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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

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Há 17 anos, o Curso BR é referência nacional


na preparação para Concursos Públicos e
Exames da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Pensando na praticidade e acessibilidade de uma


nova ferramenta de ensino, o Curso BR oferece um novo
material em formato Digital.

Aproveite a praticidade do material digital e


estude onde e quando quiser.

“Muito obrigado pela preferência e bons estudos.”

Sua aprovação começa agora!

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prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados:
eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros.

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200 Questões Objetivas


de Língua Portuguesa

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Questão 1: CESGRANRIO - BB/2015


Cartilha orienta consumidor

Lançada pelo SindilojasRio e pelo CDL-Rio,


em parceria com o Procon-RJ, guia destaca os principais
pontos do Código de Defesa do Consumidor (CDC),
selecionados a partir das dúvidas e reclamações mais
comuns recebidas pelas duas entidades

O Sindicato de Lojistas do Comércio do Rio de Janeiro (SindilojasRio) e o


Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDL-Rio) lançaram ontem uma
cartilha para orientar lojistas e consumidores sobre seus direitos e deveres.
Com o objetivo de dar mais transparência e melhorar as relações de
consumo, a cartilha tem apoio também da Secretaria Estadual de Proteção e
Defesa do Consumidor (Seprocon)/ Procon-RJ.

Batizada de Boas Vendas, Boas Compras! – Guia prático de direitos e deveres


para lojistas e consumidores, a publicação destaca os principais pontos do
Código de Defesa do Consumidor (CDC), selecionados a partir das dúvidas e
reclamações mais comuns recebidas, tanto pelo SindilojasRio e CDL-Rio,
como pelo Procon-RJ.

“A partir da conscientização de consumidores e lojistas sobre seus direitos e


deveres, queremos contribuir para o crescimento sustentável das empresas,
tendo como base a ética, a qualidade dos produtos e a boa prestação de
serviços ao consumidor”, explicou o presidente do SindilojasRio e do CDL-
Rio, Aldo Gonçalves.

Gonçalves destacou que as duas entidades estão comprometidas em


promover mudanças que propiciem o avanço das relações de consumo, além
do desenvolvimento do varejo carioca.

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“O consumidor é o nosso foco. É importante informá-lo dos seus direitos”,


disse o empresário, ressaltando que conhecer bem o CDC é vital não só para
os lojistas, mas também para seus fornecedores.

Jornal do Commercio. Rio de Janeiro. 08 abr. 2014, A-9. Adaptado.

No seguinte período, a palavra em destaque está grafada de acordo com a


ortografia oficial:
a) O sindicato se preocupa com o aspécto educativo da cartilha.

b) Várias entidades mantêm convênio conosco.

c) O consumidor tem de ser consciênte de seu papel de cidadão.

d) O substântivo que traduz essa cartilha é “seriedade”.

e) No rítmo em que a sociedade caminha, em breve exerceremos plena


cidadania.

Questão 2: VUNESP - PC CE/2015


Leia a tira para responder à questão.

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(http://blogdoxandro.blogspot.com.br. Acesso em 20.05.2014. Adaptado)

No trecho – O mundo seria bem melhor se elas parassem de pensar nelas


mesmas ... –, a forma verbal destacada indica um fato incerto, em que há
apenas a possibilidade de que se realize, como ocorre com a expressão
verbal destacada em:
a) ... tornando-se assim instituições que se destacam também no ensino.

b) Daí não decorre que só quem pesquisa, atividade estupidamente


cara, seja capaz de ensinar.

c) O Ranking Universitário mostra essa correlação de forma cristalina...

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d) É claro que universidades que fazem pesquisa tendem a reunir a nata dos
especialistas...

e) Não é preciso ser um gênio da aritmética para perceber que o país não
dispõe de recursos...

Questão 3: FCC - TCM-GO/2015


Prazer sem humilhação

O poeta Ferreira Gullar disse há tempos uma frase que gosta de repetir: “A
crase não existe para humilhar ninguém”. Entenda-se: há normas gramaticais
cuja razão de ser é emprestar clareza ao discurso escrito, valendo como
ferramentas úteis e não como instrumentos de tortura ou depreciação de
alguém.

Acho que o sentido dessa frase pode ampliar-se: “A arte não existe para
humilhar ninguém”, entendendo-se com isso que os artistas existem para
estimular e desenvolver nossa sensibilidade e inteligência do mundo, e não
para produzir obras que separem e hierarquizem as pessoas. Para ficarmos
no terreno da música: penso que todos devem escolher ouvir o que gostam,
não aquilo que alguém determina. Mas há aqui um ponto crucial, que vale a
pena discutir: estamos mesmo em condições de escolher livremente as
músicas de que gostamos?

Para haver escolha real, é preciso haver opções reais. Cada vez que um carro
passa com o som altíssimo de graves repetidos praticamente sem variação,
num ritmo mecânico e hipnótico, é o caso de se perguntar: houve aí uma
escolha? Quem alardeia os infernais decibéis de seu som motorizado pela
cidade teve a chance de ouvir muitos outros gêneros musicais? Conhece
muitos outros ritmos, as canções de outros países, os compositores de outras
épocas, as tendências da música brasileira, os incontáveis estilos musicais já
inventados e frequentados? Ou se limita a comprar no mercado o que está
vendendo na prateleira dos sucessos, alimentando o círculo vicioso e
enganoso do “vende porque é bom, é bom porque vende”?

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Não digo que A é melhor que B, ou que X é superior a todas as letras do


alfabeto; digo que é importante buscar conhecer todas as letras para
escolher. Nada contra quem escolhe um “batidão” se já ouviu música clássica,
desde que tenha tido realmente a oportunidade de ouvir e escolher
compositores clássicos que lhe digam algo. Não acho que é preciso escolher,
por exemplo, entre os grandes Pixinguinha e Bach, entre Tom Jobim e
Beethoven, entre um forró e a música eletrônica das baladas, entre a música
dançante e a que convida a uma audição mais serena; acho apenas que
temos o direito de ouvir tudo isso antes de escolher. A boa música, a boa
arte, esteja onde estiver, também não existe para humilhar ninguém.

(João Cláudio Figueira, inédito)

Em qualquer época, ...... que se ...... ao grande público o melhor que os


artistas ...... .

Haverá plena correlação entre tempos e modos verbais na frase acima


preenchendo-se as lacunas, respectivamente, com
a) será preciso - oferecesse - produziriam

b) é preciso - oferecesse - produzissem

c) seria preciso - ofereça - têm produzido

d) é preciso - ofereça - produzam

e) era preciso - oferecia - produzem

Questão 4: CESPE - MPU/2015


A persecução penal se desenvolve em duas fases: uma fase administrativa,
de inquérito policial, e uma fase jurisdicional, de ação penal. Assim, nada

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mais é o inquérito policial que um procedimento administrativo destinado a


reunir elementos necessários à apuração da prática de uma infração penal e
de sua autoria. Em outras palavras, o inquérito policial é um procedimento
policial que tem por finalidade construir um lastro probatório mínimo,
ensejando justa causa para que o titular da ação penal possa formar seu
convencimento, a opinio delicti, e, assim, instaurar a ação penal cabível.
Nessa linha, percebe-se que o destinatário imediato do inquérito policial é o
Ministério Público, nos casos de ação penal pública, e o ofendido, nos casos
de ação penal privada.

De acordo com o conceito ora apresentado, para que o titular da ação penal
possa, enfim, ajuizá-la, é necessário que haja justa causa. A justa causa,
identificada por parte da doutrina como uma condição da ação autônoma,
consiste na obrigatoriedade de que existam prova acerca da materialidade
delitiva e, ao menos, indícios de autoria, de modo a existir fundada suspeita
acerca da prática de um fato de natureza penal. Dessa forma, é
imprescindível que haja provas acerca da possível existência de um fato
criminoso e indicações razoáveis do sujeito que tenha sido o autor desse
fato.

Evidencia-se, portanto, que é justamente na fase do inquérito policial que


serão coletadas as informações e as provas que irão formar o convencimento
do titular da ação penal, isto é, a opinio delicti. É com base nos elementos
apurados no inquérito que o promotor de justiça, convencido da existência
de justa causa para a ação penal, oferece a denúncia, encerrando a fase
administrativa da persecução penal.

Hálinna Regina de Lira Rolim. A possibilidade de investigação do Ministério


Público na fase pré-processual penal. Artigo científico. Rio de Janeiro: Escola
de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, 2010, p. 4. Internet :
<www.emerj.tjrj.jus.br>. (com adaptações).

Julgue o item que se segue, a respeito das estruturas linguísticas do texto.

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A correção gramatical e a coerência do texto seriam preservadas, caso as


formas verbais “possa formar” e “instaurar” fossem substituídas,
respectivamente, por forme e instaure.
Certo

Errado

Questão 5: FCC - CNMP/2015


Atenção: Para responder à questão considere o texto abaixo.

Falsificações na internet

Quem frequenta páginas da internet, sobretudo nas redes sociais, volta e


meia se depara com textos atribuídos a grandes escritores. Qualquer leitor
dos mestres da literatura logo perceberá a fraude: a citação está longe de
honrar a alegada autoria. Drummond, Clarice Lispector, Guimarães Rosa e
Fernando Pessoa, por exemplo, jamais escreveriam banalidades recheadas
de lugares comuns, em linguagem capenga e estilo indefinido. Mas fica a
pergunta: o que motiva essas falsificações grosseiras de artistas da palavra e
da imaginação?

São muitas as justificativas prováveis. Atrás de todas está a vaidade simplória


de quem gostaria de ser tomado por um grande escritor e usa o nome deste
para promover um texto tolo, ingênuo, piegas, carregado de chavões. Os
leitores incautos mordem a isca e parabenizam o fraudulento, expandindo a
falsificação e o mau gosto. Mas há também o ressentimento malicioso de
quem conhece seus bem estreitos limites literários e, não se conformando
com eles, dispõe-se a iludir o público com a assinatura falsa, esperando ser
confundido com o grande escritor. Como há de fato quem confunda a
gritante aberração com a alta criação, o falsário dá-se por recompensado
enquanto recebe os parabéns de quem o “curtiu”.

Tais casos são lamentáveis por todas as razões, e constituem transgressões

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éticas, morais, estéticas e legais. Mas fiquemos apenas com a grave questão
da identidade própria que foi rejeitada em nome de outra, inteiramente
postiça. Enganarse a si mesmo, quando não se trata de uma psicopatia grave,
é uma forma dolorosa de trair a consciência de si. Os grandes atores,
apoiando-se no talento que lhes é próprio, enobrecem esse desejo tão
humano de desdobramento da personalidade e o legitimam artisticamente
no palco ou nas telas; os escritores criam personagens com luz própria, que
se tornam por vezes mais famosos que seus criadores (caso de Cervantes e
seu Dom Quixote, por exemplo); mas os falsários da internet, ao não
assinarem seu texto medíocre, querem que o tomemos como um grande
momento de Shakespeare. Provavelmente jamais leram Shakespeare ou
qualquer outro gênio citado: conhecem apenas a fama do nome, e a usam
como moeda corrente no mercado virtual da fama.

Tais fraudes devem deixar um gosto amargo em quem as pratica, sobretudo


quando ganham o ingênuo acolhimento de quem, enganado, as aplaude. É
próprio dos vícios misturar prazer e corrosão em quem os sustenta. Disfarçar
a mediocridade pessoal envergando a máscara de um autêntico criador só
pode aprofundar a rejeição da identidade própria. É um passo certo para
alargar os ressentimentos e a infelicidade de quem não se aceita e não se
estima.

(Terêncio Cristobal, inédito)

Considere as seguintes afirmações sobre aspectos da construção do texto:

I. Na frase É próprio dos vícios misturar prazer e corrosão em quem os


sustenta, o pronome os refere-se aos nomes prazer e corrosão.

II. Atentando para a regência verbal, o segmento Os grandes atores,


apoiando-se no talento que lhes é próprio permanecerá correto caso se
substitua apoiando-se no por valendo-se do ou contando com o.

III. Ao observar que ninguém deve enganar-se a si mesmo, o autor


poderia ter optado pela forma do imperativo e nos lançar a seguinte

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frase, de modo correto e solene: “Não deveis enganar-se a vós mesmos”.

Está correto o que se afirma em


a) I, II e III.

b) I e II, apenas.

c) I e III, apenas.

d) II, apenas.

e) III, apenas.

Questão 6: FCC - CNMP/2015


Atenção: Para responder à questão, considere o trecho de Machado de Assis,
constante da série "A Semana", crônica publicada no dia 23 de outubro de
1892, na Gazeta de Notícias, jornal que circulou na segunda metade do
século XIX, no Rio de Janeiro.

Todas as cousas têm sua filosofia. Se os dous anciãos que o bond elétrico
atirou para a eternidade esta semana, houvessem já feito por si mesmos o
que lhes fez o bond, não teriam entestado com o progresso que os eliminou.
É duro dizer; duro e ingênuo, um pouco à La Palisse; mas é verdade. Quando
um grande poeta deste século perdeu a filha, confessou, em versos
doloridos, que a criação era uma roda que não podia andar sem esmagar
alguém. Por que negaremos a mesma fatalidade aos nossos pobres veículos?

Há terras onde as companhias indenizam as vítimas dos desastres


(ferimentos ou mortes) com avultadas quantias, tudo ordenado por lei. É
justo; mas essas terras não têm, e deveriam ter, outra lei que obrigasse os
feridos e as famílias dos mortos a indenizarem as companhias pela
perturbação que os desastres trazem ao horário do serviço. Seria um
equilíbrio de direitos e responsabilidades. Felizmente, como não temos a
primeira lei, não precisamos da segunda, e vamos morrendo com a única

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despesa do enterro e o único lucro das orações.

Obs.: Jacques de la Palice (ou de la Palisse): nobre e militar francês (1470-


1525); à La Palisse: à moda de truísmo. (COUTINHO, Afrânio. Obra completa.
org. v. III. Rio de Janeiro: Nova Aguilar S.A, 1997, p. 553)

Afirma-se com correção:


a) Transpondo o discurso direto presente no texto para o indireto, e
observando-se o contexto, uma formulação apropriada e condizente com a
norma-padrão seria "O cronista indaga porque negaremos a mesma
fatalidade aos nossos pobres veí culos".

b) Na frase Se os dous anciãos que o bond elétrico atirou para a eternidade


esta semana, houvessem já feito por si mesmos o que lhes fez o bond, não
teriam entestado com o progresso que os eliminou, a vírgula após a palavra
semana quebra a unidade sintático-semântica do segmento.

c) Em Se os dous anciãos [...] houvessem já feito por si mesmos o


que lhes fez o bond, o emprego do pronome destacado é motivado pelo
mesmo fator que se nota em "Acato-lhes as críticas com humildade".

d) Em Se os dous anciãos [...] houvessem já feito por si mesmos o que lhes


fez o bond, o pretérito mais-que-perfeito do subjuntivo indica que a ação,
em sua eventualidade, seria simultânea à indicada pela forma verbal no
modo indicativo.

e) Em Se os dous anciãos [...] houvessem já feito por si mesmos o que lhes


fez o bond, o verbo "haver" está corretamente flexionado, o mesmo
ocorrendo com o verbo auxiliar presente em "Devem fazer uns dez dias que
ele esteve aqui".

Questão 7: VUNESP – CM Caieiras/2015


Cozinhar, uma antiga atividade humana

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Cozinhar é uma das mais antigas atividades humanas, surgida por volta de
sete mil anos atrás, quando o homem adquiriu meios seguros de obter e
dominar o fogo.

Ao escolher a profissão de cozinheiro, é preciso saber que é uma carreira


para a qual é preciso muito esforço, dedicação, aprendizagem, treino e,
sobretudo, gostar do que se faz. Além disso, é preciso ser criativo, ter espírito
de liderança, organização e capacidade de ensinar.

Ao longo das últimas décadas, o cenário gastronômico no Brasil se


transformou completamente. A mudança que serviu de mola propulsora foi
a profissionalização do setor. Começou, timidamente, com a chegada de
“chefs” estrangeiros, no começo dos anos 80, fortaleceu-se com a abertura
das importações no começo dos anos 90 e consolidou-se com a fundação da
ABAGA (Associação Brasileira da Alta Gastronomia), em 1995, cujo empenho,
desde o início, voltou-se para a formação e a valorização do profissional da
cozinha.

(http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/maio/dia-do-cozinheiro.php.
24.11.2014. Adaptado)

Assinale a alternativa em que a palavra destacada apresenta sentido de


tempo.
a) … fortaleceu-se com a abertura das importações…

b) … ao escolher a profissão de cozinheiro…

c) … é uma carreira para a qual é preciso muito esforço…

d) … surgida por volta de sete mil anos atrás…

e) … ter espírito de liderança…

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Questão 8: VUNESP - CM Caieiras/2015


Cozinhar, uma antiga atividade humana

Cozinhar é uma das mais antigas atividades humanas, surgida por volta de
sete mil anos atrás, quando o homem adquiriu meios seguros de obter e
dominar o fogo.

Ao escolher a profissão de cozinheiro, é preciso saber que é uma carreira


para a qual é preciso muito esforço, dedicação, aprendizagem, treino e,
sobretudo, gostar do que se faz. Além disso, é preciso ser criativo, ter espírito
de liderança, organização e capacidade de ensinar.

Ao longo das últimas décadas, o cenário gastronômico no Brasil se


transformou completamente. A mudança que serviu de mola propulsora foi
a profissionalização do setor. Começou, timidamente, com a chegada de
“chefs” estrangeiros, no começo dos anos 80, fortaleceu-se com a abertura
das importações no começo dos anos 90 e consolidou-se com a fundação da
ABAGA (Associação Brasileira da Alta Gastronomia), em 1995, cujo empenho,
desde o início, voltou-se para a formação e a valorização do profissional da
cozinha.

(http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/maio/dia-do-cozinheiro.php.
24.11.2014. Adaptado)

Assinale a alternativa em que a forma verbal destacada está no tempo


presente.
a) … o homem adquiriu meios seguros de obter e dominar o fogo.

b) A profissão de cozinheiro ainda será muito valorizada.

c) … cada um tem o seu papel e sua importância…

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d) A mudança que serviu de mola propulsora…

e) … o cenário gastronômico no Brasil se transformou…

Questão 9: VUNESP - CM Caieiras/2015


Mulher ao volante

“Quando não venho de blusa rosa, os passageiros notam e reclamam”, disse


orgulhosa Marta Ribeiro dos Passos, 34, exibindo as unhas da mesma cor, às
5h41, no terminal Vila Mariana.

Quarenta minutos antes, ela afivelou o cinto de segurança, também rosa,


engatou a primeira marcha no câmbio decorado e seguiu viagem ao volante
do ônibus que sai da Lapa. Uma cortina de borboleta deixava a cabine ainda
mais personalizada.

A cor rosa é sua “marca registrada”, como define, e o percurso, seu favorito.
“Amo meus passageiros. São sempre as mesmas pessoas, nos mesmos
pontos”, diz ela, que troca cumprimentos com os mais chegados.

Motorista de ônibus há sete anos, Marta concluiu que as mulheres na direção


são uma segurança para a população. Por dois motivos: dirigem com uma
“perfeição maior” e pilotam por gosto, não por obrigação. “Não me vejo
fazendo outra coisa”, diz.

Quando não está no trabalho, Marta acelera na sua moto 125 cilindradas,
uma potência módica que ela pretende em breve dobrar. “Descarrego toda a
minha adrenalina nela.”

Ao cruzar a avenida Paulista, ela comenta: “Aqui a gente vê de tudo. Sou toda
rosa, mas adoro esse pessoal que anda de preto. Acho interessantes essas

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várias tribos. Não quero ser a melhor. Só quero fazer a diferença”, completa.

(André Lobato. Revista São Paulo, 15 a 20/05/2011. Adaptado)

Considere os trechos do texto:

Uma cortina de borboleta deixava a cabine ainda mais personalizada.


(2o parágrafo)

“São sempre as mesmas pessoas, nos mesmos pontos”, diz ela, que troca
cumprimentos com os mais chegados. (3o parágrafo)

Os termos destacados são advérbios de


a) intensidade, pois enfatizam a ideia expressa pelos termos a que estão
associados.

b) intensidade, pois caracterizam a entrevistada como uma mulher ousada.

c) afirmação, pois garantem a clareza e a objetividade das informações


presentes no texto.

d) modo, pois ressaltam a seriedade com que Marta executa seu trabalho.

e) modo, pois revelam que a motorista, às vezes, age com displicência.

Questão 10: VUNESP - CM Caieiras/2015


A frase cujas formas verbais estão em conformidade com a norma-padrão da
língua portuguesa é:
a) Os candidatos que se comprometiveram com a pesquisa, de um modo
geral, não eram nem sortudos nem azarados.

b) A quantidade das fotos que comporam o experimento não se mostrou


tão relevante para o resultado do estudo.

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c) Alguns candidatos não se ateram ao número das fotos que estava


grafado em uma das páginas do jornal.

d) Muitos voluntários se dispuseram a participar da pesquisa, empenhando-


se em cumprir suas tarefas.

e) Vários participantes se manteram concentrados nas fotos do jornal,


ignorando um dado importante.

GABARITO
1) B 2) B 3) D 4) Certo 5) D 6) B 7) D8) C 9) A 10) D

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Questão 11: FCC - TRE RR/2015


Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

Escola de bem-te-vis

Muita gente já não acredita que existam pássaros, a não ser em gravuras ou
empalhados nos museus − o que é perfeitamente natural, dado o novo
aspecto da terra, que, em lugar de árvores, produz com mais abundância
blocos de cimento armado. Mas ainda há pássaros, sim. Existem tantos, ao
redor da minha casa, que até agora não tive (nem creio que venha a ter)
tempo de saber seus nomes, conhecer suas cores, entender sua linguagem.
Porque evidentemente os pássaros falam. Há muitos, muitos anos, no meu
primeiro livro de inglês, se lia: “Dizem que o sultão Mamude entendia a
linguagem dos pássaros ...”

Quando ouço um gorjeio nestas mangueiras e ciprestes, logo penso no


sultão e nessa linguagem que ele entendia. Fico atenta, mas não consigo
traduzir nada. No entanto, bem sei que os pássaros estão conversando.

O papagaio e a arara, esses aprendem o que lhes ensinam, e falam como


doutores. E há o bem-te-vi, que fala português de nascença, mas
infelizmente só diz o próprio nome, decerto sem saber que assim se chama.
[...]

Os pais e professores desses passarinhos devem ensinar-lhes muitas coisas: a


discernir um homem de uma sombra, as sementes e frutas, os pássaros
amigos e inimigos, os gatos − ah! principalmente os gatos ... Mas essa
instrução parece que é toda prática e silenciosa, quase sigilosa: uma espécie
de iniciação. Quanto a ensino oral, parece que é mesmo só: “Bem-te-vi! Bem-
te-vi!”, que uns dizem com voz rouca, outros com voz suave, e os garotinhos
ainda meio hesitantes, sem fôlego para as três sílabas.

(MEIRELES, Cecília. O que se diz e o que se entende. Rio de Janeiro: Nova


Fronteira, 1980, p. 95-96)

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(nem creio que venha a ter)

O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo em que se encontra o


sublinhado acima está em:
a) ... que existam pássaros ...

b) ... que ele entendia ...

c) ... o que lhes ensinam ...

d) ... que assim se chama.

e) ... que uns dizem com voz rouca ...

Questão 12: CESGRANRIO - BB/2015


Cartilha orienta consumidor

Lançada pelo SindilojasRio e pelo CDL-Rio,


em parceria com o Procon-RJ, guia destaca os principais
pontos do Código de Defesa do Consumidor (CDC),
selecionados a partir das dúvidas e reclamações mais
comuns recebidas pelas duas entidades

O Sindicato de Lojistas do Comércio do Rio de Janeiro (SindilojasRio) e o


Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDL-Rio) lançaram ontem uma
cartilha para orientar lojistas e consumidores sobre seus direitos e deveres.
Com o objetivo de dar mais transparência e melhorar as relações de
consumo, a cartilha tem apoio também da Secretaria Estadual de Proteção e
Defesa do Consumidor (Seprocon)/ Procon-RJ.

Batizada de Boas Vendas, Boas Compras! – Guia prático de direitos e deveres


para lojistas e consumidores, a publicação destaca os principais pontos do

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Código de Defesa do Consumidor (CDC), selecionados a partir das dúvidas e


reclamações mais comuns recebidas, tanto pelo SindilojasRio e CDL-Rio,
como pelo Procon-RJ.

“A partir da conscientização de consumidores e lojistas sobre seus direitos e


deveres, queremos contribuir para o crescimento sustentável das empresas,
tendo como base a ética, a qualidade dos produtos e a boa prestação de
serviços ao consumidor”, explicou o presidente do SindilojasRio e do CDL-
Rio, Aldo Gonçalves.

Gonçalves destacou que as duas entidades estão comprometidas em


promover mudanças que propiciem o avanço das relações de consumo, além
do desenvolvimento do varejo carioca.

“O consumidor é o nosso foco. É importante informá-lo dos seus direitos”,


disse o empresário, ressaltando que conhecer bem o CDC é vital não só para
os lojistas, mas também para seus fornecedores.

Jornal do Commercio. Rio de Janeiro. 08 abr. 2014, A-9. Adaptado.

No trecho “Batizada de Boas Vendas, Boas Compras! - Guia prático de direitos


e deveres para lojistas e consumidores, a publicação destaca os principais
pontos do Código de Defesa do Consumidor (CDC)” , são palavras de classes
gramaticais diferentes
a) vendas e compras

b) prático e principais

c) publicação e pontos

d) direitos e lojistas

e) deveres e destaca

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Questão 13: FCC -CNMP/2015


Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

O sino d e ouro

[...] − mas me contaram em Goiás, nessa povoação de poucas almas, as casas


são pobres e os homens pobres, e muitos são parados e doentes e
indolentes, e mesmo a igreja é pequena, me contaram que ali tem − coisa
bela e espantosa − um grande sino de ouro.

Lembrança de antigo esplendor, gesto de gratidão, dádiva ao Senhor de um


grã-senhor − nem Chartres, nem Colônia, nem S. Pedro ou Ruão, nenhuma
catedral imensa com seus enormes carrilhões tem nada capaz de um som
tão lindo e puro como esse sino de ouro, de ouro catado e fundido na
própria terra goiana nos tempos de antigamente.

É apenas um sino, mas é de ouro. De tarde seu som vai voando em ondas
mansas sobre as matas e os cerrados, e as veredas de buritis, e a melancolia
do chapadão, e chega ao distante e deserto carrascal, e avança em ondas
mansas sobre os campos imensos, o som do sino de ouro. E a cada um
daqueles homens pobres ele dá cada dia sua ração de alegria. Eles sabem
que de todos os ruídos e sons que fogem do mundo em procura de Deus −
gemidos, gritos, blasfêmias, batuques, sinos, orações, e o murmúrio
temeroso e agônico das grandes cidades que esperam a explosão atômica e
no seu próprio ventre negro parecem conter o germe de todas as explosões
− eles sabem que Deus, com especial delícia e alegria, ouve o som alegre do
sino de ouro perdido no fundo do sertão. E então é como se cada homem, o
mais pobre, o mais doente e humilde, o mais mesquinho e triste, tivesse
dentro da alma um pequeno sino de ouro. [...]

Mas quem me contou foi um homem velho que esteve lá; contou dizendo:
“eles têm um sino de ouro e acham que vivem disso, não se importam com
mais nada, nem querem mais trabalhar; fazem apenas o essencial para
comer e continuar a viver, pois acham maravilhoso ter um sino de ouro”.

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

O homem velho me contou isso com espanto e desprezo. Mas eu contei a


uma criança e nos seus olhos se lia seu pensamento: que a coisa mais bonita
do mundo deve ser ouvir um sino de ouro. Com certeza é esta mesma a
opinião de Deus, pois ainda que Deus não exista ele só pode ter a mesma
opinião de uma criança. Pois cada um de nós quando criança tem dentro da
alma seu sino de ouro que depois, por nossa culpa e miséria e pecado e
corrução*, vai virando ferro e chumbo, vai virando pedra e terra, e lama e
podridão.

*corrução = corrupção (regionalismo)

(Adaptado de: BRAGA, Rubem. Os melhores contos de Rubem Braga. São


Paulo: Global, 1999, 10 ed. p. 131-132)

... que ali tem um grande sino de ouro


... eles têm um sino de ouro

O par que se caracteriza pelos mesmos tempo, modo e pessoas em que se


encontram os verbos sublinhados acima é:
a) se lia seu pensamento
se liam suas ideias

b) cada um deles fez apenas o essencial


fazem apenas o essencial

c) eles sabem que Deus ...


se eles soubessem que Deus ...

d) o lugarejo é pobre
as casas são pobres

e) O homem velho me contou isso


Os habitantes me contaram isso

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 14: CESGRANRIO - BB/2015


Cartilha orienta consumidor

Lançada pelo SindilojasRio e pelo CDL-Rio,


em parceria com o Procon-RJ, guia destaca os principais
pontos do Código de Defesa do Consumidor (CDC),
selecionados a partir das dúvidas e reclamações mais
comuns recebidas pelas duas entidades

O Sindicato de Lojistas do Comércio do Rio de Janeiro (SindilojasRio) e o


Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDL-Rio) lançaram ontem uma
cartilha para orientar lojistas e consumidores sobre seus direitos e deveres.
Com o objetivo de dar mais transparência e melhorar as relações de
consumo, a cartilha tem apoio também da Secretaria Estadual de Proteção e
Defesa do Consumidor (Seprocon)/ Procon-RJ.

Batizada de Boas Vendas, Boas Compras! – Guia prático de direitos e deveres


para lojistas e consumidores, a publicação destaca os principais pontos do
Código de Defesa do Consumidor (CDC), selecionados a partir das dúvidas e
reclamações mais comuns recebidas, tanto pelo SindilojasRio e CDL-Rio,
como pelo Procon-RJ.

“A partir da conscientização de consumidores e lojistas sobre seus direitos e


deveres, queremos contribuir para o crescimento sustentável das empresas,
tendo como base a ética, a qualidade dos produtos e a boa prestação de
serviços ao consumidor”, explicou o presidente do SindilojasRio e do CDL-
Rio, Aldo Gonçalves.

Gonçalves destacou que as duas entidades estão comprometidas em


promover mudanças que propiciem o avanço das relações de consumo, além
do desenvolvimento do varejo carioca.

“O consumidor é o nosso foco. É importante informá-lo dos seus direitos”,


disse o empresário, ressaltando que conhecer bem o CDC é vital não só para

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

os lojistas, mas também para seus fornecedores.

Jornal do Commercio. Rio de Janeiro. 08 abr. 2014, A-9. Adaptado.

O emprego do verbo destacado no trecho “‘queremos contribuir para o


crescimento sustentável das empresas’” contribui para indicar uma pretensão
do presidente do Sindicato dos Lojistas, que começa no presente e se
estende no futuro.

Se, respeitando-se o contexto original, a frase indicasse uma pretensão que


começasse no passado e se estendesse no tempo, o verbo adequado seria o
que se destaca em:
a) quisemos contribuir para o crescimento sustentável das empresas.

b) quisermos contribuir para o crescimento sustentável das empresas.

c) quiséssemos contribuir para o crescimento sustentável das empresas.

d) quereremos contribuir para o crescimento sustentável das empresas.

e) quisera poder contribuir para o crescimento sustentável das empresas.

Questão 15: VUNESP - SAP SP/2015


Leia o texto para responder à questão.

No Cieja (Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos) Campo Limpo,


não se registram advertências aos estudantes nem há período de
recuperação. Alunos com dificuldades nos colégios da região enxergam ali a
possibilidade de um recomeço. “Outros colégios desistem de alguns alunos
tidos como problemáticos e os encaminham para um centro de ensino de
jovens e adultos”, explica a coordenadora da escola, Cristina Sá.

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Todos os 14 Ciejas de São Paulo reservam um dia para os professores


fazerem planejamento. Êda, a diretora do Cieja Campo Limpo, usa as sextas-
feiras para discutir casos específicos dos alunos e para formar os educadores
na filosofia da escola. Neste dia, não há aula. “É um trabalho de formiguinha”,
diz a diretora. Vários professores não se adaptaram e pediram transferência.
“Tem gente que não acredita em um ensino que não impõe autoridade. Nós
acreditamos”, afirma Cristina.

Num dos dias em que a Folha visitou a escola, um morador da mesma rua
apareceu em frente à entrada, com um carrinho de sucata com o pneu
furado, perguntando: “Cadê a dona Êda? Preciso de ajuda para arrumar meu
pneu”. A naturalidade do pedido mostra como a integração com a
comunidade funciona.

(http://arte.folha.uol.com.br. 30.11.2014. Adaptado)

Considere o trecho – “Tem gente que não acredita em um ensino que não
impõe autoridade. Nós acreditamos…” – (segundo parágrafo), para
responder à questão.

Assinale a alternativa em que o trecho está corretamente reescrito, com


todos os verbos no tempo passado.
a) Tem gente que não acreditava em um ensino que não impunha
autoridade. Nós acreditamos.

b) Terá gente que não acreditasse em um ensino que não impusera


autoridade. Nós acreditáramos.

c) Tinha gente que não acreditava em um ensino que não impusesse


autoridade. Nós acreditávamos.

d) Teve gente que não acreditou em um ensino que não impõe autoridade.
Nós acreditamos.

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

e) Teria gente que não acreditaria em um ensino que não imporá


autoridade. Nós acreditaremos.

Questão 16: FCC - TRT 15/2015


Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

O termo saudade, monopólio sentimental da língua portuguesa, geralmente


se traduz em alemão pela palavra “sehnsucht”. No entanto, as duas palavras
têm uma história e uma carga sentimental diferentes. A saudade é um
sentimento geralmente voltado para o passado e para os conteúdos
perdidos que o passado abrigava. Embora M. Rodrigues Lapa, referindo-se
ao sentimento da saudade nos povos célticos, empregue esse termo como
“ânsia do infinito”, não é esse o uso mais generalizado. Emprega-se a palavra,
tanto na linguagem corrente como na poesia, principalmente com referência
a objetos conhecidos e amados, mas que foram levados pela voragem do
tempo ou afastados pela distância.

A “sehnsucht” alemã abrange ao contrário tanto o passado como o futuro.


Quando usada com relação ao passado, é mais ou menos equivalente ao
termo português, sem que, contudo, lhe seja inerente toda a escala
cromática de valores elaborados durante uma longa história de ausências e
surgidos em consequência do temperamento amoroso e sentimental do
português. Falta à palavra alemã a riqueza etimológica, o eco múltiplo que
ainda hoje vibra na palavra portuguesa.

A expressão “sehnsucht”, todavia, tem a sua aplicação principal precisamente


para significar aquela “ânsia do infinito” que Rodrigues Lapa atribuiu à
saudade. No uso popular e poético emprega-se o termo com frequência para
exprimir a aspiração a estados ou objetos desconhecidos e apenas
pressentidos ou vislumbrados, os quais, no entanto, se julgam mais perfeitos
que os conhecidos e os quais se espera alcançar ou obter no futuro.

Assim, a saudade parece ser, antes de tudo, um sentimento do coração

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

envelhecido que relembra os tempos idos, ao passo que a “sehnsucht” seria a


expressão da adolescência que, cheia de esperanças e ilusões, vive com o
olhar firmado num futuro incerto, mas supostamente prometedor. Ambas as
palavras têm certa equivalência no tocante ao seu sentido intermediário, ou
seja, à sua ambivalência doce-amarga, ao seu oscilar entre a satisfação e a
insatisfação. Mas, como algumas de suas janelas dão para o futuro, a palavra
alemã é portadora de um acento menos lânguido e a insatisfação nela
contida transforma-se com mais facilidade em mola de ação.

(Adaptado de: ROSENFELD, Anatol. Doze estudos. São Paulo, Imprensa oficial
do Estado, 1959, p. 25-27)

Embora M. Rodrigues Lapa [...] empregue esse termo como “ânsia do


infinito”... (1º parágrafo)

O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o grifado acima está
empregado em:
a) ... que Rodrigues Lapa atribuiu à saudade. (3º parágrafo)

b) ... e para os conteúdos perdidos que o passado abrigava. (1º parágrafo)

c) ... sem que, contudo, lhe seja inerente toda a escala cromática de valores...
(2º parágrafo)

d) ... que relembra os tempos idos... (4º parágrafo)

e) ... ao passo que a “sehnsucht” seria a expressão da adolescência... (4º


parágrafo)

Questão 17: FCC - SEFAZ PI/2015


Instrução: A questão refere-se ao texto seguinte.

Filosofia de borracharia

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

O borracheiro coçou a desmatada cabeça e proferiu a sentença


tranquilizadora: nenhum problema com o nosso pneu, aliás quase tão calvo
quanto ele. Estava apenas um bocado murcho.

− Camminando si sgonfia* − explicou o camarada, com um sorriso de


pouquíssimos dentes e enorme simpatia.

O italiano vem a ser um dos muitos idiomas em que a minha abrangente


ignorância é especializada, mas ainda assim compreendi que o pneu do
nosso carro periclitante tinha se esvaziado ao longo da estrada. Não era para
menos. Tendo saído de Paris, havíamos rodado muito antes de cair naquele
emaranhado de fronteiras em que você corre o risco de não saber se está na
Áustria, na Suíça ou na Itália. Soubemos que estávamos no norte, no sótão
da Itália, vendo um providencial borracheiro dar nova carga a um pneu
sgonfiato.

Dali saímos − éramos dois jovens casais num distante verão europeu,
embarcados numa aventura que, de camping em camping, nos levaria a
Istambul – para dar carga nova a nossos estômagos, àquela altura não
menos sgonfiati. O que pode a fome, em especial na juventude: à beira de
um himalaia de sofrível espaguete fumegante, julguei ver fumaças filosóficas
na sentença do tosco borracheiro. E, entre garfadas, sob o olhar zombeteiro
dos companheiros de viagem, me pus a teorizar.

Sim, camminando si sgonfia, e não apenas quando se é, nesta vida, um pneu.


Também nós, de tanto rodar, vamos aos poucos desinflando. E por aí fui,
inflado e inflamado num papo delirante. Fosse hoje, talvez tivesse dito,
infelizmente com conhecimento de causa, que a partir de determinado
ponto carecemos todos de alguma espécie de fortificante, de um novo
alento para o corpo, quem sabe para a alma.

* Camminando si sgonfia = andando se esvazia. Sgonfiato é vazio; sgonfiati é


a forma plural.

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

(Adaptado de: WERNECK, Humberto – Esse inferno vai acabar. Porto Alegre,
Arquipélago, 2011, p. 85-86)

Se numa transformação da frase O borracheiro coçou a desmatada cabeça e


proferiu a sentença tranquilizadora atribuirmos aos termos sublinhados a
função de sujeito, as formas verbais que lhes correspondem deverão ser, na
ordem dada:
a) havia coçado − tinha proferido

b) coçara − proferira

c) tinha coçado − teria proferido

d) estava sendo coçada − tinha sido proferida

e) foi coçada − foi proferida

Questão 18: FCC - TCM-GO/2015


Prazer sem humilhação

O poeta Ferreira Gullar disse há tempos uma frase que gosta de repetir: “A
crase não existe para humilhar ninguém”. Entenda-se: há normas gramaticais
cuja razão de ser é emprestar clareza ao discurso escrito, valendo como
ferramentas úteis e não como instrumentos de tortura ou depreciação de
alguém.

Acho que o sentido dessa frase pode ampliar-se: “A arte não existe para
humilhar ninguém”, entendendo-se com isso que os artistas existem para
estimular e desenvolver nossa sensibilidade e inteligência do mundo, e não
para produzir obras que separem e hierarquizem as pessoas. Para ficarmos
no terreno da música: penso que todos devem escolher ouvir o que gostam,
não aquilo que alguém determina. Mas há aqui um ponto crucial, que vale a
pena discutir: estamos mesmo em condições de escolher livremente as

30
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

músicas de que gostamos?

Para haver escolha real, é preciso haver opções reais. Cada vez que um carro
passa com o som altíssimo de graves repetidos praticamente sem variação,
num ritmo mecânico e hipnótico, é o caso de se perguntar: houve aí uma
escolha? Quem alardeia os infernais decibéis de seu som motorizado pela
cidade teve a chance de ouvir muitos outros gêneros musicais? Conhece
muitos outros ritmos, as canções de outros países, os compositores de outras
épocas, as tendências da música brasileira, os incontáveis estilos musicais já
inventados e frequentados? Ou se limita a comprar no mercado o que está
vendendo na prateleira dos sucessos, alimentando o círculo vicioso e
enganoso do “vende porque é bom, é bom porque vende”?

Não digo que A é melhor que B, ou que X é superior a todas as letras do


alfabeto; digo que é importante buscar conhecer todas as letras para
escolher. Nada contra quem escolhe um “batidão” se já ouviu música clássica,
desde que tenha tido realmente a oportunidade de ouvir e escolher
compositores clássicos que lhe digam algo. Não acho que é preciso escolher,
por exemplo, entre os grandes Pixinguinha e Bach, entre Tom Jobim e
Beethoven, entre um forró e a música eletrônica das baladas, entre a música
dançante e a que convida a uma audição mais serena; acho apenas que
temos o direito de ouvir tudo isso antes de escolher. A boa música, a boa
arte, esteja onde estiver, também não existe para humilhar ninguém.

(João Cláudio Figueira, inédito)

Transpondo-se para a voz passiva a frase Eles alardeavam o insuportável som


instalado nos carros, obtém-se a forma verbal
a) era alardeado.

b) tinha sido alardeado.

c) têm alardeado.

31
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

d) eram alardeados.

e) fora alardeado.

Questão 19: FCC - CNMP/2015


Atenção: Para responder à questão considere o texto abaixo.

Falsificações na internet

Quem frequenta páginas da internet, sobretudo nas redes sociais, volta e


meia se depara com textos atribuídos a grandes escritores. Qualquer leitor
dos mestres da literatura logo perceberá a fraude: a citação está longe de
honrar a alegada autoria. Drummond, Clarice Lispector, Guimarães Rosa e
Fernando Pessoa, por exemplo, jamais escreveriam banalidades recheadas
de lugares comuns, em linguagem capenga e estilo indefinido. Mas fica a
pergunta: o que motiva essas falsificações grosseiras de artistas da palavra e
da imaginação?

São muitas as justificativas prováveis. Atrás de todas está a vaidade simplória


de quem gostaria de ser tomado por um grande escritor e usa o nome deste
para promover um texto tolo, ingênuo, piegas, carregado de chavões. Os
leitores incautos mordem a isca e parabenizam o fraudulento, expandindo a
falsificação e o mau gosto. Mas há também o ressentimento malicioso de
quem conhece seus bem estreitos limites literários e, não se conformando
com eles, dispõe-se a iludir o público com a assinatura falsa, esperando ser
confundido com o grande escritor. Como há de fato quem confunda a
gritante aberração com a alta criação, o falsário dá-se por recompensado
enquanto recebe os parabéns de quem o “curtiu”.

Tais casos são lamentáveis por todas as razões, e constituem transgressões


éticas, morais, estéticas e legais. Mas fiquemos apenas com a grave questão
da identidade própria que foi rejeitada em nome de outra, inteiramente
postiça. Enganarse a si mesmo, quando não se trata de uma psicopatia grave,
é uma forma dolorosa de trair a consciência de si. Os grandes atores,

32
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

apoiando-se no talento que lhes é próprio, enobrecem esse desejo tão


humano de desdobramento da personalidade e o legitimam artisticamente
no palco ou nas telas; os escritores criam personagens com luz própria, que
se tornam por vezes mais famosos que seus criadores (caso de Cervantes e
seu Dom Quixote, por exemplo); mas os falsários da internet, ao não
assinarem seu texto medíocre, querem que o tomemos como um grande
momento de Shakespeare. Provavelmente jamais leram Shakespeare ou
qualquer outro gênio citado: conhecem apenas a fama do nome, e a usam
como moeda corrente no mercado virtual da fama.

Tais fraudes devem deixar um gosto amargo em quem as pratica, sobretudo


quando ganham o ingênuo acolhimento de quem, enganado, as aplaude. É
próprio dos vícios misturar prazer e corrosão em quem os sustenta. Disfarçar
a mediocridade pessoal envergando a máscara de um autêntico criador só
pode aprofundar a rejeição da identidade própria. É um passo certo para
alargar os ressentimentos e a infelicidade de quem não se aceita e não se
estima.

(Terêncio Cristobal, inédito)

Muita gente nos engana valendo-se das páginas da internet.

A transposição da frase acima para a voz passiva implicará


a) a utilização da forma verbal enganam-nos.

b) em que o sujeito de valendo-se passe a ser internet.

c) em que o sujeito de enganar passe a ser nós.

d) a utilização de muita gente como sujeito.

e) a utilização de áginas da internet como sujeito.

Questão 20: FCC - MANAUSPREV/2015

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Atenção: O texto abaixo refere-se à questão.

Na margem esquerda do rio Amazonas, entre Manaus e Itacoatiara, foram


encontrados vestígios de inúmeros sítios indígenas pré-históricos. O que
muitos de nós não sabemos é que ainda existem regiões ocultas situadas no
interior da Amazônia e um povo, também desconhecido, que teria vivido por
aquelas paragens, ainda hoje não totalmente desbravadas.

Em 1870, o explorador João Barbosa Rodrigues descobriu uma grande


necrópole indígena contendo vasta gama de peças em cerâmica de incrível
perfeição; teria sido construída por uma civilização até então desconhecida
em nosso país. Utilizando a língua dos índios da região, ele denominou o
sítio de Miracanguera. A atenção do pesquisador foi atraída primeiramente
por uma vasilha de cerâmica, propriedade de um viajante. Este informante
disse tê-la adquirido de um mestiço, residente na Vila do Serpa (atual
Itacoatiara), que dispunha de diversas peças, as quais teria recolhido na
Várzea de Matari. Barbosa Rodrigues suspeitou que poderia se tratar de um
sítio arqueológico de uma cultura totalmente diferente das já identificadas
na Amazônia.

Em seu interior as vasilhas continham ossos calcinados, demonstrando que a


maioria dos mortos tinham sido incinerados. De fato, a maior parte dos
despojos dos miracangueras era composta de cinzas. Além das vasilhas
mortuárias, o pesquisador encontrou diversas tigelas e pratos utilitários,
todos de formas elegantes e cobertos por uma fina camada de barro branco,
que os arqueólogos denominam de “engobe”, tão perfeito que dava ao
conjunto a aparência de porcelana. Uma parte das vasilhas apresentava
curiosas decorações e pinturas em preto e vermelho. Outro detalhe que
surpreendeu o pesquisador foi a variedade de formas existentes nos sítios
onde escavou, destacando-se certas vasilhas em forma de taças de pés altos,
as quais lembram congêneres da Grécia Clássica.

Havia peças mais elaboradas, certamente para pessoas de posição elevada


dentro do grupo. A cerâmica do sítio de Miracanguera recebia um banho de
tabatinga (tipo de argila com material orgânico) e eventualmente uma

34
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

pintura com motivos geométricos, além da decoração plástica que destacava


detalhes específicos, tais como seres humanos sentados e com as pernas
representadas.

João Barbosa Rodrigues faleceu em 1909. Em 1925, o famoso antropólogo


Kurt Nimuendaju tentou encontrar Miracanguera, mas a ilha já tinha sido
tragada pelas águas do rio Amazonas. Arqueólogos americanos também
vasculharam áreas arqueológicas da Amazônia, inclusive no Equador, Peru e
Guiana Francesa, no final dos anos de 1940. Como não conseguiram achar
Miracanguera, “decidiram” que a descoberta do brasileiro tinha sido “apenas
uma subtradição de agricultores andinos”.

Porém, nos anos de 1960, outro americano lançou nova interpretação para
aquela cultura, concluindo que o grupo indígena dos miracangueras não era
originário da região, como já dizia Barbosa Rodrigues. Trata-se de um
mistério relativo a uma civilização perdida que talvez não seja solucionado
nas próximas décadas. Em pleno século 21, a cultura miracanguera continua
oficialmente “inexistente” para as autoridades culturais do Brasil e do mundo.

(Adaptado de: Museu Nacional do Rio de Janeiro. Disponível


em: https://saemuseunacional.wordpress.com. SILVA, Carlos Augusto da. A
dinâmica do uso da terra nos locais onde há sítios arqueológicos: o caso da
comunidade Cai N’água, Maniquiri-AM / (Dissertação de Mestrado) – UFAM,
2010)

Caso o segmento Arqueólogos americanos também vasculharam áreas


arqueológicas da Amazônia... seja transposto para a voz passiva, a forma
verbal resultante será:
a) tinham vasculhado

b) foram vasculhadas

c) vasculhavam-se

d) eram vasculhadas

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

e) foram vasculhando

GABARITO
11) A 12) E 13) D 14) A15) C 16) C 17) E 18) A 19) C 20) B

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 21: FUNIVERSA - SPTC GO/2015


Texto para responder à questão.

A utilização de técnicas específicas voltadas para a elucidação de crimes e


para o indiciamento de criminosos remonta a épocas pré-científicas. Um
exemplo(a) do uso da habilidade e imaginação individual relacionado(a) à
resolução de crimes pode ser vislumbrado em Daniel: no século VI a.C.,
Daniel, com grande perícia, foi capaz de provar ao rei da Babilônia, Ciro, o
Persa, que as oferendas prestadas ao ídolo Bel eram, na verdade, consumidas
pelos sacerdotes e seus familiares(b); para tanto, Daniel fez
que espalhassem(b) cinzas por todo o piso do templo, onde eram colocadas
diariamente oferendas; no dia posterior, verificaram que, apesar de a porta
continuar lacrada, pegadas compatíveis com a dos sacerdotes eram
observadas no chão e que as oferendas haviam(c) sido consumidas. Já no
século III a.C., há a clássica história do Princípio de Arquimedes. Conta
Vitrúvio que o rei Hierão de Siracusa mandou fazer uma coroa de ouro.
Entretanto, quando a coroa foi entregue, o rei suspeitou que o ouro fora
trocado por prata. Para solucionar tal dúvida, o rei pediu que Arquimedes
investigasse o fato. Arquimedes pegou uma vasilha com água e,
mergulhando pedaços de ouro e prata do mesmo peso da coroa, verificou
que o ouro não fazia a água subir tanto quanto a prata (d). Por fim, inseriu a
coroa, que, por sua vez, elevou o nível da água até a altura intermediária,
tendo constatado então que a coroa havia sido feita com uma mistura de
ouro e prata. Assim, desvendou-se a fraude e desmascarou-se o artesão.
Outro caso que ilustra a fase pré-científica da criminalística é encontrado em
informes da antiga Roma descritos por Tácito: Plantius Silvanus, sob suspeita
de ter jogado sua mulher, Aprônia, de uma janela, foi levado à presença de
César, que, por sua vez, foi examinar(e) o quarto do suposto local do evento e
encontrou sinais certos de violência. O relato deixa claro que, desde a
Antiguidade, foram desenvolvidos técnicas e exames com o intuito de
solucionar crimes.

Rodrigo Grazinoli Garrido e Alexandre Giovanelli. Criminalística: origem,

37
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

evolução e descaminhos. In: Cadernos de Ciências Sociais Aplicadas, n.º 5/6,


Vitória da Conquista: Bahia, 2009 (com adaptações).

No que se refere aos aspectos linguísticos do texto, assinale a alternativa


correta.
a) O vocábulo “relacionado” foi empregado no masculino singular para
concordar com “Um exemplo”.

b) O sujeito de “espalhassem”, que está elíptico, refere-se a “sacerdotes e


seus familiares”.

c) A forma verbal “haviam” é, na oração em que ocorre, um verbo auxiliar


que participa na formação de um tempo composto.

d) Logo após o termo “a prata”, em “verificou que o ouro não fazia a água
subir tanto quanto a prata”, subentende-se a elipse do verbo subir.

e) A perífrase verbal “foi examinar” expressa uma ideia de continuidade da


ação verbal.

Questão 22: CESPE - MPU/2015


O surgimento da Internet remonta à década de 60 do século passado, em um
projeto do governo norte-americano no combate à guerra, pelo qual as
comunicações intragovernamentais passaram a ser internalizadas, para
evitar a publicação de dados relevantes à segurança nacional.

Posteriormente, na década de 70, foi criado o protocolo Internet, que


permitiu a comunicação entre os seus poucos usuários até então, uma vez
que ela ainda estava restrita aos centros de pesquisa dos Estados Unidos da
América.

38
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Na década de 80, foi ampliado o uso da Internet para a forma comercial e,


finalmente, na década de 90, a Internet alcançou o seu auge, pois atingiu
praticamente todos os meios de comunicação. O histórico dos crimes
cibernéticos, por sua vez, remonta à década de 70, quando, pela primeira
vez, foi definido o termo hacker, como sendo aquele indivíduo que, dotado
de conhecimentos técnicos, promove a invasão de sistemas operacionais
privados e a difusão de pragas virtuais.

Artur Barbosa da Silveira. Os crimes cibernéticos e a Lei n.o 12.737/2012. In:


Internet: <www.conteudojuridico.com.br> (com adaptações).

Julgue o item que se segue, acerca das ideias, das estruturas linguísticas e da
tipologia do texto.

A oração “que, dotado (...) pragas virtuais” é de natureza restritiva.


Certo

Errado

Questão 23: FCC -MANAUSPREV/2015


Atenção: O texto abaixo refere-se à questão.

Na margem esquerda do rio Amazonas, entre Manaus e Itacoatiara, foram


encontrados vestígios de inúmeros sítios indígenas pré-históricos. O que
muitos de nós não sabemos é que ainda existem regiões ocultas situadas no
interior da Amazônia e um povo, também desconhecido, que teria vivido por
aquelas paragens, ainda hoje não totalmente desbravadas.

Em 1870, o explorador João Barbosa Rodrigues descobriu uma grande


necrópole indígena contendo vasta gama de peças em cerâmica de incrível
perfeição; teria sido construída por uma civilização até então desconhecida
em nosso país. Utilizando a língua dos índios da região, ele denominou o

39
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

sítio de Miracanguera. A atenção do pesquisador foi atraída primeiramente


por uma vasilha de cerâmica, propriedade de um viajante. Este informante
disse tê-la adquirido de um mestiço, residente na Vila do Serpa (atual
Itacoatiara), que dispunha de diversas peças, as quais teria recolhido na
Várzea de Matari. Barbosa Rodrigues suspeitou que poderia se tratar de um
sítio arqueológico de uma cultura totalmente diferente das já identificadas
na Amazônia.

Em seu interior as vasilhas continham ossos calcinados, demonstrando que a


maioria dos mortos tinham sido incinerados. De fato, a maior parte dos
despojos dos miracangueras era composta de cinzas. Além das vasilhas
mortuárias, o pesquisador encontrou diversas tigelas e pratos utilitários,
todos de formas elegantes e cobertos por uma fina camada de barro branco,
que os arqueólogos denominam de “engobe”, tão perfeito que dava ao
conjunto a aparência de porcelana. Uma parte das vasilhas apresentava
curiosas decorações e pinturas em preto e vermelho. Outro detalhe que
surpreendeu o pesquisador foi a variedade de formas existentes nos sítios
onde escavou, destacando-se certas vasilhas em forma de taças de pés altos,
as quais lembram congêneres da Grécia Clássica.

Havia peças mais elaboradas, certamente para pessoas de posição elevada


dentro do grupo. A cerâmica do sítio de Miracanguera recebia um banho de
tabatinga (tipo de argila com material orgânico) e eventualmente uma
pintura com motivos geométricos, além da decoração plástica que destacava
detalhes específicos, tais como seres humanos sentados e com as pernas
representadas.

João Barbosa Rodrigues faleceu em 1909. Em 1925, o famoso antropólogo


Kurt Nimuendaju tentou encontrar Miracanguera, mas a ilha já tinha sido
tragada pelas águas do rio Amazonas. Arqueólogos americanos também
vasculharam áreas arqueológicas da Amazônia, inclusive no Equador, Peru e
Guiana Francesa, no final dos anos de 1940. Como não conseguiram achar
Miracanguera, “decidiram” que a descoberta do brasileiro tinha sido “apenas
uma subtradição de agricultores andinos”.

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Porém, nos anos de 1960, outro americano lançou nova interpretação para
aquela cultura, concluindo que o grupo indígena dos miracangueras não era
originário da região, como já dizia Barbosa Rodrigues. Trata-se de um
mistério relativo a uma civilização perdida que talvez não seja solucionado
nas próximas décadas. Em pleno século 21, a cultura miracanguera continua
oficialmente “inexistente” para as autoridades culturais do Brasil e do mundo.

(Adaptado de: Museu Nacional do Rio de Janeiro. Disponível


em: https://saemuseunacional.wordpress.com. SILVA, Carlos Augusto da. A
dinâmica do uso da terra nos locais onde há sítios arqueológicos: o caso da
comunidade Cai N’água, Maniquiri-AM / (Dissertação de Mestrado) – UFAM,
2010)

Encontra-se o mesmo tipo de complemento que o sublinhado no


segmento Arqueólogos americanos também vasculharam áreas
arqueológicas da Amazônia... (5º parágrafo) em:
a) Uma parte das vasilhas apresentava curiosas decorações e pinturas em
preto e vermelho.

b) ... que dispunha de diversas peças...

c) ... ainda existem regiões ocultas situadas no interior da Amazônia...

d) João Barbosa Rodrigues faleceu em 1909.

e) ...a cultura miracanguera continua oficialmente “inexistente”...

Questão 24: FCC - MANAUSPREV/2015


Atenção: O texto abaixo refere-se à questão.

O primeiro... problema que as árvores parecem propor-nos é o de nos


conformarmos com a sua mudez. Desejaríamos que falassem, como falam os
animais, como falamos nós mesmos. Entretanto, elas e as pedras reservam-se

41
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

o privilégio do silêncio, num mundo em que todos os seres têm pressa de se


desnudar. Fiéis a si mesmas, decididas a guardar um silêncio que não está à
mercê dos botânicos, procuram as árvores ignorar tudo de uma composição
social que talvez se lhes afigure monstruosamente indiscreta, fundada que
está na linguagem articulada, no jogo de transmissão do mais íntimo pelo
mais coletivo.

Grave e solitário, o tronco vive num estado de impermeabilidade ao som, a


que os humanos só atingem por alguns instantes e através da tragédia
clássica. Não logramos comovê-lo, comunicar-lhe nossa intemperança.
Então, incapazes de trazê-lo à nossa domesticidade, consideramo-lo um
elemento da paisagem, e pintamo-lo. Ele pende, lápis ou óleo, de nossa
parede, mas esse artifício não nos ilude, não incorpora a árvore à atmosfera
de nossos cuidados. O fumo dos cigarros, subindo até o quadro, parece
vagamente aborrecê-la, e certas árvores de Van Gogh, na sua crispação, têm
algo de protesto.

