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Campo Montenegro
São José dos Campos, SP – Brasil
2011
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Divisão de Informação e Documentação
Souza, Guilherme Oliveira de
Avaliação da Aplicação do Fresamento em 5 Eixos a Conjuntos de Superfícies Complexas /
Guilherme Oliveira de Souza.
São José dos Campos, 2011.
Número de folhas no formato 218f.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CESSÃO DE DIREITOS
ITA
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha esposa Loíde, minha melhor amiga e eterna companheira, pelo
Aos meus pais Maria Inez e David, por uma vez mais me apoiar e incentivar de
maneira incondicional em todas as minhas escolhas e decisões, e por fazer de nossa família
respeito com que nossos pais nos criaram, este será certamente o mais valioso legado de nossa
família.
Aos meus sogros Consuêlo e Lúcio, por estarem sempre presentes e por me
cumplicidade, mas também por fazer de sua casa a minha casa durante o período em que não
frutos de nosso trabalho em conjunto e pela alegria e disposição inesgotáveis, mesmo nos
Aos amigos Leide, Breno, Miguel e Caio, assim como a Jacson e Eliandra, por me
receberem no lar de suas famílias quando foi preciso e por estarem sempre dispostos a ajudar
estrutura, e aos colegas e amigos que ali conheci, pela acolhida e colaboração. Muito obrigado
Professores Gonzaga, Emília e Borille, e colegas que por ali passaram no período, Wilson,
Juliano, Diego, Willian, Marcelo, Tibúrcio, Giuliano, Zanata, Carlos Eduardo, Davi, Robert,
Gustavo, Janete, Eguti, Janaína, Samir, Victor, Ane, Leonardo, Durval, Bork, Zanato,
Franco, pelas informações fornecidas, muito importantes para a realização de alguns dos
Daniel Motta, Alex Álisson e Valter Beal, por apoiar, incentivar e financiar parte deste
RESUMO
etapa de Modelagem Geométrica com o auxílio de sistemas CAD, é visto que a maneira como
componentes a serem fabricados por esse processo deve ser cercada de preocupações com
transcendem simples questões estéticas e podem trazer impactos como perda de produtividade
e marcas de usinagem nas peças. É mostrado também que, durante a geração de trajetórias de
vantagens da tecnologia de fresamento em 5 eixos e, por isso, são guiadas por diferentes
eixos, uma vez que disso depende a quantidade de operações e, com isso, a produtividade; e a
relacionar intimamente tanto com a solicitação térmica quanto com as solicitações mecânicas.
Para o acabamento, o trabalho dá foco especial à seleção dos ângulos de avanço (β) e ataque
(α) que orientam a ferramenta no fresamento em 5 eixos simultâneos. A praxe industrial atual
deixa a cargo do processista a escolha desses ângulos que, conforme mostrado neste trabalho,
eixos.
viii
ABSTRACT
The main objective of this Thesis is to evaluate the use of 5-axis milling for the manufacturing
of parts represented by complex surfaces sets, like gas turbine blades, vanes and rotors,
taking into account its geometrical features and its CAD geometrical modeling, the use of
available resources of commercially available CAM systems, and kinematical factors of the
machining process. In the computer aided geometrical modeling stage it is seen that the
practices and functions adopted to generate the models can have significant impact on the
kinematics, smoothness and form accuracy of the simultaneous 5-axis milling process. The
CAD modeling task must be surrounded by concerns with surface smoothness and continuity
between curves segments because its consequences transcend simple aesthetical questions
and can impact on productivity and form integrity of machined surfaces. It is also shown that,
during tool path generation, roughing and finishing explore different advantages of the
technology of 5 axis machining technology and, because of that, these stages are guided by
diverse decision factor. In roughing milling the two important factors are: the definition of
the number and the angular positions of tool-workpiece orientation for the 3+2-axis milling
operations, because the productivity depends on these definition; and the selection of the
radial depth-of-cut ae, because this parameter has major influence on the tool life and on the
dynamics of the milling process, due to its close relation with machining process thermal and
ix
mechanical solicitations. In finishing milling this work focuses on the selection of lead (β) and
tilt (α) angles. These angles have major influence on the surface quality and the process
dynamics and there always have an optimal choice for them. In the last section, this work
SUMÁRIO
Agradecimentos ....................................................................................................................... iv
Resumo ..................................................................................................................................... vi
Abstract ..................................................................................................................................viii
Sumário ..................................................................................................................................... x
1. Introdução ....................................................................................................................... 12
1. INTRODUÇÃO
novas formas que tornem realizáveis os contornos dos produtos das áreas de lazer e eletro-
tempos de trabalho e custos de fabricação, são propulsores preponderantes dos avanços nos
processos.
casos. Por razão de sua flexibilidade para a fabricação das mais diversas formas e reduzida
regiões cuja acessibilidade é dificultada pela geometria das adjacentes, o que impõe a
necessidade de utilização das ferramentas, ou peças, com orientações diversas. Assim, com o
objetivo de suplantar esta limitação, eixos de rotação entre ferramenta e peça foram
adicionados às fresadoras, o que passou a permitir que essas orientações fossem variadas sem
mesmo tempo mais de um eixo das máquinas-ferramenta, fazendo surgir o processo que hoje
enquanto este outro conceito de máquina oferece cinco graus de liberdade de movimento entre
ferramenta e peça. Além dos três graus de liberdade de translação tradicionais, eles possuem
dois eixos de rotação adicionais, que podem ser em torno de quaisquer eixos.
fresamento em 5 eixos uma liberdade de orientação da ferramenta com relação à peça que
usinagem de uma peça completa com apenas uma fixação, a usinagem de faces com
serem geradas, a acessibilidade possibilitada pelo fresamento em 5 eixos faz com que
praticamente não hajam restrições, sendo possível usinar qualquer forma, por mais complexa
tão complexas que não são possíveis de serem representadas por apenas uma superfície, sendo
necessário um conjunto para representá-las. Dentre estes, os que impõem maiores dificuldades
14
à sua fabricação são os que apresentam superfícies complexas com características cuja
orientação se dá em direções tão diversas e distintas entre si que não são possíveis de serem
Exemplos deste tipo de geometria são rotores, estatores de turbina e suas pás. Estes
que esse processo tenha crescente aplicação em diversos setores industriais, destacando-se
uma vez que é tecnologia chave para a fabricação de componentes de turbina, em especial de
uso destes sistemas e seus requisitos que definem o fluxo de informações em fabricações que
1
Evidências dessa importância e de seu crescimento são o aumento e a difusão global de publicações científicas
abordando esse tema. Na revisão teórica que embasa esta tese constam treze artigos científicos que enfocam a
aplicação do fresamento em 5 eixos na fabricação de pás e rotores de turbinas: Klocke, Altmüller e Markworth
(2001), Lim et al. (2002), Young e Chuang (2003), Ding, Yang e Han (2004), Yilmaz et al. (2005), Chuang e
Young (2007), Cho et al. (2009), Ren at al. (2009), Chu, Huang e Li (2010), Liu et al. (2010), Yilmaz, Gindy e
Gao (2010), Gong e Wang (2011) e Shan, Ming e Ming (2011). Além destas, nas subseções de referências
complementares estão listados outros 31 artigos a respeito do fresamento em 5 eixos de pás e rotores de turbinas,
além de mais 27 teses sobre fresamento em 5 eixos. Essas listas contêm referências não lidas, porém são
resultantes do levantamento feito durante a revisão teórica e pode ser útil para trabalhos futuros.
15
Cada um dos sistemas (CAD, CAM e CNC) é representado como uma etapa do processo.
fabricação de uma peça se iniciam a partir do momento em que seu modelo geométrico,
projeto, são disponibilizados. A partir destas informações, um sistema CAM é utilizado para
gerar trajetórias de ferramenta a serem seguidas para a usinagem desta peça. Por fim, o CNC
e da transição entre estas influenciará diretamente na operação de usinagem. Por este motivo,
para o fresamento em 5 eixos, o ciclo da fabricação auxiliada por computador deve ser
seguindo essa proposta e, com base nesta perspectiva, busca abordar aspectos fundamentais
relacionados com cada um dos elos da cadeia do fresamento em 5 eixos auxiliado por
computador. Uma ênfase especial é dada à fabricação de pás e rotores de turbinas a gás, tanto
comprovada pela abundância de referências tratando deste tema, quanto pelo fato deste
Objetivos
superfícies complexas, como pás e rotores de turbina a gás, levando-se em consideração suas
específicos:
modelagem geométrica das superfícies da peça a ser usinada, sendo a suavidade das
2
Tipo de fresamento em 5 eixos em que eixos lineares e rotativos são acionados simultaneamente. Ver Capítulo
3.
17
serem investigados;
reversão de fase.
em 5 eixos com o auxílio de sistemas computacionais e associa para cada etapa os focos
estabelecer uma conexão mais consistente entre os assuntos aqui abordados e sua utilização
prática em ambientes industriais, optou-se por abordar os temas em uma seqüência condizente
com a deste fluxo de informações, sendo reservado um capítulo para cada uma das etapas.
18
MODELAGEM GEOMÉTRICA
GERAÇÃO DE TRAJETÓRIAS
DE FERRAMENTA
Aspectos estratégicos de decisão:
• Desbaste em 3+2 eixos
♦ definição de orientações
♦ seleção da penetração de trabalho ae
• Acabamento em 5 eixos simultâneos
♦ seleção dos ângulos β e α
FRESAMENTO EM CENTROS
DE USINAGEM EM 5 EIXOS
Fatores de influência nos aspectos
cinemáticos e dinâmicos do processo:
• Pós-processamento
• Singularidade e reversão de fase
• Limites de velocidade e aceleração dos
eixos rotativos
por conjuntos de superfícies complexas, como pás e rotores de turbinas, e dos elementos
correlacionados com essa aplicação, assim como com a identificação da importância dos
conhecimentos que essa Tese traz. Assim, julga-se que esses conhecimentos terão uma maior
19
longo dos próximos capítulos e são resumidas nos parágrafos a seguir em que a estrutura
geométrica para o fresamento em 5 eixos utilizando sistemas CAD. É neste capítulo em que
estão as contribuições mais significativas deste trabalho, uma vez que estabelece, através de
um estudo experimental prático uma relação entre a suavidade das superfícies geradas em
que a forma com que as superfícies são modeladas pode impactar na produtividade das
de superfícies de pás de turbinas a gás. Este capítulo também mostra que é possível exportar e
importar modelos virtuais de peças sem que eles percam as características geométricas
fresamento em 5 eixos utilizando sistemas CAM, que se inicia a partir do momento em que o
modelo geométrico da peça a ser usinada está pronto. Este capítulo é dividido em dois
subcapítulos nos quais são tratadas as duas principais etapas dos processos de usinagem em
geral, desbaste e acabamento. Como cada uma destas etapas tem objetivos distintos, as
delas é distinto.
20
com enfoque especial na definição da quantidade e dos ângulos de orientação para operações
de usinagem de um rotor centrífugo inteiriço e esta seção traz os resultados deste experimento
mostrando que este parâmetro tem influência na vida da ferramenta e que sua seleção deve ser
circunstancial, uma vez que, a depender das condições de usinagem, haverá o prevalecimento
de solicitações térmicas ou mecânicas, fazendo com que ae deva ser maior ou menor.
variação de seus ângulos de avanço (β) e ataque (α) sobre o processo de usinagem. Tanto para
experimentais são apresentados, mostrando que a seleção de estratégia tem forte influência na
ocorrências e consequências nos experimentos deste trabalho. Além destes, este capítulo traz
uma outra importante contribuição deste trabalho, a identificação experimental das limitações
limites de velocidade dos eixos rotativos. Os resultados dos experimentos mostram que é a
de movimento linear.
são feitas considerações finais a respeito do trabalho. Após a lista de referências, os métodos e
virtualmente. Esse modelo não só auxilia o projetista por ser uma representação gráfica que
lhe permite visualizar como esta será no mundo real, como também contém informações
Como essas atividades, por via de regra, são executadas por pessoas diferentes, de
sistema CAD não costuma ser cercada por restrições funcionais ao modelo alheias ao próprio
processo de modelagem. O que se busca, na maioria das vezes, é uma representação fidedigna
das formas definidas por cálculos de projeto e representações de modelos físicos (mockups),
Uma vez pronto o modelo virtual, ele é repassado para as outras aplicações
comando numérico (CN) para esse tipo de operação de usinagem deve conter não somente as
fresamento CNC convencional, mas também dados para a orientação do eixo da fresa com
relação à peça. Desta forma, a maneira de modelagem das superfícies, suas características de
continuidade e suas interfaces com as superfícies adjacentes têm grande impacto no sucesso e
pelos sistemas CAM comerciais determinam a orientação do eixo da ferramenta com relação à
superfície usinada baseando-se principalmente na direção de seu vetor normal4 local. Assim,
suavidade da superfície.
Essa relação pode ser observada na prática da usinagem em 5 eixos quando são
não são evidentes ou não prejudicam a representação gráfica da peça, mas que ainda assim
3
Assunto tratado com maior aprofundamento no Subcapítulo 3.2.
4
O vetor normal de uma superfície, conhecido também por direção normal ou simplesmente normal, é um vetor
cuja direção é perpendicular à mesma, quando plana, ou ao plano tangente a esta em um ponto específico.
24
Esses fatores fazem com que a tarefa de fabricar uma determinada peça por
fresamento em 5 eixos simultâneos constitua uma cadeia de atividades que deve ter início já
projeto como DFM e DFA (Projeto para Manufatura e Projeto para Montagem), que assumem
BRALLA, 1986), o que se propõe aqui é que durante a modelagem CAD de uma peça
qualquer, ainda na etapa de projeto detalhado, sejam adotadas práticas que garantam que as
superfícies dos modelos virtuais a serem usinadas em 5 eixos atendam às necessidades das
em 5 Eixos seja estabelecido, há que se considerar a possibilidade dele não ser adotado na
Outro contratempo bastante comum, que também deve ser levado em conta, é o
formatos neutros e, nesse caso, é de fundamental importância saber qual utilizar e quais as
principais limitações dos principais formatos, para que não seja em vão o esforço de
tecnológica dos principais fatores da modelagem geométrica que têm impacto direto na
visando o fresamento em 5 eixos, e; um exame dos formatos neutros de arquivos mais usuais
superfícies, estão relacionados com uma propriedade chamada continuidade, e para entender
sua relação com a geração de trajetórias de ferramenta é necessário entender como elas são
Figura 2.2(a), pode-se afirmar que essa curva é função de sua direção de desenvolvimento. Se
curvas. (a) Curva C, (b) conjunto de curvas, (c) superfície composta por uma família de
curvas e (d) superfície genérica S obtida pela variação da forma das curvas.
Se, para se obter uma superfície paramétrica genérica S, como a da Figura 2.1(d), é
necessário um conjunto de curvas cuja forma varia entre elas e, se ainda forem definidas as
sucessivas curvas do conjunto como variações de C, partindo de uma curva fronteiriça inicial
C0 até uma curva fronteiriça final C1, pode-se afirmar que essa superfície é função da direção
P1 (a) (b)
C0
C1
S
u P
P0 v
Figura 2.2 – Curva e superfície compostas como função das direções u e v do campo
paramétrico. (a) Curva C como função P(u) e (b) superfície S como função C(v).
27
superfície S como uma função C(v), como mostra a Figura 2.2(b). Destarte, pode-se
interpretar S como uma superfície cujos pontos constituintes são função de duas direções, u e
uma curva C como função P(v) que se, por sua vez, é variada na direção u no intervalo [0,1]
para constituir um conjunto de curvas, formar-se-á uma superfície S, porém agora como
função C(u), conforme ilustra a Figura 2.3. Logo, pode-se interpretar uma superfície
C1
S
P1
P0 P C0
v u
Figura 2.3 – Curva e superfície compostas como função das direções u e v do campo
paramétrico. (a) Curva C como função P(v) e (b) superfície S como função C(u).
curvas que a compõem, e a suavidade dessas curvas está intimamente relacionada com uma
ser compostas por diversos segmentos de curva. Essas curvas compostas são conhecidas como
splines5, que nada mais são do que sequências de segmentos (curvas) polinomiais
concatenadas (FARIN, 1996). A continuidade de uma curva completa diz respeito à forma
com que dois segmentos se conectam. A respeito desse tema Salomon afirma que
Figura 2.4 – Curvas com continuidade geométrica G0, G1 e G2 entre seus segmentos
5
Spline é o termo geral aplicado a curvas compostas por segmentos polinomiais, assim, o raciocínio aqui
estabelecido também se aplica às B-splines, que são splines cujos segmentos são representados por curvas de
Bézier.
29
Figura 2.5 – Curvas com continuidade geométrica C0, C1 e C2 entre seus segmentos.
comporão uma superfície é de fundamental importância para a suavidade destas. Assim como
Segundo Farin (1996), dois patches adjacentes de uma superfície composta têm
continuidade Cn ao longo de sua borda comum somente se as curvas de controle que a cruzam
entre seus segmentos são as mais insuaves possíveis. Isso pode ser notado simplesmente
observando sua representação gráfica em um sistema CAD qualquer, pois estas apresentam
arestas em toda região de conexão entre segmentos que tenham continuidade geométrica de
A Figura 2.6 (a) mostra uma superfície que foi composta por cinco seções e duas
curvas-guia, todas elas compostas por segmentos conectados com continuidade G0 entre si.
Nesse caso, cada encontro entre segmentos de qualquer das curvas resultou em uma aresta ao
Por outro lado, uma superfície suave e sem arestas, como mostra a Figura 2.6 (b), é
continuidade paramétrica C2. A suavidade de uma superfície será tanto maior quanto mais
(a) (b)
preciso ainda conhecer como é gerada uma trajetória de ferramenta para uma operação de
Figura 2.7, três etapas básicas devem ser cumpridas para que uma trajetória de ferramenta de
passar tangenciando-a (Figura 2.7). Estes são conhecidos também por pontos CC
esférico é o centro de sua ponta esférica (Figura 2.9). Esses pontos são conhecidos
7
Apesar de ser o método mais comumente utilizado, esse é apenas um dos possíveis métodos de orientação da
ferramenta, explicado brevemente aqui a título de ilustração e melhor entendimento da relação entre modelagem
geométrica e comportamento de máquina na usinagem. Para informações mais detalhadas ver subcapítulo 3.2.
