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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

CARLOS EDUARDO BORSOI RHEINHEIMER

INFLUÊNCIA DE COROAS ELÍPTICAS NA PRÁTICA DE CICLISMO

CAXIAS DO SUL
2014
CARLOS EDUARDO BORSOI RHEINHEIMER

INFLUÊNCIA DE COROAS ELÍPTICAS NA PRÁTICA DE CICLISMO

Trabalho de conclusão de curso da


disciplina de Estágio II como parte dos
requisitos necessários para obtenção do
titulo de Engenheiro Mecânico, da
Universidade de Caxias do Sul.

Supervisor Prof. Dr. Eduardo Nabinger.

CAXIAS DO SUL
2014
CARLOS EDUARDO BORSOI RHEINHEIMER

INFLUÊNCIA DE COROAS ELÍPTICAS NA PRÁTICA DE CICLISMO

Trabalho de conclusão de curso como


parte dos requisitos necessários para
obtenção do titulo de Engenheiro
Mecânico, da Universidade de Caxias do
Sul.

Aprovado em 26/06/2014
"Todo homem morre, mas nem todo homem vive."

Willian Wallace
AGRADECIMENTOS

Agradeço a meus pais Jair Carlos Rheinheimer e Marisa Borsoi Rheinheimer por
sempre acreditarem incondicionalmente em mim.
A minha companheira Carmen, pelo apoio e companheirismo.
Ao professor Eduardo Nabinger pela orientação e colaboração com o
desenvolvimento deste trabalho.
Aos professores Paulo Roberto Lizmaier e Vagner Grisson pela contribuição através
da avaliação crítica deste trabalho.
Aos colaboradores da Go Bike pela soliedariedade e atenção na montagem do
equipamento.
Ao sr. Jorge Maino pelo empréstimo dos equipamentos necessários para realização
deste trabalho.
RESUMO

Este trabalho descreve a determinação da influência de coroas de formato não-circular nos


momentos articulares, que participam do movimento da pedalada, de um ciclista. As coroas
elípticas propiciam a variação do raio efetivo da coroa em relação ao ângulo do pedivela,
gerado uma variação na velocidade angular do pedivela. Inicialmente buscou-se identificar os
diferentes modelos de coroas elípticas comerciais existentes no ciclismo, e posteriormente,
fabricou-se dois modelos de coroas em aço ao carbono, com 50 dentes, baseadas em modelos
de sucesso no mercado. Para o cálculo dos momentos articulares foi utilizado o modelo de
cinco barras descrito por Hull (1985), onde os dados de entrada são o ângulo do pedal e o
ângulo do pedivela. Foi realizado um experimento para obtenção de dados reais para
determinação dos parâmetros de entrada. O ciclista utilizou um ciclo ergômetro com carga
baixa e uma rotação livre, onde foram medidos os ângulos relativos entre o pedal e o pedivela
e a velocidade angular do pedivela, estes resultados foram processados, obtendo-se valores
médios do ângulo do pedal e velocidade angular. Calculou-se os momentos articulares
utilizando-se parâmetros antropométricos do ciclista. Foram comparados os resultados
identificando diferenças significativas entre as duas coroas em relação a técnica da pedalada
(ângulo do pedal) e a variação da velocidade. O modelo apresentado foi sensível a mudança
de coroas tanto em amplitude, quanto em afastamento. As observações mostram que deve-se
sempre considerar a variação da velocidade angular para a avaliação de uma coroa elíptica.

Palavras Chaves: Ciclismo. Coroas. Momentos.


ABSTRACT

This paper describes the determination of the influence of crowns of non-circular shape in
joint moments, which participate in the movement of the ride, a cyclist. Elliptical crowns
provide the variation of the effective radius of the crown in relation to the crank angle,
generated a change in angular velocity of the crank. Initially we attempted to identify the
different models of existing commercial elliptical crowns in cycling, and subsequently
manufactured two models are crowns made of carbon steel, with 50 teeth, based on successful
models in market. To calculate the joint moment of five bars the model described by Hull
(1985), where the input data is the angle of the pedal crank and the angle was used. An
experiment was conducted to obtain actual data to determine the input parameters. The rider
cycle ergometer used a low load and a freewheeling, which were measured relative angles
between the pedal and crank and the crank angular velocity, these results have been
processed, obtaining the average values of the pedal angle and angular velocity . We
calculated the joint moments using anthropometric parameters cyclist. The results were
compared to identify differences between the two crowns relative to the pedaling technique
(pedal angle) and speed variation. The presented model was sensitive to changes in amplitude
of both crowns, as for removal. Observations show that one should always consider the
variation of the angular velocity for the evaluation of an elliptical crown.

Cycling: Keys words, Crowns, Moments.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - "A" Bicicleta de Starley (1880) e "B" Bicicleta Atual 12


Coroa Shimano Biopace (década de 80) Direita: Foto de Bradley Wiggins
Figura 2 - 13
usando coroa oval durante Tour de France 2013
Figura 3 - Decomposição de Forças no Pedal 16
Figura 4 - Força Efetiva x Angulo do Pedivela 16
Figura 5 - Força Aplicada e Força Efetiva x Ângulo do Pedivela 17
Figura 6 - Esquema de transmissão de Energia 18
Figura 7 - Potencia da Bicicleta x tempo 19
Figura 8 - Componentes Fundamentais da Força Aplicada 20
Figura 9 - Planos e Eixos Antropométricos 23
Figura 10 - Medidas Antropométricas 24
Figura 11 - Modelos de Coroas Não-Circulares 26
Figura 12 - Mecanismo de Cinco Barra de Hull 28
Figura 13 - Mecanismo de Cinco Barras de Malfait 32
Figura 14 - Regulagens da Bicicleta 33
Figura 15 - Fluxo de Trabalho 38
Figura 16 - Usinagem do Chanfro 41
Figura 17 - Detalhe de Usinagem do Chanfro 42
Figura 18 - Modelo de Bicicleta do Procedimento Experimental 43
Figura 19 - Cavalete para Ensaio 44
Figura 20 - Sensor de Cadência 45
Figura 21 - Sensor de Velocidade Angular Instantânea 45
Figura 22 - Disco de Medição da Velocidade Angular 46
Figura 23 - Pedal Instrumental 47
Figura 24 - Formas de Regulagem da Coroa 47
Figura 25 - Sinais coletados pelos sensores para um tempo de 100 segundos 48
Figura 26 - Sinais coletados pelos sensores para um tempo de 5 segundos 48
Figura 27 - Sinal do sensor de cadência 49
Figura 28 - Angulo Relativo do Pedal 50
Figura 29 - Angulo Absoluto do pedal 50
Figura 30 - Variação da Velocidade Angular 51
Figura 31 - Coroa 1 56
Figura 32 - Coroa 2 56
Figura 33 - Calibração do Pedal Esquerdo 57
Figura 34 - Calibração do Pedal Direito 57
Figura 35 - Angulo do Pedal Ensaio 1, 2, 3 e 4 58
Figura 36 - Velocidade Angular do Pedivela Ensaio 1, 2, 3 e 4 58
Figura 37 - Torques Simulações 1, 2 e 3 e 4 59
Figura 38 - Torques Simulações 5, 6, 7, 8 e 9 59
Figura 39 - Torque nos Joelho (Direito) das Simulações 1, 2 e 3 e 4 60
Figura 40 - Torque no Joelho (Direito) das Simulações 5, 6, 7, 8 e 9 60
Figura 41 - Torque no Tornozelo (Direito) das Simulações 1, 2, 3 e 4 61
Figura 42 - Torque no Tornozelo (Direito) das Simulações 5, 6, 7, 8 e 9 61
Figura 43 - Torque no Quadril das Simulações 1, 2, 3 e 4 62
Figura 44 - Torque no Quadril das Simulações 5, 6, 7, 8, 9 62
Figura 45 - Ângulo do Pedal Ensaio 2, 4 e 5 63
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Influência dos Parâmetros em Pista Plana ....................................................... 22


Tabela 2 – Dados Antropométricos ................................................................................... 22
Tabela 3 – Calibração do Pedal Instrumental.................................................................... 49
Tabela 4 – Planejamento dos Ensaios Experimentais ....................................................... 51
Tabela 5 – Planejamento das Simulações ......................................................................... 54
Tabela 6 – Dados Antropométricos de Entrada ................................................................ 54
Tabela 7 – Matriz de Auxilio a Tomada de Decisão (Do Material Utilizado) .................. 55
Tabela 8 – Matriz de Auxilio a Tomada de Decisão (Do Processo Utilizado) ................. 56
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÂO ............................................................................................................... 12
1.1. JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 13
1.2. OBJETIVOS...................................................................................................................... 14
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 15
2.1. BIOMECÂNICA DA PEDALADA ................................................................................. 15
2.1.1. Forças envolvidas ............................................................................................................ 15
2.1.2. Como o ciclista gera potência ......................................................................................... 18
2.1.3. Fundamentos da dinâmica da pedalada ........................................................................ 19
2.1.4. Forças do ambiente externo............................................................................................ 21
2.1.5. Antropometria ................................................................................................................. 22
2.2. COROAS NÃO CIRCULARES ....................................................................................... 24
2.2.1. Testes com coroas não circulares ................................................................................... 27
2.3. MODELOS BIOMECÂNICOS ........................................................................................ 27
2.3.1 Regulagens da Bicicleta .................................................................................................. 35
2.4. PROJETO DE COROAS .................................................................................................. 36
3. DESENVOLVIMENTO ................................................................................................. 38
3.1. FLUXO DE TRABALHO ................................................................................................ 38
3.2. PROJETO DA COROA ELÍPTICA ................................................................................. 38
3.2.1. Material para fabricação da coroa ................................................................................ 39
3.2.2 Processo de fabricação da coroa .................................................................................... 40
3.2.2.1 Processo de usinagem do chanfro ..................................................................................... 41
3.3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ............................................................................ 42
3.3.1 Equipamento utilizado .................................................................................................... 42
3.3.1.1 Bicicleta............................................................................................................................. 42
3.3.1.2 Ciclo Ergometro ................................................................................................................ 43
3.3.1.3 Sensor de cadência ............................................................................................................ 43
3.3.1.4 Sensor de velocidade angular ............................................................................................ 44
3.3.1.5 Pedais instrumentais .......................................................................................................... 45
3.3.1.6 Sistema de Aquisição de Dados ........................................................................................ 46
3.4. PLANEJAMENTO DOS TESTES .................................................................................. 46
3.4.1. REGULAGEM DA COROA.......................................................................................... 47
3.5. POCESSAMENTO DE DADOS ...................................................................................... 48
3.6. DETERMINAÇÂO DOS MOMENTOS ARTICULARES .............................................. 51
3.6.1 Parâmetros antropométricos .......................................................................................... 51
3.6.2 Planejamento das simulações ......................................................................................... 52
4. RESULTADOS ................................................................................................................ 53
4.1 MATERIAL DA COROA ................................................................................................ 55
4.2. PROCESSO DE FABRICAÇÃO ...................................................................................... 56
4.3. COROAS FABRICADAS ................................................................................................ 57
4.4. CALIBRAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS ........................................................................ 57
4.5. RESULTADOS DAS SIMULAÇÃO ............................................................................... 57
4.6. DISCUÇÃO DOS RESULTADOS................................................................................... 64
5. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 66
5.1. SUGESTÃO DE CONTINUIDADE ................................................................................ 66
6. ANEXOS .......................................................................................................................... 67
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 69
12

