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São Paulo:
Boitempo, 2013, p. 281-323.
RESUMO
O dinheiro que é apenas dinheiro e o dinheiro que é capital se distinguem apenas por
sua diferente forma de circulação. Existem duas formas de circulação de mercadorias: a
primeira é a M-D-M, vender para comprar; a segunda é a D-M-D, comprar para vender. O
dinheiro que provêm deste último modo torna-se capital. Ambas as formas têm em comum a
passagem por duas fases contrapostas: na primeira fase, D-M, a compra, o dinheiro é convertido
em mercadoria e, na segunda, M-D, a mercadoria volta a se converter em dinheiro. O resultado
final é a troca de dinheiro por dinheiro. No entanto, o processo D-M-D seria vazio se consistisse
apenas em trocar dinheiro por dinheiro. Logo, não faria sentido trocar um montante de dinheiro
por outro igual, a fórmula do capital então é expressa por: D-M-D’. D’ representa a soma do
dinheiro originalmente adiantada mais um acréscimo, esse acréscimo é chamado de mais-valor,
ou valor excedente.
Ainda, Marx tece críticas a alguns economistas que apontam a criação de mais-valor no
processo de circulação das mercadorias: diz ele que esses autores (ele usa o exemplo de
Condillac) costumam confundir os significados de valor de uso e valor de troca. Além disso, a
criação de mais-valor também não pode ser explicada pela venda ou pela compra acima ou
abaixo do seu valor. Na circulação, produtores e consumidores se confrontam apenas como
vendedores e compradores. Neste caso, o vendedor, que possui a mercadoria, detêm o privilégio
de poder vende-la mais caro. O autor ainda diz que a circulação de mercadoria não cria valor
nenhum, bem como a troca de equivalentes também não resulta em mais-valor. Da circulação
não se origina valor, mas o valor não existe sem a circulação. O valor em si é criado na esfera
da produção e realizado na circulação. Ademais, o possuidor de mercadorias pode criar valores,
mas não valores que valorizam a si mesmos.
O trabalhador adianta ao capitalista o valor de uso da força de trabalho isso porque, ele
deixa o contratante consumir antes de ter recebido que lhe é devido, concedendo um crédito ao
capitalista. O valor de uso que o possuidor de dinheiro recebe na troca é visto apenas no
processo de consumo da força de trabalho; o possuidor de dinheiro detém os meios de produção
e por elas paga o seu preço integral. O processo de consumo da força de trabalho é o processo
de produção da mercadoria e também do mais-valor. No fim, o antigo possuidor de dinheiro se
apresenta como capitalista, e o possuidor da força de trabalho, como trabalhador.