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GEO 231 – Geografia Agrária

Professor a Marilda Teles Maracci

Análise do Texto “Modo Capitalista de Produção e Agricultura” de


Ariovaldo Umbelino de Oliveira

Junimar José Américo de Oliveira - 66408

Discente do Curso de Geografia da UFV

junimar.oliveira@ufv.br

O estudo da agricultura sob o modo capitalista de produção tem-se


caracterizado pelo debate político entre as muitas correntes de pensamento
que dedicam atenção especial ao campo.

Dentre essas correntes o objetivo comum a elas é entender as inúmeras


transformações que o campo vem sofrendo, transformações essas que
redefinem toda a estrutura socioeconômica e política no campo.

Entre essas correntes estão os que entendem essa realidade de


transformações através da destruição dos camponeses e a modernização dos
latifúndios, outros defendem a permanência das relações feudais, e por último
e não menos importante, estão os que defendem a criação e recriação do
campesinato e do latifúndio. É exatamente nesta última corrente que nos
aprofundaremos ao longo desta análise.

Para os autores, os que defendem a 3ª corrente, é o próprio capitalismo


dominante que gera relações de produção capitalistas e não-capitalistas. O
campesinato e o latifúndio devem ser entendidos como de dentro do
capitalismo e não de fora deste, como querem as outras correntes anteriores.
O campesinato deve ser entendido como classe social. Para eles, o camponês
quer sempre entrar na terra, mesmo que saía dela, ele um dia retornará.
Caracterizando assim uma boa parte do campesinato sob o capitalismo como
uma história de (e) migrações. É estranho o texto não se aprofundar, ou ao
menos citar com frequência o processo de expulsão do camponês do campo,
muitos que deixam a terra, não retornam à ela.

Hoje, as discussões maiores em torno do campo, estão focadas no


avanço das fronteiras dos latifúndios que sufoca o pequeno agricultor, o
agricultor familiar, fazendo com que este saía do campo em direção à cidade,
tornando este em mão de obra barata e não especializada, junto desse avanço
da fronteira, está a discussão sobre a posse da terra, a reforma agrária,
assunto fortemente presente em países ditos como subdesenvolvidos, que é o
caso do Brasil, (gostaria de esclarecer que determinadas colocações do texto
serão analisadas de forma a estabelecer um paralelo com a realidade do
campo no Brasil).

A contradição do desenvolvimento do capitalismo para essa corrente é


que para ela a produção do capital nunca decorre de relações especificamente
capitalistas de produção, fundadas, pois, no trabalho assalariado e no capital.
Para que a relação capitalista ocorra é necessário que seus dois elementos
centrais estejam constituídos, o capital produzido e os trabalhadores
despojados dos meios de produção. Entre as relações não-capitalistas de
produção estão o campesinato e a propriedade capitalista da terra, baseadas
na sujeição da renda da terra ao capital, pois assim ele (o capital) pode
subordinar a produção de tipo camponês, pode especular com a terra,
comparando-a e vendendo-a, e pode, por isso, sujeitar o trabalho que se dá na
terra, sem que o trabalhador seja expulso da terra, sem que se dê a
expropriação de seus instrumentos de produção.

Ao longo do texto uma sequência histórica sobre a agricultura será


exposta, passando pelo modo de produção feudalista e sua transição do
feudalismo para o capitalismo.

É no período de transição do feudalismo para o capitalismo que as


relações não-capitalistas surgiram no campo, resultando na aparição de uma
volumosa massa de camponeses proprietários individuais que, na lógica geral
do desenvolvimento capitalista, deveriam posteriormente desaparecer, em
função da chamada superioridade técnica da grande produção capitalista.
Entretanto, houve uma persistência e crescimento dos séculos desses
camponeses, porém atualmente o que podemos destacar é o decréscimo
desse número (situação brasileira).

O texto insistirá muito na temática do desenvolvimento do capitalismo


como um processo contraditório e intrínseco, ele (o texto), fará um retrospecto
sob o modo de produção capitalista.

A produção de mercadorias foi, sobretudo, a característica da primeira


fase do capitalismo. Assim, a etapa de produção imediata e a da distribuição
não eram especificamente capitalistas, porém a circulação e o consumo sim.

