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Glauco Pereira
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Resolução do IV Concílio Geral da ICEB, item VII. O Cristão Evangélico, Junho/1973. p. 3.
adota esse modelo. As propostas são apresentadas, avaliadas por uma comissão
de documentos, discutidas e levadas ao plenário para aprovação ou rejeição. No
caso da Confissão de Fé, foi aprovada e recomendada a todas as igrejas filiadas.
A fusão da ICEnB e ICEB exigiu mais trabalho no documento
apresentado. O texto primário da Confissão continha 15 (quinze) artigos,
conforme documento de 30 de setembro de 1978.
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No Concílio Constituinte de 1979, ano em que ocorreu a fusão foi criado
uma comissão composta por 5(cinco) pastores; sendo o Rev. Tom Macintyre,
relator; Eliel de Almeida Martins; Enoque Vieira de Santana; Jessé Pereira
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Alcântara e João Arantes Costa. . Esta comissão fez uma revisão no documento,
tendo como base algumas obras que influenciaram na pesquisa e redação da
Confissão de Fé, sendo elas: a Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do
Cristianismo do Robert Reid Kalley; Dogmática Evangélica do Rev. Alfredo
Borges Teixeira, ministro presbiteriano; A Confissão de Fé de Westminster, esta
elaborada de 1643 a 1649 na Assembleia de Westminster, constituída por
puritanos ingleses e que se tornou a síntese teológica das igrejas reformadas,
presbiterianas, congregacionais e batistas; O Catecúmenos, entre outros mais
comumente usados no período.
Após as revisões e algumas discussões o texto foi aprovado, mas não sem
discordâncias. A aprovação pelo Concílio de 1979 não agradou a todos, havia
questionamentos, principalmente sobre a doutrina do Espírito Santo. Assim outra
proposta e revisão foram feitas e apresentadas no Concílio de 1985.
A região eclesiástica do nordeste, representada pela Igreja Cristã
Evangélica Emanuel, de Fortaleza, apresentou um documento solicitando uma
posição da denominação. Já havia solicitado do Seminário Bíblico Goiano e da
Mean, porém não obtendo resposta, encaminhou a solicitação ao Concílio:
“Requerendo um esclarecimento sobre a posição doutrinária no que diz respeito
ao “falar em línguas estranhas, interpretações, operações de milagres, curas, etc.
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Documento do Concílio Constituinte da Igreja Cristã Evangélica do Brasil. In: Suplemento de O
CRISTÃO EVANGÉLICO – Janeiro a Março de 1979.
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Ata do Concílio Constituinte, realizado em 25 de Fevereiro de 1979. III sessão.
E se a posição teológica do nosso seminário sustenta que esses dons são para a
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época atual”.
A ICEB, por seus princípios doutrinários e ordem de culto, ao longo de sua história eclesiástica,
não reconhece a prática dos dons de línguas, profecias preditivas e operações de
milagres como necessários à edificação da Igreja e testemunho do Evangelho no
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mundo.
A seção citada não se encontra mais na Confissão de Fé, pois por algum
motivo foi rejeitada e arquivada.
Uma palavra de apreciação e respeito aos nobres reverendos que revisaram
o texto se faz necessário aqui; isto é feito através da citação do “Cristão
Evangélico”:
A Reforma parcial do Regimento Interno e mais o novo texto da Confissão de Fé da ICEB, são
produtos de um criterioso trabalho realizado por uma Comissão de pastores,
especialmente constituída em Concílio para este fim, cujo trabalho foi
apresentado na Assembléia de Pastores, convocada pelo DD. Diretor do
Departamento Ministerial e realizada em Anápolis, nos dias 8 a 11 de Julho de
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1985.
4
Carta dirigida ao V Concílio Nacional da Igreja Cristã Evangélica do Brasil, realizado em Julho de 1985.
5
O Cristão Evangélico, 1985, Nºs 5,6, p.6.