1. INTRODUÇÂO

A bicicleta é um veículo de propulsão humana, surgido em 1840, quando o escocês


Kirkpatrick Macmillan inventou um pedal, colocado junto a roda dianteira. Em 1855 o
francês Pierre Michaux, especialista em carruagens, inventou o pedal propriamente dito. Este
foi instalado em um veículo de duas rodas traseiras e uma dianteira, chamado velocípede. No
ano de 1874, H.J.Lawson desenvolveu a primeira bicicleta com um sistema de transmissão de
correntes (Sidwells, 2003).
Existem diversos modelos de bicicletas atualmente (urbanas, montain bikes, bmx,
speeds) que diferem em função de sua aplicação. A bicicleta atualmente é utilizada em todo o
mundo como um meio de transporte, mas também como forma de esporte e lazer. Além disso,
existem diversas competições, nacionais e internacionais, testando o desempenho de diversos
atletas, sendo inclusive uma modalidade olímpica.
Na década de 1880 o inventor inglês John KempStarley desenvolveu o que pode-se
considerar como a “bicicleta moderna”: um veículo de tração de força humana, com um
quadro em formato de diamante, sistema de transmissão por correntes e pedais (Sidwells,
2003). A Figura 1 compara o modelo de Starley de 1880 e de uma bicicleta atual.

Figura 1 – "A" Bicicleta de Starley (1880) e "B" Bicicleta Atual

Fonte: Sidwells (2003)

O movimento da pedalada do ciclista é um movimento cíclico e repetitivo


identificado pela pedalada, que consiste na rotação completa do eixo do pedal em torno do
eixo central da bicicleta. Movimentos cíclicos são caracterizados pela repetição contínua de
um padrão fundamental de movimento segundo Umberger (2004).
Entretanto, segundo os estudos de Umberger (2004) e Nabinger (2006), a energia
instantânea produzida em um ciclo da pedalada não é constante.Isso se deve à existência de
13

chamados “pontos-mortos”, sendo que existem dois pontos-mortos no ciclo da pedalada,


quando o pedivela encontra-se em um ângulo de 0°, e outro quando o ângulo do pedivela
encontra-se em 180º.
Segundo os estudos apenas a fase de compressão, com força máxima entre 90° e
110° (dependendo da pessoa) é onde existe a maior parte da geração de energia no ciclo da
pedalada. Isso se deve ao fato da impossibilidade do ser humano de “puxar” o pedal durante a
fase de retorno. Segundo os estudos de Nabinger (2006) as outras fases da pedalada podem
gerar uma pequena quantidade energia com o uso da sapatilha (acessório), entretanto essa
energia é muito inferior do que a gerada durante a fase de compressão.
Nos anos 80, fabricantes de bicicletas como a Shimano começaram a desenvolver
modelos de coroas de formatos diferenciados a fim de obter um maior aproveitamento da
geração de energia durante o ciclo da pedalada, variando o braço de alavanca e a velocidade
angular.

Figura 2 – Esquerda: Coroa Shimano Biopace (década de 80)


Direita: Foto de Bradley Wiggins usando coroa oval durante Tour de France 2013

Fonte: Google

1.1. JUSTIFICATIVA

O ressurgimento da utilização de coroas elípticas em competições de ciclismo de alto


rendimento despertou a curiosidade para a verificação da influência deste dispositivo ao longo
da pedalada. A mudança do comprimento de alavanca ao longo da pedalada e a possibilidade
do aumento do tempo onde a força do ciclista é máxima e a redução do tempo onde a força é
mínima é uma forma real e imediata de uma grande mudança da pedalada de ciclistas. O
14

conhecimento e a descrição destas mudanças de uma maneira científica permite a


comprovação da mudança do desempenho da atividade da pedalada.

1.2. OBJETIVOS

O objetivo principal deste trabalho é determinar as diferenças dos momentos


articulares não musculares dos membros inferiores do ciclista, sob a influência de coroas
elípticas.

Os objetivos secundários desse trabalho são


1. Identificar os diversos modelos de coroas não circulares
2. Fabricar dois modelos de coroas elípticas, identificando normas, e padrões de engrenagens
de correntes.
3. Determinar, através de critérios técnicos qual o material e processo de fabricação da coroa
elíptica.
4. Realizar testes experimentais, medindo o ângulo do pedal e a velocidade angular ao longo
da pedalada para os modelos de coroas elípticas fabricados.
5. Determinar os parâmetros biométricos, e criar um modelo numérico computacional,
baseado em um sistema de cinco barras alimentado por dados de ângulo do pedal e dados
antropométricos disponíveis na literatura.
15

1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo aborda temas relacionados à utilização das coroas elípticas, que
propiciaram o desenvolvimento do trabalho proposto. Primeiramente aborda-se a biomecânica
da pedalada,as forças envolvidas no processo da pedalada, e a influência antropométrica, e o
sistema de geração de potência. Na seqüência, tem-se uma revisão sobre coroas ovais, com
um histórico recente, principio de funcionamento e testes. Em seguida, os modelos
matemáticos utilizados para simular o funcionamento de coroas elípticas. O projeto e
fabricação de coroas elípticas.

2.1. BIOMECÂNICA DA PEDALADA

Biomecânica é o estudo da mecânica dos organismos vivos, tanto forças físicas


externas que atuam sobre o corpo, quanto forças internar geradas pelas articulações, ossos e
tecidos histológicos.
Estudiosos ao longo dos anos tem sido atraídos para o estudo da biomecânica dentro
do esporte. Atualmente dentro do ciclismo, estudos tem evoluído para uma análise do
equipamento e da performance humana separadamente, e não mais com um sistema único.
Apresentando novas idéias e conceitos ao mundo do ciclismo.

2.1.1.Forças Envolvidas

O movimento da pedalada vem recebendo uma considerável atenção da comunidade


científica. Segundo Burke (1996), porque o pedal é onde a energia do ciclista é transferida
para a bicicleta, assim tem surgido um interesse particular, nos últimos anos, no contato entre
o pé e o pedal, na força e no torque produzido por esta conexão e na eficiência da pedalada.
Ainda segundo Burke (1996), a força que o ciclista aplica no pedal depende da
técnica de cada ciclista. Essas forças pode ser medidas e posteriormente decompostas em
outros termos. A força normal, perpendicular ao pedal, e a força tangencial, atuando na
superfície do pedal. Se o ângulo entre o pedal e o pedivela é conhecido, a força normal e
tangencial podem ser calculadas e descritas como força “efetiva” e “inefetiva” (Figura 3).
16

Figura 3 – Decomposição de Forças no Pedal

Fonte: O autor.

A força efetiva, gerada por um pedal em função do ângulo do pedivela pode ser vista
na Figura 4.
Figura 4 –Força Efetiva x Angulo do Pedivela

Fonte: Nabinger (2006)


Força efetiva da pedalada em função do ângulo do pedivela, de um ciclista
pedalando com carga (potência transmitida) de 350W e de cadência de 90
RPM. A fase de propulsão (I) Gera forças Positivas, A fase de recuperação
(II) tipicamente apresenta forças efetivas negativas, como apresentadas na
figura.
17

O componente perpendicular (efetiva) ao pedivela é o responsável por gerar potência


para a bicicleta, e a componente tangencial (inefetiva) atua paralelamente ao pedivela,
comprimindo-o e tracionando-o, sem gerar movimento. Autores anteriores usavam o módulo
da força efetiva para descrever a qualidade da pedalada de um determinado ciclista, já que
essa força seria responsável por gerar torque no pedivela (Burke, 1996).
Ciclistas de todos os níveis de habilidade (de amadores a profissionais) exibem
forças efetivas negativas na fase de recuperação (normalmente entre 180° e 360° variando
conforme o ciclista), isso deve-se ao fato principalmente do ciclista não conseguir “puxar” a
perna tão rapidamente quanto o movimento do pedal, e por isso essa força negativa tende a
aumentar em função do aumento da cadência. Entretanto ciclistas de elite, bem treinados
podem apresentar forças negativas extremamente reduzidas, comparados a ciclistas
ocasionais, e a duração da fase de recuperação, também apresentam durações menores. Isso
deve-se principalmente a coordenação motora e ao condicionamento físico. (Burke, 1996).
Segundo Nabinger (2006), nem toda a força aplicada no pedal é transmitida pelo
sistema, sendo somente o componente da força efetiva, o responsável por gerar potência.
Pode-se ver na Figura 5, a relação entre a força aplicada e a força efetiva de um pedal, ao
longo de um ciclo.