Com o desenvolvimento industrial e o consequente crescimento das


cidades, a agricultura foi-se transformando, adaptando-se. Esse processo
adquiriu características distintas em cada país em particular, mas no geral
havia um traço comum.

De modo geral, a agricultura desenvolveu-se em duas direções: de um


lado, a agricultura especificamente capitalista, baseada no trabalho assalariado
e nos arrendamentos; de outro, a agricultura baseada na articulação com as
formas de produção não-capitalistas.

Fazendo esse levantamento histórico do capitalismo e da agricultura,


cabe citar nesta análise o papel das colônias inglesas e dos EUA nas
transformações da agricultura europeia e norte-americana, onde a produção foi
crescendo em escala. A produção de mercadorias para o comércio
internacional foi criando o agricultor especializado, que passou a produzir um
único produto agrícola. A própria falta de mão de obra nas colônias abriu
caminho para a mecanização das lavouras, e com isso aumentou-se a
produtividade do camponês-colono. Somava-se a esses fatores a intensificação
da imigração, que de certa forma acabava por provocar um rebaixamento dos
salários agrícolas nos lugares onde ela se dava, abrindo caminho para a
agricultura capitalista. Como consequência desse processo, a agricultura
europeia entrou em crise, o que criou condições para as alterações estruturais
que vão comandar a agricultura na etapa monopolista do capitalismo.

Nesse processo geral, foram-se criando as condições concretas que


tornaram necessária ao camponês a realização de trabalhos acessórios. E
entre estes se destacou o trabalho assalariado por tempo determinado.
Presença de relação capitalista (assalariamento) e não capitalistas (o
camponês).

Como alternativa para sair da crise, o camponês criou as cooperativas,


porém nem essas conseguiram resolver o seu empobrecimento que ocorria de
forma gradativa, ele sofria a pressão da indústria e dos comerciantes que
esmagavam seus preços adquirindo sua produção sempre abaixo dos preços
que se esperavam. Os lugares onde a manobra e criação das cooperativas
deram um certo sucesso tornaram o camponês num capitalista.

De qualquer forma, esse processo apontava o novo rumo da agricultura:


a sua industrialização.

“Foi através da crise que começou a passagem da sujeição da


renda da terra produzida pelo camponês, do capital comercial
para o capital industrial e, mais que isso, com a cartelização e
nascimento do capital financeiro, a sua sujeição aos
monopólios.”(p.49)

Com o período da história conhecido como imperialismo, houve um


desequilíbrio entre os produtos primários e os produtos manufaturados, entre a
agricultura e a indústria.

A industrialização da agricultura, que é uma evidência desse processo,


gera a agroindústria. É, portanto, o capital que solda novamente o que ele
mesmo separou: agricultura e indústria, cidade e campo. Aqui, o capital sujeita
o trabalho que se dá no campo.

O camponês em menos de cinquenta anos conheceu um aumento


violento da produtividade do seu trabalho.

As relações capitalistas de produção são relações baseadas no


processo de separação dos trabalhadores dos meios de produção, ou seja, os
trabalhadores devem aparecer no mercado como trabalhadores livres de toda a
propriedade, exceto de sua própria força de trabalho.
Assim, os trabalhadores devem estar no mercado livres dos meios de
produção, mas proprietários de sua força de trabalho, para vende-la ao
capitalista; este sim, proprietário dos meios de produção. Um contrato de
compra e venda da força de trabalho. O capitalismo transformou a
desigualdade econômica das classes sociais em igualdade jurídica de todas as
pessoas da sociedade.

Assim, a relação que, de início, no plano jurídico era de igualdade,


revela sua verdadeira face, tornando-se no plano econômico uma relação de
desigualdade: o capitalista ganha e o trabalhador perde. O que o capitalista
ganha nessa relação é a fração de valor criado que não é revertida para o
trabalhador (mais valia) e sim apropriada pelo capitalista sob a forma de lucro
do capital, ou seja, como sendo propriedade do capital.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino. Modo de Produção Capitalista, Agricultura


e Reforma Agrária. São Paulo: Labur Edições, 2007, 184p.

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