De resto, o homem vai renunciando a esse processo de captura da árvore


através da arte. Uma revista de vanguarda reúne algumas dessas
representações, desde uma tapeçaria persa do século IV, onde aparece a
palmeira heráldica, até Chirico, o criador da árvore genealógica do sonho, e
dá a tudo isso o título: Decadência da Árvore. Vemos através desse
documentário que num Claude Lorrain da Pinacoteca de Munique, Paisagem
com Caça, a árvore colossal domina todo o quadro, e a confusão de homens,
cães e animal acuado constitui um incidente mínimo, decorativo. Já em
Picasso a árvore se torna raríssima, e a aventura humana seduz mais o pintor
do que o fundo natural em que ela se desenvolve.

O que será talvez um traço da arte moderna, assinalado por Apollinaire, ao


escrever: "Os pintores, se ainda observam a natureza, já não a imitam,
evitando cuidadosamente a reprodução de cenas naturais observadas ou
reconstituídas pelo estudo... Se o fim da pintura continua a ser, como sempre
foi, o prazer dos olhos, hoje pedimos ao amador que procure tirar dela um
prazer diferente do proporcionado pelo espetáculo das coisas naturais".
Renunciamos assim às árvores, ou nos permitimos fabricá-las à feição dos

42
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

nossos sonhos, que elas, polidamente, se permitem ignorar.

(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. "A árvore e o homem", em


Passeios na Ilha, Rio de Janeiro: José Olympio, 1975, p. 7-8)

No segmento ...hoje pedimos ao amador que procure tirar dela um prazer


diferente..., a oração sublinhada complementa o sentido de um
a) substantivo, e pode ser substituída por um verbo.

b) verbo, e pode ser substituída por outro verbo.

c) substantivo, e pode ser substituída por um adjetivo.

d) verbo, e pode ser substituída por um substantivo.

e) verbo, e pode ser substituída por um adjetivo.

Questão 25: FCC - MANAUSPREV/2015


Atenção: O texto abaixo refere-se à questão.

O primeiro... problema que as árvores parecem propor-nos é o de nos


conformarmos com a sua mudez. Desejaríamos que falassem, como falam os
animais, como falamos nós mesmos. Entretanto, elas e as pedras reservam-se
o privilégio do silêncio, num mundo em que todos os seres têm pressa de se
desnudar. Fiéis a si mesmas, decididas a guardar um silêncio que não está à
mercê dos botânicos, procuram as árvores ignorar tudo de uma composição
social que talvez se lhes afigure monstruosamente indiscreta, fundada que
está na linguagem articulada, no jogo de transmissão do mais íntimo pelo
mais coletivo.

Grave e solitário, o tronco vive num estado de impermeabilidade ao som, a


que os humanos só atingem por alguns instantes e através da tragédia
clássica. Não logramos comovê-lo, comunicar-lhe nossa intemperança.
Então, incapazes de trazê-lo à nossa domesticidade, consideramo-lo um

43
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

elemento da paisagem, e pintamo-lo. Ele pende, lápis ou óleo, de nossa


parede, mas esse artifício não nos ilude, não incorpora a árvore à atmosfera
de nossos cuidados. O fumo dos cigarros, subindo até o quadro, parece
vagamente aborrecê-la, e certas árvores de Van Gogh, na sua crispação, têm
algo de protesto.

De resto, o homem vai renunciando a esse processo de captura da árvore


através da arte. Uma revista de vanguarda reúne algumas dessas
representações, desde uma tapeçaria persa do século IV, onde aparece a
palmeira heráldica, até Chirico, o criador da árvore genealógica do sonho, e
dá a tudo isso o título: Decadência da Árvore. Vemos através desse
documentário que num Claude Lorrain da Pinacoteca de Munique, Paisagem
com Caça, a árvore colossal domina todo o quadro, e a confusão de homens,
cães e animal acuado constitui um incidente mínimo, decorativo. Já em
Picasso a árvore se torna raríssima, e a aventura humana seduz mais o pintor
do que o fundo natural em que ela se desenvolve.

O que será talvez um traço da arte moderna, assinalado por Apollinaire, ao


escrever: "Os pintores, se ainda observam a natureza, já não a imitam,
evitando cuidadosamente a reprodução de cenas naturais observadas ou
reconstituídas pelo estudo... Se o fim da pintura continua a ser, como sempre
foi, o prazer dos olhos, hoje pedimos ao amador que procure tirar dela um
prazer diferente do proporcionado pelo espetáculo das coisas naturais".
Renunciamos assim às árvores, ou nos permitimos fabricá-las à feição dos
nossos sonhos, que elas, polidamente, se permitem ignorar.

(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. "A árvore e o homem", em


Passeios na Ilha, Rio de Janeiro: José Olympio, 1975, p. 7-8)

Desempenha a mesma função que o segmento através da tragédia clássica


(2º parágrafo), o que está sublinhado em:
a) ...certas árvores de Van Gogh, na sua crispação, têm algo de protesto.

b) ...e dá a tudo isso o título...

44
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

c) O que será talvez um traço da arte moderna...

d) Ele pende, lápis ou óleo, de nossa parede...

e) ...o homem vai renunciando a esse processo de captura da árvore...

Questão 26: FCC -SEFAZ PI/2015


Atenção: Para responder à questão, considere o texto que segue.

A primeira coisa a observar sobre o mundo na década de 1780 é que ele era
ao mesmo tempo menor e muito maior que o nosso. Era menor
geograficamente, porque até mesmo os homens mais instruídos e bem
informados da época − digamos, um homem como o cientista e viajante
Alexander von Humboldt (1769-1859) − conheciam somente pedaços do
mundo habitado. (Os mundos "conhecidos" de comunidades menos
evoluídas e expansionistas do que a Europa Ocidental eram obviamente
ainda menores, reduzindo-se a minúsculos segmentos da terra onde os
analfabetos camponeses sicilianos ou o agricultor das montanhas de Burma
viviam suas vidas, e para além dos quais tudo era e sempre seria
eternamente desconhecido.) A maior parte da superfície dos oceanos, mas
não toda, de forma alguma, já tinha sido explorada e mapeada graças à
notável competência dos navegadores do século XVIII como James Cook,
embora os conhecimentos humanos sobre o fundo do mar tenham
permanecido insignificantes até a metade do século XX. Os principais
contornos dos continentes e da maioria das ilhas eram conhecidos, embora
pelos padrões modernos não muito corretamente. O tamanho e a altura das
cadeias das montanhas da Europa eram conhecidos com alguma precisão, as
localizadas em partes da América Latina o eram muito grosseiramente, as da
Ásia, quase totalmente desconhecidas, e as da África (com exceção dos
montes Atlas), totalmente desconhecidas para fins práticos. Com exceção
dos da China e da Índia, o curso dos grandes rios do mundo era um mistério
para todos a não ser para alguns poucos caçadores, comerciantes ou
andarilhos, que tinham ou podem ter tido conhecimento dos que corriam

45
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

por suas regiões. Fora de algumas áreas − em vários continentes elas não
passavam de alguns quilômetros terra a dentro, a partir da costa − o mapa
do mundo consistia de espaços brancos cruzados pelas trilhas demarcadas
por negociantes ou exploradores. Não fosse pelas informações descuidadas
de segunda ou terceira mão colhidas por viajantes ou funcionários em
postos remotos, estes espaços brancos teriam sido bem mais vastos do que
de fato o eram.

(HOBSBAWM, Eric J. O mundo na década de 1780. In: A era das revoluções:


Europa 1789-1848, tradução de Maria Tereza Lopes Teixeira e Marcos
Penchel. 22. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007, p. 23-24)

(Os mundos "conhecidos" de comunidades menos evoluídas e


expansionistas do que a Europa Ocidental eram obviamente ainda menores,
reduzindo-se a minúsculos segmentos da terra onde os analfabetos
camponeses sicilianos ou o agricultor das montanhas de Burma viviam suas
vidas, e para além dos quais tudo era e sempre seria eternamente
desconhecido.)

Considerado o acima transcrito, em seu contexto, afirma-se com correção:


a) Se a formulação reduzindo-se a minúsculos segmentos da terra fosse
substituída por "no caso de se reduzirem a minúsculos segmentos da terra", a
fidelidade à ideia original estaria mantida.

b) A frase introduzida pelo conector onde está gramaticalmente correta,


assim como está correta a seguinte frase em que ele aparece: "Sua
explanação foi clara, é onde se conclui que não haverá brecha para dúvidas".

c) Em os analfabetos camponeses sicilianos ou o agricultor das montanhas


de Burma, constitui equívoco o emprego simultâneo de um artigo definido
no plural e um no singular, visto que não se pode atribuir a este último um
sentido genérico, como se tem no primeiro.

d) Tanto é legítimo entender que o autor, transportando-se para a década de


1780, emprega a forma verbal era para descrever o que então era presente,

46
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

quanto que a forma verbal era designa fato passado concebido como
durativo.

e) A forma verbal seria foi empregada para expressar uma realidade possível,
mas considerada pelo autor como pouco provável.

Questão 27: FCC - SEFAZ PI/2015


Atenção: Para responder à questão, considere o texto que segue.

A primeira coisa a observar sobre o mundo na década de 1780 é que ele era
ao mesmo tempo menor e muito maior que o nosso. Era menor
geograficamente, porque até mesmo os homens mais instruídos e bem
informados da época − digamos, um homem como o cientista e viajante
Alexander von Humboldt (1769-1859) − conheciam somente pedaços do
mundo habitado. (Os mundos "conhecidos" de comunidades menos
evoluídas e expansionistas do que a Europa Ocidental eram obviamente
ainda menores, reduzindo-se a minúsculos segmentos da terra onde os
analfabetos camponeses sicilianos ou o agricultor das montanhas de Burma
viviam suas vidas, e para além dos quais tudo era e sempre seria
eternamente desconhecido.) A maior parte da superfície dos oceanos, mas
não toda, de forma alguma, já tinha sido explorada e mapeada graças à
notável competência dos navegadores do século XVIII como James Cook,
embora os conhecimentos humanos sobre o fundo do mar tenham
permanecido insignificantes até a metade do século XX. Os principais
contornos dos continentes e da maioria das ilhas eram conhecidos, embora
pelos padrões modernos não muito corretamente. O tamanho e a altura das
cadeias das montanhas da Europa eram conhecidos com alguma precisão, as
localizadas em partes da América Latina o eram muito grosseiramente, as da
Ásia, quase totalmente desconhecidas, e as da África (com exceção dos
montes Atlas), totalmente desconhecidas para fins práticos. Com exceção
dos da China e da Índia, o curso dos grandes rios do mundo era um mistério
para todos a não ser para alguns poucos caçadores, comerciantes ou
andarilhos, que tinham ou podem ter tido conhecimento dos que corriam
por suas regiões. Fora de algumas áreas − em vários continentes elas não

47
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

passavam de alguns quilômetros terra a dentro, a partir da costa − o mapa


do mundo consistia de espaços brancos cruzados pelas trilhas demarcadas
por negociantes ou exploradores. Não fosse pelas informações descuidadas
de segunda ou terceira mão colhidas por viajantes ou funcionários em
postos remotos, estes espaços brancos teriam sido bem mais vastos do que
de fato o eram.

(HOBSBAWM, Eric J. O mundo na década de 1780. In: A era das revoluções:


Europa 1789-1848, tradução de Maria Tereza Lopes Teixeira e Marcos
Penchel. 22. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007, p. 23-24)

A maior parte da superfície dos oceanos, mas não toda, de forma alguma, já
tinha sido explorada e mapeada graças à notável competência dos
navegadores do século XVIII como James Cook, embora os conhecimentos
humanos sobre o fundo do mar tenham permanecido insignificantes até a
metade do século XX.

Na frase acima,
a) a conjunção mas, mais do que introduzir uma contraposição, indica uma
eliminação da ideia expressa anteriormente.

b) o segmento já tinha sido explorada e mapeada expressa ações realizadas


anteriormente ao tempo tomado como parâmetro, a época de que trata o
texto, a década de 1780.

c) o emprego do sinal indicativo da crase está condizente com a gramática


normativa, assim como ocorre com o sinal presente
na formulação "graças à notáveis e competentes navegadores do século
XVIII".

d) as unidades conectadas por meio da conjunção embora apresentam


adequada correlação verbal; redação que equivale semanticamente à
original, iniciada por Os conhecimentos humanos, estaria também adequada
com a presença das formas "permaneceriam" e "já fosse explorada e
mapeada".

48
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

e) a palavra insignificantes apresenta prefixo de igual natureza e sentido do


notado em "ingerir".

Questão 28: FCC - SEFAZ PI/2015


Está redigida de maneira clara e em concordância com as orientações da
gramática normativa a seguinte frase:
a) Acentuando com franqueza a mudança que empreendeu, daquela
existência solitária e pacata para um modo de vida mais social e dinâmico,
obteve o apoio de que necessitava para ir em frente.

b) Todos quiseram saber o por quê de seu repentino pedido de demissão,


que acabou por espoliar o projeto, que vinha sendo encaminhado com
perspectivas bastante favoráveis.

c) Muitos dos colaboradores diretos se absteram de comentar o incidente,


que, para dizer a verdade, o diretor não deu a mínima importância, mas que
foi trazido à pauta por insistência da secretária.

d) Uma reunião que cabe à família solucionar problema interno candente


deve transcorrer em clima harmonioso e de acolhimento, que costumam
propiciar reflexões ponderadas.

e) Despretenciosa por natureza, não entregava-se à tentação de ostentar


poder ou influência, mas era, segundo porta-vozes de distintos setores, uma
das pessoas a cuja opinião mais se dava valor.

Questão 29: FCC - SEFAZ PI/2015


Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

“O povo não gosta de música clássica”

Estudante de Letras, mal chegado à faculdade, comecei a dar aulas de

49
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Português numa escola pública da periferia da cidade. Estava feliz porque


gostei do trabalho de professor, nessa escola estadual frequentada
sobretudo por comerciários, office boys, aprendizes de ofício, feirantes etc.
Éramos quase todos da mesma idade, havia camaradagem entre nós.

Um dia convidei um grupinho dos mais chegados pra ir à minha casa ouvir
música. “Música clássica”, adverti. Preparei um programinha meio didático,
dentro da sequência histórica, com peças mais ou menos breves que iam do
canto gregoriano a Villa-Lobos. Comentava as diferenças de estilo, de
sentimento, de complexidade. A sessão toda durou quase duas horas,
incluindo minhas tagarelices. Gostaram muito.

Dois ou três dias depois, um deles (pobre, como os outros) apareceu na aula
com um embrulho na mão. “Professor, comprei hoje isso pra mim. O senhor
acha que essa música é boa?” Era um LP de Tchaikovsky, talvez com sinfonias
ou aberturas, não me lembro. Disse que sim, e ele saiu todo sorridente.
Imaginei a cena do dia: ele entrando numa casa de disco do centro da cidade
e pedindo um “disco de música clássica”. Venderam-lhe uma gravação barata,
nacional.

Ao final do ano letivo despediu-se de mim (sairia da escola, concluído o


primeiro grau) e me deixou na mão um bilhetinho. Não decorei as palavras,
que eram poucas, mais ou menos estas: “Professor, muito obrigado por me
fazer gostar de música clássica”. Desmoronei um pouco, pensando em como
este país poderia ser diferente. Não lhe disse, na hora, que a gente pode
gostar naturalmente de qualquer música: é preciso que não obstruam nosso
acesso a todos os gêneros musicais. E embora seja quase impossível que
estas palavras cheguem ao meu antigo aluno, pergunto-lhe agora, com mais
de quatro décadas de atraso: “Então, seu Carlos, gostou do Tchaikovsky?”

(Teotônio Ramires, inédito)

Há adequada correlação entre os tempos e modos verbais presentes na


seguinte frase:

50
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

a) Como bom professor, já havia se programado para que pudera bem


informar aos alunos que terão ouvido músicas clássicas.

b) O aluno Carlos se dispusera a comprar um disco de Tchaikovsky, vindo em


seguida perguntar ao professor se havia feito uma boa escolha.

c) Como ele pediu um disco de música clássica não tendo sido muito caro,
vender-lhe-iam uma gravação nacional das mais baratas.

d) Pudessem todos os jovens brasileiros ter oportunidade de ouvir música


clássica, compositores como Tchaikovsky haverão de encantar a muitos.

e) Apesar de não ser provável que a pergunta chegara ao seu antigo aluno, o
professor decidia formulá-la para expressar uma curiosidade ainda viva.

Questão 30: FCC - CNMP/2015


Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Na literatura internacional da Ciência Política, é hoje dominante o


entendimento de que democracia é um arcabouço institucional para a
pacificação das lutas inerentes à conquista e ao exercício do poder, não um
padrão de sociedade fundado na igualdade socioeconômica substantiva. A
democracia surge historicamente em sociedades com profunda
desigualdade, estratificadas, sendo muito mais causa que consequência da
redução das desigualdades sociais.

De fato, certa tensão entre os conceitos institucional e substantivo da


democracia existe por toda parte, mas articula-se de maneira específica no
pensamento de cada país. Durante todo o século XX, a avaliação de que
democracia só é “autêntica” quando estreitamente associada a avanços no
plano da igualdade foi compartilhada por correntes ideológicas diversas.

Endossar o conceito analítico da democracia como um arcabouço político-


institucional, a meu ver correto, não significa que o corpo de hipóteses

51
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

históricas e empíricas que explica a consolidação da democracia como


sistema em casos concretos possa passar ao largo das desigualdades sociais
e dos obstáculos culturais delas decorrentes. Como processo histórico, a
evolução da democracia representativa deve ser compreendida como
resultante de dois vetores. De um lado, a formação de uma autoridade
central capaz de arbitrar disputas de poder, inclusive mediante a elaboração
de uma complexa aparelhagem eleitoral; de outro, o crescimento
econômico, com todas as implicações para a elevação do piso de bem-estar
e desconcentração das posições de privilégio, status. Num período dilatado
de tempo, tal processo propicia efetiva redistribuição de renda e riqueza,
facilita o surgimento econômico e político de uma classe média e torna mais
provável o fortalecimento da “sociedade civil”.

Desde a Segunda Grande Guerra, o principal determinante da estabilidade


democrática foi o crescimento econômico. Mesmo democracias que no início
pareciam débeis foram se robustecendo à medida que ascendiam a níveis
mais altos de renda per capita, melhoravam seus níveis educacionais e
conseguiam atender as demandas básicas da população. Mas nada assegura
que a configuração de fatores relevantes para a estabilidade permanecerá a
mesma até, digamos, a metade do presente século. Na América Latina, o
regime democrático sabidamente convive com níveis infamantes de
desigualdade social, corrupção e criminalidade, e se beneficia cada vez
menos da força moderadora de valores e instituições “tradicionais”. Assim,
até onde a vista alcança, a estabilidade e o vigor da democracia
dependerão muito do desempenho do sistema político e do aprimoramento
moral da vida pública.

(Adaptado de: LAMOUNIER, Bolivar. “Democracia: origens e presença no


pensamento brasileiro. In: Agenda cultural. São Paulo, Cia. das Letras, 2009. p.
148-150)

... facilita o surgimento econômico e político de uma classe média...

O verbo que, no contexto, possui o mesmo tipo de complemento que o do


sublinhado acima está empregado em:

52
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

a) Mas nada assegura que a configuração de fatores...

b) ... o principal determinante da estabilidade democrática foi o crescimento


econômico.

c) A democracia surge historicamente em sociedades...

d) ... o regime democrático sabidamente convive com níveis infamantes...

e) ... certa tensão entre os conceitos institucional e substantivo da


democracia existe por toda parte...

GABARITO
21) C22) Certo 23) A 24) D 25) A 26) D 27) B 28) A29) B 30) A

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 31: FCC - CNMP/2015


Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Na literatura internacional da Ciência Política, é hoje dominante o


entendimento de que democracia é um arcabouço institucional para a
pacificação das lutas inerentes à conquista e ao exercício do poder, não um
padrão de sociedade fundado na igualdade socioeconômica substantiva. A
democracia surge historicamente em sociedades com profunda
desigualdade, estratificadas, sendo muito mais causa que consequência da
redução das desigualdades sociais.

De fato, certa tensão entre os conceitos institucional e substantivo da


democracia existe por toda parte, mas articula-se de maneira específica no
pensamento de cada país. Durante todo o século XX, a avaliação de que
democracia só é “autêntica” quando estreitamente associada a avanços no
plano da igualdade foi compartilhada por correntes ideológicas diversas.

Endossar o conceito analítico da democracia como um arcabouço político-


institucional, a meu ver correto, não significa que o corpo de hipóteses
históricas e empíricas que explica a consolidação da democracia como
sistema em casos concretos possa passar ao largo das desigualdades sociais
e dos obstáculos culturais delas decorrentes. Como processo histórico, a
evolução da democracia representativa deve ser compreendida como
resultante de dois vetores. De um lado, a formação de uma autoridade
central capaz de arbitrar disputas de poder, inclusive mediante a elaboração
de uma complexa aparelhagem eleitoral; de outro, o crescimento
econômico, com todas as implicações para a elevação do piso de bem-estar
e desconcentração das posições de privilégio, status. Num período dilatado
de tempo, tal processo propicia efetiva redistribuição de renda e riqueza,
facilita o surgimento econômico e político de uma classe média e torna mais
provável o fortalecimento da “sociedade civil”.

Desde a Segunda Grande Guerra, o principal determinante da estabilidade


democrática foi o crescimento econômico. Mesmo democracias que no início

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

pareciam débeis foram se robustecendo à medida que ascendiam a níveis


mais altos de renda per capita, melhoravam seus níveis educacionais e
conseguiam atender as demandas básicas da população. Mas nada assegura
que a configuração de fatores relevantes para a estabilidade permanecerá a
mesma até, digamos, a metade do presente século. Na América Latina, o
regime democrático sabidamente convive com níveis infamantes de
desigualdade social, corrupção e criminalidade, e se beneficia cada vez
menos da força moderadora de valores e instituições “tradicionais”. Assim,
até onde a vista alcança, a estabilidade e o vigor da democracia
dependerão muito do desempenho do sistema político e do aprimoramento
moral da vida pública.

(Adaptado de: LAMOUNIER, Bolivar. “Democracia: origens e presença no


pensamento brasileiro. In: Agenda cultural. São Paulo, Cia. das Letras, 2009. p.
148-150)

Na América Latina, o regime democrático sabidamente convive com níveis


infamantes de desigualdade social...

O elemento sublinhado acima possui, no contexto, a mesma função sintática


que o sublinhado em:
a) Mesmo democracias que no início pareciam débeis...

b) ... sendo muito mais causa que consequência da redução das


desigualdades sociais.

c) ... certa tensão entre os conceitos institucional e substantivo da


democracia existe por toda parte...

d) ... foram se robustecendo à medida que ascendiam a níveis mais altos de


renda per capita...

e) ... que a configuração de fatores relevantes para a estabilidade


permanecerá a mesma...

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 32: FCC - CNMP/2015


Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

O sino d e ouro

[...] − mas me contaram em Goiás, nessa povoação de poucas almas, as casas


são pobres e os homens pobres, e muitos são parados e doentes e
indolentes, e mesmo a igreja é pequena, me contaram que ali tem − coisa
bela e espantosa − um grande sino de ouro.

Lembrança de antigo esplendor, gesto de gratidão, dádiva ao Senhor de um


grã-senhor − nem Chartres, nem Colônia, nem S. Pedro ou Ruão, nenhuma
catedral imensa com seus enormes carrilhões tem nada capaz de um som
tão lindo e puro como esse sino de ouro, de ouro catado e fundido na
própria terra goiana nos tempos de antigamente.

É apenas um sino, mas é de ouro. De tarde seu som vai voando em ondas
mansas sobre as matas e os cerrados, e as veredas de buritis, e a melancolia
do chapadão, e chega ao distante e deserto carrascal, e avança em ondas
mansas sobre os campos imensos, o som do sino de ouro. E a cada um
daqueles homens pobres ele dá cada dia sua ração de alegria. Eles sabem
que de todos os ruídos e sons que fogem do mundo em procura de Deus −
gemidos, gritos, blasfêmias, batuques, sinos, orações, e o murmúrio
temeroso e agônico das grandes cidades que esperam a explosão atômica e
no seu próprio ventre negro parecem conter o germe de todas as explosões
− eles sabem que Deus, com especial delícia e alegria, ouve o som alegre do
sino de ouro perdido no fundo do sertão. E então é como se cada homem, o
mais pobre, o mais doente e humilde, o mais mesquinho e triste, tivesse
dentro da alma um pequeno sino de ouro. [...]

Mas quem me contou foi um homem velho que esteve lá; contou dizendo:
“eles têm um sino de ouro e acham que vivem disso, não se importam com
mais nada, nem querem mais trabalhar; fazem apenas o essencial para
comer e continuar a viver, pois acham maravilhoso ter um sino de ouro”.

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

O homem velho me contou isso com espanto e desprezo. Mas eu contei a


uma criança e nos seus olhos se lia seu pensamento: que a coisa mais bonita
do mundo deve ser ouvir um sino de ouro. Com certeza é esta mesma a
opinião de Deus, pois ainda que Deus não exista ele só pode ter a mesma
opinião de uma criança. Pois cada um de nós quando criança tem dentro da
alma seu sino de ouro que depois, por nossa culpa e miséria e pecado e
corrução*, vai virando ferro e chumbo, vai virando pedra e terra, e lama e
podridão.

*corrução = corrupção (regionalismo)

(Adaptado de: BRAGA, Rubem. Os melhores contos de Rubem Braga. São


Paulo: Global, 1999, 10 ed. p. 131-132)

E a cada um daqueles homens pobres ele dá cada dia sua ração de alegria.

A função sintática do termo sublinhado acima é a mesma do que se


encontra, também sublinhado, em:
a) ... nenhuma catedral imensa [...] tem nada capaz de um som tão lindo e
puro ...

b) Pois cada um de nós quando criança tem dentro da alma seu sino de
ouro ...

c) Eles sabem que de todos os ruídos e sons que fogem do mundo em


procura de Deus ...

d) ... que Deus [...] ouve o som alegre do sino de ouro perdido no fundo do
sertão.

e) De tarde seu som vai voando em ondas mansas sobre as matas e os


cerrados ...

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 33: CESPE - CGE PI/2015


Texto I

Talvez o distinto leitor ou a irresistível leitora sejam naturais, caso em que me


apresso a esclarecer que nada tenho contra os naturais, antes pelo contrário.
Na verdade, alguns dos meus melhores amigos são naturais. Como, por
exemplo, o festejadíssimo cineasta patrício Geraldo Sarno, que é baiano e é
natural — pois neste mundo as combinações mais loucas são possíveis.
Certa feita, estava eu a trabalhar em sua ilustre companhia quando ele me
convidou para almoçar (os cineastas, tradicionalmente, têm bastante mais
dinheiro do que os escritores; deve ser porque se queixam muito melhor).
Aceito o convite, ele me leva a um restaurante que, apesar de simpático, me
pareceu um pouco estranho. Por que a maior parte das pessoas comia com
ar religioso e contrito? Que prato seria aquele que, olhos revirados para cima,
mastigação estoica, e expressão de quem cumpria dever penosíssimo, um
casal comia, entre goles de uma substância esverdeada e viscosa que
lentamente se decantava — para grande prejuízo de sua já emética
aparência — numa jarra suspeitosa? Logo fui esclarecido, quando meu
companheiro e anfitrião, os olhos cintilantes e arregalados, me anunciou:

— Surpresa! Vais comer um almoço natural!

João Ubaldo Ribeiro. A vida natural. In: Arte e ciência de roubar galinha. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.

Acerca das ideias e das estruturas linguísticas do texto I, julgue o item a


seguir.

No trecho “ele me leva a um restaurante que, apesar de simpático, me


pareceu um pouco estranho” (l. 5 e 6), o elemento “que” introduz oração de
natureza restritiva, intercalada por estrutura de valor adverbial.
Certo

Errado

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 34: FCC - SEFAZ PE/2015


Instruções: Para responder à questão, considere o texto que segue, extraído
de obra publicada em 1993.

A evolução das relações internacionais desde o fim da Segunda Guerra


Mundial foi largamente comandada pela emancipação dos povos
colonizados e pela constituição de um terceiro mundo, que decidiu
permanecer neutro no enfrentamento dos dois blocos. Um dos fenômenos
mais importantes da história contemporânea é, precisamente, a entrada, no
palco das relações internacionais, na condição dos países que se tornam
atores da diplomacia, dos que, por tanto tempo, nele só figuraram como
objeto. O universo político deixa de reduzir-se ao concerto das grandes
potências, a saber, quatro ou cinco grandes Estados europeus, mais os
Estados Unidos e o Japão. O número dos Estados multiplicou-se: é um
aspecto e uma decorrência da descolonização. A ONU conta hoje 135
Estados, ao passo que a SDN nunca reuniu mais de cinquenta.

A descolonização modificou, ao mesmo tempo, o estado das relações entre


os continentes, a vida das antigas colônias que chegam à independência e
até, por via de consequência, a existência das antigas potências
colonizadoras. Todos os aspectos até agora enfocados são transformados
pelas repercussões da descolonização.

Se quiséssemos reduzir a história política do mundo nos dois últimos séculos


a alguns elementos constitutivos, teríamos de assinalar a Revolução de 1789,
a revolução russa de 1917 e a emancipação dos continentes sujeitos, há
vários séculos, ao domínio da Europa e do homem branco. Foi a sucessão
desses três grandes fatos que modelou a fisionomia do mundo
contemporâneo: nosso universo resulta essencialmente dessas três forças
sucessivas.

Para apreciar o alcance da descolonização, cumpre situá-la na perspectiva


histórica a longo prazo do esforço colonizador europeu. Na véspera da

59
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Primeira Guerra Mundial, o mundo era quase totalmente dominado,


animado e organizado pela Europa. Pouquíssimos países haviam escapado a
esse domínio: o Japão era um deles. Os outros que se encontravam na
mesma situação deviam-no ao seu afastamento ou isolamento e, com mais
frequência, haviam pago sua independência com a estagnação: assim a
Etiópia na África.

Obs.: SDN: Sociedade das Nações, também conhecida como Liga das Nações,
foi criada no final da I Guerra Mundial, empenhada em manter a paz
internacional. Fracassado seu objetivo, extinguiu-se, passando, em 1946, as
responsabilidades à recém-criada Organização das Nações Unidas, a ONU.

(RÉMOND, René. A descolonização. In: O século XX: de 1914 aos nossos dias.
Trad. Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, p.165-166)

A evolução das relações internacionais desde o fim da Segunda Guerra


Mundial foi largamente comandada pela emancipação dos povos
colonizados e pela constituição de um terceiro mundo, que decidiu
permanecer neutro no enfrentamento dos dois blocos. Um dos fenômenos
mais importantes da história contemporânea é, precisamente, a entrada, no
palco das relações internacionais, na condição dos países que se tornam
atores da diplomacia, dos que, por tanto tempo, nele só figuraram como
objeto.

Sobre o que se tem acima, é correto afirmar:


a) Transpondo a frase inicial para a voz ativa, obtém-se a forma verbal
"comandou".

b) Em decidiu permanecer, o verbo que indica permanência de estado


sinaliza a presença, na frase, de uma ideia não explícita.

c) Considerado o respeito às fronteiras sintático-semânticas, a colocação de


uma vírgula depois da palavra Mundial mantém a correção da frase.

60
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

d) A substituição de por tanto tempo por "há muito" não altera qualquer
traço de sentido presente na formulação original.

e) A palavra só, equivalendo a "mesmo" ou "próprio", constitui reforço


demonstrativo da referência feita pelo pronome, tal como se nota em "Mário,
o chef dos chefs, ele só fará o bolo de casamento".

Questão 35: FCC - SEFAZ PE/2015


Instruções: Para responder à questão, considere o texto que segue, extraído
de obra publicada em 1993.

A evolução das relações internacionais desde o fim da Segunda Guerra


Mundial foi largamente comandada pela emancipação dos povos
colonizados e pela constituição de um terceiro mundo, que decidiu
permanecer neutro no enfrentamento dos dois blocos. Um dos fenômenos
mais importantes da história contemporânea é, precisamente, a entrada, no
palco das relações internacionais, na condição dos países que se tornam
atores da diplomacia, dos que, por tanto tempo, nele só figuraram como
objeto. O universo político deixa de reduzir-se ao concerto das grandes
potências, a saber, quatro ou cinco grandes Estados europeus, mais os
Estados Unidos e o Japão. O número dos Estados multiplicou-se: é um
aspecto e uma decorrência da descolonização. A ONU conta hoje 135
Estados, ao passo que a SDN nunca reuniu mais de cinquenta.

A descolonização modificou, ao mesmo tempo, o estado das relações entre


os continentes, a vida das antigas colônias que chegam à independência e
até, por via de consequência, a existência das antigas potências
colonizadoras. Todos os aspectos até agora enfocados são transformados
pelas repercussões da descolonização.

Se quiséssemos reduzir a história política do mundo nos dois últimos séculos


a alguns elementos constitutivos, teríamos de assinalar a Revolução de 1789,
a revolução russa de 1917 e a emancipação dos continentes sujeitos, há
vários séculos, ao domínio da Europa e do homem branco. Foi a sucessão

61
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

desses três grandes fatos que modelou a fisionomia do mundo


contemporâneo: nosso universo resulta essencialmente dessas três forças
sucessivas.

Para apreciar o alcance da descolonização, cumpre situá-la na perspectiva


histórica a longo prazo do esforço colonizador europeu. Na véspera da
Primeira Guerra Mundial, o mundo era quase totalmente dominado,
animado e organizado pela Europa. Pouquíssimos países haviam escapado a
esse domínio: o Japão era um deles. Os outros que se encontravam na
mesma situação deviam-no ao seu afastamento ou isolamento e, com mais
frequência, haviam pago sua independência com a estagnação: assim a
Etiópia na África.

Obs.: SDN: Sociedade das Nações, também conhecida como Liga das Nações,
foi criada no final da I Guerra Mundial, empenhada em manter a paz
internacional. Fracassado seu objetivo, extinguiu-se, passando, em 1946, as
responsabilidades à recém-criada Organização das Nações Unidas, a ONU.

(RÉMOND, René. A descolonização. In: O século XX: de 1914 aos nossos dias.
Trad. Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, p.165-166)

Para apreciar o alcance da descolonização, cumpre situá-la na perspectiva


histórica a longo prazo do esforço colonizador europeu. Na véspera da
Primeira Guerra Mundial, o mundo era quase totalmente dominado,
animado e organizado pela Europa. Pouquíssimos países haviam escapado a
esse domínio: o Japão era um deles.

Análise correta do acima transcrito justifica a seguinte observação:


a) A oração reduzida inicial corresponde à oração desenvolvida "Apreciando
o alcance da descolonização".

b) O emprego do pronome em situá-la constitui deslize, pois o tema do


período é o alcance da descolonização.

62
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

c) A sequência presente em o mundo era quase totalmente dominado,


animado e organizado pela Europa compõe escala ascendente.

d) Em o mundo era quase totalmente dominado, animado e organizado pela


Europa, o primeiro advérbio constitui modulação da ideia expressa pelo
segundo.

e) A locução verbal haviam escapado equivale semanticamente à forma


verbal "escaparam".

Questão 36: FCC -SEFAZ PE/2015


Instruções: Para responder à questão, considere o texto que segue, extraído
de obra publicada em 1993.

A evolução das relações internacionais desde o fim da Segunda Guerra


Mundial foi largamente comandada pela emancipação dos povos
colonizados e pela constituição de um terceiro mundo, que decidiu
permanecer neutro no enfrentamento dos dois blocos. Um dos fenômenos
mais importantes da história contemporânea é, precisamente, a entrada, no
palco das relações internacionais, na condição dos países que se tornam
atores da diplomacia, dos que, por tanto tempo, nele só figuraram como
objeto. O universo político deixa de reduzir-se ao concerto das grandes
potências, a saber, quatro ou cinco grandes Estados europeus, mais os
Estados Unidos e o Japão. O número dos Estados multiplicou-se: é um
aspecto e uma decorrência da descolonização. A ONU conta hoje 135
Estados, ao passo que a SDN nunca reuniu mais de cinquenta.

A descolonização modificou, ao mesmo tempo, o estado das relações entre


os continentes, a vida das antigas colônias que chegam à independência e
até, por via de consequência, a existência das antigas potências
colonizadoras. Todos os aspectos até agora enfocados são transformados
pelas repercussões da descolonização.

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Se quiséssemos reduzir a história política do mundo nos dois últimos séculos


a alguns elementos constitutivos, teríamos de assinalar a Revolução de 1789,
a revolução russa de 1917 e a emancipação dos continentes sujeitos, há
vários séculos, ao domínio da Europa e do homem branco. Foi a sucessão
desses três grandes fatos que modelou a fisionomia do mundo
contemporâneo: nosso universo resulta essencialmente dessas três forças
sucessivas.

Para apreciar o alcance da descolonização, cumpre situá-la na perspectiva


histórica a longo prazo do esforço colonizador europeu. Na véspera da
Primeira Guerra Mundial, o mundo era quase totalmente dominado,
animado e organizado pela Europa. Pouquíssimos países haviam escapado a
esse domínio: o Japão era um deles. Os outros que se encontravam na
mesma situação deviam-no ao seu afastamento ou isolamento e, com mais
frequência, haviam pago sua independência com a estagnação: assim a
Etiópia na África.

Obs.: SDN: Sociedade das Nações, também conhecida como Liga das Nações,
foi criada no final da I Guerra Mundial, empenhada em manter a paz
internacional. Fracassado seu objetivo, extinguiu-se, passando, em 1946, as
responsabilidades à recém-criada Organização das Nações Unidas, a ONU.

(RÉMOND, René. A descolonização. In: O século XX: de 1914 aos nossos dias.
Trad. Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, p.165-166)

Na véspera da Primeira Guerra Mundial, o mundo era quase totalmente


dominado, animado e organizado pela Europa. Pouquíssimos países haviam
escapado a esse domínio: o Japão era um deles. Os outros que se
encontravam na mesma situação deviam-no ao seu afastamento ou
isolamento e, com mais frequência, haviam pago sua independência com a
estagnação: assim a Etiópia na África.

Compreende-se corretamente do que se tem acima, considerado em seu


contexto:

64
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

a) A expressão na mesma situação remete à mesma conjuntura dos países


que eram dominados pela Europa.

b) Explicação plausível para o emprego do pronome em deviam-no é


considerá-lo como remetendo a "o fato", expressão não explícita na frase,
mas facilmente recuperada na situação discursiva.

c) A conjunção ou enlaça unidades coordenadas exprimindo a total


equivalência delas, do ponto de vista semântico, motivo pelo qual
constituem reiteração que busca produzir realce.

d) A retirada da primeira vírgula em e, com mais frequência, mantém a


correção da frase.

e) Redação alternativa ao trecho destacado, igualmente correta, poderia ser


"teriam pago sua independência com a estagnação, a exemplo do que se
deu com a Etiópia, na África".

Questão 37: FCC - SEFAZ PI/2015


Atenção: Para responder à questão, considere o trecho abaixo transcrito.

Como costumo dizer, estou a cada momento descobrindo o óbvio. É que, às


vezes, o óbvio, por ser óbvio, esconde o mistério, ou, pelo menos, é o que me
parece.

Uma das coisas óbvias que descobri é que muito troço na vida resulta, em
boa parte, do acaso.

Sei que há pessoas que pensam o contrário, pois acreditam que tudo o que
acontece já estava determinado. Acho isso difícil, quando mais não seja
porque, sem falar no resto, só de gente no planeta há atualmente muitos
bilhões. Já imaginou o que seria prever e determinar tudo o que deve
ocorrer com essa quantidade de gente a cada minuto?

65
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Bem, não vou discutir esse tema porque não é ele que me traz a essa
conversa com você. Acho fascinante − ainda que um tanto assustador − o
fato de que o que pode nos acontecer seja imprevisível. Faz da vida uma
aventura, e o jeito é torcer por um "happy end".

Mas o melhor mesmo é não se preocupar com isso e deixar o barco correr
solto. Isso não significa não tentar fazer com que tudo dê certo, ou seja, que
busquemos o melhor, a felicidade, a alegria.

É como no futebol: a função do técnico é treinar o time para que faça mais
gols do que leve. Assim na vida como no jogo.

(GULLAR, Ferreira Necessidade. Folha de S.Paulo, E10, ilustrada, domingo,


30/11/2014)

Afirma-se com correção:


a) Além do fato de ser veiculado pelo jornal, o que define que o texto de
Ferreira Gullar seja exemplo de uso informal da linguagem é o assunto
abordado.

b) Transposta a frase Já imaginou ... a cada minuto?, em seu contexto, para o


discurso indireto, tem-se a forma "FG indagou se o leitor já teria imaginado o
que seria prever e determinar tudo o que deve ocorrer com aquela
quantidade de gente a cada minuto".

c) Na frase Acho fascinante − ainda que um tanto assustador − o fato de que


o que pode nos acontecer seja imprevisível, temos exemplo de emprego de
pronome demonstrativo referindo-se ao sentido geral de uma frase.

d) O futuro do subjuntivo do verbo prever (linha 5) tem, com exceção da


vogal da primeira sílaba, forma idêntica à do futuro do subjuntivo do verbo
"prover".

66
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

e) Observada a organização sintática da frase (linhas 7 e 8), é também


adequada esta outra pontuação para o período original "Acho fascinante
(ainda que um tanto assustador), o fato de que o que pode nos acontecer,
seja imprevisível".

Questão 38: FCC - SEFAZ PI/2015


Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

“O povo não gosta de música clássica”

Estudante de Letras, mal chegado à faculdade, comecei a dar aulas de


Português numa escola pública da periferia da cidade. Estava feliz porque
gostei do trabalho de professor, nessa escola estadual frequentada
sobretudo por comerciários, office boys, aprendizes de ofício, feirantes etc.
Éramos quase todos da mesma idade, havia camaradagem entre nós.

Um dia convidei um grupinho dos mais chegados pra ir à minha casa ouvir
música. “Música clássica”, adverti. Preparei um programinha meio didático,
dentro da sequência histórica, com peças mais ou menos breves que iam do
canto gregoriano a Villa-Lobos. Comentava as diferenças de estilo, de
sentimento, de complexidade. A sessão toda durou quase duas horas,
incluindo minhas tagarelices. Gostaram muito.

Dois ou três dias depois, um deles (pobre, como os outros) apareceu na aula
com um embrulho na mão. “Professor, comprei hoje isso pra mim. O senhor
acha que essa música é boa?” Era um LP de Tchaikovsky, talvez com sinfonias
ou aberturas, não me lembro. Disse que sim, e ele saiu todo sorridente.
Imaginei a cena do dia: ele entrando numa casa de disco do centro da cidade
e pedindo um “disco de música clássica”. Venderam-lhe uma gravação barata,
nacional.

Ao final do ano letivo despediu-se de mim (sairia da escola, concluído o


primeiro grau) e me deixou na mão um bilhetinho. Não decorei as palavras,

67
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

que eram poucas, mais ou menos estas: “Professor, muito obrigado por me
fazer gostar de música clássica”. Desmoronei um pouco, pensando em como
este país poderia ser diferente. Não lhe disse, na hora, que a gente pode
gostar naturalmente de qualquer música: é preciso que não obstruam nosso
acesso a todos os gêneros musicais. E embora seja quase impossível que
estas palavras cheguem ao meu antigo aluno, pergunto-lhe agora, com mais
de quatro décadas de atraso: “Então, seu Carlos, gostou do Tchaikovsky?”

(Teotônio Ramires, inédito)

Na frase As músicas ...... eu lhes ia dando informação foram ouvidas pelos


alunos com uma compenetração ...... sinceridade ninguém poderia duvidar,
preenchem adequadamente as lacunas:
a) sobre cujas − cuja

b) de que − na qual

c) com que − onde a

d) sobre as quais − de cuja

e) pelas quais − da qual

Questão 39: FCC - SEFAZ PI/2015


Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.

A lanterninha

Apaguei todas as luzes, e não foi por economia; foi porque me deram uma
lanterna de bolso, e tive a ideia de fazer a experiência de luz errante.

A casa, com seus corredores, portas, móveis e ângulos que recebiam


iluminação plena, passou a ser um lugar estranho, variável, em que só se
viam seções de paredes e objetos, nunca a totalidade. E as seções giravam,

68
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

desapareciam, transformavam- se. Isso me encantou. Eu descobria outra casa


dentro da casa.

A lanterna passava pelas coisas com uma fantasia criativa e destrutiva que
subvertia o real. Mas que é o real, senão o acaso da iluminação? Apurei que
as coisas não existem por si, mas pela claridade que as modela e projeta em
nossa percepção visual. E que a luz é Deus.

A partir daí entronizei minha lanterninha em pequeno nicho colocado na


estante, e dispensei-me de ler os tratados que me perturbavam a
consciência. Todas as noites retiro-a de lá e mergulho no divino. Até que um
dia me canse e tenha de inventar outra divindade.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: José


Olympio, 1985, p. 25)

Ganhei uma lanterna e passei a explorar a lanterna, projetando a luz


que emanava da lanterna para transfigurar os cantos e objetos familiares da
casa, dotando a lanterna desse poder divino de criar as coisas ao mesmo
tempo que ilumina as coisas.

Evitam-se as viciosas repetições acima substituindo-se os segmentos


sublinhados, na ordem dada, por:
a) explorar-lhe − lhe emanava − dotando-a − ilumina-as

b) explorá-la − a emanava − dotando-lhe − as ilumina

c) a explorar − nela emanava − dotando-lhe − lhes ilumina

d) lhe explorar − emanava dela − dotando-a − ilumina-lhes

e) explorá-la − dela emanava − dotando-a − as ilumina

Questão 40: VUNESP - PC CE/2015

69
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Leia o texto para responder à questão.

Ficção universitária

Os dados do Ranking Universitário publicados em setembro de 2013 trazem


elementos para que tentemos desfazer o mito, que consta da Constituição,
de que pesquisa e ensino são indissociáveis.

É claro que universidades que fazem pesquisa tendem a reunir a nata dos
especialistas, produzir mais inovação e atrair os alunos mais qualificados,
tornando-se assim instituições que se destacam também no ensino. O
Ranking Universitário mostra essa correlação de forma cristalina: das 20
universidades mais bem avaliadas em termos de ensino, 15 lideram no
quesito pesquisa (e as demais estão relativamente bem posicionadas). Das
20 que saem à frente em inovação, 15 encabeçam também a pesquisa.

Daí não decorre que só quem pesquisa, atividade estupidamente cara, seja
capaz de ensinar. O gasto médio anual por aluno numa das três
universidades estaduais paulistas, aí embutidas todas as despesas que
contribuem direta e indiretamente para a boa pesquisa, incluindo inativos e
aportes de Fapesp, CNPq e Capes, é de R$ 46 mil (dados de 2008). Ora, um
aluno do ProUni custa ao governo algo em torno de R$ 1.000 por ano em
renúncias fiscais.

Não é preciso ser um gênio da aritmética para perceber que o país não
dispõe de recursos para colocar os quase sete milhões de universitários em
instituições com o padrão de investimento das estaduais paulistas.

E o Brasil precisa aumentar rapidamente sua população universitária. Nossa


taxa bruta de escolarização no nível superior beira os 30%, contra 59% do
Chile e 63% do Uruguai. Isso para não mencionar países desenvolvidos como
EUA (89%) e Finlândia (92%).

Em vez de insistir na ficção constitucional de que todas as universidades do


país precisam dedicar-se à pesquisa, faria mais sentido aceitar o mundo

70
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

como ele é e distinguir entre instituições de elite voltadas para a produção


de conhecimento e as que se destinam a difundi-lo. O Brasil tem necessidade
de ambas.

(Hélio Schwartsman. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br,


10.09.2013. Adaptado)

Considere o seguinte trecho do texto.

Os dados do Ranking Universitário publicados em setembro de 2013


trazem elementos para que tentemos desfazer o mito...

Assinale a alternativa em que os pronomes que substituem as expressões em


destaque estão corretamente empregados, de acordo com a norma-padrão
da língua portuguesa.
a) Os dados do Ranking Universitário publicados em setembro de 2013
trazem-os para que tentemos desfazer-no...

b) Os dados do Ranking Universitário publicados em setembro de 2013


trazem-nos para que tentemos desfazer-lhe...

c) Os dados do Ranking Universitário publicados em setembro de 2013


trazem-lhes para que tentemos desfazê-lo...

d) Os dados do Ranking Universitário publicados em setembro de 2013


trazem-nos para que tentemos desfazê-lo...

e) Os dados do Ranking Universitário publicados em setembro de 2013


trazem-lhes para que tentemos desfazer-lhe...

GABARITO
31) D 32) C 33) Certo 34) B 35) D36) B 37) B 38) D 39) E 40) D

71
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 41: FCC - TCM-GO/2015


Pátrio poder

Pais que vivem em bairros violentos de São Paulo chegam a comprometer


20% de sua renda para manter seus filhos em escolas privadas. O
investimento faz sentido? A questão, por envolver múltiplas variáveis, é
complexa, mas, se fizermos questão de extrair uma resposta simples, ela é
"provavelmente sim". Uma série de estudos sugere que a influência de pais
sobre o comportamento dos filhos, ainda que não chegue a ser nula, é
menor do que a imaginada e se dá por vias diferentes das esperadas. Quem
primeiro levantou essa hipótese foi a psicóloga Judith Harris no final dos
anos 90.

Para Harris, os jovens vêm programados para ser socializados não pelos pais,
como pregam nossas instituições e nossa cultura, mas pelos pares, isto é,
pelas outras crianças com as quais convivem. Um dos muitos argumentos
que ela usa para apoiar sua teoria é o fato de que filhos de imigrantes não
terminam falando com a pronúncia dos genitores, mas sim com a dos jovens
que os cercam.

As grandes aglomerações urbanas, porém, introduziram um problema. Em


nosso ambiente ancestral, formado por bandos de no máximo 200 pessoas,
o "cantinho" das crianças era heterogêneo, reunindo meninos e meninas de
várias idades. Hoje, com escolas que reúnem centenas de alunos, o(a)
garoto(a) tende a socializar-se mais com coleguinhas do mesmo sexo, idade
e interesses. O resultado é formação de nichos com a exacerbação de
características mais marcantes. Meninas se tornam hiperfemininas, e
meninos, hiperativos. O mau aluno encontra outros maus alunos, que
constituirão uma subcultura onde rejeitar a escola é percebido como algo
positivo. O mesmo vale para a violência e drogas. Na outra ponta, podem
surgir meios que valorizem a leitura e a aplicação nos estudos.

Nesse modelo, a melhor chance que os pais têm de influir é determinando a


vizinhança em que seu filho vai viver e a escola que frequentará.

72
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

(Adaptado de: SCHWARTSMAN, Hélio. Folha de São Paulo, 7/12/2014)

Formam-se grupos de alunos nas escolas. O que determina esses grupos não
é uma orientação formal; o que constitui esses grupos, o que traça os
contornos desses grupos, são as afinidades individuais.

Evitam-se as viciosas repetições do texto acima substituindo-se os elementos


sublinhados, na ordem dada, por
a) lhes determina − lhes constitui − traça-lhes os contornos

b) os determina − constitui-lhes − os traça seus contornos

c) os determina − os constitui − lhes traça os contornos

d) determina-lhes − os constitui − traça a seus contornos

e) determina-os − constitui-os − os traça contornos

Questão 42: CESPE - MPU/2015


A persecução penal se desenvolve em duas fases: uma fase administrativa,
de inquérito policial, e uma fase jurisdicional, de ação penal. Assim, nada
mais é o inquérito policial que um procedimento administrativo destinado a
reunir elementos necessários à apuração da prática de uma infração penal e
de sua autoria. Em outras palavras, o inquérito policial é um procedimento
policial que tem por finalidade construir um lastro probatório mínimo,
ensejando justa causa para que o titular da ação penal possa formar seu
convencimento, a opinio delicti, e, assim, instaurar a ação penal cabível.
Nessa linha, percebe-se que o destinatário imediato do inquérito policial é o
Ministério Público, nos casos de ação penal pública, e o ofendido, nos casos
de ação penal privada.

De acordo com o conceito ora apresentado, para que o titular da ação penal
possa, enfim, ajuizá-la, é necessário que haja justa causa. A justa causa,

73
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

identificada por parte da doutrina como uma condição da ação autônoma,


consiste na obrigatoriedade de que existam prova acerca da materialidade
delitiva e, ao menos, indícios de autoria, de modo a existir fundada suspeita
acerca da prática de um fato de natureza penal. Dessa forma, é
imprescindível que haja provas acerca da possível existência de um fato
criminoso e indicações razoáveis do sujeito que tenha sido o autor desse
fato.

Evidencia-se, portanto, que é justamente na fase do inquérito policial que


serão coletadas as informações e as provas que irão formar o convencimento
do titular da ação penal, isto é, a opinio delicti. É com base nos elementos
apurados no inquérito que o promotor de justiça, convencido da existência
de justa causa para a ação penal, oferece a denúncia, encerrando a fase
administrativa da persecução penal.

Hálinna Regina de Lira Rolim. A possibilidade de investigação do Ministério


Público na fase pré-processual penal. Artigo científico. Rio de Janeiro: Escola
de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, 2010, p. 4. Internet :
<www.emerj.tjrj.jus.br>. (com adaptações).

Julgue o item que se segue, a respeito das estruturas linguísticas do texto.

Em “Evidencia-se”, o pronome “se” pode, facultativa e corretamente, ser tanto


posposto — como aí foi empregado — quanto anteposto à forma verbal
— Se evidencia.
Certo

Errado

Questão 43: VUNESP - CM Caieiras/2015


Cozinhar, uma antiga atividade humana

Cozinhar é uma das mais antigas atividades humanas, surgida por volta de

74
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

sete mil anos atrás, quando o homem adquiriu meios seguros de obter e
dominar o fogo.

Ao escolher a profissão de cozinheiro, é preciso saber que é uma carreira


para a qual é preciso muito esforço, dedicação, aprendizagem, treino e,
sobretudo, gostar do que se faz. Além disso, é preciso ser criativo, ter espírito
de liderança, organização e capacidade de ensinar.

Ao longo das últimas décadas, o cenário gastronômico no Brasil se


transformou completamente. A mudança que serviu de mola propulsora foi
a profissionalização do setor. Começou, timidamente, com a chegada de
“chefs” estrangeiros, no começo dos anos 80, fortaleceu-se com a abertura
das importações no começo dos anos 90 e consolidou-se com a fundação da
ABAGA (Associação Brasileira da Alta Gastronomia), em 1995, cujo empenho,
desde o início, voltou-se para a formação e a valorização do profissional da
cozinha.

(http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/maio/dia-do-cozinheiro.php.
24.11.2014. Adaptado)

Assinale a alternativa em que a colocação dos pronomes está de acordo com


a norma-padrão da língua portuguesa.
a) Ele já entregou-lhe as frutas e legumes ontem à tarde.

b) Logo que viram-nos, trouxeram os cardápios para nós.

c) Nunca deve-se fazer as refeições antes de lavar bem as mãos.

d) Me informaram que a cozinha já estava higienizada.

e) Não se sabe a que horas chegarão os ingredientes.

75
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 44: VUNESP - CM Caieiras/2015


Uma rasteira no cotidiano

Dia desses, precisei pingar um remédio no nariz e deitei na cama para fazer
isso. O remédio desceu pelas minhas narinas, mas eu não conseguia mais me
levantar.

Meu pé foi capturado pela delícia de um raio de sol que costuma atravessar o
meu quarto àquela hora do dia.

Eu fiquei ali parada, deitada sobre a colcha, esquentando os pés enquanto


olhava uns reflexos dançando no teto. Minha cabeça começou a caminhar.

Se não fosse o meu nariz congestionado, não estaria ali. Eu me assustei. Não
conseguia me lembrar de uma única vez que tivesse deitado na minha cama
assim, no meio do dia, sem exata serventia. Uma coisa tão simples, tão boa e
por que tão rara? Por quê? Por que não faço isso mais vezes?

A vida cotidiana sempre me parece excessiva, mas eu também me rendo ao


que parece ser a ordem natural das coisas e vivo correndo de um lado para
outro com meu celular na mão.

Mas aquele dia fiz uma coisa tão banal! Deitei na minha cama de dia e entrei
numa bolha subversiva de calma e
prazer. Dei uma rasteira no cotidiano.

Faça o mesmo, caro leitor. Deite-se, ainda que seja por dez minutos. Sem
função. Deite-se para ouvir-se.

Sempre tive uma curiosa inveja desses trabalhadores de praças e jardins que
vejo, depois do almoço, deitados nos tristes gramados urbanos.

Apesar do serviço duro, são capazes de deitar na grama no meio do dia,


enquanto nós continuamos no trânsito passando séculos sem ver uma

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

árvore de baixo para cima. Quando estou num táxi e vejo um deles, eu me
lembro de recostar a cabeça no banco para, no mínimo, ver uma inédita
cidade passando pelo céu.

Pura delícia. Experimente. E se alguém ficar surpreso com sua atitude, diga
que resolveu dar uma rasteira no cotidiano.

(Denise Fraga. Folha de S. Paulo, 14.05.2013. Adaptado)

O pronome lhe está substituindo corretamente a expressão destacada em:


a) Dia desses, precisei pingar um remédio no meu nariz. → Dia desses,
precisei pingar-lhe no nariz.

b) Observei um raio de sol que costuma atravessar o meu quarto. →


Observei um raio de sol que costuma atravessar-lhe.

c) Deitada, olhava uns reflexos dançando no teto. → Deitada, olhava-


lhes dançando no teto.

d) Relaxar vendo uma inédita cidade passar pelo céu. → Relaxar vendo-
lhe passar pelo céu.

e) Diga que resolveu dar uma rasteira no cotidiano. → Diga que resolveu
dar-lhe uma rasteira.

Questão 45: VUNESP -CM Caieiras/2015


Assinale a alternativa que completa corretamente a frase seguinte, no que se
refere ao emprego dos pronomes. Prezados colaboradores, caso tenham
sugestões para aprimorarmos nossos serviços, favor
a) encaminhá-las à diretoria, que se encarregará de analisá-las.

b) encaminhá-las à diretoria, que encarregar-se-á de analisar-lhes.

c) encaminhar-lhes à diretoria, que se encarregará de analisá-las.

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

d) encaminhar-lhes à diretoria, que se encarregará de analisar-lhes.

e) encaminhar-lhes à diretoria, que encarregar-se-á de analisá-las.

