prostitutos1166, indicando que às prostitutas era permitido
permanecer no ofício. As fontes não são sólidas o bastante para inferir
conclusões definitivas sobre o comportamento dos israelitas em relação ao sexo
ritual dentro de sua religião.
Enquanto os relatos sobre a prostituição nos templos do Oriente Médio
são, em grande medida, ambivalentes, é possível encontrar exemplos mais
determinantes de especialistas sexuais. As devadasi, mulheres vinculadas a
alguns templos, normalmente desempenham um papel específico na adoração
aos deuses hindus. Embora não sejam mais tão comuns como antes, ainda
existem nos estados de Andar Pradesh, Karnataka e Maharashtra. Sua missão
primeira é servir como dançarinas dos templos, e apesar de as áreas mais
sagradas exigirem a presença de devadasi virgens, o sexo é parte da função
religiosa das demais1167. Entre suas funções estão a de fazer sexo com príncipes
locais e sacerdotes brahmins, e frequentemente também estão disponíveis para
homens das castas superiores, mas não podem ser chamadas de prostitutas, pois
é uma questão de princípio que sejam remuneradas pelos serviços sexuais
prestados1168. As devadasi agem como as cortesãs do paraíso, chamadas de
swargabesya ou apsaras, que pertencem à corte de Indra, rei dos deuses, e
proveem satisfação sexual a estes1169. O ato sexual praticado pelas devadasi é
uma força positiva que tem efeito benéfico em toda a sociedade1170. As devadasi
também estão diretamente conectadas aos deuses, pois são associadas a diversas
deidades hindus, as mais frequentes sendo Shiva ou Krishna1171. Algumas dessas
mulheres são associadas a deusas, como, por exemplo, à deusa Yellamma, no
estado de Karnataka. As próprias devadasi costumam se referir às deusas como
seus “maridos”1172.
Da mesma forma como encontraram novas maneiras de utilizar o sexo
no contexto religioso, as religiões mais recentes também possibilitaram o
surgimento de um novo tipo de especialistas sexuais. Ao chamar para si Pedro e
seu irmão André como discípulos, Jesus proferiu a seguinte frase: “Vinde após
mim; eu vos farei pescadores de homens”1173. Tradicionalmente, essa frase é
vista como uma exortação, em termos genéricos, à vocação missionária. Em
meados da década de 1970, David Berg, fundador e líder do movimento
neorreligioso The Family (também conhecido como Children of God e The
Family International) trouxe uma interpretação inusitada da expressão
“pescadores de homens”. Em nome de Jesus, as jovens do movimento The
Family eram enviadas para atrair homens com sexo. “Os peixes (homens
solteiros) não são capazes de compreender a crucifixão, não conseguem
compreender Jesus. Mas podem muito bem compreender a última criação de
Deus, a mulher”, explicou Berg. “Então, garotas, cada uma de vocês abra seus
braços e pernas para esses homens que são como Jesus, exatamente como
Jesus.”1174. Flirty fishing, flertar com os peixes, foi como esse movimento ficou
imortalizado. As chamadas putas de Jesus, hookers for Jesus, tinham que
cumprir um longo processo antes de serem autorizadas a seguir adiante com sua
vida sexual missionária1175. As putas de Jesus também utilizaram o sexo para
obter favores de políticos poderosos e homens de negócio influentes, abrindo
vários caminhos para o The Family. De acordo com os minuciosos relatórios
guardados no arquivo do movimento, precisamente 223.311 homens conheceram
a graça divina por meio dos prazeres carnais1176. Apesar das elevadas intenções,
a prática foi interrompida em 1987, com o advento da Aids1177.
Uma das principais razões pelas quais não há mais especialistas
religiosos em sexo é que sua existência pode representar uma sanção e um
controle do sexo em um contexto independente do casamento. Quando
encontramos esse tipo de sexo nos limites do que é religiosamente aceito, esse
especialista se torna uma figura impossível de ser aceita no âmbito das religiões.