33
vf
esa
da Fr
Eixo
l
a
rm
No
vf
CL
Superfície
CC
perceber que as informações geométricas fornecidas pelo modelo de uma superfície têm
além daquela à qual estão habituados os usuários de sistemas CAM para o fresamento em 3
durante seu fresamento, e com o tempo de usinagem. Foram usinadas diversas réplicas da
Seções
Guias
(a) (b)
Figura 2.10 – Conjunto de pontos (a) e curvas (b) de seção e guia utilizados para
Esses pontos foram utilizados para construir curvas de seção e guia (Figura 2.10
(b)) com nove tipos de curva diferenciados pelo ente geométrico adotado como segmento
(retas, arcos e splines) e o tipo de continuidade com que estes se conectam entre si (G0, G1,
Com essas curvas foram geradas superfícies com diversos graus de suavidade, que
podem ser classificadas em 36 grupos de acordo com o grau de continuidade entre segmentos
Tabela 2.1 – Grupos de superfície segundo o grau de continuidade de suas seções e guias.
GUIAS
0 1 2
G G G C0 C1 C2
G0 G0XG0 G1xG0 G2xG0 C0xG0 C1xG0 C2xG0
G1 G0xG1 G1xG1 G2xG1 C0xG1 C1xG1 C2xG1
SEÇÕES
2
G G0xG2 G1xG2 G2xG2 C0xG2 C1xG2 C2xG2
0
C G0xC0 G1xC0 G2xC0 C0xC0 C1xC0 C2xC0
C1 G0xC1 G1xC1 G2xC1 C0xC1 C1xC1 C2xC1
2
C G0xC2 G1xC2 G2xC2 C0xC2 C1xC2 C2xC2
35
identificar apenas os quatro tipos apresentados na Figura 2.11: sem arestas, com arestas na
direção das guias, com arestas na direção das seções e com arestas em ambas as direções.
Figura 2.11 – Tipos de superfície de acordo com a ocorrência de arestas e sua direção.
C1 ou C2 entre seus segmentos, as superfícies foram marcadas por arestas8. Isso leva à
conclusão que mesmo a utilização de curvas que podem ser consideradas suaves, como é o
caso daquelas com continuidade G1 e G2 (segundo SALOMON, 2006), não garante que as
superfícies mostrou que sua suavidade, e sua relação com a continuidade de suas curvas
movimentos suaves, durante a usinagem de superfícies consideradas mais suaves pela análise
8
Foi utilizado o modo de visualização com arestas (shaded with edges) do SIEMENS NX6.
36
Essa constatação condiz com o que Farin afirma quando compara os tipos de
continuidade:
por uma curva, que foi obtida a partir da superfície a ser usinada, logo, maiores níveis de
operação de usinagem da superfície mais suave (composta por curvas com maior nível de
3000
vf [mm/min]
3000
2000 2000
1000 1000
0 0
Figura 2.12 – Comportamento da velocidade de avanço (vf) em função do tempo durante
respectiva curva da Figura 2.12, com seus “vales” que com freqüência se aproximam de ou
É importante citar que essa relação depende da direção que se escolhe para o
avanço foi a das guias e verificou-se que alterações na composição das seções, inclusive a
do tempo de usinagem.
A Figura 2.13 apresenta uma foto da superfície cujas guias foram compostas por
representação gráfica acusava a presença de uma aresta. A marcas podem ser melhor
vf
splines utilizadas como guias na modelagem da superfície C2xC2 foram divididas ao meio e
conectadas hora com continuidade G0, hora com continuidade G1 e hora com continuidade G2,
para se construir mais três superfícies, cujas fotos após usinagem estão na Figura 2.14,
função do tempo para um passe da ferramenta. Nos destaques coloridos estão a região de
de avanço, no gráfico.
15 mm 15 mm 15 mm
a) b) c)
Figura 2.14 – Superfícies suaves com inserção proposital de uma região com
continuidade (a) G0, (b) G1 e (c) G2, acompanhadas respectivamente por gráficos de
Tabela 2.2 – Tempo médio de usinagem das superfícies para guias com distintos tipos de
continuidade.
insuaves levou um tempo, em média, 2,3 vezes maior que quando aplicada às superfícies mais
modelada por guias e seções construídas apenas com segmentos de reta, por um lado, e pela
superfície modelada por guias e seções construídas por splines únicas ajustadas a sequências
ferramenta. O que ocorre em regiões de aresta é que cada ponto da aresta é compartilhado por
duas regiões de características geométricas distintas, e que por isso têm dois vetores normais
A Figura 2.15 ilustra essa constatação. A superfície mostrada tem uma aresta que a
divide em duas regiões, uma que foi cruzada pela ferramenta ao descrever a trajetória
vermelha e outra que será cruzada pela ferramenta ao descrever a trajetória azul. Como as
mesmo ponto, ou seja, o ponto final da trajetória vermelha ocupa a mesma posição no espaço
40
que o ponto inicial da trajetória azul. Este ponto, por ser compartilhado por duas regiões
geometricamente distintas, terá duas direções normais possíveis, uma para a trajetória
vf
vf
ponto de contato.
aresta, um mesmo ponto CC tem duas orientações de ferramenta associadas, o que implica na
necessidade de dois pontos CL, cada um com uma orientação particular, e consequentemente
coordenadas (X, Y, Z), mas, com distinta orientação para o eixo da ferramenta. Essa
redundância de posição provoca uma parada brusca da ferramenta durante a usinagem, já que
C2xC2 levou em média 12,9 minutos, ao passo que fresar a superfície C1xC1 demorou em
arestas e que as superfícies usinadas não tenham apresentado marcas na direção perpendicular
forma.
com guias compostas por curvas de três tipos diferentes, mas, com continuidade C1 ou C2
entre seus segmentos. Suas representações gráficas são apresentadas na Figura 2.16.
Figura 2.16 – Superfícies compostas por curvas-guia com (a) continuidade C1 entre
conectadas com continuidade G1 e (c) continuidade C2, obtidas a partir de splines únicas.
usinagem das superfícies (a), (b) e (c) da Figura 2.16. Como não há arestas, não há
máquina são evidentes. O mesmo ocorrendo para o tempo de usinagem que foi de 16,7
minutos para a superfície (a), de 15,3 minutos para a superfície (b) e 12,3 minutos para a
superfície (c).
42
4000 4000
(a) (b)
3000 3000
vf [mm/min]
vf [mm/min]
2000 2000
1000 1000
0 0
4000
(c)
3000
vf [mm/min]
2000
1000
0
Figura 2.17 – Comportamento da vf em função do tempo durante a usinagem de uma
superfície composta por curvas-guia com (a) continuidade C1 entre seus segmentos, (b)
continuidade C2, obtidas a partir de conjuntos de splines e (c) continuidade C2, obtidas a
e intensas são percebidas durante a usinagem da superfície composta por curvas com
continuidade C1, gráfico (a), com grande parte da curva se mantendo abaixo da velocidade de
1000 mm/min.
adotado na modelagem das curvas geradoras das superfícies. A continuidade C1 garante que
dois segmentos de curva subseqüentes têm, no ponto de encontro, vetores tangentes iguais
normal de uma superfície em um determinado ponto é o produto vetorial das tangentes das
determina a velocidade com que o vetor normal, e consequentemente o eixo da fresa, deve
mudar a sua inclinação. Ou seja, se a ferramenta cruza uma região com alta curvatura ela deve
alterar sua inclinação mais rapidamente do que quando cruza uma região de pequena
curvatura.
é a posição dos eixos rotativos que determinará a orientação da ferramenta com relação à
rotação desses eixos deve ser constante9, sendo tanto maior quanto maior for a curvatura. Da
eixos rotativos devem acelerar; ou desacelerar, quando a ferramenta sai de uma região de
ferramenta cruza uma conexão de continuidade C1 significa, do ponto de vista cinemático, que
a velocidade dos eixos rotativos necessita mudar instantaneamente, o que é correspondido por
9
Considerando velocidade de avanço constante. Se vf acelera ou desacelera, a velocidade dos eixos rotativos
deve acompanhar, uma vez que a curvatura é função da posição do ponto ao longo da curva.
44
uma aceleração ou desaceleração brusca, à maior intensidade, necessidade essa que exige
A Figura 2.18 ilustra essa relação. Em (a) é apresentada uma superfície sem arestas
internas, constituída por curvas com continuidade C2 entre seus segmentos, mas dividida ao
meio por uma região de continuidade C1 ilustrada pela curva preta que cruza essa superfície.
projetado sobre o plano da curva. Percebe-se na área destacada pela linha azul que, na região
de conexão com continuidade C1, há uma brusca e intensa alteração de curvatura. Finalmente,
ferramenta dado sobre a curva isoparamétrica destacada em vermelho. O gráfico mostra que a
velocidade de avanço sofre uma queda abrupta no meio do passe, que é a região
rotativos nem sempre podem corresponder ao exigido, uma vez que costumam ter capacidade
nesses casos, a desaceleração dos eixos translacionais pela necessidade de sincronização dos
Outro fator de exigência é o fato de todo movimento dos eixos de rotação exigir
sem que a ponta da ferramenta se desvie da trajetória a ser percorrida. Se a orientação da fresa
(b)
(a)
(d)
vf
(c)
essa curva.
Retornando à Figura 2.17, percebe-se que seus outros dois gráficos também são
mais suave do que a da superfície com (b), mesmo que para ambas a continuidade seja C2 em
Para entender o porquê dessas diferenças deve-se recorrer novamente aos conceitos
uma superfície é analisar a continuidade entre os segmentos das curvas que a compõem.
possível obter superfícies com distintos níveis de suavidade. Uma maneira muito comum de
autor, uma boa superfície é aquela que apresenta uma suave mudança em sua curvatura nas
diversas direções. Farin (1996) detalha um pouco mais sua definição e define como suave um
perfil de curvatura contínuo, que consiste de poucas regiões monótonas separadas por pontos
de curvatura extrema. Este autor ainda afirma que essa definição é certamente subjetiva, mas
coerente, como pode-se inferir da análise associada dos perfis de curvatura10 da Figura 2.19
(a) (b)
compostas por guias com continuidade C2 entre segmentos, sendo (a) obtida a partir de
conjuntos de splines conectadas com continuidade G1 e (b) a partir de uma spline única.
processo de usinagem. A superfície cuja usinagem foi a mais suave (Figura 2.17(c)) apresenta
10
Os perfis de curvatura foram extraídos de região correspondente àquela que estava sendo usinada no intervalo
de tempo contido nos gráficos de velocidade de avanço.
47
um perfil de curvatura (Figura 2.19(b)) notavelmente mais uniforme e com variações menores
Isso demonstra que a forma com que varia a curvatura de uma curva pode levar a
abruptas dessa propriedade, mesmo que de maneira contínua, podem exigir acelerações ou
velocidade de avanço sofrerá, e quanto mais bruscas forem essas variações, menos suave será
a usinagem.
isso porque nem sempre é possível representar uma geometria com uma única superfície. No
segmentos de curva adjacentes, e a continuidade entre elas segue a mesma lógica das curvas.
A diferença é que no caso de superfícies, a conexão é determinada por uma curva, como
ocorre internamente entre os patches de uma superfície composta (FARIN, 1996), e não por
encontro de uma curva paramétrica de cada uma das superfícies que a formam, sendo que,
para haver continuidade de qualquer grau entre elas é necessário que cada par de curvas que
continuidade determinada.
48
S1
S2
S1 Superfície 1 S2 Superfície 2
compressão. Com base nisso, definiu-se a princípio que as pás seriam modeladas: com
apenas uma superfície contendo todas essas regiões; com uma superfície para cada uma
dessas regiões (4 superfícies); e com uma superfície para os bordos e duas superfícies para as
regiões de sucção e compressão (6 superfícies). Porém, a primeira opção não foi possível11, e
por isso ela foi substituída por uma pá composta por duas superfícies, uma englobando as
regiões de compressão, sucção e bordo de ataque e a outra contendo somente o bordo de fuga.
11
As pessoas envolvidas na execução do experimento, após diversas tentativas com distintos recursos e funções
de software, com os dois sistemas CAD disponíveis, Siemens NX6 e CATIA V5R16, não encontraram meios de
modelar as 4 regiões da pá em uma superfície única.
49
As pás com 4 e 6 superfícies foram replicadas três vezes cada uma para que as
todas as zonas de transição, ou seja, hora continuidade G0, hora G1 e hora G2. A pá com 2
superfícies foi modelada com continuidade G2 em suas zonas de transição. A Figura 2.21
4 Superfícies - G1
1 4 Superfícies - G2
6 Superfícies - G
6 Superfícies - G2
2 Superfícies - G2
4 Superfícies - G0
6 Superfícies - G0
começando de seu topo e terminando no encontro com o cubo do rotor, cruzando, em cada
12
As pessoas envolvidas na execução do experimento, após diversas tentativas com distintos recursos e funções
de software, com os dois sistemas CAD disponíveis, Siemens NX6 e CATIA V5R16, não encontraram meios de
definir continuidade paramétrica de qualquer grau para duas superfícies modeladas separadamente.
50
3000 3000
(a) (b)
vf [mm/min]
vf [mm/min]
2000 2000
1000 1000
0 0
3000
(c)
vf [mm/min]
2000
1000
torno das pás compostas por 4 superfícies conectadas com continuidade G0 (a), G1(b) e
G2 (c).
O mesmo pode ser notado nos gráficos relativos às pás modeladas com 6
superfícies, Figura 2.23, onde há duas interrupções de movimento a mais, devido à divisão
decorrentes de distintos graus de continuidade na transição entre superfícies são similares aos
associados a esses graus na composição das curvas e superfícies. Toda transição com
ferramenta para ajuste de sua inclinação, aumento do tempo de usinagem e marcas na peça.
51
3000 3000
(a) (b)
vf [mm/min]
vf [mm/min]
2000 2000
1000 1000
0 0
3000
vf [mm/min] (c)
2000
1000
torno das pás compostas por 6 superfícies conectadas com continuidade G0 (a), G1(b) e
G2 (c).
A Figura 2.24 apresenta uma foto da superfície de sucção de uma das pás
Figura 2.24 – Marca de interrupção do movimento de avanço ao centro de uma das pás
É possível enxergar claramente pela figura uma marca ao centro dessa superfície
cortando-a do topo ao cubo, exatamente onde as suas duas metades se encontram. Marcas
similares ocorreram tanto na superfície de compressão como na de sucção de todas as três pás
usinagem da pá composta por duas superfícies pode ser observado na Figura 2.25. Apesar de
haver apenas duas superfícies, a curva do gráfico está claramente dividida em quatro regiões,
3000
vf [mm/min]
2000
1000
Isso ocorre porque, por mais que superfície de compressão, bordo de ataque e
superfície de sucção componham apenas uma superfície contínua e suave (C2), a curvatura do
bordo de ataque é muito maior do que a das outras duas regiões, forçando uma redução da
velocidade de avanço na transição com essas regiões (contorno em linha sólida) para garantir
A Figura 2.26 exibe o perfil de curvatura de duas curvas adjacentes criadas pela
curvatura das superfícies de sucção e compressão é tão menor que a dos bordos – cerca de mil
vezes menor – que sua visualização se torna impossível na escala adotada para a figura.
53
Bordo de fuga
Superfície de compressão
Bordo de
ataque
Superfície de sucção
está cruzando a superfície de compressão, os eixos rotativos estão sendo acionados com uma
superfície exige dos eixos rotativos velocidades e acelerações às quais eles não são capazes de
corresponder, o que força a redução da velocidade dos eixos lineares para garantir a sincronia
dos movimentos.
nota-se que, por mais que a velocidade de avanço sofra redução, não há interrupção do
movimento, como mostra a curva do gráfico que não atinge o eixo durante as transições
Outro ponto importante a ser notado é que as variações de vf foram mais suaves ao
comparadas com as da usinagem do bordo de fuga (contorno tracejado da Figura 2.25), o que
usinagem do bordo de ataque fizeram com que a usinagem da pá composta por 2 superfícies
levasse um tempo menor. Os tempos de usinagem desta e das outras pás são apresentados na
Tabela 2.3.
Tabela 2.3 – Tempos de usinagem das pás completas modeladas com 2, 4 e 6 superfícies,
citados, a Figura 2.27 apresenta dois gráficos: tempo de usinagem em função do grau de
superfícies do conjunto.
15 15
14 14
Tempo [min]
Tempo [min]
13 13
12 12
11 11
0 1 2 2 Superfícies 4 Superfícies 6 Superfícies
G0
G G1
G G2
G
0
4 Superfícies G0
G
1
6 Superfícies G1
G
2
Média G2
G
Os gráficos mostram que o tempo de usinagem tende a aumentar como resposta aos
conjunto. A explicação para essa última relação é o fato de toda região de conexão de
usinagem.
pá composta por 4 superfícies levou um tempo 7,8% maior, ao passo que a usinagem da pá de
6 superfícies foi 16,3% mais demorada. Já comparando-se apenas o fresamento das pás
compostas por 4 e 6 superfícies entre si, o tempo médio de usinagem foi 8,9% maior para
do grau de continuidade com o fresamento em 5 eixos simultâneos, e para esse fator também
há uma relação evidente, uma vez que o tempo de usinagem aumentou a medida que maiores
Quando define-se que duas superfícies devem se conectar com continuidade G1 ou G2, as suas
geometrias, para atender a essa restrição matemática, são alteradas nas proximidades da
A Figura 2.28 traz perfis de curvatura (contornos vermelhos) dos bordos de ataque
e fuga dos distintos conjuntos de superfícies usinados, extraídos na região central dessas
superfícies.Os perfis mostram que a curvatura das superfícies conectadas com maior grau de
continuidade sofre uma variação mais intensa nas proximidades da conexão (região inferior
dos contornos vermelhos), ao contrário do que acontece para a pá com superfícies conectadas
56
da máquina ocorrem com menor freqüência e intensidade, o que explica o menor tempo de
G0
G1
G2
Figura 2.28 – Perfis de curvatura dos bordos de ataque (direita) e fuga (esquerda) dos
conjuntos de superfícies conectado com continuidade G0, G1 e G2, de cima para baixo.
uma vez que é necessário que elas se encontrem somente, que dividam uma aresta. Assim,
suas características geométricas são definidas exclusivamente pelos pontos e curvas que a
constituem.