Figura 5 – Força Aplicada e Força Efetiva x Ângulo do Pedivela

Fonte: Nabinger (2006)


Função da força efetiva e da força aplicada pelo ângulo do
pedivela, para um ciclista pedalando com carga (potência
transmitida) de 350W e cadência de 60 RPM.
18

2.1.2.Como o Ciclista Gera Potência

Através de contrações musculares, o ciclista gera movimentos articulares em seus


membros inferiores, e aplica força no pedal da bicicleta. E essa força (composta de força
efetiva e não efetiva), gera um torque no pedivela. O torque será igual ao produto do
comprimento de alavanca do pedivela pela força efetiva aplicada pelo ciclista.
O pedivela por sua vez transmite o torque para a coroa, com igual módulo, direção e
sentido (Hibbeler). Esse torque gera uma força tangencial na superfície radial da coroa, que
terá módulo igual a divisão do torque pelo raio efetivo da coroa. Essa força será transmitida
através da tensão da corrente para o pinhão, que conforme a relação de engrenagens irá gerar
um torque na roda. A Figura 6 apresenta um desenho esquemático desse mecanismo.

Figura 6 – Esquema de transmissão de Energia

Fonte: O autor

A potência transmitida pela bicicleta pode ser descrita por:

𝐏 = 𝐅𝐞 × 𝐋 × 𝝎 (01)

P Potência transmitida [W]


FE Força Efetiva [N]
L Comprimento do braço do pedivela [m]
𝜔 Velocidade angular do eixo do pedivela [rad/s]
19

A potência (ou carga) em W depende diretamente de velocidade angular (ou


cadência) aplicada pelo ciclista nos pedais em radianos por segundo. Sendo igual ao produto
do torque pela velocidade angular (ω) do pinhão.
A Figura 7 mostra como a potência da bicicleta se apresenta em uma prova de 1000
m e em uma prova de 5000 m. O pico de potência apresentado no início de cada seção, deve-
se principalmente a alta força aplicada pelo ciclista para vencer a força de atrito estática e as
forças inerciais (Nabinger), apresentando posteriormente um sistema de variação padrão,
devido a variação da força efetiva ao longo de cada ciclo.

Figura 7 – Potência da bicicleta x tempo

Fonte: Nabinger (2006)


A diferença entre o período para a prova de 1000 m e para prova de 5000 m, deve-se
ao fato do ciclista utilizar cadencias maiores em provas curtas (de forma similar a
corridas de 100 m e maratonas

2.1.3. Fundamentos Dinâmicos da Pedalada

Segundo Burke (1996), por anos os especialistas sugeriram que as forças inefetivas
não contribuiriam para a geração de energia. Essa sugestão possui certa lógica, considerando
os fundamentos dinâmicos do sistema perna, pé e pedal, gerando forças mensuráveis no pedal,
independentes das forças musculares, ou do custo energético.
20

Em 1993, Kautz e Hull apresentaram um método, de forma a separar os componentes


fundamentais da força da pedalada medida no pedal, sendo os componentes fundamentais
gerados pelas forças musculares e a geradas pelas forças inerciais (que agem sobre os
membros inferiores) e gravitacionais (ou não musculares). Segundo Burke (1996) para
realizar a separação dos componentes fundamentais, é necessário computar o somatório dos
torques e das forças de reação, que envolvem o sistema (coxa, perna, pé e pedivela), e dados
cinemáticos (posições, velocidades e acelerações).
As medidas dos componentes fundamentais (musculares e não musculares) pode ser
visto na Figura 8. Segundo Burke (1996) e essa figura mostra claramente, que uma porção
significante das forças envolvidas provem de componentes não musculares.

Figura 8 – Componentes Fundamentais da Força Aplicada

Fonte: Burke (1996)


Componentes fundamentais (musculares e não musculares) das forças da pedalada de um ciclista
profissional, pedalando com carga de 400W e 118 RPM. Considerando como forças não musculares as
componentes inerciais e gravitacionais
21

2.1.4. Forças do Ambiente Externo

Além das forças geradas pelo ciclista, o sistema ciclista-bicicleta, estão sujeitos a
uma série de forças provenientes do ambiente externo. Existem as perdas provenientes de
perdas mecânicas, do atrito do solo, resistência aerodinâmicas, e resistências inerciais.
A dinâmica mostra, que a resultante destas forças serão iguais à massa multiplicada
pela aceleração (da bicicleta). Conforme Burke descreve esse sistema através da seguinte
equação:

∑Forçado ciclista - ∑Forças de resistência = massa ×aceleração (02)

Pode-se ainda reescrever esta fórmula de forma deduzida:

𝒅𝑽(𝒙) 𝜼.𝑷(𝒙) 𝟐
𝒎 = − 𝑲𝒂 . 𝑽 𝒙 + 𝑾 𝒙 − 𝑪𝒓 . 𝒎 . 𝒈 − 𝒎 . 𝒈. 𝒊(𝒙) (03)
𝒅𝒕 𝑽(𝒙)

Onde:

m Massa do conjunto [kg]


η Coeficiente da transmissão [constante 0,6 ≤ η ≤ 0,98]
P Potência do ciclista [W]
V velocidade do conjunto [ m/s]
Ka fator de arrasto [kg/m]
W velocidade do vento no sentido contrário [m/s]
Cr coeficiente de rolagem [constante 0,002 ≤ Cr≤ 0,008]
g aceleração da gravidade [m/s²]
i inclinação [m/m].

Essa equação considera que o produto da massa pela aceleração será igual a força
gerada pelo ciclista reduzida pela resistência de arrasto , pela resistência de atrito (se houver)
e pela força gravitacional proveniente de uma inclinação (se houver).
Um ciclista pedalando com uma cadência de 80 RPM em pista plana, com massa
total de 80 kg. Coeficiente de rolagem de 0,008 e coeficiente de arrasto de 0,3 Kg/m Irá
deslocar-se a uma velocidade de aproximadamente 17,8 Km/h. A Tabela 1, mostra a
influência da alteração de um destes elementos na velocidade da bicicleta
22

Tabela 1 - Influência dos parâmetros na Pista Plana

P (W) Cr W (km/h) I Ka (Kg/m) V (Km/h)


Exemplo 80 0,008 0 0 0,3 17,8
Potência Dobrada 160 0,008 0 0 0,3 24,6
Pneu de Corrida 80 0,002 0 0 0,3 21,3
Vento Contrário 80 0,008 5 0 0,3 15,4
Subida de Morro 80 0,008 0 1/100 0,3 12,9
Curvado no
Guidon 80 0,008 0 0 0,2 19,7

Fonte: O Autor

2.1.5. Antropometria

A antropométrica é a ciência que estuda quantitativamente tamanho, massa, forma e


propriedades inerciais do corpo humano, sendo fundamental para a biomecânica, pois fornece
as grandezas necessárias para se realizar os cálculos dinâmicos das contrações musculares
(Zatsiorky, 2002).

Tabela 2 – Dados Antropométricos


Izz
SEGMENTO CM (%) m(%) Ixx(kg.cm²) Iyy(kg.cm²) (kg.cm²)
Cabeça e Pescoço 50,02 6,94 272,1 293,9 202,4
Tronco Superior 50,66 15,955 1.725,60 705,2 1.454,50
Tronco Médio 45,02 16,327 1.280,80 819,1 1.203,10
Tronco Inferior 35,41 11,174 656,8 525 592,4
Braço 55,02 2,707 127,3 38,95 114,4
Antebraço 57,26 1,625 64,7 12,6 60,2
Mão 63,09 0,614 13,2 8,76 5,37
Coxa 45,49 14,165 1.997,80 1.999,40 413,4
Perna 40,47 4,33 385 371 64,6
Pé 55,85 1,37 44 40 10,3
Fonte: Zatssiorky (2002)
CM = Localização do centro de massa ao longo do eixo longitudinal do segmento (percentual do segmento) a
partir da articulação próxima;
m = Massa do segmento (percentual do peso corporal);
Ixx = Momento de inércia em torno do eixo ântero-posterior do segmento (ver Figura 9);
Iyy = Momento de inércia em torno do eixo longitudinal do segmento (ver Figura 9);
Izz = Momento de inércia em torno do eixo médio-lateral do segmento (ver Figura 9).
23

No que diz respeito ao ciclismo, os parâmetros mais importantes são aqueles


relacionados aos membros inferiores, umas vez que são as contrações musculares destes
membros que geram a força. Existem uma série de estudos da antropométrica destes
segmentos, sendo uma das mais aceitas o de Clauser em 1969,segundo Zatsiorky, que são
informadas na tabela 2.
Todos esses parâmetros são apresentados a partir dos eixos antropométricos
definidos como: eixo longitudinal, eixo médio-lateral e eixo antero posterior. Os eixos e
planos antropométricos são mostrados na Figura 9.

