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PROVA DE CARGA ESTÁTICA INSTRUMENTADA EM ESTACA


METÁLICA DE SEÇÃO VARIÁVEL NA BAIXADA SANTISTA –
ANÁLISE DE DESEMPENHO E CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO

Wanderley Perez Junior


Zaclis, Falconi Engenheiros Associados
wanderley@zaclisfalconi.com.br
Frederico Fernando Falconi.
Zaclis, Falconi Engenheiros Associados
fred@zaclisfalconi.com.br

Resumo. O presente trabalho seção decrescente como elemento de


apresentará um caso da construção de fundação. A solução está crescendo
um edifício de 17 pavimentos localizado dentro da Engenharia de Fundações,
na cidade de Santos, S.P., cujas principalmente em locais em que as
fundações foram projetadas e executadas características da obra e do subsolo
com estacas metálicas profundas, indicam a necessidade de estacas
constituídas por elementos de seção profundas, como na cidade de Santos.
variável. Serão apresentados as Nestes casos a economia de aço varia de
características geotécnicas locais, os 10 a 15%, quando comparada a solução
principais critérios de dimensionamento e de estacas de seção constante, tornando
os resultados da prova de carga estática deste modo a solução em estacas
instrumentada em profundidade, metálicas competitiva quando comparada
realizada em dezembro de 2006, em uma as outras alternativas. Nos anos de 2005 e
estaca de 49,0 m de comprimento. 2006 a solução foi amplamente utilizada
Será apresentado também um método na cidade de Santos-SP, tendo sua
semi-empírico de previsão de capacidade eficiência comprovada através da
de carga para estacas metálicas na realização de Provas de carga estáticas.
Baixada Santista. Há registros de que a solução foi utilizada
Será abordado ainda a utilização dos também com sucesso nas cidades de
controles tradicionais de cravação tais Jaboatão dos Guararapes e Recife-PE por
como negas e repiques para este tipo de Rocha (2006) e Gusmão (2006).
estaca.
Este trabalho tem por objetivo não só
divulgar mais um caso de utilização de
Palavras-chave: Prova de carga estática, estacas metálicas de seção variável, mas
Strain gages, Estacas metálicas de seção principalmente analisar o desempenho de
variável, estacas metálicas, fundação. uma estaca instalada nos Sedimentos
Quaternários da Baixada Santista, à luz
1. INTRODUÇÃO dos resultados da prova de carga estática
realizada com instrumentação em
Visando a otimização da solução em profundidade. Nesta, além das
estacas metálicas e face a nova gama de tradicionais medidas de deformação no
perfis metálicos disponíveis no mercado topo da estaca, foram instalados
da construção civil, surgiu a possibilidade extensômetros elétricos (“strain gages”)
de utilização de perfis laminados com em 3 profundidades para leitura de
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deformações da estaca quando submetida profundidade apresentou a melhor relação


ao carregamento estático, fato custo x benefício para obra.
extremamente raro para uma estaca
metálica cravada, constituída por perfis Para o cálculo da capacidade de carga
metálicos laminados e de abas paralelas. das estas foram utilizados os métodos
semi-empíricos de Aoki-Veloso, Décourt-
A seguir apresenta-se as características Quaresma e Pedro P. Velloso,
da obra, os resultados de cravação, considerando-se o perímetro colado,
descrição da instrumentação e os conforme já indicado por Schenk (1966).
resultados da prova de carga. No final A parcela de carga devido a ponta é muito
serão apresentadas as conclusões e pequena para estacas longas apoiadas
considerações gerais sobre a solução. sobre solos pouco competentes, conforme
indicaram estudos anteriores como o
citado por Falconi e Perez (2007) . No
2. CARACTERÍSTICAS DA OBRA entanto, isto não é válido quando a ponta
das estacas atinge solos competentes ou o
2.1. Perfil Geotécnico indeslocável.
Localizada próximo ao Canal 3 da As estacas utilizadas são constituídas
cidade de Santos, o subsolo local (figura por perfis metálicos laminados, padrão
1) é constituído por camadas de areia fina ASTM A572 grau 50 e tensão de
siltosa pouco a medianamente compacta, escoamento de 345 Mpa.
cinza, intercaladas com camadas de argila
marinha siltosa, muito mole a mole, cinza No dimensionamento estrutural foi
escura. previsto o desconto de 1,5mm na
As duas primeiras camadas de argila espessura dos perfis, devido a corrosão,
marinha mole, apresentam SPT da ordem conforme previsto a Norma NBR 6122.
de 3 golpes. A terceira camada,
encontrada entre 36,3 a 46,9m, apresenta A variação da seção da estaca foi
SPT médio 6, sendo considerada determinada em função da carga
sobreadensada, do tipo AT-Argilas estrutural máxima dos perfis e da
Transicionais de acordo com os estudos dissipação das cargas atuantes por atrito
de Massad ( 1990). lateral x profundidade.
O Solo Residual é encontrado a partir Desta forma, a estaca citada neste
de 53,0m, sendo nos metros iniciais trabalho resultou na composição de 4
(limite das sondagens) constituído por elementos conforme apresentado nas
silte arenoso micáceo compacto a muito figuras 1 e 2, com comprimento previsto
compacto. de 49,0m para carga de trabalho de 205 tf.
2.2. Projeto das fundações O coeficiente de segurança de projeto foi
de 1,6.
O prédio a ser construído é composto
por 2 blocos em estrutura convencional
de concreto armado com 17 lajes. As
cargas na fundação dos pilares do corpo
do prédio variam de 2000 a 9700 kN (200
a 970 tf).