Talvez exatamente por causa dessa impossibilidade o especialista sexual
religioso desponte como uma figura de destaque nas religiões alheias. Mesmo
sendo raros, eles pertencem ao panorama religioso. Onde existem, são venerados
e testemunham o fato de que não há nada em uma religião, enquanto fenômeno,
que exclua a possibilidade do sexo ritual.
Simbolismo sexual sagrado
1206 1 The Supreme and Holy Congregation of The Holy Office (Suprema e
Santa Congregação do Santo Ofício) “Instruction on the manner of proceeding
in cases of solicitation” (Instrução sobre procedimentos em casos de
solicitação”, 1962, in The Guardian, 17 de agosto de 2003
(http://image.guardian.co.uk/sys-files/Observer/documents/2003/08/16/
Criminales.pdf ); 1.
1207 Ibid. 15-15-16.
1208 Ibid. 16.
1209 Ibid. 3, itálicos meus.
1210 Ibid. 4.
1211 Ibid. 7.
1212 Ibid. 3.
1213 Ibid. 18.
1214 Ibid. 2.
1215 Ibid. 3.
1216 Barrie 2002:69.
1217 Egerton & Dunklin 2002.
1218 Pullella 2010.
1219 Pancevski & Follain 2010.
1220 Gentile 2010.
1221 Neustein & Lesher 2002:80-81; Associated Press 2008.
1222 MacFarquhar 2005.
1223 Kannabiran & Kannabiran 2002:66.
1224 Gênesis 20:12.
1225 Levítico 20:17.
1226 Números 12:1-11-15.
1227 Gênesis 19:1-9, 19:14.
1228 Deuteronômio 22:23-24.
1229 Gênesis 19:8.
1230 A.D.T. vs. Reino Unido, julgamento da Corte Europeia de Direitos
Humanos, 31 de julho de 2000, §§26, 38-39.
1231 Papa Bento XVI, “Pronunciamento de Sua Santidade Bento XVI para os
membros da Cúria Romana por ocasião da tradicional troca de votos de Natal”,
22 de dezembro de 2008.
1232 Young 1995:279-80.
1233 Tertuliano Apologia 50.
1234 Bosworth, van Donzel, Lewis & Pellat 1986:777; Crompton 1997:150.
1235 Catholic Online 2003.
1236 Johannessen 2007.
1237 BBC 2009a.
1238 Kington & Quinn 2010.
1239 Alcorão 2:178.
1240 Concílio de Elvira, Cânone 8,65,5.
1241 BBC 2002.
1242 Economist 2007a.
1243 365gay 2005b.
1244 365gay 2006b.
1245 Thornberry 2006.
1246 Hellemann 2007.
1247 Congregação para a Doutrina da Fé, “Algumas considerações sobre a
resposta de propostas legislativas sobre a não discriminação de pessoas
homossexuais”, 22 de julho 1992, §§1, 10-10-13
(www.ewtn.com/library/curia/cdfhomol.htm); Congregação para a Doutrina da
Fé, “Considerações sobre as propostas de dar reconhecimento legal às uniões
entre pessoas homossexuais”, 3 de junho de 2003, §§4-54-5
(www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_
doc_20030731_homosexual-unions_en.html); papa João Paulo II, ”Mensagem
de Sua Santidade, o papa João Paulo II, pelo 38º Dia Mundial das
Comunicações”, 23 de janeiro de 2004, §§3-43-43-4
(www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/messages/communications/documents/hf_jp-
ii_mes_20040124_world-communications-day_en.ht ml). Cf. Endsjø 2005;
Endsjø 2008c.
1248 Pigott 2008.
1249 Nebuhr 1995.
1250 Rogers 1999:30-30-31.
1251 Letvik 2007.
Considerações finais
A relação entre as religiões e o sexo foi, e continua sendo, uma das formas
mais poderosas e importantes da manifestação religiosa. O grau de aceitação das
doutrinas religiosas determina sua condição nesta vida, a de sua alma no além e,
por vezes, a vontade de Deus em relação a um país ou povo.