Questão 46: CESGRANRIO -BB/2015


Cartilha orienta consumidor

Lançada pelo SindilojasRio e pelo CDL-Rio,


em parceria com o Procon-RJ, guia destaca os principais
pontos do Código de Defesa do Consumidor (CDC),
selecionados a partir das dúvidas e reclamações mais
comuns recebidas pelas duas entidades

O Sindicato de Lojistas do Comércio do Rio de Janeiro (SindilojasRio) e o


Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDL-Rio) lançaram ontem uma
cartilha para orientar lojistas e consumidores sobre seus direitos e deveres.
Com o objetivo de dar mais transparência e melhorar as relações de
consumo, a cartilha tem apoio também da Secretaria Estadual de Proteção e
Defesa do Consumidor (Seprocon)/ Procon-RJ.

Batizada de Boas Vendas, Boas Compras! – Guia prático de direitos e deveres


para lojistas e consumidores, a publicação destaca os principais pontos do
Código de Defesa do Consumidor (CDC), selecionados a partir das dúvidas e
reclamações mais comuns recebidas, tanto pelo SindilojasRio e CDL-Rio,
como pelo Procon-RJ.

“A partir da conscientização de consumidores e lojistas sobre seus direitos e


deveres, queremos contribuir para o crescimento sustentável das empresas,
tendo como base a ética, a qualidade dos produtos e a boa prestação de
serviços ao consumidor”, explicou o presidente do SindilojasRio e do CDL-
Rio, Aldo Gonçalves.

Gonçalves destacou que as duas entidades estão comprometidas em


promover mudanças que propiciem o avanço das relações de consumo, além

78
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

do desenvolvimento do varejo carioca.

“O consumidor é o nosso foco. É importante informá-lo dos seus direitos”,


disse o empresário, ressaltando que conhecer bem o CDC é vital não só para
os lojistas, mas também para seus fornecedores.

Jornal do Commercio. Rio de Janeiro. 08 abr. 2014, A-9. Adaptado.

Na frase “‘É importante informá-lo dos seus direitos’” emprega-se o


verbo informar seguido do pronome oblíquo. Entretanto, o redator poderia
ter optado por empregar, em vez de lo, o pronome lhe.

A frase resultante, mantendo-se o mesmo sentido e respeitando-se a norma-


padrão, seria:
a) É importante informar-lhe sobre os seus direitos.

b) É importante lhe informar a respeito dos seus direitos.

c) É importante informar-lhe dos seus direitos.

d) É importante informar-lhe os seus direitos.

e) É importante lhe informar acerca dos seus direitos.

Questão 47: VUNESP - TCE-SP/2015


Leia a charge para responder à questão.

(Gazeta do Povo, 01.10.2014)

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Se a fala da personagem iniciasse com “O eletricista esteve em casa”, sua


continuação correta, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa,
seria:
a) como eu sempre disse-lhe, o importante é manter o foco.

b) como eu sempre disse-o, o importante é manter o foco.

c) como eu sempre disse à ele, o importante é manter o foco.

d) como eu sempre lhe disse, o importante é manter o foco.

e) como eu sempre o disse, o importante é manter o foco.

Questão 48: VUNESP - SAP SP/2015

(Folha de S.Paulo, 19.10.2014. Adaptado)

De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, no segundo


quadrinho, a frase do personagem deve ser preenchida com:
a) o sussurrar para eu.

b) sussurrar-lhe para eu.

c) sussurrar-no para eu.

d) lhe sussurrar para mim.

e) sussurrá-lo para mim.

Questão 49: VUNESP - SAP SP/2015


Leia o texto para responder à questão

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Pelo menos 20,9 milhões de pessoas – principalmente mulheres e meninas –


no mundo são afetadas pelas diversas formas contemporâneas de
escravidão, segundo estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU). A
pobreza, os conflitos, a violência, a falta de acesso à educação e ao trabalho
decente e a falta de oportunidades para o empoderamento socioeconômico
são considerados os principais fatores subjacentes à escravidão, segundo a
organização.

O secretário-geral da ONU disse que governos, a sociedade civil e o setor


privado devem se unir para erradicar todas as formas contemporâneas de
escravidão, incluindo o trabalho forçado. Ele apelou para que os Estados-
Membros “ratifiquem e implementem os instrumentos relevantes de direito
internacional, em particular o novo protocolo elaborado pela Organização
Internacional do Trabalho, que foi concebido para fortalecer os esforços
globais para eliminar o trabalho forçado”.

(www.istoe.com.br, 02.12.2014. Adaptado)

Assinale a alternativa correta quanto à colocação pronominal.


a) Se encontram no mundo contemporâneo muitas pessoas afetadas pelas
diversas formas de escravidão.

b) O mundo atual tem caracterizado-se por uma série de ações de combate


a todas as formas de escravidão.

c) A sociedade contemporânea agora se vê com o grande desafio de


combater a escravidão.

d) A sociedade não conscientizou-se plenamente ainda da importância do


combate à escravidão.

e) Ainda têm-se notícias de pessoas afetadas pelas diversas formas


contemporâneas de escravidão.

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 50: FCC -TRT 15/2015


Atenção: Para responder às questões de números, considere o texto abaixo.

Não é preciso assistir a 12 Anos de Escravidão para saber que a prática foi
uma das maiores vergonhas da humanidade. Mas é preciso corrigir o tempo
do verbo. Foi? Melhor escrever a frase no presente. A escravidão ainda é uma
das maiores vergonhas da humanidade. E o fato de o Ocidente não ocupar
mais o topo da lista como responsável pelo crime não deve ser motivo para
esquecermos ou escondermos a infâmia.

Anos atrás, lembro-me de um livro aterrador de Benjamin Skinner que ficou


gravado nos meus neurônios. Seu título era A Crime So Monstrous (Um crime
tão monstruoso) e Skinner ocupava-se da escravidão moderna para chegar à
conclusão aterradora: existem hoje mais escravos do que em qualquer outra
época da história humana.

Skinner não falava apenas de novas formas de escravidão, como o tráfico de


mulheres na Europa ou nos Estados Unidos. A escravidão que denunciava
com dureza era a velha escravidão clássica − a exploração braçal e brutal de
milhares ou milhões de seres humanos trabalhando em plantações ou
pedreiras ao som do chicote. [...]

Pois bem: o livro de Skinner tem novos desenvolvimentos com o maior


estudo jamais feito sobre a escravidão atual. Promovido pela Associação
Walk Free, o Global Slavery Index é um belo retrato da nossa miséria
contemporânea. [...]

A Índia, tal como o livro de Benjamin Skinner já anunciava, continua a


espantar o mundo em termos absolutos com um número que hoje oscila
entre os 13 milhões e os 14 milhões de escravos. Falamos, na grande maioria,
de gente que continua a trabalhar uma vida inteira para pagar as chamadas
"dívidas transgeracionais" em condições semelhantes às dos escravos do
Brasil nas roças.

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Conclusões principais do estudo? Pessoalmente, interessam-me duas. A


primeira, segundo o Global Slavery Index, é que a escravidão é residual, para
não dizer praticamente inexistente, no Ocidente branco e "imperialista".

De fato, a grande originalidade da Europa não foi a escravidão; foi, pelo


contrário, a existência de movimentos abolicionistas que terminaram com
ela. A escravidão sempre existiu antes de portugueses ou espanhóis
comprarem negros na África rumo ao Novo Mundo. Sempre existiu e, pelo
visto, continua a existir.

Mas é possível retirar uma segunda conclusão: o ruidoso silêncio que a


escravidão moderna merece da intelectualidade progressista. Quem fala,
hoje, dos 30 milhões de escravos que continuam acorrentados na África, na
Ásia e até na América Latina? [...]

O filme de Steve McQueen, 12 Anos de Escravidão, pode relembrar ao


mundo algumas vergonhas passadas. Mas confesso que espero pelo dia em
que Hollywood também irá filmar as vergonhas presentes: as vidas anônimas
dos infelizes da Mauritânia ou do Haiti que, ao contrário do escravo do filme,
não têm final feliz.

(Adaptado de: COUTINHO, João Pereira. "Os Escravos". Disponível


em: http://www1.folha.uol.com.br)

Mas é possível retirar uma segunda conclusão... (8º parágrafo)

... pode relembrar ao mundo algumas vergonhas... (último parágrafo)

... não têm final feliz. (último parágrafo)

Os segmentos sublinhados acima são corretamente substituídos por


pronomes em:
a) retirá-la - relembrar-lhe - o têm

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

b) retirá-la - relembrá-las - têm-no

c) retirar-lhe - lhe relembrar - têm-no

d) a retirar - relembrá-lo - o têm

e) lhe retirar - o relembrar - o têm

GABARITO
41) C 42) Errado43) E 44) E 45) A 46) D 47) D 48) E 49) C 50) A

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 51: FCC - MANAUSPREV/2015


Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

Numa definição solta, a floresta tropical é um tapete multicolorido,


estruturado e vivo, extremamente rico. Uma colônia extravagante de
organismos que saíram do oceano há 400 milhões de anos e vieram para a
terra. Dentro das folhas ainda existem condições semelhantes às da
primordial vida marinha. Funciona assim como um mar suspenso, que
contém uma miríade de células vivas, muito elaborado e adaptado. Em
temperatura ambiente, usando mecanismos bioquímicos de complexidade
quase inacessível, processam-se átomos e moléculas, determinando e
regulando fluxos de substâncias e energias.

A mítica floresta amazônica vai muito além de um museu geográfico de


espécies ameaçadas e representa muito mais do que um simples depósito de
carbono. Evoluída nos últimos 50 milhões de anos, a floresta amazônica é o
maior parque tecnológico que a Terra já conheceu, porque cada organismo
seu, entre trilhões, é uma maravilha de miniaturização e automação.
Qualquer apelo que se faça pela valorização da floresta precisa recuperar
esse valor intrínseco.

Cada nova iniciativa em defesa da floresta tem trilhado os mesmos caminhos


e pressionado as mesmas teclas. Neste comportamento, identificamos o que
Einstein definiu como a própria insanidade: “fazer a mesma coisa, de novo,
esperando resultados diferentes”.

Análises abrangentes mostram numerosas oportunidades para a


harmonização dos interesses da sociedade contemporânea com uma
Amazônia viva e vigorosa. Para chegarmos lá, é preciso compenetração,
modéstia, dedicação e compromisso com a vida. Com os recursos
tecnológicos disponíveis, podemos agregar inteligência à ocupação,
otimizando um novo uso do solo, que abra espaço para a reconstrução
ecológica da floresta. Podemos também revelar muitos outros segredos
ainda bem guardados da resiliente biologia tropical e, com isso, ir muito

85
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

além de compreender seus mecanismos.

A maioria dos problemas atuais podem se resolver por meio dos diversos
princípios que guiam o funcionamento da natureza. Uma lista curta desses
princípios, arrolados pela escritora Janine Benyus, constata que a natureza é
propelida pela luz solar; utiliza somente a energia de que necessita; recicla
todas as coisas; aposta na diversidade; demanda conhecimento local; limita
os excessos internamente; e aproveita o poder dos limites.

(Adaptado de: NOBRE, Antônio Donato. O Futuro Climático da Amazônia.


Disponível em: www.ccst.inpe.br)

Considere:

recuperar esse valor intrínseco


mostram numerosas oportunidades
compreender seus mecanismos

Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos sublinhados acima


foram corretamente substituídos por um pronome, na ordem dada, em:
a) o recuperar − mostram-lhes − os compreender

b) lhe recuperar − as mostram − compreendê-los

c) recuperar-lhe − mostram-nas − compreender-lhes

d) recuperá-lo − mostram-nas − compreendê-los

e) recuperá-lo − lhes mostram − lhes compreender

Questão 52: FCC - SEFAZ PI/2015


Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

“O povo não gosta de música clássica”

86
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Estudante de Letras, mal chegado à faculdade, comecei a dar aulas de


Português numa escola pública da periferia da cidade. Estava feliz porque
gostei do trabalho de professor, nessa escola estadual frequentada
sobretudo por comerciários, office boys, aprendizes de ofício, feirantes etc.
Éramos quase todos da mesma idade, havia camaradagem entre nós.

Um dia convidei um grupinho dos mais chegados pra ir à minha casa ouvir
música. “Música clássica”, adverti. Preparei um programinha meio didático,
dentro da sequência histórica, com peças mais ou menos breves que iam do
canto gregoriano a Villa-Lobos. Comentava as diferenças de estilo, de
sentimento, de complexidade. A sessão toda durou quase duas horas,
incluindo minhas tagarelices. Gostaram muito.

Dois ou três dias depois, um deles (pobre, como os outros) apareceu na aula
com um embrulho na mão. “Professor, comprei hoje isso pra mim. O senhor
acha que essa música é boa?” Era um LP de Tchaikovsky, talvez com sinfonias
ou aberturas, não me lembro. Disse que sim, e ele saiu todo sorridente.
Imaginei a cena do dia: ele entrando numa casa de disco do centro da cidade
e pedindo um “disco de música clássica”. Venderam-lhe uma gravação barata,
nacional.

Ao final do ano letivo despediu-se de mim (sairia da escola, concluído o


primeiro grau) e me deixou na mão um bilhetinho. Não decorei as palavras,
que eram poucas, mais ou menos estas: “Professor, muito obrigado por me
fazer gostar de música clássica”. Desmoronei um pouco, pensando em como
este país poderia ser diferente. Não lhe disse, na hora, que a gente pode
gostar naturalmente de qualquer música: é preciso que não obstruam nosso
acesso a todos os gêneros musicais. E embora seja quase impossível que
estas palavras cheguem ao meu antigo aluno, pergunto-lhe agora, com mais
de quatro décadas de atraso: “Então, seu Carlos, gostou do Tchaikovsky?”

(Teotônio Ramires, inédito)

87
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se de modo a concordar


com o elemento sublinhado na frase:
a) Nenhum dos alunos que estavam ouvindo as músicas que eu selecionara
se ...... (dispor) a interromper a sessão.

b) A variação dos compositores apresentados ...... (indicar) minha


preocupação didática: fazê-los ouvir um pouco de tudo.

c) Percebi que os andamentos mais melancólicos, sobretudo os do


Romantismo, ...... (deixar) em cada um deles uma expressão nostálgica.

d) É possível que a muitos deles ...... (interessar) repetir aquela experiência,


que não deixara de ser uma grande revelação.

e) Foi gratificante notar que, ao final da sessão, o gosto pelos clássicos ......
(começar) a se incutir em todos eles.

Questão 53: VUNESP - PC CE/2015


Leia o texto.

Mesmo estando apta desenvolver atividades na área de ensino, a


maioria dos profissionais que conclui o ensino superior sente-se impelida
buscar outras áreas que possa trabalhar, geralmente
atraída salários mais expressivos e melhores condições de trabalho.

Considerando-se as regras de regência, verbal e nominal, de acordo com a


norma-padrão da língua portuguesa, as lacunas do texto devem ser
preenchidas, correta e respectivamente, com:
a) a … a … em … por

b) em … por … a … de

c) por … a … em … com

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

d) a … de … de … por

e) a … com … por … com

Questão 54: FCC - TCM-GO/2015


Pátrio poder

Pais que vivem em bairros violentos de São Paulo chegam a comprometer


20% de sua renda para manter seus filhos em escolas privadas. O
investimento faz sentido? A questão, por envolver múltiplas variáveis, é
complexa, mas, se fizermos questão de extrair uma resposta simples, ela é
"provavelmente sim". Uma série de estudos sugere que a influência de pais
sobre o comportamento dos filhos, ainda que não chegue a ser nula, é
menor do que a imaginada e se dá por vias diferentes das esperadas. Quem
primeiro levantou essa hipótese foi a psicóloga Judith Harris no final dos
anos 90.

Para Harris, os jovens vêm programados para ser socializados não pelos pais,
como pregam nossas instituições e nossa cultura, mas pelos pares, isto é,
pelas outras crianças com as quais convivem. Um dos muitos argumentos
que ela usa para apoiar sua teoria é o fato de que filhos de imigrantes não
terminam falando com a pronúncia dos genitores, mas sim com a dos jovens
que os cercam.

As grandes aglomerações urbanas, porém, introduziram um problema. Em


nosso ambiente ancestral, formado por bandos de no máximo 200 pessoas,
o "cantinho" das crianças era heterogêneo, reunindo meninos e meninas de
várias idades. Hoje, com escolas que reúnem centenas de alunos, o(a)
garoto(a) tende a socializar-se mais com coleguinhas do mesmo sexo, idade
e interesses. O resultado é formação de nichos com a exacerbação de
características mais marcantes. Meninas se tornam hiperfemininas, e
meninos, hiperativos. O mau aluno encontra outros maus alunos, que
constituirão uma subcultura onde rejeitar a escola é percebido como algo
positivo. O mesmo vale para a violência e drogas. Na outra ponta, podem

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

surgir meios que valorizem a leitura e a aplicação nos estudos.

Nesse modelo, a melhor chance que os pais têm de influir é determinando a


vizinhança em que seu filho vai viver e a escola que frequentará.

(Adaptado de: SCHWARTSMAN, Hélio. Folha de São Paulo, 7/12/2014)

A expressão a que preenche adequadamente a lacuna da seguinte frase:


a) Garantir uma educação de boa qualidade é quase tão importante quanto
garantir a pureza do ar ...... aspiramos.

b) Há quem ainda ache que os valores ...... os jovens são submetidos no


convívio familiar tenham mais peso que os cultivados por seus colegas.

c) A influência ...... exercem os jovens entre si, no interior dos grupos, acaba
sendo fundamental para a formação de todos.

d) Muito leitor do texto ficará curioso para saber como era a formação ...... se
propagava nas comunidades ancestrais.

e) Poucos são os jovens ...... venham aproveitar-se dos benefícios de uma


boa formação escolar num estabelecimento privado.

Questão 55: CESPE - TRE GO/2015


Texto I

Os primeiros anos que se seguiram à Proclamação da República foram de


grandes incertezas quanto aos trilhos que a nova forma de governo deveria
seguir. Em uma rápida olhada, identificam-se dois grupos que defendiam
diferentes formas de se exercer o poder da República: os civis e os militares.
Os civis, representados pelas elites das principais províncias — São Paulo, Rio
de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul —, queriam uma república
federativa que desse muita autonomia às unidades regionais. Os militares,

90
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

por outro lado, defendiam um Poder Executivo forte e se opunham à


autonomia buscada pelos civis. Isso sem mencionar as acirradas disputas
internas de cada grupo. Esse era um quadro que demonstrava a grande
instabilidade sentida pelos cidadãos que viveram naqueles anos. Mas havia
cidadãos?

Formalmente, a Constituição de 1891 definia como cidadãos os brasileiros


natos e, em regra, os naturalizados. Podiam votar os cidadãos com mais de
vinte e um anos de idade que tivessem se alistado conforme determinação
legal. Mas o que, exatamente, significava isso? Em 1894, na primeira eleição
para presidente da República, votaram 2,2% da população. Tudo indica que,
apesar de a República ter abolido o critério censitário e adotado o voto
direto, a participação popular continuou sendo muito baixa em virtude,
principalmente, da proibição do voto dos analfabetos e das mulheres.

No que se refere à legislação eleitoral, alguns instrumentos legais vieram a


público, mas nenhum deles alterou profundamente o processo eleitoral da
época. As principais alterações promovidas na legislação contemplaram o
fim do voto censitário e a manutenção do voto direto. Essas modificações,
embora importantes, tiveram pouca repercussão prática, já que o voto ainda
era restrito — analfabetos e mulheres não votavam — e o processo eleitoral
continuava permeado por toda sorte de fraudes.

Ane Ferrari Ramos Cajado, Thiago Dornelles e Amanda Camylla


Pereira. Eleições no
Brasil: uma história de 500 anos. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral, 2014, p.
27-8. Internet: <www.tse.jus.br> (com adaptações).

Julgue o item que se segue, acerca das estruturas linguísticas do texto I.

O trecho “que se seguiram à Proclamação” (l.1) poderia ser reescrito, sem


alteração da ideia original nem prejuízo gramatical, da seguinte forma: que
seguiram a Proclamação.
Certo

91
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Errado

Questão 56: FCC -TRE RR/2015


Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

Conselhos a o candidato

Certa vez um enamorado da Academia, homem ilustre e aliás perfeitamente


digno de pertencer a ela, escreveu-me sondando- me sobre as suas
possibilidades como candidato. Não pude deixar de sentir o bem conhecido
calefrio aquerôntico, porque então éramos quarenta na Casa de Machado de
Assis e falar de candidatura aos acadêmicos sem que haja vaga é um pouco
desejar secretamente a morte de um deles. O consultado poderá dizer
consigo que “praga de urubu não mata cavalo”. Mas, que diabo, sempre
impressiona. Não impressionou ao conde Afonso Celso, de quem contam
que respondeu assim a um sujeito que lhe foi pedir o voto para uma futura
vaga:

− Não posso empenhar a minha palavra. Primeiro porque o voto é secreto;


segundo porque não há vaga; terceiro porque a futura vaga pode ser a
minha, o que me poria na posição de não poder cumprir com a minha
palavra, coisa a que jamais faltei em minha vida.

Se eu tivesse alguma autoridade para dar conselhos ao meu eminente


patrício, dir-lhe-ia que o primeiro dever de um candidato é não temer a
derrota, não encará-la como uma capitis diminutio, não enfezar com ela.
Porque muitos dos que se sentam hoje nas poltronas azuis do Trianon, lá
entraram a duras penas, depois de uma ou duas derrotas. Afinal a entrada
para a Academia depende muito da oportunidade e de uma coisa bastante
indefinível que se chama “ambiente”. Fulano? Não tem ambiente. [...]

Sempre ponderei aos medrosos ou despeitados da derrota que é preciso


considerar a Academia com certo senso de humour. Não tomá-la como o

92
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

mais alto sodalício intelectual do país. Sobretudo nunca se servir da palavra


“sodalício”, a que muitos acadêmicos são alérgicos. Em mim, por exemplo,
provoca sempre urticária.

No mais, é desconfiar sempre dos acadêmicos que prometem: “Dou-lhe o


meu voto e posso arranjar-lhe mais um”. Nenhum acadêmico tem força para
arranjar o voto de um colega. Mas vou parar, que não pretendi nesta crônica
escrever um manual do perfeito candidato.

(BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,


1993, vol. único, p. 683-684)

*aquerôntico = relativo ou pertencente a Aqueronte, um dos rios do Inferno,


atravessado pelos mortos na embarcação conduzida pelo barqueiro Caronte.

*capitis diminutio: expressão latina de caráter jurídico empregada para


designar a diminuição de capacidade legal.

Não impressionou ao conde Afonso Celso, de quem contam que respondeu


assim a um sujeito ...

A expressão sublinhada acima preenche corretamente a lacuna existente em:


a) Aqueles ...... caberia manifestar apoio aos defensores da causa em
discussão ainda não haviam conseguido chegar à tribuna.

b) O acadêmico, ...... todos esperavam um vigoroso aparte contrário ao


pleito, permaneceu em silêncio na tumultuada sessão.

c) Em decisão unânime, os acadêmicos ofereceram dados da agremiação ......


desejasse participar da discussão daquele dia.

d) O novo acadêmico demonstrou grande afeição ...... compartilha das


mesmas ideias literárias e aborda os mesmos temas.

93
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

e) O discurso de recepção do novo integrante do grupo deveria ser


pronunciado ...... apresentasse maior afinidade entre ambos.

Questão 57: FCC - TRE RR/2015


Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

É indiscutível que no mundo contemporâneo o ambiente do futebol é dos


mais intensos do ponto de vista psicológico. Nos estádios a concentração é
total. Vive-se ali situação de incessante dialética entre o metafórico e o literal,
entre o lúdico e o real. O que varia conforme o indivíduo considerado é a
passagem de uma condição a outra. Passagem rápida no caso do torcedor,
cuja regressão psíquica do lúdico dura algumas horas e funciona como
escape para as pressões do cotidiano. Passagem lenta no caso do futebolista
profissional, que vive quinze ou vinte anos em ambiente de fantasia, que
geralmente torna difícil a inserção na realidade global quando termina a
carreira. A solução para muitos é a reconversão em técnico, que os mantém
sob holofote. Lothar Matthäus, por exemplo, recordista de partidas em Copas
do Mundo, com a seleção alemã, Ballon d’Or de 1990, tornou-se técnico
porque “na verdade, para mim, o futebol é mais importante do que a família”.
[...]

Sendo esporte coletivo, o futebol tem implicações e significações


psicológicas coletivas, porém calcadas, pelo menos em parte, nas
individualidades que o compõem. O jogo é coletivo, como a vida social,
porém num e noutra a atuação de um só indivíduo pode repercutir sobre o
todo. Como em qualquer sociedade, na do futebol vive-se o tempo inteiro
em equilíbrio precário entre o indivíduo e o grupo. O jogador busca o
sucesso pessoal, para o qual depende em grande parte dos companheiros;
há um sentimento de equipe, que depende das qualidades pessoais de seus
membros. O torcedor lúcido busca o prazer do jogo preservando sua
individualidade; todavia, a própria condição de torcedor acaba por diluí-lo na
massa.

94
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

(JÚNIOR, Hilário Franco. A dança dos deuses: futebol, cultura, sociedade. São
Paulo: Companhia das letras, 2007, p. 303-304, com adaptações)

*Ballon d’Or 1990 − prêmio de melhor jogador do ano

O jogador busca o sucesso pessoal ...

A mesma relação sintática entre verbo e complemento, sublinhados acima,


está em:
a) É indiscutível que no mundo contemporâneo...

b) ... o futebol tem implicações e significações psicológicas coletivas ...

c) ... e funciona como escape para as pressões do cotidiano.

d) A solução para muitos é a reconversão em técnico ...

e) ... que depende das qualidades pessoais de seus membros.

Questão 58: VUNESP - SAP SP/2015


Leia o texto para responder à questão.

Grupo quer criar cooperativa de catadores de pelo

Catadores de pelo de cachorro. É a mais nova modalidade de cooperativa de


reciclagem, que pretende recolher o material da tosa em pet shops* e
transformá-lo em roupas de animais.

O projeto de transformar pelo de poodle em tecido começou em uma escola


do Senai em 2008 e ganhou legitimidade após pesquisa na USP demonstrar
que o material é similar ao da lã de carneiro e pode passar pelo processo de
fiação.

95
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

“Um leigo não conseguiria diferenciar um do outro”, diz Renato Lobo, que
realizou o estudo com pelo de poodle em seu mestrado. Segundo ele, há
similaridade entre os dois em relação à maciez, tingibilidade (capacidade de
receber corante), alongamento, absorção de líquido e isolamento térmico.

Do ponto de vista técnico, Lobo explica que a única diferença entre o pelo
do poodle e a lã do carneiro é o comprimento da fibra — mais curta no
primeiro. Mas essa diferença não altera o processo de fiação, porque há um
maquinário próprio para fibras mais curtas.

Agora, a proposta é montar uma cooperativa de catadores de pelo seguindo


o mesmo modelo das que hoje reciclam latinhas e papelão. Lobo diz que há
negociações com três dessas cooperativas para possível parceria.

Hoje, o pelo é descartado no lixo pelos pet shops. A ideia é que, após a
coleta, limpeza e fiação, ele vire roupinhas para animais que serão vendidas
também nas lojas. “Estamos em contato com ONGs que produzem essas
roupas para animais de estimação para apresentar o tecido feito de pelo.”

“A procura por roupas de animais é grande, principalmente no inverno.


Tenho certeza de que haverá interesse, porque as pessoas adoram uma
novidade”, diz o veterinário Sergio Soares Júnior.

E roupas para humanos? Segundo Lobo, “Há viabilidade técnica para


produzi-las, mas não sei se haveria aceitação. As pessoas usam casacos de
couro, mas não sei se aceitariam roupas de pelo de cão. De animal para
animal, fica mais fácil.”

(Cláudia Collucci, Folha de S.Paulo, 20.07.2014. Adaptado)

* pet shops: lojas especializadas em serviços e artigos relativos a animais de


estimação

Assinale a alternativa que completa corretamente a frase, de acordo com as


informações do texto e conforme a norma-padrão da língua portuguesa.

96
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Tenho certeza de que haverá interesse


a) nas roupas de pelo de poodle.

b) das roupas de pelo de poodle.

c) entre as roupas de pelo de poodle.

d) com as roupas de pelo de poodle.

e) até as roupas de pelo de poodle.

Questão 59: VUNESP - SAP SP/2015


Leia o texto para responder à questão.

Ela tem alma de pomba

Que a televisão prejudica o movimento da pracinha Jerônimo Monteiro, em


todos os Cachoeiros de Itapemirim, não há dúvida. Sete horas da noite era
hora de uma pessoa acabar de jantar, dar uma volta pela praça para depois
pegar uma sessão das 8 no cinema. Agora todo mundo fica em casa vendo
uma novela, depois outra novela.

O futebol também pode ser prejudicado. Quem vai ver um jogo do Estrela do
Norte F.C., se pode ficar tomando cervejinha e assistindo a um bom Fla-Flu,
ou a um Inter x Cruzeiro, ou qualquer coisa assim?

Que a televisão prejudica a leitura de livros, também não há dúvida. Eu


mesmo confesso que lia mais quando não tinha televisão. Rádio, a gente
pode ouvir baixinho, enquanto está lendo um livro. Televisão é incompatível
com livro – e tudo mais nesta vida, inclusive a boa conversa.

Também acho que a televisão paralisa a criança numa cadeira mais do que o
desejável. O menino fica ali parado, vendo e ouvindo, em vez de sair por aí,

97
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

chutar uma bola, brincar de bandido, inventar uma besteira qualquer para
fazer.

Só não acredito que televisão seja máquina de fazer doido. Até acho que é o
contrário, ou quase o contrário: é máquina de amansar doido, distrair doido,
acalmar, fazer doido dormir.

(Rubem Braga, 200 Crônicas Escolhidas. Adaptado)

Assinale a alternativa em que a preposição em destaque está corretamente


empregada, de acordo com a norma -padrão e os sentidos do texto.
a) O futebol também pode ser prejudicado sob a televisão.

b) O futebol também pode ser prejudicado pela televisão.

c) O futebol também pode ser prejudicado contra a televisão.

d) O futebol também pode ser prejudicado à televisão.

e) O futebol também pode ser prejudicado da televisão.

Questão 60: VUNESP - SAP SP/2015


Leia o texto para responder à questão.

Ela tem alma de pomba

Que a televisão prejudica o movimento da pracinha Jerônimo Monteiro, em


todos os Cachoeiros de Itapemirim, não há dúvida. Sete horas da noite era
hora de uma pessoa acabar de jantar, dar uma volta pela praça para depois
pegar uma sessão das 8 no cinema. Agora todo mundo fica em casa vendo
uma novela, depois outra novela.

O futebol também pode ser prejudicado. Quem vai ver um jogo do Estrela do
Norte F.C., se pode ficar tomando cervejinha e assistindo a um bom Fla-Flu,

98
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

ou a um Inter x Cruzeiro, ou qualquer coisa assim?

Que a televisão prejudica a leitura de livros, também não há dúvida. Eu


mesmo confesso que lia mais quando não tinha televisão. Rádio, a gente
pode ouvir baixinho, enquanto está lendo um livro. Televisão é incompatível
com livro – e tudo mais nesta vida, inclusive a boa conversa.

Também acho que a televisão paralisa a criança numa cadeira mais do que o
desejável. O menino fica ali parado, vendo e ouvindo, em vez de sair por aí,
chutar uma bola, brincar de bandido, inventar uma besteira qualquer para
fazer.

Só não acredito que televisão seja máquina de fazer doido. Até acho que é o
contrário, ou quase o contrário: é máquina de amansar doido, distrair doido,
acalmar, fazer doido dormir.

(Rubem Braga, 200 Crônicas Escolhidas. Adaptado)

Não há dúvida ______ a televisão pode prejudicar o movimento da pracinha


Jerônimo Monteiro. Ela pode, até mesmo, causar prejuízo _________ uma
boa conversa ou impedir um menino de ir ______ rua jogar bola.

De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, as lacunas das frases


devem ser preenchidas, respectivamente, com:
a) que ... à ... à

b) de que ... à ... a

c) de que ... a ... à

d) que ... a ... à

e) que ... à ... a

GABARITO

99
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

51) D 52) C 53) A 54) B 55) Certo 56) B57) B 58) A 59) B 60) C

100
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 61: FCC -TRT 15/2015


Atenção: Para responder às questões de números, considere o texto abaixo.

Não é preciso assistir a 12 Anos de Escravidão para saber que a prática foi
uma das maiores vergonhas da humanidade. Mas é preciso corrigir o tempo
do verbo. Foi? Melhor escrever a frase no presente. A escravidão ainda é uma
das maiores vergonhas da humanidade. E o fato de o Ocidente não ocupar
mais o topo da lista como responsável pelo crime não deve ser motivo para
esquecermos ou escondermos a infâmia.

Anos atrás, lembro-me de um livro aterrador de Benjamin Skinner que ficou


gravado nos meus neurônios. Seu título era A Crime So Monstrous (Um crime
tão monstruoso) e Skinner ocupava-se da escravidão moderna para chegar à
conclusão aterradora: existem hoje mais escravos do que em qualquer outra
época da história humana.

Skinner não falava apenas de novas formas de escravidão, como o tráfico de


mulheres na Europa ou nos Estados Unidos. A escravidão que denunciava
com dureza era a velha escravidão clássica − a exploração braçal e brutal de
milhares ou milhões de seres humanos trabalhando em plantações ou
pedreiras ao som do chicote. [...]

Pois bem: o livro de Skinner tem novos desenvolvimentos com o maior


estudo jamais feito sobre a escravidão atual. Promovido pela Associação
Walk Free, o Global Slavery Index é um belo retrato da nossa miséria
contemporânea. [...]

A Índia, tal como o livro de Benjamin Skinner já anunciava, continua a


espantar o mundo em termos absolutos com um número que hoje oscila
entre os 13 milhões e os 14 milhões de escravos. Falamos, na grande maioria,
de gente que continua a trabalhar uma vida inteira para pagar as chamadas
"dívidas transgeracionais" em condições semelhantes às dos escravos do
Brasil nas roças.

101
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Conclusões principais do estudo? Pessoalmente, interessam-me duas. A


primeira, segundo o Global Slavery Index, é que a escravidão é residual, para
não dizer praticamente inexistente, no Ocidente branco e "imperialista".

De fato, a grande originalidade da Europa não foi a escravidão; foi, pelo


contrário, a existência de movimentos abolicionistas que terminaram com
ela. A escravidão sempre existiu antes de portugueses ou espanhóis
comprarem negros na África rumo ao Novo Mundo. Sempre existiu e, pelo
visto, continua a existir.

Mas é possível retirar uma segunda conclusão: o ruidoso silêncio que a


escravidão moderna merece da intelectualidade progressista. Quem fala,
hoje, dos 30 milhões de escravos que continuam acorrentados na África, na
Ásia e até na América Latina? [...]

O filme de Steve McQueen, 12 Anos de Escravidão, pode relembrar ao


mundo algumas vergonhas passadas. Mas confesso que espero pelo dia em
que Hollywood também irá filmar as vergonhas presentes: as vidas anônimas
dos infelizes da Mauritânia ou do Haiti que, ao contrário do escravo do filme,
não têm final feliz.

(Adaptado de: COUTINHO, João Pereira. "Os Escravos". Disponível


em: http://www1.folha.uol.com.br)

No contexto dado, possui a mesma regência do verbo presente no


segmento A escravidão que denunciava com dureza, o que se encontra
sublinhado em:
a) Quem fala, hoje, dos 30 milhões de escravos... (8º parágrafo)

b) ... número que hoje oscila entre os 13 milhões e os 14 milhões... (5º


parágrafo)

c) ... antes de portugueses ou espanhóis comprarem negros na África rumo


ao Novo Mundo. (7º parágrafo)

102
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

d) ... o Global Slavery Index é um belo retrato da nossa miséria... (4º


parágrafo)

e) Não é preciso assistir a 12 Anos de Escravidão... (1º parágrafo)

Questão 62: FCC - MANAUSPREV/2015


O elemento em destaque está empregado corretamente em:
a) As obras de arte de que se tenta retratar a natureza, emprestam-lhe voz
humana.

b) A árvore é símbolo recorrente com que fazemos uso para falar de meio
ambiente.

c) A natureza, por cuja preservação lutamos, nega-se, no entanto, a ser


domesticada.

d) Natureza e arte não são elementos estanques, esta faz a que melhor
compreendamos aquela.

e) Cada vez mais o mundo tecnológico nos afasta da natureza em


que fazemos parte.

Questão 63: CESPE - MPU/2015


A partir de uma ação do Ministério Público Federal (MPF), o Tribunal Regional
Federal da 2.a Região (TRF2) determinou que a Google Brasil retirasse, em até
72 horas, 15 vídeos do YouTube que disseminam o preconceito, a
intolerância e a discriminação a religiões de matriz africana, e fixou multa
diária de R$ 50.000,00 em caso de descumprimento da ordem judicial. Na
ação civil pública, a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC/RJ)
alegou que a Constituição garante aos cidadãos não apenas a obrigação do
Estado em respeitar as liberdades, mas também a obrigação de zelar para
que elas sejam respeitadas pelas pessoas em suas relações recíprocas.

103
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Para a PRDC/RJ, somente a imediata exclusão dos vídeos da Internet


restauraria a dignidade de tratamento, que, nesse caso, foi negada às
religiões de matrizes africanas. Corroborando a visão do MPF, o TRF2
entendeu que a veiculação de vídeos potencialmente ofensivos e
fomentadores do ódio, da discriminação e da intolerância contra religiões de
matrizes africanas não corresponde ao legítimo exercício do direito à
liberdade de expressão. O tribunal considerou que a liberdade de expressão
não se pode traduzir em desrespeito às diferentes manifestações dessa
mesma liberdade, pois ela encontra limites no próprio exercício de outros
direitos fundamentais.

Internet: <http://ibde.org.br> (com adaptações).

A respeito das ideias e das estruturas linguísticas do texto, julgue o item


subsequente.
Nas linhas 9 e 10, o emprego do sinal indicativo de crase em “às diferentes”
justifica-se pela regência de “desrespeito”, que exige complemento
antecedido da preposiçãoa, e pela presença de artigo feminino plural antes
de “diferentes”.
Certo

Errado

Questão 64: CESPE - TRE GO/2015


Texto II

Segundo a Constituição Federal, todo poder emana do povo e por ele será
exercido, quer de maneira direta, quer por intermédio de representantes
eleitos. Essa afirmação, dentro do espírito do texto constitucional, deve ser
interpretada como verdadeiro dogma estabelecido pelo constituinte
originário, mormente quando nos debruçamos sobre o cenário político dos
anos anteriores à eleição dos membros que comporiam a Assembleia

104
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Constituinte que resultou na Carta de 1988.

Em expedita sinopse, é possível perceber que, após longo período de


repressão à manifestação do pensamento, o povo brasileiro ansiava por
exercer o direito de eleger os seus representantes com o objetivo de
participar direta ou indiretamente da formação da vontade política da nação.

Dentro desse contexto, impende destacar que os movimentos populares que


ocorreram a partir do ano de 1984, que deram margem ao início do processo
de elaboração da nova Carta, deixaram transparecer de maneira cristalina
aos então governantes que o coração da nação brasileira estava palpitante,
quase que exageradamente acelerado, tendo em vista a possibilidade de se
recuperar o exercício do poder, cujo titular, por longo lapso, deixou de ser
escolhido pelo povo brasileiro.

Em meio a esse cenário, foi elaborado o texto constitucional, que, desde


então, recebeu a denominação de Constituição Cidadã. O art. 14 desse texto
confere ênfase à titularidade do poder para ressaltar que “A soberania
popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com
valor igual a todos”, deixando transparecer que a intenção da Lei Maior é
fazer que o povo exerça efetivamente o seu direito de participar da formação
da vontade política.

Fernando Marques Sá. Desaprovação das contas de campanha do


candidato – avanço da legislação para as eleições de 2014. In: Estudos
Eleitorais. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral. Vol. 9, n.o 2, 2014, p. 52-3.
Internet: <www.tse.jus.br> (com adaptações).

Com referência às estruturas linguísticas do texto II, julgue o próximo item.

No trecho “Em meio a esse cenário” (l.12), a inserção de sinal indicativo de


crase no “a” acarretaria prejuízo à correção gramatical do texto.
Certo

Errado

105
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 65: CESPE - MPU/2015


Na organização do poder político no Estado moderno, à luz da tradição
iluminista, o direito tem por função a preservação da liberdade humana, de
maneira a coibir a desordem do estado de natureza, que, em virtude do risco
da dominação dos mais fracos pelos mais fortes, exige a existência de um
poder institucional. Mas a conquista da liberdade humana também reclama
a distribuição do poder em ramos diversos, com a disposição de meios que
assegurem o controle recíproco entre eles para o advento de um cenário de
equilíbrio e harmonia nas sociedades estatais. A concentração do poder em
um só órgão ou pessoa viria sempre em detrimento do exercício da
liberdade. É que, como observou Montesquieu, “todo homem que tem poder
tende a abusar dele; ele vai até onde encontra limites. Para que não se possa
abusar do poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o poder limite o
poder”.

Até Montesquieu, não eram identificadas com clareza as esferas de


abrangência dos poderes políticos: “só se concebia sua união nas mãos de
um só ou, então, sua separação; ninguém se arriscava a apresentar, sob a
forma de sistema coerente, as consequências de conceitos diversos”.
Pensador francês do século XVIII, Montesquieu situa-se entre o racionalismo
cartesiano e o empirismo de origem baconiana, não abandonando o rigor
das certezas matemáticas em suas certezas morais. Porém, refugindo às
especulações metafísicas que, no plano da idealidade, serviram aos filósofos
do pacto social para a explicação dos fundamentos do Estado ou da
sociedade civil, ele procurou ingressar no terreno dos fatos.

Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do Ministério Público em


função da proteção dos direitos humanos. Tese de doutorado. São Paulo:
USP, 2010, p. 18-9. Internet: <www.teses.usp.br> (com adaptações).

Julgue o item subsequente, relativo às estruturas linguísticas do texto.

O emprego do sinal indicativo de crase em “à luz da tradição iluminista” é

106
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

facultativo, ou seja, a sua retirada não prejudicaria a correção gramatical nem


o sentido original do texto.
Certo

Errado

Questão 66: VUNESP - CM Caieiras/2015


Assinale a alternativa em que o acento indicativo da crase está empregado
de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
a) A mulher foi à feira comprar peixe.

b) Eles sempre pedem ajuda à um amigo.

c) À partir de amanhã, o almoço será servido ao meio-dia.

d) Preparei à receita que fez tanto sucesso no seu aniversário.

e) Eles vão pescar juntos, de sexta-feira à domingo.

Questão 67: CESPE - CGE PI/2015


Texto II

Uma casa tem muita vez as suas relíquias, lembranças de um dia ou de outro,
da tristeza que passou, da felicidade que se perdeu. Supõe que o dono pense
em as arejar e expor para teu e meu desenfado. Nem todas serão
interessantes, não raras serão aborrecidas, mas, se o dono tiver cuidado,
pode extrair uma dúzia delas que mereçam sair cá fora.

Chama-lhe à minha vida uma casa, dá o nome de relíquias aos inéditos e


impressos que aqui vão, ideias, histórias, críticas, diálogos, e verás explicados

107
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

o livro e o título. Possivelmente não terão a mesma suposta fortuna daquela


dúzia de outras, nem todas valerão a pena de sair cá fora. Depende da tua
impressão, leitor amigo, como dependerá de ti a absolvição da má escolha.

Machado de Assis. Advertência. In: Relíquias da casa velha. Rio de Janeiro:


Nova Aguilar, 1986.

Julgue o item que se segue, relativo às estruturas linguísticas e aos sentidos


do texto II.

No trecho “Chama-lhe à minha vida uma casa” (l.4), é facultativo o emprego


do sinal indicativo de crase.
Certo

Errado

Questão 68: VUNESP -CM Caieiras/2015


O acento indicativo de crase está empregado corretamente na frase:
a) A autora faz referência à contribuição de alguns estudiosos para o
entendimento do que seja a sorte.

b) A autora atribui a sorte de algumas pessoas à uma tendência para buscar


significados nos acontecimentos.

c) A autora faz uma crítica à algumas pessoas que consideram os fatos


corriqueiros como fruto de sorte ou azar.

d) A autora recorre à pesquisas práticas para construir sua argumentação


acerca da relação do homem com a sorte.

e) A autora recusa-se à crer que todos os fatos rotineiros que nos frustram
sejam simples reflexos da sorte.

108
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 69: CESGRANRIO - BB/2015


Cartilha orienta consumidor

Lançada pelo SindilojasRio e pelo CDL-Rio,


em parceria com o Procon-RJ, guia destaca os principais
pontos do Código de Defesa do Consumidor (CDC),
selecionados a partir das dúvidas e reclamações mais
comuns recebidas pelas duas entidades

O Sindicato de Lojistas do Comércio do Rio de Janeiro (SindilojasRio) e o


Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDL-Rio) lançaram ontem uma
cartilha para orientar lojistas e consumidores sobre seus direitos e deveres.
Com o objetivo de dar mais transparência e melhorar as relações de
consumo, a cartilha tem apoio também da Secretaria Estadual de Proteção e
Defesa do Consumidor (Seprocon)/ Procon-RJ.

Batizada de Boas Vendas, Boas Compras! – Guia prático de direitos e deveres


para lojistas e consumidores, a publicação destaca os principais pontos do
Código de Defesa do Consumidor (CDC), selecionados a partir das dúvidas e
reclamações mais comuns recebidas, tanto pelo SindilojasRio e CDL-Rio,
como pelo Procon-RJ.

“A partir da conscientização de consumidores e lojistas sobre seus direitos e


deveres, queremos contribuir para o crescimento sustentável das empresas,
tendo como base a ética, a qualidade dos produtos e a boa prestação de
serviços ao consumidor”, explicou o presidente do SindilojasRio e do CDL-
Rio, Aldo Gonçalves.

Gonçalves destacou que as duas entidades estão comprometidas em


promover mudanças que propiciem o avanço das relações de consumo, além
do desenvolvimento do varejo carioca.

“O consumidor é o nosso foco. É importante informá-lo dos seus


direitos”, disse o empresário, ressaltando que conhecer bem o CDC é vital

109
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

não só para os lojistas, mas também para seus fornecedores.

Jornal do Commercio. Rio de Janeiro. 08 abr. 2014, A-9. Adaptado.

De acordo com a norma-padrão, se fosse acrescentado ao trecho “disse o


empresário” um complemento informando a quem ele deu a declaração,
seria empregado o acento indicativo de crase no seguinte caso:
a) a imprensa especializada

b) a todos os presentes

c) a apenas uma parte dos convidados

d) a suas duas assessoras de imprensa

e) a duas de suas secretárias

Questão 70: FCC - TRT 15/2015


O termo entre parênteses preenche corretamente a lacuna da frase em:
a) A mudança, começaram ...... senti-la apenas os descendentes dos
escravos. (à)

b) Não foi apenas com o intuito de libertar ...... escravos que se promulgou a
lei Áurea. (aos)

c) As condições iniciais dos libertos eram muito próximas ...... de escravidão.


(as)

d) ...... vésperas do século XX ainda eram debatidas questões como a


escravidão. (Às)

e) Muito embora lhes fosse conferida ...... condição de liberto, muitos


continuavam subjugados. (à)

110
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

GABARITO
61) C 62) C 63) Certo64) Certo 65) Errado 66) A 67) Certo 68) A 69) A
70) D

111
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 71: FCC - MANAUSPREV/2015


Atenção: O texto abaixo refere-se à questão.

O primeiro... problema que as árvores parecem propor-nos é o de nos


conformarmos com a sua mudez. Desejaríamos que falassem, como falam os
animais, como falamos nós mesmos. Entretanto, elas e as pedras reservam-se
o privilégio do silêncio, num mundo em que todos os seres têm pressa de se
desnudar. Fiéis a si mesmas, decididas a guardar um silêncio que não está à
mercê dos botânicos, procuram as árvores ignorar tudo de uma composição
social que talvez se lhes afigure monstruosamente indiscreta, fundada que
está na linguagem articulada, no jogo de transmissão do mais íntimo pelo
mais coletivo.

Grave e solitário, o tronco vive num estado de impermeabilidade ao som, a


que os humanos só atingem por alguns instantes e através da tragédia
clássica. Não logramos comovê-lo, comunicar-lhe nossa intemperança.
Então, incapazes de trazê-lo à nossa domesticidade, consideramo-lo um
elemento da paisagem, e pintamo-lo. Ele pende, lápis ou óleo, de nossa
parede, mas esse artifício não nos ilude, não incorpora a árvore à atmosfera
de nossos cuidados. O fumo dos cigarros, subindo até o quadro, parece
vagamente aborrecê-la, e certas árvores de Van Gogh, na sua crispação, têm
algo de protesto.

De resto, o homem vai renunciando a esse processo de captura da árvore


através da arte. Uma revista de vanguarda reúne algumas dessas
representações, desde uma tapeçaria persa do século IV, onde aparece a
palmeira heráldica, até Chirico, o criador da árvore genealógica do sonho, e
dá a tudo isso o título: Decadência da Árvore. Vemos através desse
documentário que num Claude Lorrain da Pinacoteca de Munique, Paisagem
com Caça, a árvore colossal domina todo o quadro, e a confusão de homens,
cães e animal acuado constitui um incidente mínimo, decorativo. Já em
Picasso a árvore se torna raríssima, e a aventura humana seduz mais o pintor
do que o fundo natural em que ela se desenvolve.

112
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

O que será talvez um traço da arte moderna, assinalado por Apollinaire, ao


escrever: "Os pintores, se ainda observam a natureza, já não a imitam,
evitando cuidadosamente a reprodução de cenas naturais observadas ou
reconstituídas pelo estudo... Se o fim da pintura continua a ser, como sempre
foi, o prazer dos olhos, hoje pedimos ao amador que procure tirar dela um
prazer diferente do proporcionado pelo espetáculo das coisas naturais".
Renunciamos assim às árvores, ou nos permitimos fabricá-las à feição dos
nossos sonhos, que elas, polidamente, se permitem ignorar.

(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. "A árvore e o homem", em


Passeios na Ilha, Rio de Janeiro: José Olympio, 1975, p. 7-8)

O sinal indicativo de crase pode ser corretamente suprimido em:


a) ...nos permitimos fabricá-las à feição dos nossos sonhos...

b) ...não está à mercê dos botânicos...

c) ...não incorpora a árvore à atmosfera de nossos cuidados...

d) ...incapazes de trazê-lo à nossa domesticidade...

e) Renunciamos assim às árvores...

Questão 72: FCC - SEFAZ PI/2015


Atenção: Para responder à questão, considere o texto que segue.

A primeira coisa a observar sobre o mundo na década de 1780 é que ele era
ao mesmo tempo menor e muito maior que o nosso. Era menor
geograficamente, porque até mesmo os homens mais instruídos e bem
informados da época − digamos, um homem como o cientista e viajante
Alexander von Humboldt (1769-1859) − conheciam somente pedaços do
mundo habitado. (Os mundos "conhecidos" de comunidades menos
evoluídas e expansionistas do que a Europa Ocidental eram obviamente

113
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

ainda menores, reduzindo-se a minúsculos segmentos da terra onde os


analfabetos camponeses sicilianos ou o agricultor das montanhas de Burma
viviam suas vidas, e para além dos quais tudo era e sempre seria
eternamente desconhecido.) A maior parte da superfície dos oceanos, mas
não toda, de forma alguma, já tinha sido explorada e mapeada graças à
notável competência dos navegadores do século XVIII como James Cook,
embora os conhecimentos humanos sobre o fundo do mar tenham
permanecido insignificantes até a metade do século XX. Os principais
contornos dos continentes e da maioria das ilhas eram conhecidos, embora
pelos padrões modernos não muito corretamente. O tamanho e a altura das
cadeias das montanhas da Europa eram conhecidos com alguma precisão, as
localizadas em partes da América Latina o eram muito grosseiramente, as da
Ásia, quase totalmente desconhecidas, e as da África (com exceção dos
montes Atlas), totalmente desconhecidas para fins práticos. Com exceção
dos da China e da Índia, o curso dos grandes rios do mundo era um mistério
para todos a não ser para alguns poucos caçadores, comerciantes ou
andarilhos, que tinham ou podem ter tido conhecimento dos que corriam
por suas regiões. Fora de algumas áreas − em vários continentes elas não
passavam de alguns quilômetros terra a dentro, a partir da costa − o mapa
do mundo consistia de espaços brancos cruzados pelas trilhas demarcadas
por negociantes ou exploradores. Não fosse pelas informações descuidadas
de segunda ou terceira mão colhidas por viajantes ou funcionários em
postos remotos, estes espaços brancos teriam sido bem mais vastos do que
de fato o eram.

(HOBSBAWM, Eric J. O mundo na década de 1780. In: A era das revoluções:


Europa 1789-1848, tradução de Maria Tereza Lopes Teixeira e Marcos
Penchel. 22. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007, p. 23-24)

Não fosse pelas informações descuidadas de segunda ou terceira mão


colhidas por viajantes ou funcionários em postos remotos, estes espaços
brancos teriam sido bem mais vastos do que de fato o eram.

A frase acima respeita as orientações da gramática normativa no que se


refere à concordância verbal e nominal, assim como ocorre com a seguinte

114
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

frase:
a) Se não fosse, naquela época, as ações de certos viajantes, muito do que se
sabe hoje permaneceria incógnito.

b) Fosse qual fossem as informações prestadas por andarilhos, tiveram todas


sua utilidade para o conhecimento do mundo do século XVIII.

c) Fossem quais fosse as intenções dos informantes, o fato é que aquilo que
notificaram recebeu registro, ainda que as notícias fossem descuidadas.

d) Caso fosse registrado com mais rigor as informações dos caçadores, e


também se elas fossem mais detalhadas, talvez mais se soubesse hoje sobre
o conhecimento da época acerca dos rios da África.

e) Quaisquer que fossem as circunstâncias, mais favoráveis, ou menos


favoráveis, cada habitante sempre enfrentava algo do mistério sobre as
cadeias de montanhas que lhe eram próximas.

Questão 73: FCC - SEFAZ PI/2015


Instrução: A questão refere-se ao texto seguinte.

Filosofia de borracharia

O borracheiro coçou a desmatada cabeça e proferiu a sentença


tranquilizadora: nenhum problema com o nosso pneu, aliás quase tão calvo
quanto ele. Estava apenas um bocado murcho.

− Camminando si sgonfia* − explicou o camarada, com um sorriso de


pouquíssimos dentes e enorme simpatia.

O italiano vem a ser um dos muitos idiomas em que a minha abrangente


ignorância é especializada, mas ainda assim compreendi que o pneu do
nosso carro periclitante tinha se esvaziado ao longo da estrada. Não era para
menos. Tendo saído de Paris, havíamos rodado muito antes de cair naquele

115
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

emaranhado de fronteiras em que você corre o risco de não saber se está na


Áustria, na Suíça ou na Itália. Soubemos que estávamos no norte, no sótão
da Itália, vendo um providencial borracheiro dar nova carga a um pneu
sgonfiato.

Dali saímos − éramos dois jovens casais num distante verão europeu,
embarcados numa aventura que, de camping em camping, nos levaria a
Istambul – para dar carga nova a nossos estômagos, àquela altura não
menos sgonfiati. O que pode a fome, em especial na juventude: à beira de
um himalaia de sofrível espaguete fumegante, julguei ver fumaças filosóficas
na sentença do tosco borracheiro. E, entre garfadas, sob o olhar zombeteiro
dos companheiros de viagem, me pus a teorizar.

Sim, camminando si sgonfia, e não apenas quando se é, nesta vida, um pneu.


Também nós, de tanto rodar, vamos aos poucos desinflando. E por aí fui,
inflado e inflamado num papo delirante. Fosse hoje, talvez tivesse dito,
infelizmente com conhecimento de causa, que a partir de determinado
ponto carecemos todos de alguma espécie de fortificante, de um novo
alento para o corpo, quem sabe para a alma.

* Camminando si sgonfia = andando se esvazia. Sgonfiato é vazio; sgonfiati é


a forma plural.

(Adaptado de: WERNECK, Humberto – Esse inferno vai acabar. Porto Alegre,
Arquipélago, 2011, p. 85-86)

As normas de concordância verbal encontram-se plenamente observadas na


frase:
a) Entre os muitos idiomas de que o autor se confessou ignorante estava o
italiano, mas acabaram por lhe parecer inteligíveis as palavras ditas pelo
borracheiro.

b) É comum que, ao longo de uma viagem, a condição adversa das estradas


descuidadas venham a desgastar os pneus de um carro já periclitante.

116
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

c) Não ocorreram aos jovens viajantes que aquele emaranhado de estradas


fronteiriças poderiam ser esclarecidas com um detalhado mapa daquela
região.

d) Não é incomum que se atribuam a palavras ditas inocentemente um


sentido filosófico inteiramente fora do alcance e da previsão de quem as
proferiram.

e) Muita gente gostaria de se aventurarem pelas estradas europeias, ainda


que num carrinho periclitante e sem conhecimento das línguas que se fala
nos diferentes países.

Questão 74: FCC - SEFAZ PI/2015


Instrução: A questão refere-se ao texto seguinte.

Filosofia de borracharia

O borracheiro coçou a desmatada cabeça e proferiu a sentença


tranquilizadora: nenhum problema com o nosso pneu, aliás quase tão calvo
quanto ele. Estava apenas um bocado murcho.

− Camminando si sgonfia* − explicou o camarada, com um sorriso de


pouquíssimos dentes e enorme simpatia.

O italiano vem a ser um dos muitos idiomas em que a minha abrangente


ignorância é especializada, mas ainda assim compreendi que o pneu do
nosso carro periclitante tinha se esvaziado ao longo da estrada. Não era para
menos. Tendo saído de Paris, havíamos rodado muito antes de cair naquele
emaranhado de fronteiras em que você corre o risco de não saber se está na
Áustria, na Suíça ou na Itália. Soubemos que estávamos no norte, no sótão
da Itália, vendo um providencial borracheiro dar nova carga a um pneu
sgonfiato.

Dali saímos − éramos dois jovens casais num distante verão europeu,

117
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

embarcados numa aventura que, de camping em camping, nos levaria a


Istambul – para dar carga nova a nossos estômagos, àquela altura não
menos sgonfiati. O que pode a fome, em especial na juventude: à beira de
um himalaia de sofrível espaguete fumegante, julguei ver fumaças filosóficas
na sentença do tosco borracheiro. E, entre garfadas, sob o olhar zombeteiro
dos companheiros de viagem, me pus a teorizar.

Sim, camminando si sgonfia, e não apenas quando se é, nesta vida, um pneu.