57
como G1 e G2, trazem restrições a mais a sua modelagem impondo alterações geométricas na
região imediatamente próxima da conexão e alterando seus perfis de curvatura, o que pode
menor número de superfícies possíveis, porque sempre que houver mais de uma haverá
arestas e, com elas, as consequências negativas associadas. Nos casos em que for impossível a
modelagem de uma geometria com uma superfície apenas, as conexões entre superfícies
Por fim, é importante ressaltar que, por mais que seja a mais simples restrição de
definida no momento da modelagem das superfícies, ainda que a mesma curva seja usada para
modelar as superfícies adjacentes. Dessa maneira evita-se uma outra fonte de problemas para
eixos Simultâneos
bordas de uma superfície. Quando os contornos de uma superfície são complexos ou limitados
por outra entidade geométrica, recorre-se com frequência ao aparamento das superfícies.
13
Os vazios são regiões na transição entre superfícies nas quais não há encontro entre essas, muito conhecidos
por seu termo em inglês, gaps.
58
Segundo Silva,
Percebe-se pela Figura 2.29 que o número de movimentos redundantes (loops nas
aparamento. A superfície inferior não apresenta problema algum com suas trajetórias, as
outras duas, no entanto, têm movimentos redundantes crescendo com sua complexidade.
redundantes ocorridos para as superfícies com maior complexidade de borda, que costumam
originar marcas na superfície usinada, além de aumentar o tempo de usinagem, uma vez que
Por fim, uma outra importante dificuldade imposta pelo uso de operações de
aparamento como forma de definir as bordas de uma superfície é o fato de as bordas geradas
dessa forma não guardarem continuidade com outra superfície, implicando em sobreposições
ou vazios em regiões de transição. Dessa maneira, há sempre o risco dessa superfície não
poder ser utilizada com um grupo de outras superfície para a geração de trajetórias de
de turbinas a gás, uma vez que esse tipo de equipamento é foco deste trabalho.
que diz respeito às práticas e recursos utilizados, como com relação às informações a partir
das quais se inicia o processo de modelagem. Mas, este autor considera que o ponto de partida
para a modelagem auxiliada por computador deste tipo de componente é normalmente uma
sistema CAE;
• curvas que definem seções transversais de uma pá, importados de um sistema CAE;
pá.
de todo o processo.
modelagem e, por não haver a garantia de que as curvas ou superfícies vão chegar em boas
geométricas.
Quantidade de superfícies
dado é fazer uma análise preliminar da quantidade ótima de superfícies a compor a pá. De
acordo com o que foi concluído na seção 2.1.2, o ideal é sempre usar o menor número de
Para uma pá, esse número ideal seria uma superfície apenas contendo todas as
improvável que isso seja possível devido às grandes diferenças de curvatura entre as
superfícies de uma pá e seus bordos, que costumam ser consideravelmente mais encurvados.
Tentativas de gerar superfícies únicas para regiões com curvaturas tão distintas
executar tal tarefa. Assim, é preciso que a pessoa responsável pela modelagem analise o perfil
maiores para o bordo de ataque. Isso faz com que a diferença de curvatura entre essas três
regiões não seja tão grande, o que pode possibilitar sua modelagem com apenas uma
Sentido de ação
(Rotação)
TURBINA
Fluxo de ar
Sentido de ação
(Rotação)
COMPRESSOR
Fluxo de ar
Já as pás de compressores são caracterizadas por uma maior esbelteza, com raios de
ataque. Isso faz com que a diferença de curvatura dos bordos para o restante da pá seja muito
grande (mil vezes maior na pá estudada na seção 2.1.2, por exemplo), o que invariavelmente
impossibilita a modelagem da pá com uma única superfície e, muitas vezes, até com duas.
Caso não seja possível a modelagem com um menor número de superfícies, deve-
compressão e sucção nessa região formando uma aresta. Isto é útil para pás de distintos perfis,
desde que o bordo de fuga tenha raio de curvatura insignificante, mas exige uma operação
posterior para quebra dessa aresta14 e, o que é mais importante, insere no modelo um erro de
representação geométrica.
Deve-se ter em mente que a definição da quantidade de superfícies pela análise dos
perfis aerofólicos tem caráter orientador, sendo, portanto, uma escolha inicial apenas. A
pessoa responsável pela modelagem será capaz de realizar com os recursos de CAD
disponíveis.
Modelagem de curvas
definem as seções da pá, deve-se partir para a modelagem da curvas que comporão as seções e
simultâneos, as seções e guias devem ser curvas únicas com continuidade C1, C2 ou maior,
entre seus segmentos, sendo que quanto maior o grau de continuidade paramétrica mais suave
Uma maneira eficiente de se obter curvas suaves com continuidade C2 entre seus
cria uma spline que melhor se adéqua aos pontos. Para que essa curva tenha variação suave de
curvatura, deve-se procurar ajustar, na tela de opções do programa, seu grau como sendo 3 ou
maior.
14
Essa operação pode ser feita manualmente, por polimento, ou por tamboreamento.
15
Os pontos podem tanto ser provenientes de importação a partir de softwares CAE quanto calculados segundo
as instruções do projetista, conforme a primeira e quarta opções de ponto de partida listadas na página 60.
16
Exemplos dessa função são Fit Spline, no Siemens NX6, e spline no CATIA V5R16.
64
Caso o sistema CAD disponível não ofereça função semelhante, uma alternativa é
utilizar os pontos para criar uma sequência de splines de grau 3 ou maior, estabelecendo
Também para essa alternativa é importante procurar ajustar, na tela de opções do programa,
Tanto para curvas criadas desta maneira, como para curvas importadas de outro
sistema CAD ou CAE18, é desejável que se analise o perfil de curvatura das curvas geradas
para verificar sua suavidade. Caso esta não esteja satisfatória (com variações bruscas e muitos
modelagem de curvas de uma mesma direção, ou seja, todas as curvas do grupo das seções ou
das guias devem ser modeladas utilizando um mesmo procedimento e a partir de um mesmo
número de pontos ou, para o caso de se utilizar uma sequência de splines, um mesmo número
destas curvas.
Outro importante conselho é criar uma curva-guia para cada interface de região da
pá, ou seja, quatro curvas. Um menor número de guias tende a deformar as superfícies. Por
Modelagem de superfícies
As superfícies devem ser modeladas por meio de funções que permitam a definição
de guias e seções, como é o caso das superfícies obtidas por interpolação spline bicúbica19.
mesma função, porém, com dois cuidados adicionais: estabelecer continuidade G0 com a
17
Esse comando é normalmente conhecido como Join ou Join curves.
18
Segunda opção de ponto de partida listada na página 60.
19
Um exemplo dessa função é a “Studio Surface”, do Siemens NX 6.0.
65
suas extremidades em zonas de transição entre as regiões da pá. Isso porque a brusca variação
processo de usinagem. Portanto, estes são os melhores locais para posicionar arestas na pá,
uma vez que minimizam os impactos negativos de sua ocorrência. Se for necessário impor
pontos de interrupção ao movimento de avanço, que isso seja feito em regiões de inevitável
desaceleração.
superfícies importadas de outros sistemas CAD ou CAE20. Neste caso, a primeira ação deve
ser analisar visualmente as superfícies para verificar a ocorrência de arestas internas. Caso
Para tal, há três alternativas: obter pontos ou curvas de definição da pá através da mesma
fonte das superfícies importadas; utilizar planos para extrair curvas de seção a partir das
superfícies importadas e com elas modelar novamente as superfícies; utilizar estas curvas de
seção para gerar pontos e a partir destes modelar novas curvas e superfícies.
Como último importante ponto a ser tratado neste capítulo sobre modelagem
que as trajetórias de ferramenta serão geradas e, para que não seja em vão o esforço da
20
Terceira das opções de ponto de partida listadas na página 60.
66
características geométricas.
suavidade das superfícies e a das características de interface entre superfícies adjacentes. Para
que o modelo geométrico seja útil para a geração de trajetórias de ferramentas as superfícies
diferentes podem ser feitos diretamente, caso haja compatibilidade entre as plataformas ou
Specification). Esse formato suporta o uso de superfícies definidas por NURBS (non-uniform
2007). Outros formatos difundidos são STEP (Standard for the Exchange of Product Data),
Parasolid e DXF (Drawing Exchange Format for Autodesk), dentre os quais os dois primeiros
apresentadas na seção anterior, e utilizando os dois sistemas CAD aos quais o autor teve
acesso durante a elaboração desse trabalho, mostraram que é possível manter essas
neutros.
CAD Siemens NX6. A conversão dessa superfície para o formato IGES e sua importação no
sistema CAD CATIA V5R16 não alterou suas características geométricas, como mostra a
Figura 2.33.
67
-211,70
-42,013
Figura 2.33 – Curvatura da superfície de referência após sua conversão para o formato
neutro IGES), percebe-se que a distribuição de curvatura é muito semelhante havendo apenas
O mesmo pode ser dito para o mesmo arquivo convertido para o formato neutro
STEP e importado no sistema CAD CATIA V5R16, conforme mostra a Figura 2.34.
Figura 2.34 – Curvatura da superfície de referência após sua conversão para o formato
diferentes plataformas CAD e CAM pode ser realizado, utilizando-se de formatos neutros
comumente encontrados, sem que estes percam as características geométricas adequadas para
superfícies complexas que devam ser usinadas por esse processo, e conhecendo-se a
distintas, as informações devem seguir para a próxima etapa do fluxo de informações para a
computacionais.
70
tenha sido planejado para garantir que as trajetórias de ferramenta geradas atendam aos
objetivos das operações definidas com relação a produtividade, custo, precisão e qualidade de
acabamento.
complexas, a prática e a lógica de organização das operações de fresamento não diferem das
aplicadas a outras formas complexas. Normalmente, essas operações são definidas de maneira
custo. Deve-se remover a maior quantidade de material possível, com tempo e custo mínimos.
Parte-se de uma peça bruta, que para pás, rotores e estatores de turbina costumam ser pré-
formas fundidas ou forjadas, e chega-se em uma peça com forma em estágio intermediário,
quais as solicitações mecânicas e térmicas sobre peça e ferramenta são mantidas homogêneas
A etapa de acabamento é referida aqui como última porque entre ela e o desbaste
podem haver ainda etapas intermediárias, com objetivos que podem se aproximar mais de
uma ou outra. Redesbaste é o nome que se dá à etapa cujo objetivo de suas operações é
complementar a remoção de material bruto visando maior produtividade. Se, por outro lado,
suas operações visam conferir maior homogeneidade ao sobremetal deixado para as operações
pré-acabamento, ou semi-acabamento.
fabricação por fresamento de peças de forma complexa seguindo a ordem das etapas pelas
3.1 Desbaste
maioria das vezes, com operações de uma variação do fresamento em 5 eixos conhecida como
máquinas de 5 eixos. Uma maneira bastante útil e com vasta aplicação industrial2 é empregar
A esse tipo de operação dá-se o nome de fresamento em 3+2 eixos3, como alusão
ao fato de que dois dos 5 eixos disponíveis são utilizados em movimentos passivos para
ajustes de posicionamento prévios ao corte de fato, que se dá com a utilização dos 3 outros
eixos.
como grandes vantagens a acessibilidade, que possibilita o alcance de regiões da peça cujo
1
Apesar de vasta pesquisa, o autor considera que não há na literatura definições dos processos de fresamento
multieixos e fresamento em 5 eixos capazes de captar o universo de operações possíveis com essas tecnologias.
Assim, buscando contribuir com uma construção nesse sentido, as seguintes definições são propostas:
• O fresamento multieixos é uma variação do processo de fresamento na qual são utilizados mecanismos
de rotação, automáticos ou não, para variar a orientação da ferramenta com relação à peça, de maneira
dinâmica ou discreta, com o objetivo de, com uma mesma configuração de fixação de peça, adequar
melhor a forma da porção ativa da fresa à forma local da superfície usinada, ou conferir maior
acessibilidade à ferramenta, visando maior produtividade ou precisão.
• O fresamento em 5 eixos é um tipo de fresamento multieixos no qual os mecanismos de rotação
estabelecem dois eixos não-paralelos de rotação entre ferramenta e peça, adicionados aos três eixos
convencionais de translação entre ferramenta e peça.
• O fresamento em 5 eixos simultâneos é um tipo de fresamento em 5 eixos no qual a orientação da
ferramenta com relação à peça pode variar continuamente durante o percurso de avanço da ferramenta
através do acionamento simultâneo de eixos lineares e rotativos.
2
Segundo APRO (2008), o fresamento em 3+2 eixos é o “feijão com arroz” (bread and butter) da usinagem
multieixos na indústria.
3
Outros nomes encontrados na literatura são fresamento, ou usinagem, em 2+3 eixos, em 3+½+½, em 3½½
eixos, usinagem indexada, usinagem em 5 lados e usinagem em 5 faces (5-sided milling).
73
fixar uma mesma peça várias vezes para a execução de operações de usinagem de detalhes
possibilita rigidez superior, uma vez que os eixos rotativos são travados mecanicamente
quando seu movimento não é necessário durante a usinagem, além de permitir um melhor
desempenho dinâmico da máquina, já que os eixos rotacionais não atuarão como limitadores
da velocidade de avanço.
usinagem em 3+2 eixos, isso porque as estratégias aplicadas para a geração de trajetórias de
considera que o fresamento em 3+2 eixos pode ser uma espécie de ponte para profissionais
Tanto Roman quanto Apro afirmam que é comum que as indústrias tenham
“lados” da peça, com apenas uma preparação de peça. Essas máquinas são menos caras que as
74
fresamento em 3 eixos.
Para a usinagem de pás e rotores de turbina não é diferente, sua etapa de desbaste
determinantes para seu uso são a acessibilidade (se comparado com o fresamento em 3 eixos)
porque materiais como aços inoxidáveis austeníticos, ligas de titânio e, principalmente, ligas a
base de níquel, quando usinados, impõem severas solicitações à estrutura da máquina, com
forças de usinagem similares ou maiores do que as decorrentes da usinagem dos aços carbono,
Por outro lado, a geometria complexa de uma pá com torções em mais de uma
com relação à peça, o que torna fundamental a utilização de máquinas com eixos rotativos
resultantes.
superfícies de uma pá, como a ilustrada na Figura 3.1 à esquerda, ou as pás de um rotor
75
(Figura 3.1, direita), não podem ser usinadas por completo com uma orientação de ferramenta
apenas, essa geometria deve ser usinada por etapas com orientações distintas entre ferramenta
e peça, sendo que a quantidade de etapas deve ser a necessária para a remoção de todo o
material excedente. Cada etapa é feita com uma orientação fixa, e a direção de cada
orientação define os ângulos a serem aplicados aos eixos rotativos da máquina que são
processo sujeito a erros e variação. Roman (2007) afirma que a falta de diretrizes (guide lines)
O mesmo autor, em dois trabalhos (ROMAN, 2005; ROMAN, 2007) aborda uma
solução para esse problema, porém o método proposto por ele visa o acabamento por
maior quantidade de material sobressalente, no menor tempo possível, assim, sua quantidade
deve ser a mínima que confira esse objetivo. Para tal, a prioridade deve ser a acessibilidade e,
assim, um aplicativo computacional ou uma função de um sistema CAM com o fim de definir
operação são completamente visíveis em uma direção possível, essa direção deve ser adotada
como paralela ao eixo da ferramenta. Caso contrário, deve-se encontrar o número mínimo de
usinadas.
As duas peças da Figura 3.1 podem ser tomadas como exemplo. Primeiramente, o
caso mais simples, o da pá unitária. Suas superfícies que devem ser usinadas são topo, bordo
engaste no cubo). Não há ponto de vista possível que permita a visualização de todas elas ao
mesmo tempo, logo, mais de uma orientação são necessárias para sua usinagem. A Figura 3.2
mostra, dentre inúmeras outras possibilidades, os pontos de vista a e b que associados tornam
(a) (b)
orientações para cada pá para que todas as superfícies a serem usinadas estivessem visíveis.
principalmente, o elevado grau de torção da geometria das pás que o compõem, fazem
Pelo processo intuitivo, o autor foi capaz de identificar três pontos de vista a partir
dos quais todas essas superfícies fossem vistas (Figura 3.3). Assim, para o caso em questão,
4
A palavra BLISK é o acrônimo da expressão Bladed Disk, disco de pás, uma expressão em inglês que se refere
a rotores inteiriços.
78
Porém, uma alternativa interessante para casos como esse é encarar cada espaço
entre pás como uma cavidade, como feito por Chu, Huang e Li (2010), Liu et al. (2010) e Ren
at al. (2009). Para o rotor em questão, é possível que todas as superfícies de cada “cavidade”
estejam visíveis com duas orientações cada (Figura 3.4), o que faz com que 18 operações de
considera-se que qualquer iniciativa com esse objetivo deva explorar a lógica da visibilidade e
SZIRMAY-KALOS, 1996; GHALI, [199-]). Acredita-se que essa é uma das linhas a ser
pás e rotores.
eixos os métodos de geração de trajetória de ferramenta aplicados são os mesmo que para o
fresamento em 3 eixos, uma vez que, com os eixos rotativos travados, apenas os eixos lineares
fresamento em 3 eixos podem ser classificados em três tipos (CHIOU e LEE, 2002;
CAVALHEIRO, 1998):
• isoparamétricos;
• cartesianos;
• isoplanares ou APT.