Figura 9 - Planos e Eixos Antropométricos

Fonte: Rodacki (2006)


24

Figura 10 – Medidas Antropométricas

Fonte: Rodacki (2006)


A Sua altura do chão ao topo E Medida da axila até a palma
da cabeça da mão
B Altura do chão até os ombros F Medida do ombro até o topo
da cabeça
C Altura do chão até a virilha G Medida da axila até o
cotovelo
D Medida da virilha até o H Medida da Perna
Joelho

2.2. COROAS NÃO CIRCULARES

Segundo Cullen (1992), a primeira coroa elíptica fabricada foi a “ShimanoBiopace”,


na década de 80. Essa coroa tinha como objetivo fazer com que áreas dos pontos-mortos do
movimento da pedalada passassem de forma mais rápida. Observou-se que o uso de coroas
25

não circulares propiciou uma mudança do braço de alavanca sobre a revolução do pedal e uma
mudança na velocidade angular no ciclo da pedalada.
O primeiro aspecto mostra que quando o pedal se encontra na posição vertical
superior (0º), o raio da coroa é mínimo, e enquanto progride para a fase de compressão do
movimento o raio aumenta gradativamente, até o ponto de maior força, onde o raio será
máximo. Segundo o autor, o segundo aspecto sugere que a coroa não circular gera uma
diminuição da duração dos pontos mortos, e de um aumento da duração na fase produtiva
(Horvais 2007).
Isso mostra que para que haja algum ganho no uso de coroas não circulares, deve ser
um ajuste perfeito do ângulo da coroa (Horvais 2007).
Entretanto os estudos em um primeiro momento não se mostraram conclusivos, e não
apontavam nenhuma diferença significativa em estudos fisiológicos, cinemáticos ou cinéticos
(Martinez 2006).
Ainda na década de 80 outro formato de coroa foi desenvolvido. Denominado de
“Symetric Harmonic”. Seus criadores afirmavam que com seu formato, as forças durante a
pedalada seriam “harmonizadas”. Apesar de ter sido concebida de forma a aperfeiçoar a
pedalada, não existem vantagens fisiológicas dos ciclistas em utilizar esse modelo de coroa
em comparação aos modelos circulares convencionais (Horvais 2007). Em contrapartida
Rankin (2008) sugere a existência de uma maior interação muscular, através do padrão da
pedalada garantiriam um maior desempenho do atleta.
Entre outros modelos desenvolvidos ao longo dos anos pode-se citar o “Hull Oval”
em 1991, a “Q-Ring” em 2005”, “Rasmussen Oval” em 2006, outros modelos de destaque
foram a “Ogival” e a “Ovum” no final dos anos 80 que possuíam a relação do raio maior e do
raio menor bastante acentuadas. Além disso, o modelo de coroa "Ogival", fugiau do formato
de elipse básico, apesar de ser simétrica, possui uma espécie de ponta.
Com base nos estudos iniciais, as coroas elípticas foram esquecidas durante a década
de 90. Entretanto nos anos 2000 voltaram a ser assunto de discussão. Durante a última década
uma série de coroas e testes foram desenvolvidos. Pode-se encontrar coroas que demonstram
pouca diferenciação entre os eixos principais, e modelos que apresentam uma forma elíptica
extrema. Além disso surgiram elipses em formato não simétrico, cujo objetivo seria o de
aumentar a área de torque máximo. Cita-se ainda que a Rotor Q-Ring usou-se de um
importante artifício de multi-furação, a fim de permitir um “ajuste fino” ao ciclista, alterando
a orientação entre a coroa e o pedivela, atrasando a coroa ou adiantando-a.
26

Figura 11– Modelos de Coroas Não-Circulares

Fonte: Google
27

2.2.1. Testes com Coroas Não Circulares

Ao longo das últimas duas décadas uma série de testes foram feitos a fim de
comprovar a eficiência das coroas não circulares, desde testes práticos (Martinez, 2004), a
testes simulados em computadores (Malfait, 2010). E embora todos apontem diferenças nos
usos de coras circulares e não circulares, nenhum pode ser considerado conclusivo.
Em 2006, Martinez realizou um teste prático com 8 ciclistas de elite sub-23, o teste
submetia os ciclistas a esforços máximos de até 5 minutos, e posteriormente, amostras de
sangue colhidas e quesitos eram comparados, como consumo de oxigênio, ventilação e
quociente respiratório. Segundo o pesquisador os ciclistas não apresentaram diferenças
consideráveis no consumo de oxigênio mas, entretanto, os estudos indicaram que as coroas
não circulares permitiam aos ciclistas, manterem a força máxima por um maior tempo,
obtendo uma maior potência de trabalho.
Em 2011 O’Hara desenvolveu testes práticos com tiros de até 1 km, comparando
dados como potência média e velocidade média de coroas circulares e coroas rotorq-ring.
Segundo o autor a potência máxima e velocidade máxima eram significativamente maiores
com o uso da coroa não circular em comparação a coroa circular (um aumento e até 5% na
potencia máxima e aumento de 0,8% na velocidade máxima), além disso pode-se notar que
não houveram alterações físicas dos ciclistas, como por exemplo um aumento da freqüência
cardíaca ou uma presença maior de lactado no sangue pós teste.
Em 2010 Malfait, buscou fazer um teste com uso de simulador. Com velocidade
constante e o uso de um modelo computacional, Malfait inseriu vários modelos de coroas não
circulares comparando os diversos dados como a potência de pico nas articulações e a energia
gerada combinada com a menor potência de pico. Segundo o autor existem modelos não
circulares que são inegavelmente melhores do que modelos circulares, para os critérios
adotados naquele teste. salientando a importância da orientação (ângulo) da coroa elíptica.

2.3. MODELOS BIOMECÂNICOS

Em 1985, Jorge e Hull propuseram simular a biomecânica da pedalada através de um


mecanismo de 5 barras para os membros inferiores (Hull e Jorge, 1985), deduzindo o sistema
de equações de forma analítica. Alimentado com características antropométricas descritas na
literatura e informações cinemáticas. Consistindo em mensurar tanto a força de pedalada
normal ao pedivela (efetiva), quanto a tangencial ao pedivela (não efetiva), o ângulo entre o
28

pedal e pedivela. O desenho esquemático do mecanismo sugerido por Jorge e Hull pode ser
visto na Figura 12.

Figura 12 – Mecanismo de Cinco Barra de Hull

Fonte: Hull (1985)

Os cálculos de Jorge e Hull são apresentados abaixo:

At, as, af Aceleração absoluta dos centros de gravidade da coxa, canela e pé,
respectivamente.
d2, d6 Distância do centro de gravidade da coxa e da canela respectivamente
até a próxima articulação.
d12 distância do centro de gravidade do pé até o quadril.
29

I1, I2, I3 Comprimento da canela e da coxa e a distância do quadril até o pedal


rt, rs, rf Posição do centro de gravidade da coxa, canela e pé até o quadril
A, B, C, D, E, F, G Constantes Geométricas
ITGC Momento de inércia da coxa sobre o centro de gravidade.
ISGC Momento de inércia da canela sobre o centro de gravidade.
IFGC Momento de inércia do pé sobre o centro de gravidade.
L2 Comprimento do braço do pedivela.
L3 Distância do recuo do Selim.
L4 Altura (vertical) do selim.
M 1 , M3 , M 5 Momentos do quadril, joelho e tornozelo respectivamente.
M2 M2 = M3
M4 M4 = M5
Q1, Q2, Q3, Q4 Constantesx, y, z.
x, y, z Notações do sistema de coordenadas inerciais(x horizontal, z vertical e
y perpendicular ao plano da bicicleta).
x’,z’ Notações de sistema de coordenadas não inerciais (x’ tangencial a
superfície do pedal, z’ perpendicular a superfície do pedal).
g aceleração da gravidade.
R15x, R15z Força de reação do quadril nas direções x e z respectivamente.
R12x, R12z Força de reação do joelho nas direções x e z respectivamente.
R21x R21x= R12x
R21z R21z = R12x
R32x, R32z Força de reação do tornozelo nas direções x e z respectivamente.
R23x R23x = R32x
R23z R23z = R32z
R34z’ Força reação normal do pedal.
R34x’ Força reação tangencial do pedal.
P, ∆P Potência instantânea e variação da potência.
Tc Torque sobre ocentro de giro dopedivela.
Ntcw, Ntcog Número de dentes na coroa e no pinhão.
gr Taxa de redução de engrenagens.
δ Angulo entre o pedal e a linha de conexão entre o quadril e o centro
do pedal.
30

ε1, ε1, ε1 Angulo da canela, velocidade angular e aceleração angular,


respectivamente.
ε2, ε2, ε2 Angulo do pé, velocidade angular e aceleração angular,
respectivamente.
ε3, ε3 Angulo da coroa e velocidade angular do pedivela respectivamente.
θ, θ, θ Angulo da coxa, velocidade angular e aceleração angular,
respectivamente.
θ1, θ2 Angulo do pedivela e ângulo relativo do pedal
ω Velocidade angular do
mf, ms, mt massa do pé, da perna e da coxa.

Potência instantânea sobre o pedivela:


𝑷 =TC𝜺3 (04)
Relação entre o torque do pedivela sobre as forças medidas do pedal:
TC = (F X’ COS Θ2 –FZ’ SEN Θ2) L2 (05)
Onde o conteúdo dentro dos parênteses é o do vetor normal da força do pedal para o pedivela
e L2 é o comprimento da alavanca do pedivela.

Potência na roda traseira.


