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2 Ano Literatura e Gramatica PDF
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Literatura e Gramática
Professora: Áurea
Literatura
Reconhecer a relevância da Literatura de Língua Portuguesa para a construção do imaginário social e dos
valores pessoais;
Elucidar questões sobre as relações Brasil e Portugal no campo da Literatura;
Conhecer os maiores autores de cada época e o contexto histórico;
Conhecer as diferenças entre conto, novela e romance.
Discutir e interpretar obras literárias famosas a partir da crítica literária.
Gramática
Romantismo
Você se considera uma pessoa romântica? O que vem a ser Romantismo: um movimento ou um conjunto
de ações que uma pessoa tem para com seu par? É preciso diferenciar romantismo e Romantismo. Vejamos:
Contexto histórico
Sempre houve temperamento e sensibilidade romântica. O estado de alma romântico pode ser encontrado
em qualquer época, caracterizando-se pelo amor à natureza, a personalidade sonhadora, a fé, a liberdade, o
saudosismo e a emoção.
No século XIX esse temperamento era tão forte que caracteriza um estilo de época: o Romantismo.
A palavra-chave em fins do século XVIII e no início do século XIX era Liberdade. O Romantismo rompe com
a tradição clássica e abre caminho para a modernidade.
O novo público consumidor, de origem burguesa, não mais aceitando os padrões clássicos que indicavam
uma concepção estática do mundo, dita novos valores: o apego às tradições nacionais, o gosto pelas lendas e
narrativas de origem medieval e pelo heroísmo; o sacrifício e o sangue derramado, que evocavam o recente passado
revolucionário, e a afirmação das nacionalidades.
No Brasil, o Romantismo reveste-se de um marcante conteúdo nacionalista e de exaltação dos elementos
nacionais, pois corresponde ao nosso momento de luta pela emancipação política e de afirmação da nossa
nacionalidade. A literatura é utilizada como arma de ação política e social, através da poesia revolucionária e
abolicionista.
Todos os movimentos que sucederam o Romantismo e revelam rebeldia e recusa de tudo quanto possa
tolher a liberdade criadora são, de certo modo, uma continuidade dele. Assim, este movimento é um passo
importante rumo à modernidade.
Romantismo Arcadismo
Predomínio da Emoção Predomínio da Razão
Subjetivismo Objetivismo
Nacionalismo Universalismo; nativismo
Valorização da cultura popular Imitação da Cultura Clássica
Natureza mais real, que interage com o eu lírico Natureza como pano de fundo para os idílios amorosos
Sentimentalismo; estados de alma tristes e melancólicos Busca do equilíbrio, racionalismo
O Último Romântico
Lulu Santos
Contexto Histórico:
Portugal não se isolou dos demais países europeus no que diz respeito às transformações sociopolítico-
econômicas que se seguiram à Revolução Francesa. Merecem destaque as seguintes ocorrências:
a) substituição da monarquia absolutista pelo liberalismo;
b) vinda da família real para o Brasil, em 1808, fugindo da invasão francesa;
c) Independência do Brasil, com reflexos na economia portuguesa, visto que a burguesia perdeu um
importante mercado de exportação;
d) Constituição portuguesa de 1822, de caráter liberal.
Nesse contexto ocorreram as primeiras manifestações do Romantismo português, período em que merecem
destaque Almeida Garret, Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco e Júlio Dinis.
Autores e obras:
Almeida Garret (1799 – 1854)
João Batista da Silva de Almeida Garret nasceu no Porto e morreu em Lisboa.
Formou-se em direito pela Universidade de Coimbra. Viu-se obrigado ao exílio na Inglaterra
quando a Constituição de 1822 foi abolida por um golpe comandado pela aristocracia
portuguesa. Além de escritor, fundou pelo menos quatro jornais e exerceu intensas
atividades parlamentares e diplomáticas Seu relacionamento adúltero com a viscondessa da
Luz parece ter inspirado Folhas caídas, seu principal livro de poemas.
Obras:
Poesia: Camões (1825) – publicado em Paris, a primeira edição omitia, por razões políticas, o nome do autor; Dona
Branca (1826); Folhas caídas (1853),
Prosa: Viagens na minha terra (1846); O Arco de Santana (em dois volumes: 1845 e 1850).
Teatro: Frei Luís de Sousa (1844).
Almeida Garret é considerado o mais importante autor romântico português. Além de ter renovado o teatro
com Frei Luís de Sousa, estimulou o nacionalismo, despertando o gosto pela tradição popular, que incorporou,
sobretudo nos romances.
Dentre os poemas escritos por Almeida Garret, podemos destacar aqui um poema em que o espírito
romântico aparece de maneira bastante evidente. Vejamos:
1. Crie um vocabulário com as palavras que você não conhece. Em seguida, consulte um dicionário para elucidá-las.
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2. Explique a diferença de amar e querer, de acordo com o poema de Garret.
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Ascensão do Romance
“Ainda não há respostas inteiramente satisfatórias para muitas das perguntas genéricas que qualquer pessoa
interessada nos romancistas de inícios do século XVIII poderia formular. O romance é uma forma literária nova?
Supondo que sim, como em geral se supõe, e que se iniciou com Defoe, Richardson e Fielding, em que o romance
difere da prosa de ficção do passado, da Grécia, por exemplo, ou da Idade Média, ou da França do século XVII? E há
algum motivo para essas diferenças terem parecido em determinada época e em determinado local?
Nunca é fácil abordar questões tão amplas, muito menos respondê-las, e neste caso elas são particularmente
difíceis, pois a rigor Defoe, Richardson e Fielding não constituem uma escola literária. Na verdade suas obras
apresentam tão poucos indícios de influência recíproca e são de natureza tão diversa que à primeira vista parecia
que nossa curiosidade sobre o surgimento do romance dificilmente encontraria alguma satisfação além daquela
oferecida pelos termos “gênio” e “acidente,[..]”1
Na Europa do século 19, com a ascensão da burguesia,
surge um novo gênero narrativo. A classe burguesa emergente, o
novo público leitor, tinha a necessidade de meios mais objetivos de
contar histórias. Entendia-se que o novo público demandava
leituras sobre o seu cotidiano, ou seja, as histórias deveriam ter
sempre uma correspondência com a realidade. Podemos entender
melhor esse tópico se o compararmos com as telenovelas dos dias
atuais, elas atendem à demandas sociais e não costumam inovar
muito em seus enredos. Isso acontece por que há a preocupação com o público, antes da preocupação estética.
Você sabe a diferença entre poema e poesia? Você seria capaz de explicar as diferenças entre romance,
conto e novela? Faça uma pesquisa nos sites indicados e depois defina com suas próprias palavras
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1
Watt, Ian. A ascensão do romance : estudos sobre Defoe, Richardson e. Fielding / Ian Watt ; tradução Hildegard
Feist. (Câmara Brasileira do livro, SP, Brasil).
LÍNGUA PORTUGUESA - 2º ANO - ENSINO MÉDIO TÉCNICO – 2016 16
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“Eurico, o Presbítero é um livro escrito por Alexandre Herculano. Está na linha de livros do
Romantismo em obra épica. O livro busca enfatizar de forma ferrenha as características ao ponto
de comparar a mulher a um ser angelical, as idéias opostas estão no decorrer de toda trama, o
uso freqüente da natureza para mostrar a natureza humana (sentimento bucólico), romantismo
monológico (onde o amor só tem uma linha de raciocínio), idealismo platônico, conflito dos
personagens é constante”. (Por Roberta Laisa Dantas de Sousa - http://www.infoescola.com/livros/eurico-o-
presbitero/)
b) O caráter ultra-romântico de sua novelas e romances revela-se, sobretudo pelo sentimentalismo exagerado das
personagens;
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c) Inaugurou o Romantismo português com um poema narrativo que é a biografia poética de um famoso poeta
renascentista.
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7. “(...) a porta abriu-se, e um vulto negro de monja apareceu no limiar dela.” (Alexandre Herculano)
A presença de figuras do mundo medieval na literatura romântica portuguesa relaciona-se:
a) ao mal-do-século;
b) à evasão no passado histórico em busca das raízes da nacionalidade.
c) à necessidade de incorporar à literatura figuras excêntricas.
d) à religiosidade que marcou todo o Romantismo.
1ª GERAÇÃO – Nacionalista
Características: Nacionalismo, aversão à influência portuguesa (lusofobia), religiosidade misticismo, indianismo.
Principais autores:
Gonçalves Dias: Antônio Gonçalves Dias nasceu em 10 de agosto de 1823, no sítio Boa
Vista, em terras de Jatobá, a 14 léguas de Caxias. Aos 41 anos morreu em um naufrágio do
navio Ville Bologna próximo a região de Baixos dos Atins no município de Tutóia, próximo
aos Lençóis maranhenses, em 3 de novembro de 1864. Apesar de ser Advogado de
formação é conhecido muito mais como Poeta.
Vocabulário:
Cismar – ficar absorto em pensamentos.
Primor – beleza, encanto.
EXERCÍCIOS
1. O poema se constrói com a oposição aqui e lá. Identifique a que locais se refere e o que fica explícito nessa
comparação?
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2. O olhar do poeta ora se volta para os céus da pátria (estrelas), ora para o solo (flores). Que elemento pode ser
considerado como intermediário entre esses dois modos de olhar?
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2ª GERAÇÃO – Ultrarromântica
Principais autores:
Álvares de Azevedo: Sua obra, influenciada também pela sua personalidade adolescente, revela ambigüidade,
indecisão: ora aspira aos amores virginais e idealiza a mulher; ora descreve-a erotizada e degradada. Brumas,
visões, sonhos e sentimentalidade cedem lugar muitas vezes ao realismo humorístico, ao cinismo e à irreverência.
Revelando uma dúbia inclinação pela mãe e pela irmã, a imagem punitiva da mãe talvez tivesse contribuído para a
sua oscilação entre o erotismo e a moralidade.
Foi o poeta que mais se deixou contagiar pelo mal-do-século: a temática do tédio e da morte, o ceticismo e o
culto do funéreo atravessam todas as suas obras; a angústia, a descrença e o satanismo estão presentes até mesmo
no lirismo amoroso, no qual o amor e a felicidade se mostram como coisas inatingíveis.
Casimiro de Abreu: dois temas marcam as suas obras: o saudosismo (da pátria, da família, do
lar, da infância) e o lirismo amoroso. Em sua poesia lírico-amorosa encontramos a imagem da
mulher meiga e idealizada. Sua oscilação entre a sentimentalidade e os impulsos eróticos o
conduz a uma malícia mascarada, fruto do temor de transgredir os limites da moralidade do seu
tempo e da necessidade de descrever sentimentos e situações adolescentes, mais imaginativas
que reais. Ambos os temas são marcados pelo pessimismo decorrente do mal-do-século.
Fagundes Varela: Cultivou temas de todas as gerações: o pessimismo, a morbidez, a natureza, a poesia
amorosa, além de mostrar-se contrário à monarquia e à escravidão. Escreveu também poemas religiosos,
de inspiração bíblica, apesar de criticar a Igreja da época.
Junqueira Freire: Sua obra tem pouca importância estética e é marcada pelo sentimento religioso, o
erotismo frustrado e a obsessão pela morte.
Castro Alves: duas vertentes marcam suas obras: a poesia social e a poesia lírica. Sua
poesia social caracterizava-se pelos temas abolicionistas e de libertação dos povos; incorpora
o negro, de forma definitiva, na literatura, apresentando-o como herói e como um ser amoroso,
ativo, sofredor, esperançoso, oprimido e lutador. Ao contrário dos outros românticos, sua
poesia lírico-amorosa parece resultar em grande parte da experiência real e não apenas da
imaginação. São poemas que traduzem esperança, euforia, desespero, saudade,
pressentimento da morte, exaltação da natureza e um sensualismo erótico, expresso por palavras recorrentes como
seios, cabelos, perfumes, etc.
VOZES D’ÁFRICA
Castro Alves
(fragmentos)
2. O eu-lírico do poema é a África personificada. Nas duas primeiras estrofes do fragmento o interlocutor do eu-lírico
é
a) Prometeu b) Deus c) abutre d) Suez
3. No verso “Que embalde desde então corre o infinito...”, a palavra destacada tem o sentido de
a) inutilmente b) rapidamente c) lentamente d) isoladamente
2. Com que elementos os românticos brasileiros expressavam o sentimento nacionalista? A fauna, a flora são
representativas?
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3. Que elemento representava as virtudes do homem nacional, o símbolo da raça brasileira, de auto-afirmação de
nossa nacionalidade e, de certo modo, de oposição ao português?
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4. Com qual poeta observa-se o choque entre os símbolos românticos e a realidade nacional?
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10. Identifique a característica romântica marcante neste fragmento do poema “Meus oito anos”, de Casimiro de
Abreu.
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E os beijos de minha irmã!
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A urbanização da cidade do Rio de Janeiro, agora transformada em corte, criando uma sociedade
consumidora representada pela aristocracia rural, profissionais liberais e jovens estudantes, todos em busca de
entretenimento, o espírito nacionalista a exigir uma “cor local” para os romances, e na a mera importação ou tradução
de obras estrangeiras, o jornalismo vivendo seu primeiro grande impulso e a divulgação em massa de folhetins; o
avanço do teatro nacional: estes são alguns fatos que explicam o aparecimento e o desenvolvimento do romance no
Brasil.
Respondendo às exigências do público leitor, surgem romances que giram em torno da descrição dos
costumes urbanos e amenidades do campo, ou que apresentam imponentes selvagens, personagens concebidos
pela imaginação e ideologia românticas, com os quais o leitor se identifica, pois retratam uma “realidade” que lhe
convém.
Dessa forma, pela aceitação obtida junto ao público leitor, por ter moldado o gosto desse público ou
correspondido às suas expectativas, convenciou-se adotar o romance A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo,
lançado em 1844, como o primeiro romance brasileiro.