6
Ibid., p.5.
breves alterações posteriores a 1979 foram incluídas no documento original, algo
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semelhante ao que ocorreu com o Credo Niceno-Constantinopolitano (381).
7
As decisões de Nicéia (325) foram redigidas em Constantinopla e as novas decisões acrescentadas ao
documento de Nicéia, que passou a ser chamado o Credo de Nicéia.
alegria nos deveres da obediência que são os frutos próprios desta segurança.
Este privilégio está, pois, muito longe de predispor os homens à negligência”.
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MATOS, Alderi Souza de. Fundamentos da teologia histórica. São Paulo: Mundo Cristão, 2008, pág. 95.
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J oão Cassiano é o pai do semipelagianismo. Essa doutrina é defendida pela Igreja Católica atualmente e
por alguns evangélicos não arminianos.
“Esta é minha opinião sobre o livre-arbítrio do homem: em sua primitiva
condição, quando saiu das mãos de seu Criador, foi o homem dotado de uma
grande porção de santidade, conhecimento e poder, que lhe permitia
compreender, amar, considerar, desejar e operar o verdadeiro bem, de acordo
com os mandamentos que lhe foram entregues. Porém, nenhuma dessas coisas
poderia ele realizar se não fosse por meio do auxílio da Graça Divina. Mas, em
seu estado caído e pecaminoso, o homem não é capaz, de por si mesmo, sequer
pensar, querer ou fazer aquilo que é verdadeiramente bom: é necessário que ele
seja regenerado e renovado em seu intelecto, afeições, vontades, e em todas as
suas habilidades. Por Deus, em Cristo, através do Espírito Santo, é que ele pode
ter capacidade a entender, estimar, desejar e operar o verdadeiro bem. Quando
ele é feito participante desta regeneração ou renovação, eu considero que, tendo
sido liberto do pecado, torna-se capaz de pensar, querer e fazer aquilo que é
bom, no entanto jamais sem o contínuo auxílio da graça divina” (ARMINIUS,
Jacob; The Works of James Arminius, Volume I).
“IV. Depois desses, segue-se o quarto decreto pelo qual Deus decretou a
salvação ou a perdição das pessoas. Esse decreto se fundamenta na presciência
de Deus, pela qual desde a eternidade ele sempre soube quais os indivíduos que,
pela graça [preveniente], creriam e, pela graça subsequente, perseverariam”.
(Roger Olson, História da Teologia, p. 479)
Deus apenas “sabia” quem creria, daí pela ação do homem Ele responde
com a graça. A graça preveniente está imbutida em todas as pessoas desde o
nascimento, essa é despertada ou acionada quando o indivíduo ouve a pregação,
daí através do auxílio o homem pode aceitar ou rejeitar a salvação. É nesse
sentido na ordem dos decretos que Deus é passivo e depende da decisão do
homem. Outra questão ainda nesse ponto é que Deus precisa se limitar para que o
homem seja livre e possa decidir e essa limitação possibilita o livre arbítrio e o
sinergismo evangélico. A autolimitação é importante no arminianismo:
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Examination of Dr. Perkins’s Pamphlet, in: Works of James Arminius, 3.284. Muller, com toda a razão,
atribui muito valor à crença de Armínio na autolimitação divina da aliança como uma diferença básica
entre ele e os teólogos reformados de sua época.
produz ou causa nenhuma reação em Deus e muito menos força a graça de Deus
por sua capacidade de escolha. Temos aqui também o exercício da fé; podemos
identificar pela estrutura do artigo que a fé é colocada como um meio pelo qual a
salvação alcança o homem.
A fé salvadora não é um fim em si mesmo, não é inata, mas um meio
(mediante), ou seja, quando o pecador se “apropria” da fé como dom de Deus, os
benefícios de Cristo são aplicados ao mesmo pelo Espírito e assim ele é
regenerado e salvo (Ef 2.8).
Conclusão: