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Atenciosamente por Idílio Cândido
Contos
A praça
Versão um
Versão dois
Trivialidades
A carta
Uma prosa
O escritor
Conflito do apaixonado deslocado em meio ao mar
Estorinha de amor
A caminho
Desabafo poético a uma dama inacessível
A meia furada
Lições
Lamúrias
Paranoía
Sonho ambicioso
O eremita (Reflexões da 23 hora)
Reflexões de fim de ano
Pusulânime
A última ópera das pessoas oprimidas
Delírios
Em resumo
A prova
A praça
É tarde, por volta de três horas. O sol forte
como se quisesse iluminar o universo. Repito, são
três horas, Marcelo acorda devagar,
preguiçosamente. Sua companheira, seminua, ficou
um pouco mais, cansada de tanto amor.
Marcelo caminha devagar, o mundo para ele
estava calmo. No banheiro olha no espelho a sua
face e se admira, meia hora de vaidade que se vai.
Calmamente faz a barba, sempre se admirando, são
curiosos esses que têm uma boa vida. Sua cara
gorda, mostra o seu grau de preocupação com a
vida, nenhuma. Seu pai a tinha por ele e que em
breve também pararia de se preocupar, Marcelo
estudava para substituílo.
Família de posses, pequena, mais rica e com
grande influência.
Da cozinha vinha o cheiro de panquecas,
Mariana cumpria seu papel de mulher e fazia o que
seu futuro marido gostava, panquecas e amor.
Marcelo, típico símbolo burguês juvenil, moreno,
forte e alto se vestia no quarto, sentado na cama
desarrumada a poucas horas, já eram seis horas. Já
haviam comido e saiam para um passeio.
Na porta de sua casa, havia um carro
importado elétrico com um mês de uso.
Sabe Mariana, preciso trocar este carro.
parado diante do veículo azul metálico. O que
acha? Perguntou sem olhála.
A moça loira, não mais que vinte e alguma
coisa, de cabelos compridos não tinha vontade, uma
fantoche que Marcelo gostava, ela vacilou, não era
tão fantoche como Marcelo acreditava, ela era mais
sombra e sutil, humana, é claro.
Podia ficar mais um pouco, eu gostei do
design, bem moderno e jovem, última moda na
Europa. Uma voz fraca e dissimulada dava a
entender a quem ouvia “troca, não me faz diferença,
o dinheiro é seu, é você que manda”.
Vou trocar então, modelo igual, mas de
outra cor, Mariana. Marcelo sentencioso e seguro, é
bom ter tanta segurança, para os negócios, é claro.
Está bem querido. No íntimo de Mariana,
ela refletia, amava Marcelo e seu dinheiro, quero
dizer, seu capital. Era bom amar, pensava Mariana.
O carro avançava depressa, dentro o cheiro
de perfume caro dos dois sufocava, denso o ar,
Mariana ligou o ar condicionado.
Começara uma chuva de fim de tarde, que
logo se transformou em tempestade de verão. O
tempo virará pensava Marcelo, “cedo” sol forte e
agora esta chuva, esse mundo é fantástico, sorriu
para Mariana.
Que foi querido? vaidosa, queria fiscalizar o
que o namorado pensava, humana, aliás todas as
pessoas, ah!
Você é muito linda, linda demais! Beijoua
na boca, namorado apaixonado.
Uma poça d’água, ao longe vinha um homem,
velho parecia. Marcelo passa rápido pela poça, o
homem já molhado e ainda mais agora levanta as
mãos:
FILHA …
Mariana sorri, Marcelo também. Foi sem
querer, mais que homem sem esportiva, pois é,
essas pessoas que levam uma boa vida são curiosas.
Marcelo para o carro na porta do restaurante,
Mariana desce. Marcelo deixa o carro com o
manobrista, lhe dá alguns reais.
Obrigado, doutor!
Cuida bem dele. Dinheiro é pouco, mas o
carro é investimento pequeno, mas necessário para
um futuro empresário, ajuda a construir a imagem.
Enquanto isso, Mariana, no restaurante, sob
o pretexto de ter ido ao banheiro, beijava e rebeijava
o garçom em um corredor escuro do restaurante, é
realmente, essas pessoas de bem com a vida são
sem dúvidas, curiosas.