Entre as soluções tecnicamente


viáveis, a solução em estacas metálicas
com seção decrescente com a
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GRÁFICO DE CRAVAÇÃO
cota sondagem 100,45
COTA PROF.(M) SPT DESCRICAÇÃO Nº DE GOLPES
0 0 cotas

10
20
30
40
50
60
0
99,45 1 10 99,00 0,0 COTA DE CRAVAÇÃO = 99,00 0
98,45 2 9 (-1,45) SONDAGENS 1
97,45 3 26 2
96,45 4 32 3
95,45 5 19 AREIA FINA SILTOSA, MEDIANAMENTE COMPACTA W 310 X 97

1º ELEMENTO
4
94,45 6 19 A COMPACTA, CINZA Area Aço (cm²)= 123,6 5
93,45 7 13 Area circunscrita (cm²)= 939,4 6
92,45 8 10 Perimetro colado (cm)= 179 7
91,45 9 14 90,45
8
90,45 10 5 AREIA FINA SILTOSA, COM NÓDULOS DE 9
89,45 11 4 89,25 ARGILA, FOFA A PCO COMPACTA, CINZA
10
88,45 12 2 11
87,45 13 2 12
86,45 14 2 -13,0 (COTA 86,00) 13
85,45 15 2 ARGILA MARINHA , PCO ARENOSA
14
84,45 16 3 MUITO MOLE, CINZA ESCURA HP 310 X 93 15
83,45 17 2 Area Aço (cm²)= 119,6 16

2º ELEMENTO
82,45 18 50 82,25 Area circunscrita (cm²)= 933,2 17
81,45 19 34 Perimetro colado (cm)= 178 18
80,45 20 58 AREIA FINA SILTOSA, MUITO COMPACTA A '
19
79,45 21 44 COMPACTA, CINZA 1º nível de Strain Gages (-20,5m) 20
78,45 22 17 78,05 COTA 78,50
21
77,45 23 3
22
76,45 24 3
23
75,45 25 3

PROF.(m)
24
74,45 26 4 -25,0 (COTA 74,00)
25
73,45 27 3 ARGILA MARINHA PCO ARENOSA COM NÓDULOS
26
72,45 28 3 DE AREIA, MOLE, CINZA ESCURA
27
71,45 29 3
28