TC𝜺3 = TRWΘ (06)
𝒈𝒓𝟏
∆P = − 𝟏 × 𝟏𝟎𝟎%1 (07)
𝒈𝒓′

(Hull assumiu que o torque na roda traseira Trw era constante)

A equação para cálculo dos ângulos do mecanismo de cinco barras é:


L1EIΘ+ L2 EIΕ1 + L2 EIΕ2 – L2EIΕ3 + L3 EI3Π/2 + L4 EIΠ = 0 (08)

Para que o mecanismo de cinco barras seja determinado são necessários alguns
parâmetros (como o ângulo relativo do pedivela) descritos pela seguinte fórmula:
𝜺3 – 𝜺2 – Δ + Θ2 – Π/2 = 0 (09)
31

A equação para o ângulo da coxa e do joelho são dadas por:


𝟏/𝟐
𝟐𝑮 ± (𝟐𝑮)𝟐 −𝟒(𝑬+𝑭)(𝑬−𝑭)
Θ = 𝟐𝒕𝒂𝒏−𝟏 (10)
𝟐(𝑬+𝑭)

𝑪−𝑫 − 𝒍𝟏 𝒔𝒆𝒏𝜽
𝜺1 = 𝒕𝒂𝒏−𝟏 (11)
𝑨−𝑩 − 𝒍𝟏 𝒄𝒐𝒔𝜽

Onde:
A = L4 + L2COS 𝜺3
B = I3 COS 𝜺2
C = L3 + L2 SEN 𝜺3
D = L3 SEN 𝜺2
E = (A – B)2 + (C-D)2 + L12 – L2 2
F = 2(A-B) L1
G = 2(C-D)L1

Por Cramer as velocidades angulares são dadas por:


𝐐𝟏 (−𝒍𝟐 𝐜𝐨𝐬 𝜺𝟏)−𝐐𝟐 (−𝒍𝟐 𝒔𝒆𝒏 𝜺𝟏)
𝜽= (12)
−𝒍𝟏 𝒔𝒆𝒏 𝜽 (−𝒍𝟐 𝐜𝐨𝐬 𝜺𝟏)−(𝒍𝟏 𝐜𝐨𝐬 𝜽)−(−𝒍𝟐 𝒔𝒆𝒏 𝜺𝟏)
𝑸𝟐 −𝒍𝟏 𝒔𝒆𝒏 𝜽 −𝑸𝟏 (−𝒍𝟏 𝐜𝐨𝐬 𝜽)
𝜺𝟏 = (13)
−𝒍𝟏 𝒔𝒆𝒏 𝜽 (−𝒍𝟐 𝐜𝐨𝐬 𝜺𝟏)−(𝒍𝟏 𝒄𝒐𝒔𝜽)(−𝒍𝟐 𝒔𝒆𝒏 𝜺𝟏)

Onde:
Q1 = -L2 𝜺3 SEN 𝜺3 + L3 𝜺2 SEN 𝜺2
Q2= -L2 𝜺3COS 𝜺3 + L3 𝜺2 COS 𝜺2

Para acelerações angulares as equações são:


L1 (SEN Θ)𝜽- L2 (SEN𝜺1)𝜺1 = Q3 (14)
L1 (COS Θ)𝜽- L2 (COS 𝜺1)𝜺1 = Q4 (15)

Onde:
Q3 = -L2 𝝐3COS𝜺3 – l3𝝐2COS𝜺2 + l3𝝐2SEN𝜺2 + l1𝛉2 COSθ + l2𝛆12 COS 𝛆1
Q4 = -L2 𝛆3SEN𝜺3 – l3𝛆2SEN𝜺3 + l3𝝐2COS𝜺2 + l1𝛉2 SENθ + l2𝛆12 COS𝛆1
As equações para a aceleração angular no centro de gravidade são dadas por:
32

COXA
RT = D1 EIΘ (16)
AT = D1 (-𝜽𝟐 + I𝜽)EIΘ (17)

PERNA
RS = L1 EIΘ+ D6 EEIΕ (18)
AS = - L1 𝜽𝟐 EIΘ + I L1𝜽 EIΘ – D6 𝝐12 EIΕ1 + ID9 𝜺1 EIΕ1 (19)


RF = L1 EIΘ + L2 EIΕ1 + D12EIΕ2 (20)
AF = - L1 𝜽𝟐 EIΘ + I L1𝜽 EIΘ – L2 𝝐12 EIΕ1 + IL2 𝜺1 EIΕ1- D12 𝝐22EIΕ2+ID12𝜺2EIΕ2 (21)

E os momentos nas articulações são dados por:


QUADRIL
M1 =-ITGC 𝜽+ M2 + (R15Z SENΘ – R15XCOSΘ) D1 + (R12Z SENΘ – R12XCOSΘ)(L1-D1) (22)

JOELHO
M3 =-ISCG 𝜺1+ M4 + (R23Z SENΕ1 – R23XCOSΕ1) ×(L2 – D6) + (R21Z SEN Ε1 – R21XCOS Ε1)D6 (20)

TORNOZELO
M5 =-IFCG 𝜺2+ (R32Z SEN Ε2 – R32XCOS Ε2) D12 + (R34Z’ COSΔ – R34X’SENΔ)(L3-D12) (23)

Para os momentos dinâmicos são usadas as equações 19, 20 e 21 assumindo que as


forças de reação do pedal são iguais a zero.
TORNOZELO
M5DINÂMICO = -IFCG𝜺2 – MF D12 [(AFZ + G) SEN𝜺2+ AFX COS𝜺2] (24)

JOELHO
M3DINÂMICO = -ISCG𝜺1 + M5DINÂMICO– MF (AFZ + G) I2 SEN 𝜺1+ MF AFX COS 𝜺1– MS (ASZ +
G) D6 SEN 𝜺1
(25)
33

QUADRIL
M1DINÂMICO = -ITSG𝜽+ M3DINÂMICO– [MS (ASZ + G) MF (AF2 + G) L1 SENΘ – (MSASX +
MFAFX) L1 COSΘ – MT ATX D1 COSΘ – MT (ATZ + G)D1 SENΘ
(26)

Em 2010 Malfait criou um simulador computacional, com o uso do MATLAB de


mecanismo de cinco barras conforme ilustrado na Figura 13.

Figura 13 – Mecanismo de Cinco Barras de Malfait

Fonte: Malfait (2010)


34

Usando as fórmulas publicadas por Hull em 1984, a fim de testar coroas diversas não
circulares. Usando o ângulo da coroa como parâmetro de entrada do simulador, tendo
padronizado cada coroa para 50 dentes (50 posições de simulação). A função da posição
angular foi dada por um polinômio de 9° grau:
Y=A0 + A1X + A2X2 + A3X3 + ... + AnXn (Com N=9)
Sendo que a derivada primeira dessa equação em função do tempo indicaria a
velocidade angular instantânea, e a derivada segunda a aceleração angular instantânea.
Malfait (2010) considerou que a variação de cada componente de ângulo era feita na
mesma unidade de tempo (velocidade angular constante), usando um software CAD para
identificar o raio instantâneo de cada modelo de coroa.
Segundo as conclusões do estudo de Malfait, que verificou que três parâmetro
geométricos são importantes para o desenho de coroa não circular, ovalização e a orientação
do pedivela. A primeira conclusão importante do estudo é de que uma ovalidade mínima é
necessária para habilitar um rendimento atrativo de potência (ou uma taxa de eficiência de
transmissão de potência).
O resultado também mostrou uma co-relação positiva existente entre o grau de
ovalização e o percentual de eficiência da potência comparada com a circular. Uma segunda
conclusão é que uma coroa elíptica específica apresentou um pico de potência no sistema, e
que a eficiência das coroas pode ser adaptada continuamente alterando sua orientação em
relação eixo principal.
No entanto segundo o próprio autor, os resultados dos estudos biomecânicos
demonstram que em muitos casos, vantagens e desvantagens são inseparáveis. E segundo o
autor em todas as investigações, o ângulo de utilização ótimo ficou na faixa entre 110° e 120°.

2.3.1. Regulagens da Bicicleta

São uma série de parâmetros que influenciam na maneira como o ciclista exerce a
força sobre os pedais, e como este realiza o movimento da pedalada. Alguns desses
parâmetros, mais relevantes na interação com a pedalada incluem posição e altura do banco,
dimensões do pedivela, diâmetros das coroas. Esses parâmetros são fundamentais para a
construção do modelo.
O comprimento do pedivela (A), é um dos principais parâmetros das bicicletas.
Segundo Sidwells, são comercializados diversos modelos de pedivela, com os mais diferentes
comprimentos. Quanto maior o pedivela, maior será o braço da alavanca que o ciclistas
exercerá.
35

Figura 14 – Regulagens da Bicicleta

A Comprimento do Pedivela F Distância Banco - Gidon


B Recuo do Banco G Ângulo do Gidon
C Altura do Banco H Comprimento da Mesa
D Distância Banco - Pedivela I Largura do Guidon
E Altura do Banco sobre o Gidon J Relação de Engrenagens
Fonte: Sidwells (2003)

O recuo do banco (B) e a altura do banco (C), também parâmetros fundamentais,


segundo Burke (1996) para proporcionar ao ciclista a capacidade de produzir a maior tensão
muscular possíveis, a dimensão ideal para esta regulagem, segundo o autor seria a distância da
sola do pé até a cintura multiplicado por 088. A distância do banco (D), é a regulagem
disponível na maioria das bicicletas, sendo a forma mais simples (ou mesmo única) de
regulagem do banco da bicicleta.
Dimensões como altura do banco sobre o gidon (E), distância do banco-gidon (F),
ângulo do gidon (G), comprimento da mesa (H) e largura do gidon (I) medidas voltadas para o
conforto do ciclista, pois estas medidas alteram a posição do ciclista durante a pedalada, e
36

segundo Burke (1996), estes parâmetros podem alterar a força muscular do ciclista durante a
pedalada.
Já o parâmetro de relação das engrenagens (J) é um parâmetro mecânico de redução
aumentando as forças e diminuindo a velocidade (da bicicleta) ou multiplicação diminuindo
as forças e aumentando a velocidade (da bicicleta), essa relação pode ser alterada de forma
dinâmica, durante a atividade da pedalada, conforme o desejo do ciclista.