Versão dois
Por volta das cinco horas, como de costume,
Artur se levantou. Se dirigiu a cozinha e colocou a
água e o pó de café na cafeteira italiana e a levou
ao fogo. Na sequência, também a frigideira onde
chapou o pão.
Enquanto fazia seu rotineiro café da manhã,
olhava pela janela sua vizinha que também
acordava aquela hora. Ele ainda não criou a
coragem necessária para com ela falar, já sabia,
nunca falaria.
Sentouse à mesa e lentamente tomou seu
café e comeu seu pão, bem chapado.Terminada a
pequena refeição, jogou a pequena louça na pia e
saiu, estava frio e o vento da manhã inconveniente.
Sua vizinha também saiu.
Talvez se falasse a ela agora, nesse momento
de ainda dormência, ela talvez não ligaria muito e
surgisse aí algo, uma ilusão, apenas e só. Acendeu
seu cigarro e soltou a trava da moto, pedalou uma,
duas, três vezes e a moto estava funcionando.
Esperou o tempo passar e o cigarro acabar. Do outro
lado o mesmo procedimento ocorria por parte de sua
vizinha, ele talvez nunca note, ela também.
O som contínuo do motor da moto, o som ao
longe de uma música agitada prenunciava o dia que
começava, lentamente outros sons se faziam notar.
O vento trazia agora o cheiro misturado de café,
tabaco e gás carbônico. Artur montou em sua moto e
acelerou, ela começou a se mover lentamente.
Rapidamente já estava em seu serviço,
sentado a desenhar e escrever roteiros de história
em quadrinhos, todos estranharam sua presença,
mas não ligavam, cumpria bem sua função.
Não muito longe dali, uma mulher descia de
sua moto e a trancava, feito esta operação sua
quatro lances de escada e abria a porta de vidro do
hospital municipal da cidade. Mais um dia de
serviço, pensava a médica, onde será que aquele
rapaz da frente trabalha, acorda cedo também,
refletia.
Depressa Dra Luiza, seu paciente do leito 7
está tendo um novo ataque, parece mais grave…!
Uma enfermeira não muito alta, acima do peso,
toda de branco se dirigia a ela toda afobada.
Bem, bom dia Margarida, vamos lá vêlo, é o
… esqueci o nome! Encarou a enfermeira, pensando
que a experiência a ensinou a diagnosticar. A vida é
uma professora que sempre cobra as lições que
ensina.
Mais uma folha de papel amassada, jogada
ao lixo já cheio de bolas de papel, e se alguma
pessoa, curiosa, fosse neste lixo e abrisse uma
dessas bolas, veria surpreso um rascunho de
mulher, aliás, se abrisse todas as bolas de papel,
seriam o retrato da mesma mulher, de ângulos
diferentes. O que leva a tal obstinação?
Curiosidade, certamente.
O lençol branco cobriu a cabeça sem vida
daquele homem, Lu, como as suas companheiras de
trabalho a Luiza, estava transtornada ao lado da
cama e as enfermeiras já tinham ido tomar as
providências de rotina para o caso do óbito.
Precisava beber e arejar a mente, saiu do quarto,
mas não sem antes assinar o prontuário médico e a
folha de notificação do óbito e olhar mais uma vez
para o cadáver encoberto em lençol. Um bom copo
de café amargo melhoraria seu estado, pena do
homem, não poderá mais beber.
Havia um bar onde, depois do expediente de
serviço, ficava lotado. Artur estava lá tomando um
conhaque.
A porta se abriu e Luiza entrou
acompanhada de dois sujeitos de branco, pessoas
trabalhadoras da saúde.
Um barulho de moto lá fora do bar, ela é algo
inacessível, cativa por tal inviabilidade.
Ao sentar, Lu notou um desenho, parecia
com ela, que teria feito?
A carta
Adeus!”
Uma prosa
Possíveis morais da estória:
Amor de pobre dura pouco;
Primeiro amor não morre, é trocado;
Amor de uma, solidão de duas, oportunidade
para as terceiras.
A caminho
“Sou o fel destilado em sociedade consumista”
Eu espero como cão espera o acaso, eu espero
o acaso. Exigiam de mim também lealdade,
fidelidade iguais a de um cão. Eu, cão adestrado, a
esperar a ordem da pessoa minha dona e senhora.
