Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Educação Literária
A (48 pontos)
Ricardo Reis, Poesia, Manuela Parreira da Silva (ed.), Lisboa: Assírio & Alvim, 2007, p.98.
2. Interpreta os versos “Hoje, Neera, não nos escondamos, / Nada nos falta, porque nada
somos.” (vv. 5,6).
3. A partir da última estrofe, regista duas expressões que comprovem que o “eu” adota
uma filosofia de vida de base clássica e explica o sentido de cada uma delas,
justificando essa adoção.
1
PALAVRAS 12
B (40 pontos)
MADALENA
Mas para onde iremos nós, de repente, a estas horas?
MANUEL
Para a única parte para onde podemos ir: a casa não é minha... mas é tua, Madalena.
MADALENA
Qual?... a que foi?... a que pega com S. Paulo?... Jesus me valha!
JORGE
E fazem muito bem: a casa é larga e está em bom reparo, tem ainda quase tudo de trastes
e paramentos1 necessários: pouco tereis que levar convosco. — E então para mim, para os
nossos padres todos, que alegria! Ficamos quase debaixo dos mesmos telhados. — Sabeis
que tendes ali tribuna para a capela da Senhora da Piedade, que é a mais devota e mais bela
de toda a igreja.... Ficamos como vivendo juntos.
MARIA
Tomara-me eu já lá! (Levanta-se pulando.)
MANUEL
E são horas, vamos a isto (levantando-se).
MADALENA
(vindo para ele)
Ouve, escuta, que tenho que te dizer; por quem és, ouve: não haverá algum outro modo?
MANUEL
Qual, senhora, e que lhe hei de eu fazer? Lembrai vós, vede se achais.
MADALENA
Aquela casa... eu não tenho ânimo.... Olhai: eu preciso falar a sós convosco. — Frei Jorge,
ide com Maria aí para dentro; tenho que dizer a vosso irmão.
MARIA
Tio, venha, quero ver se me acomodam os meus livrinhos; (confidencialmente) e os meus
papéis, que eu também tenho papéis: deixai que lá na outra casa vos hei de mostrar... Mas
segredo!
JORGE
Tontinha!
Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa, edição de Maria João Brilhante, Lisboa, Comunicação, 1982, pp. 121-123
NOTA
1
trastes e paramentos (linhas 8 e 9) – mobílias e objetos decorativos.
2
PALAVRAS 12
a) b)
1. ignorar os medos de Madalena 1. “que alegria!”
2. fomentar os receios de Madalena 2. “E fazem muito bem:”
3. apaziguar os terrores de Madalena 3. “Ficamos como vivendo juntos”
4. depreciar os medos de Madalena 4. “Tontinha!”
C (16 pontos)
Na lírica camoniana, a Natureza surge como uma forte inspiração para o Poeta e associa-se a
outras temáticas.
Partindo da afirmação acima transcrita, apresenta, num texto de oitenta a cento e trinta
palavras, o aspeto da lírica camoniana destacado. A tua exposição deverá atestar, através de
exemplos, a tua experiência de leitura.
de Caeiro. Apesar de os estudos pessoanos terem demonstrado que a carta não diz
toda a verdade sobre a criação do heterónimo, nem dos poemas, a verdade é que
aquilo que nela haverá de ficção serve para que Pessoa continue o seu jogo infinito
15 com as racionalmente definidas fronteiras do real e do irreal.
“Alberto Caeiro é o homem reconciliado com a natureza, no qual o estar e o
pensar coincidem. Ele resolveu todos os dramas entre a vida e a consciência”, diz o
filósofo José Gil, que rejeita a ideia defendida por muitos estudiosos da “alma una”
de Caeiro.
20
Inês Pedrosa refere que Caeiro seria a “figura da musa” para o poeta, que aliás o
descreve em termos helénicos, louro como um deus grego. Segundo a cronologia
feita por Pessoa, Alberto Caeiro nasceu em 16 de abril de 1889, em Lisboa. Órfão
de pai e mãe, não exerceu qualquer profissão e estudou apenas até à 4.ª classe.
Viveu grande parte da sua vida pobre e frágil no Ribatejo, na quinta da sua tia-avó
25 idosa, e aí escreveu O Guardador de Rebanhos e depois O Pastor Amoroso. Voltou
no final da sua curta vida para Lisboa, onde escreveu Os Poemas Inconjuntos,
antes de morrer de tuberculose, em 1915.
Caeiro não é um filósofo, é um sábio para quem viver e pensar não são atos
separados. Por isso, não faz sentido considerá-lo menos real do que Pessoa. E cem
30 anos depois, apesar de não ser o poeta mais lido, Alberto Caeiro tem uma
materialidade de que só quem não lê poesia se atreve a duvidar. O poeta não
precisa de biografia e não precisa de um corpo com órgãos para se alojar em nós,
para nos pôr a ver o mundo a partir dos seus olhos, “do seu presente intemporal
igual ao das crianças e dos animais”, como escreveu Octávio Paz.
Joana Emídio Marques, Diário de Notícias, 8 de março de 2014, p. 47 (adaptado).
4
PALAVRAS 12
4. A utilização de “pois” (linha 4) e de “Por isso” (linhas 29) contribui para a coesão
(A) frásica.
(B) interfrásica.
(C) temporal.
(D) lexical.
5. No excerto “Inês Pedrosa refere que Caeiro seria a “figura da musa” para o poeta,
que aliás o descreve em termos helénicos, louro como um deus grego.” (linhas 18-19), as
palavras sublinhadas são
(A) um pronome e uma conjunção, respetivamente.
(B) uma conjunção e um pronome, respetivamente.
(C) pronomes em ambos os casos.
(D) conjunções em ambos os casos.
6. Classifica a oração “que a carta não diz toda a verdade sobre a criação do
heterónimo, nem dos poemas” (linhas 12-13).
Escrita
Se para uns a cidade surge como espaço de plena realização do indivíduo, para outros tal
realização está associada apenas à vida em comunhão com a natureza.
Fundamenta o teu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustra cada
um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.
Bom trabalho!