2.4. PROJETO DE COROAS

Coroas esportivas são tradicionalmente fabricadas em alumínio. É um material


mecanicamente resistente, resistente a oxidação, e principalmente um material mais leve (o
que é muito importante para competidores). Mas existe a possibilidade de fabricação em aço
ao carbono cromado.
As engrenagens para correntes têm como medidas principais o número de dentes (Z),
o passo (p) e o diâmetro (d). Sendo que o passo é igual à corda medida sobre o diâmetro
primitivo desde o centro de um vão ao centro do vão consecutivo, já que a corrente se aplica
sobre a roda em forma poligonal. Deve-se observar que o perfil dos dentes corresponde ao
diâmetro dos rolos da corrente e para que haja facilidade no engrenamento, as laterais dos
dentes são afiladas e cerca de 10% mais estreitas que a corrente.
Uma das formas de fabricação é através de matriz de estampo, entretanto o passo
dessa coroa pode apresentar grande variação de acordo com o material utilizado, e a matriz
representa um investimento muito alto, sendo utilizado somente para produção de grandes
lotes de peças.
Podem ser fabricadas também por processo de usinagem. Através de uma fresa
universal, Onde a engrenagem fica na vertical e usando-se divisor e uma ferramenta com o
perfil do dente realiza-se a usinagem. Devido ao alto custo da ferramenta, tal processo mostra-
se interessante somente para altas produções. Pode-se usinar uma coroa, também através do
centro de usinagem. Neste processo o Blanc fica preso na horizontal através de uma placa, e
usa-se uma fresa de topo para usinar os dentes, de acordo com as curvas das envolventes. A
única questão a ser observada é de que a fresa deve possuir um diâmetro menor do que o do
rolo da corrente. O custo de processamento deste processo de fabricação é relativamente
maior do que os anteriores, uma vez que o custo do equipamento (hora-máquina) é maior, e o
tempo de fabricação tambémmostra-se maior. Entretanto não requer um investimento inicial
muito alto.
37

Outra opção seria a fabricação da cora através de corte a laser/plasma, cortando uma
chapa de aço de espessura adequada através de luz/calor, com custo relativamente baixo e
obtendo um acabamento final de boa qualidade.
As correntes de transmissão são fabricadas segundo normas técnicas, a fim de
padronizar algumas dimensões características. Existem diversas normas para correntes no
mundo inteiro, entretanto existem duas que são mais largamente utilizadas. Essas normas
regem não somente especificações para fabricação decorrentes, mas também especificações
para fabricação de todos os elementos de transmissão por corrente, como as engrenagens, por
exemplo, além de questões como lubrificação e manutenção (NORTON, 2005). Essas normas
são:
- Norma Americana (ASA): São correntes projetadas para equipamentos que solicitam
esforços de tração. Para resistir aos esforços de tração, as forças atuam sobre as placas, por
esta razão, as placas das normas ASA são mais robustas. Tem como principal aplicação
transmissão de máquinas industriais.
- Norma Européia (DIN): São correntes projetadas para equipamentos que necessitam de
exatidão de transmissão de movimento (sincronismo), por esta razão, normalmente os pinos
são mais robustos. Tem como principais aplicações máquinas da indústria gráfica, embalagens
e indústria alimentícia.
38

3. DESENVOLVIMENTO

Este capítulo relata a metodologia e os procedimentos adotados para alcançar os


objetivos propostos. Os equipamentos utilizados nos experimentos, e o planejamento e o
método de processamento dos dados.

Figura 15 - Fluxo de Trabalho

Fonte: O autor

3.1. PROJETO DA COROA ELIPTICA

Após a revisão de artigos sobre as coroas elípticas, através de critérios como


popularidade, material bibliográfico e suporte técnico dos fabricantes, optou-se por dois
modelos diferentes de coroas elípticas inspirados no modelo Osymetric Harmonic (da
Shimano) e no modelo Q-Ring (da Rotor) para o projeto e fabricação das novas coroas
elípticas.
Inicialmente para desenvolver o desenho geométrico da coroa elíptica, surgiu a
necessidade de se identificar uma série de parâmetros, para se montada a coroa a uma
bicicleta. Estes parâmetros iniciais foram o número de dentes da coroa (Z), o passo (p) da
corrente (distância entre os rolos da corrente), e o diâmetro do rolo da corrente. A partir destes
parâmetros pode-se fazer o traçado das curvas envolventes do dente da coroa, conforme as
fórmulas existentes no livro Projetista de Máquinas página 4-146.
39

A partir das informações encontradas também foi possível descobrir o perímetro


primitivo da coroas elípticas (sendo que o perímetro primitivo é igual ao produto do número
de dentes pelo passo da coroa), Ou seja

𝑷=𝒁 ×𝒑 (25)

P Perímetro Primitivo da Coroa


Z Número de Dentes da Coroa
p Passo da Coroa

A partir deste perímetro poderiam ser desenvolvidas uma série de coroas, variando
apenas o valor dos eixos A e B da elipse. Buscou-se identificar através de fotos de catálogos,
de dos artigos de Horvais e Malfait, a relação entre os eixos das coroas das coroas escolhidas.

3.1.1. Material Para Fabricação da Coroa

Existe hoje uma grande quantidade me materiais disponíveis no mercado. Para


definir o material a ser utilizado na fabricação das coroas elípticas, adotou-se a prática de
realizar uma pesquisa de mercado das coroas existentes no mercado, e do respectivo material
utilizado.
Após essa etapa, através de critérios como custo, prazo de entrega, quantidade de
fornecedores disponíveis na região e peso. Foram identificados três materiais para a
fabricação do modelo de coroa elíptica, um modelo da matriz de apoio pode ser visto na
tabela abaixo:
- Aço ao Carbono SAE 1045: material largamente utilizado na indústria, encontrado
facilmente, de baixo custo e com boa resistência mecânica e ao desgaste. Facilmente
processado.
- Liga de Alumínio (SAE 5083): material leve, de custo relativamente baixo, próprio
para fabricação de engrenagens (dúctil e com boa resistência ao desgaste). Entretanto esta liga
específica é difícil de ser encontrada (devendo ser encomendada). O processo de fabricação é
relativamente simples, apesar de algumas limitações (o corte a laser por exemplo deve ser
feito em máquinas especiais, e o corte a plasma não é possível), devido a estas limitações o
prazo de entrega torna-se maior.
40

- Titânio (Ti-6Al-4V): material de custo elevado, não existindo uma liga específica
para engrenagens, a liga Ti-6Al-4V é utilizada para fabricação de componentes que
necessitam de alta resistência ao desgaste, e serviria como opção de material. Entretanto o
processamento deste material pode ser feito apenas por usinagem ou corte com jato d’água.
Existe apenas um fornecedor na região que dispõe deste material, e o prazo de entrega é
significativamente mais extenso.

3.1.2. Processo de Fabricação da Coroa

Assim como o material, existe uma gama bastante diversificada para o processo de
fabricação de coroas para correntes. De forma similar a seleção do material utilizado para a
fabricação da coroa, adotou-se critérios como custo, prazo de entrega e disponibilidade para
se definir o processo empregado na fabricação da coroa, um modelo da matriz de apoio a
decisão pode ser visto abaixo.
As opções para a fabricação:
- Usinagem em centro de usinagem: Processo que se faz através da remoção de
material em forma de cavaco, formando dente a dente. Processo demorado e caro, entretanto
garantindo a geometria perfeita no dente da engrenagem. Podendo ser utilizado juntamente
para processar qualquer material selecionado.
- Corte a Laser: Processo rápido e prático, de custo médio, se faz através do corte do
material através de um feixe de luz. A qualidade do acabamento é excelente, entretanto esse
processo pode ser utilizado somente com aço carbono, e em alguns casos com alumínio (com
máquinas específicas).
- Corte a Plasma: Processo rápido e prático, de baixo custo, se faz através do corte do
material por um feixe produzido por uma composição de luz e calor produzido por um gás. O
acabamento possui uma qualidade regular, e a geometria por vezes fica prejudicada em
tolerâncias mais apertadas. É um processo funcional apenas para aço carbono
- Conformação Mecânica: Usando uma matriz de estampo, pode-se fabricar coroas a
partir de chapas, é um processo muito rápido, de baixo custo, com bom acabamento, e
podendo ser empregado em praticamente qualquer tipo de metal. Entretanto esse processo
requer um alto investimento na fabricação da matriz de estampo.
41

3.1.2.1. Processo de Usinagem do Chanfro

Para que as coroas tivessem o chanfro de 3 x 15º, conforme modelos comerciais e


conforme consta em projeto, optou-se por realizar um processo de usinagem, em centro de
usinagem, com uso de uma fresa afiada em um ângulo de 15º conforme imagem.

Figura 16 - Usinagem do Chanfro

Fonte: O autor
Figura 17 - Detalhe de Usinagem do Chanfro

Fonte: O autor

3.2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

O ensaio experimental visou a medição de parâmetros de ângulo do pedal, da


cadência, da velocidade angular do pedivela, para serem utilizados em um ambiente de
simulação computacional.
O movimento constituiu-se de simular o movimento do ciclista em um ciclo
ergométrico (estacionário), e os dados foram adquiridos através de um microprocessador com
placa conversora analógica - digital e os dados processados com o objetivo da determinação
42

do ângulo entre o pedal e o pedivela e velocidade angular do pedivela, que combinados com
os dados antropométricos do ciclista serão parâmetros de entrada para o cálculo dos
momentos das articulações.
Para realizar os ensaios, a bicicleta foi montada em um cicloergometro. E através de
um sistema de transmissão por correntes, a coroa elíptica tracionou aciona uma pinha, que
estava acoplada a uma polia. Esta polia, com uso de uma correia e um alternador forneceu
uma resistência contrária as forças da pedalada do ciclista. Um atleta amador foi selecionado
para realizar a coleta de dados.
A cadência permaneceu constante em todos os ensaios, próxima a 80 RPM. A carga
(potência transmitida) aplicada pelo alternador também permaneceu constante, assim como a
regulagem do banco da bicicleta, que foi regulado conforme sugerido por Burke (seção 2.3.1).