Com os métodos isoparamétricos, as trajetórias são geradas com base nas curvas do
campo paramétrico (u,v) da superfície. Têm como principal vantagem uma simplicidade
matemática relativamente maior, mas, como a distância entre passes adjacentes é calculada no
espaço paramétrico, no espaço tridimensional este pode diminuir ou aumentar, fazendo com
que trajetórias redundantes sejam geradas com freqüência. Outra desvantagem é a alta
80
dependência que estes métodos têm do modo de construção da superfície e de seu grau de
métodos para altura de crista constante (iso-scallop) são uma variação deste grupo em que o
cálculo leva em conta as curvaturas da superfície para definir a distância entre passadas
adjacentes, de forma a gerar cristas sempre com a mesma altura (CAVALHEIRO, 1998). Suas
vantagens residem em sua maior flexibilidade com relação aos padrões de movimentação ao
LEE, 2002).
estes, a necessidade de intensa atividade matemática, além de não lidarem bem com conjuntos
grande maioria das estratégias desenvolvidas para o desbaste [...] movimentam a fresa em 2 ½
eixos sobre planos horizontais...”, ou seja, são estratégias do tipo “Z constante” (Z-level), que
paralelos entre si, distanciados de acordo com a profundidade de corte ap definida pelo
acabada e bruta definindo contornos. A partir desses contornos, trajetórias são geradas de
81
maneira a fazer com que a fresa percorra toda a área contida entre o contorno da peça bruta e
o da peça acabada.
Há ainda diversas outras alternativas que envolvem desde a associação dos dois
tipos citados, para formas gerais, até movimentos em espiral ou em círculos concêntricos,
para perfis arredondados. Uma outra opção de difusão comercial relativamente recente é o
corte trocoidal. Seu nome advém do fato das trajetórias de ferramenta geradas descreverem,
5
“Trocóide é a curva gerada por um ponto a uma distância b do centro de um círculo de raio a que rola sobre
uma curva fixa”. Definição extraída da página eletrônica Wolfram Mathworld – http://mathworld.wolfram.com/
Trochoid.html – em 21/05/2010 (tradução do autor).
82
executando loops, guardando, assim, similaridade com uma trocóide. A Figura 3.6 mostra os
Figura 3.6 – Trajetórias de ferramenta com padrão trocoidal. À esquerda com trocóides
cortes em cheio, inevitáveis em regiões tão estreitas como as cavidades entre pás, e mantém
uma relativa homogeneidade para a penetração de trabalho ae. As trajetórias são calculadas de
que a ferramenta enfrenta cortes em cheio ou aumentos bruscos de ae, como em cantos
internos.
estratégias, nas quais é utilizado o fresamento frontal e, por vezes, o periférico, com
atuam na direção de maior resistência da fresa, a de seu eixo, reduzindo assim sua deflexão e,
das forças que atuam perpendicularmente ao eixo da ferramenta também reduz a solicitação
sobre as pás, que costumam carecer de rigidez devido ao seu grau de esbelteza.
Outro ponto positivo é que, como em rotores inteiriços o espaço entre pás é restrito,
o fresamento de mergulho pode melhorar a produtividade. Isso porque, com trajetórias que
desacelerações.
das cavidades entre pás de um rotor axial. Os autores reportam força de usinagem 60% menor
ser utilizado para o desbaste de pás e rotores. Entretanto não há opções de estratégias
destinadas a esse fim em sistemas CAM comerciais. Dessa forma, é necessário utilizar
84
estratégias de acabamento, o que requer uma maior atenção do programador uma vez que os
Há algumas referências que tratam desse assunto (CHO, et al., 2009; YOUNG e
CHUANG, 2003; BALASUBRAMANIAM, et al., 2000; LEE e KOC, 1998), porém todas se
solicitações às quais elas irão ser submetidas, e apenas duas apresentam experimentos práticos
(CHU, HUANG e LI, 2010; CHUANG e YOUNG, 2007), mas apenas para validação do
O problema é tratado como se a mesma fosse usinar um material que não apresenta
resistência, tornando arriscadas aplicações de trajetórias geradas por esses métodos (SOUZA,
2006).
materiais, mas, um dos parâmetros de corte, a penetração de trabalho tem forte correlação
com a seleção da estratégia de corte, justificando atenção especial. Para maiores informações
para o fresamento de ligas de titânio, ligas a base de níquel e aços inoxidáveis de matriz
austenítica recorrer a Trent e Wright (2000), Shaw (2005), Machado, et al. (2009), Schroeter e
define o tempo que cada dente da fresa fica exposto ao calor gerado pelo processo de
usinagem.
85
resfriamento onde cada dente se aquece enquanto está engajado no material da peça,
formando o cavaco, e é resfriado quando o engajamento cessa, o acréscimo de ae faz com que
o tempo de aquecimento seja maior, aumentando não só a temperatura máxima à qual a aresta
Assim, utilizar uma imersão radial pequena pode prolongar a vida da ferramenta,
pois o gume, dessa forma, passaria a maior parte do tempo se resfriando, do que se aquecendo
(ZELINSKY, 2003) por sua feita, sugere que quando o ae for menor que 25% do diâmetro da
ferramenta, a vc pode aumentar em 50% com relação àquela utilizada para o desbaste,
enquanto quando a penetração radial for menor que 10%, a velocidade pode ser aumentada
em 100%.
Por outro lado, Diniz, Marcondes e Coppini (2006) afirmam que, para operações de
entrada da cunha, nessas condições, ocorre em uma região de maior fragilidade da cunha de
rotor inteiriço, o rotor centrífugo da Figura 3.7 foi usinado6 em TiAl6V4. Dois valores de ae
foram comparados, 30% e 68% durante a usinagem de desbaste das cavidades, cada um
6
Os procedimentos, materiais utilizados e resultados deste experimento de desbaste estão descritos e
apresentados no Apêndice C.
86
Blank
56.4 mm
30.1 mm
Figura 3.7 – Rotor centrífugo usinado em experimento de desbaste.
penetração de trabalho. A Figura 3.8 apresenta o desgaste de flanco da fresa após o desbaste
0,10
ae = 68%
0,08
Desgaste de Flanco VB [mm]
ae = 30%
0,06 ae = 30%
vc = 50 m/min
0,04 fz = 0,1 mm
ap = 0,5 mm
0,02
Ou seja, nas condições de usinagem adotadas, com uma velocidade de corte usual
sobre a aresta, é pior para a vida da ferramenta do que um maior aquecimento imposto por um
maior ae. Um resultado semelhante na usinagem da mesma liga de titânio foi encontrado por
Nota-se ainda, pela Figura 3.8, que a associação de um reduzido ae com a ausência
de material nas cavidades adjacentes7 agrava o desgaste da ferramenta. Isso pode ser
explicado pelo fato de que isso torna a peça menos estável, já que não há mais material dando
sustentação por trás das pás que delimitam a cavidade, tornando as solicitações dinâmicas já
ruins, pela forma com que o choque de entrada ocorre, ainda piores.
solicitação térmica sobre a ferramenta, é preciso avaliar o efeito de sua variação em conjunto
com o efeito da variação da velocidade de corte. O gráfico da Figura 3.9 apresenta o impacto
Pode-se ver por esse gráfico que a velocidade de corte exerce influência sobre o
efeito da variação de ae. Percebe-se que, com o uma vc elevada, a o aumento do desgaste com
dinâmicas perdem predominância sobre o desgaste, tendendo para uma situação em que
que vai definir se serão solicitações mecânicas ou térmicas a predominar sobre o desgaste de
7
Neste experimento, as cavidades foram desbastadas em uma ordem tal que fez com que hora se tivesse as
cavidades adjacentes ainda preenchidas, pois não haviam sido usinadas ainda, e hora vazias, por já terem sido
desbastadas.
88
0,10 50 m/min
124 m/min
Desgaste de Flanco VB [mm]
0,08
0,06
0,04
0,02
30% 68%
ae
carga térmica inicial, assim, deve-se utilizar maiores valores de ae (acima de 50% do diâmetro
de fresamento em geral.
utilização de valores muito elevados de vc, a carga térmica inicial é elevada e, por isso, a
penetração de trabalho deve ser reduzida para diminuir a intensidade de aquecimento das
cunhas de corte da fresa, conforme recomendam Sandvik (2004) e Hoefler apud Zelinsky
(2003).
89
3.2 Acabamento
processo de usinagem multieixos ideal para o acabamento de peças complexas como pás,
conhecido também como fresamento em 5 eixos verdadeiro, ou real, porque nele a orientação
da ferramenta com relação à peça varia continuamente durante a usinagem, fazendo com que
todos os cinco eixos, três de translação e dois rotação, se movam de forma combinada e com
movimentos simultâneos que podem até envolver todos os eixos ao mesmo tempo.
fresamento em 3 eixos, dentre as quais três podem ser consideradas como principais.
uma mesma operação, transite em regiões da peça com restrições de acesso impostas por sua
própria geometria, e em superfícies com curvaturas e disposição tão distintas entre si que com
uma orientação fixa não seriam possíveis de serem atingidas. Um exemplo claro disso é a
usinagem de um rotor centrífugo. A disposição e a forma complexa de suas pás fazem com
fresa ao contorno. Quando uma fresa de topo reto ou toroidal é inclinada, a geometria de
relevo da superfície usinada, o que diminui não somente o número de passes requeridos por
aquela operação, assim como as alturas e densidade das cristas, melhorando a qualidade da
2003; GRAY, et al., 2001; ROTH, et al., 2001). Para esse fim, as fresas toroidais são as que
Por fim, o fresamento em 5 eixos simultâneos possibilita orientar a fresa com uma
sobre as cunhas de corte são mantidas regulares, como também a direção em que essas
solicitações atuam pode ser controlada. Além disso, para a usinagem com fresas esféricas, a
inclinação constante permite “fugir” do corte com sua ponta. Nesta região a velocidade de
considerável aumento dos riscos de colisões e danos à peça provocados pela ferramenta;
91
sistemas CAM comerciais, de maneira que grande parte deles não ofereça soluções para este
tipo de operação.
manutenção dos centros de usinagem, como para a compra de programas CAM e qualificação
CAD que, se não observadas, podem tanto comprometer o desempenho das operações quanto,
LEE, 2003). Por este motivo abundam publicações a esse respeito, nas quais novos métodos
devem prover não só dados a respeito do caminho a ser seguido pela ferramenta, como
também devem informar a forma como o eixo da ferramenta deve se comportar durante sua
8
Interferências de corte são contatos indesejados, de baixa intensidade, da ferramenta com a peça, que causam
um leve dano na superfície usinada, podendo ser locais ou traseiras. As locais são aquelas provocadas pela parte
da ferramenta que fica à frente quando a mesma está avançando. Já as traseiras são provocadas pela região
oposta àquela onde se localiza o ponto de contato ferramenta/peça. Ver SOUZA (2006), p. 36-37.
9
Colisões são choques entre ferramenta (ou sua haste e dispositivos de fixação) e peça, ou seus dispositivos de
fixação, ou ainda de qualquer um destes com algum componente da máquina. Ver SOUZA (2006), p. 36-37.
93
pelos quais a ferramenta deverá passar tangenciando-a. São conhecidos também por pontos
utilizando-se métodos similares àqueles que se usam no cálculo de trajetórias para a usinagem
cartesiano.
superfícies a serem usinadas. Dentre essas opções, as mais comuns são os movimentos
unidirecionais (zigue e zigue-zague) seguindo uma das direções do campo paramétrico (u,v)
das superfícies da peça ou de uma superfície-guia para a qual uma pré-trajetória seria gerada e
Outras opções incluem seguir o contorno das bordas das superfícies, em helicóide
(ou helicoidal), em espiral, projeção de pontos e curvas, seguir cantos internos e vales de
10
Ver Subcapítulo 3.1, p. 79-80.
94
Em qualquer dos casos o programador escolhe uma direção para ser adotada pelo
movimento de avanço e os pontos de contato são calculados nessa direção ao longo das curvas
que definem a trajetória e de acordo com uma tolerância definida pelo próprio programador
borda, as direções e curvas do campo paramétrico são adotadas. Para os outros padrões de
Para a usinagem de pás, o corte helicoidal se afigura como uma opção vantajosa
porque contornar a pá dessa forma permite uma usinagem contínua e sem marcas de transição
ajuste.
Shan, Ming e Ming (2011), Yilmaz, Gindy e Gao (2010) e Ding, Yang e Han
(2004), por estes mesmos motivos, adotam em seus trabalhos o contorno em espiral como
(2010) alegam que contornar a pá danifica o bordo de ataque devido à baixa rigidez de sua
experimento de trabalho anterior (SOUZA, 2006), foram testadas cinco opções de estratégias
para usinar as pás do rotor da Figura 3.12. As definições de cada uma levavam em conta
fatores como estabilidade e rigidez da pá como critérios para a divisão do seu acabamento em
etapas11.
11
Para uma descrição mais detalhada do experimento recorrer ao Apêndice D.
95
Figura 3.12 – Seção com cinco pás de um rotor experimental usinada para comparar
(Figura 3.13 (a)), ao passo que para a última pá foram dados passes contornando-a (Figura
3.13 (b)).
rugosidade Rz em torno de 3,5 µm, porém os tempos de usinagem foram de 23 minutos para a
primeira e de apenas 11 minutos para a última, que ainda teve a vantagem de ter sido a que
(a)
(b)
Figura 3.13 – Padrões de movimento para o acabamento das pás 1 (a) e 5 (b)
Por uma limitação da versão do sistema CAM utilizado à época (UGS NX3), não
havia a opção de se utilizar corte helicoidal, o que justifica os movimentos de entrada e saída
vistos na Figura 3.13. Entretanto, em um teste adicional utilizando uma versão mais atual
máquina e com os mesmos parâmetros, o tempo de usinagem da pá, utilizando uma trajetória
de ferramenta helicoidal (Figura 3.14), foi 7% menor que o da pá usinada mais rapidamente.
97
define como a ferramenta deve ser inclinada com relação à peça, e conseqüentemente, qual a
Para esta função também são vários os métodos, tanto acadêmicos, encontrados na
desde funções matemáticas que calculam a inclinação da fresa de maneira que a forma de seu
topo se adéque ao máximo ao contorno local da superfície, sem que haja interferência de corte
TOS (JUN, CHA e LEE, 2003; GRAY, et al., 2001; HO, HWANG e HU, 2003) – até
métodos onde a orientação é definida pelo contato ferramenta/peça em dois pontos (usinagem
multiponto (GRAY, et al., 2001), ou em que esta é dada pelo próprio programador através de
a distribuição e a orientação são definidas juntas, ponto a ponto, baseando-se nas informações
superficiais locais.
Para se obter a máxima EU, a ferramenta deve se adequar à superfície ao máximo sem que
haja interferência. Quando esta muda sua direção de corte, a sua EU também é alterada no
ponto em que ela está usinando. Assim as trajetórias do MPF representam a tendência global
entre os que geram trajetórias para o fresamento de topo e os que se destinam ao fresamento
periférico.
ou de uma reta, interpolando inclinações com base em um conjunto de vetores definidos pelo
programador, utilizando o método Sturz (Sturz Method), também conhecido como método da
determinadas de maneira a fazer com que seus vetores de orientação convirjam para um, ou
divirjam a partir de um, ponto focal definido pelo programador. À direita, os vetores de
99
orientação convergem para uma, ou divergem a partir de uma, linha focal definida pelo
programador.
(a) (b)
orientação, além de ser o mais difundido e aplicado para operações de fresamento em 5 eixos
simultâneos. Consiste em orientar a ferramenta com uma inclinação constante de seu eixo
direção de avanço, e ângulo de ataque α, transversal a essa direção. A Figura 3.16 mostra as
De maneira geral, quanto mais próximos de zero forem os ângulos, maior o risco
de interferência de corte, mas em contrapartida, quanto mais distantes desse valor, maiores
3 eixos, para superfícies complexas (GRAY, et al. 2001; JUN, CHA e LEE, 2003), esse é um
método de tentativa e erro, no qual diversos ângulos são testados, até que se chegue na menor
inclinação possível onde não ocorrerão interferências. Isto torna este processo muito
interferências de corte (gouge check) eficientes, já que, nesse caso, interferências e colisões só
função. Nessa opção o ângulo de avanço varia de acordo com a curvatura local da superfície
101
de maneira a adequar a forma do topo da fresa à forma da peça Figura 3.17. Em regiões
côncavas a inclinação tende a ser maior para que a ferramenta se ajuste a topografia da região,
deve definir uma distância de segurança (heel distance) que a parte traseira da ferramenta
deve manter com a superfície da peça. O método também evita que o ângulo de avanço seja
O fresamento periférico, por sua vez, é feito com um método específico que usa
como guia superfícies regradas (ruled surfaces). Superfícies que são definidas por um
segmento de reta cujas extremidades percorrem uma curva tridimensional (geratrizes) cada
são chamadas regradas (LEE e KOC, 1998). Considerando-se que a tangência de uma fresa de
topo com um plano é descrita por um segmento de reta, e se as extremidades deste segmento
forem guiadas pelas geratrizes de uma superfície regrada, logo a superfície usinada
corresponderá a esta. Este é o conceito deste tipo de método (LI, 2007; BEDI, MANN e
MENZEL, 2003; JUN, CHA e LEE, 2003; LEE e KOC, 1998). O fresamento periférico em 5-
Gong e Wang (2011), Chu, Huang e Li (2010), Chuang e Young (2007) e Young e
Embora esse método se utilize de superfícies regradas para o cálculo das trajetórias,
nem sempre é necessário que a geometria a ser usinada seja uma ou um conjunto de
superfícies regradas. Em alguns sistemas CAM o programador define paredes (walls) a serem
usinadas com a periferia de uma fresa e o próprio software calcula uma superfície regrada que
das superfícies possibilita a utilização de qualquer um dos métodos citados para o fresamento
respeito à produtividade.
Por outro lado, para a usinagem de rotores inteiriços as inclinações têm como
principal objetivo fazer com que a ferramenta acesse todas as regiões das superfícies a serem
usinada e as restrições de acessibilidade associadas às torções ao longo das pás deixa como
única opção o método da ferramenta inclinada. Outro ponto a se notar é que, como não se
pode tirar proveito da alteração da geometria do topo das fresas, devem ser utilizadas fresas
de topo esférico pelo fato de sua ponta arredondada se adequar mais facilmente a regiões
estreitas.
rotor inteiriço, o que se deve buscar no momento de determinar a orientação da fresa com
uma vez que sua variação muda a região do topo da ferramenta que permanece engajada
durante o corte, afetando assim a mecânica e a dinâmica do processo. De acordo com Ozturk,
Tunc e Budak (2009), fatores como espessura de cavaco, coeficientes de força de corte, forças
dinâmicas e estabilidade são afetados pelos ângulos de avanço e ataque. Os autores afirmam
103
ainda que uma orientação inapropriada da ferramenta pode levar a produtividade e qualidade
processo.
simultâneos. Em seu artigo foi mostrado que a geometria, a mecânica e a dinâmica de corte
estudar os efeitos da variação dos ângulos de avanço e ataque sobre a geometria e a dinâmica
suas pás. Em rotores centrífugos, o espaço é ainda menor e, nesse experimento, as pequenas
proporções da peça são um fator agravante. Dessa forma, os valores definidos foram 5° e 12°
A Tabela 3.1 apresenta os níveis adotados em cada uma das quatro condições de
usinagem do experimento.