Principais autores:
Joaquim Manuel de Macedo: Soube como ninguém adaptar o romance romântico
europeu ao nosso ambiente, satisfazendo o público leitor da época. Retornando sempre às
mesmas fórmulas, escreveu singelas histórias, cheias de sentimentalismo, cujo cenário era
o meio natural e social do Rio de Janeiro e a sociedade pequeno-burguesa do século XIX.
Nas ruas, nas festas públicas e nos saraus vamos encontrar suas personagens:
estudantes, comerciantes, funcionários públicos, comadres, alcoviteiras e caixeiros. Suas
narrativas terminam sempre com um final feliz, depois de muitos obstáculos e peripécias que vão se desfazendo até
o desenlace.
Suas principais obras são romances: A Moreninha, O Moço Loiro, Os dois amores. A luneta mágica;
no teatro: O cego, O fantasma branco, O primo da Califórnia.
A MORENINHA (FRAGMENTO)
O fragmento que você vai ler pertence ao capítulo XVI do romance A moreninha, cujo enredo apresentamos
em linha gerais:
Um grupo de estudantes, augusto, Leopoldo, Fabrício e Felipe, resolve passar um fim de semana em casa
deste último, na ilha de Paquetá. Como augusto se dizia incapaz de um compromisso amoroso duradouro, Felipe faz
com ele a seguinte aposta: se Augusto ficasse apaixonado pela mesma mulher durante quinze dias ou mais, ele,
Augusto, seria obrigado a escrever um romance relatando o acontecimento. Na ilha, Augusto conhece Carolina (A
Moreninha), irmã de Felipe, por quem acaba se apaixonando. Mas o juramento feito a uma menina que conhecera
aos treze anos, cujo paradeiro e identidade desconhecia, é um obstáculo à união dos dois. Ao descobrir que a
menina de outrora era a própria Moreninha, o conflito se resolve favoravelmente.
Em um sarau todo o mundo tem que fazer. O diplomata ajusta, com um copo de champanha na mão,
os mais intrincados negócios; todos murmuram e não há que deixe de ser murmurado. O velho lembra-se dos
minuetos e das cantigas do seu tempo, e o moço goza todos os regalos da sua época; as moças são no sarau como
estrelas no céu; estão no seu elemento; (...) daí a pouco vão outras pelo braço de seus pares, se deslizando pela
sala e marchando em seu passeio, mais a compasso que qualquer de nossos batalhões da Guarda Nacional, ao
mesmo tempo que conversam sempre objetos inocentes que movem olhaduras e risadinhas apreciáveis. Outras
criticam de uma gorducha vovó, que ensaca nos bolsos meia bandeja de doces que vieram para o chá, e que ela leva
aos pequenos que, diz, lhe ficaram em casa. Ali vê-se um ataviado dândi que dirige mil finezas a uma senhora idosa,
tendo os olhos pregados na sinhá, que senta-se ao lado. Finalmente, no sarau não é essencial ter cabeça nem boca,
porque, para alguns é regra, durante ele, pensar pelos pés e falar pelos olhos.
E o mais é que nós estamos num sarau: inúmeros batéis conduziram da corte para a ilha de ...
senhoras e senhores, recomendáveis por caráter e qualidade: alegre, numerosa e escolhida sociedade enche a
grande casa, que brilha e mostra em toda a parte borbulhar o prazer e o bom gosto.
Entre todas essas elegantes e agradáveis moças, que com aturado empenho se esforçam por ver
qual delas vence em graças, encantos e donaires, certo que sobrepuja a travessa Moreninha, princesa daquela festa.
(Joaquim Manuel de Macedo)
Vocabulário:
Minuete (minueto) – nome de antiga dança francesa e da música que acompanhava essa dança.
Regalo – prazer;
Ataviado – enfeitado, ornado;
Dândi – homem que se veste com extremo apuro; almofadinha;
Batel – pequena embarcação.
Aturado – constante, persistente.
Donaire – elegância, adorno.
EXERCÍCIOS
Romance indianista – Em textos de forte conteúdo lírico e fundamentação mais lendária do que histórica
Alencar faz contrastarem a ganância e a falsidade do civilizado europeu com o mito do “bom selvagem”, a quem dá
características de fidalgo. A incorporação do vocabulário tupi e a atenção aos costumes indígenas também marcam
sua prosa indianista, da qual fazem parte os romances O guarani, Iracema e Ubirajara.
Romance urbano – Trata da vida carioca de então; apresenta-nos dramas morais e tipos femininos
complicados. O amor, o casamento por interesse, a sociedade patriarcal e a importância do dinheiro estão presentes
nos enredos que teceu. Pertencem ao romance urbano de Alencar as obras Cinco minutos, A viuvinha, Lucíola, Diva,
A pata da gazela, Sonhos d’ouro, Senhora e Encarnação.
Romance regionalista – Traça um painel das principais regiões do país: o extremo sul, o interior
fluminense, o planalto paulista e o Nordeste, fazendo uma descrição de hábitos e costumes dessas regiões em O
gaúcho, O tronco do ipê, Til, O sertanejo.
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem
dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O
favo da jati não era doce como seu sorriso, nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais
rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão pelas matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo,
da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as
primeiras águas. Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da
oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os miúdos
cabelos. Escondidos na folhagem, os pássaros ameigavam o canto. Iracema saíra do banho; o aljôfar da água ainda
a roreja, como à doce mangaba que corou em manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do guará as
flechas do seu arco e concerta com o sabiá da mata, pousado no galho próximo, o canto agreste. A graciosa ará, sua
companheira e amiga, brinca junto dela.
(José de Alencar)
Vocabulário:
EXERCÍCIOS
1. Alencar faz uma descrição de Iracema. É uma descrição física ou moral?
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2. O Romantismo procura valorizar nossa fauna e nossa flora. Trata-se de uma forma de nacionalismo. Isso ocorre
no texto lido? Justifique.
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3. A natureza, no texto, é decorativa ou há um entrosamento, uma harmonia entre a personagem e ela? Explique.
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SENHORA (FRAGMENTO)
O fragmento que você vai ler pertence ao último capítulo do romance Senhora. O enredo é o seguinte:
Fernando Seixas abandona a noiva, Aurélia Camargo, trocando-a por Adelaide, de quem não gosta, mas
que possui um dote. Mais tarde, Aurélia recebe uma herança e, através do seu tutor, oferece 100 contos ao ex-noivo
para se casarem. Casados, Aurélia passa a tratá-lo como um objeto comprado. Fernando ganha dinheiro na bolsa de
valores e paga o seu resgate, após o que se conciliam para sempre.
Depois de restituir o dinheiro a Aurélia, partindo o vínculo que os prendia, Seixas procura justificar-se:
Ouça-me; desejo que um dia remoto, quando refletir sobre este acontecimento, me restitua uma parte da
sua estima; nada mais. A sociedade no seio da qual me eduquei, fez de mim um homem à sua feição; o luxo
dourava-me os vícios, e eu não via através da fascinação o materialismo a que eles me arrastavam. Habituei-me a
considerar a riqueza como primeira força viva da existência, e os exemplos, ensinavam-me que o casamento era
meio tão legítimo de adquiri-la, como a herança e qualquer honesta especulação. Entretanto, ainda assim, a senhora
me teria achado inacessível à tentação, se logo depois que seu tutor procurou-me, não surgisse uma situação que
me aterrou. Não somente vi-me ameaçado da pobreza, e o que mais me afligia, da pobreza endividado, como me
achei o causador, embora involuntário, da infelicidade de minha irmã cujas economias eu havia consumido, e que ia
perder um casamento por falta de enxoval. Ao mesmo tempo minha mãe, privada dos módicos recursos que meu pai
lhe deixara, e de que eu tinha disposto imprevidentemente pensando que os poderia refazer mais tarde!... Tudo isto
me abateu. Não me defendo; eu devia resistir e lutar, nada justifica a abdicação da dignidade. Hoje saberia afrontar a
adversidade, e ser homem; naquele tempo não era mais do que um ator de sala; sucumbi. Mas a senhora regenerou-
me e o instrumento foi esse dinheiro. Eu lhe agradeço.(...)
Seixas recuou um passo até o meio do aposento, e fez uma profunda cortesia, à qual Aurélia respondeu.
Depois atravessou lentamente à câmara nupcial agora iluminada. Quando erguia o reposteiro ouviu a voz da mulher.
– Um instante! - disse Aurélia.
– Chamou-me?
– O passado está extinto. Estes onze meses, não fomos nós que os vivemos, mas aqueles que se acabam
de separar, e para sempre. Não sou mais sua mulher; o senhor já não é meu marido. Somos dois estranhos. Não é
verdade?
Seixas confirmou com a cabeça.
– Pois bem, agora me ajoelho eu a teus pés, Fernando, e suplico-te que aceites meu amor, este amor que
nunca deixou de ser teu, ainda quando mais cruelmente ofendia-te.
A moça travara das mãos de Seixas e o levara arrebatadamente ao mesmo lugar onde cerca de um ano
antes ela infligira ao mancebo ajoelhado a seus pés, a cruel afronta.
Mais autores:
Franklin Távora: Apesar de ter sido um dos fundadores do regionalismo brasileiro, propondo uma
literatura baseada na realidade, na história, na geografia e nos costumes locais, produziu romances
enfadonhos. Não conseguiu realizar suas intenções realistas e naturalistas, deixando que em sua
obra se impusesse o convencionalismo romântico.
Suas principais obras são: Os índios do Jaguaribe, A casa de palha; O Cabeleira; O matuto,
Lourenço.
Os fragmentos seguintes permitem uma comparação que vai revelar o declínio do estilo romântico.
Primeiramente mostraremos textos extraídos de romances românticos; embaixo, trechos extraídos do romance
Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida:
A figura da mulher
Texto A – Descrição de uma heroína imaginada pela personagem central do O moço Loiro, romance de
Joaquim M. de Macedo.
“Eu vi uma mulher verdadeiramente bela. Seus cabelos são negros e fuzidios como azeviche; seus olhos
grandes, pretos e ardentes, dardejavam vistas de fogo tão penetrantes como o raio de sol.
Sua fronte branca, elevada e lisa, é o trono do mais nobre sossego; seu rosto pálido, melancólico e doce (...)
Seus braços são alvos e torneados.”
Texto B – Luisinha é a personagem por quem Leonardo, o herói do romance, se apaixona. Leia a descrição
da moça.
“Era alta, magra, pálida; andava com o queixo enterrado no peito, trazia as pálpebras sempre baixas e
olhava a furto; tinha os braços finos e compridos; o cabelo, cortado, dava-lhe apenas até o pescoço, e como andava
mal penteada(...) uma grande porção caía-lhe sobre a testa e olhos como viseira. Trajava nesse dia um vestido de
chita roxa muito comprido.”
O Amor
Texto A – Observe a retomada do romance entre as personagens. Aurélia dirige-se a Seixas, Em Senhora.
“– Aquela que te humilhou, aqui a tens abatida, no mesmo lugar onde ultrajou-te, nas iras da sua paixão.
Aqui a tens implorando teu perdão e feliz porque te adora, como senhor de sua alma.”
Autor e obra:
Leia o fragmento do capítulo XVIII das Memórias de um sargento de milícias, cujo enredo é o seguinte:
Leonardo Pataca e Maria, pais do anti-herói Leonardo, se conhecem numa viagem de navio. Pataca aplica
um beliscão em Maria e recebe de volta uma pisadela. “Nove meses depois, filho de uma pisadela e de um beliscão,
nascia Leonardo”. Sua mãe foge com um capitão de navio e Leonardo fica aos cuidados do compadre, depois de ver-
se enjeitado pelo pai. Preguiçoso e desordeiro é preso pelo Major Vidigal e obrigado a engajar-se como soldado. A
farda não lhe modifica o caráter, e novamente é preso. Maria Regalada, ex-amante do Major, interfere e consegue
convencer Vidigal a libertar Leonardo e promove-lo a sargento. Leonardo, enfim, casa-se com Luisinha e tudo
termina bem.
EXERCÍCIOS
A utilização do éter em anestesia, a assepsia, a formulação da teoria microbiana das doenças, a descoberta
dos microrganismos responsáveis pela sífilis, pela malária e pela tuberculose foram conquistas científicas da
segunda metade do século XIX, além de outros avanços científicos muito marcantes.
Essa evolução da ciência permitiu explicar fenômenos até então inexplicáveis ou alterou a maneira de
explicar outros, considerados como já desvendados. O cientificismo substituiu progressivamente o subjetivismo
romântico, que marcara o início do século. Atribuiu-se à ciência o poder de dar a conhecer as coisas como elas
efetivamente eram a capacidade de resolver os problemas da humanidade. Por isso, considerou-se que os métodos
da ciência deviam ser estendidos a todos os domínios da vida humana. Esse espírito científico gerou novas maneiras
de pensar, de viver, de produzir arte.
Impulsionou a aceitação desses princípios a publicação da obra A origem das espécies, de Charles Darwin,
na qual o cientista expõe a teoria da evolução das espécies por seleção natural: o meio ambiente condicionaria todos
os seres, deixando sobreviver os mais fortes e eliminando os mais fracos. A teoria, que nega a origem divina do
mundo, dogma bastante respeitado no período romântico, foi rejeitada por muitos e exaltada por outros, que a
consideraram uma espécie de “nova Bíblia”.
Na análise e compreensão da cultura da segunda metade do século XIX é importante considerar ainda
estes aspectos:
a) A pequena burguesia (classe média da época) passou a ocupar o primeiro plano no cenário histórico, em
detrimento da aristocracia e mesmo do clero. Unida de início ao proletariado, essa classe social opôs-se à
aristocracia, seguindo mais tarde rumo diferente.
b) No campo da economia, o acentuado interesse pelo liberalismo – herança do período anterior – fazia
prover a vitória do capitalismo industrial e, com ele, a ideia do lucro.