Até onde eu iria viver? A pessoa minha dona e
senhora sabe, ela afinal é sabedoria onipotente de
tudo! Afinal é a relação mais próxima de Deus. Nós,
cães, não temos deuses, mas a pessoa que é minha
dona e senhora tinha um, um que dava razão para o
que buscava, não era ela fiel a Deus, mas Deus
estava a seu serviços…
Eu esperava aliviado de não precisar pensar
nas minhas ignorâncias e idéias. Eu apenas
esperava, sentado na balança do parquinho, ela está
atrasada, penso. Ela nunca virá, somente no
devaneio de minha mente distorcida e dispersa pela
avalanche ideológica desta minha sociedade e para
quê? Não há nenhuma finalidade em minha dor,
com as de outras milhões de pessoas, não era nada,
há televisão, as redes sociais (virtuais), prostitutas
e religiões que preenchem as necessidade de viver,
viver uma subvida, isto é uma realidade, mas o que
posso fazer? Onde estão as pessoas revolucionárias
das diversas gerações.
Uma pessoa rebelde de ontem, uma
revolucionária de momento para uma pessoa
reacionária no amanhã, transitam entre as
embalagens que descartamos a cada segundo.
Paranóia
_________
Quando você saiu sem me tocar e nem um
único, da porta que fechaste com força, beijo
mandar, percebi naquele momento que outra ilusão
havia acabado. Por que toda vez só a mim, o
espectro da ilusão derruba?
Te olho de longe, de meu mundo fechado e às
vezes ela irradia uma luz tênue e de querer você,
mas não me percebes! Farol pálido que esta luz!
Ao menos suas mão macias uma vez tocou
meu rosto, ao menos uma vez me olhaste com raiva
e desprezo e deixaste as marcas de tuas mãos
suaves em minha face, marcas estas que do rosto
sumiram, mas do coração não. Foi um terremoto,
mais um que abala minha estrutura e destrói mais
ainda o que me resta de humanidade.
O abandono de minha existência é a prova
cabal de que sou uma anafrodita neste mundo.
Quero e busco em cada mulher seu traço,
amo a todas e nenhuma me quer. Sou assim
implacavelmente idiota e mediocre, adjetivos que
me deste no auge de seu repudio.
Intervalo, tomo ar para poder descrever toda
estas coisas, estou no meu eremitério em busca do
sentido, mas não o vejo, não te vejo. Tua voz
zombeteira está ao meu ouvido, atrapalha meus
sentidos.
Quando caminho sem rumo, sem prumo,
atordoado com todas as dores que tomei, observo as
pessoas iguais a desfilarem com seu discurso
individualista, te vejo no meio deste turbilhão, até
você! Do que tenho mais medo é ser igual, explorada
igual e não poder amar, sonho ambicioso este, amar,
pelo menos para mim. Enquanto rumo ao meu fim,
sei que não terei, sei que vai ler tardiamente e
quem sabe até procurar até me entender, só que já
estou sozinho a muito tempo, estou frio, quem sabe
… morto para amar! Ou um temeroso que inverte o
seu medo pusilânime em vez de viver apenas uma
vez mais amor. Penso em você, já é pela milésima
vez, embriagada ao som de uma bossa nova, quero
flutuar ao seu encontro, ter mais uma vez seu asco
ao vivo, ver meu rosto monstruoso, minhas mazelas,
minha subversão é pensar em você! É não têla por
ser grotesca escritora, uma onanista das letras,
uma tarada das frases verborrágicas, hemorrágicas
de tesão, de vontade, de ter você perto de mim! Já
pensei em lapidar o mais puro diamante, uma
poesia só sua, como os montes que já escrevi, mas
com o ponto final, não fico satisfeita. Todas passam
por tal dificuldade?
Espero que não. Esperar que o que me resta,
meus dentes caiam, que sozinho em um
apartamento repleto de recordações e poemas
embolorados, aff, em meio caos do passado e do
amargor do futuro, eu ainda bêbada com sua
partida, de minha partida vida, procurando mais
uma garrafa de lembrança, eu ainda olhando as
fotos coloridas e de meus sonhos em branco e preto,
aspire um pouco de poeira esquecida, que me
esqueça junto. Não me atrevo mais a tentar te
entender e nem vou mais a sua porta declamar
versos e prosas de meu amor. Não vou mais tentar
compreender os motivos que me levaram a mais
uma ilusão, seu existir me feriu.