β)
Condição Ângulo de Avanço (β α)
Ângulo de Ataque (α
1 5° 65°
2 12° 65°
3 5° 70°
4 12° 70°
104
(β = 5°; α = 70°). A Figura 3.18 apresenta fotos ampliadas de uma região de 11,6 mm por 2,6
Ra = 0,63 ± 0,132 µm β = 5º
1 mm
Rz = 2,7 ± 0,43 µm α = 65°
Ra = 0,36 ± 0,035 µm β = 5º 1 mm
Rz = 1,8 ± 0,15 µm α = 70°
Figura 3.18 – Fotos ampliadas em 10x da superfície de sucção das pás usinadas.
muito pior para a pá usinada com a condição 1 (β = 5°, α = 65º), seguida pelas pás fresadas
medições foram feitas ao longo das superfícies de sucção e compressão das pás. A Figura 3.19
3,5
3,0
Rugosidade [µm]
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
β = 5° β = 12º β = 5° β = 12º β = 5° β = 12º β = 5° β = 12º
α = 65º α = 65º α = 70º α = 70º α = 65º α = 65º α = 70º α = 70º
R
Raa RRzz
Figura 3.19 – Média e intervalo de confiança das medições de rugosidade Ra e Rz das pás
resultante da condição 1 é maior do que a das restantes, uma análise combinada do gráfico da
Figura 3.19 com as fotos da Figura 3.18 é satisfatória para ordenar as condições de usinagem
superficial.
As fotos da Figura 3.20 foram tiradas com uma ampliação de 40x em uma sub-
Figura 3.20 – Fotos ampliadas em 40x da superfície de sucção das pás usinadas com as
condições 1, 2, 3 e 4, respectivamente.
107
ser explicada pelo fato de que com α = 65°, uma porção significativa da zona de engajamento
baixa caracterizada por uma pior remoção de cavaco. Nessa condição, aumentar o ângulo de
avanço melhora a remoção de cavaco, uma vez que afasta novamente a zona de engajamento
da ponta da ferramenta.
figura pode-se notar claramente que a zona de engajamento se desloca na direção da ponta da
Também pode-se notar pela Figura 3.21 que a condição 1 (α = 65° e β = 5º), para a
qual o acabamento superficial foi o pior, é aquela cuja zona de engajamento está mais
Por outro lado, a condição 4 (α = 70° e β = 12º), para a qual a zona de engajamento
está mais distante da ponta da ferramenta, não foi a que implicou em um melhor acabamento,
apresentando marcas de invasão de ferramenta. Uma explicação para isso seria o fato de que,
eixo da fresa, solicitando-a em uma direção em que sua rigidez é menor e, consequentemente,
β = 5º β = 12º
Direção de Direção de
α = 70º Avanço Avanço
Feed
α = 70º
α = 65º α = 65º
α = 65º α = 70º
Direção de Direção de
Avanço Avanço
Feed
β = 12º β = 12º
β = 5º β = 5º
Figura 3.21 – Variação da zona de engajamento de acordo com a variação dos ângulos
de ataque e avanço.
combinação ótima de valores para os ângulos de avanço (β) e ataque (α) que leva ao melhor
acabamento superficial.
Para o caso específico desse experimento, essa combinação ótima está dentro do
intervalo testado, entre os extremos α = 65° com β = 5º e α = 70° com β = 12º. Para o primeiro
extremo, a redução dos ângulos aproximaria ainda mais a zona de engajamento da ponta da
109
ferramenta, enquanto que para o outro extremo, o aumento dos ângulos levaria a zona de
Por fim, ainda é necessário citar que Ozturk, Tunc e Budak (2009) afirmam que um
importante fator a ser levado em consideração na escolha do ângulo de ataque são as invasões
peça, invadindo-a. Isso ocorre quando o ângulo de ataque é negativo para uma ferramenta que
gira no sentido horário. De acordo com a orientação do sistema de coordenadas adotado pelos
autores, os ângulos de ataque testados no experimento relatado seriam negativos, o que pode
explicar as marcas deixadas nas superfícies das pás usinadas no experimento apresentado.
ponto de controle da ferramenta. Uma vez que na primeira etapa foi escolhido o padrão de
movimentos da fresa para compor sua trajetória e, com base nisso, foram calculados os pontos
de contato da ferramenta com a peça, e foram calculados para cada ponto os ângulos que
sistema CAM calcula a localização do ponto de controle da fresa para cada ponto CC.
que para as fresas de topo esférico é o centro de sua ponta esférica e para as de topo reto e
toroidal é o centro de seu topo. Esses pontos são conhecidos também por pontos CL (Cutter
Location points) e eles precisam ser calculados para que componham posteriormente o
programa NC.
fazer a verificação da trajetória e, caso ela esteja como esperado, proceder à sua simulação.
Para o fresamento em 5 eixos simultâneos essas duas etapas têm caráter fundamental para
previsão. Isto, aliado ao fato de as trajetórias geradas pelos sistemas CAM comerciais não
satisfatória de verificação e simulação deve permitir que a coerência dos movimentos a serem
realizados pela ferramenta seja analisada, que colisões sejam identificadas, e que, se possível,
ainda forneça informações a respeito do material residual deixado em regiões não acabadas.
Sem esse controle, erros graves que podem danificar máquina, fuso, ferramenta e
(WÜLBECK, 2001). Este procedimento é muito oneroso, pois não agrega valor ao produto,
envolve dispêndios extras com material e ferramenta, e ainda ocupa tempo de máquina e
como também de enxugar custos e de uma otimização iterativa dos programas de usinagem.
A esse respeito, Apro (2008) afirma que usar a máquina como equipamento de
verificação não faz sentido e é muito mais caro que simplesmente simular. E prossegue
afirmando que:
Muitos ambientes fabris ainda fazem como antigamente, cortam espuma ou cera
para testes. Algumas inclusive substituem a ferramenta por um limpador flexível de
tubo e o rodam em uma peça acabada para ver se há interferências. O programa é
desacelerado em todos seus movimentos e o operador fica de olho em todas as
possíveis colisões. Se há alguma suspeita, interrompe-se o programa para alterá-lo
manualmente ou no CAM e o processo é repetido. Em uma peça completa isso pode
levar dias e isso pode custar milhares de dólares em homem-hora e hora-máquina.
Apenas operadores e programadores experimentados devem tentar esse tipo de teste,
mesmo que o custo com operador seja mais caro. (APRO, 2008, tradução do autor)
111
nos CAM comerciais, esta função muitas vezes não é eficiente, ou até não é aplicável, para a
usinagem multieixos.
análise primária da adequação da estratégia escolhida são fatores que podem ser observados
com a exibição gráfica das trajetórias. Estas são dispostas na tela representadas por linhas.
velocidade rápida (G0), são atribuídos cores e tracejados distintos. Pode-se ainda fazer com
informações. Entretanto, problemas de invasão da peça nem sempre podem ser identificados,
permitido, além de análises semelhantes às do tipo anterior, reconhecer regiões da peça onde
ocorreram violações de integridade, ou onde a mesma ainda está inacabada. Erros na escolha
(WÜLBECK, 2001). Este tipo de verificação deve possibilitar também comparações entre o
modelo gerado após a remoção gráfica de material com o modelo CAD original (JERARD, et
al., 1990).
112
Uma imagem gerada durante uma etapa de verificação como a última pode ser vista
na Figura 3.22.
muito maior e a orientação do fuso em relação à peça e dispositivos da máquina não é mais
constante.
da máquina, assim como a ferramenta e sua fixação, não irão colidir com a peça, sua fixação
elementos que estão presentes no espaço de trabalho faz-se necessário. Esta é a função da
ELBER, 1995).
devem ser incluídos, identificados, e posicionados nesse modelo. Por fim, o arquivo com os
dados CL deve ser pós-processado para gerar as linhas de comando de movimento dos eixos.
A Figura 3.23 apresenta uma imagem captada durante uma simulação de usinagem
na qual podem ser divisados os componentes da máquina, a peça e a ferramenta, com suas
respectivas fixações.
inclusão da etapa de pós-processamento, muito mais componentes estão envolvidos. Por esse
possível, o programador deve evitar detalhamentos dos modelos geométricos que não
primitivas, como cilindros, esferas e cubos, na maioria das oportunidades, são o suficiente
(WÜLBECK, 2001).
114
Transpostos esses passos, e tendo a garantia de que a trajetória atende aos objetivos
da operação com segurança, ainda é prudente que a primeira usinagem do programa NC seja
feita com cautela, e que seus movimentos sejam observados para se identificar possíveis
otimizações. Só após percorrer todas essas etapas, uma trajetória pode ser considerada
aspectos importantes relacionados com estratégia de corte e geração de trajetória, resta tratar
cercam.
4.1 Pós-processamento
todos os movimentos são executados pela ferramenta, e ainda, sem levar em conta a máquina
e o CNC com os quais a usinagem será realizada (JUNG, et al., 2002; BOHEZ, 2002;
AFFOUARD, et al., 2000). Portanto, é necessária uma “tradução” dos dados gerados pelo
CAM em instruções de movimentos dos cinco eixos da máquina, em uma linguagem que esta
116
ser usada.
de pontos (XP, YP e ZP), com seus respectivos vetores de direção (i, j, k), a serem ligados por
polinomiais (T(w)), como ocorre com as interpolações polinomial e por spline. A partir de
então a transformação destas informações em movimentos de eixos (XM, YM, ZM, A, C)1
podem ser realizadas tanto por um aplicativo computacional dedicado a esta função chamado
pós-processador, quanto pelo CNC da máquina. Isto resulta em três possíveis modos de
implementação desta etapa (AFFOUARD, et al., 2000), como pode-se ver pela Figura 4.1.
movimentos dos eixos de rotação, e parte pelo próprio CNC da máquina, que faz a conversão
para o SC da máquina, sendo portanto um modo híbrido. Por fim, no modo 3, todo o
que, para cada variação de orientação da ferramenta resultam movimentos dos eixos de
rotação, e estes, por suas vezes, implicam em movimentos de correção dos eixos lineares
pelo CAM.
1
Os eixos A e C neste exemplo são meramente ilustrativos e podem ser substituídos neste trecho do texto por
qualquer outra combinação de eixos rotatórios, como A e B, ou B e C.
117
Figura 4.1 – Fluxo de dados do CAM até o centro de usinagem, com os três possíveis
(SOUZA, 2006).
Assim para uma conversão que siga o primeiro modo, é necessário um pós-
processador com a modelagem de toda a cadeia cinemática da máquina a ser utilizada, com os
limites dos eixos, pontos de pivotação dos eixos de rotação e localização do SC da máquina
definidos. Além disso, a cada mudança de posição da peça dentro da máquina, ou de balanço
Por outro lado, se for levado em conta que as informações referentes à construção
da máquina já estão contidas no CNC desta, pois disto depende sua implementação, e que na
maioria das vezes em que uma peça e uma ferramenta são montadas, o posicionamento da
118
primeira e o comprimento da segunda são inseridos no comando, o mais lógico seria o uso do
terceiro modo, com a transmissão direta da seqüência dos CL e orientações para o CNC.
de máquina, podendo ser aplicados em qualquer uma, e de qualquer tipo, contanto que seu
CNC seja capaz de processar aquela linguagem (AFFOUARD, et al., 2000; SIEMENS, 2004).
Este é o caso de comandos como o Sinumerik 840D, da Siemens, e os iTNC 530 e TNC 426B
e 430, da Heidenhain, que através da ativação das funções TRAORI e M128, respectivamente,
Entretanto, muitos dos comandos não são capazes de fazê-lo, o que torna os pós-
interpolação polinomial, o único modo possível é o 3. Mas mesmo para este caso, como para
inserir um cabeçalho, chamar uma ferramenta, ativar funções específicas, e descrever pontos,
serão executados.
eixos de translação e dois eixos de rotação. Estes são instalados em torno de dois dos eixos
aos eixos de rotação, como mostrado na Figura 4.2. Os eixos X, Y e Z são eixos de translação
perpendiculares entre si, sendo que o último será sempre perpendicular ao eixo de rotação do
Z
Z
C Y
Y
A
B
X
X
Figura 4.2 – Nomenclatura dos eixos rotacionais para centros de usinagem em 5 eixos
(ZELINSKY, 1999).
como qualquer outro centro de usinagem, é a disposição dos eixos rotativos que as
diferenciam entre si classificando-as nos três grupos a seguir (APRO, 2008; TUTUNEA-
(a) (b)
(c)
Máquinas de mesa biarticulada (Figura 4.3 (a)) são as mais comuns (APRO, 2008)
e são caracterizadas por uma maior rigidez da ferramenta, uma vez que o fuso não apresenta
121
São conhecidas também como as mais econômicas, uma vez que pode-se adicionar
outros dois GL a centros de usinagem 3 eixos apenas com a aplicação de mecanismos para a
rotação e inclinação da mesa (ZELINSKY, 1999). Além disso, essas máquinas são bastante
difundidas na indústria porque têm preços competitivos e são fáceis de preparar e operar
(APRO, 2008).
Com relação aos seus eixos rotativos, o eixo C costuma ter curso ilimitado,
(a) essas máquinas são conhecidas como Trunnion-type table, o que em protuguês significaria
indústria aeronáutica. No entanto, peças grandes ou pesadas não são adequadas para este tipo
de máquina, devido ao fato do espaço de trabalho ser limitado e ao grande torque necessário
(Figura 4.3 (b)) são as mais apropriadas, uma vez que com estas não é necessário girar ou
inclinar a mesa com a peça fixa sobre a mesma (JUNG et al., 2002).
que faz com que haja perda de rigidez no conjunto ferramenta/cabeçote/fuso (JUNG et al.,
2
Munhão é um tipo de mecanismo em que um corpo é biapoiado em uma base fixa sobre dois mancais coaxiais,
conferindo um eixo de rotação ao corpo. Sua aplicação mais conhecida é na base de canhões de guerra.
122
2002). Além disso, ambos os seus eixos rotativos costumam ter curso limitado. Uma outra
Essas máquinas são indicadas também para peças prismáticas (ZELINSKY, 1999),
como as encontradas na indústria de moldes e matrizes, e para peças longas como asas de
aeronaves, longarinas e painéis de fuselagem (APRO, 2008). Ao lado das máquinas de mesa
Máquinas híbridas (Figura 4.3 (c)) são as menos comuns, porém são as mais
versáteis em termos de dimensões de peças usináveis, uma vez que são capazes de usinar
A distribuição mais comum para seus eixos adicionais é a associação de uma mesa
particularmente aquelas que apresentam furos inclinados em torno de sua periferia (APRO,
Sua mesa rotativa costuma não ter limite de curso e alguma são, inclusive, capazes
de funcionar como um cabeçote de torno. O cabeçote pivotado, por sua vez, tem sempre
Uma outra vantagem destas máquinas é que, como seus eixos rotativos e lineares
apresentados, os eixos rotativos costumam ser ortogonais entre si, mas, há também os centros
123
de usinagem com eixos não ortogonais, ou nutadores (nutating). A Figura 4.4 mostra dois
tipos de máquina com eixos não-ortogonais, uma de cabeçote nutador (nutating head) e outra
de mesa nutadora (nutating table). Segundo Apro (2008), máquinas desse tipo podem lidar
(a) (b)
Figura 4.4 – Tipos de centros de usinagem em 5 eixos com eixos rotativos não-ortogonais
ou nutadores. (a) cabeçote nutador (nutating head) e (b) de mesa nutadora (nutating
Por fim, ainda no que diz respeito à concepção de construção mecânica dos centros
de usinagem em 5 eixos, alguns problemas podem ser identificados. De acordo com Minges
apud Altmüller (2001), centros de usinagem em 5 eixos apresentam, de uma maneira geral,
rotacionais, o que faz com que a velocidade dos eixos lineares tenha que ser reduzida durante
Gomes et al. (2005), em que os autores comparam o fresamento em 3 eixos com o fresamento
majoritariamente do movimento dos eixos rotativos, esta ficava sempre muito aquém da vf
velocidade de avanço (linha sólida vermelha) e rotacional do eixo rotativo A (linha tracejada
preta) em função do tempo durante a usinagem de uma superfície com variação constante de
15000 mm/min, pode-se ver no gráfico que o máximo pico da vf real foi de pouco menos de
15000
12000
vf [mm/min]
9000
ωA [º/min]
6000
3000
0
-3000
-6000
Figura 4.5 – Limitação da velocidade de avanço pelo limite de velocidade dos eixos
O gráfico da direita da Figura 4.6 mostra o mesmo trecho das curvas de velocidade
em um gráfico com limites de escala menores. Por este gráfico fica evidente que quando o
4000
2000
vf [mm/min]
ωA [º/min]
-2000
-4000
Figura 4.6 – Velocidade de avanço (linha sólida vermelha) e do eixo rotativo A (linha
equivale a 3600º/min. Essa é justamente a velocidade máxima deste eixo no gráfico. Como
126
não era possível que esse eixo se movimentasse com maior velocidade, vf também não pode
ser aumentada para garantir a sincronia dos movimentos, forçando assim que a velocidade de
avanço sequer atingisse 1500 mm/min, que equivale a 10% da velocidade programada.
Nos experimentos citados ao longo desta tese, o mesmo foi observado, porém em
circunstância um pouco distintas. A Figura 4.7 mostra a curva de velocidade de avanço (linha
sólida vermelha) associada à curva de velocidade do eixo rotativo C (linha tracejada preta),
essas superfícies foram usinadas com velocidade de avanço programada de 3000 mm/min.