3º ELEMENTO
70,45 30 3 HP 310 X 79 29
69,45 31 3 Area Aço (cm²)= 100
30
68,45 32 4 Area circunscrita (cm²)= 914,9
31
67,45 33 5 Perimetro colado (cm)= 177,0
32
66,45 34 5 65,95
33
65,45 35 5 AREIA FINA SILTOSA, COM MICA, POUCO 2º nível de Strain Gages (-34,0m),
34
64,45 36 6 64,15 COMPACTA, CINZA ESCURA Cota 65,00
35
63,45 37 5
36
62,45 38 5 -37,0 (COTA 62,00)
37
61,45 39 6
38
60,45 40 5
39
59,45 41 6 ARGILA MARINHA POUCO ARENOSA, MOLE HP 310 X 79
4º ELEMENTO 40
58,45 42 5 CINZA ESCURA Area Aço (cm²)= 100
41
57,45 43 6 Area circunscrita (cm²)= 914,9
42
56,45 44 5 Perimetro colado (cm)= 177,0
43
55,45 45 6
44
54,45 46 5 53,55
45
53,45 47 12 52,80 AREIA FINA SILTOSA, COM MICA, POUCO
46
52,45 48 16 3º nível de Strain Gages (-48,0m)
47
51,45 49 19 Cota 51,0
48
50,45 50 9 AREIA FINA E MÉDIA SILTOSA, COM MICA, POUCO -49,0 (COTA 50,00)
49
49,45 51 15 ARGILOSA, C/ PEDREGULHOD FINOS, MEDIANAMENTE
Nº DE GOLPES SPT
48,45 52 16 COMPACTA, CINZA
47,45 53 29 46,96

Figura 1 – Perfil geotécnico e gráfico de cravação da estaca.

Figura 2 – Características da estaca ensaiada


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3. INSTRUMENTAÇÃO elétrica e enviam para uma caixa


leitora (figuras 19 e 20)
Visando-se obter maiores
informações sobre a transferência Instalados aos pares na alma dos
de carga ao terreno local, foi perfis e na configuração de ½ ponte
desenvolvido um projeto de de “Wheastone” os strains gages
instrumentação, constituído por 3 forneceram as deformações
pares extensômetros elétricos específicas das estacas durante a
(“strain gages”). realização da prova de carga. Uma
vez conhecidos o módulo de
O strain gage é um instrumento de elasticidade do aço e as
alta precisão utilizado na características geométricas e da
Engenharia Civil para medir estaca pode-se calcular a tensão e
deformações em elementos a carga atuante em cada nível
estruturais tais como vigas, pilares e durante a aplicação dos
estacas, quando submetidas a carregamentos.
carregamentos.
Os strains gages utilizados são
da marca Kyowa, modelo KFG-5-
Terminais 120-D16-11 (figura 04) e foram
instalados nas profundidades de
20,5, 34,0 e 48,0m, a partir da cota
de cravação (ver figura 2). Tais
Base profundidades foram definidas,
visando-se posicionar os
instrumentos nas respectivas
camadas de areia.

Elemento condutor

Figura 3 – Exemplo de strain gage

Trata-se de um resistor composto


por uma fina camada (figura 3) e
material condutor depositado sobre
um composto isolante . Todo o Figura 04 – Modelo dos strain gages
conjunto é colado na estrutura a ser utilizados
monitorada.
Além dos extensômetros elétricos
foram instalados no topo da estaca
6 extensômetros mecânicos, sendo
Pequenas variações nas 4 para medidas de deslocamentos
dimensões da estrutura são verticais e 2 para deslocamentos
transmitidas mecanicamente aos horizontais (figura 17).
strain gages, os quais as
transformam em variações Cuidados especiais foram tomados
equivalentes de sua resistência
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para que os instrumentos não


fossem danificados no decorrer da
cravação. Após o devido preparo
da superfície (figura 05), os
instrumentos foram colados na alma
dos perfis (figura 06) e receberam a
proteção de uma resina especial
contra umidade e choques (figura
07 ).

Figura 07 – Strain Gages protegidos


com uma resina

Ao longo da estaca foram


soldadas de forma simétrica 2 talas
Figura 05 – Preparo da superficie metálicas para proteção dos
para instalação dos “strain gages”. extensômetros e cabos, mantendo-
os totalmente isolados do terreno
(figuras 8 a 10 e 14).