Como diz o historiador Arnold Hauser: “O dinheiro é a força que domina toda a vida pública e privada e [...]
todos os direitos passam a exprimir-se através dele”.
Os trabalhadores assalariados viviam em condições miseráveis e excluídos das vantagens decorrentes do
avanço científico e industrial.
c) Tentou-se aplicar à filosofia os mesmos critérios empregados nas ciências naturais, e surgiu a corrente
de pensamento denominada positivismo, que sustentava que a realidade só poderia ser analisada a partir da
observação dos fatos, rejeitando qualquer explicação metafísica para a origem do homem e do mundo. Todos os
fenômenos se resumiriam, portanto, ao seu aspecto material. Essa concepção filosófica era bastante adequada a
uma sociedade que valorizava os bens materiais acima de qualquer coisa. O materialismo é outro traço dominante do
período.
Foi nesse contexto que surgiu a arte realista.
O realismo ocorre toda vez que a arte procura expressar o mundo de maneira objetiva, deixando em
segundo plano a subjetividade e o sentimentalismo. Por isso, em qualquer época pode-se falar de arte realista para
designar a arte resultante de uma atitude racional, lógica, diante das coisas.
Já o termo Realismo designa um estilo de época que predominou na segunda metade do século XIX. A arte
desse período desprende-se do sonho, da fantasia, da subjetividade, guiando-se por uma concepção lógica, racional,
do mundo.
O Naturalismo não é independente do Realismo. Ambos têm como objeto de observação a realidade
exterior; ambos são postos em relevo pela literatura no mesmo período. O Naturalismo incorporou ao Realismo o
cientificismo da época, o determinismo e a crença de que os homens estariam condicionados pela hereditariedade,
pelo meio e pelas circunstâncias, criando daí romances que são verdadeiras teses científicas, nos quais o artista cria
situações de causa e efeito para melhor descrever atitudes e personalidades, evidenciando preocupações
patológicas.
Características do Realismo
Veracidade – Desprezando a imaginação romântica, o realista procura narrar fatos que tenham seus
correspondentes na realidade exterior, evitando, portanto, situações que possam parecer artificiais ou improváveis.
Contemporaneidade – Ao contrário dos românticos, que se evadiam para um mundo situado no passado ou
no futuro, o realista procura a realidade que lhe é contemporânea.
Retrato fiel das personagens – Na busca da verdade, o realista prefere retratar tipos concretos, vivos, não-
idealizados. Por coincidir com o desenvolvimento da psicologia, o Realismo, além de retratar, procura interpretar o
caráter da personagem e os motivos de suas ações. É comum a caracterização de indivíduos que representem
aspectos negativos da natureza humana: o avarento, o covarde, o ambicioso, o fraco, o mesquinho, a adúltera, a
prostituta, etc.
Gosto pelos detalhes específicos – Objetivando precisão e fidelidade, o realista não abre mão dos detalhes
e minúcias na caracterização das personagens e ambientes, na observação de atitudes e sentimentos. Isto também
contribui para uma certa lentidão da narrativa.
Materialização do amor – Ao contrário do romântico que tem uma visão espiritual e sentimental do amor, o
realista volta-se para o aspecto físico. O homem passa a ver a mulher como objeto de prazer e é comum a temática
do adultério e dos crimes passionais.
Denúncias das injustiças sociais – Acreditando numa função social da arte, os realistas fazem dela uma
arma de combate e denúncia das diferenças sociais, mostrando os preconceitos, a hipocrisia, a ambição dos homens
e a exploração das classes menos favorecidas.
Determinismo e relação causa e efeito – O realista procura uma explicação lógica para as atitudes das
personagens, considerando a soma de fatores que justificam suas ações. Dá-se ênfase ao instinto, ao meio ambiente
e à hereditariedade como forças determinantes do comportamento do indivíduo.
Linguagem próxima à realidade e preocupação formal – O realista utiliza-se de palavras menos “nobres” e
até mesmo vulgares como: tuberculose, moléstia, cebolas, moedas, carne, podridão. A linguagem realista é simples,
natural, correta, clara e equilibrada.
No romance de tendência naturalista a ação é muito importante, já que permite exteriorizar o drama vivido
pelas personagens. Já no romance realista a ação é menos importante, pois predomina a preocupação com o mundo
interior da personagem.
Apesar da imparcialidade e da impessoalidade que o narrador procura manter, não se deve confundir uma
obra de arte, mesmo realista, com um documento. Interpretando a vida por meio de métodos parecidos com os das
ciências exatas, o escritor realista/ naturalista procura também provocar discussão sobre a realidade social e
contribuir no sentido de modificá-la. A burguesia, vista como uma classe social repleta de “vícios românticos”,
especialmente o egoísmo e o individualismo, torna-se o alvo predileto da crítica desses escritores, assim como a
Igreja.
No plano político, os realistas/ naturalistas defendiam ideias republicanas e socialistas, e acentuava-se o
repúdio à monarquia e ao clero. Os artistas passaram a considerar suas obras como instrumento de denúncia e de
combate. É a chamada “arte engajada”.
EXERCÍCIOS
1. Leia:
[...] Em, outras circunstâncias, colocado em meio social diverso, talvez que padre Antonio de Morais viesse a ser um
santo, no sentido puramente católico da palavra [...]. Mas nos sertões do Amazonas, numa sociedade quase
rudimentar, sem moral, sem educação... vivendo no meio da mais completa liberdade de costumes, sem a coação da
opinião pública [...] devia cair na regra geral dos seus colegas de sacerdócio, sob a influência enervante e corruptora
do isolamento, e entregara-se ao vício e à depravação[...]
(Inglês de Sousa – O missionário)
a) No texto enfatiza-se a influência do meio sobre a personagem. Explique:
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2. Leia:
Por determinismo entende-se a relação entre os fenômenos. De acordo com o determinismo, os fenômenos se
relacionam de forma tão rigorosa que, a um dado momento, todo fenômeno está completamente condicionado pelos
que o precedem e acompanham e, ao mesmo tempo, condiciona os que o sucedem.
O texto seguinte trata da personagem Jerônimo, um trabalhador português que passou a morar num cortiço no Rio
de Janeiro:
O português abrasileirou-se para sempre; fez-se preguiçoso, amigo das extravagâncias e dos abusos, luxurioso e
ciumento; fora-se-lhe de vez o espírito da economia e da ordem; perdeu a esperança de enriquecer[...]
(Aluísio Azevedo – O cortiço)
a) Que verbo do texto revela que a personagem acabou condicionada ao meio?
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b) Resuma as características que ela teria perdido.
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c) “Aproveitando um movimento da rapariga para compor o traje, Crapriúna ergueu-se, e recuou de salta. Arquejava
de cansaço e da boca lhe borbulhava sangrenta espuma. Os olhos, injetados, fulgiam de volúpia brutal, louca,
fincando-se desvairados em Luzia, desgrenhada, o seio nu e as penas esculturais a surgirem pelos rasgões das
saias, caídas em farrapos. Ébrio de luxuria, exasperado pela invocação de Alexandre, o monstro, recobrando o alento
acometeu – a, rugindo. Luzia conchegou o peito as vestes dilaceradas, e, com a destra, tentou garrotear o pescoço;
mas, sentiu – se presa pelos cabelos e conchegada ao soldado que, em convulsão horrenda, delirante, a ultrajava
com uma voracidade comburente de beijos. Súbito, ela lhe cravou as unhas no rosto para afasta – lo e evitar o
contato afrontoso.” (Luísa-Homem, Domingos Olímpio)
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1865 – O poeta Antero de Quental publica seu livro de poemas Odes modernas, considerando o marco
inicial do Realismo português.
1890 – A publicação da obra Oaristos, de Eugênio de Castro, marca o início do Simbolismo em Portugal.
A Questão Coimbrã foi uma polêmica entre escritores de Lisboa e Coimbra, em que se defrontaram os
defensores de ideias consideradas ultrapassadas e os adeptos das novas correntes de pensamento que tomavam
conta da Europa.
O escritor romântico português Antônio de Castilho, muito respeitado pelo publico e líder de um grupo de
poetas ultrarromânticos, escreveu um posfácio à obra Poema da mocidade, de Pinheiro Chagas, poeta que ainda
seguia rigidamente o modelo romântico. Nesse posfácio, Castilho acusava os novos escritores de exibicionismo.
Entre os acusados achava-se Antero de Quental, líder do grupo de jovens escritores. Quental elaborou em resposta
um folheto denominado Bom Senso e Bom Gosto, em que ridicularizava Castilho e defendia a nova geração. Estava
criada a polêmica, que, na verdade, refletia a discordância entre românticos e realistas.
Folhetos continuaram saindo, e dois grupos se formaram, um liderado por Castilho e outro por Quental. Os
princípios defendidos pela nova geração consolidaram-se numa série de palestras, as Conferências do Cassino
Lisbonense, em que os jovens expunham novas ideias a respeito da política e da vida cultural do país.
Aos poucos, os moços de Coimbra firmaram seus pontos de vista. Passaram a ser conhecidos como
geração de 70 ou geração realista.
PROSA
Você vai ler um trecho do romance O primo Basílio, de Eça de Queirós, publicado em 1878.
Luísa e Jorge formavam um casal feliz até o aparecimento de Basílio, primo de Luísa. Na ausência do
marido, que viajara a trabalho por alguns meses, e influenciada pelas leituras de folhetins, Luísa acabou tornando-se
amante do primo Basílio. Chantageada pela empregada, que se apossou de algumas cartas dela ao amante, Luísa
morre de estranha febre cerebral, logo após o regresso de Jorge.
O fragmento que vamos ler narra a primeira ida de Luísa ao Paraíso, local dos encontros furtivos do casal
de amantes.
Ia encontrar Basílio no Paraíso pela primeira vez. E estava muito nervosa; não pudera dominar, desde pela
manhã, um medo indefinido que lhe fizera pôr um véu muito espesso, e bater o coração ao encontrar Sebastião. Mas
ao mesmo tempo uma curiosidade intensa, múltipla, impelia-a com um estremecimentozinho de prazer. – Ia, enfim,
ter ela própria aquela aventura que lera tantas vezes nos romances amorosos! Era uma forma nova do amor que ia
experimentar, sensações excepcionais! Havia tudo – a casinha misteriosa, o segredo ilegítimo, todas as palpitações
do perigo! Porque o aparato impressionava-a mais que o sentimento; e a casa em si interessava-a, atraía-a mais que
Basílio! Como seria? Era para os lados de Arroios, adiante do Largo de Santa Bárbara; lembrava-se vagamente que
havia ali uma correnteza de casas velhas... Desejaria antes que fosse no campo, numa quinta, com arvoredos
murmurosos e relvas fofas; passeariam então, com as mãos enlaçadas, num silêncio poético; e depois o som da
água que cai das bacias de pedra daria um ritmo lânguido aos sonos amorosos...Mas era num terceiro andar, - quem
sabe como seria dentro? (...)
(...) Imaginava Basílio esperando-a estendido num divã de seda; e quase receava que a sua simplicidade
burguesa, pouco experiente, não achasse palavras bastante finas ou carícias bastante exaltadas. Ele devia ter
conhecido mulheres tão belas, tão ricas, tão educadas no amor! Desejava chegar num coupé seu, com rendas de
centos de mil- réis, e ditos tão espirituosos como um livro...
A carruagem parou ao pé de uma casa amarelada, com uma portinha pequena. Logo à entrada um cheiro
mole e salobro enojou-a. A escada, de degraus gastos, subia ingrememente, apertada entre paredes onde a cal caía,
e a umidade fizera nódoas. No patamar da sobreloja, uma janela com um gradeadozinho de arame, parda do pó
acumulado, coberta de teias de arame, parda do pó acumulado, ao lado, sentia-se ranger de um berço, o chorar
doloroso de uma criança.
Mas Basílio desceu logo, com um charuto na boca, dizendo baixo:
- Tão tarde! Sobe! Pensei que não vinhas. O que foi?
A escada era tão esguia, que não podiam subir juntos. E Basílio, caminhando adiante, de esguelha:
- Estou aqui desde a uma hora, filha! Imaginei que te tinhas esquecido da rua...
Empurrou uma cancela, fê-la entrar num quarto pequeno, forrado de papel às listras azuis e brancas.
Luísa viu logo, ao fundo, uma cama de ferro com uma colcha amarelada, feita de remendos, juntos de
chitas diferentes; e os lençóis grossos, de um branco encardido e mal lavado, estavam impudicamente entreabertos...
Fez-se escarlate; sentou-se, calada, embaraçada. E os seus olhos muito abertos iam-se fixando – nos
riscos ignóbeis da cabeça dos fósforos, ao pé da cama; na esteira esfiada, comida, com uma nódoa de tinta
ESTUDO DO TEXTO
1. Sobre o local do encontro, a “casinha misteriosa”, ocorre uma oposição entre o devaneio de Luísa e a realidade.
Explique:
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2. Releia:
“Ia, enfim, ter ela própria aquela aventura que lera tantas vezes nos romances amorosos!”
Considerando o fragmento, responda: qual foi o objetivo do autor ao colocar em oposição devaneio e realidade?
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3. “Porque o aparato impressionava-a mais que o sentimento...” O superficialismo de Luísa resulta do:
a) predomínio da razão sobre a imaginação.
b) predomínio da imaginação sobre a razão.
5. Releia a descrição da cena vista por Luísa no penúltimo parágrafo do texto. Que característica naturalista se pode
aí identificar?
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a) Poesia como veículo de divulgação de ideias revolucionárias e reformistas. Guerra Junqueiro e Antero de Quental
– em uma parte de sua obra – representam bem essa tendência.
b) Poesia do cotidiano, assim chamada porque procura flagrar a realidade material exterior e o dia-a-dia das
pessoas, assuntos até então considerados “antipoéticos” e submetidos a idealização quando apareciam na poesia. O
melhor representante da poesia do cotidiano é Cesário Verde.
c) poesia metafísica, ou seja, a poesia que se preocupa com as questões filosóficas eternas do ser humano. Opõe-se
à tendência anterior. Antero de Quental é o poeta mais representativo dessa tendência, apresentado uma visão de
mundo bastante pessimista.
