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INSTITUTO POLITÉCNICO DE LISBOA

INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA

Engenharia Electrotécnica. Matemática Aplicada à Engenharia Electrotécnica

1 Análise Complexa
1.1 O conjunto dos números complexos

Denição 1.1. Consideremos o conjunto dos pares ordenados de números reais R2 = {(x, y) :
x ∈ R, y ∈ R}. Denimos as operações binárias de adição e de multiplicação por

(x1 , y1 ) + (x2 , y2 ) = (x1 + x2 , y1 + y2 ) (1.1)


(x1 , y1 ) · (x2 , y2 ) = (x1 x2 − y1 y2 , x1 y2 + x2 y1 ) (1.2)

para quaisquer (x1 , y1 ), (x2 , y2 ) ∈ R2 .


Proposição 1.1. O conjunto dos pares ordenados de números reais munido com a operação de
adição (1.1) é um grupo comutativo ou abeliano.
Dem. É imediato vericar que são verdadeiras as seguintes armações:
i) A adição de pares ordenados de números reais é associativa.
ii) A adição de pares ordenados de números reais é comutativa.
iii) Existe um par ordenado de números reais (0, 0) tal que, para todo (x, y) ∈ R2 , verica-se
(x, y) + (0, 0) = (x, y).

iv) Para todo o (x, y) ∈ R2 , existe um par ordenado de números reais (−x, −y), designado por
simétrico de (x, y), tal que (x, y) + (−x, −y) = (0, 0).

Proposição 1.2. O conjunto dos pares ordenados de números reais munido com as operações
de adição (1.1) e de multiplicação (1.2) é um corpo.
Dem. São verdadeiras as seguintes armações:
i) (R2 , +) é um grupo abeliano.
ii) A multiplicação de pares ordenados de números reais é associativa.
iii) A multiplicação de pares ordenados de números reais é comutativa.
iv) A adição e a multiplicação de pares ordenados de números reais são distributivas. Para
quaisquer (x1 , y1 ), (x2 , y2 ), (x3 , y3 ) ∈ R2 , verica-se:

(x1 , y1 ) · [(x2 , y2 ) + (x3 , y3 )] = (x1 , y1 ) · (x2 , y2 ) + (x1 , y1 ) · (x3 , y3 )


[(x2 , y2 ) + (x3 , y3 )] · (x1 , y1 ) = (x2 , y2 ) · (x1 , y1 ) + (x3 , y3 ) · (x1 , y1 ) .
v) Existe um par ordenado de números reais (1, 0) tal que, para todo (x, y) ∈ R2 , verica-se
(x, y) · (1, 0) = (x, y).

vi) Para todo o (x, y) ∈ R2 \(0, 0), existe um par ordenado de números reais (u, v), designado
por inverso de (x, y), tal que (x, y) · (u, v) = (1, 0). Resolvendoo sistema linear xu − yv = 1
e xv + yu = 0 em ordem às variáveis u e v , obtemos: (u, v) = x2 +y x
2 , − x2 +y 2 .
y

Denição 1.2. O conjunto dos números complexos, que designamos por C, é o conjunto dos
pares ordenados de números reais munido com as operações de adição (1.1) e de multiplicação
(1.2).
Proposição 1.3. Existe um isomorsmo de corpos entre o conjunto dos números reais e o
subconjunto dos números complexos R = {(x, 0) : x ∈ R}.
Dem. Consideremos a função φ : R → R denida por φ(x) = (x, 0). Esta função é bijectiva e
verica, para quaisquer x, y ∈ R, as seguintes igualdades:

φ(x + y) = (x + y, 0) = (x, 0) + (y, 0) = φ(x) + φ(y)


φ(xy) = (xy, 0) = (x, 0) · (y, 0) = φ(x) · φ(y) .

Podemos então identicar o conjunto dos números reais R com o subconjunto dos números
complexos R = {(x, 0) : x ∈ R}, identicando o par ordenado de (x, 0) com o número real x.
Com esta identicação, usando a operação (1.2), denimos a operação de multiplicação por um
escalar real. De facto, para quaisquer λ ∈ R e (x, y) ∈ R2 , temos:

λ · (x, y) = (λ, 0) · (x, y) = (λx, λy) .