Figura 06 – Strain Gages instalados


na alma do perfil

Figura 8 – Detalhe das chapas de


proteção.
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Figura 11 – Vista do Bate-estacas

Figura 09 – Vista da chapa de


proteção

CABOS
PROTEGIDOS

CHAPA DE
PROTEÇÃO

Figura 10 – Detalhe da chapa de


proteção Figura 12 – Posicionamento do 1º
elemento

4. CRAVAÇÃO DA ESTACA:

Com os instrumentos
previamente instalados, a cravação
ocorreu no dia 24/11/2006. Utilizou-
se um bate-estacas de esteiras,
equipado com martelo hidráulico de
5500 kg (figuras 11 a 13), o que
garantiu um rígido controle da altura
de queda do martelo durante toda a
cravação.
Figura 13 – Painel do bate-estacas
para controle da altura de queda do
martelo.
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Atenção especial foi dada para a


execução da emenda dos perfis.
Visando-se evitar danos nesta
região devido ao aumento de
temperatura provocado pela solda,
os cabos receberem uma proteção
com mangueira (tipo “espaguete”)
térmica de amianto (figura 10). Além
disto executou-se um resfriamento
com água durante todo o processo
de solda.
Figura 15 – Repique da estaca ao
final da cravação

GRÁFICO DE CRAVAÇÃO
Nº DE GOLPES

10

20

30

40

50

60
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
F.(m)

23
24
O

25
PR

26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
Figura 14 – Solda das chapas de 37
38
39
proteção na região da emenda dos 40
41
perfis 42
43
44
45
46
A estaca atingiu a profundidade 47
48
prevista de 49,0m, parando com 49
Nº DE GOLPES SPT
negas de 69 mm e repique elástico Figura 16 – Gráfico de cravação da
médio de 18 mm (figura 15), para estaca
uma altura de queda do martelo de
60cm. O diagrama de cravação 5- PROVA DE CARGA ESTÁTICA
(figura 16), apresentou coerência
com a sondagem mais próxima. A prova de carga foi realizada no
dia 08/12/2006, 14 dias após a
cravação.

O sistema de reação foi


dimensionado de acordo com a
NBR 12131, utilizando-se como
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estacas de reação, as outras 4


estacas do respectivo bloco de
fundação (figura 18). O ensaio foi realizado com
carregamento rápido em estágios
A aplicação da carga durante o com incrementos equivalentes a
ensaio, foi realizada através de um 10% da carga de trabalho da estaca
conjunto macaco-bomba- (205 tf). Em cada estágio manteve-
manômetro previamente calibrado. se a carga aplicada por 10 minutos
com leituras de deslocamentos e
deformações imediatamente após a
aplicação da carga e transcorridos
os 10 minutos.

As leituras das deformações


específicas foram efetuadas através
de uma caixa seletora e um
indicador digital (figuras 19 e 20).

As estacas de reação B e D
foram monitoradas com nível
Figura 17 - Defletômetros instalados topográfico com precisão de 0,01
no topo da estaca. mm.

C.C

ESTACA
ENSAIADA

Figura 19 –Caixa seletora para


leituras dos “Strain Gages”.
A

VIGA METÁLICA
PERFIL DUPLO W 610 X 155

VIGA METÁLICA
DUPLO W 610X174
CALÇO
MACACO
HIDRÁULICO
EXTENSÔ-
METRO
VIGA DE NÍVEL DO
REFERÊNCIA TERRENO

ESTACA DE ESTACA ESTACA DE


REAÇÃO ENSAIADA REAÇÃO

Figura 18 – Esquema do sistema de Figura 20 – Detalhe do painel


reação. digital
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Na figura 21 está apresentada a


A prova de carga foi interrompida curva carga x recalque no topo da
no 16º estágio. Ao se aplicar a estaca. Com as deformações
carga de 349 tf observou-se obtidas pelos strain gages foi
grandes deslocamentos na estaca, possível traçar as curvas cargas
indicando a ruptura geotecnica. aplicadas x tensão atuante no aço
Procedeu-se então ao (fig. 22) e o diagrama de
descarregamento, efetuado em 7 transferência de carga atuantes nos
etapas. vários estágios de carregamentos
(fig.23).

Prova de Carga - Carregamento Rápido


Local: - Santos - S.P.
Data: 08/12/2006

CARGA (tf)
0 50 100 150 200 250 300 350
-10

-5

10

15
RECALQUE (mm)

20

25

30

35

40

45

50

55

60

Figura 21 – Curva carga x recalque


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Prova de Carga - Tensões Calculadas no Aço


Obra/Local: Santos - S.P.
Data: 08/12/2006
3
2,8 349; 2,82

328; 2,65
2,6
308; 2,49
2,4
287; 2,32
2,2 267; 2,16

2 246; 1,99
1,81
Tensão ( tf/cm2 )