O compasso de meu coração desarranjado é
uma batida grave de sofrer. Cada decepção,
construo um degrau a mais no poço em que me
encontro e o desço com toda minha ilusão, precisa ir
tão longe assim?
Mas você foi para tão longe de minha vida,
mas precisa ir tão longe assim?
Não gosta de mim, é verdade, afinal, por que
haveria de gostar, se não “tenho”? Não tenho nada,
atributos físicos, inteligência, um fracasso em
pessoa. Já até abracei uma solução, me iludir com
um fim sem teu beijo, sem teu carinho, sem teu riso
adorável. Longe de você sou só uma sombra
abstrata, uma lástima bêbada e mal tratada.
“Sempre precisei de um pouco de atenção, só
sei do que não gosto, desses dias tão estranhos, há
poeira e sombras pelo cantos”. (Renato Russo)
O eremita (Reflexões da
23 hora)
Estou só, aguardando o transporte precário
que me levará para minha cripta. O vento gélido
esmurra minhas orelhas, a solidão insensibiliza
meu coração. Repito, estou só, como sempre, como
sempre estarei sem companhia, sem amor, uma
anônima sombra que imóvel, tremendo, vê os carros
passarem, vê sua vida se esvair ao esperar. Esperar
que tudo não passe sem me levar.
A lua cheia está entre os eucaliptos, a semi
escuridão cria e destrói sonhos. O ranger dos
troncos, o esvoaçar das folhas quebram o silêncio de
minha angústia, são 23h.
Olho novamente ao relógio, olho novamente
ao redor, não quero acreditar que só estou. Caminho
nervoso. Olho o bueiro, está repleto de baratas,
encontrei afinal companhia digna de minha espera.
As baratas bailam como se eu fosse digno de seu
show. Não me vêem como um abandonado, ali
perante elas, apenas mais um. Deixoas em suas
corridas. Olho novamente o relógio, 23h,
O tempo me zomba a cara e o amor, o
coração. Ao esperar, só, reflito e aflito chego a
pensar que nunca verei outra pessoa, uma pessoa
bonita. Balanço minha cabeça, desperto do sono em
que me encontro, assovio uma canção. A fumaça vai
alto, meu delírio também, quantas horas se
passaram, inúmeras e nenhuma. Nenhuma que
tenha valido a pena de minha pena, todas essas
horas se acumularam em uma sombria espera de ir
sem saber se vai chegar ou se vai voltar. Olho no
relógio, são 23h.
Estou preso ali, e não importa onde esteja,
sempre ali me vejo a esperar e a esperar e a
esperar... Alucinado, rascunho um grito, mas está
asfixiado e não a ninguém a me ajudar. Tenho
medo, tenho sede, quero esquecer que sou humano,
que preciso amar. Mas como posso fugir, se já estou
só, já estou fora. Lentamente ouço um barulho, este
se multiplica, são grilos e sapos, corujas a caçar
ratos, sou um deles, espero minha ratoeira ou uma
coruja.
Lembrome de cenas, histórias e fatos que
me marcaram, e afinal só estou, posso
simplesmente lembrar e rir, o tempo não passa, ou
quero acreditar que não. Tenho que acreditar, pois
ainda são 23h, que hora estranha esta, Estou só
sem nada ou ninguém para conversar ou discutir.
Mas posso escrever este momento e lêlo até o
transformar em mais um momento de meu existir.
A lógica me persegue, que se dane tal pessoa.
Preciso não ter lógica e esta é tão fácil de ser
aliciada, viciada em sofisma, doulhe o que quer, e
afinal tempo é que não falta.