Também nós, de tanto rodar, vamos aos poucos desinflando. E por aí fui,
inflado e inflamado num papo delirante. Fosse hoje, talvez tivesse dito,
infelizmente com conhecimento de causa, que a partir de determinado
ponto carecemos todos de alguma espécie de fortificante, de um novo
alento para o corpo, quem sabe para a alma.

* Camminando si sgonfia = andando se esvazia. Sgonfiato é vazio; sgonfiati é


a forma plural.

(Adaptado de: WERNECK, Humberto – Esse inferno vai acabar. Porto Alegre,
Arquipélago, 2011, p. 85-86)

Está inteiramente correta a redação deste livre comentário sobre o texto:


a) O tosco borracheiro italiano seria incapaz de suspeitar que se atribuíssem
aquela sua frase o alto sentido filosófico que dela se derivou.

b) Um dos jovens viajantes se dispôs à filosofar, atribuindo- se um sentido


superior à frase que o simplório borracheiro jamais poderia conter.

c) Por vezes, é possível atribuir às palavras de uma frase simples, ou mesmo


banal, um sentido outro, que elas acabam por sugerir aos imaginosos.

d) Já envelhecido, o autor da crônica confessa-nos de que a vida, de fato, lhe


incutiu na frase do borracheiro um sentido cada vez mais oportuno e
atualizado.

118
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

e) Em meio à países em cujas fronteiras se entrelaçam é difícil buscar-se


orientação precisa, sobretudo quando se desconhece a língua de uma
região.

Questão 75: FCC - TCM-GO/2015


Prazer sem humilhação

O poeta Ferreira Gullar disse há tempos uma frase que gosta de repetir: “A
crase não existe para humilhar ninguém”. Entenda-se: há normas gramaticais
cuja razão de ser é emprestar clareza ao discurso escrito, valendo como
ferramentas úteis e não como instrumentos de tortura ou depreciação de
alguém.

Acho que o sentido dessa frase pode ampliar-se: “A arte não existe para
humilhar ninguém”, entendendo-se com isso que os artistas existem para
estimular e desenvolver nossa sensibilidade e inteligência do mundo, e não
para produzir obras que separem e hierarquizem as pessoas. Para ficarmos
no terreno da música: penso que todos devem escolher ouvir o que gostam,
não aquilo que alguém determina. Mas há aqui um ponto crucial, que vale a
pena discutir: estamos mesmo em condições de escolher livremente as
músicas de que gostamos?

Para haver escolha real, é preciso haver opções reais. Cada vez que um carro
passa com o som altíssimo de graves repetidos praticamente sem variação,
num ritmo mecânico e hipnótico, é o caso de se perguntar: houve aí uma
escolha? Quem alardeia os infernais decibéis de seu som motorizado pela
cidade teve a chance de ouvir muitos outros gêneros musicais? Conhece
muitos outros ritmos, as canções de outros países, os compositores de outras
épocas, as tendências da música brasileira, os incontáveis estilos musicais já
inventados e frequentados? Ou se limita a comprar no mercado o que está
vendendo na prateleira dos sucessos, alimentando o círculo vicioso e
enganoso do “vende porque é bom, é bom porque vende”?

119
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Não digo que A é melhor que B, ou que X é superior a todas as letras do


alfabeto; digo que é importante buscar conhecer todas as letras para
escolher. Nada contra quem escolhe um “batidão” se já ouviu música clássica,
desde que tenha tido realmente a oportunidade de ouvir e escolher
compositores clássicos que lhe digam algo. Não acho que é preciso escolher,
por exemplo, entre os grandes Pixinguinha e Bach, entre Tom Jobim e
Beethoven, entre um forró e a música eletrônica das baladas, entre a música
dançante e a que convida a uma audição mais serena; acho apenas que
temos o direito de ouvir tudo isso antes de escolher. A boa música, a boa
arte, esteja onde estiver, também não existe para humilhar ninguém.

(João Cláudio Figueira, inédito)

As normas de concordância verbal encontram-se plenamente observadas na


frase:
a) Não deve representar uma humilhação para nós as eventuais falhas de
redação, que pode e precisa ser sanada.

b) Difunde-se, já há muito tempo, preconceitos contra a grande arte, sob a


alegação de que ela é produzida para uma pequena elite.

c) Caso não hajam opções reais, o público acabará tendo acesso não a obras
de arte, mas a mercadorias em oferta.

d) Traumatizados pelos decibéis do som que os atormenta, ocorre a alguns


motoristas reagir com violência a esses abusos.

e) Ao autor do texto não incomodam as pessoas ouvirem qualquer coisa,


mas sim o que a elas não é facultado conhecerem.

Questão 76: VUNESP - PC CE/2015

120
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Luiz Felipe Pondé afirma não _____________ mais vovôs e vovós como
antigamente, já que ____________ cada vez mais___________ em copiar
seus netos.

Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas,


de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
a) haverem … se encontra … empenhado

b) haverem … encontram-se … empenhados

c) haver … encontra-se … empenhado

d) haver ... encontra-se … empenhados

e) haver … se encontram … empenhados

Questão 77: CESPE - MPU/2015


Segundo a doutrina nacional, os crimes cibernéticos (também chamados de
eletrônicos ou virtuais) dividem-se em puros (ou próprios) ou impuros (ou
impróprios). Os primeiros são os praticados por meio de computadores e se
realizam ou se consumam também em meio eletrônico. Os impuros ou
impróprios são aqueles em que o agente se vale do computador como meio
para produzir resultado que ameaça ou lesa outros bens, diferentes daqueles
da informática.

É importante destacar que o art. 154-A do Código Penal (Lei n.º 12.737/2012)
trouxe para o ordenamento jurídico o crime novo de “invasão de dispositivo
informático”, que consiste na conduta de invadir dispositivo informático
alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação
indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou
destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular
do dispositivo, ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita.
Quanto à culpabilidade, a conduta criminosa do delito cibernético
caracteriza-se somente pelo dolo, não havendo a previsão legal da conduta

121
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

na forma culposa. Idem, ibidem.

Em relação às ideias e às estruturas linguísticas do texto, julgue o item a


seguir.

Na linha 5, a forma verbal “trouxe” está no singular porque tem de concordar


com “Lei”.
Certo

Errado

Questão 78: CESPE - TRE GO/2015


Texto I

Os primeiros anos que se seguiram à Proclamação da República foram de


grandes incertezas quanto aos trilhos que a nova forma de governo deveria
seguir. Em uma rápida olhada, identificam-se dois grupos que defendiam
diferentes formas de se exercer o poder da República: os civis e os militares.
Os civis, representados pelas elites das principais províncias — São Paulo, Rio
de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul —, queriam uma república
federativa que desse muita autonomia às unidades regionais. Os militares,
por outro lado, defendiam um Poder Executivo forte e se opunham à
autonomia buscada pelos civis. Isso sem mencionar as acirradas disputas
internas de cada grupo. Esse era um quadro que demonstrava a grande
instabilidade sentida pelos cidadãos que viveram naqueles anos. Mas havia
cidadãos?

Formalmente, a Constituição de 1891 definia como cidadãos os brasileiros


natos e, em regra, os naturalizados. Podiam votar os cidadãos com mais de
vinte e um anos de idade que tivessem se alistado conforme determinação
legal. Mas o que, exatamente, significava isso? Em 1894, na primeira eleição
para presidente da República, votaram 2,2% da população. Tudo indica que,
apesar de a República ter abolido o critério censitário e adotado o voto

122
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

direto, a participação popular continuou sendo muito baixa em virtude,


principalmente, da proibição do voto dos analfabetos e das mulheres.

No que se refere à legislação eleitoral, alguns instrumentos legais vieram a


público, mas nenhum deles alterou profundamente o processo eleitoral da
época. As principais alterações promovidas na legislação contemplaram o
fim do voto censitário e a manutenção do voto direto. Essas modificações,
embora importantes, tiveram pouca repercussão prática, já que o voto ainda
era restrito — analfabetos e mulheres não votavam — e o processo eleitoral
continuava permeado por toda sorte de fraudes.

Ane Ferrari Ramos Cajado, Thiago Dornelles e Amanda Camylla


Pereira. Eleições no
Brasil: uma história de 500 anos. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral, 2014, p.
27-8. Internet: <www.tse.jus.br> (com adaptações).

Julgue o item que se segue, acerca das estruturas linguísticas do texto I.

O trecho “votaram 2,2% da população” (l. 10) poderia, sem prejuízo


gramatical ou de sentido para o texto, ser reescrito da seguinte forma: 2,2%
da população votou.
Certo

Errado

Questão 79: FCC - CNMP/2015


Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Na literatura internacional da Ciência Política, é hoje dominante o


entendimento de que democracia é um arcabouço institucional para a
pacificação das lutas inerentes à conquista e ao exercício do poder, não um
padrão de sociedade fundado na igualdade socioeconômica substantiva. A
democracia surge historicamente em sociedades com profunda

123
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

desigualdade, estratificadas, sendo muito mais causa que consequência da


redução das desigualdades sociais.

De fato, certa tensão entre os conceitos institucional e substantivo da


democracia existe por toda parte, mas articula-se de maneira específica no
pensamento de cada país. Durante todo o século XX, a avaliação de que
democracia só é “autêntica” quando estreitamente associada a avanços no
plano da igualdade foi compartilhada por correntes ideológicas diversas.

Endossar o conceito analítico da democracia como um arcabouço político-


institucional, a meu ver correto, não significa que o corpo de hipóteses
históricas e empíricas que explica a consolidação da democracia como
sistema em casos concretos possa passar ao largo das desigualdades sociais
e dos obstáculos culturais delas decorrentes. Como processo histórico, a
evolução da democracia representativa deve ser compreendida como
resultante de dois vetores. De um lado, a formação de uma autoridade
central capaz de arbitrar disputas de poder, inclusive mediante a elaboração
de uma complexa aparelhagem eleitoral; de outro, o crescimento
econômico, com todas as implicações para a elevação do piso de bem-estar
e desconcentração das posições de privilégio, status. Num período dilatado
de tempo, tal processo propicia efetiva redistribuição de renda e riqueza,
facilita o surgimento econômico e político de uma classe média e torna mais
provável o fortalecimento da “sociedade civil”.

Desde a Segunda Grande Guerra, o principal determinante da estabilidade


democrática foi o crescimento econômico. Mesmo democracias que no início
pareciam débeis foram se robustecendo à medida que ascendiam a níveis
mais altos de renda per capita, melhoravam seus níveis educacionais e
conseguiam atender as demandas básicas da população. Mas nada assegura
que a configuração de fatores relevantes para a estabilidade permanecerá a
mesma até, digamos, a metade do presente século. Na América Latina, o
regime democrático sabidamente convive com níveis infamantes de
desigualdade social, corrupção e criminalidade, e se beneficia cada vez
menos da força moderadora de valores e instituições “tradicionais”. Assim,
até onde a vista alcança, a estabilidade e o vigor da democracia

124
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

dependerão muito do desempenho do sistema político e do aprimoramento


moral da vida pública.

(Adaptado de: LAMOUNIER, Bolivar. “Democracia: origens e presença no


pensamento brasileiro. In: Agenda cultural. São Paulo, Cia. das Letras, 2009. p.
148-150)

O elemento que justifica a flexão verbal em destaque está sublinhado em:


a) ... não significa que o corpo de hipóteses históricas e empíricas que
explica a consolidação da democracia como sistema em casos
concretos possa passar ao largo...

b) De fato, certa tensão entre os conceitos institucional e substantivo da


democracia existe por toda parte, mas articula-se de maneira específica...

c) Mesmo democracias que no início pareciam débeis foram se


robustecendo...

d) ... é hoje dominante o entendimento de que democracia...

e) Mas nada assegura que a configuração de fatores relevantes para


a estabilidade permanecerá a mesma até, digamos, a metade do presente
século...

Questão 80: FCC - CNMP/2015


As normas de concordância verbal e nominal estão inteiramente respeitadas
em:
a) É aceito por todos os habitantes a existência de um sino de ouro, apesar
da pobreza geral, porque a beleza dos sons por ele emitido não se
comparam a nada.

b) Um viajante que chega ao lugarejo deve achar incompatível as condições


miseráveis de vida da população e o alto valor de um sino de ouro ali
existente.

125
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

c) Somente os sons de um sino de ouro poderia tornar-se a maneira mais


apropriada, para aqueles pobres homens, de cultivarem e transmitirem seu
sentimento religioso.

d) Todos os dias, o som do sino de ouro que se espalha pelos ares enche de
alegria o coração dos habitantes e lhes traz uma doce sensação de paz e
harmonia.

e) Naquele lugar pequeno e pobre, os sons de um sino de ouro se


transforma no maior presente que os moradores é capaz de oferecer aos
viajantes que casualmente passam por ali.

GABARITO
71) D 72) E 73) A 74) C 75) D 76) E 77) Errado78) Certo 79) B 80) D

126
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 81: CESPE - MPU/2015


Na organização do poder político no Estado moderno, à luz da tradição
iluminista, o direito tem por função a preservação da liberdade humana, de
maneira a coibir a desordem do estado de natureza, que, em virtude do risco
da dominação dos mais fracos pelos mais fortes, exige a existência de um
poder institucional. Mas a conquista da liberdade humana também reclama
a distribuição do poder em ramos diversos, com a disposição de meios que
assegurem o controle recíproco entre eles para o advento de um cenário de
equilíbrio e harmonia nas sociedades estatais. A concentração do poder em
um só órgão ou pessoa viria sempre em detrimento do exercício da
liberdade. É que, como observou Montesquieu, “todo homem que tem poder
tende a abusar dele; ele vai até onde encontra limites. Para que não se possa
abusar do poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o poder limite o
poder”.

Até Montesquieu, não eram identificadas com clareza as esferas de


abrangência dos poderes políticos: “só se concebia sua união nas mãos de
um só ou, então, sua separação; ninguém se arriscava a apresentar, sob a
forma de sistema coerente, as consequências de conceitos diversos”.
Pensador francês do século XVIII, Montesquieu situa-se entre o racionalismo
cartesiano e o empirismo de origem baconiana, não abandonando o rigor
das certezas matemáticas em suas certezas morais. Porém, refugindo às
especulações metafísicas que, no plano da idealidade, serviram aos filósofos
do pacto social para a explicação dos fundamentos do Estado ou da
sociedade civil, ele procurou ingressar no terreno dos fatos.

Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do Ministério Público em


função da proteção dos direitos humanos. Tese de doutorado. São Paulo:
USP, 2010, p. 18-9. Internet: <www.teses.usp.br> (com adaptações).

Julgue o item subsequente, relativo às estruturas linguísticas do texto.

A flexão plural em “eram identificadas” decorre da concordância com o


sujeito dessa forma verbal: “as esferas de abrangência dos poderes políticos”.

127
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Certo

Errado

Questão 82: CESPE - MPU/2015


A persecução penal se desenvolve em duas fases: uma fase administrativa,
de inquérito policial, e uma fase jurisdicional, de ação penal. Assim, nada
mais é o inquérito policial que um procedimento administrativo destinado a
reunir elementos necessários à apuração da prática de uma infração penal e
de sua autoria. Em outras palavras, o inquérito policial é um procedimento
policial que tem por finalidade construir um lastro probatório mínimo,
ensejando justa causa para que o titular da ação penal possa formar seu
convencimento, a opinio delicti, e, assim, instaurar a ação penal cabível.
Nessa linha, percebe-se que o destinatário imediato do inquérito policial é o
Ministério Público, nos casos de ação penal pública, e o ofendido, nos casos
de ação penal privada.

De acordo com o conceito ora apresentado, para que o titular da ação penal
possa, enfim, ajuizá-la, é necessário que haja justa causa. A justa causa,
identificada por parte da doutrina como uma condição da ação autônoma,
consiste na obrigatoriedade de que existam prova acerca da materialidade
delitiva e, ao menos, indícios de autoria, de modo a existir fundada suspeita
acerca da prática de um fato de natureza penal. Dessa forma, é
imprescindível que haja provas acerca da possível existência de um fato
criminoso e indicações razoáveis do sujeito que tenha sido o autor desse
fato.

Evidencia-se, portanto, que é justamente na fase do inquérito policial que


serão coletadas as informações e as provas que irão formar o convencimento
do titular da ação penal, isto é, a opinio delicti. É com base nos elementos
apurados no inquérito que o promotor de justiça, convencido da existência
de justa causa para a ação penal, oferece a denúncia, encerrando a fase
administrativa da persecução penal.

128
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Hálinna Regina de Lira Rolim. A possibilidade de investigação do Ministério


Público na fase pré-processual penal. Artigo científico. Rio de Janeiro: Escola
de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, 2010, p. 4. Internet :
<www.emerj.tjrj.jus.br>. (com adaptações).

Julgue o item que se segue, a respeito das estruturas linguísticas do texto.

O sentido original do texto e a sua correção gramatical seriam mantidos, se o


período “Dessa forma, (...) o autor desse fato” fosse reescrito do seguinte
modo: Assim, é imperioso que exista provas acerca da possível existência de
um fato criminoso e indicações sólidas de quem tenha sido o autor desse
fato.
Certo

Errado

Questão 83: FCC - CNMP/2015


Atenção: Para responder à questão considere o texto abaixo.

Falsificações na internet

Quem frequenta páginas da internet, sobretudo nas redes sociais, volta e


meia se depara com textos atribuídos a grandes escritores. Qualquer leitor
dos mestres da literatura logo perceberá a fraude: a citação está longe de
honrar a alegada autoria. Drummond, Clarice Lispector, Guimarães Rosa e
Fernando Pessoa, por exemplo, jamais escreveriam banalidades recheadas
de lugares comuns, em linguagem capenga e estilo indefinido. Mas fica a
pergunta: o que motiva essas falsificações grosseiras de artistas da palavra e
da imaginação?

São muitas as justificativas prováveis. Atrás de todas está a vaidade simplória


de quem gostaria de ser tomado por um grande escritor e usa o nome deste

129
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

para promover um texto tolo, ingênuo, piegas, carregado de chavões. Os


leitores incautos mordem a isca e parabenizam o fraudulento, expandindo a
falsificação e o mau gosto. Mas há também o ressentimento malicioso de
quem conhece seus bem estreitos limites literários e, não se conformando
com eles, dispõe-se a iludir o público com a assinatura falsa, esperando ser
confundido com o grande escritor. Como há de fato quem confunda a
gritante aberração com a alta criação, o falsário dá-se por recompensado
enquanto recebe os parabéns de quem o “curtiu”.

Tais casos são lamentáveis por todas as razões, e constituem transgressões


éticas, morais, estéticas e legais. Mas fiquemos apenas com a grave questão
da identidade própria que foi rejeitada em nome de outra, inteiramente
postiça. Enganarse a si mesmo, quando não se trata de uma psicopatia grave,
é uma forma dolorosa de trair a consciência de si. Os grandes atores,
apoiando-se no talento que lhes é próprio, enobrecem esse desejo tão
humano de desdobramento da personalidade e o legitimam artisticamente
no palco ou nas telas; os escritores criam personagens com luz própria, que
se tornam por vezes mais famosos que seus criadores (caso de Cervantes e
seu Dom Quixote, por exemplo); mas os falsários da internet, ao não
assinarem seu texto medíocre, querem que o tomemos como um grande
momento de Shakespeare. Provavelmente jamais leram Shakespeare ou
qualquer outro gênio citado: conhecem apenas a fama do nome, e a usam
como moeda corrente no mercado virtual da fama.

Tais fraudes devem deixar um gosto amargo em quem as pratica, sobretudo


quando ganham o ingênuo acolhimento de quem, enganado, as aplaude. É
próprio dos vícios misturar prazer e corrosão em quem os sustenta. Disfarçar
a mediocridade pessoal envergando a máscara de um autêntico criador só
pode aprofundar a rejeição da identidade própria. É um passo certo para
alargar os ressentimentos e a infelicidade de quem não se aceita e não se
estima.

(Terêncio Cristobal, inédito)

130
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se concordando com o


termo sublinhado na frase:
a) O autor do texto acha que (ser) de se lamentar que tantas pessoas sejam
enganadas pelos falsários da internet.

b) Seria preciso que se (aplicar) a esses falsários alguma sanção, para que
não houvesse tantos abusos.

c) Quem jamais leu Shakespeare nem (imaginar) as lições literárias e as


discussões éticas que está perdendo.

d) Não (dever) caber aos usuários da internet o direito de publicar o que


quer que seja com assinatura falsa.

e) Infelizmente não se (punir) esses falsos gênios da internet com medidas


rigorosas e exemplares.

Questão 84: VUNESP - CM Caieiras/2015


Colega tagarela é o que mais atrapalha

De acordo com pesquisa realizada nos Estados Unidos, colegas tagarelas são
o principal motivo de distração durante a jornada de trabalho.

Pelo levantamento feito com 848 profissionais, 45% deles consideram que as
conversas frequentes são, em grande parte, responsáveis pela perturbação
no ambiente corporativo.

Para Jim Greenaway, vice-presidente de uma consultoria, interrupções e


distrações se desenvolvem quando um colega tagarela perde a capacidade
de discernimento, não compreende os limites e não sabe interpretar a
linguagem corporal, comprometendo a concentração necessária para que as
tarefas sejam realizadas.

“Profissionais tagarelas em geral não fazem ideia de quão irritantes são para

131
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

seus colegas. Eles simplesmente perdem a capacidade de reconhecer os


sinais, por isso devem prestar atenção às dicas não verbais que surgem no
ambiente e estabelecer limites de respeito ao tempo dos colegas.” Os sinais a
que Greenaway se refere incluem, por exemplo, olhadelas no relógio e o
tamborilar impaciente dos dedos sobre a mesa.

Conversas no corredor ou pequenas paradas para um bate-papo com um


colega podem render grandes benefícios em termos de colaboração,
gerando ideias, criando confiança e aumentando a produtividade; contudo,
muita conversa também pode ser um fator negativo, como apontou a
pesquisa.

(Folha de S. Paulo, 16.07.2014. Adaptado)

Assinale a alternativa correta quanto à concordância verbal e nominal.


a) Existem várias pesquisas cujo intuito é diagnosticar os problemas que
comprometem a atuação adequada dos funcionários de uma instituição.

b) Consultores, como Jim Greenaway, acredita que o profissional comedido


nas atitudes tende a ser bem--vindo no grupo de trabalho.

c) Os 848 profissionais dos EUA que foram submetido à pesquisa avaliaram


o papel do tagarela no dia a dia de uma empresa.

d) Conversa breve nos corredores durante o expediente podem gerar maior


interação entre aqueles que dividem o mesmo local de trabalho.

e) Irritante, os colegas tagarelas não notam o quanto interferem na rotina


dos demais colaboradores, o que gera descontentamento.

Questão 85: CESPE - CGE PI/2015


Texto I

132
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Talvez o distinto leitor ou a irresistível leitora sejam naturais, caso em que me


apresso a esclarecer que nada tenho contra os naturais, antes pelo contrário.
Na verdade, alguns dos meus melhores amigos são naturais. Como, por
exemplo, o festejadíssimo cineasta patrício Geraldo Sarno, que é baiano e é
natural — pois neste mundo as combinações mais loucas são possíveis.
Certa feita, estava eu a trabalhar em sua ilustre companhia quando ele me
convidou para almoçar (os cineastas, tradicionalmente, têm bastante mais
dinheiro do que os escritores; deve ser porque se queixam muito melhor).
Aceito o convite, ele me leva a um restaurante que, apesar de simpático, me
pareceu um pouco estranho. Por que a maior parte das pessoas comia com
ar religioso e contrito? Que prato seria aquele que, olhos revirados para cima,
mastigação estoica, e expressão de quem cumpria dever penosíssimo, um
casal comia, entre goles de uma substância esverdeada e viscosa que
lentamente se decantava — para grande prejuízo de sua já emética
aparência — numa jarra suspeitosa? Logo fui esclarecido, quando meu
companheiro e anfitrião, os olhos cintilantes e arregalados, me anunciou:

— Surpresa! Vais comer um almoço natural!

João Ubaldo Ribeiro. A vida natural. In: Arte e ciência de roubar galinha. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.

Acerca das ideias e das estruturas linguísticas do texto I, julgue o item a


seguir.

Sem prejuízo para a correção gramatical do texto, a forma verbal “comia” (l.6)
poderia ser flexionada no plural.
Certo

Errado

Questão 86: VUNESP - CM Caieiras/2015

133
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Considerando a norma-padrão da língua portuguesa, assinale a alternativa


que completa, correta e respectivamente, as lacunas do texto.

As contratações públicas sustentáveis são aquelas em que __________ as


aquisições de bens com especificações ou critérios mais sustentáveis ou
eficientes, como o caso dos condicionadores de ar classe A. Para os casos de
sistemas de ar condicionado mais eficientes, já __________ critérios que
podem ser adotados para torná-los mais __________.

(Disponível em: www.comprasgovernamentais.gov.br. Adaptado)

a) se prioriza … existe … sustentáveis

b) se priorizam … existem … sustentável

c) é priorizado … existem … sustentável

d) são priorizadas … existe … sustentáveis

e) são priorizadas … existem … sustentáveis

Questão 87: FCC - TRE RR/2015


Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

[...] ser independente significa bem mais do que ser livre para viver como se
quer: significa, basicamente, viver com valores que façam a vida ser digna de
ser vivida. Não basta um estado de espírito. Não basta, como diz o samba,
“vestir a camisa amarela e sair por aí”. Tampouco basta sentir-se autônomo,
fazendo parte do bando. É preciso algo mais. Ora, um dos valores que vêm
sendo retomados pelos filósofos e que cabem como uma luva nessa questão
é o da resistência. Na raiz da palavra resistere se encontra um sentido: “ficar
de pé”. E ficar de pé implica manter vivas, intactas dentro de si, as forças da
lucidez. Essa é uma exigência que se impõe tanto em tempos de guerra
quanto em tempos de paz. Sobretudo nesses últimos, quando costumamos

134
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

achar que está tudo bem, que está tudo “numa boa”; quando recebemos
informações de todos os lados, sem tentar, nem ao menos, analisá-las, e
terminamos por engolir qualquer coisa.

Resistir como forma de ser independente é, talvez, uma maneira de


encontrar um significado no mundo. Daí que, para celebrar a independência,
vale mesmo é desconstruir o mundo, desnudar suas estruturas, investigar a
informação. Fazer isso sem cansaço para depois termos vontade de,
novamente, desejá-lo, inventá-lo e construí-lo; de reencontrar o caminho da
sensibilidade diante de uma paisagem, ao abrir um livro ou a porta de um
museu. Independência, sim, para defendermos a vida, para defendermos
valores para ela, para que ela tenha um sentido. Independência de pé, com
lucidez e prioridades. Clareza, sim, para não continuarmos a assistir,
impotentes, ao espetáculo da própria impotência.

(PRIORE, Mary Del. Histórias e conversas de mulher. São Paulo: Planeta, 2013,
p. 281)

Considere as alterações propostas nas alternativas abaixo para alguns


segmentos do texto. Mantém-se a correção gramatical no que consta em:

a) Na raiz da palavra resistere se encontra um sentido ...


Na raiz da palavra resistere se encontra algumas indicações de seu
significado ...

b) Não basta um estado de espírito.


Não basta algumas decisões tomadas nesse sentido.

c) Essa é uma exigência que se impõe tanto em tempos de guerra quanto


em tempos de paz.
Essa é uma das exigências que se impõem tanto em tempos de guerra
quanto em tempos de paz.

d) É preciso algo mais.


Faz-se necessário as mudanças de visão e de atitudes.

135
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

e) ... para que ela tenha um sentido.


... para que as metas estabelecidas a cada um tenha um sentido.

Questão 88: FCC - TRE RR/2015


Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

É indiscutível que no mundo contemporâneo o ambiente do futebol é dos


mais intensos do ponto de vista psicológico. Nos estádios a concentração é
total. Vive-se ali situação de incessante dialética entre o metafórico e o literal,
entre o lúdico e o real. O que varia conforme o indivíduo considerado é a
passagem de uma condição a outra. Passagem rápida no caso do torcedor,
cuja regressão psíquica do lúdico dura algumas horas e funciona como
escape para as pressões do cotidiano. Passagem lenta no caso do futebolista
profissional, que vive quinze ou vinte anos em ambiente de fantasia, que
geralmente torna difícil a inserção na realidade global quando termina a
carreira. A solução para muitos é a reconversão em técnico, que os mantém
sob holofote. Lothar Matthäus, por exemplo, recordista de partidas em Copas
do Mundo, com a seleção alemã, Ballon d’Or de 1990, tornou-se técnico
porque “na verdade, para mim, o futebol é mais importante do que a família”.
[...]

Sendo esporte coletivo, o futebol tem implicações e significações


psicológicas coletivas, porém calcadas, pelo menos em parte, nas
individualidades que o compõem. O jogo é coletivo, como a vida social,
porém num e noutra a atuação de um só indivíduo pode repercutir sobre o
todo. Como em qualquer sociedade, na do futebol vive-se o tempo inteiro
em equilíbrio precário entre o indivíduo e o grupo. O jogador busca o
sucesso pessoal, para o qual depende em grande parte dos companheiros;
há um sentimento de equipe, que depende das qualidades pessoais de seus
membros. O torcedor lúcido busca o prazer do jogo preservando sua
individualidade; todavia, a própria condição de torcedor acaba por diluí-lo na
massa.

136
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

(JÚNIOR, Hilário Franco. A dança dos deuses: futebol, cultura, sociedade. São
Paulo: Companhia das letras, 2007, p. 303-304, com adaptações)

*Ballon d’Or 1990 − prêmio de melhor jogador do ano

As normas de concordância verbal e nominal estão inteiramente respeitadas


em:
a) As torcidas organizadas, muitas vezes objeto de críticas por um
comportamento violento e antissocial, tem sido alvo de intervenções do
poder público, no sentido de que se evite brigas que resultam,
habitualmente, em morte de torcedores de times rivais.

b) Nem sempre é aceitável, para um torcedor apaixonado por seu time, os


reveses durante uma partida de futebol, visto que uns poucos minutos de
jogo pode definir um resultado negativo inesperado e contrariar todas as
expectativas de sucesso.

c) O noticiário de jornais, especialmente os esportivos, dão conta dos


múltiplos interesses que envolvem times, dirigentes, atletas, além do
espetáculo, por vezes dramático, de jogadores que, estimulados pela torcida,
busca atingir seu momento de glória.

d) A brilhante atuação de um jogador em campo torna realizáveis todos os


sonhos da grande massa fiel de torcedores que veem, encantados,
materializar-se a conquista das metas estabelecidas, em cada campeonato,
pelos dirigentes de seu time favorito.

e) Certos jogadores conseguem, em momentos do jogo, que passa a ser


considerado quase mágica, fazer a bola descrever curvas inesperadas que
ludibriam barreiras e, principalmente, goleiros, que resulta no gol que
hipnotiza os torcedores mais apaixonados.

Questão 89: FCC - SEFAZ PE/2015

137
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

A alternativa que apresenta frase clara e linguagem adequada, segundo os


preceitos da gramática normativa, é:
a) A jovem escritora, cujo primeiro romance não se sabe porque foi tão
exaltado pela crítica, concedeu entrevista no mesmo hotel onde conheceu e
se apaixonou pelo grande incentivador de seu trabalho, poeta de renome
internacional.

b) Na comemoração de 2014, a presença maciça dos formandos de dez anos


atrás e a alegria contagiante que marcou os reencontros fez lembrar que
amigos de tempos de escola suscitam memórias que tornam a todos felizes.

c) A especialista em comportamento animal advertiu: é necessário evitar a


coleira em filhotes dessa específica e pouco conhecida raça, em especial nas
fêmeas, pois elas as machucam muito quando as caminhadas tornam-se
excessivas.

d) No dia em que foi dispensado, vagou horas a fio em profundo pesar, até
que viu passar um buldogue numa moto com o dono todo paramentado;
perante a isso, não pode deixar de sorrir e lembrar que a vida é sempre
surpreendente.

e) Nas adjacências do fórum, estudantes de direito digladiavam-se para


conseguir uma senha, sem a qual não poderiam assistir aos trabalhos do
tribunal do júri; se pessoas mais sensatas não tivessem intervindo, o tumulto
teria se exacerbado.

Questão 90: CESGRANRIO - BB/2015


Cartilha orienta consumidor

Lançada pelo SindilojasRio e pelo CDL-Rio,


em parceria com o Procon-RJ, guia destaca os principais
pontos do Código de Defesa do Consumidor (CDC),
selecionados a partir das dúvidas e reclamações mais
comuns recebidas pelas duas entidades

138
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

O Sindicato de Lojistas do Comércio do Rio de Janeiro (SindilojasRio) e o


Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDL-Rio) lançaram ontem uma
cartilha para orientar lojistas e consumidores sobre seus direitos e deveres.
Com o objetivo de dar mais transparência e melhorar as relações de
consumo, a cartilha tem apoio também da Secretaria Estadual de Proteção e
Defesa do Consumidor (Seprocon)/ Procon-RJ.

Batizada de Boas Vendas, Boas Compras! – Guia prático de direitos e deveres


para lojistas e consumidores, a publicação destaca os principais pontos do
Código de Defesa do Consumidor (CDC), selecionados a partir das dúvidas e
reclamações mais comuns recebidas, tanto pelo SindilojasRio e CDL-Rio,
como pelo Procon-RJ.

“A partir da conscientização de consumidores e lojistas sobre seus direitos e


deveres, queremos contribuir para o crescimento sustentável das empresas,
tendo como base a ética, a qualidade dos produtos e a boa prestação de
serviços ao consumidor”, explicou o presidente do SindilojasRio e do CDL-
Rio, Aldo Gonçalves.

Gonçalves destacou que as duas entidades estão comprometidas em


promover mudanças que propiciem o avanço das relações de consumo, além
do desenvolvimento do varejo carioca.

“O consumidor é o nosso foco. É importante informá-lo dos seus direitos”,


disse o empresário, ressaltando que conhecer bem o CDC é vital não só para
os lojistas, mas também para seus fornecedores.

Jornal do Commercio. Rio de Janeiro. 08 abr. 2014, A-9. Adaptado.

Após ler o texto, que é uma reportagem, um funcionário do jornal decidiu


enviá-lo por e-mail a um colega, mas, além do texto completo, ele resolveu
também anexar uma imagem com a capa do jornal. A mensagem enviada
tinha, porém, uma concordância que desrespeitava a norma-padrão.

139
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Essa concordância equivocada está exemplificada em:


a) Mando-lhe dois arquivos alusivos à matéria mencionada em epígrafe.

b) Segue os dois arquivos que mencionei sobre a cartilha do consumidor.

c) Envio dois arquivos atachados referentes aos itens que mencionei acima.

d) Veja nos anexos os dois arquivos sobre a matéria mencionada.

e) Anexo nesta mensagem dois arquivos relacionados com a reportagem.

GABARITO
81) Certo 82) Errado 83) E 84) A85) Certo 86) E 87) C 88) D 89) E 90) B

140
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 91: VUNESP - SAP SP/2015


Leia o texto para responder à questão.

Grupo quer criar cooperativa de catadores de pelo

Catadores de pelo de cachorro. É a mais nova modalidade de cooperativa de


reciclagem, que pretende recolher o material da tosa em pet shops* e
transformá-lo em roupas de animais.

O projeto de transformar pelo de poodle em tecido começou em uma escola


do Senai em 2008 e ganhou legitimidade após pesquisa na USP demonstrar
que o material é similar ao da lã de carneiro e pode passar pelo processo de
fiação.

“Um leigo não conseguiria diferenciar um do outro”, diz Renato Lobo, que
realizou o estudo com pelo de poodle em seu mestrado. Segundo ele, há
similaridade entre os dois em relação à maciez, tingibilidade (capacidade de
receber corante), alongamento, absorção de líquido e isolamento térmico.

Do ponto de vista técnico, Lobo explica que a única diferença entre o pelo
do poodle e a lã do carneiro é o comprimento da fibra — mais curta no
primeiro. Mas essa diferença não altera o processo de fiação, porque há um
maquinário próprio para fibras mais curtas.

Agora, a proposta é montar uma cooperativa de catadores de pelo seguindo


o mesmo modelo das que hoje reciclam latinhas e papelão. Lobo diz que há
negociações com três dessas cooperativas para possível parceria.

Hoje, o pelo é descartado no lixo pelos pet shops. A ideia é que, após a
coleta, limpeza e fiação, ele vire roupinhas para animais que serão vendidas
também nas lojas. “Estamos em contato com ONGs que produzem essas
roupas para animais de estimação para apresentar o tecido feito de pelo.”

141
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

“A procura por roupas de animais é grande, principalmente no inverno.


Tenho certeza de que haverá interesse, porque as pessoas adoram uma
novidade”, diz o veterinário Sergio Soares Júnior.

E roupas para humanos? Segundo Lobo, “Há viabilidade técnica para


produzi-las, mas não sei se haveria aceitação. As pessoas usam casacos de
couro, mas não sei se aceitariam roupas de pelo de cão. De animal para
animal, fica mais fácil.”

(Cláudia Collucci, Folha de S.Paulo, 20.07.2014. Adaptado)

* pet shops: lojas especializadas em serviços e artigos relativos a animais de


estimação

Lobo diz que há negociações com três dessas cooperativas para possível
parceria.

A forma verbal em destaque está substituída corretamente, de acordo com a


norma-padrão da língua portuguesa, por
a) existe.

b) têm sido realizado.

c) se realiza.

d) têm ocorrido.

e) acontece.

Questão 92: VUNESP - SAP SP/2015


Leia o texto para responder à questão.

Grupo quer criar cooperativa de catadores de pelo

142
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Catadores de pelo de cachorro. É a mais nova modalidade de cooperativa de


reciclagem, que pretende recolher o material da tosa em pet shops* e
transformá-lo em roupas de animais.

O projeto de transformar pelo de poodle em tecido começou em uma escola


do Senai em 2008 e ganhou legitimidade após pesquisa na USP demonstrar
que o material é similar ao da lã de carneiro e pode passar pelo processo de
fiação.

“Um leigo não conseguiria diferenciar um do outro”, diz Renato Lobo, que
realizou o estudo com pelo de poodle em seu mestrado. Segundo ele, há
similaridade entre os dois em relação à maciez, tingibilidade (capacidade de
receber corante), alongamento, absorção de líquido e isolamento térmico.

Do ponto de vista técnico, Lobo explica que a única diferença entre o pelo
do poodle e a lã do carneiro é o comprimento da fibra — mais curta no
primeiro. Mas essa diferença não altera o processo de fiação, porque há um
maquinário próprio para fibras mais curtas.

Agora, a proposta é montar uma cooperativa de catadores de pelo seguindo


o mesmo modelo das que hoje reciclam latinhas e papelão. Lobo diz que há
negociações com três dessas cooperativas para possível parceria.

Hoje, o pelo é descartado no lixo pelos pet shops. A ideia é que, após a
coleta, limpeza e fiação, ele vire roupinhas para animais que serão vendidas
também nas lojas. “Estamos em contato com ONGs que produzem essas
roupas para animais de estimação para apresentar o tecido feito de pelo.”

“A procura por roupas de animais é grande, principalmente no inverno.


Tenho certeza de que haverá interesse, porque as pessoas adoram uma
novidade”, diz o veterinário Sergio Soares Júnior.

E roupas para humanos? Segundo Lobo, “Há viabilidade técnica para


produzi-las, mas não sei se haveria aceitação. As pessoas usam casacos de
couro, mas não sei se aceitariam roupas de pelo de cão. De animal para

143
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

animal, fica mais fácil.”

(Cláudia Collucci, Folha de S.Paulo, 20.07.2014. Adaptado)

* pet shops: lojas especializadas em serviços e artigos relativos a animais de


estimação

Considere a seguinte passagem do texto, à qual foram acrescidas lacunas:

As pessoas usam casacos de couro, mas não sei se aceitariam roupas


de pelo de cão.

Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas,


de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
a) feito ... feito

b) feito ... feita

c) feito ... feitas

d) feitos ... feitos

e) feitos ... feitas

Questão 93: VUNESP - SAP SP/2015


Leia o texto para responder à questão.

No Cieja (Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos) Campo Limpo,


não se registram advertências aos estudantes nem há período de
recuperação. Alunos com dificuldades nos colégios da região enxergam ali a
possibilidade de um recomeço. “Outros colégios desistem de alguns alunos
tidos como problemáticos e os encaminham para um centro de ensino de
jovens e adultos”, explica a coordenadora da escola, Cristina Sá.

144
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Todos os 14 Ciejas de São Paulo reservam um dia para os professores


fazerem planejamento. Êda, a diretora do Cieja Campo Limpo, usa as sextas-
feiras para discutir casos específicos dos alunos e para formar os educadores
na filosofia da escola. Neste dia, não há aula. “É um trabalho de formiguinha”,
diz a diretora. Vários professores não se adaptaram e pediram transferência.
“Tem gente que não acredita em um ensino que não impõe autoridade. Nós
acreditamos”, afirma Cristina.

Num dos dias em que a Folha visitou a escola, um morador da mesma rua
apareceu em frente à entrada, com um carrinho de sucata com o pneu
furado, perguntando: “Cadê a dona Êda? Preciso de ajuda para arrumar meu
pneu”. A naturalidade do pedido mostra como a integração com a
comunidade funciona.

(http://arte.folha.uol.com.br. 30.11.2014. Adaptado)

Assinale a alternativa correta quanto à concordância verbal.


a) No Cieja Campo Limpo, não há advertências aos estudantes nem se faz
períodos de recuperação.

b) No Cieja Campo Limpo, não se faz advertências aos estudantes nem se


dedica períodos à recuperação.

c) No Cieja Campo Limpo, não se fazem advertências aos estudantes nem


existem períodos de recuperação.

d) No Cieja Campo Limpo, não se fazem advertências aos estudantes nem


existe períodos de recuperação.

e) No Cieja Campo Limpo, não existe advertências aos estudantes nem se


dedicam períodos à recuperação.

Questão 94: FCC - TRT 15/2015


Atenção: Para responder às questões de números, considere o texto abaixo.

145
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Não é preciso assistir a 12 Anos de Escravidão para saber que a prática foi
uma das maiores vergonhas da humanidade. Mas é preciso corrigir o tempo
do verbo. Foi? Melhor escrever a frase no presente. A escravidão ainda é uma
das maiores vergonhas da humanidade. E o fato de o Ocidente não ocupar
mais o topo da lista como responsável pelo crime não deve ser motivo para
esquecermos ou escondermos a infâmia.

Anos atrás, lembro-me de um livro aterrador de Benjamin Skinner que ficou


gravado nos meus neurônios. Seu título era A Crime So Monstrous (Um crime
tão monstruoso) e Skinner ocupava-se da escravidão moderna para chegar à
conclusão aterradora: existem hoje mais escravos do que em qualquer outra
época da história humana.

Skinner não falava apenas de novas formas de escravidão, como o tráfico de


mulheres na Europa ou nos Estados Unidos. A escravidão que denunciava
com dureza era a velha escravidão clássica − a exploração braçal e brutal de
milhares ou milhões de seres humanos trabalhando em plantações ou
pedreiras ao som do chicote. [...]

Pois bem: o livro de Skinner tem novos desenvolvimentos com o maior


estudo jamais feito sobre a escravidão atual. Promovido pela Associação
Walk Free, o Global Slavery Index é um belo retrato da nossa miséria
contemporânea. [...]

A Índia, tal como o livro de Benjamin Skinner já anunciava, continua a


espantar o mundo em termos absolutos com um número que hoje oscila
entre os 13 milhões e os 14 milhões de escravos. Falamos, na grande maioria,
de gente que continua a trabalhar uma vida inteira para pagar as chamadas
"dívidas transgeracionais" em condições semelhantes às dos escravos do
Brasil nas roças.

Conclusões principais do estudo? Pessoalmente, interessam-me duas. A


primeira, segundo o Global Slavery Index, é que a escravidão é residual, para
não dizer praticamente inexistente, no Ocidente branco e "imperialista".

146
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

De fato, a grande originalidade da Europa não foi a escravidão; foi, pelo


contrário, a existência de movimentos abolicionistas que terminaram com
ela. A escravidão sempre existiu antes de portugueses ou espanhóis
comprarem negros na África rumo ao Novo Mundo. Sempre existiu e, pelo
visto, continua a existir.

Mas é possível retirar uma segunda conclusão: o ruidoso silêncio que a


escravidão moderna merece da intelectualidade progressista. Quem fala,
hoje, dos 30 milhões de escravos que continuam acorrentados na África, na
Ásia e até na América Latina? [...]

O filme de Steve McQueen, 12 Anos de Escravidão, pode relembrar ao


mundo algumas vergonhas passadas. Mas confesso que espero pelo dia em
que Hollywood também irá filmar as vergonhas presentes: as vidas anônimas
dos infelizes da Mauritânia ou do Haiti que, ao contrário do escravo do filme,
não têm final feliz.

(Adaptado de: COUTINHO, João Pereira. "Os Escravos". Disponível


em: http://www1.folha.uol.com.br)

O verbo em negrito deve sua flexão ao elemento sublinhado em:


a) A Índia, tal como o livro de Benjamin Skinner já anunciava...

b) ... com um número que hoje oscila entre os 13 milhões...

c) Pessoalmente, interessam-me duas.

d) A escravidão que denunciava com dureza...

e) ... o ruidoso silêncio que a escravidão moderna merece...

Questão 95: FCC - MANAUSPREV/2015


Atenção: O texto abaixo refere-se à questão.

147
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Na margem esquerda do rio Amazonas, entre Manaus e Itacoatiara, foram


encontrados vestígios de inúmeros sítios indígenas pré-históricos. O que
muitos de nós não sabemos é que ainda existem regiões ocultas situadas no
interior da Amazônia e um povo, também desconhecido, que teria vivido por
aquelas paragens, ainda hoje não totalmente desbravadas.

Em 1870, o explorador João Barbosa Rodrigues descobriu uma grande


necrópole indígena contendo vasta gama de peças em cerâmica de incrível
perfeição; teria sido construída por uma civilização até então desconhecida
em nosso país. Utilizando a língua dos índios da região, ele denominou o
sítio de Miracanguera. A atenção do pesquisador foi atraída primeiramente
por uma vasilha de cerâmica, propriedade de um viajante. Este informante
disse tê-la adquirido de um mestiço, residente na Vila do Serpa (atual
Itacoatiara), que dispunha de diversas peças, as quais teria recolhido na
Várzea de Matari. Barbosa Rodrigues suspeitou que poderia se tratar de um
sítio arqueológico de uma cultura totalmente diferente das já identificadas
na Amazônia.

Em seu interior as vasilhas continham ossos calcinados, demonstrando que a


maioria dos mortos tinham sido incinerados. De fato, a maior parte dos
despojos dos miracangueras era composta de cinzas. Além das vasilhas
mortuárias, o pesquisador encontrou diversas tigelas e pratos utilitários,
todos de formas elegantes e cobertos por uma fina camada de barro branco,
que os arqueólogos denominam de “engobe”, tão perfeito que dava ao
conjunto a aparência de porcelana. Uma parte das vasilhas apresentava
curiosas decorações e pinturas em preto e vermelho. Outro detalhe que
surpreendeu o pesquisador foi a variedade de formas existentes nos sítios
onde escavou, destacando-se certas vasilhas em forma de taças de pés altos,
as quais lembram congêneres da Grécia Clássica.

Havia peças mais elaboradas, certamente para pessoas de posição elevada


dentro do grupo. A cerâmica do sítio de Miracanguera recebia um banho de
tabatinga (tipo de argila com material orgânico) e eventualmente uma
pintura com motivos geométricos, além da decoração plástica que destacava

148
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

detalhes específicos, tais como seres humanos sentados e com as pernas


representadas.

João Barbosa Rodrigues faleceu em 1909. Em 1925, o famoso antropólogo


Kurt Nimuendaju tentou encontrar Miracanguera, mas a ilha já tinha sido
tragada pelas águas do rio Amazonas. Arqueólogos americanos também
vasculharam áreas arqueológicas da Amazônia, inclusive no Equador, Peru e
Guiana Francesa, no final dos anos de 1940. Como não conseguiram achar
Miracanguera, “decidiram” que a descoberta do brasileiro tinha sido “apenas
uma subtradição de agricultores andinos”.

Porém, nos anos de 1960, outro americano lançou nova interpretação para
aquela cultura, concluindo que o grupo indígena dos miracangueras não era
originário da região, como já dizia Barbosa Rodrigues. Trata-se de um
mistério relativo a uma civilização perdida que talvez não seja solucionado
nas próximas décadas. Em pleno século 21, a cultura miracanguera continua
oficialmente “inexistente” para as autoridades culturais do Brasil e do mundo.

(Adaptado de: Museu Nacional do Rio de Janeiro. Disponível


em: https://saemuseunacional.wordpress.com. SILVA, Carlos Augusto da. A
dinâmica do uso da terra nos locais onde há sítios arqueológicos: o caso da
comunidade Cai N’água, Maniquiri-AM / (Dissertação de Mestrado) – UFAM,
2010)

A flexão do verbo em negrito deve-se ao termo sublinhado em:


a) ...a descoberta do brasileiro tinha sido “apenas "uma subtração...

b) Outro detalhe que surpreendeu o pesquisador foi a variedade...

c) ...além da decoração plástica que destacava detalhes específicos...

d) ... Barbosa Rodrigues suspeitou que poderia se tratar de um sítio


arqueológico...

e) A atenção do pesquisador foi atraída primeiramente por uma vasilha...

149
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 96: FCC - TP MANAUSPREV/2015


Atenção: O texto abaixo refere-se à questão.

Na margem esquerda do rio Amazonas, entre Manaus e Itacoatiara, foram


encontrados vestígios de inúmeros sítios indígenas pré-históricos. O que
muitos de nós não sabemos é que ainda existem regiões ocultas situadas no
interior da Amazônia e um povo, também desconhecido, que teria vivido por
aquelas paragens, ainda hoje não totalmente desbravadas.

Em 1870, o explorador João Barbosa Rodrigues descobriu uma grande


necrópole indígena contendo vasta gama de peças em cerâmica de incrível
perfeição; teria sido construída por uma civilização até então desconhecida
em nosso país. Utilizando a língua dos índios da região, ele denominou o
sítio de Miracanguera. A atenção do pesquisador foi atraída primeiramente
por uma vasilha de cerâmica, propriedade de um viajante. Este informante
disse tê-la adquirido de um mestiço, residente na Vila do Serpa (atual
Itacoatiara), que dispunha de diversas peças, as quais teria recolhido na
Várzea de Matari. Barbosa Rodrigues suspeitou que poderia se tratar de um
sítio arqueológico de uma cultura totalmente diferente das já identificadas
na Amazônia.

Em seu interior as vasilhas continham ossos calcinados, demonstrando que a


maioria dos mortos tinham sido incinerados. De fato, a maior parte dos
despojos dos miracangueras era composta de cinzas. Além das vasilhas
mortuárias, o pesquisador encontrou diversas tigelas e pratos utilitários,
todos de formas elegantes e cobertos por uma fina camada de barro branco,
que os arqueólogos denominam de “engobe”, tão perfeito que dava ao
conjunto a aparência de porcelana. Uma parte das vasilhas apresentava
curiosas decorações e pinturas em preto e vermelho. Outro detalhe que
surpreendeu o pesquisador foi a variedade de formas existentes nos sítios
onde escavou, destacando-se certas vasilhas em forma de taças de pés altos,
as quais lembram congêneres da Grécia Clássica.

150
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Havia peças mais elaboradas, certamente para pessoas de posição elevada


dentro do grupo. A cerâmica do sítio de Miracanguera recebia um banho de
tabatinga (tipo de argila com material orgânico) e eventualmente uma
pintura com motivos geométricos, além da decoração plástica que destacava
detalhes específicos, tais como seres humanos sentados e com as pernas
representadas.

João Barbosa Rodrigues faleceu em 1909. Em 1925, o famoso antropólogo


Kurt Nimuendaju tentou encontrar Miracanguera, mas a ilha já tinha sido
tragada pelas águas do rio Amazonas. Arqueólogos americanos também
vasculharam áreas arqueológicas da Amazônia, inclusive no Equador, Peru e
Guiana Francesa, no final dos anos de 1940. Como não conseguiram achar
Miracanguera, “decidiram” que a descoberta do brasileiro tinha sido “apenas
uma subtradição de agricultores andinos”.

Porém, nos anos de 1960, outro americano lançou nova interpretação para
aquela cultura, concluindo que o grupo indígena dos miracangueras não era
originário da região, como já dizia Barbosa Rodrigues. Trata-se de um
mistério relativo a uma civilização perdida que talvez não seja solucionado
nas próximas décadas. Em pleno século 21, a cultura miracanguera continua
oficialmente “inexistente” para as autoridades culturais do Brasil e do mundo.

(Adaptado de: Museu Nacional do Rio de Janeiro. Disponível


em: https://saemuseunacional.wordpress.com. SILVA, Carlos Augusto da. A
dinâmica do uso da terra nos locais onde há sítios arqueológicos: o caso da
comunidade Cai N’água, Maniquiri-AM / (Dissertação de Mestrado) – UFAM,
2010)

A forma verbal que pode ser flexionada indiferentemente no singular e no


plural encontra-se em:
a) ... as quais lembram congêneres da Grécia Clássica.

b) Havia peças mais elaboradas, certamente para pessoas de posição mais


elevada...

151
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

c) ...o grupo indígena dos miracangueras não era originário da região...

d) ...a variedade de formas existentes nos sítios onde escavou...

e) De fato, a maior parte dos despojos dos miracangueras era composta de


cinzas.

Questão 97: FCC - MANAUSPREV/2015


Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

Numa definição solta, a floresta tropical é um tapete multicolorido,


estruturado e vivo, extremamente rico. Uma colônia extravagante de
organismos que saíram do oceano há 400 milhões de anos e vieram para a
terra. Dentro das folhas ainda existem condições semelhantes às da
primordial vida marinha. Funciona assim como um mar suspenso, que
contém uma miríade de células vivas, muito elaborado e adaptado. Em
temperatura ambiente, usando mecanismos bioquímicos de complexidade
quase inacessível, processam-se átomos e moléculas, determinando e
regulando fluxos de substâncias e energias.

A mítica floresta amazônica vai muito além de um museu geográfico de


espécies ameaçadas e representa muito mais do que um simples depósito de
carbono. Evoluída nos últimos 50 milhões de anos, a floresta amazônica é o
maior parque tecnológico que a Terra já conheceu, porque cada organismo
seu, entre trilhões, é uma maravilha de miniaturização e automação.
Qualquer apelo que se faça pela valorização da floresta precisa recuperar
esse valor intrínseco.

Cada nova iniciativa em defesa da floresta tem trilhado os mesmos caminhos


e pressionado as mesmas teclas. Neste comportamento, identificamos o que
Einstein definiu como a própria insanidade: “fazer a mesma coisa, de novo,
esperando resultados diferentes”.

152
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Análises abrangentes mostram numerosas oportunidades para a


harmonização dos interesses da sociedade contemporânea com uma
Amazônia viva e vigorosa. Para chegarmos lá, é preciso compenetração,
modéstia, dedicação e compromisso com a vida. Com os recursos
tecnológicos disponíveis, podemos agregar inteligência à ocupação,
otimizando um novo uso do solo, que abra espaço para a reconstrução
ecológica da floresta. Podemos também revelar muitos outros segredos
ainda bem guardados da resiliente biologia tropical e, com isso, ir muito
além de compreender seus mecanismos.

A maioria dos problemas atuais podem se resolver por meio dos diversos
princípios que guiam o funcionamento da natureza. Uma lista curta desses
princípios, arrolados pela escritora Janine Benyus, constata que a natureza é
propelida pela luz solar; utiliza somente a energia de que necessita; recicla
todas as coisas; aposta na diversidade; demanda conhecimento local; limita
os excessos internamente; e aproveita o poder dos limites.

(Adaptado de: NOBRE, Antônio Donato. O Futuro Climático da Amazônia.


Disponível em: www.ccst.inpe.br)

Mantendo-se a correção, o verbo que pode ser flexionado em uma forma do


singular, sem que nenhuma outra alteração seja feita na frase, encontra-se
sublinhado em:
a) Análises abrangentes mostram numerosas oportunidades... (4º parágrafo)

b) A maioria dos problemas atuais podem se resolver por meio dos diversos
princípios... (último parágrafo).

c) ... por meio dos diversos princípios que guiam o funcionamento da


natureza. (último parágrafo)

d) ... processam-se átomos e moléculas... (1º parágrafo)

e) Dentro das folhas ainda existem condições semelhantes... (1º parágrafo)

153
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Questão 98: FCC - SEFAZ PI/2015


Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

“O povo não gosta de música clássica”

Estudante de Letras, mal chegado à faculdade, comecei a dar aulas de


Português numa escola pública da periferia da cidade. Estava feliz porque
gostei do trabalho de professor, nessa escola estadual frequentada
sobretudo por comerciários, office boys, aprendizes de ofício, feirantes etc.
Éramos quase todos da mesma idade, havia camaradagem entre nós.

Um dia convidei um grupinho dos mais chegados pra ir à minha casa ouvir
música. “Música clássica”, adverti. Preparei um programinha meio didático,
dentro da sequência histórica, com peças mais ou menos breves que iam do
canto gregoriano a Villa-Lobos. Comentava as diferenças de estilo, de
sentimento, de complexidade. A sessão toda durou quase duas horas,
incluindo minhas tagarelices. Gostaram muito.

Dois ou três dias depois, um deles (pobre, como os outros) apareceu na aula
com um embrulho na mão. “Professor, comprei hoje isso pra mim. O senhor
acha que essa música é boa?” Era um LP de Tchaikovsky, talvez com sinfonias
ou aberturas, não me lembro. Disse que sim, e ele saiu todo sorridente.
Imaginei a cena do dia: ele entrando numa casa de disco do centro da cidade
e pedindo um “disco de música clássica”. Venderam-lhe uma gravação barata,
nacional.

Ao final do ano letivo despediu-se de mim (sairia da escola, concluído o


primeiro grau) e me deixou na mão um bilhetinho. Não decorei as palavras,
que eram poucas, mais ou menos estas: “Professor, muito obrigado por me
fazer gostar de música clássica”. Desmoronei um pouco, pensando em como
este país poderia ser diferente. Não lhe disse, na hora, que a gente pode
gostar naturalmente de qualquer música: é preciso que não obstruam nosso
acesso a todos os gêneros musicais. E embora seja quase impossível que

154
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

estas palavras cheguem ao meu antigo aluno, pergunto-lhe agora, com mais
de quatro décadas de atraso: “Então, seu Carlos, gostou do Tchaikovsky?”

