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Resumo O presente artigo objetiva discutir a importância das organizações não go-
vernamentais (ONGs) como amici curiae no Sistema Interamericano de Proteção
dos Direitos Humanos. Inicialmente, apresentará as jurisdições internacionais que
acolhem ou rejeitam a figura do amicus curie. No caso do Sistema Interamericano
de Direitos Humanos, a intervenção a título amicus curiae é essencialmente jurispru-
dencial e pautada na experiência do Sistema Europeu de Direitos Humanos. Todavia,
* A segunda e a terceira parte deste artigo foram originalmente tratadas na dissertação de mestrado
da segunda autora, sob a orientação do primeiro autor. Este, por sua vez, agradece à Capes pela
concessão de auxílio AEX para a apresentação da primeira versão deste trabalho, na forma de co-
municação, no simpósio A judicialização dos Direitos Humanos na América Latina: balanço e
perspectivas, integrante da área temática “Direitos Humanos” do 54º Congresso Internacional de
Americanistas – 54º ICA, realizado entre 15 e 20 de julho de 2012 na Faculdade de Direito da Uni-
versidade de Viena, Áustria.
Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 14(26): 27-52, jan.-jun. 2014 • ISSN Impresso: 1676-529-X • ISSN Eletrônico: 2238-1228 27
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Os amici curiae (amigos da corte) são pessoas ou grupo de pessoas que não são
parte de um litígio e, no entanto, são autorizadas a trazer, no âmbito do procedimento
judicial, informações sobre seu ponto de vista acerca dos elementos fáticos com o
intuito de oferecer esclarecimentos aos juízes. É, na realidade, uma espécie de inter-
venção de terceiros, o que no Brasil aproxima-se do Ministério Público como custus
legis. Aos amici é permitido apresentar argumentos de fato e de direito que, porém,
não são considerados parte do processo (PRADO, 2007, p. 219).
Hodiernamente, constata Pierre-Marie Dupuy (apud CASELLA, 2008, p.
1337), ao lado da opinião governante, outra opinião – a militante –, manifestada nas
ações das ONGs, que exercem cada vez mais o papel de fiscais transnacionais em
favor dos direitos fundamentais.
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A judicialização dos direitos humanos na América Latina: estudo sobre a participação das organizações não
governamentais (ONGs) como amici curiae no Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos
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tigo 38, letra “c”, in finis, do Estatuto da Corte Internacional de Justiça (ECIJ), parte
integrante da Carta das Noções Unidas: “Artigo 38. A Corte, cuja função é decidir
de acordo com o direito internacional as controvérsias que lhe forem submetidas,
aplicará: […] c) os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civiliza-
das” (ONU, 2012); verdadeira aberração, se levarmos em consideração os valores
multiculturais da hodierna sociedade internacional e os clássicos ensinamentos de
Claude Lévy-Strauss.1
Quanto à participação dos amici curiae, reza o parágrafo 2º, do artigo 34 do
ECIJ: “Sobre as questões que lhe forem submetidas, a Corte, nas condições pres-
critas por seu Regulamento poderá solicitar informações, de organizações públicas
internacionais, e receberá as informações que lhe forem prestadas, por iniciativa
própria, pelas referidas organizações” (ONU, 2012). Portanto, não se admite a parti-
cipação de ONGs como amici curiae nessa Corte.
Apesar de a maioria dos autores negar a possibilidade de acesso à CIJ pelos
indivíduos, grupos ou corporações, verifica-se, lentamente, uma abertura de mentali-
dade por parte de alguns de seus membros, como a juíza Rosalyn Higgins. Para a ex-
-presidenta da CIJ, entre 2006 e 2009, “there is some flexibility. I think for possible
amicus briefs by NGOs in advisory opinion cases, and I think that a useful possibility
for the Court to explore” (apud Shaw, 2003, p. 973).
1
Como demonstrou esse genial antropólogo, não existem culturas mais ou menos civilizadas, supe-
riores ou inferiores. Existem culturas diferentes. No Brasil, v.g., quem seriam os mais civilizados?
Os “homens brancos”, que necessitam do Estatuto da Criança e do Adolescente para proteger suas
crianças e adolescentes, ou os povos indígenas, que amparam suas crianças motivados pela simples
consciência de preservação do seu próprio futuro étnico, sem se valerem de uma lei? Além disso,
ensina Lévy-Strauss, “não existe nem pode existir uma civilização mundial no sentido absoluto que
damos a esse termo, uma vez que a civilização implica a coexistência de culturas que oferecem entre
si a máxima diversidade e consiste mesmo nessa coexistência. A civilização mundial só poderia ser
coligação, à escala mundial, de culturas que preservassem cada uma a sua originalidade” (1980, p.