Antero de Quental (1842 – 91) – é o autor mais importante da poesia realista portuguesa. Seu livro de
poemas Odes modernas é considerado o marco inicial do Realismo/ Naturalismo em Portugal. Os
poemas escritos na última fase de sua vida refletem o pessimismo que levou o poeta ao suicídio, aos 49
anos.
O PALÁCIO DA VENTURA
CONTEXTO HISTÓRICO
Com a extinção do tráfico de escravos, capitais vultosos ficaram disponíveis e foram investidos em
atividades urbanas, incrementando o progresso da burguesia mercantil, que residia nas cidades. Um novo tipo de
mão-de-obra entrou no país: a do imigrante assalariado, que vinha substituir o trabalho escravo. Paralelamente,
ocorria a marginalização dos negros.
Graças à expansão da lavoura cafeeira, novas povoações surgiram. O eixo econômico do país deslocou-se
para o Sul.
É também notável o progresso tecnológico no período: melhor aparelhamento dos portos, inauguração da
primeira estrada de ferro, inauguração do telégrafo e emprego da energia elétrica.
Surgem os primeiros jornais com periodicidade regular – os periódicos.
Superava-se o regime monárquico. A forma republicana de governo aparecia já como alternativa e acabou
tornando-se realidade em 1889.
Nesse clima, chegou-nos na França o positivismo, cuja influência foi grande, sobretudo no meio militar e na
burguesia. Divulgavam-se ideias de intelectuais que viam no método cientifico uma ferramenta segura para a
renovação do pensamento histórico, político e econômico do país.
O novo estilo iniciou-se em 1881 com a publicação de duas obras: O mulato, de Aluísio Azevedo, de
tendência naturalista, e Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, de tendência realista. Ambos são
romances urbanos.
O regionalismo, que se iniciara na época romântica, continuava vivo, adaptando-se ao novo estilo, sem
idealização de personagens ou do meio, como se pode observar nos romances Luzia-Homen, de Domingos Olímpio,
e de Dona Guidinha do Poço, de Manuel de Oliveira Paiva.
Além do romance urbano e do romance regional, merece registro a prosa de Raul Pompéia, escritor famoso
por uma única obra – O Ateneu –, que ilustra a técnica impressionista: no impressionismo, a dimensão própria das
coisas e fatos tem pouca importância; o que conta são as impressões e recordações do narrador. O enredo não
obedece a uma sequência lógica, mas constrói-se de fragmentos da memória do narrador. Publicado em 1888, o
romance de Pompéia já esboça uma reação ao Naturalismo.
Aluísio de Azevedo – Deixou-nos uma produção literária heterogênea. Ora publicava folhetins
românticos, ora romances naturalistas de forte conteúdo social, nos quais denunciava o
preconceito racial e de classe, a ambição do enriquecimento fácil, os problemas morais, as
injustiças e misérias sociais. Muitas das suas personagens são seres desprezíveis e não é raro
descrições de homens comparados a animais irracionais.
Sob a influência de Eça de Queiros, buscou interpretar a realidade brasileira com base nas teorias
científico-filosóficas, preocupando-se com o pormenor científico, com a patologia das suas personagens em com a
burguesia decadente.
Dos romances naturalistas, dentre os quais se destacam O mulato, Casa de pensão e O cortiço, são de
grande importância e contrastam com as obras que publicava alternadamente para atender às suas necessidades
econômicas, fazendo concessões a uma classe de leitores ainda afeita ao romantismo piegas. Não sendo um criador
de tipos, o social e o coletivo (a cidade, as habitações coletivas) destacam-se mais do que suas personagens.
O trecho que você vai ler pertence ao romance O cortiço, de Aluísio Azevedo. Nele o autor focaliza a vida
numa dessas habitações coletivas do Rio de Janeiro do século XIX, meio onde proliferavam misérias e vícios,
despudores e crimes.
RITA BAIANA
ESTUDO DO TEXTO
1. Que diferenças podemos estabelecer entre a caracterização de Rita Baiana e uma personagem feminina dos
romances românticos?
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2. Como você caracteriza o meio social do cortiço? Em que ele difere do ambiente romântico?
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4. O narrador faz questão de retratar atitudes e personagens primitivas, acentuando a degradação dos tipos. Para
isso, no romance, aproxima-os insistentemente de insetos e animais. Retire do texto exemplos que exemplifiquem
essa afirmação.
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O ATENEU
(fragmento)
Em o Ateneu o autor rememora os tempos de internato, valendo-se da personagem Sérgio, sua projeção
pessoal. Este, adulto, quer retratar com objetividade e isenção aqueles tempos, porém o adulto deixa-se dominar
pelas impressões do menino, perdendo a objetividade e a impessoalidade e passando a deixar fluir as impressões
que lhe ficaram daquele ambiente corrupto, dominado pelos vícios, pelo dinheiro e pela ânsia de poder, responsáveis
pelas distorções de caráter de muitos dos meninos que ali chegavam. Destacam-se na obra a análise psicológica, a
plasticidade das descrições e o retrato caricatural das personagens.
Já me era lícito julgar iniciado na convivência íntima da escola. Chamado por Mânlio a provas, conseguiu
agradar, conquistando uma aura que me devia por algum tempo favorecer. Encontrei o Barbalho. Tinha a face
marcada pelas minhas unhas; evitou-me. No recreio cometi a injustiça de ir deixando o Rebelo. Também o amável
camarada tinha na boca um mau cheiro que lhe prejudicava a pureza dos conselhos; demais, falava prendendo a
gente com dedos de toques e soltando os aforismos à queima-roupa. Por seu lado o venerado colega correspondeu
ao movimento maçando-se comigo, e amuando. Durante as aulas, em que nos sentávamos perto um do outro,
absorvia-se em sua desesperada atenção e era como se estivesse a muitas milhas. Se, todavia, por imprescindível
necessidade tinha de me falar, então dirigia-me a palavra com habitual afabilidade de jovem cura.
Estava aclimado, mas eu me aclimara pelo desalento, como um encarcerado no seu cárcere.
Depois que sacudi fora a tranca dos ideais ingênuos, sentia-me vazio a ânimo; nunca percebi tanto a
espiritualidade imponderável da alma; o vácuo habitava-me dentro. Premia-me a força das coisas; sentia-me
acorvadado. Perdeu-se a lição viril de Rebelo: prescindir de protetores. Eu desejei um protetor, alguém que me
valesse, naquele meio hostil e desconhecido, e um valimento direto mais forte do que palavras.
(Raul Pompéia)
Vocabulário:
Torquês – espécie de alicate;
Aforismo – sentença, máxima, espécie de ditado;
Imponderável – que não se pode pesar ou avaliar;
Premer – apertar, comprimir;
Viril – relativo à masculinidade;
Prescindir – dispensar.
2. Em que trecho o narrador declara que sua ambientação no Ateneu deveu-se ao fato de não ter outra opção?
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3. Que mudança ocorre na personalidade do narrador ao conviver em um ambiente que ele considerava degradante,
imoral?
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I. Pessimismo – Decorre destas constatações: a sociedade leva o ser humano à hipocrisia; as causas
nobres sempre ocultam interesses impuros.
II. Ironia – É uma das formas de conduzir o leitor à reflexão sobre a condição humana.
III. Humor – Além do humor que decorre de ironia, algumas vezes a narrativa machadiana atinge o
cinismo. Leia esta reflexão, extraída de uma crônica de Machado:
“Há dessas lutas terríveis na alma de um homem. Não, ninguém sabe o que se passa no interior da cabeça de um
sobrinho, tendo de chorar a morte de um tio e receber-lhe a herança. Oh, contraste maldito! Aparentemente tudo se
recomporia, desistindo o sobrinho do dinheiro herdado; ah! Mas então seria chorar duas coisas: o tio e o dinheiro. ”
As personagens criadas por Machado não são seres extraordinários nem procedem de maneira heroica.
São homens e mulheres comuns, dotados de sentimentos contraditórios, complexos, como qualquer ser humano
real.
O autor penetra na consciência das personagens, descrevendo um mundo em que descobre e denuncia,
com frequência, a paixão pelo dinheiro, o medo da opinião alheia, a dissimulação.
Machado desmascara também o jogo das relações sociais, enfatizando o contraste entre a essência (o que
as personagens são) e a aparência (o que as personagens aparentam ser).
I. Predomínio da reflexão sobre a ação – Pelo fato de concentrar-se na vida interior das personagens,
a narrativa machadiana apresenta pouca ação e muita reflexão. Atitudes e emoções pesam mais
que o desenrolar da história.
II. Interferência do narrador: conversa com o leitor e metalinguagem, o autor conversa com seu
interlocutor (e com o leitor), para esclarecer, ironizar, justificar-se.
d) Quanto à temática
São frequentes na obra de Machado os temas seguintes: a relatividade dos conceitos morais, o tédio; a
loucura; o adultério.
DOM CASMURRO
(fragmento)
Dom Casmurro é, para muitos, uma das melhores obras de Machado
de Assis. O título deve-se ao temperamento casmurro (calado, ensimesmado)
de Bentinho, que, recolhido à solidão de sua casa, conta a sua própria vida.
Apaixonado por Capitu, mas destinado ao seminário por promessa de sua mãe,
Bentinho, no seminário, conhece Escobar, seu melhor amigo. Decidido a
abandonar o seminário, casa-se com Capitu, seu amor de infância, descrita por
dissimulada e esquiva. Certas atitudes da esposa levam-no a desconfiar que Cena série CAPITU adaptação de Dom
Casmurro (TV Globo) - 2008
ela o traía com Escobar. Com a morte deste e a tristeza de Capitu, aumenta-lhe a suspeita, acrescida do fato de
descobrir em seu filho traços fisionômicos do amigo morto. O casal acaba por separar-se. Par o leitor fica a eterna
dúvida se Bentinho fora mesmo traído ou se tudo não passou de imaginação sua.
Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero
daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a
viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela,
Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem
algumas lágrimas poucas e caladas...
As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando disfarçadamente
para a gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a
retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem
palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da
manhã.
CXXIV – O discurso
ESTUDO DO TEXTO
1. Dois capítulos do romance Dom Casmurro têm o título “Olhos de ressaca”. No capítulo XXXIII, Bentinho descreve
pela primeira vez os olhos de Capitu:
“Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, „olhos de cigana oblíqua e dissimulada‟. Eu não sabia o
que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. (...) Olhos de ressaca? Vá, de
ressaca.”
Que julgamento de Bentinho, implícito no segundo parágrafo do capítulo CXXII, poderia justificar a repetição do título
“Olhos de ressaca”?
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2. “Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem
algumas lágrimas poucas e caladas...”.
Que advérbio se destaca neste trecho caracterizando um julgamento pessoal e subjetivo do narrador?
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3. O narrador refere-se várias vezes ao caráter dissimulado, fingido, disfarçado de Capitu. Entretanto, no texto
transcrito ele também age dissimuladamente. Ele estaria cumprindo que tipo de obrigações: afetivas ou sociais? Em
que momento lhe pesa mais essa dissimulação?
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4. Com base no texto, você diria que o narrador está mais preocupado com a análise psicológica das personagens ou
com as ações ou cenários? Explique
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6. Na vida real você acha que podemos julgar uma pessoa fundamentados apenas no relato de outra? Explique.
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Seus contos são considerados por muitos críticos o melhor do que escreveu, representam não só a
culminância da obra de Machado de Assis, como um conjunto cuja harmonia foi raramente atingida.
Harmonia que resulta, já da colônia e da constância dos pontos de vista de Machado de Assis em relação
ao homem e à vida, já da límpida simplicidade da sua linguagem e do deu estilo às suas ideias.
A escolha dos temas como o das palavras parece ter nele obedecido sempre o mesmo desejo de buscar as
mudanças de ficar as sutilezas, de descobrir secretas relações. A tendência que o fazia notar um movimento
recôndito da alma de uma personagem era, em essência, a mesma que o levava a colar um substantivo, um adjetivo
inesperado, mas que lhe conferia maior significação.
Os principais contos de Machado de Assis são: missa do galo, O espelho, A cartomante, Aurora sem dia, A
causa secreta, A chinela turca, Marcha fúnebre, Uma noite, Uns braços, Um homem célebre, Verba testamentária, O
enfermeiro, Teoria do Medalhão, Um cão de lata ao rabo, A igreja do diabo, O alienista, Mariana, Noite de almirante,
O empréstimo, Sem olhos, Um almoço, O escrivão em Coimbra, Papéis velhos, etc.
EXERCÍCIOS
1. (PUC-RS) Instrução: Para responder à questão, ler o seguinte trecho do conto A parasita azul, de Machado de
Assis.
“Há cerca de dezesseis anos, desembarcara no Rio de Janeiro, vindo da Europa, o Sr. Camilo Seabra,
goiano de nascimento, que ali fora estudar medicina e voltava agora com o diploma na algibeira e umas saudades no
coração. Voltava depois de uma ausência de oito anos, tendo visto e admirado as principais coisas que um homem
pode ver e admirar por lá, quando não lhe falta gosto nem meios. (...) Quando veio a hora de desembarcar fê-lo com
a mesma alegria com que o réu transpõe os umbrais do cárcere. O escaler afastou-se do navio em cujo mastro
flutuava uma bandeira tricolor; Camilo murmurou consigo:
– Adeus, França!