Até este momento, em revista a tudo que
vivi, não tinha afirmado que meu estado de
abandono fosse obra fecunda de um ser, eu e mais
ninguém o agente precursor desta minha reclusão
social amorosa. Em meu eremitério urbano,
pusilanimemente construo uma teorética circular e
verborrágica que me serve de lastro para suportar
este ciclo de paixãorejeiçãosolidão, que a cada giro
me distancia mais de mim. Olho o relógio, me
decepciono, são 23h. Como vou romper com esta
situação, não mais é o esperar que me aflige, mais
toda a minha vida circunlóquia e dispersiva que se
atenua as 23h, um alerta que tenho que romper com
tudo, mas não sei e não atrevo, posso ser a única
vítima deste provável malogro. Tenho esboçado meu
futuro, e meu futuro é fruto amargo de desamor e
tristeza, desamor construído dos foras que levei e
que imaginei. Tristeza de ver a cada dia o mesmo
sonho ser destruído, um sonho tão simples, amar!
Mas são 23h, hora do desespero, hora de minha dor
se eternizar e eterna está. Olho mais uma vez a lua
cheia, cheia de esperança que isto não passe de um
sonho ruim, mas já é tão ruim que é realidade de
minha vida urbanóide.
Interrupção: O céu escuro convulsiona minha
mente, vomito e vejo girar uma multidão de mesma
cara e a mesma miserável vontade, de subir sobre o
maldito sangue de seus iguais. Quero vomitar mais
um pouco, mas sei, que ódio tenho de meu saber!!!
Saber que você fdp, está lendo esta merda de tal
forma que daqui a pouco terá esquecido e esquece
porque, porque é uma pessoa mesquinha, só pensa e
olha o que seu umbigo sujo está a fazer. Não é capaz
de perceber que somos uma rede emaranhada e
embaraçada. Não tem culpa? Ninguém tem.
Ninguém tem que trabalhar, viver debaixo de
desigualdades e não lutar por seus direitos. Mas
quando estiver a definhar, seus parentes a
despedaçar suas parcas riquezas, vai perceber cheio
de razão que poderia ser diferente!
Segue:
São 23 h
Reflexões de fim de ano
As vezes quando me encontrava sozinho em
meu apartamento, me sentia vazio, então seguia até
a janela e ficava olhando a vida noturna da cidade.
Com uma bebida quente, olhava e via a fumaça
fugir para as estreias, ficava pensando e olhando,
marcava uma estrela e a ela começava recitar
palavras de amor, ela era a única que me escutava.
Após minhas crises, ninguém, antes
ninguém e me pedem para não ser duro, mas o que
é ser mau? Então o que faço? Me diga por favor,
quem sabe, não me deixe com essa ansiedade que
queima.
Nessas horas eu pegava o telefone e ligava,
desistia, ela não se interessa, afinal não quero
incomodar, eu sou uma pedra no sapato, então a
idéia, por que não pular ? Não era homem o
suficiente ? Então a solidão que tinha ia sumindo,
acalmando, para explodir daqui alguns dias, horas
ou anos mais tarde. Dormia com um peso em minha
consciência, sou um nada,
Quantas vezes me peguei querendo realizar
um ato mais significativo, que a chamasse, não
conseguia. Não me importava com quem saísse, com
quem andava, com tivesse algum tipo de relação, o
que importava é que ela me amasse e me desse essa
segurança.
Não podia saber, eu, um nada, era também
uma concha fechada pelo tempo. Meu saber era dos
outros, não meu, nunca sentiram por mim amor,
piedade sim, nunca amor, como será amar ?
Dirigia um carro, me tornei importante. para
quem ? Para mim mesmo ? Só queria ter tempo para
me entender, ou amar. Minha fibra desapareceu,
não consigo mais mudar o sentido, o meu sentido
não me vale nada, não significa nada, sou mais um
a margem do tempo esperando uma mão.
Que crime cometi ? Estar vivo !
Viver é crime ? Parece que sim, somos
julgados pelos nossos semelhantes diariamente,
sem nunca ter direito de saber o por quê. Mas de
repente, param de nos julgar, não mais existimos,
paramos no tempo, ninguém se interessa por você,
ninguém, me ouviu! Sabe o que significa ninguém ?
Nada, absolutamente nada se interessa por você. E
como se tivesse uma doença, evitam e procuram
outras coisas com umas desculpas que você não faz
o tipo delas e aí me pergunto o que fiz ? Estar vivo !
Tenho que me recompor, tomar fôlego, tenho
algo importante a fazer, apagar fantasmas que
nunca existiram e que criei. Acredito que ninguém
virá bater na porta e dizer :"Pare ! Olhe ao seu
redor, agradeça a deus pelo que tem ." Pelo que
tenho e não pelo que sou, sendo que pensem que há
um espelho que liga o que você é ao que você tem,
pura distorção alienada. E se viessem pela minha
aparência? Mas ninguém virá.