As regras sexo-religiosas determinam a vida privada do indivíduo, as
estruturas familiares e as demais relações sociais mais próximas; controlam
também a sociedade inteira e ditam a interferência do Estado.
As prioridades sexo-religiosas que resultam no desprezo pelas demais
verdades da fé são postas de lado, na divisão da sociedade na união de
adversários religiosos.
As verdades da fé não influenciam apenas os fiéis, mas são utilizadas
também para impor a todas as pessoas regras sobre como devem viver a vida,
sobretudo porque se perpetuaram até nossos dias como verdades naturais,
dissociadas daquele contexto em que foram formuladas.
Até onde alcança nosso olhar sobre o passado, percebemos que a
sexualidade humana sempre esteve fortemente inter-relacionada a diversas
concepções religiosas, de tal sorte é que difícil identificar uma regra sexual
totalmente independente da religião.
Vivemos em uma sociedade em que as concepções religiosas, ou o
constante combate entre elas, cada vez influi mais sobre nossas vidas, gerando
expectativas, seja por meio da compulsão ou da persuasão. Ao mesmo tempo, os
conceitos sobre sexo estão em permanente mutação. O fluxo constante da
sexualidade religiosa, a imensa quantidade de conceitos sexo-religiosos e o
vastíssimo espectro de verdades sexuais diferentes, todos esses fatores sugerem
que não estamos lidando com verdades naturais imutáveis e definitivas.
É impossível encontrar normas comuns que se apliquem à imensa
variedade de comportamentos e crenças sexo-religiosos. Aquilo que uma religião
venera como forma sagrada de sexo, na outra é passível de pena de morte; certas
formas de sexo consideradas fundamentais em uma crença são interpretadas
como demoníacas em outra. Portanto, nenhuma religião pode impor suas
verdades sexo-religiosas sem necessariamente violar as das demais.
É, portanto, impossível controlar a sexualidade humana com base em
certas concepções religiosas, a menos que as liberdades individual e de culto
sejam suprimidas. Em última instância, talvez devêssemos lançar um olhar para
além da dimensão religiosa se quisermos elaborar diretrizes minimamente
defensáveis para a maneira de vivermos nossa sexualidade. Talvez seja preciso
percorrer as zonas limítrofes existentes entre as diversas religiões e entre elas e a
sociedade como um todo. Precisamos obedecer a valores democráticos, observar
os direitos humanos e respeitar a opção de cada indivíduo. Se assim fizermos,
estabeleceremos três princípios para nortear não apenas as ideias sexo-religiosas,
mas toda a sexualidade humana: livre-arbítrio, consentimento e respeito mútuos.
A cada indivíduo deve ser assegurado o direito de decidir até que ponto irá ou
não ser governado por códigos de conduta sexo-religiosa. A sexualidade de cada
ser humano é uma questão que somente a ele concerne, e todos deveriam
respeitar as escolhas consensuais alheias quanto à sua vida sexual.
Muitos fiéis talvez achem difícil conviver com a noção de livre-arbítrio,
consentimento e respeito mútuos porque suas próprias convicções religiosas são
tão arraigadas que sentem uma necessidade incontrolável de legislar sobre a vida
sexual alheia. Assim sendo, a homofobia, o racismo sexual, a convicção de que a
sexualidade feminina necessita de regulações específicas, a objeção ao sexo pré-
conjugal e o desprezo por quaisquer outras formas de sexo consensual são parte
de um só fenômeno: o reflexo da crença em uma regulação do sexo pela religião.
Mas talvez devêssemos perguntar àqueles que querem controlar a vida sexual
alheia com base em suas próprias convicções religiosas como eles se sentiriam
caso fossem obrigados a viver de acordo com o que os outros acreditam. Só
então eles talvez reconhecessem que livre-arbítrio, consentimento e respeito
mútuos, afinal, não são conceitos tão terríveis assim.