Depois envolveu-se num magnífico silêncio e deixou-se levar para terra. O espetáculo da cidade, que ele
não via há muito tempo, sempre lhe prendeu um pouco a atenção. Não tinha porém dentro da alma o alvoroço de
Ulisses ao ver a terra da sua pátria. Era antes pasmo e tédio.”
a) sente-se como alguém que deixa a liberdade para entrar numa prisão.
b) representa a elite brasileira que costumava enviar seus filhos para estudarem na Europa.
c) havia sentido muita saudade da liberdade da sua terra natal, embora houvesse apreciado estudar na França.
d) não sente entusiasmo ao desembarcar no Rio de Janeiro e, nesse sentido, é diferente de Ulisses, herói da
Odisseia, de Homero, que fica feliz ao retornar a sua Ítaca.
e) vira, na Europa, aquilo que uma pessoa que possui recursos e gosto costuma admirar.
Nessa passagem, o narrador machadiano faz uso de uma de suas principais características,
a) a ingenuidade política, que não lhe permitiu avaliar a significação trágica e cruel do escravismo.
b) o conformismo político, pelo qual buscava justificar a necessidade histórica do sistema escravocrata.
c) o conservadorismo monárquico, que o levou a combater o movimento abolicionista.
d) a mordacidade crítica, presente na provocadora operação da naturalização da violência.
e) a indiferença pela História, razão pela qual preferiu tratar de questões místicas e metafísicas.
3. (Cefet-MG) “O _____ se tingirá de ______, no romance e no conto, sempre que fizer personagens e enredos se
submeterem ao destino cego das ‘leis naturais’ que a ciência da época julgava ter codificado.”
No texto acima, preenchem-se as lacunas, respectivamente, com:
a) Realismo / Naturalismo
b) Romantismo / Naturalismo
c) Realismo / Romantismo
d) Romantismo / Realismo
e) Naturalismo / Realismo
O estilo parnasiano surgiu na França. O termo relaciona-se a um lugar mitológico da Grécia, o Parnassus,
que seria a morada das musas e fonte de inspiração para os artistas.
Na revista literária Lê Parnasse Contemporain (O Parnaso Contemporâneo), os poetas novos faziam uma
poesia em tudo oposta à subjetividade romântica.
Um dos princípios norteadores dos parnasianos era a “arte pela arte”, ou seja, a concepção de que a arte
deve estar compromissada da realidade, procurando atingir sobretudo a perfeição formal, ou seja, a arte existiria por
ela mesma e para ela mesma, sem outra finalidade. Os parnasianos elegeram a Antiguidade clássica (cultura geco-
romana) como ponto de referencia para a almejada perfeição formal.
No Brasil, considera-se como marco inicial do Parnasianismo a publicação da obra Fanfarras, de Teófilo
Dias, em 1882.
Características do Parnasianismo:
Olavo Bilac – Um dos poetas mais combatidos pelos modernistas, Olavo Bilac demonstra
em alguns sonetos certo sopro romântico e se caracteriza, basicamente, por dominar com
maestria a poética e a língua, pela extrema preocupação com o refinamento formal, por ser
predominantemente descritivo, pelo lirismo erótico-amoroso, apaixonado e sensual, e pela
dimensão nacionalista que procurou dar à sua obra, louvando a pátria, seus símbolos, seus
heróis e o nosso idioma. Na última fase, Bilac revela-se mais interiorizado, questionando o
sentido da vida e do mundo, as realidades morais e espirituais.
Suas principais obras são na poesia: Panóplias, Via-Láctea, O caçador de esmeraldas, Sarças de fogo,
Alma inquieta, Sagres, Poesia infantis, Tarde; Na prosa: Crítica e fantasia, Tratado de versificação, escreveu ainda
vários livros didáticos.
RIO ABAIXO
Treme o rio, a rolar, de vaga em vaga...
Quase noite. Ao sabor do curso lento
Da água, que as margens em redor alaga,
Seguimos. Curva os bambuais o vento.
b) Nessa descrição, o eu –lírico assume o ponto de vista de quem está num barco em movimento. Que verbo da
primeira estrofe comprova essa afirmativa?
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b) Plena nudez
Eu amo os gregos tipos de escultura;
Pagãs nuas no mármore entalhadas;
Não essas produções que a estufa escura
Das modas cria, tortas e enfezadas.
3. Didaticamente, que obra marca o início do Parnasianismo no Brasil? Indique também seu autor e o ano de
publicação.
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A decadência econômica europeia nas últimas décadas do século XIX põe por terra as esperanças
positivistas e materialistas. Uma nova forma de encarar o mundo faz com que se retomem os valores até então
adormecidos: o idealismo e o misticismo são revitalizados. Surge o Simbolismo, opondo-se ao objetivismo realista.
A Europa vivia em estado de alerta, cada país procurava aumentar os seus contingentes militares e
aperfeiçoar os seus armamentos. Era o fantasma da guerra.
As consequências desse clima se farão sentir mais profundamente logo no início do século XX, e as últimas
manifestações simbolistas e as primeiras produções modernistas serão contemporâneas da Primeira Guerra Mundial,
em 1914, e da Revolução Russa, em 1917.
O Simbolismo, refletindo esse momento histórico, percebe a falência do racionalismo, do materialismo e do
positivismo, insuficientes para a compreensão do mundo exterior, e retorna às tendências espiritualistas. O sonho, o
inconsciente, a metafísica e a religiosidade renascem na procura de um mundo ideal situado ora no interior do
individuo, ora no sobrenatural. Fugindo ao racionalismo, o artista mergulha então no irracional, cuja expressão exigia
uma linguagem nova, metafórica e sugestiva.
As primeiras manifestações simbolistas já estavam presentes na coletânea Parnasse contemporain, com
poemas de Baudelaire, Mallarmé e Verlaine. Mas é no livro As flores do mal, de Charles Baudelaire, publicado em
1857, que vamos encontrar as diretrizes da poética simbolista e de praticamente toda a moderna poesia européia.
Ainda que o símbolo tenha sempre existido em literatura, é no final do século XIX que se intensifica o seu
uso, libertando a palavra de sua carga lógica para expressar sentimentos profundamente subjetivos.
Características do Simbolismo:
Expressão indireta de ideias e emoções – Par os simbolistas, a realidade deveria ser expressa de maneira
vaga, nebulosa, imprecisa, ilógica.
Expressividade sonora – Dotando o poema de expressividade sonora e valorizando o ritmo, a musicalidade,
as aliterações, as assonâncias e os ecos, os simbolistas procuravam aproximar a poesia da música, afastando o
poema das referências concretas e instaurando uma atmosfera vaga, misteriosa e indefinida.
Subjetivismo profundo – Desinteressado pela realidade objetiva, o simbolista voltava-se para o seu próprio
eu. Tratava-se de buscar a essência do ser humano, o inconsciente, o subconsciente e os estados de alma.
Misticismo e espiritualidade – O desejo de um mundo ideal, do qual o mundo real é apenas uma
representação imperfeita, conduz o simbolista a procurar alcança-lo por meio da poesia, vendo na arte uma forma de
religião. Em alguns autores esse desejo de evasão associa-se a uma visão cristã.
Abstração e preocupação formal - Nascido no seio do Parnasianismo e com ele convivendo até o nosso
século, o Simbolismo herdou a preocupação formal e o descompromisso com a realidade mundana, o que o afastou
os poetas dos problemas sociais, deixando-os envoltos em seu próprio universo.
1890 – Publicação do livro de poemas Oaristos, de Eugênio de Castro. (Oaristo significa “colóquio terno,
diálogo amoroso”)
1915 – Início do Modernismo, com o lançamento da revista Orpheu.
Conforme já vimos, a poesia simbolista tem relação com a recuperação de alguns valores não-materiais
após a década de 1870.
Em Portugal registrou-se pelo menos um grande momento de crise econômica nos anos de 90 e 91,
assinalado pelo descrédito do povo em relação à monarquia.
É nessa conjuntura que surge o grupo de escritores conhecido como “Os Vencidos da Vida”, denominação
reveladora do espírito depressivo que se viveu na época. Desse grupo, de curta duração, faziam parte escritores
realistas, como Eça de Queirós e Guerra Junqueiro.
Principais autores:
Obras - Poesia: Clepsidra (1920). A palavra que serve de título ao livro denomina um relógio de água.
Deixou ainda contos, crônicas, ensaios e poemas dispersos em jornais e revistas.
A musicalidade e o poder de sugestão são traços simbolistas de sua obra, considerada a mais
representativa do Simbolismo português.
Pessanha desliga-se da subjetividade e questiona os grandes problemas universais, como o fluir do tempo,
a brevidade da vida, a inutilidade do existir, tudo isso conduzindo ao pessimismo que marca sua visão de mundo.
UM SONHO
2. Todo o poema é relato de um sonho; há apenas uma estrofe não descritiva, em que o eu-lírico faz um convite à
mulher (“Flor”). Identifique essa estrofe:
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3. No cenário sonhado pelo eu-lírico, “o Sol... esmorece” para dar lugar às estrelas, que “brilham com brilhos
sinistros”. Portanto, em que momento do dia ocorreu a cena descrita?
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5. Que relação há entre o Simbolismo, o título do poema e o momento do dia que o eu-lírico escolheu para situar a
cena?
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6. Releia a 1ª estrofe:
a) Identifique a aliteração
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SIMBOLISMO NO BRASIL
Didaticamente considera-se o ano de 1893 como o marco definitivo do Simbolismo no Brasil, ainda que
antes dessa data se possam registrar várias manifestações poéticas ligadas à nova estética.
1893 – publicação de Missal (poemas em prosa) e Broquéis (poemas em verso), de Cruz e Sousa.
1902 – publicação de Os sertões, de Euclides da Cunha.
Suas principais obras são na poesia: Broquéis, Faróis, Últimos Sonetos; na prosa: Tropas e fantasias,
Missal, Evocações.
O texto que vamos ler é parte de um longo poema, dos mais representativos do Simbolismo brasileiro:
1. Releia a primeira estrofe do poema e identifique todas as metáforas que o poeta empregou para sugerir o som dos
violões.
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4. Uma metáfora da última estrofe resume o efeito que a música provocou no eu - lírico. Identifique essa metáfora.
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5. A sétima estrofe deste poema é considerada como a maior seqüência aliterativa de nossa literatura.
A – Nessa estrofe predomina:
a) o sentido lógico do que é descrito;
b) a sugestão musical.
B – Que princípio básico do Simbolismo se evidencia nessa estrofe?
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Classificação Semântica
Regra geral: Troca-se o o por a, ou acrescenta-se a: advogado-advogada; juiz – juíza; camponês – camponesa.
Regras especiais:
a) palavras terminadas em or, coloca-se a, triz, eira: embaixador – embaixadora; ator – atriz; lavador –
lavadeira;
b) palavras terminadas em ao, coloca-se ã, ao, ona: campeão – campeã; leão – leoa; folião – foliona;
c) vocábulos terminados em e coloca-se a: chefe – chefa; mestre – mestra.
d) emprega-se –esa, -essa ou –isa: barão – baronesa; abade – abadessa; profeta – profetisa.
Algumas palavras possuem formas especiais: avô, avó; galo, galinha; cão, cadela.
Agora leia:
Ex: Minha mãe era boa criatura.
Vários poetas brasileiros atuais são criaturas de Carlos Drummond de Andrade.
A palavra criatura apresenta um só gênero para designar o masculino e o feminino.
Esse e outros substantivos pedem mais a nossa atenção.
Substantivos biformes – Designam pessoas ou animais e apresentam duas formas, uma para o
masculino, outra para o feminino:
Ex: aluno aluna
menino menina
Substantivos uniformes – São os que apresentam uma única forma, tanto para o masculino como para o
feminino. Subdividem-se em epicenos, comuns de dois gêneros e sobrecomuns.
Epicenos – Dependem das palavras macho e fêmea para especificar o sexo. É usado somente para
animais.
Ex: a andorinha macho – a andorinha fêmea
a cobra macho – a cobra fêmea.
Comum de dois gêneros – Tem apenas uma forma, distinguindo-se pela palavra que os acompanha.
Ex: um colega uma colega
belo jovem bela jovem
a pianista o pianista
EXERCÍCIO
1. Classifique cada um dos substantivos destacados em comum de dois gêneros, sobrecomuns, ou epicenos:
a) A delegada inquiriu a testemunha sobre o rapto da criança, pois desconfiava de uma jovem que havia sido
denunciada pela família do menino por criar uma onça no sítio.
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b) O dentista assiste bem seus clientes.
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c) O jornalista foi vítima de seus leitores.
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EXERCÍCIOS
2. Regras especiais:
a) –r, -z, -n coloca-se es: lar – lares, juiz – juízes, hífen – hífens.
b)-al, -el, -ol, -ul coloca-se is: animal - animais, papel – papéis, anzol – anzóis.
c) –il (paroxítonos) coloca-se eis: fóssil – fósseis.
d) –il (oxítonos) coloca-se s: barril – barris.
e) –m coloca-se ns: armazém – armazéns
f) –ão coloca-se –ões, -ães: balcão – balcões; capitão – capitães.
g) –s (oxítonos) coloca-se –es: burguês – burgueses.
Observações:
1. São invariáveis pires (os pires), lápis (os lápis), ônibus (os ônibus), e os substantivos terminados em –x (som de
ks), como tórax (os tórax)
Nos substantivos compostos que apresentam seus elementos ligados por hífen, podem variar ambos os
elementos, apenas um dos elementos, ou nenhum dos elementos, conforme as seguintes regras:
a) Nos compostos formados de palavras repetidas (ou muito semelhantes), só o segundo elemento varia:
Ex: teco-teco teco-tecos tico-tico tico-ticos
reco-reco reco-recos pingue-pongue pingue-pongues
c) Nos compostos formados de grão, grã e bel seguidos de substantivo, só varia o segundo elemento:
Ex: grão-duque grão-duques
grão-mestre grão-mestres
grã-duquesa grã- duquesas
bel-prazer bel-prazeres
d) Nos compostos formados por dois substantivos, se o segundo elemento limita ou determina o primeiro,
indicando tipo ou finalidade, a variação ocorre somente no primeiro elemento:
Ex: banana- maçã bananas-maçã
salário -família salários-família
peixe - espada peixes-espada
caneta-tinteiro canetas-tinteiros
EXERCÍCIOS
1. (Acafe - SC) A alternativa em que o plural dos nomes compostos está empregado corretamente é:
a) Como podemos perceber, no poema encontra-se uma série de palavras cuja composição se dá em torno da
palavra pé. Qual o sentido da partícula “pé” em cada uma dessas palavras? Explique o significado de cada
expressão.