1,8 226; 1,83 1,71 1,82


1,75 1,75
205; 1,66 1,63
1,6
185; 1,50 1,48
1,4 1,25
164; 1,33 1,32 1,21 1,29 1,32
1,24
1,2 144; 1,17 1,19
1,07 1,1
1 123; 1,00
0,94
0,9 0,93
0,8 103; 0,83 0,8 0,78
82; 0,66 0,69
0,68 0,67
0,6 0,56
62; 0,50 0,5 0,46
0,4 0,4
0,35
41; 0,33 0,32
0,3 0,26 0,13 0,17
0,2 0,2 0,1 0,21
0,16 0,05 0,06 0,07
0,1 0,11
0,1 0,03 0,04
0,03 0,06 0,02
0 0
0,00 0,01
0 0 0,01 0,01
0 50 100 150 200 250 300 350
Carga ( tf )
48,0 m 34,0 m 20,5 m Tensão Cabeça Estaca

Figura 22 – Gráfico carga aplicada x tensão no aço durante o


carregamento
DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS x PROFUNDIDADE

0 50 100 150 200 250 300 350


0

-5

-10
PROFUNDIDADE (m)

-15

-20

-25

-30

-35

-40

-45

-50
CARGA (tf)

82 tf 164 tf 267 tf 349 tf(ruptura) Desc.

Figura 23 – Diagrama de transferência de carga


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6. ANÁLISE DOS RESULTADOS As cargas obtidas através das


medidas de deformações dos “strain
gages” (figura 24) mostram que o
A estaca apresentou um recalque total desenvolvimento do atrito lateral
de 54,58mm, sendo 22,39mm de acumulado é inferior ao previsto pelos
recalque permanente. métodos semi-empíricos.

ATRITO LATERAL ACUMULADO (tf)


As curvas indicadas na figura 23 são
meramente ilustrativas, pois não indicam CARGA (tf)
a real distribuição de cargas entre os 0 100 200 300 400 500 600
Strain Gages, uma vez que entre eles
tem-se camadas de materiais distintos. 266
Observa-se ainda nesta figura que para -20,5
245
342
a carga de ruptura da estaca (349 tf), a
130
carga atuante no 3º nível de Strain

PROFUNDIDADE (m)
gages, situado a 1,0m na ponta, era de
291
19,0 tf correspondente a 5,5% da carga 301
aplicada no topo. -34,0
396
Estimando-se o valor de atrito lateral 196,7
desenvolvido neste último metro pelo
método de Decourt Quaresma, tem-se a 363
carga acumulada de 10 tf. Desta forma a 390
-48,0
508
carga atuante na ponta seria de 9 tf, 329,9
desconsiderando-se cargas residuais
geradas pelos efeitos de cravação. Logo Aoki Decourt P.P. Veloso Prova de carga
a tensão de ruptura no solo sob a ponta Figura 24 – Comparação entre cargas
da estaca seria de 9,0 kg/cm² se previstas e cargas medidas
considerarmos a área circunscrita da
ponta estaca. Analisando-se os resultados desta e
de mais 5 outras provas de carga
Na tabela 3 apresenta-se a estimativa estáticas indicadas na tabela 4, pode-se
da carga de ruptura pelos metódos de chegar a um método expedito para a
Aoki-Veloso, Decourt-Quaresma e Pedro estimativa da carga de ruptura de
Paulo Veloso, considerando-se a área estacas metálicas em Santos.
circunscrista e o perímetro colado.

Tabela 3
QUARESMA
DECOURT
VELOSO

VELOSO
PEDRO
PAULO
AOKI

(tf)

(tf)

(tf)

PL 363 390 508


PP 38 52 61
PR 401 442 569
Obs.: valores de PR sem coeficientes de
segurança.
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Tabela 4 – Provas de carga estáticas realizadas em Santos


CIDADE SANTOS SANTOS SANTOS SANTOS SANTOS
ESTADO SP SP SP SP SP
OBRA B P L EC ES
DATA dez/05 mai/06 jul/06 set/06 1/9/2006
HP 310X125 (12,0m) HP 310X110 (9,7) W 310X107 (11,1) HP 250X 89 (4,85) HP 310X110 (12,0)
HP 310X110 (12,0m) HP 310X 93 (12,0) W 310X 97 (12,0) HP 310X 80 (12,0) HP 310X 93 (12,0)
COMPOSIÇÃO DOS PERFIS HP 310X 93 (12,0m) HP 310X 79 (12,0) HP310X 93 (12,0) HP 310X 73 (12,0) HP 310X 79 (12,0)
HP 310X 79 (12,0m) HP 310X 79 (12,0) HP310X 79 (12,0) HP 310X 62 (12,0) HP 310X 79 (12,0)
------ ------ ------ ------ HP 310X 79 (12,0)
COMPRIMENTO CRAVADO 46,0 45,7 47,1 40,85 52,00
NEGA (mm) SEM INFORMAÇÕES 5 74 2 SEM INFORMAÇÕES
REPIQUE (mm) SEM INFORMAÇÕES 11 18 SEM INFORMAÇÕES SEM INFORMAÇÕES
SOLO PONTA SOLO RESIDUAL ARGILA MARINHA TRANSIÇÃO ARGILA / AREIA SOLO RESIDUAL SOLO RESIDUAL
CARGA TRABALHO (tf) 240 227 218 180 214
CARGA RUPTURA (tf) 386 380 355 325 384
FATOR DE SEGURAÇA 1,6 1,7 1,6 1,8 1,8
CARGAS DE RUPTURA PREVISTAS (tf)
AOKI 350 237 285 87 410
DECOURT 379 299 329 147 435
P.P.VELOSO 462 334 398 155 585
MÉTODO PROPOSTO 305 238 274 305 467
VAN DER WEEN 424 434 431 471 430

a) Carga de Ruptura total (PR)

PR = PP + PL (1) fs = 0,21 × N [tf/m²] (3)

fs.....adesão média
b) Cálculo da capacidade de carga por
atrito lateral (PL): N ...... média dos N SPT´s das camadas
de areia
PL = U × ∑ (L × fs ) (2)
c) Cálculo da capacidade de carga na
ponta da estaca (PP):
fs.....adesão (tabela 5) [tf/m²]
U......Perímetro colado da estaca [m] PP = Acirc × k (4)
L.......Espessura da camada [m]
Acirc... área circunscrita à ponta da
estaca [m²]
Tabela 5 -Valores de fs utilizados para as k...... varia em função do SPT médio do
argilas. solo, conforme a tabela 6

Camada SPT médio fs N ....média dos N SPT´s na ponta e


N [tf/m²] 1,0m abaixo.
Argila marinha N < 2,0 2,0
Argila marinha 2<N < 4 3,0 Tabela 6 -Valores de K
(tipo “SFL”)
Argila marinha 6,0 SPT médio K [tf/m²]
4< N < 6
(tipo “AT”) N
Os valores de fs sugeridos foram 10 < N < 30 200 a 400
baseados na retroanálise efetuada com N > 40 1000 a 4000
os resultados deste ensaio e também nos
valores sugeridos por Massad e Teixiera
(1988, 1990, 2003).

Para as areias recomenda-se que o


valor de fs seja obtido da seguinte forma:
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Desenvolvimento do atrito lateral x Profundidade

0 0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500
-5
AREIA SPT MÉDIO = 15,1
-10
ARGILA
MARINHA
-15
PROFUNDIDADE (m)

SPT MÉDIO = 2,0


AREIA SPT MÉDIO = 38,2
-20 130

-25 ARGILA
MARINHA
SPT MÉDIO = 3,8
-30

AREIA SPTM = 5,5


-35
196,7
-40 ARGILA MARINHA
SPT MÉDIO = 5,5

-45
AREIA SPT MÉDIO = 15,7
329,9
-50
Carga - Atrito lateral (kN)
Cargas medidas (tf) Aoki - Veloso Decourt-Quaresma P. PauloVeloso Método proposto