Proposição 1.4. O conjunto dos números complexos é um espaço vectorial sobre o corpo dos
números reais.
Dem. C é um grupo abeliano relativamente à operação de adição denida em (1.1). Além disso,
reconhece-se imediatamente que, para quaisquer z, w ∈ C e α, β ∈ R, tem-se:
i) α(z + w) = αz + αw.
ii) (α + β)z = αz + βz .
iii) α(βz) = (αβ)z .
iv) z1 = z .

Denição 1.3. No conjunto dos números complexos, denimos a unidade imaginária por i=
(0, 1).

Proposição 1.5. Para todo o z = (x, y) ∈ C, temos (x, y) = x + iy e i2 = −1.


Dem.
x + iy = (x, 0) + (0, 1) · (y, 0) = (x, 0) + (0, y) = (x, y).
i · i = (0, 1) · (0, 1) = (−1, 0) = −1.

Denição 1.4. Seja z = (x, y) ∈ C ou, equivalentemente, z = x + iy, x, y ∈ R. Ao número


real x chama-se a parte real do número complexo z e representa-se por Re z. Ao número real
y chama-se a parte imaginária do número complexo z e representa-se por Im z. Se x = 0, o
número complexo z = iy diz-se imaginário puro.

1.2 O conjugado, o módulo e o inverso de um número complexo

Denição 1.5. Seja z ∈ C. O conjugado de z é o número complexo z = Re z − i Im z.


Proposição 1.6. Para quaisquer z, w ∈ C, tem-se:
i) Re (z + w) = Re z + Re w, Im (z + w) = Im z + Im w.
ii) Re (zw) = Re z Re w − Im z Im w, Im (zw) = Re z Im w − Im z Re w.
iii) Re z = Re z , Im z = −Im z .
Dem.
i) Resulta da denição da operação de adição (1.1).
ii) Resulta da denição da operação de multiplicação (1.2).
iii) Re z = Re (Re z − i Im z) = Re z. Im z = Im (Re z − i Im z) = −Im z.

Proposição 1.7. Sejam z, w ∈ C. Então:


i) z + w = z + w.
ii) zw = z w.
iii) z = z .
iv) z = z ⇔ z ∈ R.
Dem.
i) z + w = Re (z + w) − i Im (z + w) = Re z + Re w − i Im z − i Im w = z + w.
ii)
zw = Re (zw) − i Im (zw)
= Re z Re w − Im z Im w − i Re z Im w − i Re w Im z
= Re z (Re w − i Im w) − i Im w (Re w − i Im w)
= (Re z − i Im z) (Re w − i Im w)
= z w.
iii) z = Re z − i Im z = Re z + −i Im z = Re z + i Im z = z.
iv) Se z ∈ R, então z = Re z = Re z = z . Reciprocamente, suponhamos que z = z . Então,
Re z + i Im z = Re z − i Im z, o que implica que Im z=0 ou, equivalentemente, que z ∈ R.

Denição 1.6. Denimos a função módulo |.| : C → [0, +∞[ por


p
|z| = (Re z)2 + (Im z)2 .

À imagem do número complexo z pela função módulo chama-se módulo de z .


Proposição 1.8. Sejam z, w ∈ C. Então:
i) |z| = |z|.
ii) zz = |z|2 .
iii) |zw| = |z||w|.
iv) |Re z| ≤ |z|, |Im z| ≤ |z|.
Dem.
i) |z| = (Re z)2 + (Im z)2 = (Re z)2 + (−Im z)2 = (Re z)2 + (Im z)2 = |z|.
p p p

ii) zz = (Re z + i Im z)(Re z − i Im z) = (Re z)2 + (Im z)2 = |z|2 .


iii) |zw|2 = zwzw = zzww = |z|2 |w|2 , consequentemente, |zw| = |z||w|.
iv) |Re z| = (Re z)2 ≤ (Re z)2 + (Im z)2 , (Im z)2 ≤ (Re z)2 + (Im z)2 .
p p p p
|Im z| =