(Teotônio Ramires, inédito)

Atente para as seguintes frases:

I. Com atenção, eles ouviam as músicas que eu selecionara para eles.

II. Eles gostavam especialmente dos movimentos lentos, que lhes


pareciam mais poéticos.

III. Atenção especial foi dada aos compositores românticos, sobre os


quais fiz comentários emocionados.

A exclusão da vírgula acarretará mudança de sentido APENAS em


a) I.

b) II.

c) III.

d) I e III.

e) II e III.

Questão 99: VUNESP - PC CE/2015


Assinale a alternativa correta quanto ao uso da vírgula, considerando-se a
norma-padrão da língua portuguesa.
a) Os amigos, apesar de terem esquecido de nos avisar, que demoraria tanto,
informaram-nos de que a gravidez, era algo demorado.

b) Os amigos, apesar de, terem esquecido de nos avisar que demoraria


tanto, informaram-nos de que a gravidez, era algo demorado.

155
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c) Os amigos, apesar de terem esquecido, de nos avisar que demoraria tanto,


informaram-nos de que a gravidez era algo demorado.

d) Os amigos, apesar de terem esquecido de nos avisar que demoraria tanto,


informaram-nos de que a gravidez era algo demorado.

e) Os amigos apesar de terem esquecido de nos avisar que, demoraria tanto,


informaram-nos, de que a gravidez era algo demorado.

Questão 100: FCC - TCM-GO/2015


Pátrio poder

Pais que vivem em bairros violentos de São Paulo chegam a comprometer


20% de sua renda para manter seus filhos em escolas privadas. O
investimento faz sentido? A questão, por envolver múltiplas variáveis, é
complexa, mas, se fizermos questão de extrair uma resposta simples, ela é
"provavelmente sim". Uma série de estudos sugere que a influência de pais
sobre o comportamento dos filhos, ainda que não chegue a ser nula, é
menor do que a imaginada e se dá por vias diferentes das esperadas. Quem
primeiro levantou essa hipótese foi a psicóloga Judith Harris no final dos
anos 90.

Para Harris, os jovens vêm programados para ser socializados não pelos pais,
como pregam nossas instituições e nossa cultura, mas pelos pares, isto é,
pelas outras crianças com as quais convivem. Um dos muitos argumentos
que ela usa para apoiar sua teoria é o fato de que filhos de imigrantes não
terminam falando com a pronúncia dos genitores, mas sim com a dos jovens
que os cercam.

As grandes aglomerações urbanas, porém, introduziram um problema. Em


nosso ambiente ancestral, formado por bandos de no máximo 200 pessoas,
o "cantinho" das crianças era heterogêneo, reunindo meninos e meninas de
várias idades. Hoje, com escolas que reúnem centenas de alunos, o(a)
garoto(a) tende a socializar-se mais com coleguinhas do mesmo sexo, idade

156
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

e interesses. O resultado é formação de nichos com a exacerbação de


características mais marcantes. Meninas se tornam hiperfemininas, e
meninos, hiperativos. O mau aluno encontra outros maus alunos, que
constituirão uma subcultura onde rejeitar a escola é percebido como algo
positivo. O mesmo vale para a violência e drogas. Na outra ponta, podem
surgir meios que valorizem a leitura e a aplicação nos estudos.

Nesse modelo, a melhor chance que os pais têm de influir é determinando a


vizinhança em que seu filho vai viver e a escola que frequentará.

(Adaptado de: SCHWARTSMAN, Hélio. Folha de São Paulo, 7/12/2014)

Está inteiramente adequada a pontuação da seguinte frase:


a) Muita gente imagina, ainda hoje, que o convívio familiar, dado sempre
como fator principal na formação de um jovem, tenha ainda um papel
decisivo, quando, na verdade, essa função, para o bem ou para o mal, é
exercida no interior dos grupos de colegas e amigos.

b) Muita gente imagina ainda hoje, que o convívio familiar dado sempre
como fator principal na formação de um jovem, tenha ainda um papel
decisivo, quando na verdade essa função, para o bem ou para o mal, é
exercida no interior dos grupos de colegas e amigos.

c) Muita gente imagina, ainda hoje que o convívio familiar, dado sempre
como fator principal na formação de um jovem tenha ainda, um papel
decisivo, quando na verdade essa função, para o bem ou para o mal é
exercida no interior dos grupos de colegas e amigos.

d) Muita gente imagina ainda hoje que, o convívio familiar, dado sempre
como fator principal na formação de um jovem, tenha ainda, um papel
decisivo quando na verdade, essa função para o bem ou para o mal, é
exercida no interior dos grupos de colegas e amigos.

157
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

e) Muita gente imagina ainda hoje, que o convívio familiar dado sempre,
como fator principal na formação de um jovem, tenha ainda um papel
decisivo quando na verdade, essa função, para o bem ou para o mal é
exercida, no interior dos grupos de colegas e amigos.

GABARITO
91) D92) E 93) C 94) B 95) C 96) E 97) B 98) E99) D 100) A

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Questão 101: FUNIVERSA - SPTC GO/2015


Texto para responder à questão.

A utilização de técnicas específicas voltadas para a elucidação de crimes e


para o indiciamento de criminosos remonta a épocas pré-científicas. Um
exemplo do uso da habilidade e imaginação individual relacionado à
resolução de crimes pode ser vislumbrado em Daniel:(a) no século VI a.C.,
Daniel, com grande perícia, foi capaz de provar ao rei da Babilônia(b), Ciro(b),
o Persa, que as oferendas prestadas ao ídolo Bel eram, na verdade,
consumidas pelos sacerdotes e seus familiares; para tanto, Daniel fez que
espalhassem cinzas por todo o piso do templo(c), onde eram colocadas
diariamente oferendas; no dia posterior, verificaram que, apesar de a porta
continuar lacrada, pegadas compatíveis com a dos sacerdotes eram
observadas no chão e que as oferendas haviam sido consumidas. Já no
século III a.C., há a clássica história do Princípio de Arquimedes.
Conta Vitrúvio(d) que o rei Hierão de Siracusa mandou fazer uma coroa de
ouro. Entretanto, quando a coroa foi entregue, o rei suspeitou que o ouro
fora trocado por prata. Para solucionar tal dúvida, o rei pediu que
Arquimedes investigasse o fato. Arquimedes pegou uma vasilha com água e,
mergulhando pedaços de ouro e prata do mesmo peso da coroa, verificou
que o ouro não fazia a água subir tanto quanto a prata. Por fim, inseriu a
coroa, que, por sua vez, elevou o nível da água até a altura intermediária,
tendo constatado então que a coroa havia sido feita com uma mistura de
ouro e prata. Assim, desvendou-se a fraude e desmascarou-se o artesão.
Outro caso que ilustra a fase pré-científica da criminalística é encontrado em
informes da antiga Roma descritos por Tácito:(a)Plantius Silvanus, sob
suspeita de ter jogado sua mulher, Aprônia, de uma janela, foi levado à
presença de César, que, por sua vez, foi examinar o quarto do suposto local
do evento e encontrou sinais certos de violência. O relato deixa claro que,
desde a Antiguidade, foram desenvolvidos técnicas e exames(e) com o
intuito de solucionar crimes.

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Rodrigo Grazinoli Garrido e Alexandre Giovanelli. Criminalística: origem,


evolução e descaminhos. In: Cadernos de Ciências Sociais Aplicadas, n.º 5/6,
Vitória da Conquista: Bahia, 2009 (com adaptações).

Em relação ao emprego dos sinais de pontuação, assinale a alternativa


correta.
a) Os dois pontos foram empregados no texto, em ambas as ocorrências,
para introduzir os membros de uma enumeração.

b) O termo “Ciro” está empregado entre vírgulas por exercer a função de


aposto de “Babilônia”.

c) Seria mantido o sentido original do texto, caso a vírgula empregada logo


após “templo” fosse suprimida.

d) Seria mantida a correção gramatical do texto se fosse empregada vírgula


logo após “Vitrúvio” e se o restante do período, iniciado por “que” viesse entre
aspas, de modo a indicar tratar-se de discurso indireto.

e) A inserção de vírgula logo após “exames” alteraria as relações sintáticas


entre os termos da oração em que essa palavra se encontra.

Questão 102: CESPE - MPU/2015


O surgimento da Internet remonta à década de 60 do século passado, em um
projeto do governo norte-americano no combate à guerra, pelo qual as
comunicações intragovernamentais passaram a ser internalizadas, para
evitar a publicação de dados relevantes à segurança nacional.

Posteriormente, na década de 70, foi criado o protocolo Internet, que


permitiu a comunicação entre os seus poucos usuários até então, uma vez
que ela ainda estava restrita aos centros de pesquisa dos Estados Unidos da

160
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

América.

Na década de 80, foi ampliado o uso da Internet para a forma comercial e,


finalmente, na década de 90, a Internet alcançou o seu auge, pois atingiu
praticamente todos os meios de comunicação. O histórico dos crimes
cibernéticos, por sua vez, remonta à década de 70, quando, pela primeira
vez, foi definido o termo hacker, como sendo aquele indivíduo que, dotado
de conhecimentos técnicos, promove a invasão de sistemas operacionais
privados e a difusão de pragas virtuais.

Artur Barbosa da Silveira. Os crimes cibernéticos e a Lei n.o 12.737/2012. In:


Internet: <www.conteudojuridico.com.br> (com adaptações).

Julgue o item que se segue, acerca das ideias, das estruturas linguísticas e da
tipologia do texto.

As vírgulas empregadas nas linhas 4 e 5 isolam oração de natureza


condicional.
Certo

Errado

Questão 103: CESPE - TRE GO/2015


Texto I

Os primeiros anos que se seguiram à Proclamação da República foram de


grandes incertezas quanto aos trilhos que a nova forma de governo deveria
seguir. Em uma rápida olhada, identificam-se dois grupos que defendiam
diferentes formas de se exercer o poder da República: os civis e os militares.
Os civis, representados pelas elites das principais províncias — São Paulo, Rio
de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul —, queriam uma república
federativa que desse muita autonomia às unidades regionais. Os militares,
por outro lado, defendiam um Poder Executivo forte e se opunham à

161
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

autonomia buscada pelos civis. Isso sem mencionar as acirradas disputas


internas de cada grupo. Esse era um quadro que demonstrava a grande
instabilidade sentida pelos cidadãos que viveram naqueles anos. Mas havia
cidadãos?

Formalmente, a Constituição de 1891 definia como cidadãos os brasileiros


natos e, em regra, os naturalizados. Podiam votar os cidadãos com mais de
vinte e um anos de idade que tivessem se alistado conforme determinação
legal. Mas o que, exatamente, significava isso? Em 1894, na primeira eleição
para presidente da República, votaram 2,2% da população. Tudo indica que,
apesar de a República ter abolido o critério censitário e adotado o voto
direto, a participação popular continuou sendo muito baixa em virtude,
principalmente, da proibição do voto dos analfabetos e das mulheres.

No que se refere à legislação eleitoral, alguns instrumentos legais vieram a


público, mas nenhum deles alterou profundamente o processo eleitoral da
época. As principais alterações promovidas na legislação contemplaram o
fim do voto censitário e a manutenção do voto direto. Essas modificações,
embora importantes, tiveram pouca repercussão prática, já que o voto ainda
era restrito — analfabetos e mulheres não votavam — e o processo eleitoral
continuava permeado por toda sorte de fraudes.

Ane Ferrari Ramos Cajado, Thiago Dornelles e Amanda Camylla


Pereira. Eleições no
Brasil: uma história de 500 anos. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral, 2014, p.
27-8. Internet: <www.tse.jus.br> (com adaptações).

Julgue o item que se segue, acerca das estruturas linguísticas do texto I.

Caso as vírgulas que isolam o trecho “representados (...) do Sul —” (l. de 3 a 4)


fossem suprimidas, a correção gramatical do texto seria mantida, mas o seu
sentido original seria alterado.
Certo

Errado

162
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 104: CESPE - TRE GO/2015


Texto I

Os primeiros anos que se seguiram à Proclamação da República foram de


grandes incertezas quanto aos trilhos que a nova forma de governo deveria
seguir. Em uma rápida olhada, identificam-se dois grupos que defendiam
diferentes formas de se exercer o poder da República: os civis e os militares.
Os civis, representados pelas elites das principais províncias — São Paulo, Rio
de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul —, queriam uma república
federativa que desse muita autonomia às unidades regionais. Os militares,
por outro lado, defendiam um Poder Executivo forte e se opunham à
autonomia buscada pelos civis. Isso sem mencionar as acirradas disputas
internas de cada grupo. Esse era um quadro que demonstrava a grande
instabilidade sentida pelos cidadãos que viveram naqueles anos. Mas havia
cidadãos?

Formalmente, a Constituição de 1891 definia como cidadãos os brasileiros


natos e, em regra, os naturalizados. Podiam votar os cidadãos com mais de
vinte e um anos de idade que tivessem se alistado conforme determinação
legal. Mas o que, exatamente, significava isso? Em 1894, na primeira eleição
para presidente da República, votaram 2,2% da população. Tudo indica que,
apesar de a República ter abolido o critério censitário e adotado o voto
direto, a participação popular continuou sendo muito baixa em virtude,
principalmente, da proibição do voto dos analfabetos e das mulheres.

No que se refere à legislação eleitoral, alguns instrumentos legais vieram a


público, mas nenhum deles alterou profundamente o processo eleitoral da
época. As principais alterações promovidas na legislação contemplaram o
fim do voto censitário e a manutenção do voto direto. Essas modificações,
embora importantes, tiveram pouca repercussão prática, já que o voto ainda
era restrito — analfabetos e mulheres não votavam — e o processo eleitoral
continuava permeado por toda sorte de fraudes.

163
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Ane Ferrari Ramos Cajado, Thiago Dornelles e Amanda Camylla


Pereira. Eleições no
Brasil: uma história de 500 anos. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral, 2014, p.
27-8. Internet: <www.tse.jus.br> (com adaptações).

Julgue o item que se segue, acerca das estruturas linguísticas do texto I.

A inserção de vírgula logo após “Mas” (l.6) não prejudicaria a correção


gramatical do texto, pois, nesse caso, a utilização da vírgula é de caráter
facultativo.
Certo

Errado

Questão 105: CESPE - TRE GO/2015


Em 1880, o deputado Rui Barbosa, da Bahia, redigiu, a pedido do presidente
do Conselho de Ministros, José Antônio Saraiva, o projeto de lei de reforma
eleitoral. Em abril de 1880, o Ministério do Império enviaria o documento à
Câmara dos Deputados. Aprovado posteriormente pelo Senado, em janeiro
do ano seguinte seria transformado no Decreto n.º 3.029 e ficaria
popularmente conhecido como Lei Saraiva. Por intermédio dela, seriam
instituídas eleições diretas no país para todos os cargos, à exceção do de
regente, amparado pelo Ato Adicional.

Naquela época, o voto não era universal: para participar do


processo eleitoral, requeriam-se 200 mil réis de renda líquida anual
comprovada. Havia, no entanto, a previsão de dispensa de comprovação de
rendimentos, que se aplicava a inúmeras autoridades, como, entre outros,
ministros, conselheiros de estado, bispos, presidentes de província,
deputados, promotores públicos. Praças militares e policiais não podiam
alistar-se.

164
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Para candidatar-se, o cidadão, além de não ter sido pronunciado em


processo criminal, deveria auferir renda proporcional à importância do cargo
pretendido. Deveria, ainda, solicitar por escrito o seu alistamento na
paróquia em que fosse domiciliado. Candidatos a vereador e a juiz de paz
tinham apenas de comprovar residência no município e no distrito por mais
de dois anos; candidatos a deputado provincial, dois anos na província;
candidatos a deputado geral, renda anual de 800 mil réis; e candidatos a
senador deviam comprovar, além da idade de quarenta anos, a percepção de
renda anual de um milhão e seiscentos mil réis.

Uma modificação digna de nota é que, a partir daquela década, os trabalhos


eleitorais não seriam mais precedidos de cerimônias religiosas, como era
habitual antes da edição da Lei Saraiva. Refletindo a relação entre o Estado e
a Igreja, já havia ocorrido que algumas eleições fossem realizadas em
templos religiosos; a partir da lei, apenas na falta de outros edifícios os
pleitos poderiam ser realizados em igrejas, muito embora fosse possível
afixar nelas — como locais públicos que eram — editais informando
eliminações, inclusões e alterações nos alistamentos.

Títulos eleitorais: 1881-2008. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral, Secretaria de


Gestão da Informação, 2009, p. 11-2. Internet: <www.tse.jus.br> (com
adaptações).

Com relação às estruturas linguísticas do texto, julgue o item seguinte.

Caso a vírgula que sucede o vocábulo “eleitoral” fosse suprimida, o sentido


do texto seria preservado, mas não a sua correção gramatical.
Certo

Errado

Questão 106: CESPE - TRE GO/2015

165
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Em 1880, o deputado Rui Barbosa, da Bahia, redigiu, a pedido do presidente


do Conselho de Ministros, José Antônio Saraiva, o projeto de lei de reforma
eleitoral. Em abril de 1880, o Ministério do Império enviaria o documento à
Câmara dos Deputados. Aprovado posteriormente pelo Senado, em janeiro
do ano seguinte seria transformado no Decreto n.º 3.029 e ficaria
popularmente conhecido como Lei Saraiva. Por intermédio dela, seriam
instituídas eleições diretas no país para todos os cargos, à exceção do de
regente, amparado pelo Ato Adicional.

Naquela época, o voto não era universal: para participar do processo


eleitoral, requeriam-se 200 mil réis de renda líquida anual comprovada.
Havia, no entanto, a previsão de dispensa de comprovação de rendimentos,
que se aplicava a inúmeras autoridades, como, entre outros, ministros,
conselheiros de estado, bispos, presidentes de província, deputados,
promotores públicos. Praças militares e policiais não podiam alistar-se.

Para candidatar-se, o cidadão, além de não ter sido pronunciado em


processo criminal, deveria auferir renda proporcional à importância do cargo
pretendido. Deveria, ainda, solicitar por escrito o seu alistamento na
paróquia em que fosse domiciliado. Candidatos a vereador e a juiz de paz
tinham apenas de comprovar residência no município e no distrito por mais
de dois anos; candidatos a deputado provincial, dois anos na província;
candidatos a deputado geral, renda anual de 800 mil réis; e candidatos a
senador deviam comprovar, além da idade de quarenta anos, a percepção de
renda anual de um milhão e seiscentos mil réis.

Uma modificação digna de nota é que, a partir daquela década, os trabalhos


eleitorais não seriam mais precedidos de cerimônias religiosas, como era
habitual antes da edição da Lei Saraiva. Refletindo a relação entre o Estado e
a Igreja, já havia ocorrido que algumas eleições fossem realizadas em
templos religiosos; a partir da lei, apenas na falta de outros edifícios os
pleitos poderiam ser realizados em igrejas, muito embora fosse possível
afixar nelas — como locais públicos que eram — editais informando
eliminações, inclusões e alterações nos alistamentos.

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Títulos eleitorais: 1881-2008. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral, Secretaria de


Gestão da Informação, 2009, p. 11-2. Internet: <www.tse.jus.br> (com
adaptações).

Com relação às estruturas linguísticas do texto, julgue o item seguinte.

Nas linhas 11 e 12, as vírgulas empregadas após os vocábulos “provincial” e


“geral” evitam a repetição da expressão “tinham apenas de comprovar”, já
expressa na linha 11.
Certo

Errado

Questão 107: FCC - CNMP/2015


Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

O sino d e ouro

[...] − mas me contaram em Goiás, nessa povoação de poucas almas, as casas


são pobres e os homens pobres, e muitos são parados e doentes e
indolentes, e mesmo a igreja é pequena, me contaram que ali tem − coisa
bela e espantosa − um grande sino de ouro.

Lembrança de antigo esplendor, gesto de gratidão, dádiva ao Senhor de um


grã-senhor − nem Chartres, nem Colônia, nem S. Pedro ou Ruão, nenhuma
catedral imensa com seus enormes carrilhões tem nada capaz de um som
tão lindo e puro como esse sino de ouro, de ouro catado e fundido na
própria terra goiana nos tempos de antigamente.

É apenas um sino, mas é de ouro. De tarde seu som vai voando em ondas
mansas sobre as matas e os cerrados, e as veredas de buritis, e a melancolia
do chapadão, e chega ao distante e deserto carrascal, e avança em ondas

167
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

mansas sobre os campos imensos, o som do sino de ouro. E a cada um


daqueles homens pobres ele dá cada dia sua ração de alegria. Eles sabem
que de todos os ruídos e sons que fogem do mundo em procura de Deus −
gemidos, gritos, blasfêmias, batuques, sinos, orações, e o murmúrio
temeroso e agônico das grandes cidades que esperam a explosão atômica e
no seu próprio ventre negro parecem conter o germe de todas as explosões
− eles sabem que Deus, com especial delícia e alegria, ouve o som alegre do
sino de ouro perdido no fundo do sertão. E então é como se cada homem, o
mais pobre, o mais doente e humilde, o mais mesquinho e triste, tivesse
dentro da alma um pequeno sino de ouro. [...]

Mas quem me contou foi um homem velho que esteve lá; contou dizendo:
“eles têm um sino de ouro e acham que vivem disso, não se importam com
mais nada, nem querem mais trabalhar; fazem apenas o essencial para
comer e continuar a viver, pois acham maravilhoso ter um sino de ouro”.

O homem velho me contou isso com espanto e desprezo. Mas eu contei a


uma criança e nos seus olhos se lia seu pensamento: que a coisa mais bonita
do mundo deve ser ouvir um sino de ouro. Com certeza é esta mesma a
opinião de Deus, pois ainda que Deus não exista ele só pode ter a mesma
opinião de uma criança. Pois cada um de nós quando criança tem dentro da
alma seu sino de ouro que depois, por nossa culpa e miséria e pecado e
corrução*, vai virando ferro e chumbo, vai virando pedra e terra, e lama e
podridão.

*corrução = corrupção (regionalismo)

(Adaptado de: BRAGA, Rubem. Os melhores contos de Rubem Braga. São


Paulo: Global, 1999, 10 ed. p. 131-132)

Considere as afirmativas abaixo a respeito do emprego de sinais de


pontuação no texto:

I. O longo segmento isolado por travessões no 3º parágrafo constitui


uma enumeração de sentido explicativo em relação à afirmativa que o

168
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

antecede.

II. Os dois-pontos que aparecem no 4º parágrafo introduzem uma


citação, devidamente assinalada pelas aspas que aparecem no seu
início e no fim.

III. ... que a coisa m ais bonita do mundo deve ser ouvir um sino de ouro.

Estaria inteiramente correta, sem alteração do sentido da afirmativa, a


colocação de uma vírgula entre o verbo ser e o
verbo ouvir.

IV. Pois cada um de nós quando criança tem dentro da alma seu sino de
ouro...

O segmento quando criança pode ser isolado por vírgulas, sem prejuízo
para a correção da frase.

Está correto o que se afirma APENAS em


a) I, II e IV.

b) I, II e III.

c) II, III e IV.

d) II e III.

e) I e IV.

Questão 108: CESPE - MPU/2015


Na organização do poder político no Estado moderno, à luz da tradição
iluminista, o direito tem por função a preservação da liberdade humana, de
maneira a coibir a desordem do estado de natureza, que, em virtude do risco
da dominação dos mais fracos pelos mais fortes, exige a existência de um

169
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

poder institucional. Mas a conquista da liberdade humana também reclama


a distribuição do poder em ramos diversos, com a disposição de meios que
assegurem o controle recíproco entre eles para o advento de um cenário de
equilíbrio e harmonia nas sociedades estatais. A concentração do poder em
um só órgão ou pessoa viria sempre em detrimento do exercício da
liberdade. É que, como observou Montesquieu, “todo homem que tem poder
tende a abusar dele; ele vai até onde encontra limites. Para que não se possa
abusar do poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o poder limite o
poder”.

Até Montesquieu, não eram identificadas com clareza as esferas de


abrangência dos poderes políticos: “só se concebia sua união nas mãos de
um só ou, então, sua separação; ninguém se arriscava a apresentar, sob a
forma de sistema coerente, as consequências de conceitos diversos”.
Pensador francês do século XVIII, Montesquieu situa-se entre o racionalismo
cartesiano e o empirismo de origem baconiana, não abandonando o rigor
das certezas matemáticas em suas certezas morais. Porém, refugindo às
especulações metafísicas que, no plano da idealidade, serviram aos filósofos
do pacto social para a explicação dos fundamentos do Estado ou da
sociedade civil, ele procurou ingressar no terreno dos fatos.

Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do Ministério Público em


função da proteção dos direitos humanos. Tese de doutorado. São Paulo:
USP, 2010, p. 18-9. Internet: <www.teses.usp.br> (com adaptações).

Julgue o item subsequente, relativo às estruturas linguísticas do texto.

A correção gramatical e a coerência do texto seriam preservadas, caso a


vírgula empregada logo após o vocábulo “que” fosse eliminada.
Certo

Errado

Questão 109: FCC - CNMP/2015

170
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Atenção: Para responder à questão considere o texto abaixo.

Falsificações na internet

Quem frequenta páginas da internet, sobretudo nas redes sociais, volta e


meia se depara com textos atribuídos a grandes escritores. Qualquer leitor
dos mestres da literatura logo perceberá a fraude: a citação está longe de
honrar a alegada autoria. Drummond, Clarice Lispector, Guimarães Rosa e
Fernando Pessoa, por exemplo, jamais escreveriam banalidades recheadas
de lugares comuns, em linguagem capenga e estilo indefinido. Mas fica a
pergunta: o que motiva essas falsificações grosseiras de artistas da palavra e
da imaginação?

São muitas as justificativas prováveis. Atrás de todas está a vaidade simplória


de quem gostaria de ser tomado por um grande escritor e usa o nome deste
para promover um texto tolo, ingênuo, piegas, carregado de chavões. Os
leitores incautos mordem a isca e parabenizam o fraudulento, expandindo a
falsificação e o mau gosto. Mas há também o ressentimento malicioso de
quem conhece seus bem estreitos limites literários e, não se conformando
com eles, dispõe-se a iludir o público com a assinatura falsa, esperando ser
confundido com o grande escritor. Como há de fato quem confunda a
gritante aberração com a alta criação, o falsário dá-se por recompensado
enquanto recebe os parabéns de quem o “curtiu”.

Tais casos são lamentáveis por todas as razões, e constituem transgressões


éticas, morais, estéticas e legais. Mas fiquemos apenas com a grave questão
da identidade própria que foi rejeitada em nome de outra, inteiramente
postiça. Enganarse a si mesmo, quando não se trata de uma psicopatia grave,
é uma forma dolorosa de trair a consciência de si. Os grandes atores,
apoiando-se no talento que lhes é próprio, enobrecem esse desejo tão
humano de desdobramento da personalidade e o legitimam artisticamente
no palco ou nas telas; os escritores criam personagens com luz própria, que
se tornam por vezes mais famosos que seus criadores (caso de Cervantes e
seu Dom Quixote, por exemplo); mas os falsários da internet, ao não
assinarem seu texto medíocre, querem que o tomemos como um grande

171
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

momento de Shakespeare. Provavelmente jamais leram Shakespeare ou


qualquer outro gênio citado: conhecem apenas a fama do nome, e a usam
como moeda corrente no mercado virtual da fama.

Tais fraudes devem deixar um gosto amargo em quem as pratica, sobretudo


quando ganham o ingênuo acolhimento de quem, enganado, as aplaude. É
próprio dos vícios misturar prazer e corrosão em quem os sustenta. Disfarçar
a mediocridade pessoal envergando a máscara de um autêntico criador só
pode aprofundar a rejeição da identidade própria. É um passo certo para
alargar os ressentimentos e a infelicidade de quem não se aceita e não se
estima.

(Terêncio Cristobal, inédito)

Está plenamente adequada a pontuação da seguinte frase:


a) Atualmente, ocorre na internet com cansativa frequência, a atribuição de
textos insípidos aos grandes autores da nossa literatura, o que concorre
certamente para a propagação do mau gosto, e a banalização da fraude.

b) Atualmente ocorre na internet, com cansativa frequência, a atribuição de


textos insípidos, aos grandes autores da nossa literatura, o que concorre
certamente, para a propagação do mau gosto e a banalização da fraude.

c) Atualmente, ocorre na internet, com cansativa frequência, a atribuição de


textos insípidos aos grandes autores da nossa literatura, o que concorre,
certamente, para a propagação do mau gosto e a banalização da fraude.

d) Atualmente ocorre, na internet com cansativa frequência, a atribuição de


textos insípidos, aos grandes autores, da nossa literatura o que concorre,
certamente, para a propagação do mau gosto e a banalização da fraude.

e) Atualmente ocorre, na internet, com cansativa frequência a atribuição, de


textos insípidos, aos grandes autores da nossa literatura, o que concorre,
certamente para a propagação do mau gosto, e a banalização da fraude.

172
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 110: VUNESP - CM Caieiras/2015


Cozinhar, uma antiga atividade humana

Cozinhar é uma das mais antigas atividades humanas, surgida por volta de
sete mil anos atrás, quando o homem adquiriu meios seguros de obter e
dominar o fogo.

Ao escolher a profissão de cozinheiro, é preciso saber que é uma carreira


para a qual é preciso muito esforço, dedicação, aprendizagem, treino e,
sobretudo, gostar do que se faz. Além disso, é preciso ser criativo, ter espírito
de liderança, organização e capacidade de ensinar.

Ao longo das últimas décadas, o cenário gastronômico no Brasil se


transformou completamente. A mudança que serviu de mola propulsora foi
a profissionalização do setor. Começou, timidamente, com a chegada de
“chefs” estrangeiros, no começo dos anos 80, fortaleceu-se com a abertura
das importações no começo dos anos 90 e consolidou-se com a fundação da
ABAGA (Associação Brasileira da Alta Gastronomia), em 1995, cujo empenho,
desde o início, voltou-se para a formação e a valorização do profissional da
cozinha.

(http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/maio/dia-do-cozinheiro.php.
24.11.2014. Adaptado)

A pontuação está de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa em:


a) A gastronomia, como se sabe, vem se expandindo muito.

b) É preciso, muito esforço, para ser bom profissional.

c) A prática é essencial, a um bom cozinheiro.

d) A chegada, dos “chefs” estrangeiros, foi muito importante.

e) A fundação da ABAGA; valorizou a gastronomia.

173
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

GABARITO
101) E 102) Errado 103) Certo 104) Errado 105) Certo106) Certo 107) A
108) Errado 109) C 110) A

174
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 111: CESPE - CGE PI/2015


Texto II

Uma casa tem muita vez as suas relíquias, lembranças de um dia ou de outro,
da tristeza que passou, da felicidade que se perdeu. Supõe que o dono pense
em as arejar e expor para teu e meu desenfado. Nem todas serão
interessantes, não raras serão aborrecidas, mas, se o dono tiver cuidado,
pode extrair uma dúzia delas que mereçam sair cá fora.

Chama-lhe à minha vida uma casa, dá o nome de relíquias aos inéditos e


impressos que aqui vão, ideias, histórias, críticas, diálogos, e verás explicados
o livro e o título. Possivelmente não terão a mesma suposta fortuna daquela
dúzia de outras, nem todas valerão a pena de sair cá fora. Depende da tua
impressão, leitor amigo, como dependerá de ti a absolvição da má escolha.

Machado de Assis. Advertência. In: Relíquias da casa velha. Rio de Janeiro:


Nova Aguilar, 1986.

Julgue o item que se segue, relativo às estruturas linguísticas e aos sentidos


do texto II.

A correção gramatical e os sentidos do texto seriam mantidos caso se


inserisse uma vírgula logo após o termo “delas” (l.3).
Certo

Errado

Questão 112: CESPE - CGE PI/2015


Texto II

175
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Uma casa tem muita vez as suas relíquias, lembranças de um dia ou de outro,
da tristeza que passou, da felicidade que se perdeu. Supõe que o dono pense
em as arejar e expor para teu e meu desenfado. Nem todas serão
interessantes, não raras serão aborrecidas, mas, se o dono tiver cuidado,
pode extrair uma dúzia delas que mereçam sair cá fora.

Chama-lhe à minha vida uma casa, dá o nome de relíquias aos inéditos e


impressos que aqui vão, ideias, histórias, críticas, diálogos, e verás explicados
o livro e o título. Possivelmente não terão a mesma suposta fortuna daquela
dúzia de outras, nem todas valerão a pena de sair cá fora. Depende da tua
impressão, leitor amigo, como dependerá de ti a absolvição da má escolha.

Machado de Assis. Advertência. In: Relíquias da casa velha. Rio de Janeiro:


Nova Aguilar, 1986.

Julgue o item que se segue, relativo às estruturas linguísticas e aos sentidos


do texto II.

O emprego de dois-pontos em substituição à vírgula logo após a expressão


“suas relíquias” (l.1) não geraria erro gramatical.
Certo

Errado

Questão 113: VUNESP - CM Caieiras/2015


O fator sorte

As pessoas mais inclinadas a buscar significados nos acontecimentos tendem


de fato a encontrá-los, ainda que, para isso, tenham de subestimar as leis da
probabilidade, no intuito de encontrar um maior número de “coincidências”,
que atribuem à sorte.

176
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Há alguns anos, o físico Richard A. J. Matthews estudou as chamadas leis de


Murphy, a irônica suma do pessimismo resumida na máxima “se alguma
coisa pode dar errado, dará”. Matthews investigou, em particular, por que
uma fatia de pão com manteiga cai geralmente com o lado da manteiga para
baixo. A prevalência da “falta de sorte” foi confirmada por um estudo
experimental, patrocinado por um fabricante de manteiga: o aparente azar
deve-se simplesmente à relação física entre as dimensões da fatia e a altura
em que estava colocada.

São também explicáveis outros tipos de infortúnio, como o fato de que,


quando duas meias soltas são retiradas da gaveta, geralmente elas não são
do mesmo par. Além disso, tendemos a dar mais atenção a fatos rotineiros
que nos frustram (como perder o ônibus por chegarmos ao ponto com
segundos de atraso), em vez de contabilizar o grande número de ocasiões
em que não tivemos contratempos. Essa atitude contribui para reforçar
nossos preconceitos e nos fazer ignorar as leis da probabilidade.

O psicólogo Richard Wiseman, professor da Universidade de Hertfordshire,


na Inglaterra, também conduziu um estudo interessante sobre os
mecanismos relacionados à sorte. O projeto, financiado por várias
instituições, entre as quais a Associação Britânica para o Avanço da Ciência,
gerou um manual chamado “O fator sorte”, traduzido em mais de 20 idiomas.

Ele publicou um anúncio no jornal solicitando que pessoas particularmente


sortudas ou azaradas entrassem em contato com ele para que seus
comportamentos fossem analisados. Descobriu que cerca de 9% desses
indivíduos podiam ser considerados azarados e 12% favorecidos pela sorte.
Todos os outros entravam na média.

Wiseman deu aos participantes um jornal, solicitando que contassem as


fotos impressas e prometendo um prêmio aos que o fizessem corretamente.
Ora, o número solicitado estava gravado de forma evidente sobre uma das
páginas, algo que muitos “azarados” não perceberam, pois estavam
concentrados demais na tarefa.

177
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

A análise experimental dos traços de personalidade que distinguiam


sortudos e azarados permitiu concluir que esses últimos são mais tensos e
concentrados, ao passo que os sortudos tendem a considerar as coisas de
forma mais relaxada, mas sem perder de vista o contexto geral. Assim, se
considerarmos os dados coletados, ter sorte pode significar, pelo menos em
parte, saber fazer boas escolhas e perceber as ocasiões mais vantajosas para
si mesmo.

(Gláucia Leal. Disponível em: http://blogs.estadao.com.br/pensar-psi/o-fator-


sorte. Adaptado)

O trecho do texto que se mantém correto e com a mensagem inalterada


após o acréscimo da pontuação está em:
a) As pessoas mais inclinadas a buscar significados nos acontecimentos
tendem de fato a encontrá-los... (1o parágrafo). As pessoas, mais inclinadas a
buscar significados nos acontecimentos, tendem de fato, a encontrá-los...

b) ... tendemos a dar mais atenção a fatos rotineiros que nos frustram...
(3o parágrafo) ... tendemos a dar mais atenção, a fatos rotineiros, que nos
frustram...

c) ... ter sorte pode significar, pelo menos em parte, saber fazer boas
escolhas e perceber as ocasiões mais vantajosas para si mesmo.
(7o parágrafo) ... ter sorte pode significar, pelo menos em parte, saber fazer
boas escolhas e perceber, as ocasiões, mais vantajosas para si mesmo.

d) ... por que uma fatia de pão com manteiga cai geralmente com o lado da
manteiga para baixo. (2o parágrafo) ... por que uma fatia de pão com
manteiga cai, geralmente, com o lado da manteiga para baixo.

e) ... o número solicitado estava gravado de forma evidente sobre uma das
páginas, algo que muitos “azarados” não perceberam... (6o parágrafo) ... o
número solicitado, estava gravado de forma evidente sobre uma das
páginas, algo que muitos, “azarados”, não perceberam...

178
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 114: CESGRANRIO - BB/2015


Cartilha orienta consumidor

Lançada pelo SindilojasRio e pelo CDL-Rio,


em parceria com o Procon-RJ, guia destaca os principais
pontos do Código de Defesa do Consumidor (CDC),
selecionados a partir das dúvidas e reclamações mais
comuns recebidas pelas duas entidades

O Sindicato de Lojistas do Comércio do Rio de Janeiro (SindilojasRio) e o


Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDL-Rio) lançaram ontem uma
cartilha para orientar lojistas e consumidores sobre seus direitos e deveres.
Com o objetivo de dar mais transparência e melhorar as relações de
consumo, a cartilha tem apoio também da Secretaria Estadual de Proteção e
Defesa do Consumidor (Seprocon)/ Procon-RJ.

Batizada de Boas Vendas, Boas Compras! – Guia prático de direitos e deveres


para lojistas e consumidores, a publicação destaca os principais pontos do
Código de Defesa do Consumidor (CDC), selecionados a partir das dúvidas e
reclamações mais comuns recebidas, tanto pelo SindilojasRio e CDL-Rio,
como pelo Procon-RJ.

“A partir da conscientização de consumidores e lojistas sobre seus direitos e


deveres, queremos contribuir para o crescimento sustentável das
empresas, tendo como base a ética, a qualidade dos produtos e a boa
prestação de serviços ao consumidor”, explicou o presidente do SindilojasRio
e do CDL-Rio, Aldo Gonçalves.

Gonçalves destacou que as duas entidades estão comprometidas em


promover mudanças que propiciem o avanço das relações de consumo, além
do desenvolvimento do varejo carioca.

“O consumidor é o nosso foco. É importante informá-lo dos seus direitos”,

179
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

disse o empresário, ressaltando que conhecer bem o CDC é vital não só para
os lojistas, mas também para seus fornecedores.

Jornal do Commercio. Rio de Janeiro. 08 abr. 2014, A-9. Adaptado.

Considere-se a hipótese de que, antes de publicado no jornal, o texto foi


revisto pelo seu editor, que propôs a alteração do trecho “‘tendo como base a
ética, a qualidade dos produtos e a boa prestação de serviços ao
consumidor’”, pois o texto original continha uma vírgula antes da
conjunção e.

Se for considerado que ele se baseou nas regras de emprego da vírgula


adequado à norma-padrão, a decisão do editor levou em conta a
a) proibição de colocar vírgula antes da conjunção e.

b) recomendação de separar por vírgula os elementos de uma enumeração.

c) interpretação de que a ênfase criada pela vírgula antes do e era


desnecessária.

d) obrigatoriedade de colocar vírgula apenas nos elementos iniciais de uma


enumeração.

e) suposição de que a vírgula criaria um efeito de ambiguidade no texto.

Questão 115: VUNESP - SAP SP/2015


Leia o texto para responder à questão.

Grupo quer criar cooperativa de catadores de pelo

Catadores de pelo de cachorro. É a mais nova modalidade de cooperativa de


reciclagem, que pretende recolher o material da tosa em pet shops* e
transformá-lo em roupas de animais.

180
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

O projeto de transformar pelo de poodle em tecido começou em uma escola


do Senai em 2008 e ganhou legitimidade após pesquisa na USP demonstrar
que o material é similar ao da lã de carneiro e pode passar pelo processo de
fiação.

“Um leigo não conseguiria diferenciar um do outro”, diz Renato Lobo, que
realizou o estudo com pelo de poodle em seu mestrado. Segundo ele, há
similaridade entre os dois em relação à maciez, tingibilidade (capacidade de
receber corante), alongamento, absorção de líquido e isolamento térmico.

Do ponto de vista técnico, Lobo explica que a única diferença entre o pelo
do poodle e a lã do carneiro é o comprimento da fibra — mais curta no
primeiro. Mas essa diferença não altera o processo de fiação, porque há um
maquinário próprio para fibras mais curtas.

Agora, a proposta é montar uma cooperativa de catadores de pelo seguindo


o mesmo modelo das que hoje reciclam latinhas e papelão. Lobo diz que há
negociações com três dessas cooperativas para possível parceria.

Hoje, o pelo é descartado no lixo pelos pet shops. A ideia é que, após a
coleta, limpeza e fiação, ele vire roupinhas para animais que serão vendidas
também nas lojas. “Estamos em contato com ONGs que produzem essas
roupas para animais de estimação para apresentar o tecido feito de pelo.”

“A procura por roupas de animais é grande, principalmente no inverno.


Tenho certeza de que haverá interesse, porque as pessoas adoram uma
novidade”, diz o veterinário Sergio Soares Júnior.

E roupas para humanos? Segundo Lobo, “Há viabilidade técnica para


produzi-las, mas não sei se haveria aceitação. As pessoas usam casacos de
couro, mas não sei se aceitariam roupas de pelo de cão. De animal para
animal, fica mais fácil.”

(Cláudia Collucci, Folha de S.Paulo, 20.07.2014. Adaptado)

181
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

* pet shops: lojas especializadas em serviços e artigos relativos a animais de


estimação

Considere o trecho: Segundo ele, há similaridade entre os dois em relação à


maciez, tingibilidade (capacidade de receber corante), alongamento,
absorção de líquido e isolamento térmico.

No trecho, os parênteses são usados para apresentar


a) uma dúvida quanto aos muitos sentidos de tingibilidade.

b) um comentário à parte, sem relação com tingibilidade.

c) uma exemplificação de produtos com tingibilidade.

d) uma explicação sobre o significado de tingibilidade.

e) uma enumeração de sinônimos para tingibilidade.

Questão 116: VUNESP - TCE-SP/2015


Leia a charge para responder à questão.

Na fala da personagem, as aspas utilizadas indicam


a) fala de outrem.

b) sentido figurado.

c) discurso indireto.

d) coloquialismo.

e) imprecisão de sentido.

182
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 117: VUNESP - SAP SP/2015


Leia o texto para responder à questão.

Ela tem alma de pomba

Que a televisão prejudica o movimento da pracinha Jerônimo Monteiro, em


todos os Cachoeiros de Itapemirim, não há dúvida. Sete horas da noite era
hora de uma pessoa acabar de jantar, dar uma volta pela praça para depois
pegar uma sessão das 8 no cinema. Agora todo mundo fica em casa vendo
uma novela, depois outra novela.

O futebol também pode ser prejudicado. Quem vai ver um jogo do Estrela do
Norte F.C., se pode ficar tomando cervejinha e assistindo a um bom Fla-Flu,
ou a um Inter x Cruzeiro, ou qualquer coisa assim?

Que a televisão prejudica a leitura de livros, também não há dúvida. Eu


mesmo confesso que lia mais quando não tinha televisão. Rádio, a gente
pode ouvir baixinho, enquanto está lendo um livro. Televisão é incompatível
com livro – e tudo mais nesta vida, inclusive a boa conversa.

Também acho que a televisão paralisa a criança numa cadeira mais do que o
desejável. O menino fica ali parado, vendo e ouvindo, em vez de sair por aí,
chutar uma bola, brincar de bandido, inventar uma besteira qualquer para
fazer.

Só não acredito que televisão seja máquina de fazer doido. Até acho que é o
contrário, ou quase o contrário: é máquina de amansar doido, distrair doido,
acalmar, fazer doido dormir.

(Rubem Braga, 200 Crônicas Escolhidas. Adaptado)

Para responder às questão, considere o período do terceiro parágrafo: Rádio,


a gente pode ouvir baixinho, enquanto está lendo um livro. Televisão é
incompatível com livro...

183
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Assinale a alternativa correta quanto à pontuação.


a) A gente, enquanto lê um livro pode ouvir rádio, baixinho, mas televisão é
incompatível com livro.

b) A gente enquanto lê um livro, pode ouvir rádio baixinho mas televisão é


incompatível com livro.

c) Enquanto lê um livro, a gente pode ouvir, rádio baixinho, mas televisão é


incompatível com livro.

d) Enquanto lê um livro, a gente pode ouvir rádio baixinho mas televisão é


incompatível com livro.

e) Enquanto lê um livro, a gente pode ouvir rádio baixinho, mas televisão é


incompatível com livro.

Questão 118: FCC - MANAUSPREV/2015


Atenção: O texto abaixo refere-se à questão.

O primeiro... problema que as árvores parecem propor-nos é o de nos


conformarmos com a sua mudez. Desejaríamos que falassem, como falam os
animais, como falamos nós mesmos. Entretanto, elas e as pedras reservam-se
o privilégio do silêncio, num mundo em que todos os seres têm pressa de se
desnudar. Fiéis a si mesmas, decididas a guardar um silêncio que não está à
mercê dos botânicos, procuram as árvores ignorar tudo de uma composição
social que talvez se lhes afigure monstruosamente indiscreta, fundada que
está na linguagem articulada, no jogo de transmissão do mais íntimo pelo
mais coletivo.

Grave e solitário, o tronco vive num estado de impermeabilidade ao som, a


que os humanos só atingem por alguns instantes e através da tragédia
clássica. Não logramos comovê-lo, comunicar-lhe nossa intemperança.
Então, incapazes de trazê-lo à nossa domesticidade, consideramo-lo um

184
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

elemento da paisagem, e pintamo-lo. Ele pende, lápis ou óleo, de nossa


parede, mas esse artifício não nos ilude, não incorpora a árvore à atmosfera
de nossos cuidados. O fumo dos cigarros, subindo até o quadro, parece
vagamente aborrecê-la, e certas árvores de Van Gogh, na sua crispação, têm
algo de protesto.

De resto, o homem vai renunciando a esse processo de captura da árvore


através da arte. Uma revista de vanguarda reúne algumas dessas
representações, desde uma tapeçaria persa do século IV, onde aparece a
palmeira heráldica, até Chirico, o criador da árvore genealógica do sonho, e
dá a tudo isso o título: Decadência da Árvore. Vemos através desse
documentário que num Claude Lorrain da Pinacoteca de Munique, Paisagem
com Caça, a árvore colossal domina todo o quadro, e a confusão de homens,
cães e animal acuado constitui um incidente mínimo, decorativo. Já em
Picasso a árvore se torna raríssima, e a aventura humana seduz mais o pintor
do que o fundo natural em que ela se desenvolve.

O que será talvez um traço da arte moderna, assinalado por Apollinaire, ao


escrever: "Os pintores, se ainda observam a natureza, já não a imitam,
evitando cuidadosamente a reprodução de cenas naturais observadas ou
reconstituídas pelo estudo... Se o fim da pintura continua a ser, como sempre
foi, o prazer dos olhos, hoje pedimos ao amador que procure tirar dela um
prazer diferente do proporcionado pelo espetáculo das coisas naturais".
Renunciamos assim às árvores, ou nos permitimos fabricá-las à feição dos
nossos sonhos, que elas, polidamente, se permitem ignorar.

(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. "A árvore e o homem", em


Passeios na Ilha, Rio de Janeiro: José Olympio, 1975, p. 7-8)

Atente para as frases abaixo sobre a pontuação do texto.

I. No segmento ...genealógica do sonho, e dá a tudo isso o título... (3º


parágrafo), a vírgula pode ser corretamente suprimida, uma vez que é
seguida da conjunção aditiva "e".

185
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

II. No segmento ...nossa intemperança. Então, incapazes de trazê-lo... (2º


parágrafo), o ponto final pode ser corretamente substituído por ponto e
vírgula, feita a alteração entre maiúscula e minúscula.

III. No segmento ...seduz mais o pintor do que o fundo natural... (3º


parágrafo), o acréscimo de uma vírgula imediatamente após "pintor"
acarretaria a separação equivocada do verbo e seu complemento.

Está correto o que se afirma APENAS em


a) I e II.

b) III.

c) II.

d) II e III.

e) I.

Questão 119: VUNESP - PC CE/2015


Leia o texto para responder à questão.

Os amigos haviam nos alertado: “A gravidez dura nove meses mais um


século” – só esqueceram de nos avisar que esse século demorava tanto. A
espera é angustiante, mas compreensível: produzir um ser humano
inteirinho, do zero, com braços, pernas, neurônios, vesícula, cílios, um
coração e, muito em breve, infinitas opiniões sobre o mundo, é um troço tão
complexo que não seria despropositado se toda a existência do universo
fosse consumida na formação de um único bebê.

(Antonio Prata. Sobe o pano. Disponível em: folha.uol.com.br. 07.07.2013.


Adaptado)

186
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Ao se substituir o termo em destaque na frase – A espera é


angustiante, mas compreensível... –, sua reescrita estará correta, de acordo
com a norma-padrão da língua portuguesa, e conservando o sentido
inalterado, em:
a) A espera é angustiante, desde que compreensível...

b) A espera é angustiante, entretanto compreensível...

c) A espera é angustiante, por conseguinte compreensível...

d) A espera é angustiante, por isso compreensível...

e) A espera é angustiante, logo compreensível...

Questão 120: CESPE - MPU/2015


O surgimento da Internet remonta à década de 60 do século passado, em um
projeto do governo norte-americano no combate à guerra, pelo qual as
comunicações intragovernamentais passaram a ser internalizadas, para
evitar a publicação de dados relevantes à segurança nacional.

Posteriormente, na década de 70, foi criado o protocolo Internet, que


permitiu a comunicação entre os seus poucos usuários até então, uma vez
que ela ainda estava restrita aos centros de pesquisa dos Estados Unidos da
América.

Na década de 80, foi ampliado o uso da Internet para a forma comercial e,


finalmente, na década de 90, a Internet alcançou o seu auge, pois atingiu
praticamente todos os meios de comunicação. O histórico dos crimes
cibernéticos, por sua vez, remonta à década de 70, quando, pela primeira
vez, foi definido o termo hacker, como sendo aquele indivíduo que, dotado
de conhecimentos técnicos, promove a invasão de sistemas operacionais
privados e a difusão de pragas virtuais.

Artur Barbosa da Silveira. Os crimes cibernéticos e a Lei n.o 12.737/2012. In:

187
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Internet: <www.conteudojuridico.com.br> (com adaptações).

Julgue o item que se segue, acerca das ideias, das estruturas linguísticas e da
tipologia do texto.

Mantêm-se a correção gramatical e o sentido original do período ao se


substituir a expressão “uma vez que” por qualquer um dos seguintes termos:
porque, já que, pois, por conseguinte.
Certo

Errado

GABARITO
111) Errado 112) Certo113) D 114) C 115) D 116) A 117) E 118) C
119) B120) Errado

188
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 121: CESPE - TRE GO/2015


Texto II

Segundo a Constituição Federal, todo poder emana do povo e por ele será
exercido, quer de maneira direta, quer por intermédio de representantes
eleitos. Essa afirmação, dentro do espírito do texto constitucional, deve ser
interpretada como verdadeiro dogma estabelecido pelo constituinte
originário, mormente quando nos debruçamos sobre o cenário político dos
anos anteriores à eleição dos membros que comporiam a Assembleia
Constituinte que resultou na Carta de 1988.

Em expedita sinopse, é possível perceber que, após longo período de


repressão à manifestação do pensamento, o povo brasileiro ansiava por
exercer o direito de eleger os seus representantes com o objetivo de
participar direta ou indiretamente da formação da vontade política da nação.

Dentro desse contexto, impende destacar que os movimentos populares que


ocorreram a partir do ano de 1984, que deram margem ao início do processo
de elaboração da nova Carta, deixaram transparecer de maneira cristalina
aos então governantes que o coração da nação brasileira estava palpitante,
quase que exageradamente acelerado, tendo em vista a possibilidade de se
recuperar o exercício do poder, cujo titular, por longo lapso, deixou de ser
escolhido pelo povo brasileiro.

Em meio a esse cenário, foi elaborado o texto constitucional, que, desde


então, recebeu a denominação de Constituição Cidadã. O art. 14 desse texto
confere ênfase à titularidade do poder para ressaltar que “A soberania
popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com
valor igual a todos”, deixando transparecer que a intenção da Lei Maior é
fazer que o povo exerça efetivamente o seu direito de participar da formação
da vontade política.

Fernando Marques Sá. Desaprovação das contas de campanha do

189
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

candidato – avanço da legislação para as eleições de 2014. In: Estudos


Eleitorais. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral. Vol. 9, n.o 2, 2014, p. 52-3.
Internet: <www.tse.jus.br> (com adaptações).

Com referência às estruturas linguísticas do texto II, julgue o próximo item.

As formas verbais “ocorreram” (l.8), “deram” (l.8) e “deixaram transparecer” (l.9)


estão ligadas ao mesmo termo, que, nos dois primeiros casos, é retomado
pelo pronome “que”: “os movimentos populares” (l.8).
Certo

Errado

Questão 122: CESPE - TRE GO/2015


Texto II

Segundo a Constituição Federal, todo poder emana do povo e por ele será
exercido, quer de maneira direta, quer por intermédio de representantes
eleitos. Essa afirmação, dentro do espírito do texto constitucional, deve ser
interpretada como verdadeiro dogma estabelecido pelo constituinte
originário, mormente quando nos debruçamos sobre o cenário político dos
anos anteriores à eleição dos membros que comporiam a Assembleia
Constituinte que resultou na Carta de 1988.

Em expedita sinopse, é possível perceber que, após longo período de


repressão à manifestação do pensamento, o povo brasileiro ansiava por
exercer o direito de eleger os seus representantes com o objetivo de
participar direta ou indiretamente da formação da vontade política da nação.

Dentro desse contexto, impende destacar que os movimentos populares que


ocorreram a partir do ano de 1984, que deram margem ao início do processo
de elaboração da nova Carta, deixaram transparecer de maneira cristalina
aos então governantes que o coração da nação brasileira estava palpitante,

190
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

quase que exageradamente acelerado, tendo em vista a possibilidade de se


recuperar o exercício do poder, cujo titular, por longo lapso, deixou de ser
escolhido pelo povo brasileiro.

Em meio a esse cenário, foi elaborado o texto constitucional, que, desde


então, recebeu a denominação de Constituição Cidadã. O art. 14 desse texto
confere ênfase à titularidade do poder para ressaltar que “A soberania
popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com
valor igual a todos”, deixando transparecer que a intenção da Lei Maior é
fazer que o povo exerça efetivamente o seu direito de participar da formação
da vontade política.

Fernando Marques Sá. Desaprovação das contas de campanha do


candidato – avanço da legislação para as eleições de 2014. In: Estudos
Eleitorais. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral. Vol. 9, n.o 2, 2014, p. 52-3.
Internet: <www.tse.jus.br> (com adaptações).

Com referência às estruturas linguísticas do texto II, julgue o próximo item.

A forma verbal “deixando transparecer” (l.14) retoma o sujeito “O art. 14 desse


texto” (l.12- 13).
Certo

Errado

Questão 123: CESPE - TRE GO/2015


Texto II

Segundo a Constituição Federal, todo poder emana do povo e por ele será
exercido, quer de maneira direta, quer por intermédio de representantes
eleitos. Essa afirmação, dentro do espírito do texto constitucional, deve ser
interpretada como verdadeiro dogma estabelecido pelo constituinte
originário, mormente quando nos debruçamos sobre o cenário político dos

191
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

anos anteriores à eleição dos membros que comporiam a Assembleia


Constituinte que resultou na Carta de 1988.

Em expedita sinopse, é possível perceber que, após longo período de


repressão à manifestação do pensamento, o povo brasileiro ansiava por
exercer o direito de eleger os seus representantes com o objetivo de
participar direta ou indiretamente da formação da vontade política da nação.

Dentro desse contexto, impende destacar que os movimentos populares que


ocorreram a partir do ano de 1984, que deram margem ao início do processo
de elaboração da nova Carta, deixaram transparecer de maneira cristalina
aos então governantes que o coração da nação brasileira estava palpitante,
quase que exageradamente acelerado, tendo em vista a possibilidade de se
recuperar o exercício do poder, cujo titular, por longo lapso, deixou de ser
escolhido pelo povo brasileiro.

Em meio a esse cenário, foi elaborado o texto constitucional, que, desde


então, recebeu a denominação de Constituição Cidadã. O art. 14 desse texto
confere ênfase à titularidade do poder para ressaltar que “A soberania
popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com
valor igual a todos”, deixando transparecer que a intenção da Lei Maior é
fazer que o povo exerça efetivamente o seu direito de participar da formação
da vontade política.

Fernando Marques Sá. Desaprovação das contas de campanha do


candidato – avanço da legislação para as eleições de 2014. In: Estudos
Eleitorais. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral. Vol. 9, n.o 2, 2014, p. 52-3.
Internet: <www.tse.jus.br> (com adaptações).

Com referência às estruturas linguísticas do texto II, julgue o próximo item.

O termo “cenário” (l.12) alude ao “longo período de repressão à manifestação


do pensamento” (l.5).
Certo

192
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Errado

Questão 124: CESPE - MPU/2015


Na organização do poder político no Estado moderno, à luz da tradição
iluminista, o direito tem por função a preservação da liberdade humana, de
maneira a coibir a desordem do estado de natureza, que, em virtude do risco
da dominação dos mais fracos pelos mais fortes, exige a existência de um
poder institucional. Mas a conquista da liberdade humana também reclama
a distribuição do poder em ramos diversos, com a disposição de meios que
assegurem o controle recíproco entre eles para o advento de um cenário de
equilíbrio e harmonia nas sociedades estatais. A concentração do poder em
um só órgão ou pessoa viria sempre em detrimento do exercício da
liberdade. É que, como observou Montesquieu, “todo homem que tem poder
tende a abusar dele; ele vai até onde encontra limites. Para que não se possa
abusar do poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o poder limite o
poder”.

Até Montesquieu, não eram identificadas com clareza as esferas de


abrangência dos poderes políticos: “só se concebia sua união nas mãos de
um só ou, então, sua separação; ninguém se arriscava a apresentar, sob a
forma de sistema coerente, as consequências de conceitos diversos”.
Pensador francês do século XVIII, Montesquieu situa-se entre o racionalismo
cartesiano e o empirismo de origem baconiana, não abandonando o rigor
das certezas matemáticas em suas certezas morais. Porém, refugindo às
especulações metafísicas que, no plano da idealidade, serviram aos filósofos
do pacto social para a explicação dos fundamentos do Estado ou da
sociedade civil, ele procurou ingressar no terreno dos fatos.

Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do Ministério Público em


função da proteção dos direitos humanos. Tese de doutorado. São Paulo:
USP, 2010, p. 18-9. Internet: <www.teses.usp.br> (com adaptações).

Julgue o item subsequente, relativo às estruturas linguísticas do texto.

193
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

O pronome “eles” faz referência a “ramos diversos”.


Certo

Errado

Questão 125: FCC - CNMP/2015


Atenção: Para responder à questão, considere o início do prefácio à obra
Primórdios da Justiça no Brasil, escrito pelo ministro Marco Aurélio de Mello,
do Supremo Tribunal Federal.

Para a compreensão do fenômeno jurídico como ciência e prática, a História


do Direito e das instituições jurídicas se mostra relevante. Na verdade(e),
indispensável. Deve-se pensar o Direito hoje a partir do que nos ensinam os
fatos e acontecimentos registrados desde a Antiguidade; a Justiça brasileira,
a partir do surgimento de nossa organização judiciária(a). Nesse
quadro, cumprindo tal tarefa de forma primorosa(c), vem à balha a obra do
historiador e etnolinguista Amílcar D´Ávila de Mello. "Primórdios da Justiça
no Brasil" representará ferramenta imprescindível para todo aquele que
busca não só conhecer o Direito brasileiro, mas pensá-lo criticamente.

O propósito do livro é claro: instigar os leitores a revisitar o conhecimento


dominante acerca da história jurídica do Brasil. Amílcar D´Ávila, examinando
documentos datados de 1526 a 1541, afirma não terem sido as primeiras
manifestações do direito romano-germânico justiniano originadas dos
escrivães portugueses, mas de "operadores da justiça a serviço da Coroa de
Castela(d)". Adverte o autor, inclusive, que esses documentos, embora
"tenham quase meio milênio de existência, contêm muitos institutos e
prescrições que estão presentes em nossa Carta Magna de 1988, e nas de
outros países, bem como em seus respectivos Códigos Civis e Penais (a)".

Trata-se de argumento desafiador(b). O autor busca promover uma

194
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

reviravolta da óptica comum sobre o tema. Este é o papel de historiadores


com vocação revolucionária - não apenas descrever por descrever, mas
preencher possíveis lacunas ou equívocos do conhecimento, apontar fatos
que possam recontar a sequência histórica do acontecido e, assim, modificar
premissas e conclusões até então tidas por inquestionáveis. Como
compreender os institutos próprios do Direito sem refletir acerca do
momento no qual foram forjados, os motivos que levaram a instituí-los, os
pensamentos hegemônicos que nortearam a consolidação das ideias
respectivas? As respostas a essas indagações deixam transparecer, de modo
inequívoco, mostrar-se impossível dissociar o estudo do Direito dos relatos
históricos que nos permitem entender a evolução do pensamento jurídico e
participar desse processo. Os historiadores nos revelam esse instrumental.

Obs. balha = baila.

(MELLO, Marco Aurélio de. Prefácio. In: Primórdios da Justiça no Brasil:


coletânea de documentos castelhanos do século XVI, de Amílcar D´Ávila de
Mello, Ilha de Santa Catarina: Tekoá et Orbis, 2014, p.7-8)

É correta a seguinte afirmação:


a) Em a Justiça brasileira, a partir do surgimento de nossa organização
judiciária, justifica-se o emprego da vírgula pelo mesmo motivo que a
justifica no segmento e nas de outros países, bem como em seus respectivos
Códigos Civis e Penais.

b) A frase Trata-se de argumento desafiador está articulada em consonância


com as normas da gramática normativa, assim como o está a frase "Tratam-se
de expedientes jurídicos corriqueiros".

c) Em cumprindo tal tarefa de forma primorosa, tem-se exemplo de coesão


por antecipação, mediante o emprego do pronome.

d) Em "operadores da justiça a serviço da Coroa de Castela", o que se


destaca constitui caracterização, de natureza restritiva, do segmento

195
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

anterior, considerado em sua totalidade.

e) Em Na verdade, indispensável, o segmento destacado, semanticamente


equivalente a "aliás", é exemplo de conector que indica uma generalização
do que foi dito anteriormente, como se tem em "Ela o interrompeu no
momento da conclusão de seu pensamento. Aliás, como sempre"..

Questão 126: VUNESP - CM Caieiras/2015


Casamento

Há mulheres que dizem:


Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como “este foi difícil”
“prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas estalam:
somos noivo e noiva.

(Adélia Prado. Poesia Reunida, 1991. Adaptado)

No trecho – Meu marido, se quiser pescar, pesque, mas que limpe os peixes.
– a palavra destacada estabelece, respectivamente, sentido de
a) conclusão.

196
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

b) finalidade.

c) explicação.

d) condição.

e) comparação.

Questão 127: VUNESP - CM Caieiras/2015


Considere o diálogo entre as personagens Hermes e Naná:

Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas da


frase a seguir:

No segundo quadrinho, pode-se afirmar que Naná emprega o


pronome lhes referindo-se aos ____________ e que o trecho – no
que lhes concerne – pode ser substituído, sem alteração do sentido do texto,
por ____________.
a) banqueiros ... com que lhes cabe

b) banqueiros ... para que lhes interessa

c) jornalistas ... no que lhes compete

d) governantes ... no que lhes diz respeito

e) governantes ... com que lhes conclui

Questão 128: VUNESP - CM Caieiras/2015


O fator sorte

197
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

As pessoas mais inclinadas a buscar significados nos acontecimentos tendem


de fato a encontrá-los, ainda que, para isso, tenham de subestimar as leis da
probabilidade, no intuito de encontrar um maior número de “coincidências”,
que atribuem à sorte.

Há alguns anos, o físico Richard A. J. Matthews estudou as chamadas leis de


Murphy, a irônica suma do pessimismo resumida na máxima “se alguma
coisa pode dar errado, dará”. Matthews investigou, em particular, por que
uma fatia de pão com manteiga cai geralmente com o lado da manteiga para
baixo. A prevalência da “falta de sorte” foi confirmada por um estudo
experimental, patrocinado por um fabricante de manteiga: o aparente azar
deve-se simplesmente à relação física entre as dimensões da fatia e a altura
em que estava colocada.

São também explicáveis outros tipos de infortúnio, como o fato de que,


quando duas meias soltas são retiradas da gaveta, geralmente elas não são
do mesmo par. Além disso, tendemos a dar mais atenção a fatos rotineiros
que nos frustram (como perder o ônibus por chegarmos ao ponto com
segundos de atraso), em vez de contabilizar o grande número de ocasiões
em que não tivemos contratempos. Essa atitude contribui para reforçar
nossos preconceitos e nos fazer ignorar as leis da probabilidade.

O psicólogo Richard Wiseman, professor da Universidade de Hertfordshire,


na Inglaterra, também conduziu um estudo interessante sobre os
mecanismos relacionados à sorte. O projeto, financiado por várias
instituições, entre as quais a Associação Britânica para o Avanço da Ciência,
gerou um manual chamado “O fator sorte”, traduzido em mais de 20 idiomas.

Ele publicou um anúncio no jornal solicitando que pessoas particularmente


sortudas ou azaradas entrassem em contato com ele para que seus
comportamentos fossem analisados. Descobriu que cerca de 9% desses
indivíduos podiam ser considerados azarados e 12% favorecidos pela sorte.
Todos os outros entravam na média.

198
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Wiseman deu aos participantes um jornal, solicitando que contassem as


fotos impressas e prometendo um prêmio aos que o fizessem corretamente.
Ora, o número solicitado estava gravado de forma evidente sobre uma das
páginas, algo que muitos “azarados” não perceberam, pois estavam
concentrados demais na tarefa.

A análise experimental dos traços de personalidade que distinguiam


sortudos e azarados permitiu concluir que esses últimos são mais tensos e
concentrados, ao passo que os sortudos tendem a considerar as coisas de
forma mais relaxada, mas sem perder de vista o contexto geral. Assim, se
considerarmos os dados coletados, ter sorte pode significar, pelo menos em
parte, saber fazer boas escolhas e perceber as ocasiões mais vantajosas para
si mesmo.

(Gláucia Leal. Disponível em: http://blogs.estadao.com.br/pensar-psi/o-fator-


sorte. Adaptado)

Ele publicou um anúncio no jornal solicitando que pessoas particularmente


sortudas ou azaradas entrassem em contato com ele para que seus
comportamentos fossem analisados. (5o parágrafo)

O termo destacado nessa passagem do texto expressa ideia de


a) proporção.

b) finalidade.

c) concessão.

d) conformidade.

e) conclusão.

Questão 129: FCC - TRE RR/2015

199
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

Conselhos a o candidato

Certa vez um enamorado da Academia, homem ilustre e aliás perfeitamente


digno de pertencer a ela, escreveu-me sondando- me sobre as suas
possibilidades como candidato. Não pude deixar de sentir o bem conhecido
calefrio aquerôntico, porque então éramos quarenta na Casa de Machado de
Assis e falar de candidatura aos acadêmicos sem que haja vaga é um pouco
desejar secretamente a morte de um deles. O consultado poderá dizer
consigo que “praga de urubu não mata cavalo”. Mas, que diabo, sempre
impressiona. Não impressionou ao conde Afonso Celso, de quem contam
que respondeu assim a um sujeito que lhe foi pedir o voto para uma futura
vaga:

− Não posso empenhar a minha palavra. Primeiro porque o voto é secreto;


segundo porque não há vaga; terceiro porque a futura vaga pode ser a
minha, o que me poria na posição de não poder cumprir com a minha
palavra, coisa a que jamais faltei em minha vida.

Se eu tivesse alguma autoridade para dar conselhos ao meu eminente


patrício, dir-lhe-ia que o primeiro dever de um candidato é não temer a
derrota, não encará-la como uma capitis diminutio, não enfezar com ela.
Porque muitos dos que se sentam hoje nas poltronas azuis do Trianon, lá
entraram a duras penas, depois de uma ou duas derrotas. Afinal a entrada
para a Academia depende muito da oportunidade e de uma coisa bastante
indefinível que se chama “ambiente”. Fulano? Não tem ambiente. [...]

Sempre ponderei aos medrosos ou despeitados da derrota que é preciso


considerar a Academia com certo senso de humour. Não tomá-la como o
mais alto sodalício intelectual do país. Sobretudo nunca se servir da palavra
“sodalício”, a que muitos acadêmicos são alérgicos. Em mim, por exemplo,
provoca sempre urticária.

No mais, é desconfiar sempre dos acadêmicos que prometem: “Dou-lhe o

200
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

meu voto e posso arranjar-lhe mais um”. Nenhum acadêmico tem força para
arranjar o voto de um colega. Mas vou parar, que não pretendi nesta crônica
escrever um manual do perfeito candidato.

(BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,


1993, vol. único, p. 683-684)

*aquerôntico = relativo ou pertencente a Aqueronte, um dos rios do Inferno,


atravessado pelos mortos na embarcação conduzida pelo barqueiro Caronte.

*capitis diminutio: expressão latina de caráter jurídico empregada para


designar a diminuição de capacidade legal.

Mas vou parar, que não pretendi nesta crônica escrever um manual do
perfeito candidato.

Identifica-se, no segmento sublinhado acima,


a) noção de causa, que justifica a decisão tomada pelo autor.

b) a consequência de uma ação deliberada anteriormente.

c) ressalva que restringe o sentido da afirmativa anterior.

d) uma finalidade, que reafirma as intenções do autor, expostas no texto.

e) condição, pois o autor conclui não ter conseguido aconselhar o candidato.

Questão 130: FCC - SEFAZ PE/2015


Instruções: Para responder à questão, considere o texto que segue, extraído
de obra publicada em 1993.

A evolução das relações internacionais desde o fim da Segunda Guerra


Mundial foi largamente comandada pela emancipação dos povos
colonizados e pela constituição de um terceiro mundo, que(a) decidiu

201
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

permanecer neutro no enfrentamento dos dois blocos. Um dos fenômenos


mais importantes da história contemporânea é, precisamente, a entrada, no
palco das relações internacionais, na condição dos países que se tornam
atores da diplomacia, dos que, por tanto tempo, nele só figuraram como
objeto. O universo político deixa de reduzir-se ao concerto das grandes
potências, a saber, quatro ou cinco grandes Estados europeus, mais os
Estados Unidos e o Japão. O número dos Estados multiplicou-se: é um
aspecto e uma decorrência da descolonização. A ONU conta hoje 135
Estados, ao passo que a SDN nunca reuniu mais de cinquenta.

A descolonização modificou, ao mesmo tempo, o estado das relações entre


os continentes, a vida das antigas colônias que chegam à independência e
até, por via de consequência, a existência das antigas potências
colonizadoras. Todos os aspectos até agora enfocados são transformados
pelas repercussões da descolonização.

Se quiséssemos reduzir a história política do mundo nos dois últimos séculos


a alguns elementos constitutivos, teríamos de assinalar a Revolução de 1789,
a revolução russa de 1917 e a emancipação dos continentes sujeitos, há
vários séculos, ao domínio da Europa e do homem branco. Foi a
sucessão desses três grandes fatos quemodelou a fisionomia do mundo
contemporâneo: nosso universo resulta essencialmente dessas três forças
sucessivas.

Para apreciar o alcance da descolonização, cumpre situá-la na perspectiva


histórica a longo prazo do esforço colonizador europeu. Na véspera da
Primeira Guerra Mundial, o mundo era quase totalmente dominado,
animado e organizado pela Europa. Pouquíssimos países haviam escapado a
esse domínio: o Japão era um deles. Os outros que se encontravam na
mesma situação deviam-no ao seu afastamento ou isolamento e, com mais
frequência, haviam pago sua independência com a estagnação: assim a
Etiópia na África.

Obs.: SDN: Sociedade das Nações, também conhecida como Liga das Nações,
foi criada no final da I Guerra Mundial, empenhada em manter a paz

202
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

internacional. Fracassado seu objetivo, extinguiu-se, passando, em 1946, as


responsabilidades à recém-criada Organização das Nações Unidas, a ONU.

(RÉMOND, René. A descolonização. In: O século XX: de 1914 aos nossos dias.
Trad. Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, p.165-166)

Análise da coesão textual evidencia que a alternativa em que estão


corretamente indicados, em I, o segmento que reporta a outro do texto e,
em II, o segmento reportado, é:
a) I. (linha 2) que;
II. (linha 2) a constituição de um terceiro mundo.

b) I. (linha 2) o enfrentamento dos dois blocos;


II. (linha 1) a Segunda Guerra Mundial.

c) I. (linha 5) quatro ou cinco grandes Estados europeus, mais os Estados


Unidos e o Japão;
II. (linhas 4 e 5) o concerto das grandes potências.

d) I. (linhas 3 e 4) a condição dos países que se tornam atores da diplomacia;


II. (linha 3) a entrada.

e) I. (linha 13) que;


II. (linha 13) esses três grandes fatos.

GABARITO

121) Errado 122) Certo 123) Errado 124) Certo 125) D 126) D127) D 128) B
129) A 130) B

203
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 131: FCC - SEFAZ PE/2015


Instruções: Para responder à questão, considere o texto que segue, extraído
de obra publicada em 1993.

A evolução das relações internacionais desde o fim da Segunda Guerra


Mundial foi largamente comandada pela emancipação dos povos
colonizados e pela constituição de um terceiro mundo, que decidiu
permanecer neutro no enfrentamento dos dois blocos. Um dos fenômenos
mais importantes da história contemporânea é, precisamente, a entrada, no
palco das relações internacionais, na condição dos países que se tornam
atores da diplomacia, dos que, por tanto tempo, nele só figuraram como
objeto. O universo político deixa de reduzir-se ao concerto das grandes
potências, a saber, quatro ou cinco grandes Estados europeus, mais os
Estados Unidos e o Japão(b). O número dos Estados multiplicou-se: é um
aspecto e uma decorrência da descolonização(c). A ONU conta hoje 135
Estados, ao passo que a SDN nunca reuniu mais de cinquenta. (a)

A descolonização modificou, ao mesmo tempo, o estado das relações entre


os continentes, a vida das antigas colônias que chegam à independência e
até, por via de consequência, a existência das antigas potências
colonizadoras(d)(e). Todos os aspectos até agora enfocados são
transformados pelas repercussões da descolonização.

Se quiséssemos reduzir a história política do mundo nos dois últimos séculos


a alguns elementos constitutivos, teríamos de assinalar a Revolução de 1789,
a revolução russa de 1917 e a emancipação dos continentes sujeitos, há
vários séculos, ao domínio da Europa e do homem branco. Foi a sucessão
desses três grandes fatos que modelou a fisionomia do mundo
contemporâneo: nosso universo resulta essencialmente dessas três forças
sucessivas.

204
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Para apreciar o alcance da descolonização, cumpre situá-la na perspectiva


histórica a longo prazo do esforço colonizador europeu. Na véspera da
Primeira Guerra Mundial, o mundo era quase totalmente dominado,
animado e organizado pela Europa. Pouquíssimos países haviam escapado a
esse domínio: o Japão era um deles. Os outros que se encontravam na
mesma situação deviam-no ao seu afastamento ou isolamento e, com mais
frequência, haviam pago sua independência com a estagnação: assim a
Etiópia na África.

Obs.: SDN: Sociedade das Nações, também conhecida como Liga das Nações,
foi criada no final da I Guerra Mundial, empenhada em manter a paz
internacional. Fracassado seu objetivo, extinguiu-se, passando, em 1946, as
responsabilidades à recém-criada Organização das Nações Unidas, a ONU.

(RÉMOND, René. A descolonização. In: O século XX: de 1914 aos nossos dias.
Trad. Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, p.165-166)

Afirma-se com correção:


a) Em A ONU conta hoje 135 Estados, ao passo que a SDN nunca reuniu mais
de cinquenta, a substituição da locução ao passo que por "na medida em
que" não prejudica o sentido original.

b) Em O universo político deixa de reduzir-se ao concerto das grandes


potências, a saber, quatro ou cinco grandes Estados europeus, mais os
Estados Unidos e o Japão, o segmento destacado introduz correção do
conteúdo do enunciado anterior.

c) Em O número dos Estados multiplicou-se: é um aspecto e uma


decorrência da descolonização, ocorrem prosseguimento do texto por
justaposição; presença dos dois-pontos marcando ausência do
sequenciador; elipse de sujeito.

d) Em A descolonização modificou, ao mesmo tempo, o estado das relações


entre os continentes, a vida das antigas colônias que chegam à

205
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

independência e até, por via de consequência, a existência das antigas


potências colonizadoras, o posicionamento da expressão ao mesmo tempo
na frase denota que a simultaneidade é extensiva a todas as modificações
citadas.

e) Em A descolonização modificou [...] o estado das relações entre os


continentes, a vida das antigas colônias que chegam à independência e até,
por via de consequência, a existência das antigas potências colonizadoras, a
palavra destacada, equivalente a "também", acrescenta unidade de igual
valor no conjunto argumentativo.

Questão 132: FCC - SEFAZ PE/2015


Considere os períodos A e B e as assertivas que seguem a eles.

A. Eles se esforçaram bastante, mas não conseguiram atingir a meta


proposta para o setor.

B. Eles se esforçaram bastante, ainda que não tenham conseguido


atingir a meta proposta para o setor.

I. Tanto em A, quanto em B, os enunciados que compõem o período


relacionam-se por contraposição, motivo pelo qual os
conectores mas e Ainda que pertencem à mesma categoria, a das
conjunções adversativas.

II. Em A, o primeiro segmento do período cria a expectativa de que o


esforço foi recompensado; o segundo, introduzido pela conjunção mas,
constitui eliminação da expectativa criada no primeiro.

III. Em B, o segmento introduzido pela locução conjuntiva constitui


argumento contrário, mas não suficientemente forte para desmentir o
argumento anterior.

206
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

IV. No período em que aparece a conjunção mas, prevalece a orientação


argumentativa do segmento que ela introduz; no período em que
aparece a locuçãoainda que, prevalece a orientação argumentativa do
segmento que ela não introduz.

Está correto o que se afirma APENAS em


a) II, III e IV.

b) I, II e III.

c) I e IV.

d) II e III.

e) II e IV.

Questão 133: CESGRANRIO - BB/2015


Cartilha orienta consumidor

Lançada pelo SindilojasRio e pelo CDL-Rio,


em parceria com o Procon-RJ, guia destaca os principais
pontos do Código de Defesa do Consumidor (CDC),
selecionados a partir das dúvidas e reclamações mais
comuns recebidas pelas duas entidades

O Sindicato de Lojistas do Comércio do Rio de Janeiro (SindilojasRio) e o


Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDL-Rio) lançaram ontem uma
cartilha para orientar lojistas e consumidores sobre seus direitos e deveres.
Com o objetivo de dar mais transparência e melhorar as relações de
consumo, a cartilha tem apoio também da Secretaria Estadual de Proteção e
Defesa do Consumidor (Seprocon)/ Procon-RJ.

Batizada de Boas Vendas, Boas Compras! – Guia prático de direitos e deveres


para lojistas e consumidores, a publicação destaca os principais pontos do

207
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Código de Defesa do Consumidor (CDC), selecionados a partir das dúvidas e


reclamações mais comuns recebidas, tanto pelo SindilojasRio e CDL-Rio,
como pelo Procon-RJ.

“A partir da conscientização de consumidores e lojistas sobre seus direitos e


deveres, queremos contribuir para o crescimento sustentável das empresas,
tendo como base a ética, a qualidade dos produtos e a boa prestação de
serviços ao consumidor”, explicou o presidente do SindilojasRio e do CDL-
Rio, Aldo Gonçalves.

Gonçalves destacou que as duas entidades estão comprometidas em


promover mudanças que propiciem o avanço das relações de consumo, além
do desenvolvimento do varejo carioca.

“O consumidor é o nosso foco. É importante informá-lo dos seus direitos”,


disse o empresário, ressaltando que conhecer bem o CDC é vital não só para
os lojistas, mas também para seus fornecedores.

Jornal do Commercio. Rio de Janeiro. 08 abr. 2014, A-9. Adaptado.

Na última frase do texto, é transcrita a opinião de um empresário para quem


“conhecer bem o CDC é vital não só para os lojistas, mas também para seus
fornecedores”.

Considerando-se o conteúdo dessa opinião, que outra estrutura frasal


poderia representá-la?
a) Conhecer bem o CDC é vital tanto para os lojistas quanto para seus
fornecedores.

b) Conhecer bem o CDC é vital em especial para os lojistas assim como para
seus fornecedores.

c) Conhecer bem o CDC é vital nem tanto para os lojistas como para seus
fornecedores.

208
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

d) Conhecer bem o CDC é vital inclusive para os lojistas sem falar em seus
fornecedores.

e) Conhecer bem o CDC é vital não tanto para os lojistas bem como para
seus fornecedores.

Questão 134: VUNESP - TCE-SP/2015


Leia a charge para responder à questão.

(Gazeta do Povo, 01.10.2014)

A conjunção que inicia a fala da personagem expressa sentido de


a) conformidade, o mesmo que a destacada em: Economizou bastante para
o casamento, segundo o pai o havia instruído.

b) explicação, o mesmo que a destacada em: Falava alto e com voz


estridente, pois queria ser ouvido por todos.

c) causa, o mesmo que a destacada em: Estava sozinha em casa e ouvia


música alto, já que se sentia desprotegida.

d) comparação, o mesmo que a destacada em: O bolo estava convidativo, e


ele comeu-o que nem uma criança gulosa.

e) consequência, o mesmo que a destacada em: Falou tão alto durante o


evento que acabou ficando sem voz.

Questão 135: VUNESP - TCE-SP/2015

209
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Leia o texto para responder à questão.

Em sua essência, empresas como o Google e o Facebook estão no mesmo


ramo de negócio que a Agência de Segurança Nacional (NSA) do governo
dos EUA. Elas coletam uma grande quantidade de informações sobre os
usuários, armazenam, integram e utilizam essas informações para prever o
comportamento individual e de um grupo, e depois as vendem para
anunciantes e outros mais. Essa semelhança gerou parceiros naturais para a
NSA, e é por isso que eles foram abordados para fazer parte do PRISM, o
programa de vigilância secreta da internet. Ao contrário de agências de
inteligência, que espionam linhas de telecomunicações internacionais, o
complexo de vigilância comercial atrai bilhões de seres humanos com a
promessa de “serviços gratuitos”. Seu modelo de negócio é a destruição
industrial da privacidade. E mesmo os maiores críticos da vigilância da NSA
não parecem estar pedindo o fim do Google e do Facebook.

Considerando-se que, em 1945, grande parte do mundo passou a enfrentar


meio século da tirania em consequência da bomba atômica, em 2015
enfrentaremos a propagação inexorável da vigilância em massa invasiva e a
transferência de poder para aqueles conectados às suas superestruturas. É
muito cedo para dizer se o lado “democrático” ou o lado “tirânico” da internet
finalmente vencerá. Mas reconhecê-los – e percebê-los como o campo de
luta – é o primeiro passo para se posicionar efetivamente junto com a grande
maioria das pessoas.

A humanidade agora não pode mais rejeitar a internet, mas também não
pode se render a ela. Ao contrário, temos que lutar por ela. Assim como os
primórdios das armas atômicas inauguraram a Guerra Fria, a lógica da
internet é a chave para entender a iminente guerra em prol do centro
intelectual da nossa civilização.

(http://noticias.uol.com.br, 16.12.2014. Adaptado)

Leia as passagens do texto:

210
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

... e é por isso que eles foram abordados para fazer parte do PRISM...
(primeiro parágrafo)

Seu modelo de negócio é a destruição industrial da privacidade. (primeiro


parágrafo)

Ao contrário, temos que lutar por ela. (terceiro parágrafo) Os pronomes em


destaque referem-se, respectivamente, aos termos:
a) os usuários / o Google e o Facebook / a humanidade.

b) o Google e o Facebook / o complexo de vigilância comercial / a internet.

c) os anunciantes e outros mais / as agências de inteligência / a internet.

d) o comportamento individual e o de grupo / a NSA / a civilização.

e) os parceiros naturais da NSA / o programa de vigilância secreta / a


privacidade.

Questão 136: VUNESP - SAP SP/2015


Leia o texto para responder à questão.

Desmantelo só quer começo

Onze controles remotos, eis o surpreendente saldo da minha faxina: 11


controles remotos que há muito já não controlavam, mesmo que
remotamente, coisa alguma.

Ao longo dos anos, as TVs, aparelhos de som, DVDs e videocassetes a que


serviram foram partindo e deixando-os para trás: órfãos, sem ocupação ou
residência fixa, vagavam pela casa ao sabor do acaso. Terminada a
arrumação, meti todos eles numa sacolinha plástica e joguei na lixeira.

211
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Imagino que jogar controles remotos no lixo fira gravemente alguma regra
ecológica, mas a visão daqueles defuntos eletrônicos me trouxe um
sentimento de urgência: eram eles ou eu.

Meu finado tio-avô costumava dizer que “Desmantelo só quer começo”. O


cronista Humberto Werneck, atento à grandeza que o miúdo esconde,
escreveu uma vez sobre a traiçoeira contribuição dos copos de requeijão
para o fim de um casamento.

Aos poucos, esses intrusos vão cavando espaço no armário da cozinha,


empurrando lá pro fundo as taças que, no início do namoro, assistiam da
primeira fila aos beijos e abraços — é a vulgaridade galgando o terreno da
paixão.

Até que um belo dia você acorda e descobre que o vinho do amor virou água
da bica num copo da Itambé — “Desmantelo só quer começo”.

Tenho medo: numa casa em que 11 finados controles remotos permanecem


insepultos por anos a fio, o desmantelo já começou faz tempo, já criou raízes,
frutos, lançou esporos. Minha cozinha é cheia de copos de requeijão.

Digo a mim mesmo, enquanto vejo o caminhão de lixo deglutir os expurgos


da minha faxina: este é o início de uma nova fase, a partir de agora serei um
exemplo de organização.

Entro em casa de queixo erguido, peito estufado e meu ânimo dura quatro
segundos: só até ver minha mulher com as mãos enfiadas entre as almofadas
do sofá, perguntando se por acaso eu não vi, em algum lugar, o controle da
televisão.

(Antonio Prata, Folha de S.Paulo, 04.05.2014. Adaptado)

Imagino que jogar controles remotos no lixo fira gravemente alguma regra
ecológica, mas a visão daqueles defuntos eletrônicos me trouxe um

212
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

sentimento de urgência: eram eles ou eu.

O termo mas, em destaque, tem valor


a) adversativo, equivalendo a porém.

b) explicativo, equivalendo a porque.

c) conclusivo, equivalendo a portanto.

d) alternativo, equivalendo a ora.

e) aditivo, equivalendo a também.

Questão 137: FCC - TCM-GO/2015


Prazer sem humilhação

O poeta Ferreira Gullar disse há tempos uma frase que gosta de repetir: “A
crase não existe para humilhar ninguém”. Entenda-se: há normas gramaticais
cuja razão de ser é emprestar clareza ao discurso escrito, valendo como
ferramentas úteis e não como instrumentos de tortura ou depreciação de
alguém.

Acho que o sentido dessa frase pode ampliar-se: “A arte não existe para
humilhar ninguém”, entendendo-se com isso que os artistas existem para
estimular e desenvolver nossa sensibilidade e inteligência do mundo, e não
para produzir obras que separem e hierarquizem as pessoas. Para ficarmos
no terreno da música: penso que todos devem escolher ouvir o que gostam,
não aquilo que alguém determina. Mas há aqui um ponto crucial, que vale a
pena discutir: estamos mesmo em condições de escolher livremente as
músicas de que gostamos?

Para haver escolha real, é preciso haver opções reais. Cada vez que um carro
passa com o som altíssimo de graves repetidos praticamente sem variação,
num ritmo mecânico e hipnótico, é o caso de se perguntar: houve aí uma

213
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

escolha? Quem alardeia os infernais decibéis de seu som motorizado pela


cidade teve a chance de ouvir muitos outros gêneros musicais? Conhece
muitos outros ritmos, as canções de outros países, os compositores de outras
épocas, as tendências da música brasileira, os incontáveis estilos musicais já
inventados e frequentados? Ou se limita a comprar no mercado o que está
vendendo na prateleira dos sucessos, alimentando o círculo vicioso e
enganoso do “vende porque é bom, é bom porque vende”?

Não digo que A é melhor que B, ou que X é superior a todas as letras do


alfabeto; digo que é importante buscar conhecer todas as letras para
escolher. Nada contra quem escolhe um “batidão” se já ouviu música clássica,
desde que tenha tido realmente a oportunidade de ouvir e escolher
compositores clássicos que lhe digam algo. Não acho que é preciso escolher,
por exemplo, entre os grandes Pixinguinha e Bach, entre Tom Jobim e
Beethoven, entre um forró e a música eletrônica das baladas, entre a música
dançante e a que convida a uma audição mais serena; acho apenas que
temos o direito de ouvir tudo isso antes de escolher. A boa música, a boa
arte, esteja onde estiver, também não existe para humilhar ninguém.

(João Cláudio Figueira, inédito)

Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um


segmento em:
a) instrumentos de tortura ou depreciação (1º parágrafo) = meios de
aviltamento ou rejeição.

b) ritmo mecânico e hipnótico (3º parágrafo) = toque automático e insone.

c) alardeia os infernais decibéis (3º parágrafo) = propaga os pérfidos


excessos.

d) alimentando o círculo vicioso (3º parágrafo) = nutrindo a esfera


pecaminosa.

214
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

e) clássicos que lhe digam algo (4º parágrafo) = eruditos que lhe transmitam
alguma coisa.

Questão 138: CESPE - MPU/2015


O surgimento da Internet remonta à década de 60 do século passado, em um
projeto do governo norte-americano no combate à guerra, pelo qual as
comunicações intragovernamentais passaram a ser internalizadas, para
evitar a publicação de dados relevantes à segurança nacional.

Posteriormente, na década de 70, foi criado o protocolo Internet, que


permitiu a comunicação entre os seus poucos usuários até então, uma vez
que ela ainda estava restrita aos centros de pesquisa dos Estados Unidos da
América.

Na década de 80, foi ampliado o uso da Internet para a forma comercial e,


finalmente, na década de 90, a Internet alcançou o seu auge, pois atingiu
praticamente todos os meios de comunicação. O histórico dos crimes
cibernéticos, por sua vez, remonta à década de 70, quando, pela primeira
vez, foi definido o termo hacker, como sendo aquele indivíduo que, dotado
de conhecimentos técnicos, promove a invasão de sistemas operacionais
privados e a difusão de pragas virtuais.

Artur Barbosa da Silveira. Os crimes cibernéticos e a Lei n.o 12.737/2012. In:


Internet: <www.conteudojuridico.com.br> (com adaptações).

Julgue o item que se segue, acerca das ideias, das estruturas linguísticas e da
tipologia do texto.

Na linha 1, a expressão “remonta à” está sendo empregada com o sentido


de deu-se na ou de ocorreu na.
Certo

Errado

215
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 139: CESPE - MPU/2015


Segundo a doutrina nacional, os crimes cibernéticos (também chamados de
eletrônicos ou virtuais) dividem-se em puros (ou próprios) ou impuros (ou
impróprios). Os primeiros são os praticados por meio de computadores e se
realizam ou se consumam também em meio eletrônico. Os impuros ou
impróprios são aqueles em que o agente se vale do computador como meio
para produzir resultado que ameaça ou lesa outros bens, diferentes daqueles
da informática.

É importante destacar que o art. 154-A do Código Penal (Lei n.º 12.737/2012)
trouxe para o ordenamento jurídico o crime novo de “invasão de dispositivo
informático”, que consiste na conduta de invadir dispositivo informático
alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação
indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou
destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular
do dispositivo, ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita.
Quanto à culpabilidade, a conduta criminosa do delito cibernético
caracteriza-se somente pelo dolo, não havendo a previsão legal da conduta
na forma culposa. Idem, ibidem.

Em relação às ideias e às estruturas linguísticas do texto, julgue o item a


seguir.

A palavra “adulterar” está sendo empregada com o sentido de alterar


prejudicando.
Certo

Errado

Questão 140: CESPE - TRE GO/2015


Texto II

216
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Segundo a Constituição Federal, todo poder emana do povo e por ele será
exercido, quer de maneira direta, quer por intermédio de representantes
eleitos. Essa afirmação, dentro do espírito do texto constitucional, deve ser
interpretada como verdadeiro dogma estabelecido pelo constituinte
originário, mormente quando nos debruçamos sobre o cenário político dos
anos anteriores à eleição dos membros que comporiam a Assembleia
Constituinte que resultou na Carta de 1988.

Em expedita sinopse, é possível perceber que, após longo período de


repressão à manifestação do pensamento, o povo brasileiro ansiava por
exercer o direito de eleger os seus representantes com o objetivo de
participar direta ou indiretamente da formação da vontade política da nação.

Dentro desse contexto, impende destacar que os movimentos populares que


ocorreram a partir do ano de 1984, que deram margem ao início do processo
de elaboração da nova Carta, deixaram transparecer de maneira cristalina
aos então governantes que o coração da nação brasileira estava palpitante,
quase que exageradamente acelerado, tendo em vista a possibilidade de se
recuperar o exercício do poder, cujo titular, por longo lapso, deixou de ser
escolhido pelo povo brasileiro.

Em meio a esse cenário, foi elaborado o texto constitucional, que, desde


então, recebeu a denominação de Constituição Cidadã. O art. 14 desse texto
confere ênfase à titularidade do poder para ressaltar que “A soberania
popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com
valor igual a todos”, deixando transparecer que a intenção da Lei Maior é
fazer que o povo exerça efetivamente o seu direito de participar da formação
da vontade política.

Fernando Marques Sá. Desaprovação das contas de campanha do


candidato – avanço da legislação para as eleições de 2014. In: Estudos
Eleitorais. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral. Vol. 9, n.o 2, 2014, p. 52-3.
Internet: <www.tse.jus.br> (com adaptações).

217
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Com referência às estruturas linguísticas do texto II, julgue o próximo item.

A substituição da expressão “mormente” (l.3) por sobretudo manteria a


correção e o sentido do texto.
Certo

Errado

GABARITO
131) C 132) A 133) A134) A 135) B 136) A 137) E 138) Certo 139) Certo
140) Certo

218
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 141: CESPE - TRE GO/2015


Texto II

Segundo a Constituição Federal, todo poder emana do povo e por ele será
exercido, quer de maneira direta, quer por intermédio de representantes
eleitos. Essa afirmação, dentro do espírito do texto constitucional, deve ser
interpretada como verdadeiro dogma estabelecido pelo constituinte
originário, mormente quando nos debruçamos sobre o cenário político dos
anos anteriores à eleição dos membros que comporiam a Assembleia
Constituinte que resultou na Carta de 1988.

Em expedita sinopse, é possível perceber que, após longo período de


repressão à manifestação do pensamento, o povo brasileiro ansiava por
exercer o direito de eleger os seus representantes com o objetivo de
participar direta ou indiretamente da formação da vontade política da nação.

Dentro desse contexto, impende destacar que os movimentos populares que


ocorreram a partir do ano de 1984, que deram margem ao início do processo
de elaboração da nova Carta, deixaram transparecer de maneira cristalina
aos então governantes que o coração da nação brasileira estava palpitante,
quase que exageradamente acelerado, tendo em vista a possibilidade de se
recuperar o exercício do poder, cujo titular, por longo lapso, deixou de ser
escolhido pelo povo brasileiro.

Em meio a esse cenário, foi elaborado o texto constitucional, que, desde


então, recebeu a denominação de Constituição Cidadã. O art. 14 desse texto
confere ênfase à titularidade do poder para ressaltar que “A soberania
popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com
valor igual a todos”, deixando transparecer que a intenção da Lei Maior é
fazer que o povo exerça efetivamente o seu direito de participar da formação
da vontade política.

Fernando Marques Sá. Desaprovação das contas de campanha do

219
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

candidato – avanço da legislação para as eleições de 2014. In: Estudos


Eleitorais. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral. Vol. 9, n.o 2, 2014, p. 52-3.
Internet: <www.tse.jus.br> (com adaptações).

Com referência às estruturas linguísticas do texto II, julgue o próximo item.

O trecho “a possibilidade de se recuperar” (l.10) equivale, em sentido, ao


trecho seguinte: a possibilidade de que se recuperasse.
Certo

Errado

Questão 142: CESPE - MPU/2015


Na organização do poder político no Estado moderno, à luz da tradição
iluminista, o direito tem por função a preservação da liberdade humana, de
maneira a coibir a desordem do estado de natureza, que, em virtude do risco
da dominação dos mais fracos pelos mais fortes, exige a existência de um
poder institucional. Mas a conquista da liberdade humana também reclama
a distribuição do poder em ramos diversos, com a disposição de meios que
assegurem o controle recíproco entre eles para o advento de um cenário de
equilíbrio e harmonia nas sociedades estatais. A concentração do poder em
um só órgão ou pessoa viria sempre em detrimento do exercício da
liberdade. É que, como observou Montesquieu, “todo homem que tem poder
tende a abusar dele; ele vai até onde encontra limites. Para que não se possa
abusar do poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o poder limite o
poder”.

Até Montesquieu, não eram identificadas com clareza as esferas de


abrangência dos poderes políticos: “só se concebia sua união nas mãos de
um só ou, então, sua separação; ninguém se arriscava a apresentar, sob a
forma de sistema coerente, as consequências de conceitos diversos”.
Pensador francês do século XVIII, Montesquieu situa-se entre o racionalismo
cartesiano e o empirismo de origem baconiana, não abandonando o rigor

220
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

das certezas matemáticas em suas certezas morais. Porém, refugindo às


especulações metafísicas que, no plano da idealidade, serviram aos filósofos
do pacto social para a explicação dos fundamentos do Estado ou da
sociedade civil, ele procurou ingressar no terreno dos fatos.

Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do Ministério Público em


função da proteção dos direitos humanos. Tese de doutorado. São Paulo:
USP, 2010, p. 18-9. Internet: <www.teses.usp.br> (com adaptações).

Com base nas ideias contidas no texto, julgue o item a seguir.

A conquista da liberdade humana pressupõe a distribuição do poder em


ramos diversos.
Certo

Errado

Questão 143: FCC - CNMP/2015


Atenção: Para responder à questão, considere o início do prefácio à obra
Primórdios da Justiça no Brasil, escrito pelo ministro Marco Aurélio de Mello,
do Supremo Tribunal Federal.

Para a compreensão do fenômeno jurídico como ciência e prática, a História


do Direito e das instituições jurídicas se mostra relevante. Na verdade,
indispensável. Deve-se pensar o Direito hoje a partir do que nos ensinam os
fatos e acontecimentos registrados desde a Antiguidade; a Justiça brasileira,
a partir do surgimento de nossa organização judiciária. Nesse quadro,
cumprindo tal tarefa de forma primorosa, vem à balha a obra do historiador
e etnolinguista Amílcar D´Ávila de Mello. "Primórdios da Justiça no Brasil"
representará ferramenta imprescindível para todo aquele que busca não só
conhecer o Direito brasileiro, mas pensá-lo criticamente.

O propósito do livro é claro: instigar os leitores a revisitar o conhecimento

221
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

dominante acerca da história jurídica do Brasil. Amílcar D´Ávila, examinando


documentos datados de 1526 a 1541, afirma não terem sido as primeiras
manifestações do direito romano-germânico justiniano originadas dos
escrivães portugueses, mas de "operadores da justiça a serviço da Coroa de
Castela". Adverte o autor, inclusive, que esses documentos, embora "tenham
quase meio milênio de existência, contêm muitos institutos e prescrições
que estão presentes em nossa Carta Magna de 1988, e nas de outros países,
bem como em seus respectivos Códigos Civis e Penais".

Trata-se de argumento desafiador. O autor busca promover uma reviravolta


da óptica comum sobre o tema. Este é o papel de historiadores com vocação
revolucionária - não apenas descrever por descrever, mas preencher
possíveis lacunas ou equívocos do conhecimento, apontar fatos que possam
recontar a sequência histórica do acontecido e, assim, modificar premissas e
conclusões até então tidas por inquestionáveis. Como compreender os
institutos próprios do Direito sem refletir acerca do momento no qual foram
forjados, os motivos que levaram a instituí-los, os pensamentos
hegemônicos que nortearam a consolidação das ideias respectivas? As
respostas a essas indagações deixam transparecer, de modo inequívoco,
mostrar-se impossível dissociar o estudo do Direito dos relatos históricos que
nos permitem entender a evolução do pensamento jurídico e participar
desse processo. Os historiadores nos revelam esse instrumental.

Obs. balha = baila.

(MELLO, Marco Aurélio de. Prefácio. In: Primórdios da Justiça no Brasil:


coletânea de documentos castelhanos do século XVI, de Amílcar D´Ávila de
Mello, Ilha de Santa Catarina: Tekoá et Orbis, 2014, p.7-8)

Considere:

I. o emprego da palavra como em Para a compreensão do fenômeno


jurídico como ciência e prática, a História do Direito e das instituições
jurídicas se mostra relevante;

222
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

II. estas acepções da palavra como, selecionadas do Dicionário


eletrônico Houaiss da língua portuguesa:

advérbio

1 ocorre com valor circunstancial


1.1 em frase interrogativa (direta ou indireta)

Exs.: c. conseguiram voltar tão cedo?


ainda não se sabe c. conseguiram voltar

3 especializando os sentidos:
3.1 modo:
3.1.1 da maneira que

Ex.: fantasiou-se c. quis e saiu

conjunção

4 confere à oração subordinada os valores circunstanciais de:


4.2 conformidade: de acordo com, conforme, consoante
Ex.: c. dissemos, somos contra o acordo

5 integra e acrescenta valor circunstancial à oração substantiva


Ex.: acabaram confessando-lhe c. haviam conseguido entrar

6 liga orações do mesmo nível sintático, relacionando-as por:


6.2 adição
Ex.: na riqueza c. na pobreza

Afirma-se com correção sobre o emprego de como em I:


a) é ocorrência do que se vê indicado no segundo exemplo de 1.1.

b) é ocorrência idêntica à descrita em 3.1.1.

223
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

c) tem o mesmo valor semântico indicado em 4.2.

d) tem o mesmo valor semântico indicado em 5.

e) é outro exemplo do que se detalha em 6.2.

Questão 144: VUNESP - CM Caieiras/2015


Cozinhar, uma antiga atividade humana

Cozinhar é uma das mais antigas atividades humanas, surgida por volta de
sete mil anos atrás, quando o homem adquiriu meios seguros de obter e
dominar o fogo.

Ao escolher a profissão de cozinheiro, é preciso saber que é uma carreira


para a qual é preciso muito esforço, dedicação, aprendizagem, treino e,
sobretudo, gostar do que se faz. Além disso, é preciso ser criativo, ter espírito
de liderança, organização e capacidade de ensinar.

Ao longo das últimas décadas, o cenário gastronômico no Brasil se


transformou completamente. A mudança que serviu de mola propulsora foi
a profissionalização do setor. Começou, timidamente, com a chegada de
“chefs” estrangeiros, no começo dos anos 80, fortaleceu-se com a abertura
das importações no começo dos anos 90 e consolidou-se com a fundação da
ABAGA (Associação Brasileira da Alta Gastronomia), em 1995, cujo empenho,
desde o início, voltou-se para a formação e a valorização do profissional da
cozinha.

(http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/maio/dia-do-cozinheiro.php.
24.11.2014. Adaptado)

No trecho do 3o parágrafo – A mudança que serviu de mola propulsora foi a


profissionalização do setor. – a expressão destacada, usada em sentido
figurado, tem o mesmo sentido de

224
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

a) opinião.

b) incentivo.

c) aceitação.

d) modelo.

e) desculpa.

Questão 145: VUNESP - CM Caieiras/2015


Cozinhar, uma antiga atividade humana

Cozinhar é uma das mais antigas atividades humanas, surgida por volta de
sete mil anos atrás, quando o homem adquiriu meios seguros de obter e
dominar o fogo.

Ao escolher a profissão de cozinheiro, é preciso saber que é uma carreira


para a qual é preciso muito esforço, dedicação, aprendizagem, treino e,
sobretudo, gostar do que se faz. Além disso, é preciso ser criativo, ter espírito
de liderança, organização e capacidade de ensinar.

Ao longo das últimas décadas, o cenário gastronômico no Brasil se


transformou completamente. A mudança que serviu de mola propulsora foi
a profissionalização do setor. Começou, timidamente, com a chegada de
“chefs” estrangeiros, no começo dos anos 80, fortaleceu-se com a abertura
das importações no começo dos anos 90 e consolidou-se com a fundação da
ABAGA (Associação Brasileira da Alta Gastronomia), em 1995, cujo empenho,
desde o início, voltou-se para a formação e a valorização do profissional da
cozinha.

(http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/maio/dia-do-cozinheiro.php.
24.11.2014. Adaptado)

225
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

No trecho do 3o parágrafo –... consolidou-se com a fundação da ABAGA… – a


palavra destacada pode ser substituída, sem alteração de sentido, por
a) reformulou-se.

b) firmou-se.

c) equipou-se.

d) instalou-se.

e) alterou-se.

Questão 146: VUNESP - CM Caieiras/2015


Cozinhar, uma antiga atividade humana

Cozinhar é uma das mais antigas atividades humanas, surgida por volta de
sete mil anos atrás, quando o homem adquiriu meios seguros de obter e
dominar o fogo.

Ao escolher a profissão de cozinheiro, é preciso saber que é uma carreira


para a qual é preciso muito esforço, dedicação, aprendizagem, treino e,
sobretudo, gostar do que se faz. Além disso, é preciso ser criativo, ter espírito
de liderança, organização e capacidade de ensinar.

Ao longo das últimas décadas, o cenário gastronômico no Brasil se


transformou completamente. A mudança que serviu de mola propulsora foi
a profissionalização do setor. Começou, timidamente, com a chegada de
“chefs” estrangeiros, no começo dos anos 80, fortaleceu-se com a abertura
das importações no começo dos anos 90 e consolidou-se com a fundação da
ABAGA (Associação Brasileira da Alta Gastronomia), em 1995, cujo empenho,
desde o início, voltou-se para a formação e a valorização do profissional da
cozinha.

226
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

(http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/maio/dia-do-cozinheiro.php.
24.11.2014. Adaptado)

Na frase contida no 3o parágrafo – Começou, timidamente, com a chegada


de “chefs” estrangeiros... – o advérbio destacado apresenta sentido contrário
de
a) vagarosamente.

b) calmamente.

c) cuidadosamente.

d) cautelosamente.

e) impetuosamente.

Questão 147: VUNESP - CM Caieiras/2015


Uma rasteira no cotidiano

Dia desses, precisei pingar um remédio no nariz e deitei na cama para fazer
isso. O remédio desceu pelas minhas narinas, mas eu não conseguia mais me
levantar.

Meu pé foi capturado pela delícia de um raio de sol que costuma atravessar o
meu quarto àquela hora do dia.

Eu fiquei ali parada, deitada sobre a colcha, esquentando os pés enquanto


olhava uns reflexos dançando no teto. Minha cabeça começou a caminhar.

Se não fosse o meu nariz congestionado, não estaria ali. Eu me assustei. Não
conseguia me lembrar de uma única vez que tivesse deitado na minha cama

227
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

assim, no meio do dia, sem exata serventia. Uma coisa tão simples, tão boa e
por que tão rara? Por quê? Por que não faço isso mais vezes?

A vida cotidiana sempre me parece excessiva, mas eu também me rendo ao


que parece ser a ordem natural das coisas e vivo correndo de um lado para
outro com meu celular na mão.

Mas aquele dia fiz uma coisa tão banal! Deitei na minha cama de dia e entrei
numa bolha subversiva de calma e
prazer. Dei uma rasteira no cotidiano.

Faça o mesmo, caro leitor. Deite-se, ainda que seja por dez minutos. Sem
função. Deite-se para ouvir-se.

Sempre tive uma curiosa inveja desses trabalhadores de praças e jardins que
vejo, depois do almoço, deitados nos tristes gramados urbanos.

Apesar do serviço duro, são capazes de deitar na grama no meio do dia,


enquanto nós continuamos no trânsito passando séculos sem ver uma
árvore de baixo para cima. Quando estou num táxi e vejo um deles, eu me
lembro de recostar a cabeça no banco para, no mínimo, ver uma inédita
cidade passando pelo céu.

Pura delícia. Experimente. E se alguém ficar surpreso com sua atitude, diga
que resolveu dar uma rasteira no cotidiano.

(Denise Fraga. Folha de S. Paulo, 14.05.2013. Adaptado)

O trecho do texto em que a narradora cita a condição que foi necessária para
que ela pudesse vivenciar uma situação inesperada encontra-se na
alternativa:
a) Eu fiquei ali parada, deitada sobre a colcha, esquentando os pés.

b) Se não fosse o meu nariz congestionado, não estaria ali.

228
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

c) Uma coisa tão simples, tão boa e por que tão rara?

d) Sempre tive uma curiosa inveja desses trabalhadores de praças e jardins.

e) Enquanto nós continuamos no trânsito passando séculos sem ver uma


árvore de baixo para cima.

Questão 148: VUNESP - CM Caieiras/2015


Colega tagarela é o que mais atrapalha

De acordo com pesquisa realizada nos Estados Unidos, colegas tagarelas são
o principal motivo de distração durante a jornada de trabalho.

Pelo levantamento feito com 848 profissionais, 45% deles consideram que as
conversas frequentes são, em grande parte, responsáveis pela perturbação
no ambiente corporativo.

Para Jim Greenaway, vice-presidente de uma consultoria, interrupções e


distrações se desenvolvem quando um colega tagarela perde a capacidade
de discernimento, não compreende os limites e não sabe interpretar a
linguagem corporal, comprometendo a concentração necessária para que as
tarefas sejam realizadas.

“Profissionais tagarelas em geral não fazem ideia de quão irritantes são para
seus colegas. Eles simplesmente perdem a capacidade de reconhecer os
sinais, por isso devem prestar atenção às dicas não verbais que surgem no
ambiente e estabelecer limites de respeito ao tempo dos colegas.” Os sinais a
que Greenaway se refere incluem, por exemplo, olhadelas no relógio e o
tamborilar impaciente dos dedos sobre a mesa.

Conversas no corredor ou pequenas paradas para um bate-papo com um


colega podem render grandes benefícios em termos de colaboração,
gerando ideias, criando confiança e aumentando a produtividade; contudo,
muita conversa também pode ser um fator negativo, como apontou a

229
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

pesquisa.

(Folha de S. Paulo, 16.07.2014. Adaptado)

No terceiro parágrafo, o trecho destacado em – não sabe interpretar a


linguagem corporal, comprometendo a concentração necessária para que as
tarefas sejam realizadas – expressa a ideia de
a) comparação.

b) finalidade.

c) simultaneidade.

d) causa.

e) oposição.

Questão 149: VUNESP - CM Caieiras/2015


O fator sorte

As pessoas mais inclinadas a buscar significados nos acontecimentos tendem


de fato a encontrá-los, ainda que, para isso, tenham de subestimar as leis da
probabilidade, no intuito de encontrar um maior número de “coincidências”,
que atribuem à sorte.

Há alguns anos, o físico Richard A. J. Matthews estudou as chamadas leis de


Murphy, a irônica suma do pessimismo resumida na máxima “se alguma
coisa pode dar errado, dará”. Matthews investigou, em particular, por que
uma fatia de pão com manteiga cai geralmente com o lado da manteiga para
baixo. A prevalência da “falta de sorte” foi confirmada por um estudo
experimental, patrocinado por um fabricante de manteiga: o aparente azar
deve-se simplesmente à relação física entre as dimensões da fatia e a altura
em que estava colocada.

230
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

São também explicáveis outros tipos de infortúnio, como o fato de que,


quando duas meias soltas são retiradas da gaveta, geralmente elas não são
do mesmo par. Além disso, tendemos a dar mais atenção a fatos rotineiros
que nos frustram (como perder o ônibus por chegarmos ao ponto com
segundos de atraso), em vez de contabilizar o grande número de ocasiões
em que não tivemos contratempos. Essa atitude contribui para reforçar
nossos preconceitos e nos fazer ignorar as leis da probabilidade.

O psicólogo Richard Wiseman, professor da Universidade de Hertfordshire,


na Inglaterra, também conduziu um estudo interessante sobre os
mecanismos relacionados à sorte. O projeto, financiado por várias
instituições, entre as quais a Associação Britânica para o Avanço da Ciência,
gerou um manual chamado “O fator sorte”, traduzido em mais de 20 idiomas.

Ele publicou um anúncio no jornal solicitando que pessoas particularmente


sortudas ou azaradas entrassem em contato com ele para que seus
comportamentos fossem analisados. Descobriu que cerca de 9% desses
indivíduos podiam ser considerados azarados e 12% favorecidos pela sorte.
Todos os outros entravam na média.

Wiseman deu aos participantes um jornal, solicitando que contassem as


fotos impressas e prometendo um prêmio aos que o fizessem corretamente.
Ora, o número solicitado estava gravado de forma evidente sobre uma das
páginas, algo que muitos “azarados” não perceberam, pois estavam
concentrados demais na tarefa.

A análise experimental dos traços de personalidade que distinguiam


sortudos e azarados permitiu concluir que esses últimos são mais tensos e
concentrados, ao passo que os sortudos tendem a considerar as coisas de
forma mais relaxada, mas sem perder de vista o contexto geral. Assim, se
considerarmos os dados coletados, ter sorte pode significar, pelo menos em
parte, saber fazer boas escolhas e perceber as ocasiões mais vantajosas para
si mesmo.

231
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

(Gláucia Leal. Disponível em: http://blogs.estadao.com.br/pensar-psi/o-fator-


sorte. Adaptado)

Assinale a alternativa em que os trechos entre colchetes estabelecem, entre


si, uma relação de consequência e causa, respectivamente.
a) [por que uma fatia de pão com manteiga] [cai geralmente com o lado da
manteiga para baixo]

b) [quando duas meias soltas são retiradas da gaveta] [geralmente elas não
são do mesmo par]

c) [perder o ônibus] [por chegarmos ao ponto com segundos de atraso]

d) [tendemos a dar mais atenção] [a fatos rotineiros que nos frustram]

e) [análise experimental dos traços de personalidade] [que distinguiam


sortudos e azarados]

Questão 150: VUNESP - TCE-SP/2015


Leia o texto para responder à questão.

Incoerência americana

Fechar Guantánamo. Barack Obama prometeu fazê-lo em 2008, quando


disputava seu primeiro mandato como presidente dos EUA, supostamente o
cargo mais poderoso do mundo.

Seis anos e duas eleições depois, o campo de prisioneiros continua em


funcionamento, contradizendo os valores democráticos dos quais os
americanos tanto se vangloriam.

Alguns dos 136 detidos (número que resta após o envio de seis deles para o
Uruguai) estão presos há mais de uma década sem acusação formal. São,

232
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

entretanto, considerados “perigosos demais”.

(Folha de S.Paulo, 11.12.2014. Adaptado)

No primeiro parágrafo do texto, o advérbio “supostamente” sugere que


a) o presidente dos EUA certamente é o homem mais poderoso do mundo.

b) o cargo de presidente dos EUA pode não ser o mais poderoso do mundo.

c) o cargo de presidente dos EUA é pouco poderoso no mundo.

d) o presidente dos EUA é o homem menos poderoso do mundo.

e) o cargo de presidente dos EUA nunca foi o mais poderoso do mundo.

GABARITO
141) Certo 142) Errado 143) C 144) B 145) B 146) E 147) B148) B 149) C 150) B

233
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 151: VUNESP - TCE-SP/2015


Leia o texto para responder à questão.

Incoerência americana

Fechar Guantánamo. Barack Obama prometeu fazê-lo em 2008, quando


disputava seu primeiro mandato como presidente dos EUA, supostamente o
cargo mais poderoso do mundo.

Seis anos e duas eleições depois, o campo de prisioneiros continua em


funcionamento, contradizendo os valores democráticos dos quais os
americanos tanto se vangloriam.

Alguns dos 136 detidos (número que resta após o envio de seis deles para o
Uruguai) estão presos há mais de uma década sem acusação formal. São,
entretanto, considerados “perigosos demais”.

(Folha de S.Paulo, 11.12.2014. Adaptado)

Na frase – São, entretanto, considerados “perigosos demais”. – (terceiro


parágrafo), as aspas são empregadas como marcação de
a) ambiguidade.

b) humor.

c) gíria.

d) correção.

e) ironia.