4000
vf [mm/min]
3000
ωC [º/min]
2000
1000
Percebe-se pela figura que, enquanto o eixo C não atingiu seu limite de velocidade,
a ferramenta consegue acelerar. Quando o limite do eixo rotacional é atingido, a máquina não
mais consegue aumentar sua velocidade de avanço, pelo contrário, a velocidade de avanço
acaba reduzindo-se, uma vez que para poder atingir seu valor programado necessitaria de uma
velocidade ainda maior para o eixo C, o que não seria mais possível.
máquina utilizada ser de 15 rpm (5400º/min), ela ficou limitada a 3000º/min. Para este caso, o
127
que se supõe é que o CNC desta máquina assume o valor de F do bloco de comando do
programa NC como valor de avanço programado para os eixos rotativos também. Como o
programa NC continha em seus blocos de movimento de corte3 o valor F3000., esse valor
deve ter sido assumido pelo CNC como 3000º/min para os eixos rotativos.
Apêndice C, em que o eixo C mais uma vez atuou como limitante da velocidade de avanço,
que, neste caso, estava programada para 1920 mm/min. A Figura 4.8 mostra a curva de
velocidade de avanço (linha sólida vermelha) associada à curva de velocidade do eixo rotativo
2000
1000
vf [mm/min]
ωC [º/min]
-1000
-2000
programada e, por sua vez, está limitando a velocidade de avanço real a valores abaixo de
1000 mm/min.
3
Exemplo de bloco de comando extraído do programa NC utilizado para usinar a superfície em questão:
N34 G1 X49.501 Y230.104 Z-4.834 A=-20.067 C=DC(68.729) F3000.
128
velocidade dos eixos rotativos é decorrente da associação intrínseca entre estes. A posição dos
como o fresamento em 5 eixos simultâneos é caracterizado por variar essa orientação ao longo
para determinar uma nova orientação para cada novo ponto desta.
os eixos lineares assim o fizerem. Logo, se pretende-se que a ferramenta se mova a uma
velocidade determinada, esta só será atingida se os eixos rotativos forem capazes de uma
pás e rotores de turbinas, o que torna a relação entre as velocidades dos eixos lineares e
ponto de sua trajetória é determinada com base no vetor normal4 local da superfície que, pela
geometria diferencial, pode ser calculado pelo produto cruzado de dois vetores quaisquer
superfície muda em uma determinada direção, sua direção normal também irá mudar.
Por outro lado, segundo Farin (1996), a curvatura de uma curva em um ponto
4
Esse é o caso do método da ferramenta inclinada, o mais comum utilizado para a orientação do eixo da
ferramenta no fresamento em 5 eixos simultâneos. Porém, o raciocínio aqui apresentado também é valido para
qualquer método que defina a orientação da ferramenta com base na topografia da superfície.
129
dα
κ= (Equação 4.1)
ds
em questão e outro ponto separado por um elemento infinitesimal de comprimento de arco ds.
Logo, podemos inferir que a curvatura κ de uma curva é função da variação da tangente desta
ao longo de seu comprimento. Se essa curva jaz sobre uma superfície, logo, a diferença entre
as direções normais destes mesmos dois pontos separados por um elemento infinitesimal de
ferramenta para a usinagem dessa superfície, pode-se considerar que a velocidade rotacional
(ω) de um eixo rotativo qualquer do centro de usinagem é função direta da variação da normal
dα
ω∝ (Equação 4.2)
dt
ds
vf = (Equação 4.3)
dt
dα
κ= (Equação 4.4)
v f .dt
dα
= κ .v f (Equação 4.5)
dt
ω ∝ κ .v f (Equação 4.6)
130
eixos rotativos deve aumentar proporcionalmente para garantir a orientação programada. Se,
por outro lado, a velocidade de avanço aumenta isoladamente, a velocidade dos eixos
Se essa velocidade dos eixos rotativos for limitada, como de fato é, ela impõe um
limite à velocidade de avanço que independe da capacidade dinâmica dos acionamentos dos
eixos lineares.
em 5 eixos simultâneos está no primeiro trecho das curvas da Figura 4.6, que é reproduzido,
junto com a velocidade do eixo Z, na Figura 4.11. Essas curvas ilustram a usinagem de uma
2000
vZ [mm/min]
vf [mm/min]
ωA [º/min]
-2000
-4000
Figura 4.9 – Velocidade de avanço (linha grossa vermelha), do eixo Z (linha fina preta) e
do eixo rotativo A (linha tracejada preta) durante a usinagem de uma superfície com
acelera, acompanhado, até que o eixo Z começa a desacelerar, para reverter seu movimento
(devido à geometria da peça). Isso faz com que o movimento de avanço desacelere
momentaneamente e, com ele, o eixo A. Ambos voltam a acelerar até que ωA atinge o limite
do eixo A, 3600º/min.
da superfície aumenta ao longo da direção de avanço e, como o eixo A já atingiu seu limite, o
Retornando à relação estabelecida pela Equação 4.6, na hipótese de os eixos lineares estarem
eixos rotativos respondessem a essas duas acelerações, ou seja, sua capacidade de aceleração
No entanto, não é isso que ocorre, normalmente a capacidade dinâmica dos eixos
rotativos é menor, como é o caso para a máquina utilizada nos experimentos aqui relatados,
descrita no Apêndice F.
lineares para lidar com os aumentos de vf e da curvatura ao mesmo tempo. Porém, essa
diferença de aceleração é obtida pela redução da aceleração dos eixos lineares, como
comprova a curva de velocidade do eixo Z. Este, quando exigido isoladamente, foi capaz de
132
acelerar muito mais intensamente, inclusive do que o eixo rotativo, mostrando que o eixo
3000
vZ [mm/min]
vf [mm/min]
ωA [º/min] 2000
1000
do eixo rotativo A (linha tracejada preta) e do eixo Z (linha fina preta). A curva do eixo
Isso mostra que os eixos rotativos são limitantes tecnológicos para o processo e
deve-se focar maior atenção ao seu movimento e sua capacidade dinâmica. No entanto, não se
vê na literatura uma correspondência para essa necessidade. Diversos são os trabalhos que
tratam do controle dos movimentos de eixos lineares, mas não foi encontrado pelo autor
moves) pelo controle do perfil de aceleração (Jerk-limited velocity profile), tratado por Li,
Guo e Shi (2009), Osornio-Rios et al. (2009), Heng (2008), Altintas (2006), Barre et al.
(2005) e Liu et al. (2005). Dentre estes trabalhos, apenas o de Li, Guo e Shi (2009) enfoca o
133
fresamento em 5 eixos, porém não há nem menção à aplicação destes algoritmos aos eixos
nas quais o fuso e um dos eixos de rotação se posicionam coaxialmente. Nestes casos, do
ponto de vista matemático, há infinitas posições para este eixo de rotação, uma vez que a
SØRBY, 2007).
Apêndice A, citado no Capítulo 2, e suas consequências podem ser observadas na Figura 4.11.
biarticulada, com um dos eixos rotatórios (eixo C) disposto sobre uma mesa basculante (eixo
A). Nesse tipo de máquina há uma possibilidade de singularidade, uma vez que quando o eixo
A está com posição 0º, ou seja, sem inclinação, o eixo C coincide com o eixo de rotação do
fuso, o que faz com que qualquer posição angular do eixo C satisfaça a orientação definida.
134
Figura 4.11 – Distorção nas marcas de passagem da fresa provocada pela ocorrência de
singularidade.
distorções nas marcas de passagem da ferramenta foram deixadas justamente em uma região
Esse fenômeno ocorreu para todas as superfícies usinadas, e as duas da Figura 4.11
foram tomadas como exemplo. O gráfico da Figura 4.12 traz a posição dos eixos A (curva
40 120
130
Posição (Eixo X) [mm]
110
90
70
50
2 3 4 5
Tempo [min]
eixo X retrata a viagem da ferramenta de um extremo ao outro tendo, por esse motivo, o
caráter cíclico observado. Com relação à curva do eixo A observa-se que, com o decorrer da
até que ela é momentaneamente cruzada, para posteriormente voltar aos valores negativos e
destaque da Figura 4.12. Essa região corresponde justamente à região de distorção das marcas
de passagem da ferramenta nas superfícies usinadas. É interessante notar que essa deformação
ocorre a cerca de 1/3 da trajetória de um passe da ferramenta, o que é bastante coerente com
Uma hipótese que justificaria esse retardo no movimento do eixo X, que implicou
CNC que forçasse um pequeno desvio da trajetória da ferramenta para que se fugisse da
posição de singularidade.
aproxima de uma posição singular, ela é forçada a passar por aquele ponto, segundo uma
trajetória definida, e com uma redução da velocidade de avanço. Ainda segundo Affouard, et
al. (2000), soluções desse tipo foram desenvolvidas para serem executadas na etapa de pós-
processamento.
Mas, embora uma comprovação por parte do autor não seja possível por este não
ter acesso à arquitetura do CNC, parece que uma solução desse tipo foi aplicada pelo CNC
utilizado durante o próprio processamento do programa. Para verificar essa hipótese foi
que dá fortes indícios de que as deformações nas marcas de passagem de ferramenta não
visíveis porque o ae aplicado no experimento foi relativamente alto, o que deixou sulcos muito
profundos. A mesma superfície usinada com um menor ae não apresentou indícios visíveis da
5
Gráfico apresentado em página inteira, para melhor visualização, no Apêndice E.
137
ocorrência dessas distorções, muito embora regiões de singularidade tenham sido cruzadas
pela ferramenta.
Para Affouard, et al. (2000), esta não é uma alternativa satisfatória. Em seu
Segundo Sørby (2007), um outro método comum utilizado para lidar com
singularidades é fazer com que a ferramenta retraia, em um movimento ao longo de seu eixo,
para que o eixo rotativo se reposicione, evitando a coaxialidade. Porém, o autor considera que
essa não é uma solução desejável, uma vez que causa interrupções na trajetória da ferramenta.
geometria e a trajetória de ferramenta gerada, de forma que a ferramenta não passe por estas
regiões.
Por fim, no que diz respeito a singularidades, é importante observar que máquinas
com cabeçote nutador (eixo rotativo não-ortogonal), como a ilustrada na Figura 4.4(a), não
sofrem com o problema de singularidade, já que a própria disposição de seus eixos não
A reversão de fase, por sua vez, está associada aos limites dos cursos dos eixos de
máquina. A maioria das máquinas de 5 eixos têm limites de rotação assimétricos em torno de
um dos eixos de rotação. Assim, quando uma orientação faz com que este limite seja atingido,
conjugada, podem acontecer problemas inesperados como colisões entre ferramenta e peça
experimentos desse trabalho6. Quando esta atinge seu limite de inclinação (eixo A) durante a
ferramenta/peça. Durante esse processo, enquanto a mesa gira e inclina para atingir a nova
orientação, a ferramenta se move linearmente para a nova posição, o que pode incorrer em
colisão, sem contar com o fato de que reversões de fase costumam consumir tempo, exigir
também pode levar a reversões de fase, principalmente no caso de peças assimétricas sendo
durante a realização dos experimentos desse trabalho ilustram bem essa importância.
operador da máquina. Para a máquina utilizada, a peça em trabalho fica à mostra quando o
eixo A tem valores negativos de inclinação, caso contrário, a própria mesa obstrui a visão do
6
Para informações adicionais a respeito da máquina, recorrer ao Apêndice F.
139
Esse tipo de situação pode ser evitado com a seleção, por parte do programador, de
um sentido prioritário de rotação dos eixos rotatórios, o que pode ser implementado no pós-
processador. Durante a realização dos experimentos, para garantir que o volume de trabalho
sentido desejado.
para tal.
inevitavelmente leva a erros de forma nas peças usinadas. Tanto a superfície de compressão
Para a peça da parte superior da Figura 4.13, o sulco mais profundo apontado é
gerado quando o padrão de movimentos rotacionais é alterado. Até aquela região a usinagem
estava ocorrendo com inclinações negativas do eixo A, na região do sulco foram realizados
quatro passes com inclinação positiva desse eixo. Essa alteração do padrão de movimentos
rotacionais pode ser notada na Figura 4.12, quando a curva azul cruza o valor zero e passa
Figura 4.13 – Marcas nas peças resultantes de assimetria entre posições conjugadas.
O mesmo ocorreu para o rotor da parte inferior da Figura 4.13. Para quase todas as
negativo, com exceção das pás defeituosas, para as quais a maior parte da operação foi feita
etapa de pós-processamento, também poderia ser a maneira de evitar essas marcas. A maneira
máquina e realizar manutenções periódicas, mas mesmo quando isso é feito, a definição de
um sentido prioritário de rotação para os eixos rotatórios permanece sendo uma prática
141
vantajosa, uma vez que mesmo pequenas alterações da posição do centro de rotação dos eixos
velocidade dos eixos rotativos e seus efeitos sobre o fresamento em 5 eixos simultâneos, e
saber como singularidade e reversão de fase podem levar a danos ao acabamento e a precisão
necessários para o domínio desta tecnologia. Entretanto, esses conhecimentos estão entre os
mais importantes no que diz respeito à aplicação do fresamento em 5 eixos auxiliado por
sistemas computacionais e, por este motivo, atendem aos objetivos e encerram de maneira
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
totalidade, de maneira que restam ainda diversos temas a serem explorados, tanto relativos ao
significativa importância para essa aplicação e dando maior enfoque àqueles que ainda são
pouco explorados.
foi estruturada de maneira a abordar os temas em uma seqüência condizente com a do fluxo
de informações apresentado, sendo reservado um capítulo para cada uma das etapas.
e com a identificação da importância dos assuntos aqui tratados, buscando com isso, uma
Tese traz. Dessa forma, esses conhecimentos terão uma maior possibilidade de se difundir e
CAD, foi visto que a maneira com que um modelo geométrico é gerado pode influenciar em
simultâneos. A modelagem CAD de componentes a serem fabricados por esse processo deve
geratrizes porque suas consequências transcendem simples questões estéticas e podem trazer
• as curvas que gerarão superfícies devem ter perfil de curvatura suave, com o mínimo
de variação possível;
• as superfícies devem ser modeladas e limitadas pelas suas curvas geratrizes, não
G0, para garantir o encontro de bordas entre superfícies, mas não impor variações
tecnologia de fresamento em 5 eixos e, por isso, são guiadas por diferentes aspectos
estratégicos de decisão.
quantidade e dos ângulos de orientação para operações de fresamento em 3+2 eixos, uma vez
fresamento em 3+2 eixos, assim como suas orientações, é uma análise de visibilidade. O
desbaste, a solicitação mecânica imposta por menores valores de ae é pior para a vida da
trabalho maiores que 50% do diâmetro podem ser utilizadas em operações de desbaste de
usuais.
145
maneira que deve ser analisado do tipo de desgaste da ferramenta para se concluir qual o
Para o acabamento, o trabalho dá foco especial à seleção dos ângulos de avanço (β)
e ataque (α). A praxe industrial atual impõe ao processista que trabalha com o fresamento em
5 eixos simultâneos a escolha desses ângulos que, conforme mostrado, têm grande influência
superficial.
combinação ótima de valores para os ângulos de avanço (β) e ataque (α) que leva ao melhor
acabamento superficial.
fresamento em 5 eixos.
Atenção especial foi dada aos limites dinâmico e de velocidade dos eixos rotativos
produtividade no fresamento em 5 eixos simultâneos. O que mostra que os eixos rotativos são
limitantes tecnológicos para o processo e deve-se focar maior atenção ao seu movimento e sua
capacidade dinâmica.
Por fim, foi visto que problemas como singularidade e reversão de fase podem
em 5 eixos auxiliado por sistemas computacionais, é possível identificar vários aspectos que
simultâneos;
• estudar o uso de superfícies mais simples como guia (drive) para a geração de
complexas, uma sugestão seria utilizar um cilindro para a geração de trajetórias que
processo;
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Para tal, diversas réplicas de uma mesma superfície foram modeladas com distintos
A superfície complexa utilizada como modelo para esta análise foi a superfície de
conjunto de pontos (Figura A.1) que representa essa superfície gerado por um sistema CAE
O método utilizado para obter os distintos graus de suavidade das superfícies foi
através do controle da suavidade de suas curvas geratrizes. Para isso, primeiramente os pontos
Seções
Guias
Figura A.1 – Conjunto de pontos e curvas de seção e guia utilizados para construir
Os distintos graus de suavidade foram definidos pela forma com que os pontos
desses subconjuntos foram ligados entre si para compor as curvas geratrizes. Foram definidas
dez formas de modelagem de curva diferenciadas pelo ente geométrico adotado como
segmento (retas, arcos e splines) e o tipo e grau de continuidade com que estes se conectam
entre si (G0, G1, G2, C0, C1 e C2). A associação do ente geométrico com o tipo e grau de
• R-G0 – curva composta por uma sucessão de segmentos de reta conectados com
continuidade G0;
• A-G0 – curva composta por uma sucessão de arcos conectados com continuidade G0;
• S-G0 – curva composta por uma sucessão de splines de grau 3 conectadas com
continuidade G0;
• A-G1 – curva composta por uma sucessão de arcos conectados com continuidade G1;
• S-G1 – curva composta por uma sucessão de splines de grau 3 conectadas com
continuidade G1;
166
• S-G2 – curva composta por uma sucessão de splines de grau 3 conectadas com
continuidade G2;
• S-C0 – curva composta por uma spline única de grau 3 e com todos os nós com
continuidade C0;
• S-C1 – curva composta por uma spline única de grau 3 e com todos os nós com
continuidade C1;
• S-C2 – curva composta por uma única spline de grau 3 e com todos os nós com
continuidade C2;
• S-C2’ – curva composta por uma única spline de grau 3 e com todos os nós com
• S-C2’’ – curva composta por uma única spline de grau 3 e com todos os nós com
Para a composição dos segmentos de reta, os pontos foram ligados dois a dois
utilizando-se o comando de geração de linhas retas. Já para a composição dos arcos, os pontos
foram ligados três a três utilizando-se o comando de arco por 3 pontos (inicial, final e
intermediário).
Para as curvas compostas por sucessões de splines, a modelagem das splines foi
feita de diferentes maneiras, de acordo com a continuidade aplicada. Para as curvas S-G0, os
utilizaram três pontos cada, uma vez que um dos graus de liberdade da curva estava limitado
utilizaram dois pontos cada, uma vez que dois dos graus de liberdade da curva estavam
C0, os pontos foram utilizados para compor arcos conectados com continuidade G0 e
Para as curvas S-C1, os pontos foram conectados quatro a quatro para compor
ajustada a uma sequência de pontos2, ou seja, todos os pontos da curva foram aproveitados de
curvas S-G1 e, para torná-las splines únicas, mais uma vez foi adotado o comando de geração
Por fim, para compor as curvas S-C2’’, repetiu-se o procedimento adotado para as
curvas A-G1 e, para torná-las splines únicas, o comando de geração de spline pela união de
Esses onze tipos de curva foram utilizados, hora para compor o grupo de seções,
hora para o grupo de guias. A combinação de todas as opções implica em 121 possibilidades
o tipo e o grau de continuidade entre os segmentos de suas guias e seções, essas superfícies
Este experimento foi realizado em três etapas, ao longo das quais foram usinadas as
vinte superfícies evidenciadas na Tabela A.1, que pertencem aos grupos evidenciados na
Tabela A.2.
1
No sistema CAD utilizado, Siemens NX6, o comando aplicado foi o Join curves.
2
No sistema CAD utilizado, Siemens NX6, o comando aplicado foi o Fit spline.
168
GUIAS
R-G0 A-G0 S-G0 A-G1 S-G1 S-G2 S-C0 S-C1 S-C2 S-C2’ S-C2’’
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
R-G0
11 21 31 41 51 61 71 81 91 9’1 9’’1
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
A-G0
12 22 32 42 52 62 72 82 92 9’2 9’’2
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-G0
13 23 33 43 53 63 73 83 93 9’3 9’’3
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
A-G1
14 24 34 44 54 64 74 84 94 9’4 9’’4
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-G1
15 25 35 45 55 65 75 85 95 9’5 9’’5
SEÇÕES
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-G2
16 26 36 46 56 66 76 86 96 9’6 9’’6
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-C0
17 27 37 47 57 67 77 87 97 9’7 9’’7
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-C1
18 28 38 48 58 68 78 88 98 9’8 9’’8
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-C2
19 29 39 49 59 69 79 89 99 9’9 9’’9
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-C2’
19’ 29’ 39’ 49’ 59’ 69’ 79’ 89’ 99’ 9’9’ 9’’9’
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-C2’’
19’’ 29’’ 39’’ 49’’ 59’’ 69’’ 79’’ 89’’ 99’’ 9’9’’ 9’’9’’
GUIAS
G0 G1 G2 C0 C1 C2
G0 G0XG0 G1xG0 G2xG0 C0xG0 C1xG0 C2xG0
1
G G0xG1 G1xG1 G2xG1 C0xG1 C1xG1 C2xG1
SEÇÕES
Configuração Experimental
Para a usinagem das superfícies, o corpo de prova da Figura A.2 foi concebido.
superfícies, dispostas em duas colunas, podem ser usinadas por sessão experimental. Também
169
nessa figura, estão indicadas as direções u e v do campo paramétrico, que são coincidentes
u
v
desbastadas e pré-acabadas para que tivessem uma camada constante de sobrematerial de 0,3
mm de espessura. A operação final de todas as superfícies foi feita com uma mesma fresa
inteiriça de metal duro de topo esférico de 6 mm de diâmetro e dois dentes e a peça foi fixada
aproximadamente 0,2 mm, realizados com 15000 rpm, 0,1 mm de fz e 0,3 mm de ap (Figura
A.3).
3
Informações detalhadas da máquina podem ser encontradas no Apêndice F.
4
Nome refere-se ao adotado pelo sistema CAM utilizado para a geração de trajetórias, Siemens NX6.
170
de comando de interpolação linear (G1) com definição de posição final para os eixos lineares
diferentes superfícies foi feita a aquisição de dados reais de posição e velocidade dos eixos da
171
máquina durante a execução das operações, através de um equipamento para aquisição destes
dados5. Outros dois parâmetros utilizados para comparação foram a inspeção visual das
superfícies e o tempo de duração das operações, que foi calculado através dos dados
eixos simultâneos.
método da ferramenta inclinada, o sistema CAM utilizado neste trabalho oferece como
recurso uma função chamada Apply Smoothing, que deve ser ou não selecionada na tela de
Para realizar essa análise, 10 réplicas da superfície modelo (Tabela A.3) foram
selecionadas para serem usinadas com a utilização da função Apply Smoothing. Todas as
outras trajetórias de ferramenta utilizadas nesse experimento foram geradas sem a utilização
dessa função.
Resultados
A Figura A.4 mostra um dos corpos de prova usinados nesse experimento com
5
Informações detalhadas do equipamento para aquisição de dados de posição, velocidade e potência de eixos
podem ser encontradas no Apêndice F.
172
Tabela A.3 – Réplicas da superfície modelo usinadas com trajetórias suavizadas pela
GUIAS
R-G0 A-G0 S-G0 A-G1 S-G1 S-G2 S-C0 S-C1 S-C2 S-C2’ S-C2’’
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
R-G0
11 21 31 41 51 61 71 81 91 9’1 9’’1
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
A-G0
12 22 32 42 52 62 72 82 92 9’2 9’’2
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-G0
13 23 33 43 53 63 73 83 93 9’3 9’’3
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
A-G1
14 24 34 44 54 64 74 84 94 9’4 9’’4
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-G1
15 25 35 45 55 65 75 85 95 9’5 9’’5
SEÇÕES
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-G2
16 26 36 46 56 66 76 86 96 9’6 9’’6
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-C0
17 27 37 47 57 67 77 87 97 9’7 9’’7
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-C1
18 28 38 48 58 68 78 88 98 9’8 9’’8
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-C2
19 29 39 49 59 69 79 89 99 9’9 9’’9
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-C2’
19’ 29’ 39’ 49’ 59’ 69’ 79’ 89’ 99’ 9’9’ 9’’9’
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-C2’’
19’’ 29’’ 39’’ 49’’ 59’’ 69’’ 79’’ 89’’ 99’’ 9’9’’ 9’’9’’
Figura A.4 – Corpo de prova após usinado com duas superfícies em destaque.
173
Para facilitar o entendimento dos gráficos, a Figura A.5 apresenta uma amostra
aleatória do gráfico da posição dos eixos lineares em função do tempo de usinagem, para a
SUP 33.
eixos contido dentro do quadro em destaque na Figura A.5, correspondente a dois passes da
ferramenta. É importante ainda salientar que se fossem geradas figuras como a Figura A.5
para qualquer uma das outras réplicas da superfície modelo usinadas, estas seriam muito
60
50
40
Posição [mm]
30
20
10
0
-10
-20
9,0 9,2 9,4 9,6 9,8 10,0
Tempo [min]
X Y Z
Figura A.5 – Posição dos eixos lineares em função do tempo de usinagem (SUP 33).
Pode-se perceber uma natureza cíclica no movimento dos três eixos, de acordo com
do eixo Y, o que explica a tendência da curva descrita pelo eixo Y de se deslocar para cima.
Por fim, o eixo Z, devido às características do relevo das superfícies, fica variando
entre regiões mais baixas e mais altas da peça e apresenta os pontos de inflexão, marcados por
dos passes.
modelo.
GUIAS
R-G0 A-G0 S-G0 A-G1 S-G1 S-G2 S-C0 S-C1 S-C2 S-C2’ S-C2’’
41,6 SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
R-G0
min 21 31 41 51 61 71 81 91 9’1 9’’1
SUP 20,5 SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
A-G0
12 min 32 42 52 62 72 82 92 9’2 9’’2
SUP SUP 27,0 SUP 25,2 SUP SUP SUP 12,2 SUP SUP
S-G0
13 23 min 43 min 63 73 83 min 9’3 9’’3
SUP SUP SUP 19,0 SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
A-G1
14 24 34 min 54 64 74 84 94 9’4 9’’4
SUP SUP 25,3 SUP 27,3 SUP SUP SUP 12,2 SUP SUP
S-G1
15 25 min 45 min 65 75 85 min 9’5 9’’5
SEÇÕES
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-G2
16 26 36 46 56 66 76 86 96 9’6 9’’6
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-C0
17 27 37 47 57 67 77 87 97 9’7 9’’7
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-C1
18 28 38 48 58 68 78 88 98 9’8 9’’8
41,2 21,6 24,8 20,3 24,9 23,0 22,8 16,7 12,4 15,3 12,4
S-C2
min min min min min min min min min min min
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-C2’
19’ 29’ 39’ 49’ 59’ 69’ 79’ 89’ 99’ 9’9’ 9’’9’
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-C2’’
19’’ 29’’ 39’’ 49’’ 59’’ 69’’ 79’’ 89’’ 99’’ 9’9’’ 9’’9’’
Tabela A.5 – Tempos de usinagem médios das réplicas de superfícies por grupos
GUIAS
G0 G1 G2 C0 C1 C2
G0 30,0 min 25,2 min G2xG0 C0xG0 C1xG0 12,2 min
G1 25,3 min 23,2 min G2xG1 C0xG1 C1xG1 12,2 min
SEÇÕES
2
G G0xG2 G1xG2 G2xG2 C0xG2 C1xG2 C2xG2
0
C G0xC0 G1xC0 G2xC0 C0xC0 C1xC0 C2xC0
C1 G0xC1 G1xC1 G2xC1 C0xC1 C1xC1 C2xC1
C2 29,2 min 22,6 min 23,0 min 22,8 min 16,7 min 13,4 min
Médias 29,4 min 22,7 min 23,0 min 22,8 min 16,7 min 12,9 min
Apesar da análise dos resultados não ser o objetivo desse Apêndice, é importante
citar que, após a primeira etapa experimental percebeu-se que a forma de modelagem das
Esse é o motivo pelo qual decidiu-se usinar apenas as vinte réplicas citadas. As
variação de modelagem de guias, uma vez que variar os tipos de curva que compõem as
do tempo para as dez superfícies usinadas para as quais a função de suavização de trajetória
foi aplicada. Assim como nos gráficos anteriores, os trechos representados nesses gráficos
modelo usinadas com trajetória gerada com a função de suavização de trajetórias ativa.
176
Tabela A.6 – Tempos de usinagem das réplicas da superfície modelo usinadas com
GUIAS
R-G0 A-G0 S-G0 A-G1 S-G1 S-G2 S-C0 S-C1 S-C2 S-C2’ S-C2’’
22,2 SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP 12,0 SUP SUP
R-G0
min 21 31 41 51 61 71 81 min 9’1 9’’1
SUP 13,0 SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
A-G0
12 min 32 42 52 62 72 82 92 9’2 9’’2
SUP SUP 20,1 SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-G0
13 23 min 43 53 63 73 83 93 9’3 9’’3
SUP SUP SUP 14,4 SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
A-G1
14 24 34 min 54 64 74 84 94 9’4 9’’4
SUP SUP SUP SUP 19,2 SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-G1
15 25 35 45 min 65 75 85 95 9’5 9’’5
SEÇÕES
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-G2
16 26 36 46 56 66 76 86 96 9’6 9’’6
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-C0
17 27 37 47 57 67 77 87 97 9’7 9’’7
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-C1
18 28 38 48 58 68 78 88 98 9’8 9’’8
21,9 SUP 19,9 SUP 18,9 SUP SUP SUP 12,0 SUP SUP
S-C2
min 29 min 49 min 69 79 89 min 9’9 9’’9
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-C2’
19’ 29’ 39’ 49’ 59’ 69’ 79’ 89’ 99’ 9’9’ 9’’9’
SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP SUP
S-C2’’
19’’ 29’’ 39’’ 49’’ 59’’ 69’’ 79’’ 89’’ 99’’ 9’9’’ 9’’9’’
GUIAS
0 1 2
G G G C0 C1 C2
G0 18,4 min G1xG0 G2xG0 C0xG0 C1xG0 12,0 min
G1 G0xG1 16,8 min G2xG1 C0xG1 C1xG1 C2xG1
SEÇÕES
2
G G0xG2 G1xG2 G2xG2 C0xG2 C1xG2 C2xG2
0
C G0xC0 G1xC0 G2xC0 C0xC0 C1xC0 C2xC0
C1 G0xC1 G1xC1 G2xC1 C0xC1 C1xC1 C2xC1
C2 20,9 min 18,9 min G2xC2 C0xC2 C1xC2 12,0 min
Médias 19,4 min 17,5 min - - - 12,0 min
177
4000 4000
SUP SUP
11 19
3000
vf [mm/min]
3000
2000 2000
1000 1000
0 0
4000 4000
SUP SUP
22 29
vf [mm/min]
3000 3000
2000 2000
1000 1000
0 0
178
4000 4000
SUP SUP
33 35
vf [mm/min]
3000 3000
2000 2000
1000 1000
0 0
4000 4000
SUP SUP
39 44
3000 3000
vf [mm/min]
2000 2000
1000 1000
0 0
4000 4000
SUP SUP
49 53
3000 3000
vf [mm/min]
2000 2000
1000 1000
0 0
4000 4000
SUP SUP
55 59
vf [mm/min]
3000 3000
2000 2000
1000 1000
0 0
179
4000 4000
SUP SUP
69 79
3000 3000
vf [mm/min]
2000 2000
1000 1000
0 0
4000 4000
SUP SUP
89 93
3000 3000
vf [mm/min]
2000 2000
1000 1000
0 0
4000 4000
SUP SUP
95 99
3000 3000
vf [mm/min]
2000 2000
1000 1000
0 0
4000 4000
SUP SUP
9’9 9’’9
3000
vf [mm/min]
3000
2000 2000
1000 1000
0 0
180
4000 4000
SUP SUP
11 19
vf [mm/min]
3000 3000
2000 2000
1000 1000
0 0
4000 4000
SUP SUP
22 33
vf [mm/min]
3000 3000
2000 2000
1000 1000
0 0
181
4000 4000
SUP SUP
39 3000
44
3000
vf [mm/min]
2000 2000
1000 1000
0 0
4000 4000
SUP SUP
3000
55 3000
59
vf [mm/min]
2000 2000
1000 1000
0 0
4000 4000
SUP SUP
91 99
3000 3000
vf [mm/min]
2000 2000
1000 1000
0 0
182
Com esse intuito, as pás de um mesmo rotor de compressor de turbina tiveram suas
eixos simultâneos durante as quais os movimentos dos eixos da máquina foram monitorados e
foi um conjunto de pontos (Figura B.1) que definem as pás do compressor, gerado por um
sistema CAE comercial dedicado ao projeto e otimização de turbinas a gás. Este conjunto é
Figura B.1 – Conjunto de pontos de definição das pás do compressor de turbina a gás.
Uma pá, por sua vez, é composta por quatro regiões funcionais: bordo de ataque,
uma das seções foram utilizados para gerar curvas para essas regiões, conforme mostra a
Figura B.2.
Superfície de sucção
Superfície de compressão
Figura B.2 – Seção transversal de uma pá dividida de acordo com suas regiões.
184
correspondentes de cada uma das cinco seções transversais foram utilizadas para modelar
Definiu-se a princípio que as pás seriam modeladas de sete formas: com apenas
uma superfície contendo todas essas regiões; com uma superfície para cada uma dessas
regiões (4 superfícies); ou com uma superfície para os bordos e duas superfícies para as
experimento, após diversas tentativas com distintos recursos e funções de software, com os
dois sistemas CAD disponíveis, Siemens NX6 e CATIA V5R16, não encontraram meios de
por substituir a pá com apenas uma superfície por uma pá composta por duas superfícies, uma
bordo de fuga.
diversas tentativas com distintos recursos e funções de software, com os dois sistemas CAD
disponíveis, não encontraram meios de definir continuidade paramétrica de qualquer grau (C0,
Assim, as pás com 4 e 6 superfícies foram replicadas três vezes cada uma para que
em todas as zonas de transição, ou seja, hora continuidade G0, hora G1 e hora G2. A pá com 2
superfícies foi modelada com continuidade G2 em suas zonas de transição. A Figura B.3
4 Superfícies - G1
4 Superfícies - G2
6 Superfícies - G1
6 Superfícies - G2
2 Superfícies - G2
4 Superfícies - G0
6 Superfícies - G0
Para a modelagem de todas as curvas utilizadas na composição das pás foi utilizado
o comando de spline ajustada a uma sequência de pontos1, com o qual foram geradas splines
de grau 3.
Configuração Experimental
B.4, que foi usinado a partir de um disco de liga de alumínio aeronáutico 7075 de 203,0 mm
de diâmetro e 39,4 mm de espessura. O rotor tem dezesseis pás ao total separadas por
desbastadas e pré-acabadas para que tivessem uma camada constante de sobre material de 0,4
mm de espessura. A operação final de todas as superfícies foi feita com uma mesma fresa
1
No sistema CAD utilizado, Siemens NX6, o comando aplicado foi o Fit spline.
186
203,0 mm
39,4 mm
Figura B.4 – Rotor usado como peça-teste para o experimento. Peça bruta e suas
dimensões à esquerda.
encaixa no centro da mesa, por um lado, e no cubo do rotor, por outro. A rotação do
dispositivo em relação à mesa e da peça em relação ao dispositivo é impedida por dois pinos.
respectivamente.
2
Informações detalhadas da máquina podem ser encontradas no Apêndice F.
3
Nome refere-se ao adotado pelo sistema CAM utilizado para a geração de trajetórias, Siemens NX6.
187
(Figura B.5) de 100 voltas, começando de seu topo e terminando no encontro com o cubo do
rotor, cruzando, em cada volta do helicóide, bordo de ataque, superfície de sucção, bordo de
das pás.
188
0,45 mm de ae, em função do passo do helicóide descrito pela trajetória de ferramenta; 15000
rpm de velocidade rotacional; e 0,1 mm de avanço por dente fz. Para a interpolação da
de comando de interpolação linear (G1) com definição de posição final para os eixos lineares
diferentes superfícies foi feita a aquisição de dados reais de posição e velocidade dos eixos da
máquina durante a execução das operações, através de um equipamento para aquisição destes
dados4. Outros dois parâmetros utilizados para comparação foram a inspeção visual das
superfícies e o tempo de duração das operações, que foi calculado através dos dados
Resultados
A Figura B.6 mostra o rotor usado como peça-teste após sua usinagem completa.
função do tempo durante uma volta da ferramenta em torno da pá durante a usinagem das pás
4
Informações detalhadas do equipamento para aquisição de dados de posição, velocidade e potência de eixos
podem ser encontradas no Apêndice F.