Proposição 1.9. A função módulo |.| : C → [0, +∞[ é uma norma sobre C. Para quaisquer
z, w ∈ C e λ ∈ R, verica-se:

i) |z| ≥ 0.
ii) |z| = 0 ⇔ z = 0.
iii) |λw| = |λ||z|.
iv) |z + w| ≤ |z| + |w|.
Dem.
i) |z| = (Re z)2 + (Im z)2 ≥ 0.
p

ii) |z| = 0 ⇔ (Re z)2 + (Im z)2 = 0 ⇔ Re z = 0 ∧ Im z = 0 ⇔ z = 0.


iii) É um caso particular da proposição 1.8 iii).
iv)

|z + w|2 = (z + w)(z + w) = zz + zw + wz + ww = zz + zw + wz + ww
= |z|2 + 2Re (zw) + |w|2
≤ |z|2 + 2|zw| + |w|2
= |z|2 + 2|z||w| + |w|2
= (|z| + |w|)2 .

Proposição 1.10. Seja z ∈ C. Então |z| ≤ |Re z| + |Im z|.


Dem. |z| = |Re z + iIm z| ≤ |Re z| + |iIm z| = |Re z| + |i||Im z| = |Re z| + |Im z|.

Denição 1.7. Seja z ∈ C\{0}. O inverso de z é o número complexo representado por z −1 ou


por 1
z que satisfaz a igualdade z −1 z = 1.

Proposição 1.11. Para quaisquer z, w ∈ C\{0}, tem-se:


i) z −1 = z
|z|2
.

ii) Re (z −1 ) = Re z
|z|2
. Im (z −1 ) = − Im z
|z|2
.

iii) z −1 = z −1 .

iv) |z −1 | = |z|−1 .

v) (z −1 )−1 = z .

vi) (zw)−1 = z −1 w−1 .

Dem.

i) zz = |z|2 ⇔ z
|z|2
z = 1 ⇔ z −1 = z
|z|2
.

ii) Re (z −1 ) = Re ( |z|z 2 ) = Re z
|z|2
= Re z
|z|2
. Im (z −1 ) = Im ( |z|z 2 ) = Im z
|z|2
= − Im z
|z|2
.

iii) z z −1 = 1 ⇔ z z −1 = 1 ⇔ z z −1 = 1 ⇔ z −1 = z −1 .

iv) z z −1 = 1 ⇔ |z −1 z| = |1| ⇔ |z −1 ||z| = 1 ⇔ |z|−1 = |z −1 |.

v) z z −1 = 1 ⇔ (z −1 )−1 = z .

vi) z −1 zw−1 w = 1 ⇔ z −1 w−1 zw = 1 ⇔ (wz)−1 = z −1 w−1 .


1.3 Representação polar de um número complexo

Designemos por S 1 o subconjunto de C denido por S 1 = {z ∈ C : |z| = 1}.


Denição 1.8. Denimos a função cis : R → C por
cis θ = cos θ + i sin θ .

Proposição 1.12. Sejam θ, ϕ ∈ R. Então:


i) cis θ ∈ S 1 .
ii) cis(θ + ϕ) = cis θ cis ϕ.
iii) (cis θ)−1 = cis θ = cis(−θ).
Dem.
i) | cis θ| = cos2 θ + sin2 θ = 1.
p

ii)

cis θ cis ϕ = (cos θ + i sin θ)(cos ϕ + i sin ϕ)


= cos θ cos ϕ − sin θ sin ϕ + i(sin θ cos ϕ + cos θ sin ϕ)
= cos(θ + ϕ) + i sin(θ + ϕ)
= cis(θ + ϕ).

iii) (cis θ)−1 = cis θ


| cis θ|2
= cis θ = cos θ − i sin θ = cos(−θ) + i sin(−θ) = cis(−θ).

Denição 1.9. Denimos argumento do número complexo z ∈ C\{0} todo o número real θ que
satisfaz a igualdade z = |z| cis θ. O conjunto de todos os argumentos de z representa-se por Arg z ,
isto é,
Arg z = {θ ∈ R : z = |z| cis θ}.

Proposição 1.13. Sejam z ∈ C\{0}, θ ∈ Arg z e ϕ ∈ R. ϕ é um argumento de z se e só se


cis θ = cis ϕ.