Terei que formar essas cenas mentalmente,
me tornei tolo, lógico tenho medo.
Medo, fraco, um covarde perante o tempo que
permaneci sentado, criando mundos sem vivêlos,
um pusilânime jogado ao nada, se é que o nada me
quer.
É madrugada, estou a escrever. Observo a
tela luminosa e vejo as palavras se formarem em
sua face, silêncio se faz presente. Ao longe ouço
sirenes.
Que madrugada estranha!
Sonolento, percebo minha volta oscilar e
embaçar, uma onda furnigera toma todo o quarto.
Minha cabeça aos poucos tomba no teclado do
computador.
Sinto aos poucos um odor adocicado e
ferroso, sinto uma náusea e acordo assustado, onde
está meu quarto ?
O olhos cheios de fumaça, lacrimejam e
custam a se acostumar com o ambiente, onde estou?
Percebo lentamente que estou entre escombros de
um prédio, ao chão cadáveres mutilados, uma chuva
intermitente lava aqueles corpos, pisco pensando
ser um sonho mais, não é!
É real ! É assustador!
Caiu uma gota rubra no chão, uma lágrima
escarlate, tinha em sua textura cristalizada a dor
cega e muda que arremata as pessoas, e eu, mero
mortal vi seres celestiais surgirem em volta de mim
com sua espadas flamejantes ferindo as pessoas
restantes em meio aquela destruição. Tanta dor
surgia e ia, aquelas entidades celestiais ceifavam
vidas como se em um campo de trigo estivessem.
Uma avidez por terminar com as dores das
pessoas, terminar com a sua própria dor, mas não
acabavam, quanto mais exterminavam pessoas,
mais sede de morte tinham e com mais força e ódio
matavam.
O sangue espirrava por todos os lados,
observava a tudo mas as entidades não me levavam,
passavam por mim, indiferentes com a minha dor…
Por mais que gritasse, o som só eclodia
dentro de mim!
Que visão alucinada, via muitas das pessoas
a dançarem ao lado dessas entidades celestiais e a
elas se entregarem com a maior naturalidade.
Matavam e se relacionavam com tais pessoas.
Mais uma gota caiu, uma lágrima cristalina,
e eu vi, a beleza do mundo, pois já estava
novamente só, o infinito verde das florestas me
faziam serenar. Ao longe o barulho de cachoeira, e
apenas isso. O mundo havia transpirado toda dor
em meu corpo, e também uma de suas realidades.
Estava só, sem amor, esperando a benção de
morrer ao ver minha tristeza novamente se resumir
em um grito trancafiado dentro de minha mente.
Em resumo
Não me dizem bom dia. Pedem ou ordenam
que suas vontades sejam saciadas.
Não me agradecem tão pouco.
Por mais um dia espero, não me vem o
amanhã que anseio, um sonho distante, meu?
Cada dia que rompe, rompe minha ilusão.
Não me dizem afetos.
Triste e só, caminho a servir, a não viver
para sobreviver, sonhos se vão.
Vejo cada minuto ruir e ir sem a
possibilidade de voltar, perco a cada instante a
possibilidade de encontrar um sentido, Não me
dizem porquê…
Construo palavras para que meu dia não seja
vazio como meu coração. Não me dizem sim.
No meio perdido, entre o trabalho ingrato e
repetitivo me encubro sem a necessidade de
entender, precisa? Não sei, não me dizem, descubro
a esmo que trancafiado não vejo o céu e todo um
montante de coisas que poderia viver ou fazer e
talvez, que sabe, ser até mais completo.
O trabalho é uma jaula do espírito, retira
deste toda a sua vitalidade e transforma a pessoa
aprisionada, quem vai notar? Em uma coisa
desfigurada igual a milhares de outras coisas.
Quando isso vai parar?
Caminho sem ao menos saber o sentido.
Quero parar, não devo! Tenho medo se tal parar
prejudique quem não me diz. Todo ponto em que me
lembro estou aqui, neste momento angustiado, sem
um apoio, nem que fosse uma escora pontuda que ao
se apoiar penetrasse na carne, rompesse órgãos …
um terrível apoio seria, mas ao menos um apoio.