84). Prossegue, ainda, o notável antropólogo francês: “A este respeito, as instituições internacionais
têm à sua frente uma tarefa imensa e carregam pesadas responsabilidades […] a humanidade está
constantemente em luta com dois processos contraditórios, para instaurar a unificação, enquanto que
o outro visa manter ou restabelecer a diversificação. […] a necessidade de preservar a diversidade
das culturas num mundo ameaçado pela monotonia e pela uniformidade não escapou certamente às
instituições internacionais. Elas compreendem também que não será suficiente, para atingir esse fim,
animar as tradições locais e conceder uma trégua aos tempos passados. É a diversidade que deve ser
salva, não o conteúdo histórico que cada época lhe deu e que nenhuma poderia perpetuar para além
de si mesma. […] A tolerância não é uma posição contemplativa dispensando indulgências ao que
foi e ao que é. É uma atitude dinâmica, que consiste em prever, em compreender e em promover
o que quer ser. A diversidade de culturas humanas está atrás de nós, à nossa volta e à nossa frente.
A única exigência que podemos fazer valer a seu respeito (exigência que cria para cada indivíduo
deveres correspondentes) é que ela se realize sob formas em que cada uma seja uma contribuição
para a maior generosidade das outras” (LÉVY-STRAUSS, 1980, p. 87).
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Para Scherer-Warren:
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-Estar do Menor (Febem), hoje Fundação Casa, no estado de São Paulo, o CEJIL e a
Comissão Teotônio Vilela (CTV), junto com outras organizações, apresentaram um
pedido de medidas provisionais ante a Corte Interamericana em virtude de iminentes
ameaças à vida e à integridade pessoal dos jovens internos da Unidade do Complexo
Tatuapé. (CEJIL, 2008)
Em 17 de novembro de 2005, a Corte Interamericana, mediante resolução, so-
licitou ao Estado do Brasil que adotasse de forma imediata as medidas que fossem
necessárias para proteger a vida e a integridade pessoal de todas as crianças e ado-
lescentes ali residentes. (CEJIL, 2010)
Em 30 de novembro de 2005, foi emitida nova resolução, reiterando a medida
anterior, requerendo, em síntese, que o Estado: 1) impedisse que os jovens fossem
submetidos a tratos cruéis, desumanos ou degradantes, dentre eles a) isolamento
prolongado e b) espancamentos; 2) promovesse medidas necessárias para confiscar
as armas que estavam nas mãos dos jovens; 3) separasse os internos de acordo com
os padrões internacionais sobre a matéria e considerando o interesse superior da
criança; e 4) prestasse a atenção médica necessária às crianças internas, de forma a
garantir o direito à integridade pessoal. (CEJIL, 2010)
Solicitou ainda que o Estado remetesse à Corte uma lista atualizada de todos os
jovens residentes no Complexo do Tatuapé e indicasse com precisão dados relativos
à identidade dos menores, dia e hora do ingresso, a remoção, e se os adolescentes es-
tavam respondendo a ato infracional, ou mesmo se já havia sido proferida a medida
de segurança ou provisória e, nesse caso, fossem informadas à Corte as providências
adotadas para seu cumprimento. (CEJIL, 2010)
O primeiro informe do Estado brasileiro foi encaminhado à Corte em 6 de janeiro
de 2006; o segundo informe na data de 5 de abril de 2006 e o terceiro, em 19 de maio
de 2006. Nos referidos escritos, os representantes manifestaram que as poucas medidas
efetivamente implementadas pelo Estado tinham caráter de longo prazo, fugindo do al-
cance da implementação das medidas provisórias ordenadas pela Corte. (CEJIL, 2010)
No informe do dia 05 de abril de 2006, os representantes relataram um motim que
ocorrera no dia 4 de abril de 2006, no qual “pelo menos 32 pessoas” resultaram feridas.
Em 4 de julho de 2006, a Corte Interamericana emitiu nova resolução, reiteran-
do as medidas provisórias anteriores, no sentido de que o Estado adotasse, de forma
imediata, as providências necessárias para proteger a vida e a integridade pessoal de
todas as crianças e adolescentes internos no Complexo do Tatuapé da antiga Febem,
assim como de todas as pessoas que lá estivessem. Segundo o relatório do CEJIL
o governo brasileiro anunciou o fechamento do Complexo do Tatuapé em outubro
de 2007. Isto significou uma grande vitória para os direitos humanos, bem como
para o CEJIL e sua contraparte local, a CTV; porém ainda continua em andamento
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o processo sobre o mérito das reparações para as vítimas e uma profunda mudança
institucional. (CEJIL, 2010)
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo a diretora do CEJIL no Brasil, Bea-
triz Affonso, comemorou a resolução e aduziu que “Com a decisão, as entidades de
defesa dos direitos da criança ganham maior espaço de negociação”. (FOLHA DE
S. PAULO, 2005)
Há que se ressalvar que a resolução foi inédita e que a Corte determinou que o
governo brasileiro garantisse a integridade física dos internos do complexo e, ainda,
marcou uma audiência pública, na sede da Corte, na Costa Rica.
Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 14(26): 27-52, jan.-jun. 2014 • ISSN Impresso: 1676-529-X • ISSN Eletrônico: 2238-1228 37
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casos relacionados à discriminação racial foram julgados pela Corte. Além disso, o
processo também é relevante no aspecto social, em relação aos obstáculos legisla-
tivos e jurisprudenciais nacionais que impedem as vítimas de sanarem as violações
sofridas (ARANTES, 2007, p. 127).
Após os procedimentos investigatórios, como os depoimentos da autora do
anúncio, seu marido e da senhora que atendeu ao telefonema da vítima, o inquérito
foi relatado pelo delegado de polícia que o presidia e enviado para o juiz de direito
competente, que abriu vistas ao representante do Ministério Público, o qual, por sua
vez, opinou pelo arquivamento do processo, aduzindo que: “não se logrou apurar
nos autos que Aparecida Gisele tenha praticado qualquer ato que pudesse constituir
crime de racismo, previsto na Lei 7.716/89 e que não havia nos autos qualquer base
para o oferecimento de denúncia” (ARANTES, 2007, p. 127).
A quota ministerial que opinou pelo arquivamento foi acolhida pelo juiz, que
mandou arquivar o processo. Insatisfeita com a decisão judicial, a vítima procurou
o auxílio do CEJIL e o Instituto do Negro Padre Batista, que apresentaram demanda
em face à Comissão. Em 2006, a Comissão declarou a existência de racismo institu-
cional no Brasil, evidenciado pelas poucas denúncias de discriminação efetivamente
investigadas e levadas adiante. (CEJIL, 2008)
A Comissão Interamericana conclui acerca do arquivamento:
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Neste episódio, o Estado brasileiro cometeu graves violações aos direitos hu-
manos reconhecidos pela Convenção Americana de Direitos Humanos e foi denun-
ciado perante a Comissão Interamericana, em 22 de fevereiro de 1994, pelo CEJIL,
CTV e a Human Rigths Watch/Americas, que também denunciaram as condições
carcerárias subumanas, que contribuíram para a ocorrência do massacre, e a morosi-
dade da justiça brasileira em julgar e punir os responsáveis.
A Comissão realizou quatro audiências (duas em 1995 e duas em 1996) e, dessa
forma, o governo brasileiro teve a oportunidade de defender-se.
Depois de descartar a possibilidade de solução amistosa, a Comissão decidiu
que o Estado brasileiro havia incorrido em responsabilidade internacional pela vio-
lação aos direitos humanos, consubstanciado pelos preceitos pugnados nos artigos 4
e 5 da Convenção Americana de Direitos Humanos. (OEA, 2011)
Em fevereiro de 2000, o governo brasileiro assumiu perante a Comissão Inte-
ramericana a responsabilidade moral pelo Massacre do Carandiru e, em 13 de abril
de 2000, a Comissão publicou o Relatório Final n. 34/00 condenando o Brasil pela
violação de vários direitos reconhecidos pela Convenção Americana de Direitos Hu-
manos. (OEA, 2009)
Em 15 de setembro de 2002, a Casa de Detenção do Carandiru foi desativada
e, em dezembro do mesmo ano, o pavilhão 9, bem como os números seis e oito do
Complexo Carandiru, foram implodidos.
A atuação do CEJIL e de suas contrapartes foi imprescindível para a obtenção
da condenação do Estado brasileiro, bem como para a desativação e o desapareci-
mento do Complexo, que era símbolo de uma política penitenciária que ignora os
direitos garantidos aos presos pela Constituição Federal de 1988 e pela Lei de Exe-
cução Penal.
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Assim,
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Portanto, após o julgamento da ADPF-153 pelo STF, o Brasil poderá ser res-
ponsabilizado internacionalmente pelo descumprimento da sentença da CIDH. Res-
ta, finalmente, saber se o País estará preparado para minimizar os impactos negativos
na sua imagem e na sua reputação de potência emergente diante da comunidade
internacional. O País terá que avaliar as consequências políticas decorrentes dessa
opção de não revogar sua Lei de Anistia, sobretudo diante dos efeitos colaterais ou
danos eventualmente produzidos em sua histórica campanha para a obtenção de um
assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
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Considerações finais
A prática dos amici curiae é cada vez mais importante nas jurisdições internas
e igualmente desenvolvida nas jurisdições administrativas internacionais, nas cortes
regionais de proteção dos direitos humanos e nas jurisdições penais internacionais.
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Dessa forma, há que se acreditar que a atuação das ONGs comprometidas com
a defesa dos direitos humanos possa ser contribuir para que os direitos fundamentais
sejam mais respeitados.
Referências
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Jorge Luís Mialhe; Leandra Aparecida Zonzini Justino
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