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1. Forma analítica:
casa grande – casa pequena
boca grande – boca pequena
2. Forma sintética:
casarão – casinha
bocarra – boquinha
EXERCÍCIOS
a) Jovelino: __________________________________________________________________________________
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b) enxada: ____________________________________________________________________________________
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c) olhar: _____________________________________________________________________________________
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d) esperança: _________________________________________________________________________________
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3. Leia o texto.
O amor e a loucura
No Amor tudo é mistério: suas flechas e sua aljava, sua chama e sua infância eterna.
Mas por que o amor é cego?
Aconteceu que num certo dia o Amor e a Loucura brincavam juntos. Aquele ainda não era cego. Surgiu
entre eles um desentendimento qualquer. Pretendeu então o Amor que se reunisse para tratar do assunto o conselho
dos deuses. Mas a loucura, impaciente, deu-lhe uma pancada tão violenta que lhe privou a visão.
Vênus, mãe e mulher, pôs-se a clamar por vingança, aos gritos. E diante de Júpiter, Nêmesis – a deusa da
vingança – e de todos os juízes do Inferno, Vênus exigiu que aquele crime fosse reparado. Seu filho não podia ficar
cego.
Depois de estudar detalhadamente o caso, a sentença do supremo tribunal celeste consistiu em condenar a
Loucura a servir de guia do Amor.
(Jean de La Fontaine)
a) Destaque e classifique os substantivos presentes no texto.
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1. Reescreva o texto abaixo colocando a palavra em destaque no plural. Faça as devidas alterações.
SONETO DE SEPARAÇÃO
(Vinícius de Morais)
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Adjetivo é a palavra variável em gênero, número e grau que caracteriza o substantivo ou qualquer palavra
com valor de substantivo, indicando-lhe atributo, estado, modo de ser ou aspecto.
Ex: Tratava-se de um homem incompetente.
Encontrei uma pessoa ética.
Ela é uma mulher honesta.
Adjetivos pátrios – são os adjetivos que se referem a países, continentes, cidades, regiões, etc.,
exprimindo a nacionalidade ou a origem do ser.
Localidade Adjetivo pátrio correspondente País, Estado, cidade ou região
Acre acreano
Afeganistão afegane, afegão
Amapá amapaense
Angola angolano
Aracaju aracajuense, aracajuano
Atenas ateniense
Belém (Pará) belenense
Belém (Palestina) belemita
Belo Horizonte belo-horizontino
Brasília brasiliense
Boa Vista boa-vistense
Cabo Frio cabo-friense
Catalunha catalão
Cuiabá cuiabano
Espírito Santo espírito-santense, capixaba
Estados Unidos estadunidense, norte-americano, ianque
Florença florentino
FLEXÃO DE GÊNERO:
aluno aluna
atento atenta
dia tarde
ensolarado ensolarada
Observações:
1) Os adjetivos compostos referentes a cores são invariáveis quando o segundo elemento é um
substantivo:
lente verde-garrafa lentes verde-garrafa
papel azul-piscina papéis azul-piscina
2) O plural de surdo-mudo é surdos-mudos, assim como surdas-mudas, embora não devamos usar essas
expressões, as quais devem ser substituídas por deficiente auditivo, deficiente oral.
Latino-americano latino-americanos
FLEXÃO DE GRAU
Comparativo de igualdade – a qualidade expressa pelo adjetivo aparece com a mesma intensidade
nos elementos que se comparam.
Ex: Esta casa é tão arejada quanto (como) aquela.
Superlativo absoluto – a qualidade expressa pelo adjetivo não é posta em relação a outros
elementos. Subdivide-se em absoluto analítico e absoluto sintético:
Ex: Este exercício é muito fácil. (superlativo absoluto analítico)
Este exercício é facílimo. (superlativo absoluto sintético)
Superlativo relativo – a qualidade expressa pelo adjetivo é posta em relação a outros elementos.
Subdivide-se em relativo de superioridade e relativo de inferioridade:
Ex: Você era a mais bonita das cabrochas dessa ala. (superlativo relativo de superioridade)
Este exercício é o menos fácil da lição. (superlativo relativo de inferioridade)
Os adjetivos bom, mau, grande e pequeno possuem para o comparativo as seguintes formas especiais:
Bom Mau Grande Pequeno
Comparativo de
melhor Pior Maior Menor
superioridade
Superlativo
Ótimo Péssimo Máximo Mínimo
absoluto
Superlativo
o melhor o pior o maior o menor
relativo
EXERCÍCIOS
1. Dependendo do contexto em que se encontre, uma mesma palavra pode ser substantivo ou adjetivo. Dê a
classificação das palavras destacadas nas orações abaixo:
a) Se o tempo continuar feio não sairemos.
______________________________________________________________________________________________
b) Entre um e outro, escolheu o feio.
______________________________________________________________________________________________
c) É preciso separar o bom e o mau.
______________________________________________________________________________________________
d) As crianças acreditavam que ele era um homem mau.
______________________________________________________________________________________________
2. Escreva no plural:
a) camisa azul-marinho: __________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
A fachada da velha fábrica confunde a visão de quem passa pela rua de sobrados na Pompéia (zona oeste
de SP). O telhado em ziguezague, a fachada de tijolo pintada de salmão. Dentro, a surpresa é ainda maior: máquinas
da década de 20 ainda trabalham, com as engrenagens cobertas de poeira, enrolando os últimos fios coloridos
produzidos pela Fábrica de Linhas Pavão.
A fábrica parece ter perdido o “fio da meada” em algum ponto do novelo do tempo e enroscado em 1930,
quando foi inaugurada pelo imigrante armênio Camilo Siufi. Pelo visto, jamais sairá daqueles anos – o prédio foi
vendido a uma imobiliária e deve ser entregue no mês que vem para cumprir seu destino de edifício.
(Folha de S. Paulo, 9 set. 2001.)
6. O primeiro parágrafo do texto é descritivo. Isso se comprova pela
I - predominância de verbos no presente.
II - predominância de frases nominais.
III - perspectiva adotada em todo texto descritivo: do geral para o particular e de fora para dentro.
IV - abundância de adjetivação.
São corretas apenas:
a) II e IV. b) III e IV. c) II e III. d) I e III. e) I e IV.
7. Reflita: “Pelo visto, jamais sairá daqueles anos – o prédio foi vendido a uma imobiliária e deve ser entregue no mês
que vem para cumprir seu destino de edifício.”
Artigo é a palavra variável em gênero e número que precede o substantivo, determinando-o de modo
preciso ou vago, indicando-lhe o gênero e o número.
b) artigo indefinido – determina os substantivos de modo vago, impreciso. Pode ser singular (um, uma) ou
plural (uns, umas).
Ex: Um menino resolveu uma questão.
Uns meninos resolveram umas questões.
Observações:
1) Não se usa artigo:
a) Antes de expressões de tratamento: Vossa Senhoria, Vossa Excelência, etc:
Ex: Vossa Excelência deverá adiar a decisão.
b) Antes da palavra casa, quando esta se refere ao próprio lar, e da palavra terra, em oposição a bordo:
Ex: vou para casa.
2) Usa-se artigo:
a) Entre o numeral ambas e o substantivo:
Ex: Ambos os veículos estão enguiçados.
a) pronome demonstrativo:
Ex: Estou muito ocupado no momento. (= neste momento)
b) pronome possessivo:
Ex: Ao vê-la, sentiu o coração em chamas. (= seu coração)
EXERCÍCIOS
4. “Ela queria ser reconhecida como dona da casa e não como dona-de-casa”. Explique a diferença de sentido entre
dona da casa e dona-de-casa:
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________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
10. Nos textos seguintes, aponte os artigos que estão sendo usados para substantivar palavras que primitivamente
não eram substantivos.
a)“Quando a gente tá contente
Tanto faz o quente, tanto faz o frio
Que eu me esqueça do meu compromisso
Com isso e aquilo que acontece dez minutos atrás.
Dez minutos atrás de uma ideia já deu pra
Uma teia de aranha crescer
Sua vida na cadeia do pensamento” (Gilberto Gil)
NUMERAL
Numeral é a palavra que indica a quantidade exata de seres, ou a posição que um ser ocupa numa
determinada série.
1. Depois de um substantivo designativo de papas, soberanos, séculos ou partes de uma obra, empregam-se
os numerais ordinais até o décimo. Daí por diante, deve-se usar os cardinais:
Pedro I (primeiro) Século V (quinto)
Volume VI (sexto) João VI (sexto)
Pio X (décimo) João XXIII (vinte e três)
Canto XVI (dezesseis) Ato XII (doze)
Antes de substantivo, emprega-se o ordinal: quinto século; sexto volume.
Dando-se a antecipação do numeral, deve-se empregar os ordinais: ducentésima segunda página; centésima
vigésima segunda folha.
3. Referindo-se a leis, decretos, portarias, empregam-se o ordinal até nove e o cardinal de dez em diante:
Parágrafo I (primeiro) Artigo 9º (nono)
Artigo 10 (dez) Parágrafo 11 (onze)
4. as palavras que designam um conjunto exato de seres são chamadas de numerais coletivos e têm valor de
substantivo. Entre elas: par, dezena, década, dúzia, milênio, resma (quinhentas folhas de papel), grosa (doze dúzias),
etc.
EXERCÍCIOS
5. Observe:
Pronome é a palavra variável em gênero, número e pessoa que representa ou acompanha o substantivo,
indicando-o como pessoa do discurso ou situando-o no espaço e no tempo.
Quando o pronome determina o substantivo, restringindo a extensão de seu significado, dizemos tratar-se
de pronome adjetivo:
Ex: Esta casa é antiga.
Meu livro é antigo.
1. Pronomes Pessoais:
Designam as pessoas do discurso: a 1ª (eu, nós); a 2ª (tu,vós); a 3ª (ele, ela, eles,elas).
Os pronomes pessoais podem ser retos, oblíquos ou de tratamento.
Retos Oblíquo
Eu me, mim, comigo
Singular Tu te, ti, contigo
Ele, Ela o, a se, lhe, si, consigo
Nós nos, conosco
Plural Vós vos, convosco
Eles, Elas Os, as, se, lhe, si, consigo
b) O pronome poderá vir precedido de preposição quando vier seguido de verbo no infinitivo, do qual é
sujeito:
Ex: Ela trouxe frutas para eu comer
Ele deu ordens para tu ires depressa.
c) Não se deve combinar o pronome ele (ela, eles, elas) com a preposição de, quando esta preposição
reger o verbo.
Ex: Era hora de eles decidirem. (e não deles decidirem)
d) Pronomes de tratamento – Referem-se à pessoa a quem se fala (portanto segunda pessoa), mas a
concordância gramatical deve ser feita com a terceira pessoa.
Veja alguns desses pronomes:
Pronome Abreviatura Emprego
Vossa Alteza V. A. príncipes, duques
Vossa Eminência V. Emª cardeais
Vossa Excelência V. Exª altas autoridades em
geral
Vossa Magnificência V. Magª reitores de
universidades
Vossa Reverendíssima V. Revª sacerdotes em geral
Vossa Santidade V. S. papas
Vossa Senhoria V. Sª funcionários graduados
Vossa Majestade V. M. reis, imperadores
2. Pronomes Possessivos
Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do discurso, indicando idéia de posse:
Ex: Eu emprestei meus livros e minhas fitas.
Eu não sou da sua rua.
Observações:
a) Este (e flexões) marca um tempo contemporâneo (ou imediato) ao ato da fala:
Ex: Neste momento, ele está descendo as escadas.
d) Quando estão no lugar de isso, isto ou aquilo (e flexões), os pronomes o, a, os, as são demonstrativos:
Ex: Meu livro é o que está sobre a mesa.
Não tenho o que queres.
e) No interior do discurso, este (e flexões) faz referência àquilo que vai ser dito posteriormente. Esse (e
flexões) faz referência àquilo que já foi dito:
Ex: Os simbolistas seguiam este preceito.
“A música antes de qualquer coisa”. Estas palavras são de um poema de Verlaine.
4. Indefinidos:
Referem-se à 3ª pessoa, de modo vago ou indeterminado:
Variáveis Invariáveis
alguém, ninguém, algum, nenhum, todo,
tudo, outrem, nada, muito, pouco, certo,
cada, algo. vário, tanto, quanto,
qualquer (e variações)
6. Interrogativos: São os pronomes indefinidos que, quem e quanto, empregados em interrogações diretas
ou indiretas:
Ex: Quantos foram premiados?
Quero saber quantos foram premiados.
EXERCÍCIOS
1. Indique se o pronome destacado é substantivo ou adjetivo:
a) Encontrei nosso companheiro de infância.
______________________________________________________________________________________________
b) Enviamos tudo pelo correio.
______________________________________________________________________________________________
c) Aquelas terras são improdutivas.
______________________________________________________________________________________________
d) Alguém acaba de chegar.
______________________________________________________________________________________________
e) Certas pessoas são inconvenientes.
______________________________________________________________________________________________
5. Leia:
“No discurso de posse, tu deves reafirmar que não te esquecerás dos compromissos que assumiste com teus
colaboradores”.
Fazendo as adaptações necessárias, reescreva a frase substituindo o pronome tu por Vossa Excelência.
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______________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________
( ) O Cruzeiro, que a linda Sofia não quis fitar, como lhe pedia Rubião, está assaz alto para não discernir os risos e
as lágrimas dos homens.
( ) Nada lhes escapava, nem mesmo as escadas dos pedreiros, os cavalos de pau, o banco ou a ferramenta dos
marceneiros.
( ) Aquele peru comido a sós, redescobria em cada um o que a quotidianidade abafara por completo.
( ) Madalena procurava convencê-lo, mas não percebi o que dizia.
Próclise:
Quando ocorre próclise, o pronome oblíquo átono é denominado proclítico.
A próclise deve ser a colocação adotada nos seguintes casos:
Nas orações exclamativas e optativas:
Exemplo: Deus te faça feliz!
Nas orações negativas:
Exemplo: Não me deixe sozinha.
Quando o verbo vem acompanhado dos pronomes relativo, indefinido, interrogativo; advérbio e
conjunção subordinativa:
Exemplo: Alguém me pediu um livro.
Quem lhe trouxe esses brinquedos?
Quando me perguntarem, direi toda a verdade.
Mesóclise:
Na mesóclise, o pronome oblíquo átono é denominado mesoclítico.
Só se usa o pronome átono mesoclítico com verbos no futuro do presente e do pretérito do indicativo, se
não houver, na frase, um termo que determine próclise:
Exemplo: Se Roberto quisesse, levar-te-ia para a viagem.
Realizar-te-á no próximo sábado a feira de Ciências.
Ênclise:
Na ênclise, o pronome oblíquo átono é denominado enclítico.
Usa-se a ênclise nos seguintes casos:
Nas frases iniciadas por verbo:
Exemplo: Dê-me um beijo.
VERBO
Verbo é a palavra que, numa perspectiva de tempo, exprime ação, estado ou fenômeno, indicando também
o modo, o número, a pessoa e a voz:
Ex: Plantamos uma árvore no jardim. (ação)
Os copos estão vazios. (estado)
Relampejou durante a noite. (fenômeno).
Pessoa Número
Singular Plural
1ª Pessoa Eu passeio Nós passeamos
2ª Pessoa Tu passeias Vós passeais
3ª Pessoa Ele passeia Eles passeiam
Modo
Indicativo – Indica um fato real:
Ex: Ele viajou hoje.
Subjuntivo - Indica um fato provável, duvidoso, hipotético:
Ex: Talvez ele viaje ainda hoje.
Imperativo – Exprime ordem, pedido, convite, súplica:
Ex: viaje hoje à noite.
2. A frase a seguir se encontra no imperativo negativo. Assim, de forma a manter a mesma pessoa gramatical, mude-
a para o imperativo afirmativo:
Não traga más recordações e não venha munido de mágoas e ressentimentos de outrora.
______________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________
3. Analise o uso dos verbos na canção a seguir e indique se há predominância do modo indicativo, subjuntivo ou
imperativo. Discuta o efeito de sentido dado por esse modo verbal.
Faltando um Pedaço ___________________________________________
Djavan ___________________________________________
Composição: Djavan ___________________________________________
___________________________________________
O amor é um grande laço, um passo pr'uma armadilha ___________________________________________
Um lobo correndo em círculos pra alimentar a matilha ___________________________________________
Comparo sua chegada com a fuga de uma ilha: ___________________________________________
Tanto engorda quanto mata feito desgosto de filha ___________________________________________
___________________________________________
O amor é como um raio galopando em desafio ___________________________________________
Abre fendas cobre vales, revolta as águas dos rios ___________________________________________
Quem tentar seguir seu rastro se perderá no caminho ___________________________________________
Na pureza de um limão ou na solidão do espinho ___________________________________________
___________________________________________
O amor e a agonia cerraram fogo no espaço ___________________________________________
Brigando horas a fio, o cio vence o cansaço ___________________________________________
E o coração de quem ama fica faltando um pedaço ___________________________________________
Que nem a lua minguando, que nem o meu nos seus ___________________________________________
braços ___________________________________________
3. Dos verbos destacados no exercício anterior, indique a pessoa em que este aparece conjugado. (1ª, 2ª ou 3ª
pessoa do discurso).
______________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________
Pretérito – Fato que o correu num momento ou época anterior ao momento em que falamos:
Futuro do pretérito – Indica um fato possível, situado no futuro, mas vinculado a um momento
passado:
Ex: Eu estudaria com ele.
MODO INDICATIVO
PRESENTE
canto Bato parto ponho
cantas Bates partes pões
canta Bate parte põe
cantamos Batemos partimos pomos
cantais Bateis partis pondes
cantam Batem partem põem
PRETÉRITO IMPERFEITO
cantava batia partia punha
cantavas batias partias punhas
cantava batia partia punha
cantávamos batíamos partíamos púnhamos
cantáveis batíeis partíeis púnheis
cantavam batiam partiam punham
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO
cantara batera partira pusera
cantaras bateras partiras puseras
cantara batera partira pusera
cantáramos batêramos partíramos puséreis
cantareis batêreis patíreis puséreis
cantaram bateram partiram puseram
FUTURO DO PRESENTE
cantarei baterei partirei porei
cantarás baterás partirás porás
cantará baterá partirá porá
cantaremos bateremos partiremos poremos
cantareis batereis partireis poreis
cantarão baterão partirão porã
MODO SUBJUNTIVO
PRESENTE
cante bata parta ponha
cantes batas partas ponhas
cante bata parta ponha
cantemos batamos partamos ponhamos
canteis batais partais ponhais
cantem batam partam ponham
PRETÉRITO IMPERFEITO
cantasse batesse partisse pusesse
cantasses batesses partisses pusesses
cantasse batesse partisse pusesse
cantássemos batêssemos partíssemos puséssemos
cantásseis batêsseis partísseis pusésseis
cantassem batessem partissem pusessem
FUTURO
cantar bater partir puser
cantares bateres partires puseres
cantar bater partir puser
cantarmos batermos partirmos pusermos
cantardes baterdes partirdes puserdes
cantarem baterem partirem puserem
AFIRMATIVO
canta (tu) bate (tu) parte (tu) põe (tu)
cante (você) bata (você) parta (você) ponha (você)
cantemos (nós) batamos (nós) partamos (nós) ponhamos (nós)
cantai (vós) batei (vós) parti (vós) ponde (vós)
cantem (vocês) batam (vocês) partam (vocês) ponham (vocês)
NEGATIVO
Não cantes (tu) Não batas (tu) Não partas (tu) Não ponhas (tu)
Não cante (você) Não bata (você) Não parta (você) Não ponha (você)
Não cantemos (nós) Não batamos (nós) Não partamos (nós) Não ponhamos (nós)
Não canteis (vós) Não batais (vós) Não partais (vós) Não ponhais (vós)
não cantem (vocês) Não batam (vocês) Não partam (vocês) Não ponham (vocês)
2. Acerca dos enunciados que seguem, sua tarefa consistirá em analisá-los e preencher cada lacuna em branco com
uma forma do presente do indicativo ou do presente do subjuntivo do verbo indicado entre parênteses:
a) Nosso planejamento já ___________________ pronto. Esperamos que o seu também ___________________.
(estar)
b) Aqui ___________________ muito bem recebidos. Acreditamos que eles ___________________. (ser)
c) Esses exercícios não ___________________ toda a pontuação atribuída, mas a pesquisa talvez
___________________ .(valer)
d) ___________________ as ideias alheias, por isso, faz-se necessário que ela também as ___________________
(respeitar)
e) A bagagens pequenas___________________ no porta-malas do seu carro, mas é pouco provável que as grandes
___________________ no carro dela. (caber)
3. Mapofei) Pôr os verbos seguintes no presente do subjuntivo, começando a frase com as palavras: É preciso que
nós.
a) Nascer ___________________
b) Ver ___________________
c) Divertir-se ___________________
d) Cantar ___________________
4. Explicite o conhecimento de que dispõe acerca dos tempos e modos verbais. Para tanto, procure preencher as
lacunas fazendo uso do presente do subjuntivo do verbo expresso entre parênteses:
a) O diretor espera que todos os professores ___________________ ao novo sistema o mais rápido possível.
(aderir)
b) Quero muito que você ___________________ à palestra, pois assim pode se inteirar um pouco mais das novas
propostas. (ir)
c) É bem possível que os alunos veteranos ___________________ o pedido de isenção de disciplinas. (requerer)
d) Ainda que eles não ___________________ ao meu aniversário, convide-os, por favor. (comparecer)
e) Acredito que eles ___________________ a opinião acerca das decisões tomadas no conselho de classe. (expor)
EXERCÍCIOS
1. (Fundação Carlos Chagas) Transpondo para a voz passiva a oração “O faro dos cães guiava os caçadores”,
obtém-se a forma verbal:
a) guiava-se
b) ia guiando
c) guiavam
d) eram guiados
e) foram guiados
2. (TRT – RJ) “Tudo isso pode ser comprovado por qualquer cidadão”. A forma ativa dessa mesma frase é:
a) Qualquer cidadão pode comprovar tudo isso.
b) Tudo pode comprovar-se.
c) Qualquer cidadão se pode comprovar tudo isso.
d) Pode comprovar-se tudo isso.
e) Qualquer cidadão pode ter tudo isso comprovado.
3. Acerca das orações que seguem, perceba que todas elas se encontram na voz ativa. Dessa forma, ative todo o
seu conhecimento e passe-as para a voz passiva:
a) O garoto leu o livro.
_____________________________________________________________________________________________
Particípio – Indica uma ação já acabada, desempenhando função semelhante à dos adjetivos. O particípio
admite flexão de gênero e número:
Ex: Revelado o motivo, puderam sair.
Reveladas as razões, puderam sair.
Gerúndio – Indica uma ação em curso, desempenhando semelhante à dos adjetivos e advérbios. O
gerúndio não apresenta flexão:
Ex: Conhecendo o caminho, chegarás a tempo.
Os meninos, brincando na grama, pareciam tranquilos.
Observação: O uso do gerúndio não é sempre condenável, mas, em muitas situações, tornou-se um vício ocasionado
por traduções malfeitas do inglês.
Ex: “Amanhã vou estar enviando para o senhor a proposta de adesão, que vai estar chegando em
dez dias. Agradeceria se o senhor estivesse me dando retorno assim que estiver recebendo a
proposta.”
É muito mais simples e mais correto expressar-se assim:
“Amanhã enviarei para o senhor a proposta de adesão, que chegará em dez dias. Agradeceria se o senhor
me der retorno assim que receber a proposta. “
Infinitivo – Indica a ação propriamente dita, sem situá-la no tempo, desempenhando função semelhante à
do substantivo. O infinitivo é a única forma nominal que admite flexão de pessoa.
Ex: Convém apresentar as soluções.
Classificação:
Regular – É o que não se afasta do paradigma (modelo) de conjugação. Todas as formas destes verbos
têm o mesmo radical:
Ex.:
Canto vendo parto
Cantei vendi partes
Cantaria venderia partirá
Irregular – É o que sofre alterações no radical ou tem desinências diferentes das que aparecem no verbo
paradigma de sua conjugação:
Ex.:
Sinto posso ouço
Sentes podes ouves
Abundante – É aquele que apresenta mais de uma forma para o mesmo tempo e pessoa. Ocorre com
maior frequencia no particípio:
Ex: acender – acendido ou aceso
exprimir – exprimido ou expresso
Deve-se usar a forma regular com os auxiliares ter e haver e a irregular com ser e estar:
Ex: tinham acendido – estava aceso
haviam exprimido – era expresso
Locução Verbal
Damos o nome de locução verbal ao conjunto formado por um verbo auxiliar seguido de uma forma nominal
(gerúndio, particípio, infinitivo).
Ex: Amanhã poderá chover.
O candidato deverá trazer os documentos solicitados.
É importante notar que, nas locuções verbais, o verbo auxiliar amplia a significação do verbo principal.
MODO INDICATIVO
PRESENTE
tenho hei sou estou
tens hás és estás
tem há é está
temos havemos somos estamos
tendes haveis sois estais
têm hão são estão
PRETÉRITO IMPERFEITO
tinha havia era estava
tinhas havias eras estavas
tinha havia era estava
tínhamos havíamos éramos estávamos
tínheis havíeis éreis estáveis
tinham haviam eram estavam
PRETÉRITO PERFEITO
tive houve fui estive
tiveste houveste foste estiveste
teve houve foi esteve
tivemos houvemos fomos estivemos
tivestes houvestes fostes estivestes
tiveram houveram foram estiveram
PRETÉRITO-MAIS-QUE-PERFEITO
tivera houver fora estivera
tiveras houveras foras estiveras
tivera houvera fora estivera
tivéramos houvéramos fôramos estivéramos
tivéreis houvéreis fôreis estivéreis
tiveram houveram foram estiveram
FUTURO DO PRETÉRITO
teria haveria seria estaria
terias haverias serias estarias
teria haveria seria estaria
teríamos haveríamos seríamos estaríamos
teríeis haveríeis serieis estaríeis
teriam haveriam seriam estariam
MODO SUBJUNTIVO
PRESENTE
tenha haja seja esteja
tenhas hajas sejas estejas
tenha haja seja esteja
tenhamos hajamos sejamos estejamos
tenhais hajais sejais estejais
tenham hajam sejam estejam
PRETÉRITO IMPERFEITO
tivesse houvesse fosse estivesse
tivesses houvesses fosses estivesses
tivesse houvesse fosse estivesse
tivéssemos houvéssemos fôssemos estivéssemos
tivésseis houvésseis fôsseis estivésseis
tivessem houvessem fossem estivessem
MODO IMPERATIVO
AFIRMATIVO
tem (tu) (desusado) sê (tu) está (tu)
tenha (você) haja (você) seja (você) esteja (você)
tenhamos (nós) hajamos (nós) sejamos (nós) estejamos (nós)
tende (vós) havei (vós) sede (vós) estai (vós)
tenham (vocês) hajam (vocês) sejam (vocês) estejam (vocês)
NEGATIVO
não tenhas (tu) não hajas (tu) não sejas (tu) não estejas (tu)
não tenha (você) não haja (você) não seja (você) não esteja (você)
não tenhamos (nós) não hajamos (nós) não sejamos (nós) não estejamos (nós
não tenhais (vós) não hajais (vós) não sejais (vós) não estejais (vós)
não tenham (vocês) não hajam (vocês) não sejam (vocês) não estejam (vocês
EXERCÍCIOS
1. Indique se os verbos destacados nas orações abaixo, exprimem ação, estado, fenômeno ou mudança de estado:
a) Quando se retiraram, riu-se ele pelo caminho à vontade.
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b) Relampejava quando os dois saíram.
______________________________________________________________________________________________
c) Luisinha tornara-se uma bela moça.
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d) Leonardo viu que esta observação era verdadeira.
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2. Indique se os verbos destacados nas orações abaixo estão no modo indicativo, subjuntivo ou imperativo:
a) Eu porei tudo no seu devido lugar.
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Locução adverbial:
É o grupo de palavras que desempenha a função de advérbio:
Ex: À noite, preferia uma refeição leve.
Nos campos floridos, vicejam os girassóis.
As palavras onde, como, quanto e quando usadas em frases interrogativas (diretas ou indiretas) são
chamadas de advérbios interrogativos:
Ex: Onde você mora?
Perguntei como ele fez isso.
Quando você volta?
Quanto custa a mercadoria?
Graus do advérbio:
Palavras denotativas:
Certas palavras ou locuções, que não se enquadram em nenhuma das classes de palavras, recebem o
nome de palavras ou locuções denotativas. Para reconhecê-las, é preciso observar o sentido da oração. As principais
são:
a) de exclusão – só, somente, apenas, unicamente, sequer, exclusivamente, salvo, senão, etc.
Ex: Correu apenas para chegar cedo.
b) de inclusão – inclusive, também, até, mesmo, etc.
Ex: Até Pedro foi contra a medida.
c) de designação – eis.
Ex: Eis o nosso mestre!
d) de realce – cá, só, é que, mas, não, etc.
Ex: Eu é que sei como é trabalhoso.
e) de retificação – aliás, digo, isto é, perdão, antes, não, etc.
Ex: Aliás, eu nunca disse isso.
f) de situação – mas, afinal, agora, então, etc.
Ex: Afinal, quem é ele?
5. Analise os advérbios em destaque, classificando-os de acordo com a circunstância que a eles se referem:
a) Hoje fomos surpreendidos com a chegada dos visitantes.
b) Não me incomodo com sua impaciência.
c) Talvez eu compareça ao seu aniversário.
d) Estamos muito contentes com sua aprovação.
e) Alegremente Pedro se despediu de sua família.
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7. (FGV-2003) Leia o texto abaixo, fragmento de um conto chamado “A nova Califórnia”, de Lima Barreto.
Depois, responda à pergunta correspondente. Ninguém sabia donde viera aquele homem. O agente do
correio pudera apenas informar que acudia ao nome de Raimundo Flamel (..........). Quase diariamente, o carteiro lá
ia a um dos extremos da cidade, onde morava o desconhecido, sopesando um maço alentado de cartas vindas do
mundo inteiro, grossas revistas em línguas arrevesadas, livros, pacotes...
Quando Fabrício, o pedreiro, voltou de um serviço em casa do novo habitante, todos na venda perguntaram-
lhe que trabalho lhe tinha sido determinado.
- Vou fazer um forno, disse o preto, na sala de jantar. Imaginem o espanto da pequena cidade de
Tubiacanga, ao saber de tão extravagante construção: um forno na sala de jantar! E, pelos dias seguintes, Fabrício
pôde contar que vira balões de vidros, facas sem corte, copos como os da farmácia - um rol de coisas esquisitas a se
mostrarem pelas mesas e prateleiras como utensílios de uma bateria de cozinha em que o próprio diabo cozinhasse.
Explique o uso que têm os advérbios donde (‘Ninguém sabia donde viera aquele homem’), onde e aonde, segundo a
norma culta da língua portuguesa. Formule uma frase para cada um desses advérbios.
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No primeiro exemplo, a conjunção e relaciona duas palavras com mesmo valor gramatical. No segundo, a
conjunção coordenativa mas liga orações de sentido completo. No terceiro, a conjunção que liga duas orações, a
segunda dependente da primeira, pois tem sentido completo. Neste último exemplo, temos uma conjunção
subordinativa.
Locução conjuntiva:
Quando duas ou mais palavras apresentam valor de uma conjunção, temos uma locução conjuntiva: antes
que, contanto que, desde que, de modo que, à medida que etc.
CONJUNÇÕES COORDENATIVAS
As conjunções coordenativas ligam orações que têm sentido por si mesmas, sem dependência sintática
uma da outra, estabelecendo entre elas apenas uma sucessão de ideias. Ligam também palavras de idêntica função
gramatical.
As conjunções coordenativas podem ser: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas e
são classificadas de acordo com o sentido que possuem no contexto.
ADITIVAS: Ligam palavras ou orações, dando-lhes idéia de soma ou adição: e, nem (= e não), mas
também:
Ex: Ele falava e eu ficava ouvindo.
Pedro e Antonio foram assistir ao jogo.
ADVERSATIVAS: Ligam dois termos ou duas orações, dando-lhes uma ideia de compensação ou de
contraste: mas, porém, contudo, todavia, senão, entretanto, no entanto etc:
Ex: Pedro é distraído, mas competente.
Apressou-se, contudo não chegou a tempo.
CONCLUSIVAS: Ligam à oração anterior outra que exprime conclusão: logo, pois, portanto, por
conseguinte, por isso, assim, de modo que etc:
Ex: O céu está estrelado, logo não choverá.
Respondi com segurança a todas as questões, portanto devo tirar boa nota.
EXPLICATIVAS: Ligam a uma oração outra que a explica, dando um motivo: pois, porque, porquanto, que
(= porque) etc
Ex: Alegra-te, que estou aqui.
Não me aguardem, porque não poderei chegar a tempo.
CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS:
CAUSAIS: Iniciam orações subordinadas denotadoras de causa: porque, pois, como (=porque), porquanto,
visto que, uma vez que, que etc
Ex: Ele pegou a doença porque andava descalço.
COMPARATIVAS: Iniciam uma oração subordinada que encerra o segundo elemento de uma comparação:
que, do que (depois de mais, menos, melhor, pior), qual (depois de tal), quanto (depois de tanto), como, assim como,
bem como etc:
Ex: O espetáculo não foi como se esperava.
CONCESSIVAS: Introduzem orações subordinadas nas quais dá-se a entender que se admite ou se
concede um fato contrário à declaração contida na oração principal: ainda que, apesar de que, embora, mesmo que,
posto que, por mais que, se bem que, por pouco que, nem que etc.
Ex: Defendeu o amigo embora discordasse das suas ideias.
CONFORMATIVAS: Iniciam uma oração subordinada que exprime conformidade com o que se declara na
oração anterior: conforme, como (= conforme), segundo, consoante etc.
Ex: tudo foi feito conforme combinamos.
CONSECUTIVAS: Iniciam uma oração subordinada na qual se expressa a conseqüência do que foi
declarado na oração principal: que, (combinada com uma destas palavras: tal, tanto, tão ou tamanho, presentes na
oração anterior.
Ex: Ele falava tanto que lhe cassaram a palavra.
FINAIS: Iniciam uma oração subordinada que indica a finalidade do que está expresso na oração principal:
para que, a fim de que, que (= para que) etc:
Ex: Ele trabalhou muito para que o irmão pudesse estudar.
PROPORCIONAIS: Iniciam uma oração subordinada em que se menciona o fato realizado ou para realizar-
se proporcionalmente ao que está expresso na oração principal: à medida que, à proporção que, ao passo que,
quanto mais... mais, quanto menos... menos etc:
Ex: À medida que iam chegando, ocupavam as poltronas.
TEMPORAIS: Iniciam uma oração subordinada com ideia de tempo: quando, enquanto, antes que, depois
que, desde que, logo que, assim que, até que, que (= desde que), apenas, mal, sempre que, tanto que etc
Ex: Todos já estavam a postos quando ele chegou.
EXERCÍCIOS
1. Destaque e classifique as conjunções coordenativas dos seguintes períodos:
a) Pagou a mercadoria e recebeu o troco.
______________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________
b) Pagou a mais, porém não lhe deram o troco.
______________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________
c) Pagou a mais, portanto deverão lhe dar o troco.
______________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________
d) Recebeu o troco, porque pagou a mais.
______________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________
2. Reúna, por meio de uma conjunção, as orações de cada grupo, estabelecendo uma relação de coordenação que
achar possível. Indique o tipo de relação estabelecida.
Veja o exemplo:
Provavelmente, amanhã não teremos bom tempo. O céu está nublado.
Coordenando: Provavelmente, amanhã não teremos bom tempo, pois o céu está nublado.
Tipo de relação: Explicativa.
a) Trabalhe. Carregue o peso de uma existência vazia.
Coordenando: __________________________________________________________________________________
Tipo de relação: ________________________________________________________________________________
b) acidental – quando se trata de palavra que pertencendo normalmente a outra classe, funciona às vezes
como preposição.
Ex: afora, conforme, consoante, durante, mediante, não obstante, senão, etc.
Locução Prepositiva:
Combinação ou contração:
Pode ocorrer ainda a combinação ou contração da preposição com outras palavras:
Ex: donde (de + onde), do (de + o), no (em + o), pela (per + a), deste (de + este), daquele (de + aquele),
àquele (a + aquele), à (a + a), aos (a + os).
1. Indique se as relações estabelecidas pelas preposições nas frases abaixo são de lugar, tempo, assunto,
companhia, modo, fim, matéria ou causa:
a) Esperei até agora.
______________________________________________________________________________________________
b) Venho do colégio.
______________________________________________________________________________________________
c) Estudei para os exames.
______________________________________________________________________________________________
d) Dormiu de bruços.
______________________________________________________________________________________________
e) Falamos de política.
______________________________________________________________________________________________
f) Quase morreu de frio.
______________________________________________________________________________________________
g) Bebi um licor de laranja.
______________________________________________________________________________________________
h) Fiz o trabalho com o Fernando.
______________________________________________________________________________________________
2. Nas orações abaixo, indique se as preposições estabelecem uma relação espacial ou temporal:
a) Viajamos do Rio a São Paulo.
______________________________________________________________________________________________
b) O menino correu até a esquina.
______________________________________________________________________________________________
c) Não o vejo desde ontem.
______________________________________________________________________________________________
d) Trabalhamos de 8 às 6.
______________________________________________________________________________________________
e) Saí de casa bem cedo.
______________________________________________________________________________________________
SUBSTANTIVO:
Palavra com que nomeamos tudo aquilo que tem existência real ou imaginária.
Ex: maça, pia, mãe.
ADJETIVO:
Palavra que caracteriza os seres ou as coisas.
Ex: belas (maçãs), (prato) limpo.
ARTIGO:
Palavra que se antepõe a um substantivo para caracterizá-lo como um ser determinado ou indeterminado:
Ex: o (prato), a (casa), uma (fruta), as (bactérias).
NUMERAL:
Palavra que indica quantidade ou ordem numérica.
Ex: três, primeira, segunda.
PRONOME:
Palavra que representa ou acompanha o substantivo, considerando-o apenas como pessoa do discurso.
Ex: Mamãe não sabia...
Ela não sabia... (Ela representa o substantivo mãe e indica a 3ª pessoa do singular).
VERBO:
Palavra que numa perspectiva de tempo, exprime ação, estado ou fenômeno.
Ex: haver, lavar, ingerir, descascar, errar, saber, migrar, contaminar.
ADVÉRBIO:
Palavra que expressa circunstância de lugar, tempo, modo, intensidade, etc. Pode acompanhar um verbo,
um adjetivo ou outro advérbio.
Ex: Iria descascá-la depois.
A maçã não estava limpa.
A pia estava muito limpa.
PREPOSIÇÃO:
Palavra que estabelece um vínculo entre dois termos dois termos de uma oração.
Ex: Havia três belas maçãs sobre o prato.
Iria com o Alfredo.
Podem migrar para o interior.
INTERJEIÇÃO:
Palavra ou expressão que exprime reação emotiva.
Ex: Viva! Ah! Bravo! Oh!
EXERCÍCIOS
2. Observe as palavras grifadas da seguinte frase: “Encaminhamos a V. Senhoria cópia autêntica do Edital
nº 19/82”. Elas são, respectivamente:
a) verbo, substantivo, substantivo;
b) verbo, substantivo, advérbio;
c) verbo, substantivo, adjetivo;
d) pronome, adjetivo, substantivo;
e) pronome, adjetivo, adjetivo.
5. Assinale o par de frases em que as palavras sublinhadas são substantivo e pronome, respectivamente:
a) A imigração tornou-se necessária. / É dever cristão praticar o bem.
b) A Inglaterra é responsável por sua economia. / Havia muito movimento na praça.
c) Fale sobre tudo o que for preciso. / O consumo de drogas é condenável.
d) Pessoas inconformadas lutaram pela abolição. / Pesca-se muito em Angra dos Reis.
e) Os prejudicados não tinham o direito de reclamar. / Não entendi o que você disse.
SARMENTO, Leila Lauar. Português: literatura, gramática, produção de texto. / Leila Lauar Sarmento,
CUNHA, Celso. Nova Gramática do Português Comtemporâneo. / Celso Cunha, Luís F. Lindley Cintra. –
CÂNDIDO, Antônio. Formação da Literatura Brasileira. 3.ed. – São Paulo: Livraria Martins Fontes Editora
S.A.
CÂNDIDO, Antonio. Presença da Literatura Brasileira: das origens ao Romantismo./ Antonio Candido, José
MAIA, João Domingues. Português: volume único. 2.ed. – São Paulo: Ática, 2005.
CARVALHO, José Augusto. Gramática Superior da Língua Portuguesa. 2.ed. rev.- Brasília: Centro Editorial/
Theasaurus, 2011.