Não devo, devo? Explanam suas razões
importantes e aceito. Não me dizem para que.
(...) Qual o tempo que passou? Não sei.
Agarrado a minha pequena e medíocre vida
espero que passe esta tormenta. Não passa. A chuva
desaba e destrói.
Destrói minhas idéias fracas e conceitos
vagos.
A angústia, depois de certo tempo corrompe
as bases tradicionais, geram nestes a dúvida de ter,
ter algo que ama e toda sua conseqüências. Não me
dizem porquê.
O que esperam de mim ? Tenho um dever
para cumprir ? Qual será?
Traduzo em palavras todas as mágoas, tão
variadas soam estas que me perco em descrevêlas.
Sofro a cada minuto repetindo a aspereza de
não ter.
Não tenho, em resumo!!!
A prova
O fato de estar aqui escrevendo, me impede
de estar ao lado de alguém. Poderia até estar
escrevendo ao lado dessa pessoa, mas não estou.
Que me falta uma pessoa é um fato, fato e
fatos estão por aí. Será este rabisco uma loucura
obscena que eu tento extravasar esta solidão amorfa
novamente?
Estou só, tomando um chimarrão, ouvindo
risos e uma música aleatória.
Não queria!
Queria estar com alguém, falando e fazendo
atos de amor.
Já não mando flores, flores são piegas? Não
sei.
Estou triste, procuro sarar a tristeza com
palavras que esboço.
Todo dia vejo as pessoas e me olho no
espelho, quem…?
Por mais que digam que posso vir até a ter, já
perdi a esperança.
Quero finalizar isso!
Mas até isso se nega a se consumir.
Queria ligar para G., mas não! Ela não liga.
Queria escrever à A., mas não escrevo, ela
não escreve.
É, no amor precisa de reciprocidade.
Mas quem sou eu para falar de amor, de
algum idílio candido que não consigo.
Mais fácil é falar de desamor.
Tenho uma lista invejável de foras. O papel
vai registrálos.
Primeiro se me lembro bem, eu estava
genuflexo em frente a garota.
Genuflexo em frente a garota, friso.
Que cena deprimente, talvez não fosse a
primeira, mas ela não quis nem saber. As vezes
penso que a maioria das pessoas não acreditam que
uma outra pessoa possa ter sentimento, de péssima
aparência não.
Atraente, nunca fui, eu sei e este saber me
causa entraves. Saber de antemão que será
rejeitada, dói.
Como sei ? Estou só, escrevendo estas linhas
toscas que me saem aos montes.
Monte de merda que bem poderia ser uma
carta de amor. Já nem sei se consigo escrever isso,
carta de amor, mandar flores, a ser da pessoa
amada, "amiga" (friend zone).
Uma pessoa não me entende. Um monte
também.
Já extravasei em choro, verso e prosa.
Já disse a mesma coisa de diversos modos.
Tautologia pura e cínica para com todas.
Olho as pessoas, as observo, acreditam no que
geram para acreditar, acreditam que geram.
Me geraram, não? Me engulam então! Mas
estou só ...
Sei que existem milhões que passam por
isso.
Mas ficar tantos anos na mesma, sem
ninguém, se transformando em palhaça que alguém
ri e não reflete, já na face refletida de otária que
sou.
Que obsessão é esta?
Esta de querer amar uma única pessoa,
achála tão linda com seus defeitos, que obsessão é
esta que crio e que não existe na realidade?
Em qual tragédia grega resume minha vida?
A R. me deu um fora, e mais uma dúzia de
pessoas também. Isso dói. Que dor!!!
Quem me quer? (grito no leilão, eco no
vazio)
O silêncio das décadas arcam minhas costas,
vejo em cada dia, um ano sem ninguém, mais um
ano sem você, envelheço na cidade! (Já ouvi isso em
algum lugar!).
Pergunto se eu mesmo cavei esta cova que
agora me deito.
Eco no vazio.
É isso deus? (eco no vazio)
Só você me houve, minha mente, somos boas
parceiras, não é?
E, somos. Me entende, mas não te entendo,
conhece meus segredos mais secretos, mas não
conheço os seus.