3.2.1. Equipamento Utilizado

Este capítulo descreve os equipamentos utilizados no procedimento experimental.


Para realizar a coleta de dados, foram utilizados sensores. Para medir quatro parâmetros:
ângulo relativo do pedal direito, ângulo relativo do pedal esquerdo, sensor binário de rotação
e sensor magnético para coleta da velocidade tangencial.

3.2.1.1. Bicicleta

Figura 18 - Modelo de Bicicleta do Procedimento Experimental

Fonte: O autor
43

A bicicleta utilizada para este experimento foi uma mountain bike como a da Figura
a cima.

3.2.1.2. Ciclo Ergômetro

A Figura 19 mostra uma foto do sistema de ciclo ergômetro para apoio da bicicleta.

Figura 19– Cavalete para Ensaio

Fonte: O autor

A função deste equipamento foi de simular a carga (potência transmitida) necessária


para realização do experimento, através de um alternador ligado a uma polia por uma correia,
e dessa forma submeter o ciclista a uma pedalada com carga controlada. O secundário do
alternador recebeu uma carga de corrente contínua, gerando uma força de resistência no
primário.

3.2.1.3. Sensor de Cadência

O sensor de cadência, da Figura 20, é do tipo magnético, que emite um pulso elétrico
toda vez que o pedivela (de material magnético) passa por ele. Instalado na própria estrutura
da bicicleta, defasado em 90º com relação ao modelo de Hull. A captura deste sinal foi
modificado de analógico para binário, para facilitar a leitura do sinal. O objetivo desse sensor
foi de controlar de forma mais fácil a cadência da pedalada.
44

Figura 20 – Sensor de Cadência

Fonte: O autor

3.2.1.4. Sensor de Velocidade Angular

O sensor da Figura 21, foi instalado como mostrado da imagem

Figura 21 – Sensor de Velocidade Angular Instantânea

Fonte: O autor
45

Esse sensor, similar ao sensor de rotação do pedivela, mede campos magnéticos.


Esse tipo de sensor produz um sinal de nível muito baixo, o que exigiu a utilização de um
amplificador, como ele também apresenta um considerável nível de ruído, e seu sinal precisou
passar por um processo de filtragem. Esse sensor possibilitou se realizar a leitura da
velocidade tangencial do pinhão (e dessa forma as velocidade angular e tangencial da coroa),
ajudando a controlar a cadência da pedalada.
Para realizar a leitura da velocidade angular instantânea foi utilizado um disco com
diversos furos oblongos eqüidistantes. O disco pode ser visto na Figura 22, o desenho de
fabricação do disco pode ser visto no anexo 3.

Figura 22 - Disco de Medição da Velocidade Angular

Fonte: O autor

3.2.1.5. Pedais Instrumentais

Os pedais da bicicleta foram substituídos por um modelo de pedal instrumentalcom


potenciômetro vishay smart 360, alimentado com 5V. capaz de informar o ângulo absoluto. O
objetivo desse sensor foi de obter o ângulo relativo dos pedais, dado esse a ser usado no
calculo (mecanismo de cinco barras). Uma foto dos pedais pode ser vista na Figura 23.
46

Figura 23 - Pedal Instrumental

Fonte: O autor

3.2.1.6. Sistema de Aquisição de dados

Para realização da coleta de dados do procedimento experimental foi utilizado um


micro-computador com placa de aquisição de dados de 12 bits.
O software utilizado para aquisição dos dados foi o SAD32 (LMM-UFRGS), com
uma taxa de 3000 pontos por segundo.

3.3. PLANEJAMENTO DOS TESTES

Os testes foram realizados da seguinte forma: o ciclista, por cinco minutos realizou
um aquecimento com pedalada livre, e posteriormente em uma série de cinco minutos, foi
selecionada uma amostra de 100 segundos, utilizada posteriormente para o processamento de
dados.
O procedimento foi realizado com uma cadência constante de aproximadamente 80
RPM e com carga (potência transmitida), também constante, de aproximadamente 120W.
Foram utilizados os dois modelos de coroas fabricados, em quatro testes diferentes.
A coroa "A" com regulagem centralizada, e com regulagem atrasada, e a coroa "B"com
regulagem adiantada e atrasada, da seguinte forma:
47

Tabela 6- Planejamento dos Procedimentos Experimentais


Planejamento dos Ensaios
Nº do Ensaio Coroa Utilizada Regulagem
Procedimento 1 Coroa "A" Centralizada
Procedimento 2 Coroa "A" Atrasada
Procedimento 3 Coroa "B" Adiantada
Procedimento 4 Coroa "B" Atrasada
Fonte: O autor.

3.3.1. Regulagem da Coroa

As coroas foram fabricadas com furos em formatos oblongos, de forma a permitir um


ajuste na montagem das coroas. A forma de ajuste, nomeadas nesse artigo, pode ser vista na
Figura 24.
A intenção foi variar a forma de ajuste, e verificar conforme coleta de dados se o
sistema era sensível a essa variável.

Figura 24 - Formas de Regulagem da Coroa

Fonte: O autor
48

3.4. PROCESSAMENTO DE DADOS

Este procedimento tem por finalidade a determinação do ângulo do pedal, e da


cadência do pedivela em um ciclo médio que representa o comportamento do pedivela.
Os quatro sensores instalados coletaram quadro informações, a cadência média do
pedivela, o ângulo relativo do pedal esquerdo, o ângulo relativo do pedal direito, e a
velocidade angular instantânea do pedivela. Os sinais coletados pelos sensores pode ser visto
na Figura 25, para um tempo de 100 segundos, e na Figura 26 para um tempo de 5 segundos.

Figura 25 - Sinais coletados pelos sensores para um tempo de 100 segundos

Fonte: O autor

Figura 26 - Sinais coletados pelos sensores para um tempo de 5 segundos

Fonte: O autor
49

Os dados foram filtrados através do filtro Baltacord.


Com o sensor de cadência obtém-se um pulso de sinal binário cada vez que pedivela
passa próximo ao sensor (magnético). De um pulso até o pulso subseqüente tem-se um ciclo
de pedalada (ou uma rotação de 360º do pedivela), a Figura 27, abaixo, apresenta o sinal
obtido pelo sensor de cadência (em vermelho), e a transformação desse sinal em 360º para o
pedal direito dentro de dois pulsos sucessivos (em azul). O pedal esquerdo está defasado em
180º

Figura 27 - Sinal do sensor de cadência

Fonte: O autor

Através do pedal instrumental, obtém-se o ângulo relativo do pedal. A Figura 28


mostra o ângulo relativo do pedal direito para uma série de 150 pedaladas (ou ciclos), sob as
mesmas condições de carga (potência transmitida) e cadência média. Cada pedalada é uma
linha em azul claro. Dessas pedaladas obteve-se uma média (linha de cor preta), e o desvio
padrão (linhas de cor vermelha)
50

Figura 28 - Angulo Relativo do Pedal

Fonte: O autor

Esse angulo relativo do pedal pode ser subtraído do angulo do pedivela para obter-se
o angulo absoluto do pedal. Essa operação pode ser vista na Figura 29.

Figura 29 - Ângulo Relativo do Pedal

Fonte: O autor

O sensor de velocidade angular, permite a medição d a velocidade angular


instantânea, juntamente com o disco de oblongos eqüidistantes O sinal obtido por este sensor
pode ser visto na Figura 30 .
51

Figura 30 - Variação da Velocidade Angular

Fonte: O autor

3.5. DETERMINAÇÃO DOS MOMENTOS ARTICULARES

Para determinação dos momentos articulares foi utilizado o modelo proposto por
Jorge e Hull em 1985, apenas alterando o cálculo das acelerações angulares, utilizando um
software matemático computacional (MATLAB®).
Os dados de entrada para o cálculo dos momentos articulares são: o ângulo do pedal,
ângulo do pedivela, dados antropométricos do ciclista.

3.5.1. Parâmetros Antropométricos

Dois modelos antropométricos foram utilizados para os cálculos dos momentos


articulares. O primeiro foi o mesmo utilizado por Hull (1985), o segundo foi o do ciclista que
realizou o procedimento experimental, conforme a tabela 2 e as medidas da Figura 10.
O sistema foi alimentado conforme tabela
52

Tabela 6 – Parâmetro Antropométricos De Entrada


Modelo Antropométrico
Dimensão Unidade
Artigo Hull Ciclista
Altura m 1,78 1,90
Altura da Virilha Até o Chão (C) m 0,89 0,91
comprimento da coxa (D) m 0,393 0,410
comprimento da Perna m 0,433 0,440
Comprimento do Pé m 0,203 0,203
Massa Kg 75,75 100,2
Massa da Coxa Kg 10,75 14,2
Massa da Perna Kg 4,00 4,33
Massa da Pé Kg 1,06 1,4
Fonte: O autor

3.5.2. Planejamento Das Determinações dos Momentos Articulares

Foi realizado um planejamento para se realizar as simulações. Considerando o


modelo antropométrico (do artigo do Hull ou do ciclista que realizou o experimento), o
ângulo do pedal (do artigo de Hull ou do coletado nos ensaios 1, 2, 3 e 4), e a velocidade
angular (constante, como no artigo de Hull ou variável) as seguintes simulações, conforme a
tabela abaixo

Tabela 7 - Planejamento das Simulações


Planejamento das Simulações
Nº da Simulação Modelo Antropométrico Ângulo do Pedal Velocidade Angular
Ensaio1 Ciclista Procedimento 1 Procedimento 1
Ensaio2 Ciclista Procedimento 2 Procedimento 2
Ensaio3 Ciclista Procedimento 3 Procedimento 3
Ensaio4 Ciclista Procedimento 4 Procedimento 4
Ensaio5 Artigo Hull Artigo Hull Constante
Ensaio6 Artigo Hull Artigo Hull Ensaio 2
Ensaio7 Artigo Hull Ensaio 2 Constante
Ensaio8 Artigo Hull Artigo Hull Ensaio 4
Ensaio9 Artigo Hull Ensaio 4 Constante
Fonte: O autor
A Simulação 5 foi realizada para comparar com os resultados obtidos por Hull (1985)

Para se testar a influência das coroas elípticas inicialmente foram comparados os


ângulos dos pedais dos ensaios experimentais (1, 2, 3 e 4), bem como a velocidade angular e
53

os momentos articulares destes mesmos ensaios. O ensaio 5 foi calculado de forma a se


comparar com os resultados obtidos por Hull em 1985.
Os ensaios 6, 7, 8 e 9 foram feitos de forma a se visualizar a influência dos dados
reais do pedal (ensaios 7 e 8) no modelo sugerido por Hull, e a influência da velocidade
angular real, obtida no ensaio experimental, para este mesmo modelo, desta forma
comparando-se os momentos articulares dos ensaios 5, 6, 7, 8 e 9.
54

4. RESULTADOS

Este capítulo apresentará os resultados obtidos, através da metodologia aplicada no


capítulo anterior. Comentando sobre a fabricação das coroas, o ensaio experimental e a
simulação do mecanismo.