Dem. Suponhamos que θ, ϕ ∈ Arg z . Então, z = |z| cis ϕ = |z| cis θ e, consequentemente, cis θ =
cis ϕ. Reciprocamente, se cis θ = cis ϕ, então z = |z| cis ϕ, ou seja, ϕ ∈ Arg z .

Proposição 1.14. Sejam θ, ϕ ∈ R. cis θ = cis ϕ se e só se existir k ∈ Z tal que ϕ = θ + 2kπ .

Dem. Suponhamos que cis ϕ = cis θ. Consequentemente, cos θ = cos ϕ e sin θ = sin ϕ.
Usando a igualdade cos(ϕ − θ) = cos ϕ cos θ + sin ϕ sin θ, concluímos que cos(ϕ − θ) = 1 ou,
equivalentemente, que ϕ − θ = 2kπ para algum k ∈ Z.
Reciprocamente, se existe k ∈ Z tal que ϕ = θ + 2kπ , então

cis ϕ = cis(θ + 2kπ) = cos(θ + 2kπ) + i sin(θ + 2kπ) = cos(θ) + i sin(θ) = cis θ .
Proposição 1.15. A restrição da função cis ao intervalo ] − π, π] é injectiva.
Dem. Sejam θ, ϕ ∈] − π, π] e suponhamos que cis θ = cis ϕ. Então, existe k ∈ Z tal que ϕ =
θ+2kπ . Como θ, ϕ ∈]−π, π], k = 0 é o único número inteiro que satisfaz a igualdade ϕ = θ+2kπ .
Logo, ϕ = θ.

Denição 1.10. Denimos a função argumento principal, arg : C\{0} → ] − π, π], por
arctan Im z

 Re z , Re z >0
π



 2 , Re z = 0 ∧ Im z >0
Im z
arg z = arctan Re z + π , Re z < 0 ∧ Im z ≥0
Im z
arctan Re z − π , Re z < 0 ∧ Im z <0




 π
−2 , Re z = 0 ∧ Im z <0

Proposição 1.16. Seja z ∈ C\{0}. Então, arg z ∈ Arg z .


Proposição 1.17. Sejam z, w ∈ C\{0}, θ ∈ Arg z e ϕ ∈ Arg w. Se z = w, então:
|z| = |w|, θ = ϕ + 2kπ,

para algum k ∈ Z.
Dem. Suponhamos que z = w, isto é, que |z| cis θ = |w| cis ϕ. Equivalentemente, temos:

|z| cos θ = |w| cos ϕ, |z| sin θ = |w| sin ϕ,

o que implica que


|z|2 cos2 θ = |w|2 cos2 ϕ, |z|2 sin2 θ = |w|2 sin2 ϕ.
Então, |z|2 = |w|2 , ou seja, |z| = |w|. Uma vez que cis θ = cis ϕ, a proposição 1.14 garante que
existe k ∈ Z tal que θ = ϕ + 2kπ .

1.4 Potenciação e radiciação

Denição 1.11. Seja z ∈ C\{0} e n ∈ N. Denimos:


i) z 0 = 1 e z n+1 = z n z .
ii) z −n = (z −1 )n .
Proposição 1.18. Sejam z, w ∈ C\{0} e m, n ∈ Z. Então:
i) z −n = (z n )−1 .
ii) z m+n = z m z n .
iii) (zw)n = z n wn .
iv) (z m )n = z mn .
Dem.
i) Comecemos por mostrar que ∀n ∈ N z −n = (z n )−1 . Se n = 1, temos z −1 = z −1 .
Por hipótese de indução, suponhamos que z −n = (z n )−1 . Então,

z −(n+1) = (z −1 )n+1 = (z −1 )n (z −1 )1 = z −n z −1 = (z n )−1 z −1 = (z n+1 )−1 .

Mostremos agora que ∀n ∈ N z n = (z −n )−1 . Temos:

z −n = (z n )−1 ⇔ (z −n )−1 = ((z n )−1 )−1 ⇔ (z −n )−1 = z n .

ii) Mostremos que ∀m, n ∈ N z m+n = z m z n . Se n = 1 temos, por denição, que z m+1 = z m z .
Por hipótese de indução, suponhamos que z m+n = z m z n . Então,

z m+n+1 = z m+n z = z m z n z = z m z n+1 .