Parece loucura, e é. Se alguém se atrever a
ler isso, não aconselho, vai entender? Creio que não,
quem sabe!
Esta angústia de tinta e papel é testemunha.
Não me iludo, não faço um monte de coisas.
Quero amar, só e simplesmente. Grito.
Que grito é esse, que aperto forte é esse que
sonho todos dias?
Amar ? ?
Esboço uma fé em deus, mas acaba no
esboço. Não quero nenhum favor, apenas alguém.
Amanhã virá certo, acordado e que vejo?
O céu azul, sol vida, mas nada de uma
pessoa amada que me beije com paixão e me aceite
do jeito que sou, que leia isso e se comova, deite do
meu lado e pergunte sobre a sinceridade e o
"momento" de tal sofrer. Bobagem. Escrevo com dor
de cabeça, ressaca de solidão.
Extravaso no papel e ele aceita. Que delícia,
penso. Uma pessoa, alguém ao meu lado me
beijando e conversando coisas diversas.
Que bom, se a bondade pode ser exprimida
de forma livre de sua conotação vulgar do senso
comum.
A sublime presença, um só dia inteiro pelo
menos, dessa pessoa, que briga e me abraça ao
mesmo tempo é tão prazerosa. Invidia le coppie!
Mas farei parte?
Não! Fico na inveja. Prova disso, estou
escrevendo.
Há de perguntar, tem alguém com você?
Se houvesse o sentido deste texto seria outro,
bem diferente. Posso fazer isso? Não sei. Sempre só
estou, só permaneço!
Minha alma gêmea vai ler isso? Não sei e
não creio,
A certeza do existir agora é transplantada
para este papel, uma máquina que congela um
momento. Aceita é claro, sem ressalvas. A certeza é
essa: Estou só, na solidão de meu pensamento.
Parte de mim aceita, outra não.
Parte de mim ri, outra não.
Amargor é que fica de resumo, meu medo é
que este amargo fique mais tempo e quando
acontecer (esperança ?!?) eu não consiga preparar
coisas para dizer e escrever Lembro da C., V., P., do
futuro que me parece o passado , sempre só.
Esses nomes, são isso, nomes de pessoas que
desencadeiam lembranças estranhas , boas e más,
pois estou só.
Não aguento mais! Uma pessoa pelo meu
reino, uma Julieta para meu ego Romeu.
Um sentir com mais teor.
Rima com amor! Mas estou só.
A rima é com pavor, horror desse monstro
que vejo no espelho! Eu?!
Queria estar alienado, mas estou chateado,
com insônia na noite dia de outono, esperando não
sei o quê. Eu sei o quê! Uma preciosa presença de
alguém e não um sonho imbecil.
Não preciso de psicologia para isso. O
problema é esta equação construída nas linha que
chegam até aqui.
Toda vez que chego a me aproximar de uma
pessoa, acontece algo, ou ela já tem alguém, ou quer
ter alguém que não seja eu (horrendo ser!) ou sei lá,
não me quer em resumo, vem com aquele papo
furado de amizade, vai se danar com sua amizade,
já tenho a solidão que é a mais fiel companheira.
Uma companheira que compartilha dores e amores,
sonhos e realidades. E minha zona de amizade está
bem populosa.
A prova é este texto mal acabado, mal
acompanhado, mal formatado. Um improviso
esquecido, abandonado por décadas em um canto de
armário, fermentando a tristeza ácida e amarga,
que em algum momento se tornará um ótimo blend
envelhecido de desespero aprovado pela amiga
solidão. Cheers!
9
Ao final, o que me sobrou, nada …?
Absolutamente nada, nem lágrimas tenho mais,
que crueldade fiz comigo, me reprimi de tal forma
que não ficou nem o que nos diferencia de outros
seres vivos, por que teimo em ser tão perverso
comigo, heim? Não adianta agora mudar, o que está
feito, está feito.
Não podemos mudar o que nos
transformamos, monstros que matam crianças de
nossos sentimentos, isto é ser adulto, assassinar
nossos sonhos e nos alienar de tal forma que o
melhor é estar tão impregnado que não dê margem
para o questionamento de nossos atos, como
podemos olhar o espelho e ver nosso sentimento
trucidado por um conjunto doloroso de meias
verdades, e não poder nem mesmo chorar?