4.1. MATERIAL DA COROA

Para ajudar no processo de tomada de decisão foi elaborada uma matriz de apoio a
tomada de decisão:

Tabela 3 – Matriz de Auxílio a Tomada de Decisão (Do Material Utilizado)


Matriz Decisória
Aço ao Carbono (SAE Liga de Alumínio(SAE
Peso 1045) 5083) Titânio (Ti-6Al-4V)
Nota OBS Nota OBS Nota OBS
Custo Aproximado 8 10 R$10,00 6 R$50,00 1 R$130,00
Peso (Teórico) 10 5 0,51 Kg 10 0,17 Kg 8 0,29 Kg
Prazo de Entrega 8 10 20 dias 7 45 dias 3 90 dias
Resistência ao Desgaste 7 9 - 8 - 8 -
Facilidade/Dificuldade em Mais de 10
5 10 9 2 Fornecedores 5 1 Fornecedor
encontrar fornecedor fornecedores

TOTAL 323 305 193


Fonte: O autor
Foram adotados critérios para seleção do material (peso teórico, prazo de entrega , etc) e para cada critério foi
atribuído um peso. cada material ganhou uma nota conforme atendesse os critérios estabelecidos. As notas
foram multiplicadas pelos respectivos peso e somadas.

Com isso optou-se pelo aço ao carbono (SAE 1045), cromado, com corte em plasma
de alta definição.

4.2. PROCESSO DE FABRICAÇÃO

O processo de fabricação através de processo de conformação foi descartado, devido


ao seu alto investimento necessário para a fabricação da matriz. As outras opções foram
submetidas a uma matriz (tabela 4), similar a matriz do material de fabricação.
55

Tabela 4 – Matriz de Auxílio a Tomada de Decisão (Do Processo Utilizado)

Matriz Decisória
Usinagem Corte a Plasma Corte a Laser
Peso
Nota OBS Nota OBS Nota OBS
Custo Aproximado 10 5 R$ 350 10 R$ 20,00 9 R$ 35,00
Prazo de Entrega 8 10 5 dias 9 8 dias 5 30 dias
Facilidade/Dificuldade em
10 10 Próprio 9 5 Fornecedores 7 3 Fornecedores
encontrar fornecedor

TOTAL 230 262 200


Fonte: O autor

O processo de fabricação escolhido foi o corte a plasma, principalmente em função


do baixo custo, e do prazo de entrega reduzido (peso 10 e 8 respectivamente).

4.3. COROAS FABRICAS

Foram fabricados dois modelos de coroas elípticas. O modelo “A” baseado na


modelo da Qring e modelo “B” na Osymetric Harmonic. As Figuras 31 e 32 mostram as
coroas fabricadas.

Figura 31 – Coroa A

Fonte: O autor
56

Figura 32 – Coroa B

Fonte: O autor

4.4. CALIBRAÇÃO DO EQUIPAMENTOS

Os únicos equipamentos que necessitaram de calibração prévia foram os pedais


instrumentais. As Figuras 33 e 34 abaixo mostram as séries de valores utilizados para realizar
a calibração dos pedais instrumentais

Tabela 5 - Calibração do Pedal


Pedal Direito Pedal Direito
Ângulo (graus)
Tensão Elétrica (mV) Tensão Elétrica (mV)
0 0 351
45 146 965
90 762 1544
135 1341 2118
180 1941 2625
225 2613 3147
270 3131 3781
315 3938 4412
360 4353 -
Fonte: O autor
57

Figura 33 - Calibração do Pedal Esquerdo

Fonte: O autor

Figura 34 - Calibração do Pedal Direito

Fonte: O autor
58

4.5. RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES

Figura 35 – Ângulo do Pedal Ensaios 1, 2 e 3, 4

fonte: O autor.

Figura 36 –Velocidade Angular Ensaios 1, 2 e 3 e 4

fonte: O autor.
59

Figura 37 Torques Simulações 1, 2 e 3 e 4

Fonte: O autor

Figura 38 - Torques Simulações 5, 6, 7, 8 e 9

Fonte: O autor
60

Figura 39 - Torque no Joelho (Direito) das Simulações 1, 2 e 3 e 4

Fonte: O autor

Figura 40 - Torque no Joelho (Direito) das Simulações 5, 6, 7, 8 e 9

Fonte: O autor
61

Figura 41 - Torque no Tornozelo (Direito) das Simulações 1, 2, 3 e 4

Fonte: O autor

Figura 42 - Torque no Tornozelo (Direito) das Simulações 5, 6, 7, 8 e 9

Fonte: O autor
62

Figura 43 - Torque no Quadril das Simulações 1, 2, 3 e 4

Fonte: O autor

Figura 44 - Torque no Quadril das Simulações 5, 6, 7, 8 e 9

Fonte: O autor
63

Figura 45 – Ângulo do Pedal Ensaio 2, 4 e 5

Fonte: O autor

4.6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Pode-se verificar, que o uso de modelos diferentes de coroas alteram


significativamente o ângulo do pedal (Figura 37), tanto em amplitude, quanto o afastamento
da curva de ângulo do pedal, embora mantenha o mesmo padrão. Chegando a uma diferença
de 14,9% para o maior ângulo alcançado. Embora a diferença na orientação da coroa (ensaio1
e 2), tenha apresentado uma significante diferença de 9,1% entre os ângulos máximos, essa
diferença não foi tão evidente quanto para o segundo modelo de coroa (ensaios 3 e 4), com
diferença de 2,2%.
Em relação a velocidade angular (Figura 38), as diferenças devido a orientação da
coroa (para os ensaios 1-2 e 3-4) foram inexpressivas, sendo menores do que 1% de diferença
para velocidade angular máxima. Entretanto para modelos de coroas diferentes, essa diferença
chegou a 6,4% em seu pico de velocidade angular.
Os torques articulares para os ensaio 3 e 4 tem grande semelhança, tendo em vista
que a velocidade angular e o ângulo do pedal são praticamente os mesmo. Entretanto pode-se
64

notar uma pequena diferença entre os ensaios 1 e 2, devido ao fato do ângulo do pedal ser
diferente.
Os ângulos dos pedais reais, embora apresentem o mesmo tipo de curva para o
ângulo do pedal usado por Hull em 1985, apresentam amplitude diferente (Figura 47), e
devido a isso os ensaios 5, 7 e 9 apresentam momentos articulares levemente diferentes. Já os
ensaios 6 e 8 demonstram a influência da variação da velocidade angular no modelo de Hull,
chegando a 5,9% de diferença no torque máximo sobre o joelho.
65

5. CONCLUSÃO

Este trabalho descreveu o comportamento cinemático da pedalada de um ciclista


utilizando dois modelos de coroas elípticas, através da medição do ângulo relativo entre o
pedal e o pedivela e o ângulo do pedivela.
Os ângulos medidos, combinados com os dados antropométricos do ciclista foram
utilizados para a determinação da componente não muscular dos momentos articulares do
quadril, joelho e tornozelo.
O processo de fabricação utilizando uma coroa de aço, cortado à plasma segundo às
dimensões atendeu plenamente seu propósito.
O movimento da pedalada foi sensível à utilização das duas diferentes coroas
elípticas, modificando o ângulo entre o pedal e o a velocidade angular do Pedivela, na
cinemática dos membros inferiores do ciclista e no momento das articulações.
A velocidade angular durante o ciclo da pedalada não é constante e deve ser levada
em conta para o procedimento de avaliação de uma coroa elíptica.

5.1. SUGESTÃO DE CONTINUIDADE

Uma sugestão de continuidade deste estudo, consiste na implementação da medição


das forças no pedal da bicicleta no modelo implementado neste trabalho para a incorporação
dos momentos originados por forças musculares.
Sugere-se também a utilização de um dinamômetro para a aplicação de carga
(potência transmitida) controlada e o desenvolvimento de uma metodologia para determinar
uma condição de pedalada visando o aumento de performance através das variação da
regulagens da bicicleta, cadência em função da carga e determinadas condições fisiológicas.
66

6. ANEXOS
Anexo 1 - Desenho Coroa A (50 Dentes)
67

Anexo 2 - Desenho Coroa B (50 Dentes)


68

Anexo 3 - Disco de Medição de Velocidade Angular Instantânea


69

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS FABRICANTES DE MOTOCICLETAS,


CICLOMOTORES, MOTONETAS, BICICLETAS E
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