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Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) - Campus Guarulhos

História - História do Brasil II - Profª Wilma Peres Costa


Fernanda Mota de Oliveira - 101.727

RESENHA: Wilma Peres Costa, A Guerra do Paraguai e a problemática militar no Império, in


Revista História (Unesp), 1995

A Guerra do Paraguai foi extremamente importante para a História Brasileira e teve


efeitos profundos sobre a política interna brasileira, sendo um acontecimento que aconteceu
durante o auge do Império, mas que foi o mote para o início de alguns problemas que levaram
à decadência e consequentemente à queda do Império, como a “Questão Militar”.
A Guerra da Tríplice Aliança foi também muito peculiar, ela fez do Brasi, do Uruguai e
da Argentina aliados no conflito, sendo que eles eram clássicos adversários na região e foi o
conflito armado mais sangrento da América do Sul. Foi um conflito paradoxal para o Império
brasileiro, pois este sabia que suas pretensões na região do Prata estavam fadadas a
combates e ao mesmo tempo que ele não estava adequadamente armado para isso.
Colocando o Estado brasileiro perante a questão da defesa externa e do armamento e
treinamento do seu exército.
Um dos motivos para o Estado Brasileiro não ter o monopólio armamentista e nem ser
suficiente armado é a sua situação de Estado escravista. Afinal a sociedade é formada em
grande parte por escravos, que não são recrutáveis; o poder privado utiliza-se da coerção,
utilizando armas para manter a ordem interna, exemplo disso sãos as milícias do senhoriato;
pela existência da Guarda Nacional; pela falta de habilidades militares do senhoriato
escravista e pela forma com que as terras são ocupadas, impedindo que se formem camadas
empobrecidas da aristocracia rural para servir no exército.
Assim sendo, a profissionalização do Exército brasileiro não coincide com o seu
monopólio das armas. E para o Exército são atraídas as camadas médias da população. O
senhoriato mantinha essa força armada sob controle através de dois mecanismos: a
politização da mesma e o estímulo à rivalidade entre os oficiais superiores. Durante a guerra
do Paraguai houve o colapso do estilo tradicional de relacionamento entre as forças armadas
e as instituições políticas, o que culminou na Questão Militar.
O Império temia a reformulação do Antigo Vice-Reino do Prata e a integração por
esses Estados da mesopotâmia platina no processo. E por conta disso, mantinha uma política
intervencionista na região do Prata. Uma questão espinhosa era que para a reunificação do
Vice-Reino do Rio Prata ou para a integração da mesopotâmia, a justificativa usada era a do
uti possidetis, que também era a base com a qual Portugal garantiu a integridade territorial da
América Portuguesa.
Até a Guerra do Paraguai, o Brasil só havia enfrentado forças milicianas de caráter
predominantemente privado, tais quais acontecia também com a própria força militar do povo
gaúcho. A partir do conflito com o Paraguai, o Brasil enfrentava pela primeira vez um exército
de conscrição universal coeso em torno de seu líder.
“Lopes conseguiu levantar em armas, no momento da eclosão do conflito, um exército
de cerca de 80.000 homens. Frente a esse desafio radicalmente novo, o Brasil podia opor, no
mesmo momento, uma força de cerca de 18.000 homens (fixação de forças para 1864),
dispersa em parte pelo seu vasto território e ocupada, em sua parcela mais experiente e
aguerrida, na invasão do Uruguai”. Assim o conflito se inicia com a vantagem quantitativa e
qualitativa do Exército paraguaio perante o brasileiro e o argentino.
No final do conflito esses números se invertem, em 1869, o Brasil possuía 26.000
homens enquanto os efetivos paraguaios baixavam para 8.000. A Tríplice Aliança foi muito
importante porque além do contingente de homens que puderam acrescentar ao esforço
brasileiro, sua geo política era favorável, fazendo do território argentino o cenário da primeira
fase da campanha.
O Conflito fez com que o Exército brasileiro sofresse pessoalmente o peso de ser uma
Sociedade ainda monárquica e principalmente, escravista. Vista como atrasada e frágil pela
opinião pública internacional. A escravidão era vista como um ponto de vulnerabilidade do
Império, um problema que afetava a segurança do Estado e da Nação.
Wilma Costa Peres é historiadora, com Livre Docência na Área de História
Econômica, onde também realizou o concurso de Titular (Universidade Estadual de
Campinas). Realizou estudos pos graduados no University College London e na École
des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS, Paris). Possui graduação em Ciências
Sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1973), mestrado
em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas (1976) e doutorado em
Sociologia pela Universidade de São Paulo (1990). Atualmente, ensina e pesquisa na
Universidade Federal de São Paulo, na área de Brasil Império.

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