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Índice de imagens
Pág. 28 – A expulsão do Éden.
Pág. 36 – “Men on a Misson”, calendário mórmon, 2011.
Pág. 38 – Buda sendo tentado por Mara.
Pág. 40 – Escultura de monge budista sobre base de quatro apoios.
Pág. 42 – A anunciação, de Eliseo Fattorini, d’après Fra Angelico, 1869.
Pág. 50 – Shakers, separados por sexo, dançando no hall de entrada em New
Lebanon, Nova York, c. 1830.
Pág. 58 – Monge se masturba enquanto ouve as confissões de uma mulher, c.
1679-81.
Pág. 60 – Representação hindu de masturbação masculina e feminina realizada
enquanto se assiste a um intercurso sexual. Dos muros do templo
Lakshmana (século X), em Khajuraho, Madhya Pradesh, Índia.
Pág. 114 – A arte do amor segundo uma ilustração hindu.
Pág. 164 – Ânfora grega com ilustrações de homens cortejando rapazes, c. 540
a.C.
Pág. 166 – The Ceremonial Dance to the Berdashe, Sauk and Fox (Meskwaki)
Indians, de George Catlin, década de 1830. A pessoa de dois espíritos
está à direita, enquanto seus companheiros de tribo a provocam, mas
também competem por sua atenção, considerada digna de honra.
Pág. 174 – Miniatura de Bíblia francesa Moraliseé do início do século XIII,
mostrando dois casais do mesmo sexo sendo incentivados por demônios
a ceder ao amor proibido.
Pág. 180 – O cegamento dos sodomitas, d’après Nicolaus Hoy, 1583.
Pág. 204 – Hijras têm um papel fundamental no hinduísmo.
Pág. 264 – Leda e o cisne, c. 1512-17, de Il Sodoma (Giovanni Antonio Bazzi).
Pág. 280 – O redemoinho dos amantes: Francesca da Rimini e Paolo Malatesta,
cena da Divina Comédia de Dante, em uma aquarela de William Blake,
1824-27.
Pág. 300 – Preparação de nobre tântrica antes do intercurso sexual, do
Rajastão, século XVIII.
Pág. 312 – O festival xintoísta Kanamura (Festival do Falo), em Kawasaki,
Japão.
Pág. 314 – Um capuz de lingam em bronze.
Pág. 316 – Esculturas do século XVII que mostram homens fazendo sexo ao
lado de animais no templo Jagannath, em Katmandu, Nepal. Essas
representações podem ser de transgressões sexuais realizadas em rituais
tântricos.
Pág. 318 – Herma grega, cópia de um original de Polyeuktos, c. 280 a.C.,
representando o estadista Demóstenes.
Simplesmente irresistível
Gibson, Rachel
9788563420374
392 páginas
A mais fascinante trilogia desde Jogos Vorazes. A Terra não existe mais, e em
duas naves que procuram um novo mundo no espaço, uma menina de 15 anos
precisa casar e engravidar para garantir a sobrevivência da humanidade.
Enquanto isso, uma sucessão de acontecimentos eletrizantes torna a jornada pelo
espaço algo absolutamente imprevisto.
Temas como religião, a escolha da mulher e a ideia de poder e dominação vão
aparecendo muito suavemente articulados ao longo da trama, amarrando o leitor
com surpresas e reviravoltas estonteantes. São temas universais, postos num
livro por uma escritora surpreendente e que promete arrasar a cena literária a
partir desta sua fantástica criação.
Por trás do silêncio havia um segredo agora revelado por documentos oficiais
secretos. Pio XII organizou uma ampla rede de ajuda humanitária para os judeus
de toda a Europa. Sob orientação dele, padres e freiras arriscaram a vida
fornecendo abrigo nos mosteiros e conventos a milhares de judeus. Pio XII doou
ouro do próprio Vaticano para ajudar os judeus romanos e escondeu milhares
deles em sua residência de verão, enquanto Roma era ocupada e bombardeada
pelos alemães.