Figura 25 – Desenvolvimento do atrito lateral x profundidade

7. CONCLUSÕES
O método para cálculo de capacidade
Pela figura 25, observa-se grande de carga proposto pelos autores foi
divergência na previsão da capacidade desenvolvido com base nas
de carga pelos métodos mais usuais. características geotécnicas e critérios de
Constata-se que a camada de argila cravação aqui apresentados, servindo
existente entre 36,3 e 46,90m, cujo SPT apenas como uma referência inicial.
médio é de 5,5 golpes, apresenta Quando utilizado deverá ser aferido com
capacidade de carga muito superior as mais provas de carga estáticas, se
demais, sendo considerada sobre- possível, instrumentadas.
adensada. Tal fato está ligado a história
geológica da formação dos sedimentos, Os tradicionais métodos de controle de
conforme apresentado por Massad cravação não se mostraram eficientes
(1990). Sendo assim a capacidade de para o controle da cravação. A nega
carga de uma estaca instalada nestas obtida foi relativamente alta (69mm). No
argilas poderá ser subestimada quando entanto os resultados da prova de carga
calculada somente com base nos SPT. mostram que o coeficiente de segurança
obtido na prova de carga foi de 1,7,
Desta forma os métodos semi- plenamente satisfatório e bastante
empíricos mais consagrados no meio próximo do coeficiente de 1,6 previsto em
técnico necessitam de ajustes para projeto.
aplicação em estacas metálicas
profundas instaladas nos Sedimentos Para a utilização da solução em
Quaternários da Baixada Santista. obras com características semelhantes à
14/15

apresentada, os autores recomendam


que:

a) deverá ser realizada uma investigação


geotécnica confiável p/ uma boa
caracterização do subsolo. Nos locais
onde o subsolo apresenta características
heterogêneas, torna-se difícil estabelecer
critérios executivos para a composição
das estacas.

b) a composição das estacas deverá


respeitar a semelhança geométrica dos
perfis de modo que o perímetro colado
das estacas, apresente reduções
insignificantes, tendo em vista que a
maior parcela de carga de trabalho é
obtida pelo atrito lateral. Além disto é
fundamental que os perfis sejam da
mesma série de fabricação para que não
comprometam a qualidade e o
procedimento executivo das soldas.
15/15

Massad, F. “ Características Geotécnicas dos


Agradecimentos solos da Baixada Santista, com ênfase na
Cidade de Santos. Workshop – Passado,
Os autores agradecem a Construtora Confel , Presente e Futuro dos Edifícios da Orla
Gerdau Açominas, a Bureau de Projetos e a Marítima de Santos , 2003.
Fundamenta pela parceria no trabzalho
realizado.
Norma Técnica NBR 6122

Rocha, Luciana Martinez Borba; Falconi


8.REFERÊNCIAS Frederico; Correa, Celso Nogueira outros-
Fundação em Estacas Metálicas com Seção
Variável – Avaliação do Desempenho- XIII-
ABMS, 1983. Encontro Técnico: Capacidade de COBRAMSEG, 2006.
Carga de Estacas Pré-Moldadas.

Teixeira, Alberto Henriques “Capacidade de


ABMS, ABEF, (2º ed.)1998. Fundações: Teoria Carga de Estacas Pré-moldadas de Concreto nos
e Prática. São Paulo: PINI. Sedimentos Quaternários da Baixada Santista. “
Simpósio sobre Depósitos Quaternários das
Baixadas Litorâneas Brasileiras: Origem,
Açominas. Catálogos de Perfis. Características Geotécnicas e Experiências de
Obras, Anais, Vol. II, , Rio De Janeiro, Agosto
1988, pág. 5.1 – 5.25.
Gusmão A.D.; Gusmão Filho J.A; Maia G.B.-
Otimização de Fundações com Estacas de Perfis
Laminados, - XIII-COBRAMSEG, 2006. Schenck, W. – Cálculo de Capacidade de carga
de estacas por meio de fórmulas estáticas, “
Grundbau – Taschenbuch, 1966.
Falconi, F.F. e Perez W.; Estacas metálicas com
seção variável ao longo da Profundidade. IX
Seminário de de Engenharia Geotécnica do Rio
Grande do Sul, 2007.

Massad, F. História geológica e propriedades


dos solos das baixadas – Comparação entre
diferentes locais da Costa Brasileira. “ Simpósio
sobre Depósitos Quaternários das Baixadas
Litorâneas Brasileiras: Origem, Características
Geotécnicas e Experiências de Obras, Anais,
Vol. II, Rio de Janeiro, Agosto 1988;

Massad, F. “ O Atrito Lateral em Estacas


Flutuantes nos Sedimentos Quaternários da
Baixada Santista. IX Congresso Brasileiro de
Mecânica dos Solos e Fundações, 1990-,
Salvador Bahia, anais, vol.2, , pág. 421-428

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