Mostremos agora que ∀m, n ∈ N z −m+n = z −m z n . Se n = 1, temos

z −m+1 = (z m−1 )−1 = (z m−1 )−1 z −1 z = (z m−1 z)−1 z = (z m )−1 z = z −m z.

Por hipótese de indução, suponhamos que z −m+n = z −m z n . Então,

z −m+n+1 = z −m+n z = z −m z n z = z −m z n+1 .

Finalmente, temos que ∀m, n ∈ N

z −m−n = z −(m+n) = (z m+n )−1 = (z m z n )−1 = (z m )−1 (z n )−1 = z −m z −n .

iii) Comecemos por mostrar que ∀n ∈ N (zw)n = z n wn . Se n = 1, obtemos imediatamente que


zw = zw.
Por hipótese de indução, suponhamos que (zw)n = z n wn . Então,

(zw)n+1 = (zw)n (zw)1 = z n wn zw = z n zwn w = z n+1 wn+1 .

Consequentemente, ∀n ∈ N

(zw)−n = ((zw)n )−1 = (z n wn )−1 = (z n )−1 (wn )−1 = z −n w−n .

iv) Mostremos que ∀m, n ∈ N (z m )n = z mn . Se n = 1, obtemos z = z .


Por hipótese de indução, suponhamos que (z m )n = z mn . Então,

(z m )n+1 = (z m )n (z m )1 = z mn z m = z m(n+1) .

Em seguida, veriquemos que ∀m, n ∈ N

(z −m )−n = ((z −m )−1 )n = (z m )n = z mn

e, nalmente, que ∀m, n ∈ N

(z −m )n = ((z m )−1 )n = (z m )−n = ((z m )n )−1 = ((z m )n )−1 = (z mn )−1 = z −mn .


Proposição 1.19 (Fórmula de Moivre). Seja z ∈ C\{0}, θ ∈ Arg z e n ∈ Z. Então:
(|z| cis θ)n = |z|n cis(nθ).

Dem. Se n = 0, temos que |z|0 cis(0) = cos 0 + i sin 0 = 1 = (|z| cis θ)0 .
Mostremos por indução que, ∀n ∈ N (|z| cis θ)n = |z|n cis(nθ). Se n = 1, a igualdade é
imediatamente satisfeita. Por hipótese de indução, suponhamos que (|z| cis θ)n = |z|n cis(nθ).
Então,

(|z| cis θ)n+1 = |z|n+1 (cis θ)n+1 = |z|n+1 (cis θ)n cis θ = |z|n+1 cis(nθ) cis θ = |z|n+1 cis((n + 1)θ).

Consequentemente, podemos também vericar que ∀n ∈ N

(|z| cis θ)−n = (|z| cis θ)n )−1 = (|z|n cis(nθ))−1 = |z|−n (cis(nθ))−1 = |z|−n cis(−nθ).

Proposição 1.20. Seja z ∈ C\{0}, θ ∈ Arg z e n ∈ N. Os números complexos w tais que


wn = z são:
θ + 2kπ 
w = |z|1/n cis , k = 0, 1, . . . , n − 1.
n
Dem. Comecemos por mostrar que se w = |z|1/n cis θ+2kπ
, com k = 0, 1, . . . , n − 1, então

n
wn = z . Usando a fórmula de Moivre, temos:

θ + 2kπ  n
 
n 1/n
w = |z| cis = |z| cis(θ + 2kπ) = |z| cis θ = z.
n

Seja w ∈ C\{0} tal que wn = z . Mostremos que w = |z|1/n cis θ+2kπ , para algum k =

n
0, 1, . . . , n − 1.
Seja ϕ ∈ Arg w. Se (|w| cis ϕ)n = |z| cis θ, então |w|n = |z| e cis(nϕ) = cis θ, o que implica que:
θ + 2kπ
|w| = |z|1/n , ϕ=
n
para algum k ∈ Z. Os únicos valores distintos de cis θ+2kπ
n são obtidos quando k = 0, 1, . . . , n −
1.

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