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Aluno: Maria Célia Pitombo

Faculdade de Teologia – FATEO


Professor: Frei Werlen
Matéria: Pentateuco

Pentateuco: O Código da Aliança

O pentateuco é composto por um grande conjunto de textos literários,

narrações e leis. O nome pentateuco refere-se aos cinco primeiros livros da Bíblia:

Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Esses primeiros cinco livros

da Sagrada Escritura são conhecidos também como Torá, que quer dizer

“instrução”, principalmente pelos judeus.

O pentateuco pode ser dividido em duas grandes partes: a primeira parte

predomina o gênero literário (Gn 1 – Ex 19). A narrativa bíblica pode ser composta

por três princípios: ideológico (comunica uma mensagem sobre o que era o

mundo); historiográfico (existe uma linha de fatos e narrativas); e estético (é o

modo como o texto está organizado).

A segunda parte do pentateuco é composta pelo gênero da lei (Ex 20 - Dt).

Na lei existem três grandes legislações: o Código da Aliança, a Lei da Santidade e

Código deuteronômico. Essas leis nascem a partir da história do povo e junto com

o povo, por isso são inseparáveis a lei e os costumes do povo com a sua própria

história.
Vale ressaltar que ambas as partes do pentateuco são complementares e

formam uma unidade, pois tanto a narrativa está presente na lei, quanto a lei na

narrativa bíblica. Apesar disso, historicamente pode-se afirmar que os códigos de

leis no Pentateuco foram criados separadamente das narrativas.

Durante toda a narrativa do pentateuco são apresentados numerosos

personagens, porém alguns aparecem com mais frequência que outros, como: Javé,

Jacó, Abraão/ Israel e Moisés. Por diversas vezes esses personagens não são

apresentados em si, mas como participantes de um enredo.

Outro ponto determinante para o estudo do pentateuco está em relação ao

tempo e ao espaço na qual se passam as narrativas. Na dimensão temporal temos

uma relação de sequência cronológica dos fatos com a narrativa. Podendo assim,

distinguir dois tipos de temporalidade que determinam a cadência da narrativa: a

primeira está na própria ação dos acontecimentos que é medido por dias, meses ou

anos. Já a segunda parte está na relação com as palavras e objetos presentes na

narrativa. Desse modo, pode-se distinguir o tempo narrado com o tempo de narrar.

A dimensão espacial é marcada pela característica e da localização dos

personagens do pentateuco ao longo da narrativa. Assim, pelo itinerário e a

linhagem de gerações é que se pode determinar a localização espacial das

narrativas. Na medida que a narrativa sucede os personagens vão caminhando e se

movendo, o que permite, a partir do conjunto de textos bíblicos, a coesão desses

lugares com o tempo e a narrativa.


Uma outra chave de interpretação da tradição histórica de Israel, em relação

ao pentateuco, são os “problemas” especiais nas narrativas. Um desses problemas

está na narrativa duplicada ou de repetições, isso também acontece com as leis, por

exemplo no decálogo (10 mandamentos). Outro problema comum observado no

pentateuco é a linguagem e estilo utilizados para comunicar o que viviam, além

das expressões próprias de seu tempo e espaço que difere do nosso atual, existem

textos com conteúdo próprio (por exemplo a linguagem deuteronomista).

O pentateuco é uma obra complexa que tem uma literatura específica, de

uma linguagem, estilo e teologia entrelaçados, que permitem diversas

interpretações e estudo sobre o sua origem e conteúdo. Pode-se concluir sobre o

pentateuco que é fundamental importância para o povo de Israel e para o

entendimento de toda a Bíblia.

Tendo entendido a complexidade do pentateuco como São inseparáveis a

lei e os costumes do povo com a sua própria história. Uma das três grandes

legislações encontradas no pentateuco está o Código da Aliança. Desse ponto de

vista, o Código da Aliança é a mais antiga lei que aparece no pentateuco, depois

do decálogo, e tem grande influência na composição do povo de Israel.

O Código da Aliança são textos bíblicos logo após a narrativa dos 10

mandamentos. Sendo esses textos o ponto importante da Sagrada Escritura que

corresponde o momento em que Deus firmou uma Aliança com povo, formando,

assim o povo de Deus. No Código da Aliança é um conjunto de leis que buscavam

garantir a solidariedade e a capacidade de viver em comunidade. O Código da


Aliança está presente no Livro do Êxodo, inicia-se no capítulo 20, versículo 22 e

vai até o capítulo 23, versículo 19.

Nesse sentido, a data específica do Código da Aliança não pode ser

garantida, porém, por meio do ambiente social e econômico pode-se deduzir um

recoste temporal em que se ambientava o Código. Assim, o Código da Aliança

revela os costumes da sociedade e sua mudança de estilo de vida. Já não são mais

seminômades ou exercem a atividade pastoril, mas são voltados para a agricultura

e o comércio, como o interesse pelos os escravos.

Muitos autores atribuem o Código da Aliança a Moisés, pois ele tinha

autoridade em Israel e por ele foram direcionadas as leis da época. É possível

afirmar que esse conjunto de leis foi inserido fora do seu contexto apropriado,
pois

a sua inclusão nesse contexto bíblico pretendia incluir o Código da Aliança como

parte da Aliança do Sinai. Deveria existir um complemento entre o decálogo e o

Código da Aliança já que para obedecer às obrigações decorrentes do Código da

Aliança resultaria na expressão do decálogo.

Por constar no Código leis civis e criminais é possível compará-lo com

outros códigos existentes na época, como o Código de Hamurabi, de modo que

houve uma adaptação israelita da lei para o povo. Apesar desse possível contato

com outros códigos, isso não concluem uma cópia direta desses códigos, mas da

existência de uma fonte comum proveniente e base para esses códigos que se

divergem de acordo com os povos e os ambientes.


O Código da Aliança ou o Livro da Aliança têm em seus componentes e

estruturas pontos convergentes com outros textos do Antigo Oriente como os tipos

de lei: casuísticas (são casos específicos da rotina diária) e apodíticas (são

categóricos nos mandamentos diretos ou proibições absolutas). Além disso, o

Código da Aliança apresenta outros pontos singulares, ou seja, próprio de seu


estilo

e forma.

Dentre outras classificações, pode-se dividir o Código da Aliança de acordo

com o seu conteúdo, como os elementos jus (jurídicos), ethos (costumes), cultus

(cultuais). Apesar desses elementos se divergirem por conteúdo é preciso

evidenciar o seu caráter unitário. Embora divididos por elementos há uma

integralidade entre eles.

De um modo geral o Código da Aliança é dividido em 5 partes.

A primeira parte tem como objetivo evidenciar as leis religiosas e cultuais

(a proibição de imagens, lugar do culto). Da mesma forma a quinta parte também

visa as leis religiosas e cultuais (proibição de “deuses”, calendário festivo e


tempo

do culto) que correspondem aos capítulos 20 e 23 do Livro do Êxodo. Assim, o

começo do Código da Aliança é voltado para proibições e a determinação do lugar

e do tempo do culto.

A segunda parte é voltada para as leis sobre os escravos, ordenando o que

fazer e como o povo deveria relacionar com os escravos. Toda essa segunda parte

do Código da Aliança é do tipo de lei casuística, pois haverá uma condição se


determinada situação ocorrer. Logo, são leis que dependem de uma motivação para

validar ou não a relação do povo com os escravos. Ainda na segunda parte é

observado leis sobre diversos casos, como: delitos merecedores de morte, lesões

corporais, responsabilidade no trabalho, sedução a uma jovem solteira.

A terceira parte do Código da Aliança remete às leis da coleção gerim

“forasteiros”, voltadas para leis sociais, religiosas e a legislação processual,


com

substrato social. Essas leis remetem ao modo como os forasteiros (pessoas de

outras tribos ou de outra nação) devem ser tratados e a justiça que devem exercer

para os inimigos. De todo modo, a lei sempre busca defender os mais fracos, até

mesmo na relação religiosa.

Quarta parte do Código da Aliança referem-se as leis sobre o ano sabático

e o sábado. Essas leis focam mais na observância do costume do povo de guardar

o sábado e repousar no Senhor todos os homens, mulheres e animais. Aqui está

presente as festas de Israel e suas celebrações festivas do povo

Portanto, o Código da Aliança é fundamental para o povo hebreu, enquanto

povo e comunidade. Apesar dos 10 mandamentos servir como aliança de Deus

com o homem, o povo hebreu precisava se organizar enquanto sociedade de modo

que refletissem os mandamentos de Deus. Por isso, o Código da Aliança ajuda o

povo a exercer aquilo que Deus ordenava para o homem viver bem em sociedade.

Assim, é possível concluir que as partes essenciais do Código da Aliança a

permanecem válida para muitos povos, mesmo dependam de juristas que mesclam
com outras exigências de caráter cultual, religioso, ético e social, com as suas

respectivas fundamentações teológicas e históricas.

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BIBLIOGRAFIA

GARCÍA LÓPES, F. O PENTATEUCO - Coleção Introdução ao Estudo da

Bíblia, vol. 3ª; São Paulo. Ave Maria, 2004.

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