Questão 152: VUNESP - SAP SP/2015

234
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

(Bill Watterson, Calvin & Haroldo,


http://depositodocalvin.blogspot.com.br/search/label/Bicicleta)

Os termos já (segundo quadrinho) e ainda (quarto quadrinho) exprimem


circunstâncias de
a) modo.

b) tempo.

c) dúvida.

d) causa.

e) intensidade.

Questão 153: VUNESP - TCE-SP/2015


Leia o texto para responder à questão.

Em sua essência, empresas como o Google e o Facebook estão no mesmo


ramo de negócio que a Agência de Segurança Nacional (NSA) do governo
dos EUA. Elas coletam uma grande quantidade de informações sobre os
usuários, armazenam, integram e utilizam essas informações para prever o
comportamento individual e de um grupo, e depois as vendem para
anunciantes e outros mais. Essa semelhança gerou parceiros naturais para a
NSA, e é por isso que eles foram abordados para fazer parte do PRISM, o
programa de vigilância secreta da internet. Ao contrário de agências de
inteligência, que espionam linhas de telecomunicações internacionais, o
complexo de vigilância comercial atrai bilhões de seres humanos com a
promessa de “serviços gratuitos”. Seu modelo de negócio é a destruição
industrial da privacidade. E mesmo os maiores críticos da vigilância da NSA

235
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

não parecem estar pedindo o fim do Google e do Facebook.

Considerando-se que, em 1945, grande parte do mundo passou a enfrentar


meio século da tirania em consequência da bomba atômica, em 2015
enfrentaremos a propagação inexorável da vigilância em massa invasiva e a
transferência de poder para aqueles conectados às suas superestruturas. É
muito cedo para dizer se o lado “democrático” ou o lado “tirânico” da internet
finalmente vencerá. Mas reconhecê-los – e percebê-los como o campo de
luta – é o primeiro passo para se posicionar efetivamente junto com a grande
maioria das pessoas.

A humanidade agora não pode mais rejeitar a internet, mas também não
pode se render a ela. Ao contrário, temos que lutar por ela. Assim como os
primórdios das armas atômicas inauguraram a Guerra Fria, a lógica da
internet é a chave para entender a iminente guerra em prol do centro
intelectual da nossa civilização.

(http://noticias.uol.com.br, 16.12.2014. Adaptado)

Nas orações – ... em 2015 enfrentaremos a propagação inexorável da


vigilância em massa invasiva... – (segundo parágrafo) e – ... para entender a
iminente guerra em prol do centro intelectual da nossa civilização. – (terceiro
parágrafo), os termos em destaque significam, respectivamente,
a) intermitente e fácil de se evitar.

b) implacável e prestes a acontecer.

c) indevida e difícil de se concretizar.

d) inestimável e vista como imprescindível.

e) imparcial e pronta para eclodir.

Questão 154: VUNESP - SAP SP/2015

236
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Leia a charge.

(Pancho. Gazeta do Povo, 28.09.2014)

Ao dizer que o papo “não tem pé nem cabeça”, a personagem sugere que a
conversa do amigo está sendo
a) articulada.

b) engraçada.

c) concisa.

d) incoerente.

e) inteligente.

Questão 155: VUNESP - SAP SP/2015


Leia o texto para responder à questão.

No Cieja (Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos) Campo Limpo,


não se registram advertências aos estudantes nem há período de
recuperação. Alunos com dificuldades nos colégios da região enxergam ali a
possibilidade de um recomeço. “Outros colégios desistem de alguns alunos
tidos como problemáticos e os encaminham para um centro de ensino de
jovens e adultos”, explica a coordenadora da escola, Cristina Sá.

Todos os 14 Ciejas de São Paulo reservam um dia para os professores


fazerem planejamento. Êda, a diretora do Cieja Campo Limpo, usa as sextas-
feiras para discutir casos específicos dos alunos e para formar os educadores
na filosofia da escola. Neste dia, não há aula. “É um trabalho de formiguinha”,
diz a diretora. Vários professores não se adaptaram e pediram transferência.

237
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

“Tem gente que não acredita em um ensino que não impõe autoridade. Nós
acreditamos”, afirma Cristina.

Num dos dias em que a Folha visitou a escola, um morador da mesma rua
apareceu em frente à entrada, com um carrinho de sucata com o pneu
furado, perguntando: “Cadê a dona Êda? Preciso de ajuda para arrumar meu
pneu”. A naturalidade do pedido mostra como a integração com a
comunidade funciona.

(http://arte.folha.uol.com.br. 30.11.2014. Adaptado)

A diretora do Cieja afirma que faz um “trabalho de formiguinha”, portanto um


trabalho muito
a) dispendioso.

b) cuidadoso.

c) improvisado.

d) negligente.

e) superficial.

Questão 156: VUNESP - SAP SP/2015


Leia o texto para responder à questão.

Ela tem alma de pomba

Que a televisão prejudica o movimento da pracinha Jerônimo Monteiro, em


todos os Cachoeiros de Itapemirim, não há dúvida. Sete horas da noite era
hora de uma pessoa acabar de jantar, dar uma volta pela praça para depois
pegar uma sessão das 8 no cinema. Agora todo mundo fica em casa vendo
uma novela, depois outra novela.

238
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

O futebol também pode ser prejudicado. Quem vai ver um jogo do Estrela do
Norte F.C., se pode ficar tomando cervejinha e assistindo a um bom Fla-Flu,
ou a um Inter x Cruzeiro, ou qualquer coisa assim?

Que a televisão prejudica a leitura de livros, também não há dúvida. Eu


mesmo confesso que lia mais quando não tinha televisão. Rádio, a gente
pode ouvir baixinho, enquanto está lendo um livro. Televisão é incompatível
com livro – e tudo mais nesta vida, inclusive a boa conversa.

Também acho que a televisão paralisa a criança numa cadeira mais do que o
desejável. O menino fica ali parado, vendo e ouvindo, em vez de sair por aí,
chutar uma bola, brincar de bandido, inventar uma besteira qualquer para
fazer.

Só não acredito que televisão seja máquina de fazer doido. Até acho que é o
contrário, ou quase o contrário: é máquina de amansar doido, distrair doido,
acalmar, fazer doido dormir.

(Rubem Braga, 200 Crônicas Escolhidas. Adaptado)

Assinale a alternativa em que a preposição em destaque inicia uma


expressão indicativa de lugar.
a) Sete horas da noite era hora de uma pessoa acabar de jantar...

b) ... inventar uma besteira qualquer para fazer.

c) Agora todo mundo fica em casa vendo uma novela...

d) ... que televisão seja máquina de fazer doido.

e) ... para depois pegar uma sessão das 8 no cinema.

Questão 157: VUNESP - PC CE/2015

239
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Leia o texto para responder à questão.

Ficção universitária

Os dados do Ranking Universitário publicados em setembro de 2013 trazem


elementos para que tentemos desfazer o mito, que consta da Constituição,
de que pesquisa e ensino são indissociáveis.

É claro que universidades que fazem pesquisa tendem a reunir a nata dos
especialistas, produzir mais inovação e atrair os alunos mais qualificados,
tornando-se assim instituições que se destacam também no ensino. O
Ranking Universitário mostra essa correlação de forma cristalina: das 20
universidades mais bem avaliadas em termos de ensino, 15 lideram no
quesito pesquisa (e as demais estão relativamente bem posicionadas). Das
20 que saem à frente em inovação, 15 encabeçam também a pesquisa.

Daí não decorre que só quem pesquisa, atividade estupidamente cara, seja
capaz de ensinar. O gasto médio anual por aluno numa das três
universidades estaduais paulistas, aí embutidas todas as despesas que
contribuem direta e indiretamente para a boa pesquisa, incluindo inativos e
aportes de Fapesp, CNPq e Capes, é de R$ 46 mil (dados de 2008). Ora, um
aluno do ProUni custa ao governo algo em torno de R$ 1.000 por ano em
renúncias fiscais.

Não é preciso ser um gênio da aritmética para perceber que o país não
dispõe de recursos para colocar os quase sete milhões de universitários em
instituições com o padrão de investimento das estaduais paulistas.

E o Brasil precisa aumentar rapidamente sua população universitária. Nossa


taxa bruta de escolarização no nível superior beira os 30%, contra 59% do
Chile e 63% do Uruguai. Isso para não mencionar países desenvolvidos como
EUA (89%) e Finlândia (92%).

Em vez de insistir na ficção constitucional de que todas as universidades do


país precisam dedicar-se à pesquisa, faria mais sentido aceitar o mundo

240
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

como ele é e distinguir entre instituições de elite voltadas para a produção


de conhecimento e as que se destinam a difundi-lo. O Brasil tem necessidade
de ambas.

(Hélio Schwartsman. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br,


10.09.2013. Adaptado)

Assinale a alternativa em que a expressão destacada é empregada em


sentido figurado.
a) ... todas as despesas que contribuem direta e indiretamente para a boa
pesquisa...

b) ... das 20 universidades mais bem avaliadas em termos de ensino...

c) ... universidades que fazem pesquisa tendem a reunir a nata dos


especialistas...

d) Os dados do Ranking Universitário publicados em setembro de 2013...

e) Não é preciso ser um gênio da aritmética para perceber que o país


não dispõe de recursos...

Questão 158: VUNESP - PC CE/2015


Leia o texto para responder à questão.

A morte do narrador

Recentemente recebi um e-mail de uma leitora perguntando a razão de eu


ter, segundo ela, uma visão tão dura para com os idosos. O motivo da sua
pergunta era eu ter dito, em uma de minhas colunas, que hoje em dia não
existiam mais vovôs e vovós, porque estavam todos na academia querendo
parecer com seus netos.

241
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Claro, minha leitora me entendeu mal. Mas o fato de ela ter me entendido
mal, o que acontece com frequência quando se discute o tema da velhice, é
comum, principalmente porque o próprio termo “velhice” já pede sinônimos
politicamente corretos, como “terceira idade”, “melhor idade”, “maturidade”,
entre outros.

Uma característica do politicamente correto é que, quando ele se manifesta


num uso linguístico específico, é porque esse uso se refere a um conceito já
considerado como algo ruim. A marca essencial do politicamente correto é a
hipocrisia articulada como gesto falso, ideias bem comportadas.

Voltando à velhice. Minha leitora entendeu que eu dizia que idosos devem se
afundar na doença, na solidão e no abandono, e não procurar ser felizes.
Mas, quando eu dizia que eles estão fugindo da condição de avós, usava isso
como metáfora da mentira (politicamente correta) quanto ao medo que
temos de afundar na doença, antes de tudo psicológica, devido ao
abandono e à solidão, típicos do mundo contemporâneo. Minha crítica era à
nossa cultura, e não às vítimas dela. Ela cultua a juventude como padrão de
vida e está intimamente associada ao medo do envelhecimento, da dor e da
morte. Sua opção é pela “negação”, traço de um dos sintomas neuróticos
descritos por Freud.

Walter Benjamim, filósofo alemão do século XX, dizia que na modernidade o


narrador da vida desapareceu. Isso quer dizer que as pessoas encarregadas,
antigamente, de narrar a vida e propor sentido para ela perderam esse lugar.
Hoje os mais velhos querem “aprender” com os mais jovens (aprender a amar,
se relacionar, comprar, vestir, viajar, estar nas redes sociais). Esse fenômeno,
além de cruel com o envelhecimento, é também desorganizador da própria
juventude. Ouço cotidianamente, na sala de aula, os alunos demonstrarem
seu desprezo por pais e mães que querem aprender a viver com eles.

Alguns elementos do mundo moderno não ajudam a combater essa


desvalorização dos mais velhos. As ferramentas de informação, normalmente
mais acessíveis aos jovens, aumentam a percepção negativa dos mais velhos

242
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

diante do acúmulo de conhecimento posto a serviço dos consumidores, que


questionam as “verdades constituídas do passado”. A própria estrutura sobre
a qual se funda a experiência moderna – ciência, técnica, superação de
tradição – agrava a invisibilidade dos mais velhos. Em termos humanos, o
passado (que “nada” serve ao mundo do progresso) tem um nome: idoso.
Enfim, resta aos vovôs e vovós ir para a academia ou para as redes sociais.

(Luiz Felipe Pondé, Somma, agosto 2014, p. 31. Adaptado)

O termo empregado com sentido figurado está em destaque na seguinte


passagem do texto:
a) Minha leitora entendeu que eu dizia que idosos devem se afundar na
doença, na solidão e no abandono… (quarto parágrafo).

b) Mas o fato de ela ter me entendido mal, o que acontece


com frequência quando se discute o tema da velhice… (segundo parágrafo).

c) A própria estrutura sobre a qual se funda a experiência moderna – ciência,


técnica, superação de tradição – agrava a invisibilidade dos mais velhos.
(último parágrafo).

d) O motivo da sua pergunta era eu ter dito, em uma de minhas colunas, que
hoje em dia não existiam mais vovôs e vovós… (primeiro parágrafo).

e) Walter Benjamim, filósofo alemão do século XX, dizia que na


modernidade o narrador da vida desapareceu. (penúltimo parágrafo).

Questão 159: VUNESP - CM Caieiras/2015


Casamento

Há mulheres que dizem:


Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.

243
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,


ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como “este foi difícil”
“prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas estalam:
somos noivo e noiva.

(Adélia Prado. Poesia Reunida, 1991. Adaptado)

Assinale a alternativa cuja frase apresenta palavras empregadas no sentido


figurado.
a) A qualquer hora da noite me levanto…

b) …O silêncio de quando nos vimos a primeira vez atravessa a cozinha…

c) … ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.

d) … os peixes na travessa, vamos dormir.

e) … de vez em quando os cotovelos se esbarram…

Questão 160: VUNESP - TCE-SP/2015


Leia o texto para responder à questão.

São Paulo está a 760 metros de altitude, a altura de Teresópolis. Por causa do
frio, as pessoas se cobrem de casacos e suéteres. Nos correios e nos cinemas,

244
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

as filas são mais distintas. Até o trânsito é mais civilizado. Nos cruzamentos,
as pessoas paravam e eu passava sempre primeiro, como bom bárbaro. Nos
engarrafamentos, a manada de automóveis, resignada, espera sem buzinar,
algo impensável no Rio. Em São Paulo, os motoristas de táxi são donos dos
carros; no Rio, são empregados da frota. Adivinhe onde o troco volta
integralmente e você tem menos chance de se aborrecer.

São Paulo é plutocrática. Tudo gira em função de dinheiro. Há mais


empregos, os salários são mais altos e todos cobram pesado uns dos outros.
Eletricistas, encanadores, chaveiros, táxis, todos os serviços são mais caros –
mas mais profissionais. É preciso dinheiro para ter um bom apartamento,
dinheiro para entrar como sócio num clube, dinheiro para ter casa de praia
ou sítio (para fugir da cidade) e dinheiro para comprar um bom assento num
show. Sem contar que é preciso se adiantar e andar rápido, porque há
milhares iguais a você lotando todos os lugares.

(http://www.istoe.com.br)

Na passagem do primeiro parágrafo – Nos engarrafamentos, a manada de


automóveis, resignada, espera sem buzinar... –, a expressão em destaque
está empregada em sentido
a) próprio, sinalizando que os automóveis, em grande quantidade,
enfrentam o trânsito com rebeldia, o que se comprova com o adjetivo
“resignada”, denotando impaciência.

b) figurado, sinalizando que os automóveis, em grande número, mantêm-se


conformados no trânsito, o que se comprova com o adjetivo “resignada”,
denotando obediência.

c) próprio, sinalizando que os automóveis, em quantidade reduzida,


dispersam-se no trânsito docilmente, o que se comprova com o adjetivo
“resignada”, denotando submissão.

d) figurado, sinalizando que os automóveis, em quantidade normal, vivem o


trânsito sem problemas, o que se comprova com o adjetivo “resignada”,

245
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

denotando paciência.

e) próprio, sinalizando que os automóveis, em quantidade exagerada,


trafegam obedientes no trânsito diário, o que se comprova com o adjetivo
“resignada”, denotando obstinação.

GABARITO
151) E 152) B 153) B 154) D155) B 156) C 157) C 158) C 159) B 160) B

246
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 161: FCC - MANAUSPREV/2015


Atenção: O texto abaixo refere-se à questão.

Na margem esquerda do rio Amazonas, entre Manaus e Itacoatiara, foram


encontrados vestígios de inúmeros sítios indígenas pré-históricos. O que
muitos de nós não sabemos é que ainda existem regiões ocultas situadas no
interior da Amazônia e um povo, também desconhecido, que teria vivido por
aquelas paragens, ainda hoje não totalmente desbravadas.

Em 1870, o explorador João Barbosa Rodrigues descobriu uma grande


necrópole indígena contendo vasta gama de peças em cerâmica de incrível
perfeição; teria sido construída por uma civilização até então desconhecida
em nosso país. Utilizando a língua dos índios da região, ele denominou o
sítio de Miracanguera. A atenção do pesquisador foi atraída primeiramente
por uma vasilha de cerâmica, propriedade de um viajante. Este informante
disse tê-la adquirido de um mestiço, residente na Vila do Serpa (atual
Itacoatiara), que dispunha de diversas peças, as quais teria recolhido na
Várzea de Matari. Barbosa Rodrigues suspeitou que poderia se tratar de um
sítio arqueológico de uma cultura totalmente diferente das já identificadas
na Amazônia.

Em seu interior as vasilhas continham ossos calcinados, demonstrando que a


maioria dos mortos tinham sido incinerados. De fato, a maior parte dos
despojos dos miracangueras era composta de cinzas. Além das vasilhas
mortuárias, o pesquisador encontrou diversas tigelas e pratos utilitários,
todos de formas elegantes e cobertos por uma fina camada de barro branco,
que os arqueólogos denominam de “engobe”, tão perfeito que dava ao
conjunto a aparência de porcelana. Uma parte das vasilhas apresentava
curiosas decorações e pinturas em preto e vermelho. Outro detalhe que
surpreendeu o pesquisador foi a variedade de formas existentes nos sítios
onde escavou, destacando-se certas vasilhas em forma de taças de pés altos,
as quais lembram congêneres da Grécia Clássica.

247
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Havia peças mais elaboradas, certamente para pessoas de posição elevada


dentro do grupo. A cerâmica do sítio de Miracanguera recebia um banho de
tabatinga (tipo de argila com material orgânico) e eventualmente uma
pintura com motivos geométricos, além da decoração plástica que destacava
detalhes específicos, tais como seres humanos sentados e com as pernas
representadas.

João Barbosa Rodrigues faleceu em 1909. Em 1925, o famoso antropólogo


Kurt Nimuendaju tentou encontrar Miracanguera, mas a ilha já tinha sido
tragada pelas águas do rio Amazonas. Arqueólogos americanos também
vasculharam áreas arqueológicas da Amazônia, inclusive no Equador, Peru e
Guiana Francesa, no final dos anos de 1940. Como não conseguiram achar
Miracanguera, “decidiram” que a descoberta do brasileiro tinha sido “apenas
uma subtradição de agricultores andinos”.

Porém, nos anos de 1960, outro americano lançou nova interpretação para
aquela cultura, concluindo que o grupo indígena dos miracangueras não era
originário da região, como já dizia Barbosa Rodrigues. Trata-se de um
mistério relativo a uma civilização perdida que talvez não seja solucionado
nas próximas décadas. Em pleno século 21, a cultura miracanguera continua
oficialmente “inexistente” para as autoridades culturais do Brasil e do mundo.

(Adaptado de: Museu Nacional do Rio de Janeiro. Disponível


em: https://saemuseunacional.wordpress.com. SILVA, Carlos Augusto da. A
dinâmica do uso da terra nos locais onde há sítios arqueológicos: o caso da
comunidade Cai N’água, Maniquiri-AM / (Dissertação de Mestrado) – UFAM,
2010)

Dos segmentos abaixo, o que NÃO possui linguagem adequada a


documentos oficiais encontra-se em:
a) Trata-se de um mistério relativo a uma civilização perdida...

b) ... cobertos por uma fina camada de barro branco, que os arqueólogos
denominam de “engobe”...

248
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

c) Arqueólogos americanos também vasculharam áreas arqueológicas da


Amazônia

d) A atenção do pesquisador foi atraída primeiramente por uma vasilha de


cerâmica...

e) ... mas a ilha já tinha sido tragada pelas águas do rio Amazonas.

Questão 162: FCC - SEFAZ PI/2015


Instrução: A questão refere-se ao texto seguinte.

Filosofia de borracharia

O borracheiro coçou a desmatada cabeça e proferiu a sentença


tranquilizadora: nenhum problema com o nosso pneu, aliás quase tão calvo
quanto ele. Estava apenas um bocado murcho.

− Camminando si sgonfia* − explicou o camarada, com um sorriso de


pouquíssimos dentes e enorme simpatia.

O italiano vem a ser um dos muitos idiomas em que a minha abrangente


ignorância é especializada, mas ainda assim compreendi que o pneu do
nosso carro periclitante tinha se esvaziado ao longo da estrada. Não era para
menos. Tendo saído de Paris, havíamos rodado muito antes de cair naquele
emaranhado de fronteiras em que você corre o risco de não saber se está na
Áustria, na Suíça ou na Itália. Soubemos que estávamos no norte, no sótão
da Itália, vendo um providencial borracheiro dar nova carga a um pneu
sgonfiato.

Dali saímos − éramos dois jovens casais num distante verão europeu,
embarcados numa aventura que, de camping em camping, nos levaria a
Istambul – para dar carga nova a nossos estômagos, àquela altura não
menos sgonfiati. O que pode a fome, em especial na juventude: à beira de
um himalaia de sofrível espaguete fumegante, julguei ver fumaças filosóficas

249
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

na sentença do tosco borracheiro. E, entre garfadas, sob o olhar zombeteiro


dos companheiros de viagem, me pus a teorizar.

Sim, camminando si sgonfia, e não apenas quando se é, nesta vida, um pneu.


Também nós, de tanto rodar, vamos aos poucos desinflando. E por aí fui,
inflado e inflamado num papo delirante. Fosse hoje, talvez tivesse dito,
infelizmente com conhecimento de causa, que a partir de determinado
ponto carecemos todos de alguma espécie de fortificante, de um novo
alento para o corpo, quem sabe para a alma.

* Camminando si sgonfia = andando se esvazia. Sgonfiato é vazio; sgonfiati é


a forma plural.

(Adaptado de: WERNECK, Humberto – Esse inferno vai acabar. Porto Alegre,
Arquipélago, 2011, p. 85-86)

Sem prejuízo para o sentido do contexto, pode-se substituir o elemento


sublinhado no segmento
a) proferiu a sentença tranquilizadora (1º parágrafo) por opinião
consoladora.

b) nosso carro periclitante (3º parágrafo) por indomável.

c) um providencial borracheiro (3º parágrafo) por previdente.

d) julguei ver fumaças filosóficas (4º parágrafo) por presunções de filosofia.

e) sob o olhar zombeteiro (4º parágrafo) por exame indolente.

Questão 163: CESPE - MPU/2015


A partir de uma ação do Ministério Público Federal (MPF), o Tribunal Regional
Federal da 2.a Região (TRF2) determinou que a Google Brasil retirasse, em até
72 horas, 15 vídeos do YouTube que disseminam o preconceito, a
intolerância e a discriminação a religiões de matriz africana, e fixou multa

250
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

diária de R$ 50.000,00 em caso de descumprimento da ordem judicial. Na


ação civil pública, a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC/RJ)
alegou que a Constituição garante aos cidadãos não apenas a obrigação do
Estado em respeitar as liberdades, mas também a obrigação de zelar para
que elas sejam respeitadas pelas pessoas em suas relações recíprocas.

Para a PRDC/RJ, somente a imediata exclusão dos vídeos da Internet


restauraria a dignidade de tratamento, que, nesse caso, foi negada às
religiões de matrizes africanas. Corroborando a visão do MPF, o TRF2
entendeu que a veiculação de vídeos potencialmente ofensivos e
fomentadores do ódio, da discriminação e da intolerância contra religiões de
matrizes africanas não corresponde ao legítimo exercício do direito à
liberdade de expressão. O tribunal considerou que a liberdade de expressão
não se pode traduzir em desrespeito à diferentes manifestações dessa
mesma liberdade, pois ela encontra limites no próprio exercício de outros
direitos fundamentais.

Internet: <http://ibde.org.br> (com adaptações).

A respeito das ideias e das estruturas linguísticas do texto, julgue o item


subsequente.

Altera-se totalmente a informação original do período ao se substituir a


palavra “Corroborando” por Confirmando.
Certo

Errado

Questão 164: CESPE - MPU/2015


Segundo a doutrina nacional, os crimes cibernéticos (também chamados de
eletrônicos ou virtuais) dividem-se em puros (ou próprios) ou impuros (ou
impróprios). Os primeiros são os praticados por meio de computadores e se
realizam ou se consumam também em meio eletrônico. Os impuros ou

251
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

impróprios são aqueles em que o agente se vale do computador como meio


para produzir resultado que ameaça ou lesa outros bens, diferentes daqueles
da informática.

É importante destacar que o art. 154-A do Código Penal (Lei n.º 12.737/2012)
trouxe para o ordenamento jurídico o crime novo de “invasão de dispositivo
informático”, que consiste na conduta de invadir dispositivo informático
alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação
indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou
destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular
do dispositivo, ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita.
Quanto à culpabilidade, a conduta criminosa do delito cibernético
caracteriza-se somente pelo dolo, não havendo a previsão legal da conduta
na forma culposa. Idem, ibidem.

Em relação às ideias e às estruturas linguísticas do texto, julgue o item a


seguir.

Prejudicam-se a correção gramatical e as informações originais do período


ao se substituir “ilícita” por ilegal.
Certo

Errado

Questão 165: VUNESP - CM Caieiras/2015


Mulher ao volante

“Quando não venho de blusa rosa, os passageiros notam e reclamam”, disse


orgulhosa Marta Ribeiro dos Passos, 34, exibindo as unhas da mesma cor, às
5h41, no terminal Vila Mariana.

Quarenta minutos antes, ela afivelou o cinto de segurança, também rosa,


engatou a primeira marcha no câmbio decorado e seguiu viagem ao volante

252
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

do ônibus que sai da Lapa. Uma cortina de borboleta deixava a cabine ainda
mais personalizada.

A cor rosa é sua “marca registrada”, como define, e o percurso, seu favorito.
“Amo meus passageiros. São sempre as mesmas pessoas, nos mesmos
pontos”, diz ela, que troca cumprimentos com os mais chegados.

Motorista de ônibus há sete anos, Marta concluiu que as mulheres na direção


são uma segurança para a população. Por dois motivos: dirigem com uma
“perfeição maior” e pilotam por gosto, não por obrigação. “Não me vejo
fazendo outra coisa”, diz.

Quando não está no trabalho, Marta acelera na sua moto 125 cilindradas,
uma potência módica que ela pretende em breve dobrar. “Descarrego toda a
minha adrenalina nela.”

Ao cruzar a avenida Paulista, ela comenta: “Aqui a gente vê de tudo. Sou toda
rosa, mas adoro esse pessoal que anda de preto. Acho interessantes essas
várias tribos. Não quero ser a melhor. Só quero fazer a diferença”, completa.

(André Lobato. Revista São Paulo, 15 a 20/05/2011. Adaptado)

Assinale a alternativa que apresenta, entre parênteses, uma expressão de


sentido oposto à expressão destacada no trecho do texto.
a) Engatou a primeira marcha no câmbio decorado e seguiu viagem.
(adornado)

b) Marta concluiu que as mulheres na direção são uma segurança para a


população. (causam hesitação na)

c) Dirigem com uma “perfeição maior” e pilotam por gosto, não por
obrigação. (dever)

d) Acelera na sua moto 125 cilindradas, uma potência módica que ela
pretende em breve dobrar. (moderada)

253
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

e) Acho interessantes essas várias tribos. (esses diferentes grupos sociais)

Questão 166: VUNESP - CM Caieiras/2015


O fator sorte

As pessoas mais inclinadas a buscar significados nos acontecimentos tendem


de fato a encontrá-los, ainda que, para isso, tenham de subestimar as leis da
probabilidade, no intuito de encontrar um maior número de “coincidências”,
que atribuem à sorte.

Há alguns anos, o físico Richard A. J. Matthews estudou as chamadas leis de


Murphy, a irônica suma do pessimismo resumida na máxima “se alguma
coisa pode dar errado, dará”. Matthews investigou, em particular, por que
uma fatia de pão com manteiga cai geralmente com o lado da manteiga para
baixo. A prevalência da “falta de sorte” foi confirmada por um estudo
experimental, patrocinado por um fabricante de manteiga: o aparente azar
deve-se simplesmente à relação física entre as dimensões da fatia e a altura
em que estava colocada.

São também explicáveis outros tipos de infortúnio, como o fato de que,


quando duas meias soltas são retiradas da gaveta, geralmente elas não são
do mesmo par. Além disso, tendemos a dar mais atenção a fatos rotineiros
que nos frustram (como perder o ônibus por chegarmos ao ponto com
segundos de atraso), em vez de contabilizar o grande número de ocasiões
em que não tivemos contratempos. Essa atitude contribui para reforçar
nossos preconceitos e nos fazer ignorar as leis da probabilidade.

O psicólogo Richard Wiseman, professor da Universidade de Hertfordshire,


na Inglaterra, também conduziu um estudo interessante sobre os
mecanismos relacionados à sorte. O projeto, financiado por várias
instituições, entre as quais a Associação Britânica para o Avanço da Ciência,
gerou um manual chamado “O fator sorte”, traduzido em mais de 20 idiomas.

254
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Ele publicou um anúncio no jornal solicitando que pessoas particularmente


sortudas ou azaradas entrassem em contato com ele para que seus
comportamentos fossem analisados. Descobriu que cerca de 9% desses
indivíduos podiam ser considerados azarados e 12% favorecidos pela sorte.
Todos os outros entravam na média.

Wiseman deu aos participantes um jornal, solicitando que contassem as


fotos impressas e prometendo um prêmio aos que o fizessem corretamente.
Ora, o número solicitado estava gravado de forma evidente sobre uma das
páginas, algo que muitos “azarados” não perceberam, pois estavam
concentrados demais na tarefa.

A análise experimental dos traços de personalidade que distinguiam


sortudos e azarados permitiu concluir que esses últimos são mais tensos e
concentrados, ao passo que os sortudos tendem a considerar as coisas de
forma mais relaxada, mas sem perder de vista o contexto geral. Assim, se
considerarmos os dados coletados, ter sorte pode significar, pelo menos em
parte, saber fazer boas escolhas e perceber as ocasiões mais vantajosas para
si mesmo.

(Gláucia Leal. Disponível em: http://blogs.estadao.com.br/pensar-psi/o-fator-


sorte. Adaptado)

Assinale a alternativa que apresenta um sinônimo para o termo em destaque


na frase a seguir.

Essa atitude contribui para reforçar nossos preconceitos e nos fazer ignorar
as leis da probabilidade. (3o parágrafo)

a) objetar

b) corroborar

c) concernir

255
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

d) refutar

e) inquirir

Questão 167: VUNESP - SAP SP/2015


Leia o texto para responder à questão.

Ela tem alma de pomba

Que a televisão prejudica o movimento da pracinha Jerônimo Monteiro, em


todos os Cachoeiros de Itapemirim, não há dúvida. Sete horas da noite era
hora de uma pessoa acabar de jantar, dar uma volta pela praça para depois
pegar uma sessão das 8 no cinema. Agora todo mundo fica em casa vendo
uma novela, depois outra novela.

O futebol também pode ser prejudicado. Quem vai ver um jogo do Estrela do
Norte F.C., se pode ficar tomando cervejinha e assistindo a um bom Fla-Flu,
ou a um Inter x Cruzeiro, ou qualquer coisa assim?

Que a televisão prejudica a leitura de livros, também não há dúvida. Eu


mesmo confesso que lia mais quando não tinha televisão. Rádio, a gente
pode ouvir baixinho, enquanto está lendo um livro. Televisão é incompatível
com livro – e tudo mais nesta vida, inclusive a boa conversa.

Também acho que a televisão paralisa a criança numa cadeira mais do que o
desejável. O menino fica ali parado, vendo e ouvindo, em vez de sair por aí,
chutar uma bola, brincar de bandido, inventar uma besteira qualquer para
fazer.

Só não acredito que televisão seja máquina de fazer doido. Até acho que é o
contrário, ou quase o contrário: é máquina de amansar doido, distrair doido,
acalmar, fazer doido dormir.

(Rubem Braga, 200 Crônicas Escolhidas. Adaptado)

256
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

No trecho do último parágrafo… – é máquina de amansar doido… –, o


termo em destaque é antônimo de
a) domar.

b) abrandar.

c) enfraquecer.

d) combater.

e) enfurecer.

Questão 168: FCC - MANAUSPREV/2015


Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

Numa definição solta, a floresta tropical é um tapete multicolorido,


estruturado e vivo, extremamente rico. Uma colônia extravagante de
organismos que saíram do oceano há 400 milhões de anos e vieram para a
terra. Dentro das folhas ainda existem condições semelhantes às da
primordial vida marinha. Funciona assim como um mar suspenso, que
contém uma miríade de células vivas, muito elaborado e adaptado. Em
temperatura ambiente, usando mecanismos bioquímicos de complexidade
quase inacessível, processam-se átomos e moléculas, determinando e
regulando fluxos de substâncias e energias.

A mítica floresta amazônica vai muito além de um museu geográfico de


espécies ameaçadas e representa muito mais do que um simples depósito de
carbono. Evoluída nos últimos 50 milhões de anos, a floresta amazônica é o
maior parque tecnológico que a Terra já conheceu, porque cada organismo
seu, entre trilhões, é uma maravilha de miniaturização e automação.
Qualquer apelo que se faça pela valorização da floresta precisa recuperar
esse valor intrínseco.

257
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Cada nova iniciativa em defesa da floresta tem trilhado os mesmos caminhos


e pressionado as mesmas teclas. Neste comportamento, identificamos o que
Einstein definiu como a própria insanidade: “fazer a mesma coisa, de novo,
esperando resultados diferentes”.

Análises abrangentes mostram numerosas oportunidades para a


harmonização dos interesses da sociedade contemporânea com uma
Amazônia viva e vigorosa. Para chegarmos lá, é preciso compenetração,
modéstia, dedicação e compromisso com a vida. Com os recursos
tecnológicos disponíveis, podemos agregar inteligência à ocupação,
otimizando um novo uso do solo, que abra espaço para a reconstrução
ecológica da floresta. Podemos também revelar muitos outros segredos
ainda bem guardados da resiliente biologia tropical e, com isso, ir muito
além de compreender seus mecanismos.

A maioria dos problemas atuais podem se resolver por meio dos diversos
princípios que guiam o funcionamento da natureza. Uma lista curta desses
princípios, arrolados pela escritora Janine Benyus, constata que a natureza é
propelida pela luz solar; utiliza somente a energia de que necessita; recicla
todas as coisas; aposta na diversidade; demanda conhecimento local; limita
os excessos internamente; e aproveita o poder dos limites.

(Adaptado de: NOBRE, Antônio Donato. O Futuro Climático da Amazônia.


Disponível em: www.ccst.inpe.br)

Traduz-se corretamente um segmento do texto em:


a) colônia extravagante de organismos = linhagem errante de seres vivos

b) resiliente biologia tropical = perseverante bioma dos trópicos

c) primordial vida marinha = preponderante nascente marítima

d) propelida pela luz solar = arrefecida pela energia do sol

258
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

e) recuperar esse valor intrínseco = reaver essa importância inerente

Questão 169: FCC - SEFAZ PI/2015


Atenção: Para responder à questão, considere o trecho abaixo transcrito.

Como costumo dizer, estou a cada momento descobrindo o óbvio. É que, às


vezes, o óbvio, por ser óbvio, esconde o mistério, ou, pelo menos, é o que me
parece.

Uma das coisas óbvias que descobri é que muito troço na vida resulta, em
boa parte, do acaso.

Sei que há pessoas que pensam o contrário, pois acreditam que tudo o que
acontece já estava determinado. Acho isso difícil, quando mais não seja
porque, sem falar no resto, só de gente no planeta há atualmente muitos
bilhões. Já imaginou o que seria prever e determinar tudo o que deve
ocorrer com essa quantidade de gente a cada minuto?

Bem, não vou discutir esse tema porque não é ele que me traz a essa
conversa com você. Acho fascinante − ainda que um tanto assustador − o
fato de que o que pode nos acontecer seja imprevisível. Faz da vida uma
aventura, e o jeito é torcer por um "happy end".

Mas o melhor mesmo é não se preocupar com isso e deixar o barco correr
solto. Isso não significa não tentar fazer com que tudo dê certo, ou seja, que
busquemos o melhor, a felicidade, a alegria.

É como no futebol: a função do técnico é treinar o time para que faça mais
gols do que leve. Assim na vida como no jogo.

(GULLAR, Ferreira Necessidade. Folha de S.Paulo, E10, ilustrada, domingo,


30/11/2014)

259
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Observe a acepção que segue, constante de dicionário da língua portuguesa:

Fraseologia
*substantivo feminino
3. Rubrica: gramática, lexicologia, linguística. frase ou expressão cristalizada,
cujo sentido geralmente não é literal; frase feita, expressão idiomática.

Sob esse parâmetro, é correto considerar como exemplo de fraseologia o


que se tem na alternativa:
a) Como costumo dizer.

b) muito troço na vida resulta.

c) deixar o barco correr solto.

d) só de gente no planeta há atualmente muitos bilhões.

e) Já imaginou o que seria prever e determinar tudo o que deve ocorrer?

Questão 170: VUNESP - PC CE/2015


Leia a tira para responder à questão.

(http://blogdoxandro.blogspot.com.br. Acesso em 20.05.2014. Adaptado)

Considere as frases do texto.


• As pessoas são tão egocêntricas.
• O mundo seria bem melhor se elas parassem de pensar nelas
mesmas...
É correto afirmar que os advérbios destacados nas frases expressam
circunstância de
a) negação.

260
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

b) afirmação.

c) dúvida.

d) intensidade.

e) modo.

GABARITO
161) E162) D 163) Errado 164) Errado 165) B 166) B 167) E 168) E169) C 170) D

261
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 171: FCC - CNMP/2015


Atenção: Para responder à questão considere o texto abaixo.

Falsificações na internet

Quem frequenta páginas da internet, sobretudo nas redes sociais, volta e


meia se depara com textos atribuídos a grandes escritores. Qualquer leitor
dos mestres da literatura logo perceberá a fraude: a citação está longe de
honrar a alegada autoria. Drummond, Clarice Lispector, Guimarães Rosa e
Fernando Pessoa, por exemplo, jamais escreveriam banalidades recheadas
de lugares comuns, em linguagem capenga e estilo indefinido. Mas fica a
pergunta: o que motiva essas falsificações grosseiras de artistas da palavra e
da imaginação?

São muitas as justificativas prováveis. Atrás de todas está a vaidade simplória


de quem gostaria de ser tomado por um grande escritor e usa o nome deste
para promover um texto tolo, ingênuo, piegas, carregado de chavões. Os
leitores incautos mordem a isca e parabenizam o fraudulento, expandindo a
falsificação e o mau gosto. Mas há também o ressentimento malicioso de
quem conhece seus bem estreitos limites literários e, não se conformando
com eles, dispõe-se a iludir o público com a assinatura falsa, esperando ser
confundido com o grande escritor. Como há de fato quem confunda a
gritante aberração com a alta criação, o falsário dá-se por recompensado
enquanto recebe os parabéns de quem o “curtiu”.

Tais casos são lamentáveis por todas as razões, e constituem transgressões


éticas, morais, estéticas e legais. Mas fiquemos apenas com a grave questão
da identidade própria que foi rejeitada em nome de outra, inteiramente
postiça. Enganarse a si mesmo, quando não se trata de uma psicopatia grave,
é uma forma dolorosa de trair a consciência de si. Os grandes atores,
apoiando-se no talento que lhes é próprio, enobrecem esse desejo tão
humano de desdobramento da personalidade e o legitimam artisticamente
no palco ou nas telas; os escritores criam personagens com luz própria, que

262
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

se tornam por vezes mais famosos que seus criadores (caso de Cervantes e
seu Dom Quixote, por exemplo); mas os falsários da internet, ao não
assinarem seu texto medíocre, querem que o tomemos como um grande
momento de Shakespeare. Provavelmente jamais leram Shakespeare ou
qualquer outro gênio citado: conhecem apenas a fama do nome, e a usam
como moeda corrente no mercado virtual da fama.

Tais fraudes devem deixar um gosto amargo em quem as pratica, sobretudo


quando ganham o ingênuo acolhimento de quem, enganado, as aplaude. É
próprio dos vícios misturar prazer e corrosão em quem os sustenta. Disfarçar
a mediocridade pessoal envergando a máscara de um autêntico criador só
pode aprofundar a rejeição da identidade própria. É um passo certo para
alargar os ressentimentos e a infelicidade de quem não se aceita e não se
estima.

(Terêncio Cristobal, inédito)

Considerando-se o contexto, traduz-se corretamente o sentido de um


segmento em:
a) honrar a alegada autoria (1º parágrafo) = enobrecer a presunção de um
autor

b) ressentimento malicioso (2º parágrafo) = remorso astuto

c) a usam como moeda corrente (3º parágrafo) = gastam- na


perdulariamente

d) o ingênuo acolhimento (4º parágrafo) = a recepção incrédula

e) Disfarçar a mediocridade (4º parágrafo) = dissimular a banalidade

Questão 172: VUNESP - CM Caieiras/2015


Uma rasteira no cotidiano

263
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Dia desses, precisei pingar um remédio no nariz e deitei na cama para fazer
isso. O remédio desceu pelas minhas narinas, mas eu não conseguia mais me
levantar.

Meu pé foi capturado pela delícia de um raio de sol que costuma atravessar o
meu quarto àquela hora do dia.

Eu fiquei ali parada, deitada sobre a colcha, esquentando os pés enquanto


olhava uns reflexos dançando no teto. Minha cabeça começou a caminhar.

Se não fosse o meu nariz congestionado, não estaria ali. Eu me assustei. Não
conseguia me lembrar de uma única vez que tivesse deitado na minha cama
assim, no meio do dia, sem exata serventia. Uma coisa tão simples, tão boa e
por que tão rara? Por quê? Por que não faço isso mais vezes?

A vida cotidiana sempre me parece excessiva, mas eu também me rendo ao


que parece ser a ordem natural das coisas e vivo correndo de um lado para
outro com meu celular na mão.

Mas aquele dia fiz uma coisa tão banal! Deitei na minha cama de dia e entrei
numa bolha subversiva de calma e
prazer. Dei uma rasteira no cotidiano.

Faça o mesmo, caro leitor. Deite-se, ainda que seja por dez minutos. Sem
função. Deite-se para ouvir-se.

Sempre tive uma curiosa inveja desses trabalhadores de praças e jardins que
vejo, depois do almoço, deitados nos tristes gramados urbanos.

Apesar do serviço duro, são capazes de deitar na grama no meio do dia,


enquanto nós continuamos no trânsito passando séculos sem ver uma
árvore de baixo para cima. Quando estou num táxi e vejo um deles, eu me
lembro de recostar a cabeça no banco para, no mínimo, ver uma inédita
cidade passando pelo céu.

264
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Pura delícia. Experimente. E se alguém ficar surpreso com sua atitude, diga
que resolveu dar uma rasteira no cotidiano.

(Denise Fraga. Folha de S. Paulo, 14.05.2013. Adaptado)

Baseando-se nas ideias do texto, assinale a afirmação correta sobre o termo


destacado nas alternativas.
a) Meu pé foi capturado pela delícia de um raio de sol... – foi empregado em
sentido figurado, significando envolvido.

b) Minha cabeça começou a caminhar. – foi empregado em sentido próprio,


significando divagar.

c) Mas aquele dia fiz uma coisa tão banal! – foi empregado em sentido
próprio, significando especial.

d) A vida cotidiana sempre me parece excessiva... – foi empregado em


sentido figurado, significando interessante.

e) Pura delícia. Experimente. – foi empregado em sentido figurado,


significando Tente.

Questão 173: CESPE - CGE PI/2015


Texto I

Talvez o distinto leitor ou a irresistível leitora sejam naturais, caso em que me


apresso a esclarecer que nada tenho contra os naturais, antes pelo contrário.
Na verdade, alguns dos meus melhores amigos são naturais. Como, por
exemplo, o festejadíssimo cineasta patrício Geraldo Sarno, que é baiano e é
natural — pois neste mundo as combinações mais loucas são possíveis.
Certa feita, estava eu a trabalhar em sua ilustre companhia quando ele me
convidou para almoçar (os cineastas, tradicionalmente, têm bastante mais
dinheiro do que os escritores; deve ser porque se queixam muito melhor).

265
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Aceito o convite, ele me leva a um restaurante que, apesar de simpático, me


pareceu um pouco estranho. Por que a maior parte das pessoas comia com
ar religioso e contrito? Que prato seria aquele que, olhos revirados para cima,
mastigação estoica, e expressão de quem cumpria dever penosíssimo, um
casal comia, entre goles de uma substância esverdeada e viscosa que
lentamente se decantava — para grande prejuízo de sua já emética
aparência — numa jarra suspeitosa? Logo fui esclarecido, quando meu
companheiro e anfitrião, os olhos cintilantes e arregalados, me anunciou:

— Surpresa! Vais comer um almoço natural!

João Ubaldo Ribeiro. A vida natural. In: Arte e ciência de roubar galinha. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.

Acerca das ideias e das estruturas linguísticas do texto I, julgue o item a


seguir.

O adjetivo “estoica” (l.7) contraria, em termos semânticos, o “ar religioso e


contrito” (l.6) das pessoas no restaurante.
Certo

Errado

Questão 174: FCC - TRE RR/2015


Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

Escola de bem-te-vis

Muita gente já não acredita que existam pássaros, a não ser em gravuras ou
empalhados nos museus − o que é perfeitamente natural, dado o novo
aspecto da terra, que, em lugar de árvores, produz com mais abundância
blocos de cimento armado. Mas ainda há pássaros, sim. Existem tantos, ao
redor da minha casa, que até agora não tive (nem creio que venha a ter)

266
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

tempo de saber seus nomes, conhecer suas cores, entender sua linguagem.
Porque evidentemente os pássaros falam. Há muitos, muitos anos, no meu
primeiro livro de inglês, se lia: “Dizem que o sultão Mamude entendia a
linguagem dos pássaros ...”

Quando ouço um gorjeio nestas mangueiras e ciprestes, logo penso no


sultão e nessa linguagem que ele entendia. Fico atenta, mas não consigo
traduzir nada. No entanto, bem sei que os pássaros estão conversando.

O papagaio e a arara, esses aprendem o que lhes ensinam, e falam como


doutores. E há o bem-te-vi, que fala português de nascença, mas
infelizmente só diz o próprio nome, decerto sem saber que assim se chama.
[...]

Os pais e professores desses passarinhos devem ensinar-lhes muitas coisas: a


discernir um homem de uma sombra, as sementes e frutas, os pássaros
amigos e inimigos, os gatos − ah! principalmente os gatos ... Mas essa
instrução parece que é toda prática e silenciosa, quase sigilosa: uma espécie
de iniciação. Quanto a ensino oral, parece que é mesmo só: “Bem-te-vi! Bem-
te-vi!”, que uns dizem com voz rouca, outros com voz suave, e os garotinhos
ainda meio hesitantes, sem fôlego para as três sílabas.

(MEIRELES, Cecília. O que se diz e o que se entende. Rio de Janeiro: Nova


Fronteira, 1980, p. 95-96)

Os diferentes verbos empregados nas frases transcritas do texto, que


apresentam o mesmo sentido, encontram-se no par:
a) Quando ouço um gorjeio nestas mangueiras e ciprestes ... (2º
parágrafo) ... mas não consigo traduzir nada. (2º parágrafo)

b) ... tempo de saber seus nomes ... (1º parágrafo) ... entender sua
linguagem. (1º parágrafo)

c) Mas ainda há pássaros, sim. (1º parágrafo) Existem tantos, ao redor da


minha casa ... (1º parágrafo)

267
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

d) ... que os pássaros estão conversando. (2º parágrafo) ... e falam como
doutores. (3º parágrafo)

e) ... que fala português de nascença ... (3º parágrafo) Dizem que o sultão
Mamude ... (1º parágrafo)

Questão 175: VUNESP -SAP SP/2015


Leia o texto para responder à questão.

Desmantelo só quer começo

Onze controles remotos, eis o surpreendente saldo da minha faxina: 11


controles remotos que há muito já não controlavam, mesmo que
remotamente, coisa alguma.

Ao longo dos anos, as TVs, aparelhos de som, DVDs e videocassetes a que


serviram foram partindo e deixando-os para trás: órfãos, sem ocupação ou
residência fixa, vagavam pela casa ao sabor do acaso. Terminada a
arrumação, meti todos eles numa sacolinha plástica e joguei na lixeira.

Imagino que jogar controles remotos no lixo fira gravemente alguma regra
ecológica, mas a visão daqueles defuntos eletrônicos me trouxe um
sentimento de urgência: eram eles ou eu.

Meu finado tio-avô costumava dizer que “Desmantelo só quer começo”. O


cronista Humberto Werneck, atento à grandeza que o miúdo esconde,
escreveu uma vez sobre a traiçoeira contribuição dos copos de requeijão
para o fim de um casamento.

Aos poucos, esses intrusos vão cavando espaço no armário da cozinha,


empurrando lá pro fundo as taças que, no início do namoro, assistiam da
primeira fila aos beijos e abraços — é a vulgaridade galgando o terreno da

268
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

paixão.

Até que um belo dia você acorda e descobre que o vinho do amor virou água
da bica num copo da Itambé — “Desmantelo só quer começo”.

Tenho medo: numa casa em que 11 finados controles remotos permanecem


insepultos por anos a fio, o desmantelo já começou faz tempo, já criou raízes,
frutos, lançou esporos. Minha cozinha é cheia de copos de requeijão.

Digo a mim mesmo, enquanto vejo o caminhão de lixo deglutir os expurgos


da minha faxina: este é o início de uma nova fase, a partir de agora serei um
exemplo de organização.

Entro em casa de queixo erguido, peito estufado e meu ânimo dura quatro
segundos: só até ver minha mulher com as mãos enfiadas entre as almofadas
do sofá, perguntando se por acaso eu não vi, em algum lugar, o controle da
televisão.

(Antonio Prata, Folha de S.Paulo, 04.05.2014. Adaptado)

Considere o sétimo parágrafo para responder à questão.

Tenho medo: numa casa em que 11 finados controles remotos permanecem


insepultos por anos a fio, o desmantelo já começou faz tempo, já criou raízes,
frutos, lançou esporos. Minha cozinha é cheia de copos de requeijão.

O termo finados, em destaque, sinaliza que, na visão do autor, os aparelhos


que reuniu em sua faxina
a) perderam a utilidade.

b) precisam ser reciclados.

c) constituem finas antiguidades.

d) podem ser reparados.

269
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

e) foram mal utilizados no passado.

Questão 176: VUNESP - SAP SP/2015


Leia o texto para responder à questão.

No Cieja (Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos) Campo Limpo,


não se registram advertências aos estudantes nem há período de
recuperação. Alunos com dificuldades nos colégios da região enxergam ali a
possibilidade de um recomeço. “Outros colégios desistem de alguns alunos
tidos como problemáticos e os encaminham para um centro de ensino de
jovens e adultos”, explica a coordenadora da escola, Cristina Sá.

Todos os 14 Ciejas de São Paulo reservam um dia para os professores


fazerem planejamento. Êda, a diretora do Cieja Campo Limpo, usa as sextas-
feiras para discutir casos específicos dos alunos e para formar os educadores
na filosofia da escola. Neste dia, não há aula. “É um trabalho de formiguinha”,
diz a diretora. Vários professores não se adaptaram e pediram transferência.
“Tem gente que não acredita em um ensino que não impõe autoridade. Nós
acreditamos”, afirma Cristina.

Num dos dias em que a Folha visitou a escola, um morador da mesma rua
apareceu em frente à entrada, com um carrinho de sucata com o pneu
furado, perguntando: “Cadê a dona Êda? Preciso de ajuda para arrumar meu
pneu”. A naturalidade do pedido mostra como a integração com a
comunidade funciona.

(http://arte.folha.uol.com.br. 30.11.2014. Adaptado)

Na frase do primeiro parágrafo – Alunos com dificuldades nos colégios da


região enxergam ali a possibilidade de um recomeço. –, o verbo enxergar
tem o mesmo sentido e emprego que o destacado em:
a) O jovem enxergou naquele empreendimento a possibilidade de crescer.

270
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

b) Aquele rapaz a incomodou durante a festa; ele não se enxergava mesmo.

c) Ao sair na janela, o homem enxergou a multidão aglomerada na praça.

d) Era tanta neblina na estrada que ele não podia enxergar nada direito.

e) Enxergava a imagem do amado ao longe, e isso a deixou radiante.

Questão 177: VUNESP - SAP SP/2015


Leia o texto para responder à questão.

Ela tem alma de pomba

Que a televisão prejudica o movimento da pracinha Jerônimo Monteiro, em


todos os Cachoeiros de Itapemirim, não há dúvida. Sete horas da noite era
hora de uma pessoa acabar de jantar, dar uma volta pela praça para depois
pegar uma sessão das 8 no cinema. Agora todo mundo fica em casa vendo
uma novela, depois outra novela.

O futebol também pode ser prejudicado. Quem vai ver um jogo do Estrela do
Norte F.C., se pode ficar tomando cervejinha e assistindo a um bom Fla-Flu,
ou a um Inter x Cruzeiro, ou qualquer coisa assim?

Que a televisão prejudica a leitura de livros, também não há dúvida. Eu


mesmo confesso que lia mais quando não tinha televisão. Rádio, a gente
pode ouvir baixinho, enquanto está lendo um livro. Televisão é incompatível
com livro – e tudo mais nesta vida, inclusive a boa conversa.

Também acho que a televisão paralisa a criança numa cadeira mais do que o
desejável. O menino fica ali parado, vendo e ouvindo, em vez de sair por aí,
chutar uma bola, brincar de bandido, inventar uma besteira qualquer para
fazer.

Só não acredito que televisão seja máquina de fazer doido. Até acho que é o

271
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

contrário, ou quase o contrário: é máquina de amansar doido, distrair doido,


acalmar, fazer doido dormir.

(Rubem Braga, 200 Crônicas Escolhidas. Adaptado)

Para responder à questão, considere o período do terceiro parágrafo: Rádio, a


gente pode ouvir baixinho, enquanto está lendo um livro. Televisão é
incompatível com livro...

No período, a conjunção em destaque estabelece relação entre as orações


cujo sentido é de
a) tempo simultâneo.

b) tempo futuro.

c) comparação.

d) tempo passado.

e) conclusão

Questão 178: VUNESP - SAP SP/2015


Leia o texto para responder à questão

Pelo menos 20,9 milhões de pessoas – principalmente mulheres e meninas –


no mundo são afetadas pelas diversas formas contemporâneas de
escravidão, segundo estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU). A
pobreza, os conflitos, a violência, a falta de acesso à educação e ao trabalho
decente e a falta de oportunidades para o empoderamento socioeconômico
são considerados os principais fatores subjacentes à escravidão, segundo a
organização.

O secretário-geral da ONU disse que governos, a sociedade civil e o setor


privado devem se unir para erradicar todas as formas contemporâneas de

272
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

escravidão, incluindo o trabalho forçado. Ele apelou para que os Estados-


Membros “ratifiquem e implementem os instrumentos relevantes de direito
internacional, em particular o novo protocolo elaborado pela Organização
Internacional do Trabalho, que foi concebido para fortalecer os esforços
globais para eliminar o trabalho forçado”.

(www.istoe.com.br, 02.12.2014. Adaptado)

A passagem que expressa sentido de finalidade é:


a) … incluindo o trabalho forçado.

b) … para erradicar todas as formas contemporâneas de escravidão…

c) … ratifiquem e implementem os instrumentos relevantes de direito


internacional…

d) … principalmente mulheres e meninas…

e) … segundo estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU).

Questão 179: FCC - SEFAZ PI/2015


Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.

A lanterninha

Apaguei todas as luzes, e não foi por economia; foi porque me deram uma
lanterna de bolso, e tive a ideia de fazer a experiência de luz errante.

A casa, com seus corredores, portas, móveis e ângulos que recebiam


iluminação plena, passou a ser um lugar estranho, variável, em que só se
viam seções de paredes e objetos, nunca a totalidade. E as seções giravam,
desapareciam, transformavam- se. Isso me encantou. Eu descobria outra casa
dentro da casa.

273
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

A lanterna passava pelas coisas com uma fantasia criativa e destrutiva que
subvertia o real. Mas que é o real, senão o acaso da iluminação? Apurei que
as coisas não existem por si, mas pela claridade que as modela e projeta em
nossa percepção visual. E que a luz é Deus.

A partir daí entronizei minha lanterninha em pequeno nicho colocado na


estante, e dispensei-me de ler os tratados que me perturbavam a
consciência. Todas as noites retiro-a de lá e mergulho no divino. Até que um
dia me canse e tenha de inventar outra divindade.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: José


Olympio, 1985, p. 25)

Atente para as seguintes frases:

I. Deram-me uma lanterna de bolso.

II. Passei a projetar a luz da lanterna nos cantos da casa.

III. Os cantos da casa não me eram mais familiares.

IV. A luz da lanterna transfigurava os cantos da casa.

As frases acima estão articuladas de modo claro, coerente e correto no


seguinte período:
a) A lanterna de bolso, que me deram, passei a projetar sua luz nos cantos da
casa que, antes familiares, eram assim transfigurados por aquela luz.

b) A luz da lanterna de bolso que me deram passei a projetar nos cantos da


casa, tão familiares, cujos passaram a ser então transfigurados.

c) Me deram uma lanterna de bolso em cuja luz passei a projetar nos cantos
da casa que, à essa altura, não me eram mais familiares, porquanto
transfigurados.

274
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

d) Deram-me uma lanterna de bolso, cuja luz passei a projetar nos cantos da
casa, que, até então familiares, estavam agora transfigurados.

e) A lanterna de bolso que me deram tinha uma luz que me pus a projetar
sobre os cantos da casa, cuja familiaridade era agora como que se estivessem
transfigurados.

Questão 180: FCC - SEFAZ PI/2015


Instrução: A questão refere-se ao texto seguinte.

Filosofia de borracharia

O borracheiro coçou a desmatada cabeça e proferiu a sentença


tranquilizadora: nenhum problema com o nosso pneu, aliás quase tão calvo
quanto ele. Estava apenas um bocado murcho.

− Camminando si sgonfia* − explicou o camarada, com um sorriso de


pouquíssimos dentes e enorme simpatia.

O italiano vem a ser um dos muitos idiomas em que a minha abrangente


ignorância é especializada, mas ainda assim compreendi que o pneu do
nosso carro periclitante tinha se esvaziado ao longo da estrada. Não era para
menos. Tendo saído de Paris, havíamos rodado muito antes de cair naquele
emaranhado de fronteiras em que você corre o risco de não saber se está na
Áustria, na Suíça ou na Itália. Soubemos que estávamos no norte, no sótão
da Itália, vendo um providencial borracheiro dar nova carga a um pneu
sgonfiato.

Dali saímos − éramos dois jovens casais num distante verão europeu,
embarcados numa aventura que, de camping em camping, nos levaria a
Istambul – para dar carga nova a nossos estômagos, àquela altura não
menos sgonfiati. O que pode a fome, em especial na juventude: à beira de
um himalaia de sofrível espaguete fumegante, julguei ver fumaças filosóficas
na sentença do tosco borracheiro. E, entre garfadas, sob o olhar zombeteiro

275
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

dos companheiros de viagem, me pus a teorizar.

Sim, camminando si sgonfia, e não apenas quando se é, nesta vida, um pneu.


Também nós, de tanto rodar, vamos aos poucos desinflando. E por aí fui,
inflado e inflamado num papo delirante. Fosse hoje, talvez tivesse dito,
infelizmente com conhecimento de causa, que a partir de determinado
ponto carecemos todos de alguma espécie de fortificante, de um novo
alento para o corpo, quem sabe para a alma.

* Camminando si sgonfia = andando se esvazia. Sgonfiato é vazio; sgonfiati é


a forma plural.

(Adaptado de: WERNECK, Humberto – Esse inferno vai acabar. Porto Alegre,
Arquipélago, 2011, p. 85-86)

Por valorizar recursos expressivos da linguagem, o autor da crônica,


a) na expressão quase tão calvo quanto ele (1º parágrafo), qualifica o
borracheiro com um termo familiarmente aplicado a um pneu já muito
gasto.

b) no segmento minha abrangente ignorância é especializada (3º parágrafo),


é irônico ao atribuir a ignorância qualidades aplicáveis a um alto
conhecimento.

c) na expressão num distante verão europeu (4º parágrafo), utiliza um


indicador de tempo para denotar a extensão do território percorrido.

d) em à beira de um himalaia (4º parágrafo), deixa claro que os viajantes


agora se acercavam de uma alta cordilheira, semelhante à asiática.

e) em inflado e inflamado (5º parágrafo), vale-se de sinônimos para reforçar


o estado de espírito reflexivo da personagem.

GABARITO
171) E 172) A 173) Errado 174) C 175) A176) A 177) A 178) B 179) D 180) B

276
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

277
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 181: FCC - SEFAZ PI/2015


Instrução: A questão refere-se ao texto seguinte.

Filosofia de borracharia

O borracheiro coçou a desmatada cabeça e proferiu a sentença


tranquilizadora: nenhum problema com o nosso pneu, aliás quase tão calvo
quanto ele. Estava apenas um bocado murcho.

− Camminando si sgonfia* − explicou o camarada, com um sorriso de


pouquíssimos dentes e enorme simpatia.

O italiano vem a ser um dos muitos idiomas em que a minha abrangente


ignorância é especializada, mas ainda assim compreendi que o pneu do
nosso carro periclitante tinha se esvaziado ao longo da estrada. Não era para
menos. Tendo saído de Paris, havíamos rodado muito antes de cair naquele
emaranhado de fronteiras em que você corre o risco de não saber se está na
Áustria, na Suíça ou na Itália. Soubemos que estávamos no norte, no sótão
da Itália, vendo um providencial borracheiro dar nova carga a um pneu
sgonfiato.

Dali saímos − éramos dois jovens casais num distante verão europeu,
embarcados numa aventura que, de camping em camping, nos levaria a
Istambul – para dar carga nova a nossos estômagos, àquela altura não
menos sgonfiati. O que pode a fome, em especial na juventude: à beira de
um himalaia de sofrível espaguete fumegante, julguei ver fumaças filosóficas
na sentença do tosco borracheiro. E, entre garfadas, sob o olhar zombeteiro
dos companheiros de viagem, me pus a teorizar.

Sim, camminando si sgonfia, e não apenas quando se é, nesta vida, um pneu.


Também nós, de tanto rodar, vamos aos poucos desinflando. E por aí fui,
inflado e inflamado num papo delirante. Fosse hoje, talvez tivesse dito,
infelizmente com conhecimento de causa, que a partir de determinado

278
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

ponto carecemos todos de alguma espécie de fortificante, de um novo


alento para o corpo, quem sabe para a alma.

* Camminando si sgonfia = andando se esvazia. Sgonfiato é vazio; sgonfiati é


a forma plural.

(Adaptado de: WERNECK, Humberto – Esse inferno vai acabar. Porto Alegre,
Arquipélago, 2011, p. 85-86)

Atente para a seguinte construção: O borracheiro explicou- nos que os pneus


haviam esvaziado com o uso, e que era fácil resolver aquele problema.

Empregando-se o discurso direto, a frase deverá ser: O borracheiro explicou-


nos:
a) − Os pneus com o uso tinham esvaziado, mas seria fácil resolver o
problema.

b) − Os pneus se esvaziaram com o uso, é fácil resolver este problema.

c) − Com o uso os pneus terão se esvaziado, seria fácil resolver esse


problema.

d) − Os pneus com o uso estavam vazios, vai ser fácil resolver seu problema.

e) − Com o uso os pneus estão esvaziando, problema este que seria fácil
resolver.

Questão 182: FCC - SEFAZ PI/2015


Atenção: Para responder à questão, considere o trecho abaixo transcrito.

Como costumo dizer, estou a cada momento descobrindo o óbvio. É que, às


vezes, o óbvio, por ser óbvio, esconde o mistério, ou, pelo menos, é o que me
parece.

279
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Uma das coisas óbvias que descobri é que muito troço na vida resulta, em
boa parte, do acaso.

Sei que há pessoas que pensam o contrário, pois acreditam que tudo o que
acontece já estava determinado. Acho isso difícil, quando mais não seja
porque, sem falar no resto, só de gente no planeta há atualmente muitos
bilhões. Já imaginou o que seria prever e determinar tudo o que deve
ocorrer com essa quantidade de gente a cada minuto?

Bem, não vou discutir esse tema porque não é ele que me traz a essa
conversa com você. Acho fascinante − ainda que um tanto assustador − o
fato de que o que pode nos acontecer seja imprevisível. Faz da vida uma
aventura, e o jeito é torcer por um "happy end".

Mas o melhor mesmo é não se preocupar com isso e deixar o barco correr
solto. Isso não significa não tentar fazer com que tudo dê certo, ou seja, que
busquemos o melhor, a felicidade, a alegria.

É como no futebol: a função do técnico é treinar o time para que faça mais
gols do que leve. Assim na vida como no jogo.

(GULLAR, Ferreira Necessidade. Folha de S.Paulo, E10, ilustrada, domingo,


30/11/2014)

As principais ideias do trecho de Ferreira Gullar (FG) estão selecionadas e


apresentadas de forma clara e fiel na seguinte formulação:
a) FG discorre sobre o tema do fatalismo, ressaltando o fascínio da vida pelo
que nela há de assustador, mas advoga que quem vive não deve se
preocupar com isso, mas em imitar o jogo: vence aquele que faz mais gols,
não o que leva mais gols, contrariamente ao que pensam certas pessoas
fatalistas.

b) FG assevera que é inerente ao óbvio esconder mistérios, e, por isso, ele


frequentemente busca desvendá-lo; numa dessas incursões, descobriu que a

280
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

maioria das pessoas acredita que, na vida, tudo está previamente


determinado, ideia que ele rejeita por levar em conta a quantidade de gente
do planeta.

c) Lançando a ideia de que o óbvio deve ser cultivado, pelo seu caráter
misterioso, FG acha difícil, pela indagação feita, que as coisas se deem por
forças superiores, principalmente por acreditar que a vida tem muito de um
jogo: ganha o que está mais bem treinado para vencer os obstáculos da
existência.

d) Contrariamente a certas pessoas que não acreditam no acaso, FG crê que


muito do que ocorre na vida seja fruto do imprevisível, e isso, a despeito do
seu quê de assustador, o fascina, pois, segundo ele, faz da vida uma ventura,
com a qual não devemos nos preocupar, ainda que nos esforcemos para que
nela tudo dê certo.

e) O fato de haver muitas pessoas que acreditam em forças superiores


guiando a vida é contrário ao que pensa FG, pois ele opina a favor do acaso,
imerso no mistério, cuja busca empreende costumeiramente; mesmo não
querendo discutir o tema, que foge a seu escopo, acha fascinante torcer por
um "happy end".

Questão 183: FCC - SEFAZ PI/2015


Atenção: Para responder à questão, considere o texto que segue.

A primeira coisa a observar sobre o mundo na década de 1780 é que ele era
ao mesmo tempo menor e muito maior que o nosso. Era menor
geograficamente, porque até mesmo os homens mais instruídos e bem
informados da época − digamos, um homem como o cientista e viajante
Alexander von Humboldt (1769-1859) − conheciam somente pedaços do
mundo habitado. (Os mundos "conhecidos" de comunidades menos
evoluídas e expansionistas do que a Europa Ocidental eram obviamente
ainda menores, reduzindo-se a minúsculos segmentos da terra onde os
analfabetos camponeses sicilianos ou o agricultor das montanhas de Burma

281
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

viviam suas vidas, e para além dos quais tudo era e sempre seria
eternamente desconhecido.) A maior parte da superfície dos oceanos, mas
não toda, de forma alguma, já tinha sido explorada e mapeada graças à
notável competência dos navegadores do século XVIII como James Cook,
embora os conhecimentos humanos sobre o fundo do mar tenham
permanecido insignificantes até a metade do século XX. Os principais
contornos dos continentes e da maioria das ilhas eram conhecidos, embora
pelos padrões modernos não muito corretamente. O tamanho e a altura das
cadeias das montanhas da Europa eram conhecidos com alguma precisão, as
localizadas em partes da América Latina o eram muito grosseiramente, as da
Ásia, quase totalmente desconhecidas, e as da África (com exceção dos
montes Atlas), totalmente desconhecidas para fins práticos. Com exceção
dos da China e da Índia, o curso dos grandes rios do mundo era um mistério
para todos a não ser para alguns poucos caçadores, comerciantes ou
andarilhos, que tinham ou podem ter tido conhecimento dos que corriam
por suas regiões. Fora de algumas áreas − em vários continentes elas não
passavam de alguns quilômetros terra a dentro, a partir da costa − o mapa
do mundo consistia de espaços brancos cruzados pelas trilhas demarcadas
por negociantes ou exploradores. Não fosse pelas informações descuidadas
de segunda ou terceira mão colhidas por viajantes ou funcionários em
postos remotos, estes espaços brancos teriam sido bem mais vastos do que
de fato o eram.

(HOBSBAWM, Eric J. O mundo na década de 1780. In: A era das revoluções:


Europa 1789-1848, tradução de Maria Tereza Lopes Teixeira e Marcos
Penchel. 22. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007, p. 23-24)

É legítima a seguinte afirmação:


a) A argumentação desenvolvida no trecho transcrito evidencia que o
relativo desconhecimento dos fenômenos geológicos no século XVIII foi
responsável pela compreensão generalizada de que o mundo, nessa época,
era bastante menor.

b) A exploração da superfície dos oceanos não atingiu relevância no século


XVIII porque o conhecimento dos mares não tinha, à época, aplicabilidade

282
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

prática.

c) As informações sobre o mundo obtidas na década de 1780 são de pouca


utilidade para estudos contemporâneos, a não ser aquelas produzidas por
cientistas e viajantes notáveis, como Humboldt e Cook.

d) Os contornos do mundo, na década de 1780, quer em escala menor, quer


em maior, não eram acessíveis ao cidadão comum, como os camponeses,
sobretudo os não alfabetizados.

e) Dado o recorte feito no texto original, o leitor não tem acesso, no trecho
transcrito, a argumentação que embase a ideia de que a contradição
manifesta na primeira frase seja aparente.

Questão 184: FCC - SEFAZ PI/2015


Atenção: Para responder à questão, considere o texto que segue.

A primeira coisa a observar sobre o mundo na década de 1780 é que ele era
ao mesmo tempo menor e muito maior que o nosso. Era menor
geograficamente, porque até mesmo os homens mais instruídos e bem
informados da época − digamos, um homem como o cientista e viajante
Alexander von Humboldt (1769-1859) − conheciam somente pedaços do
mundo habitado. (Os mundos "conhecidos" de comunidades menos
evoluídas e expansionistas do que a Europa Ocidental eram obviamente
ainda menores, reduzindo-se a minúsculos segmentos da terra onde os
analfabetos camponeses sicilianos ou o agricultor das montanhas de Burma
viviam suas vidas, e para além dos quais tudo era e sempre seria
eternamente desconhecido.) A maior parte da superfície dos oceanos, mas
não toda, de forma alguma, já tinha sido explorada e mapeada graças à
notável competência dos navegadores do século XVIII como James Cook,
embora os conhecimentos humanos sobre o fundo do mar tenham
permanecido insignificantes até a metade do século XX. Os principais
contornos dos continentes e da maioria das ilhas eram conhecidos, embora
pelos padrões modernos não muito corretamente. O tamanho e a altura das

283
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

cadeias das montanhas da Europa eram conhecidos com alguma precisão, as


localizadas em partes da América Latina o eram muito grosseiramente, as da
Ásia, quase totalmente desconhecidas, e as da África (com exceção dos
montes Atlas), totalmente desconhecidas para fins práticos. Com exceção
dos da China e da Índia, o curso dos grandes rios do mundo era um mistério
para todos a não ser para alguns poucos caçadores, comerciantes ou
andarilhos, que tinham ou podem ter tido conhecimento dos que corriam
por suas regiões. Fora de algumas áreas − em vários continentes elas não
passavam de alguns quilômetros terra a dentro, a partir da costa − o mapa
do mundo consistia de espaços brancos cruzados pelas trilhas demarcadas
por negociantes ou exploradores. Não fosse pelas informações descuidadas
de segunda ou terceira mão colhidas por viajantes ou funcionários em
postos remotos, estes espaços brancos teriam sido bem mais vastos do que
de fato o eram.

(HOBSBAWM, Eric J. O mundo na década de 1780. In: A era das revoluções:


Europa 1789-1848, tradução de Maria Tereza Lopes Teixeira e Marcos
Penchel. 22. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007, p. 23-24)

Compreende-se corretamente do texto:


a) Os padrões modernos de mapeamento de um território tornam
inadmissível considerar que no século XVIII os principais contornos dos
continentes e da maioria das ilhas eram conhecidos.

b) É incontestável o fato de que, no século XVIII, os caçadores, comerciantes


e andarilhos conheciam o curso dos grandes rios das regiões por onde
costumeiramente circulavam, excetuando-se os da China e da Índia.

c) Muito do que se sabe sobre o mapa do mundo no século XVIII se deve ao


registro, em locais longínquos, de notícias in formais,
por meio das quais se passavam adiante informações ouvidas de outros.

d) O mapa do mundo, no século XVIII, era esboçado por linhas que definiam
os caminhos a serem trilhados por negociantes e exploradores, esboço que
se diferenciava do delineamento preciso de poucas áreas litorâneas dos

284
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

continentes.

e) A variação que se constata na precisão com que eram medidos o


tamanho e a altura das montanhas dos distintos continentes deve ser
atribuída à distinta prática dos habitantes locais no que se refere a esse tipo
de mapeamento, prática que chegava, por exemplo, na África, a ser
totalmente desconhecida.

Questão 185: FCC - SEFAZ PI/2015


Atenção: Para responder à questão, considere o texto que segue.

A primeira coisa a observar sobre o mundo na década de 1780 é que ele era
ao mesmo tempo menor e muito maior que o nosso. Era menor
geograficamente, porque até mesmo os homens mais instruídos e bem
informados da época − digamos, um homem como o cientista e viajante
Alexander von Humboldt (1769-1859) − conheciam somente pedaços do
mundo habitado. (Os mundos "conhecidos" de comunidades menos
evoluídas e expansionistas do que a Europa Ocidental eram obviamente
ainda menores, reduzindo-se a minúsculos segmentos da terra onde os
analfabetos camponeses sicilianos ou o agricultor das montanhas de Burma
viviam suas vidas, e para além dos quais tudo era e sempre seria
eternamente desconhecido.) A maior parte da superfície dos oceanos, mas
não toda, de forma alguma, já tinha sido explorada e mapeada graças à
notável competência dos navegadores do século XVIII como James Cook,
embora os conhecimentos humanos sobre o fundo do mar tenham
permanecido insignificantes até a metade do século XX. Os principais
contornos dos continentes e da maioria das ilhas eram conhecidos, embora
pelos padrões modernos não muito corretamente. O tamanho e a altura das
cadeias das montanhas da Europa eram conhecidos com alguma precisão, as
localizadas em partes da América Latina o eram muito grosseiramente, as da
Ásia, quase totalmente desconhecidas, e as da África (com exceção dos
montes Atlas), totalmente desconhecidas para fins práticos. Com exceção
dos da China e da Índia, o curso dos grandes rios do mundo era um mistério
para todos a não ser para alguns poucos caçadores, comerciantes ou

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BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

andarilhos, que tinham ou podem ter tido conhecimento dos que corriam
por suas regiões. Fora de algumas áreas − em vários continentes elas não
passavam de alguns quilômetros terra a dentro, a partir da costa − o mapa
do mundo consistia de espaços brancos cruzados pelas trilhas demarcadas
por negociantes ou exploradores. Não fosse pelas informações descuidadas
de segunda ou terceira mão colhidas por viajantes ou funcionários em
postos remotos, estes espaços brancos teriam sido bem mais vastos do que
de fato o eram.

(HOBSBAWM, Eric J. O mundo na década de 1780. In: A era das revoluções:


Europa 1789-1848, tradução de Maria Tereza Lopes Teixeira e Marcos
Penchel. 22. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007, p. 23-24)

Observada a organização do texto, é plausível o que se afirma em:


a) (linha 1) O numeral em A primeira coisa a observar é marcador que impõe
as seguintes pressuposições: a) há outros fatores a serem observados; b)
essaprimeira coisa a observar é, como em todos os contextos, a mais
relevante.

b) (linha 2) A delimitação operada pelo emprego de geograficamente faz


supor a existência de outros critérios, além do geográfico, para se avaliar o
tamanho do mundo, por exemplo, o critério demográfico.

c) (linha 3) O emprego da palavra "conhecidos", se devidamente observadas


as aspas que a acompanham, define a equivalência semântica entre "o
mundo habitado na década de 1780" e "os mundos conhecidos".

d) (linhas 10 a 11) O fato de os segmentos com alguma precisão, muito


grosseiramente, quase totalmente desconhecidas e totalmente
desconhecidas caracterizarem o mesmo núcleo − O tamanho e a altura das
cadeias das montanhas − é que propicia o entendimento de que a série vai
do grau mais exato ao menos exato.

e) (linha 9) A expressão não muito corretamente suaviza o peso da real


avaliação feita pelo autor, que, se estivesse explícita, teria necessariamente a

286
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

forma "totalmente errada".

Questão 186: FCC - SEFAZ PI/2015


Instrução: A questão refere-se ao texto seguinte.

Filosofia de borracharia

O borracheiro coçou a desmatada cabeça e proferiu a sentença


tranquilizadora: nenhum problema com o nosso pneu, aliás quase tão calvo
quanto ele. Estava apenas um bocado murcho.

− Camminando si sgonfia* − explicou o camarada, com um sorriso de


pouquíssimos dentes e enorme simpatia.

O italiano vem a ser um dos muitos idiomas em que a minha abrangente


ignorância é especializada, mas ainda assim compreendi que o pneu do
nosso carro periclitante tinha se esvaziado ao longo da estrada. Não era para
menos. Tendo saído de Paris, havíamos rodado muito antes de cair naquele
emaranhado de fronteiras em que você corre o risco de não saber se está na
Áustria, na Suíça ou na Itália. Soubemos que estávamos no norte, no sótão
da Itália, vendo um providencial borracheiro dar nova carga a um pneu
sgonfiato.

Dali saímos − éramos dois jovens casais num distante verão europeu,
embarcados numa aventura que, de camping em camping, nos levaria a
Istambul – para dar carga nova a nossos estômagos, àquela altura não
menos sgonfiati. O que pode a fome, em especial na juventude: à beira de
um himalaia de sofrível espaguete fumegante, julguei ver fumaças filosóficas
na sentença do tosco borracheiro. E, entre garfadas, sob o olhar zombeteiro
dos companheiros de viagem, me pus a teorizar.

Sim, camminando si sgonfia, e não apenas quando se é, nesta vida, um pneu.


Também nós, de tanto rodar, vamos aos poucos desinflando. E por aí fui,

287
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

inflado e inflamado num papo delirante. Fosse hoje, talvez tivesse dito,
infelizmente com conhecimento de causa, que a partir de determinado
ponto carecemos todos de alguma espécie de fortificante, de um novo
alento para o corpo, quem sabe para a alma.

* Camminando si sgonfia = andando se esvazia. Sgonfiato é vazio; sgonfiati é


a forma plural.

(Adaptado de: WERNECK, Humberto – Esse inferno vai acabar. Porto Alegre,
Arquipélago, 2011, p. 85-86)

A expressão em italiano, dirigida aos dois jovens casais pelo borracheiro,


a) confundiu ainda mais aqueles aventureiros, que já se sentiam um tanto
perdidos no emaranhado de estradas fronteiriças.

b) deu aos turistas a certeza de que se encontravam na Itália, embora eles


não atinassem com o sentido daquelas palavras.

c) acabou propiciando uma interpretação mais abrangente, que resultou


numa teoria posteriormente levantada numa refeição.

d) deu oportunidade a que todos reconhecessem na frase do borracheiro a


filosofia que ele havia incutido nela para orientar os jovens.

e) foi tomada em sentido puramente metafórico, já que parecia não se


aplicar ao problema que os fez parar na borracharia.

Questão 187: FCC - SEFAZ PI/2015


Instrução: A questão refere-se ao texto seguinte.

Filosofia de borracharia

O borracheiro coçou a desmatada cabeça e proferiu a sentença


tranquilizadora: nenhum problema com o nosso pneu, aliás quase tão calvo

288
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

quanto ele. Estava apenas um bocado murcho.

− Camminando si sgonfia* − explicou o camarada, com um sorriso de


pouquíssimos dentes e enorme simpatia.

O italiano vem a ser um dos muitos idiomas em que a minha abrangente


ignorância é especializada, mas ainda assim compreendi que o pneu do
nosso carro periclitante tinha se esvaziado ao longo da estrada. Não era para
menos. Tendo saído de Paris, havíamos rodado muito antes de cair naquele
emaranhado de fronteiras em que você corre o risco de não saber se está na
Áustria, na Suíça ou na Itália. Soubemos que estávamos no norte, no sótão
da Itália, vendo um providencial borracheiro dar nova carga a um pneu
sgonfiato.

Dali saímos − éramos dois jovens casais num distante verão europeu,
embarcados numa aventura que, de camping em camping, nos levaria a
Istambul – para dar carga nova a nossos estômagos, àquela altura não
menos sgonfiati. O que pode a fome, em especial na juventude: à beira de
um himalaia de sofrível espaguete fumegante, julguei ver fumaças filosóficas
na sentença do tosco borracheiro. E, entre garfadas, sob o olhar zombeteiro
dos companheiros de viagem, me pus a teorizar.

Sim, camminando si sgonfia, e não apenas quando se é, nesta vida, um pneu.


Também nós, de tanto rodar, vamos aos poucos desinflando. E por aí fui,
inflado e inflamado num papo delirante. Fosse hoje, talvez tivesse dito,
infelizmente com conhecimento de causa, que a partir de determinado
ponto carecemos todos de alguma espécie de fortificante, de um novo
alento para o corpo, quem sabe para a alma.

* Camminando si sgonfia = andando se esvazia. Sgonfiato é vazio; sgonfiati é


a forma plural.

(Adaptado de: WERNECK, Humberto – Esse inferno vai acabar. Porto Alegre,
Arquipélago, 2011, p. 85-86)

289
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Atente para as seguintes afirmações:

I. A frase dita pelo borracheiro nada indiciou aos jovens turistas, que
não sabiam em que país estavam − o que só veio a se esclarecer
durante a refeição tipicamente italiana.

II. A familiaridade que um dos jovens revelou ter com o idioma italiano
permitiu-lhe deduzir da frase do borracheiro uma súmula filosófica.

III. Como conclusão do antigo episódio narrado, o cronista lembra o


quanto a vida acaba por nos tornar necessitados de novo ânimo para
seguir vivendo-a.

Em relação ao texto, está correto o que se afirma em


a) I, II e III.

b) I e II, apenas.

c) II e III, apenas.

d) I e III, apenas.

e) III, apenas.

Questão 188: FCC - SEFAZ PI/2015


Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

“O povo não gosta de música clássica”

Estudante de Letras, mal chegado à faculdade, comecei a dar aulas de


Português numa escola pública da periferia da cidade. Estava feliz porque
gostei do trabalho de professor, nessa escola estadual frequentada
sobretudo por comerciários, office boys, aprendizes de ofício, feirantes etc.
Éramos quase todos da mesma idade, havia camaradagem entre nós.

290
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Um dia convidei um grupinho dos mais chegados pra ir à minha casa ouvir
música. “Música clássica”, adverti. Preparei um programinha meio didático,
dentro da sequência histórica, com peças mais ou menos breves que iam do
canto gregoriano a Villa-Lobos. Comentava as diferenças de estilo, de
sentimento, de complexidade. A sessão toda durou quase duas horas,
incluindo minhas tagarelices. Gostaram muito.

Dois ou três dias depois, um deles (pobre, como os outros) apareceu na aula
com um embrulho na mão. “Professor, comprei hoje isso pra mim. O senhor
acha que essa música é boa?” Era um LP de Tchaikovsky, talvez com sinfonias
ou aberturas, não me lembro. Disse que sim, e ele saiu todo sorridente.
Imaginei a cena do dia: ele entrando numa casa de disco do centro da cidade
e pedindo um “disco de música clássica”. Venderam-lhe uma gravação barata,
nacional.

Ao final do ano letivo despediu-se de mim (sairia da escola, concluído o


primeiro grau) e me deixou na mão um bilhetinho. Não decorei as palavras,
que eram poucas, mais ou menos estas: “Professor, muito obrigado por me
fazer gostar de música clássica”. Desmoronei um pouco, pensando em como
este país poderia ser diferente. Não lhe disse, na hora, que a gente pode
gostar naturalmente de qualquer música: é preciso que não obstruam nosso
acesso a todos os gêneros musicais. E embora seja quase impossível que
estas palavras cheguem ao meu antigo aluno, pergunto-lhe agora, com mais
de quatro décadas de atraso: “Então, seu Carlos, gostou do Tchaikovsky?”

(Teotônio Ramires, inédito)

No título do texto formula-se um preconceito que pode ser combatido, o


que decorreria tomada a precaução expressa em:
a) Éramos quase todos da mesma idade, havia camaradagem entre nós.

b) Estava feliz porque gostei do trabalho de professor.

291
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

c) (...) ele entrando numa casa de disco do centro da cidade e pedindo um


“disco de música clássica”.

d) (...) é preciso que não obstruam nosso acesso a todos os gêneros musicais.

e) Desmoronei um pouco, pensando em como este país poderia ser


diferente.

Questão 189: FCC - ATE (SEFAZ PI)/SEFAZ PI/2015


Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

“O povo não gosta de música clássica”

Estudante de Letras, mal chegado à faculdade, comecei a dar aulas de


Português numa escola pública da periferia da cidade. Estava feliz porque
gostei do trabalho de professor, nessa escola estadual frequentada
sobretudo por comerciários, office boys, aprendizes de ofício, feirantes etc.
Éramos quase todos da mesma idade, havia camaradagem entre nós.

Um dia convidei um grupinho dos mais chegados pra ir à minha casa ouvir
música. “Música clássica”, adverti. Preparei um programinha meio didático,
dentro da sequência histórica, com peças mais ou menos breves que iam do
canto gregoriano a Villa-Lobos. Comentava as diferenças de estilo, de
sentimento, de complexidade. A sessão toda durou quase duas horas,
incluindo minhas tagarelices. Gostaram muito.

Dois ou três dias depois, um deles (pobre, como os outros) apareceu na aula
com um embrulho na mão. “Professor, comprei hoje isso pra mim. O senhor
acha que essa música é boa?” Era um LP de Tchaikovsky, talvez com sinfonias
ou aberturas, não me lembro. Disse que sim, e ele saiu todo sorridente.
Imaginei a cena do dia: ele entrando numa casa de disco do centro da cidade
e pedindo um “disco de música clássica”. Venderam-lhe uma gravação barata,
nacional.

292
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Ao final do ano letivo despediu-se de mim (sairia da escola, concluído o


primeiro grau) e me deixou na mão um bilhetinho. Não decorei as palavras,
que eram poucas, mais ou menos estas: “Professor, muito obrigado por me
fazer gostar de música clássica”. Desmoronei um pouco, pensando em como
este país poderia ser diferente. Não lhe disse, na hora, que a gente pode
gostar naturalmente de qualquer música: é preciso que não obstruam nosso
acesso a todos os gêneros musicais. E embora seja quase impossível que
estas palavras cheguem ao meu antigo aluno, pergunto-lhe agora, com mais
de quatro décadas de atraso: “Então, seu Carlos, gostou do Tchaikovsky?”

(Teotônio Ramires, inédito)


Atente para as seguintes afirmações:

I. As informações do primeiro parágrafo do texto ressaltam a


responsabilidade que teriam nossas escolas públicas de oferecerem em
seu currículo atividades culturais até então negligenciadas.

II. A providência do jovem professor junto a um grupo de alunos seguiu


um certo método, tal como o indicam expressões como programinha
meio didático e sequência histórica.

III. No quarto parágrafo, o autor sugere que sua emoção de jovem


professor diante do bilhetinho do aluno deveu-se à convicção de que
muitos brasileiros poderiam beneficiar-se da mesma iniciativa.

Em relação ao texto, está correto o que se afirma APENAS em


a) II e III.

b) I e III.

c) I e II.

d) I.

293
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

e) II.

Questão 190: FCC - SEFAZ PI/2015


Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

“O povo não gosta de música clássica”

Estudante de Letras, mal chegado à faculdade, comecei a dar aulas de


Português numa escola pública da periferia da cidade. Estava feliz porque
gostei do trabalho de professor, nessa escola estadual frequentada
sobretudo por comerciários, office boys, aprendizes de ofício, feirantes etc.
Éramos quase todos da mesma idade, havia camaradagem entre nós.

Um dia convidei um grupinho dos mais chegados pra ir à minha casa ouvir
música. “Música clássica”, adverti. Preparei um programinha meio didático,
dentro da sequência histórica, com peças mais ou menos breves que iam do
canto gregoriano a Villa-Lobos. Comentava as diferenças de estilo, de
sentimento, de complexidade. A sessão toda durou quase duas horas,
incluindo minhas tagarelices. Gostaram muito.

Dois ou três dias depois, um deles (pobre, como os outros) apareceu na aula
com um embrulho na mão. “Professor, comprei hoje isso pra mim. O senhor
acha que essa música é boa?” Era um LP de Tchaikovsky, talvez com sinfonias
ou aberturas, não me lembro. Disse que sim, e ele saiu todo sorridente.
Imaginei a cena do dia: ele entrando numa casa de disco do centro da cidade
e pedindo um “disco de música clássica”. Venderam-lhe uma gravação barata,
nacional.

Ao final do ano letivo despediu-se de mim (sairia da escola, concluído o


primeiro grau) e me deixou na mão um bilhetinho. Não decorei as palavras,
que eram poucas, mais ou menos estas: “Professor, muito obrigado por me
fazer gostar de música clássica”. Desmoronei um pouco, pensando em como
este país poderia ser diferente. Não lhe disse, na hora, que a gente pode

294
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

gostar naturalmente de qualquer música: é preciso que não obstruam nosso


acesso a todos os gêneros musicais. E embora seja quase impossível que
estas palavras cheguem ao meu antigo aluno, pergunto-lhe agora, com mais
de quatro décadas de atraso: “Então, seu Carlos, gostou do Tchaikovsky?”

(Teotônio Ramires, inédito)

Da pressuposição de que ...... passa-se à inferência de que ......

Em relação ao texto, a frase acima expressará um pensamento coerente


preenchendo-se as lacunas, na ordem dada, com os segmentos:
a) os estudantes não gostam de música clássica − não há atividade escolar
que os leve a apreciá-la.

b) os adolescentes não gostam de música clássica − quando forem adultos


saberão apreciá-la.

c) a música clássica é para ouvidos refinados − todos podem gostar dela se a


ouvirem com constância.

d) a música clássica tem um mesmo sentido para todos − pouca gente


aprecia-a com sinceridade.

e) toda música clássica é de alta qualidade − quem gosta de música popular


não lhe dará atenção.

GABARITO
181) B 182) D183) E 184) C 185) B 186) C 187) E 188) D 189) A190) A

295
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 191: FCC - SEFAZ PI/2015


Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.

A lanterninha

Apaguei todas as luzes, e não foi por economia; foi porque me deram uma
lanterna de bolso, e tive a ideia de fazer a experiência de luz errante.

A casa, com seus corredores, portas, móveis e ângulos que recebiam


iluminação plena, passou a ser um lugar estranho, variável, em que só se
viam seções de paredes e objetos, nunca a totalidade. E as seções giravam,
desapareciam, transformavam- se. Isso me encantou. Eu descobria outra casa
dentro da casa.

A lanterna passava pelas coisas com uma fantasia criativa e destrutiva que
subvertia o real. Mas que é o real, senão o acaso da iluminação? Apurei que
as coisas não existem por si, mas pela claridade que as modela e projeta em
nossa percepção visual. E que a luz é Deus.

A partir daí entronizei minha lanterninha em pequeno nicho colocado na


estante, e dispensei-me de ler os tratados que me perturbavam a
consciência. Todas as noites retiro-a de lá e mergulho no divino. Até que um
dia me canse e tenha de inventar outra divindade.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: José


Olympio, 1985, p. 25)

Nas expressões a luz é Deus (3º parágrafo) e mergulho no divino (4º


parágrafo), ressalta-se um respeito religioso, o qual também está sugerido no
seguinte segmento:
a) entronizei minha lanterninha em pequeno nicho.

296
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

b) tive a ideia de fazer a experiência de luz errante.

c) passou a ser um lugar estranho, variável.

d) dispensei-me de ler os tratados.

e) só se viam seções de paredes e objetos.

Questão 192: VUNESP - PC CE/2015


Leia o texto para responder à questão.

Ficção universitária

Os dados do Ranking Universitário publicados em setembro de 2013 trazem


elementos para que tentemos desfazer o mito, que consta da Constituição,
de que pesquisa e ensino são indissociáveis.

É claro que universidades que fazem pesquisa tendem a reunir a nata dos
especialistas, produzir mais inovação e atrair os alunos mais qualificados,
tornando-se assim instituições que se destacam também no ensino. O
Ranking Universitário mostra essa correlação de forma cristalina: das 20
universidades mais bem avaliadas em termos de ensino, 15 lideram no
quesito pesquisa (e as demais estão relativamente bem posicionadas). Das
20 que saem à frente em inovação, 15 encabeçam também a pesquisa.

Daí não decorre que só quem pesquisa, atividade estupidamente cara, seja
capaz de ensinar. O gasto médio anual por aluno numa das três
universidades estaduais paulistas, aí embutidas todas as despesas que
contribuem direta e indiretamente para a boa pesquisa, incluindo inativos e
aportes de Fapesp, CNPq e Capes, é de R$ 46 mil (dados de 2008). Ora, um
aluno do ProUni custa ao governo algo em torno de R$ 1.000 por ano em
renúncias fiscais.

297
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Não é preciso ser um gênio da aritmética para perceber que o país não
dispõe de recursos para colocar os quase sete milhões de universitários em
instituições com o padrão de investimento das estaduais paulistas.

E o Brasil precisa aumentar rapidamente sua população universitária. Nossa


taxa bruta de escolarização no nível superior beira os 30%, contra 59% do
Chile e 63% do Uruguai. Isso para não mencionar países desenvolvidos como
EUA (89%) e Finlândia (92%).

Em vez de insistir na ficção constitucional de que todas as universidades do


país precisam dedicar-se à pesquisa, faria mais sentido aceitar o mundo
como ele é e distinguir entre instituições de elite voltadas para a produção
de conhecimento e as que se destinam a difundi-lo. O Brasil tem necessidade
de ambas.

(Hélio Schwartsman. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br,


10.09.2013. Adaptado)

Segundo a opinião do autor do texto,


a) o Brasil precisa deixar de investir na formação de pesquisadores, pois os
custos para manter a excelência dos cursos são muito elevados.

b) as universidades que fazem pesquisa perderam a capacidade de produzir


inovação, e deixaram de atrair os alunos mais qualificados.

c) os novos rumos do ensino demonstram a necessidade de se desfazer o


mito de que pesquisa e ensino podem ser separados um do outro.

d) no Brasil, instituições voltadas para a produção de conhecimento devem


ser distinguidas das destinadas a difundi-lo, e ambas são necessárias.

e) apesar do alto custo, apenas as universidades em que os alunos são


também pesquisadores formam profissionais qualificados para ensinar.

298
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Questão 193: VUNESP - PC CE/2015


Leia o texto para responder à questão.

Ficção universitária

Os dados do Ranking Universitário publicados em setembro de 2013 trazem


elementos para que tentemos desfazer o mito, que consta da Constituição,
de que pesquisa e ensino são indissociáveis.

É claro que universidades que fazem pesquisa tendem a reunir a nata dos
especialistas, produzir mais inovação e atrair os alunos mais qualificados,
tornando-se assim instituições que se destacam também no ensino. O
Ranking Universitário mostra essa correlação de forma cristalina: das 20
universidades mais bem avaliadas em termos de ensino, 15 lideram no
quesito pesquisa (e as demais estão relativamente bem posicionadas). Das
20 que saem à frente em inovação, 15 encabeçam também a pesquisa.

Daí não decorre que só quem pesquisa, atividade estupidamente cara, seja
capaz de ensinar. O gasto médio anual por aluno numa das três
universidades estaduais paulistas, aí embutidas todas as despesas que
contribuem direta e indiretamente para a boa pesquisa, incluindo inativos e
aportes de Fapesp, CNPq e Capes, é de R$ 46 mil (dados de 2008). Ora, um
aluno do ProUni custa ao governo algo em torno de R$ 1.000 por ano em
renúncias fiscais.

Não é preciso ser um gênio da aritmética para perceber que o país não
dispõe de recursos para colocar os quase sete milhões de universitários em
instituições com o padrão de investimento das estaduais paulistas.

E o Brasil precisa aumentar rapidamente sua população universitária. Nossa


taxa bruta de escolarização no nível superior beira os 30%, contra 59% do
Chile e 63% do Uruguai. Isso para não mencionar países desenvolvidos como
EUA (89%) e Finlândia (92%).

299
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Em vez de insistir na ficção constitucional de que todas as universidades do


país precisam dedicar-se à pesquisa, faria mais sentido aceitar o mundo
como ele é e distinguir entre instituições de elite voltadas para a produção
de conhecimento e as que se destinam a difundi-lo. O Brasil tem necessidade
de ambas.

(Hélio Schwartsman. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br,


10.09.2013. Adaptado)

Releia os seguintes trechos do primeiro e do último parágrafos do texto.


• Os dados do Ranking Universitário publicados em setembro de 2013
trazem elementos para que tentemos desfazer o mito, que consta da
Constituição, de que pesquisa e ensino são indissociáveis.
• Em vez de insistir na ficção constitucional de que todas as
universidades do país precisam dedicar-se à pesquisa, faria mais
sentido aceitar o mundo como ele é...
Os termos mito e ficção, em destaque nos trechos, foram utilizados pelo
autor para enfatizar sua opinião, conforme argumentos apresentados no
texto, de que o princípio constitucional que determina que todas as
universidades brasileiras devem se dedicar à pesquisa
a) atende plenamente a realidade das necessidades do Brasil.

b) é razoável, no tocante à realidade das necessidades do Brasil.

c) é pertinente, tendo em vista a realidade das necessidades do Brasil.

d) não desconsidera a realidade das necessidades do Brasil.

e) não reflete a realidade das necessidades do Brasil.

Questão 194: VUNESP - PC CE/2015


Leia a tira para responder à questão.

300
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

(http://blogdoxandro.blogspot.com.br. Acesso em 20.05.2014. Adaptado)

Considerando-se o sentido do termo egocêntricas, em destaque no primeiro


quadrinho, é correto concluir, a partir da leitura da tira, que a indignação
demonstrada pelo garoto
a) não se justifica, pois é equivocado qualificar as pessoas como
egocêntricas apenas pelo fato de elas pensarem essencialmente em si
próprias.

b) justifica-se, pois de fato ele acerta ao caracterizar como egocêntricas as


pessoas que se esquecem de si próprias para pensar essencialmente nos
outros.

c) justifica-se, já que, ao defender que as pessoas deveriam pensar mais nele,


dá um exemplo de postura que se opõe à das pessoas egocêntricas.

d) não se justifica, pois ele erra generalizando as pessoas como egocêntricas,


enquanto ele próprio, ao pretender que pensem mais nele, adota uma
postura diferente.

e) não se justifica, pois, ao defender que as pessoas deveriam ser mais


centradas nele, ele adota precisamente a postura egocêntrica que critica.

Questão 195: FCC - TCM-GO/2015


Prazer sem humilhação

O poeta Ferreira Gullar disse há tempos uma frase que gosta de repetir: “A
crase não existe para humilhar ninguém”. Entenda-se: há normas gramaticais
cuja razão de ser é emprestar clareza ao discurso escrito, valendo como
ferramentas úteis e não como instrumentos de tortura ou depreciação de
alguém.

301
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Acho que o sentido dessa frase pode ampliar-se: “A arte não existe para
humilhar ninguém”, entendendo-se com isso que os artistas existem para
estimular e desenvolver nossa sensibilidade e inteligência do mundo, e não
para produzir obras que separem e hierarquizem as pessoas. Para ficarmos
no terreno da música: penso que todos devem escolher ouvir o que gostam,
não aquilo que alguém determina. Mas há aqui um ponto crucial, que vale a
pena discutir: estamos mesmo em condições de escolher livremente as
músicas de que gostamos?

Para haver escolha real, é preciso haver opções reais. Cada vez que um carro
passa com o som altíssimo de graves repetidos praticamente sem variação,
num ritmo mecânico e hipnótico, é o caso de se perguntar: houve aí uma
escolha? Quem alardeia os infernais decibéis de seu som motorizado pela
cidade teve a chance de ouvir muitos outros gêneros musicais? Conhece
muitos outros ritmos, as canções de outros países, os compositores de outras
épocas, as tendências da música brasileira, os incontáveis estilos musicais já
inventados e frequentados? Ou se limita a comprar no mercado o que está
vendendo na prateleira dos sucessos, alimentando o círculo vicioso e
enganoso do “vende porque é bom, é bom porque vende”?

Não digo que A é melhor que B, ou que X é superior a todas as letras do


alfabeto; digo que é importante buscar conhecer todas as letras para
escolher. Nada contra quem escolhe um “batidão” se já ouviu música clássica,
desde que tenha tido realmente a oportunidade de ouvir e escolher
compositores clássicos que lhe digam algo. Não acho que é preciso escolher,
por exemplo, entre os grandes Pixinguinha e Bach, entre Tom Jobim e
Beethoven, entre um forró e a música eletrônica das baladas, entre a música
dançante e a que convida a uma audição mais serena; acho apenas que
temos o direito de ouvir tudo isso antes de escolher. A boa música, a boa
arte, esteja onde estiver, também não existe para humilhar ninguém.

(João Cláudio Figueira, inédito)

O autor da crônica se reporta ao emprego da crase, ao sentido da arte em


geral e ao da música clássica em particular. A tese que articula esses três

302
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

casos e justifica o título da crônica é a seguinte:


a) Costumamos ter vergonha daquilo que nos causa prazer, pois nossas
escolhas culturais são feitas sem qualquer critério ou disciplina.

b) A possibilidade de escolha entre os vários níveis de expressão da


linguagem e das artes não deve constranger, mas estimular nosso prazer.

c) Tanto o emprego da crase como a audição de música clássica são


reveladores do mau gosto de quem desconsidera o prazer verdadeiro dos
outros.

d) Somente quem se mostra submisso e humilde diante da linguagem culta


e da música clássica está em condições de sentir um verdadeiro prazer.

e) É comum que nos sintamos humilhados quando não conseguimos extrair


prazer de todos os níveis de cultura que se oferecem ao nosso desfrute.

Questão 196: FCC - TCM-GO/2015


Prazer sem humilhação

O poeta Ferreira Gullar disse há tempos uma frase que gosta de repetir: “A
crase não existe para humilhar ninguém”. Entenda-se: há normas gramaticais
cuja razão de ser é emprestar clareza ao discurso escrito, valendo como
ferramentas úteis e não como instrumentos de tortura ou depreciação de
alguém.

Acho que o sentido dessa frase pode ampliar-se: “A arte não existe para
humilhar ninguém”, entendendo-se com isso que os artistas existem para
estimular e desenvolver nossa sensibilidade e inteligência do mundo, e não
para produzir obras que separem e hierarquizem as pessoas. Para ficarmos
no terreno da música: penso que todos devem escolher ouvir o que gostam,
não aquilo que alguém determina. Mas há aqui um ponto crucial, que vale a
pena discutir: estamos mesmo em condições de escolher livremente as
músicas de que gostamos?

303
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

Para haver escolha real, é preciso haver opções reais. Cada vez que um carro
passa com o som altíssimo de graves repetidos praticamente sem variação,
num ritmo mecânico e hipnótico, é o caso de se perguntar: houve aí uma
escolha? Quem alardeia os infernais decibéis de seu som motorizado pela
cidade teve a chance de ouvir muitos outros gêneros musicais? Conhece
muitos outros ritmos, as canções de outros países, os compositores de outras
épocas, as tendências da música brasileira, os incontáveis estilos musicais já
inventados e frequentados? Ou se limita a comprar no mercado o que está
vendendo na prateleira dos sucessos, alimentando o círculo vicioso e
enganoso do “vende porque é bom, é bom porque vende”?

Não digo que A é melhor que B, ou que X é superior a todas as letras do


alfabeto; digo que é importante buscar conhecer todas as letras para
escolher. Nada contra quem escolhe um “batidão” se já ouviu música clássica,
desde que tenha tido realmente a oportunidade de ouvir e escolher
compositores clássicos que lhe digam algo. Não acho que é preciso escolher,
por exemplo, entre os grandes Pixinguinha e Bach, entre Tom Jobim e
Beethoven, entre um forró e a música eletrônica das baladas, entre a música
dançante e a que convida a uma audição mais serena; acho apenas que
temos o direito de ouvir tudo isso antes de escolher. A boa música, a boa
arte, esteja onde estiver, também não existe para humilhar ninguém.

(João Cláudio Figueira, inédito)

Considere as seguintes afirmações:

I. Têm significação equivalente, no 2º parágrafo, estes dois segmentos:


estimular e desenvolver nossa sensibilidade e separem e hierarquizem
as pessoas.
II. O autor se refere ao som altíssimo do que toca num carro que passa
para ilustrar o caso de quem, diante de tantas opções reais, fez uma
escolha de gosto discutível.

304
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

III. O que importa para a definição do nosso gosto é que se abram para
nós todas as opções possíveis, para que a partir delas escolhamos a que
de fato mais nos apraz.

Em relação ao texto, está correto o que se afirma APENAS em


a) III.

b) II.

c) I e III.

d) I.

e) II e III.

Questão 197: FCC - TCM-GO/2015


Prazer sem humilhação

O poeta Ferreira Gullar disse há tempos uma frase que gosta de repetir: “A
crase não existe para humilhar ninguém”. Entenda-se: há normas gramaticais
cuja razão de ser é emprestar clareza ao discurso escrito, valendo como
ferramentas úteis e não como instrumentos de tortura ou depreciação de
alguém.

Acho que o sentido dessa frase pode ampliar-se: “A arte não existe para
humilhar ninguém”, entendendo-se com isso que os artistas existem para
estimular e desenvolver nossa sensibilidade e inteligência do mundo, e não
para produzir obras que separem e hierarquizem as pessoas. Para ficarmos
no terreno da música: penso que todos devem escolher ouvir o que gostam,
não aquilo que alguém determina. Mas há aqui um ponto crucial, que vale a
pena discutir: estamos mesmo em condições de escolher livremente as
músicas de que gostamos?

305
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Para haver escolha real, é preciso haver opções reais. Cada vez que um carro
passa com o som altíssimo de graves repetidos praticamente sem variação,
num ritmo mecânico e hipnótico, é o caso de se perguntar: houve aí uma
escolha? Quem alardeia os infernais decibéis de seu som motorizado pela
cidade teve a chance de ouvir muitos outros gêneros musicais? Conhece
muitos outros ritmos, as canções de outros países, os compositores de outras
épocas, as tendências da música brasileira, os incontáveis estilos musicais já
inventados e frequentados? Ou se limita a comprar no mercado o que está
vendendo na prateleira dos sucessos, alimentando o círculo vicioso e
enganoso do “vende porque é bom, é bom porque vende”?

Não digo que A é melhor que B, ou que X é superior a todas as letras do


alfabeto; digo que é importante buscar conhecer todas as letras para
escolher. Nada contra quem escolhe um “batidão” se já ouviu música clássica,
desde que tenha tido realmente a oportunidade de ouvir e escolher
compositores clássicos que lhe digam algo. Não acho que é preciso escolher,
por exemplo, entre os grandes Pixinguinha e Bach, entre Tom Jobim e
Beethoven, entre um forró e a música eletrônica das baladas, entre a música
dançante e a que convida a uma audição mais serena; acho apenas que
temos o direito de ouvir tudo isso antes de escolher. A boa música, a boa
arte, esteja onde estiver, também não existe para humilhar ninguém.

(João Cláudio Figueira, inédito)

A diversidade de épocas e de linguagens em que as artes se manifestam


a) obriga o público a confiar no mercado, cujos critérios costumam respeitar
tal diversidade.

b) não interessa ao gosto popular, que costuma cultivar as exigências


artísticas mais revolucionárias.

c) constitui uma vantagem para quem se habilita a escolher de acordo com


o próprio gosto.

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d) cria uma impossibilidade de opções reais, razão pela qual cada um de nós
aprimora seu gosto pessoal.

e) representa uma riqueza cultural para quem foi contemplado com uma
inata e especial sensibilidade.

Questão 198: FCC - TCM-GO/2015


Pátrio poder

Pais que vivem em bairros violentos de São Paulo chegam a comprometer


20% de sua renda para manter seus filhos em escolas privadas. O
investimento faz sentido? A questão, por envolver múltiplas variáveis, é
complexa, mas, se fizermos questão de extrair uma resposta simples, ela é
"provavelmente sim". Uma série de estudos sugere que a influência de pais
sobre o comportamento dos filhos, ainda que não chegue a ser nula, é
menor do que a imaginada e se dá por vias diferentes das esperadas. Quem
primeiro levantou essa hipótese foi a psicóloga Judith Harris no final dos
anos 90.

Para Harris, os jovens vêm programados para ser socializados não pelos pais,
como pregam nossas instituições e nossa cultura, mas pelos pares, isto é,
pelas outras crianças com as quais convivem. Um dos muitos argumentos
que ela usa para apoiar sua teoria é o fato de que filhos de imigrantes não
terminam falando com a pronúncia dos genitores, mas sim com a dos jovens
que os cercam.

As grandes aglomerações urbanas, porém, introduziram um problema. Em


nosso ambiente ancestral, formado por bandos de no máximo 200 pessoas,
o "cantinho" das crianças era heterogêneo, reunindo meninos e meninas de
várias idades. Hoje, com escolas que reúnem centenas de alunos, o(a)
garoto(a) tende a socializar-se mais com coleguinhas do mesmo sexo, idade
e interesses. O resultado é formação de nichos com a exacerbação de
características mais marcantes. Meninas se tornam hiperfemininas, e
meninos, hiperativos. O mau aluno encontra outros maus alunos, que

307
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

constituirão uma subcultura onde rejeitar a escola é percebido como algo


positivo. O mesmo vale para a violência e drogas. Na outra ponta, podem
surgir meios que valorizem a leitura e a aplicação nos estudos.

Nesse modelo, a melhor chance que os pais têm de influir é determinando a


vizinhança em que seu filho vai viver e a escola que frequentará.

(Adaptado de: SCHWARTSMAN, Hélio. Folha de São Paulo, 7/12/2014)

À pergunta O investimento faz sentido? o próprio autor responde:


“provavelmente sim”. Essa resposta se justifica, porque
a) a escola, ao contrário do que se imagina, tem efeitos tão poderosos
quanto os que decorrem da convivência familiar.

b) as influências dos pares de um educando numa escola pública são


menos nocivas do que os exemplos de seus pais.

c) a qualidade do convívio de um estudante com seus colegas de escola é


um fator determinante para sua formação.

d) as grandes concentrações humanas estimulam características típicas do


que já foi nosso ambiente ancestral.

e) a escola particular, mesmo sendo cara, acaba por desenvolver nos alunos
uma subcultura crítica em relação ao ensino.

Questão 199: FCC - TCM-GO/2015


Pátrio poder

Pais que vivem em bairros violentos de São Paulo chegam a comprometer


20% de sua renda para manter seus filhos em escolas privadas. O
investimento faz sentido? A questão, por envolver múltiplas variáveis, é
complexa, mas, se fizermos questão de extrair uma resposta simples, ela é
"provavelmente sim". Uma série de estudos sugere que a influência de pais

308
BR CONCURSO APOSTILA DIGITAL

sobre o comportamento dos filhos, ainda que não chegue a ser nula, é
menor do que a imaginada e se dá por vias diferentes das esperadas. Quem
primeiro levantou essa hipótese foi a psicóloga Judith Harris no final dos
anos 90.

Para Harris, os jovens vêm programados para ser socializados não pelos pais,
como pregam nossas instituições e nossa cultura, mas pelos pares, isto é,
pelas outras crianças com as quais convivem. Um dos muitos argumentos
que ela usa para apoiar sua teoria é o fato de que filhos de imigrantes não
terminam falando com a pronúncia dos genitores, mas sim com a dos jovens
que os cercam.

As grandes aglomerações urbanas, porém, introduziram um problema. Em


nosso ambiente ancestral, formado por bandos de no máximo 200 pessoas,
o "cantinho" das crianças era heterogêneo, reunindo meninos e meninas de
várias idades. Hoje, com escolas que reúnem centenas de alunos, o(a)
garoto(a) tende a socializar-se mais com coleguinhas do mesmo sexo, idade
e interesses. O resultado é formação de nichos com a exacerbação de
características mais marcantes. Meninas se tornam hiperfemininas, e
meninos, hiperativos. O mau aluno encontra outros maus alunos, que
constituirão uma subcultura onde rejeitar a escola é percebido como algo
positivo. O mesmo vale para a violência e drogas. Na outra ponta, podem
surgir meios que valorizem a leitura e a aplicação nos estudos.

Nesse modelo, a melhor chance que os pais têm de influir é determinando a


vizinhança em que seu filho vai viver e a escola que frequentará.

(Adaptado de: SCHWARTSMAN, Hélio. Folha de São Paulo, 7/12/2014)

Com a frase O resultado é formação de nichos com a exacerbação de


características mais marcantes (3º parágrafo) o autor está afirmando que a
socialização nas escolas se dá de modo a
a) dissolver os agrupamentos perniciosos.

b) promover a competitividade entre os grupos.

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c) estabelecer uma hierarquia no interior dos grupos.

d) incentivar o desempenho dos alunos mais habilitados.

e) criar grupos fortemente tipificados.

Questão 200: FCC - TCM-GO/2015


Pátrio poder

Pais que vivem em bairros violentos de São Paulo chegam a comprometer


20% de sua renda para manter seus filhos em escolas privadas. O
investimento faz sentido? A questão, por envolver múltiplas variáveis, é
complexa, mas, se fizermos questão de extrair uma resposta simples, ela é
"provavelmente sim". Uma série de estudos sugere que a influência de pais
sobre o comportamento dos filhos, ainda que não chegue a ser nula, é
menor do que a imaginada e se dá por vias diferentes das esperadas. Quem
primeiro levantou essa hipótese foi a psicóloga Judith Harris no final dos
anos 90.

Para Harris, os jovens vêm programados para ser socializados não pelos pais,
como pregam nossas instituições e nossa cultura, mas pelos pares, isto é,
pelas outras crianças com as quais convivem. Um dos muitos argumentos
que ela usa para apoiar sua teoria é o fato de que filhos de imigrantes não
terminam falando com a pronúncia dos genitores, mas sim com a dos jovens
que os cercam.

As grandes aglomerações urbanas, porém, introduziram um problema. Em


nosso ambiente ancestral, formado por bandos de no máximo 200 pessoas,
o "cantinho" das crianças era heterogêneo, reunindo meninos e meninas de
várias idades. Hoje, com escolas que reúnem centenas de alunos, o(a)
garoto(a) tende a socializar-se mais com coleguinhas do mesmo sexo, idade
e interesses. O resultado é formação de nichos com a exacerbação de
características mais marcantes. Meninas se tornam hiperfemininas, e
meninos, hiperativos. O mau aluno encontra outros maus alunos, que

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constituirão uma subcultura onde rejeitar a escola é percebido como algo


positivo. O mesmo vale para a violência e drogas. Na outra ponta, podem
surgir meios que valorizem a leitura e a aplicação nos estudos.

Nesse modelo, a melhor chance que os pais têm de influir é determinando a


vizinhança em que seu filho vai viver e a escola que frequentará.

(Adaptado de: SCHWARTSMAN, Hélio. Folha de São Paulo, 7/12/2014)

Considere as seguintes afirmações:

I. A hipótese levantada pela psicóloga Judith Harris é a de que os


estudantes migrantes são menos sensíveis às influências dos pais que
às de seus professores.

II. O fato de um mau aluno se deixar atrair pela amizade de outro mau
aluno prova que as deficiências da vida familiar antecedem e
determinam o mau aproveitamento escolar.

III. Do ponto de vista do desempenho escolar, podem ser positivos ou


negativos os traços de afinidade que levam os estudantes a se
agruparem.

Em relação ao texto, está correto o que se afirma APENAS em


a) I.

b) III.

c) II e III.

d) I e II.

e) I e III.

GABARITO

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191) A 192) D 193) E 194) E 195) B 196) A197) C 198) C 199) E 200) B

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