189
Figura B.6 – Rotor usado como peça-teste após sua usinagem completa.
3000 3000
(a) (b)
vf [mm/min]
vf [mm/min]
2000 2000
1000 1000
0 0
3000
(c)
vf [mm/min]
2000
1000
torno das pás compostas por 4 superfícies conectadas com continuidade G0 (a), G1(b) e
G2 (c).
durante uma volta da ferramenta em torno da pá durante a usinagem das pás compostas por 6
superfícies.
190
3000 3000
(a) (b)
vf [mm/min]
vf [mm/min]
2000 2000
1000 1000
0 0
3000
(c)
vf [mm/min]
2000
1000
torno das pás compostas por 6 superfícies conectadas com continuidade G0 (a), G1(b) e
G2 (c).
superfícies.
3000
vf [mm/min]
2000
1000
Por fim, os tempos de usinagem, para cada uma das pás, são apresentados na
Tabela B.1.
Tabela B.1 – Tempos de usinagem das pás completas modeladas com 2, 4 e 6 superfícies,
em 5 eixos de um rotor centrífugo inteiriço em TiAl6V4. Esta peça foi desbastada através de
simultâneos.
foi estudar os efeitos da variação dos ângulos de ataque e avanço, que definem a inclinação da
C.1.
193
Blank
56.4 mm
30.1 mm
Figura C.1 – Rotor centrífugo usinado nos experimentos de desbaste e acabamento.
O corpo de prova (parte superior direita da Figura C.1) foi obtido a partir da barra
de seção circular exibida na Figura C.2, à esquerda. Esta barra de TiAl6V4 laminada, recozida
e retificada foi serrada e depois torneada para tomar a forma da peça bruta (Figura C.2, centro
e direita).
Figura C.2 – Barra laminada de TiAl6V4 e corpo de prova após serrado e torneado.
1
Informações detalhadas da máquina podem ser encontradas no Apêndice F.
194
composto por uma liga de alumínio aeronáutica e fabricado especificamente para este
experimento, acomodava a peça bruta, através de uma superfície com a forma espelhada de
seu fundo que cumpria a função de berço, e a fixava através de um parafuso central. O
dispositivo, por sua vez, era fixado ao sistema de fixação e referência através de quatro
A Figura C.3 mostra, à esquerda, a peça bruta presa ao dispositivo de fixação e este
conjunto montado.
fabricante alega que este absorve parte das vibrações do processo de usinagem, tornando o
topo reto de 4 mm de diâmetro, 3 dentes e raio de canto de 0,15 mm. Tratam-se de fresas
inteiriças de metal duro classe ISCAR IC900, indicada pelo fabricante para as aplicações das
195
classes ISO P15-P40, M20-M30, K05-K25, H10-H25 e S15-S25, recobertas com TiAlN por
Fresa - Experimento de
Desbaste
Parâmetro Valor
dmm (mm) 4
Dc (mm) 4
z 3
ap (mm) 12
l2 (mm) 50
Ângulo de hélice 38°
rε (mm) 0,15
Mandril - Experimento
de Desbaste
Parâmetro Valor
Dmt (mm) 12
D5m (mm) 63
D21 (mm) 36
D22 (mm) 34
D23 (mm) 44
Lc1 (mm) 40
l1 (mm) 66
L22 (mm) 7,5
L23 (mm) 39
Peso (kg) 0,96
esférico, com 2 mm de diâmetro e 2 dentes, inteiriças de metal duro classe ISCAR IC903,
indicada pelo fabricante para as aplicações das classes ISO P05-P15, M10-M20, H01-H10 e
S10-S20, recobertas com TiAlN por PVD. Suas principais características estão na Figura C.6.
Fresa - Experimento de
Acabamento
Parâmetro Valor
dmm (mm) 6
Dc2 (mm) 2
z 2
ap (mm) 4
l2 (mm) 60
Ângulo de hélice 30°
rε (mm) 1
L22 (mm) 23
Mandril - Experimento
de Acabamento
Parâmetro Valor
Dmt (mm) 6
D5m (mm) 63
D21 (mm) 12
D1 (mm) 40
lc1 (mm) 40
Lc2 (mm) 37
L1 (mm) 94,5
L3 (mm) 50
Peso (kg) 0,93
Figura C.7 – Características geométricas do mandril do experimento de acabamento.
197
Experimento de desbaste
entre pás do rotor centrífugo e teve como objetivo primário verificar a influência da variação
usinagem.
Cada cavidade foi desbastada com uma condição de corte diferente e a usinagem de
oito destas foram aproveitadas para este experimento. Os parâmetros variados foram:
maneira a diminuir a carga térmica sobre a ferramenta e o segundo para prover uma
implica em uma frequência de passagem dos dentes (493 Hz) que excita o sistema
• condição das cavidades adjacentes – com material e sem material, uma vez que
com a remoção do material das cavidades do rotor as pás que as delimitam vão
maneira a se ter hora ambas as cavidades adjacentes com material e hora ambas sem
material;
• condição inicial da ferramenta – nova ou usada, uma vez que havia disponibilidade
usinagem (ap) de 0,5 mm e avanço por dente (fz) de 0,1 mm, sempre com sentido de corte
concordante.
198
Cada cavidade foi desbastada com duas operações de usinagem, com duas posições
todas as regiões da cavidade e, com isso, a remoção da maior quantidade possível de material.
profundidade (level first). Os parâmetros do corte trocoidal foram largura da trocóide de 70%
Durante a execução das operações de usinagem a potência consumida pelo fuso foi
fim de cada operação fotos das arestas e superfícies dos dentes da fresa eram tiradas com o
Experimento de acabamento
pás do rotor centrífugo e testou seis diferentes condições de usinagem. As quatro primeiras
com o objetivo de analisar o efeito no processo da variação dos ângulos de avanço e ataque,
2
Informações detalhadas dos equipamentos para aquisição de dados de potência consumida pelo fuso, para
medição de pressão sonora e para análise de desgaste de ferramentas podem ser encontradas no Apêndice F.
199
suas pás. Em rotores centrífugos, o espaço é ainda menor e, nesse experimento, as pequenas
proporções da peça são um fator agravante. Dessa forma, os valores definidos foram 5° e 12°
combinação que rendeu a melhor qualidade superficial (analisada por inspeção visual) foi
utilizada para as duas condições de usinagem restantes, nas quais o parâmetro variado foi a
do sistema (condição ótima). Uma fresa de dois dentes, trabalhando com essa velocidade de
rotação de fuso, resulta em uma freqüência de passagem dos dentes de 493 Hz.
fuso de maneira a fugir dessa condição ótima. O primeiro, escolhido livremente, foi de
16000 rpm (100 m/min; 533 Hz), limite máximo de trabalho da máquina, representando assim
uma condição de ótima produtividade. E o segundo, 15727 rpm (99 m/min; 524 Hz), definido
condições do experimento.
β)
Condição Ângulo de Avanço (β α)
Ângulo de Ataque (α n (rpm)
C1 5° 65° 14800
C2 12° 65° 14800
C3 5° 70° 14800
C4 12° 70° 14800
C5 5° 70° 16000
C6 5° 70° 15727
“Mill Multi-axis” do módulo de CAM do Siemens NX6. Os métodos utilizados por essa
pattern) escolhido foi contornar a pá continuamente (descendo em helicóide) de seu topo até
± 0,005 mm. O contorno da pá em hélice foi feito em 140 passes, o que implicou em um ae de
aproximadamente 0,1 mm, realizados com 0,06 mm de fz, 0,4 mm de ap e fluido de corte em
abundância.
de comando de interpolação linear (G1) com definição de posição final para os eixos lineares
O balanço da fresa, de 32,5 mm, foi definido com o auxílio de medições da FRF do
sistema ferramenta/fixação/cabeçote, de maneira a fazer com que este não fosse excitado pela
velocidade real de avanço e posição e velocidade real dos eixos foram adquiridas diretamente
do CNC da máquina e foram tomadas medições de pressão sonora. Ao fim de cada operação,
202
fotos das arestas e superfícies dos dentes da fresa eram tiradas com o auxílio de uma lupa para
superfícies usinadas, através de inspeção visual com o auxílio de fotos ampliadas, e por
usando perfil R e filtro Gaussiano PC50, com comprimento amostral (sampling length) de
A Figura C.9 apresenta fotos do rotor centrífugo após o desbaste de todas as suas
nove cavidades.
A Tabela C.3 apresenta valores de pressão sonora e potência consumida pelo fuso,
variável, optou-se pela adoção da medida estatística RMS (root mean square) para se
3
Informações detalhadas dos equipamentos para aquisição de dados de posição, velocidade e potência, para
medição de pressão sonora e para análise de desgaste de ferramentas podem ser encontradas no Apêndice F.
203
calculadas para cada momento de medição. Para a potência consumida pelo fuso foram duas
medições para cada condição, uma em cada operação de desbaste. Para a pressão sonora
foram tomadas de quatro a cinco medições para cada condição ao longo da execução das
operações.
da cavidade. Como foram utilizadas ferramentas já usadas para a usinagem de quatro das oito
cavidades, a última coluna da tabela traz o valor relativo do desgaste VB, considerando a
vc Cavidades VB VB Relativo
Condição ae Ferramenta
(m/min) Adjacentes (mm) (mm)
C1 68% 50 Cheias 1 Nova 0,057 0,057
C2 68% 124 Cheias 2 Nova 0,103 0,103
C3 30% 50 Cheias 3 Nova 0,065 0,065
C4 30% 124 Cheias 3 Usada 0,146 0,081
C5 68% 50 Vazias 1 Usada 0,086 0,029
C6 68% 124 Vazias 2 Usada 0,143 0,040
C7 30% 50 Vazias 4 Nova 0,074 0,074
C8 30% 124 Vazias 4 Usada 0,123 0,049
204
A Tabela C.5 apresenta valores de pressão sonora e potência consumida pelo fuso,
medidos ao longo das operações de acabamento. Novamente medidas RMS foram adotadas
rotor centrífugo.
Superfície de Sucção
Medições de Rugosidade
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Média σ
C1 0,69 0,33 0,46 0,33 0,29 0,75 0,74 0,18 0,40 0,43 0,46 0,200
C2 0,35 0,36 0,47 0,40 0,34 0,34 0,33 0,37 0,35 0,32 0,36 0,044
Ra C3 0,34 0,36 0,31 0,28 0,35 0,33 0,38 0,35 0,38 0,31 0,34 0,032
(µm) C4 0,38 0,39 0,36 0,51 0,47 0,31 0,36 0,40 0,44 0,55 0,42 0,075
C5 0,36 0,50 0,62 0,38 0,29 0,46 0,37 0,37 0,29 0,33 0,40 0,103
C6 0,41 0,40 0,34 0,33 0,40 0,44 0,33 0,43 0,33 0,35 0,38 0,044
C1 2,79 1,71 2,29 1,78 1,37 2,96 3,13 1,07 2,08 2,05 2,12 0,680
C2 1,82 1,52 2,14 1,95 1,82 1,61 1,73 1,90 1,61 1,57 1,77 0,196
Rz C3 1,54 1,80 1,69 1,56 1,80 1,67 2,30 1,68 1,85 1,48 1,74 0,232
(µm) C4 1,82 1,96 1,66 2,02 2,12 1,70 1,82 1,85 1,90 2,55 1,94 0,255
C5 1,87 2,47 2,86 1,76 1,42 2,10 1,86 1,82 1,50 1,66 1,93 0,441
C6 1,69 2,03 1,75 1,50 1,76 2,01 1,72 1,94 1,63 1,63 1,77 0,175
Superfície de Compressão
C1 0,55 0,64 0,97 0,55 1,33 0,48 1,11 1,04 0,50 0,72 0,79 0,300
C2 0,31 0,34 0,41 0,48 0,55 0,50 0,41 0,38 0,36 0,51 0,43 0,081
Ra C3 0,37 0,25 0,30 0,52 0,55 0,26 0,32 0,36 0,47 0,43 0,38 0,106
(µm) C4 0,27 0,49 0,34 0,43 0,51 0,31 0,32 0,43 0,41 0,35 0,39 0,080
C5 0,41 0,53 0,29 0,25 0,47 0,64 0,46 0,27 0,46 0,54 0,43 0,128
C6 0,35 0,51 0,31 0,22 0,47 0,47 0,46 0,42 0,40 0,32 0,39 0,091
C1 2,49 2,58 3,79 2,61 4,88 2,21 4,28 4,13 2,23 3,01 3,22 0,966
C2 1,60 1,64 1,91 2,33 2,66 2,40 1,92 1,81 1,87 2,47 2,06 0,372
Rz C3 1,61 1,20 1,65 2,09 2,21 1,28 1,64 1,80 2,49 2,30 1,83 0,433
(µm) C4 1,50 2,15 1,80 2,03 2,34 1,68 1,78 1,98 1,96 1,88 1,91 0,239
C5 2,07 2,13 1,51 1,38 2,19 2,34 2,19 1,40 2,08 2,18 1,95 0,366
C6 1,77 2,55 1,54 1,38 2,15 2,48 2,59 2,08 2,13 1,60 2,03 0,438
acabamento.
206
Ângulo de Ângulo de n Ra Rz
Condição
β ) Ataque (α
Avanço (β α) (rpm) Média (µm) Média (µm)
C1 5° 65° 14800 0,62 2,67
C2 12° 65° 14800 0,39 1,91
C3 5° 70° 14800 0,36 1,78
C4 12° 70° 14800 0,40 1,93
C5 5° 70° 16000 0,41 1,94
C6 5° 70° 15727 0,38 1,90
Por fim, a Figura C.11 apresenta imagens ampliadas em 40x do topo das
ferramentas utilizadas em cada uma das seis condições de usinagem. Todas as ferramentas
Figura C.11 – Imagens ampliadas em 40x das fresas utilizadas em cada uma das seis
condições de usinagem.
207
um BLISK. Por ser composto por diversas pás idênticas dispostas no entorno de um disco,
julgou-se à época não ser estritamente necessária a fabricação de um por completo, além do
que, uma peça de TiAl6V4 com as dimensões requeridas teria um custo elevado.
Foi definida uma peça-teste contendo cinco pás tomando-se como base as pás de
um BLISK de um compressor real com 353 mm de diâmetro. A Figura D.1 apresenta a peça
pás como este em uma máquina semelhante, o disco seria montado na mesa de modo a
coincidir seu centro com o centro de rotação da mesa. Com esse dispositivo, a peça é montada
em um alojamento garantindo que o topo das pás diste do centro de rotação da mesa um valor
O material com que foi realizado o experimento foi obtido a partir de um retalho de
uma placa laminada da liga TiAl6V4, gentilmente cedido pela empresa EMBRAER.
A ferramenta utilizada foi a fresa exposta na Figura D.2. Esta é uma fresa inteiriça
desbastadora de topo reto, também inteiriça de metal-duro, e para o pré-acabamento uma fresa
que a peça em questão foi usinada em alumínio. Várias alternativas de programação foram
foram classificadas como plausíveis para o fim determinado. Em três delas, a usinagem foi
dividida em etapas. Por esta divisão entenda-se que o fresamento da pá foi seccionado em
3. Fresamento das pás dividido em duas etapas. Na primeira os dois lados da metade
três etapas;
contornando a mesma.
O desbaste de todos os vãos em que este foi requerido foi feito em 3+2 eixos e o
inclinada, ambos por terem proporcionado o padrão de movimento mais propício durante os
210
curvas que seguem a direção u da Figura D.3, por motivos de acessibilidade, a forma com que
Figura D.3 – Direção das curvas u e v das superfícies das pás no campo paramétrico.
a segunda pá ainda houve uma mudança nos parâmetros de corte por sua estratégia global
adotar a etapa de acabamento como única. O modelo das trajetórias geradas pode ser
Figura D.4 – Modelo das trajetórias de ferramenta utilizadas da primeira à quarta pá.
Uma superfície auxiliar foi utilizada como superfície guia (drive surface) para a
desnecessárias eram geradas, e, portanto, foram removidas. Edição de trajetórias também foi o
acabamento em etapas. Copiar as trajetórias e cortá-las se mostrou mais confiável que dividir
as superfícies. A Figura D.6 mostra trajetórias para a usinagem das pás 2, 3 e 4, após a edição.
2 3 4
outra superfície auxiliar como guia. A Figura D.7 mostra a trajetória em questão.
212
verificações gráficas pelo método de tentativa e erro até que se encontrasse a menor
inclinação que não incorresse em colisão com a pá vizinha. A vc foi de 65 m/min para a pá 2 e
de 120 m/min para as restantes, o fz foi de 0,1 mm e o sentido de corte concordante em todos
saída da ferramenta.
Por fim, as medições de rugosidade foram tomadas em seis pontos de cada pá,
sendo um na região superior, outro na central, e outro na região do pé, de cada lado da pá,
como ilustrado na Figura D.8. Nesta pode ser notada também a forma com que a peça foi
Pá 1 Pá 2 Pá 3 Pá 4 Pá 5
Ra Rz Ra Rz Ra Rz Ra Rz Ra Rz
(µm) (µm) (µm) (µm) (µm) (µm) (µm) (µm) (µm) (µm)
1 0,50 2,66 0,65 2,81 0,64 4,00 0,72 4,32 0,66 3,83
2 0,46 2,44 0,54 2,55 0,58 3,65 0,74 3,81 0,45 2,72
3 0,74 4,00 0,80 4,26 0,71 3,79 0,96 4,85 0,80 4,39
Esquerda 0,57 3,03 0,66 3,21 0,64 3,81 0,81 4,33 0,64 3,65
1 0,74 3,69 0,50 2,53 0,74 4,22 0,87 4,89 0,69 3,90
2 0,50 3,11 0,46 2,37 0,95 5,30 0,60 3,56 0,76 3,99
3 1,04 6,05 0,80 4,12 0,80 4,64 1,39 6,62 0,66 3,47
Direita 0,76 4,28 0,59 3,01 0,83 4,72 0,95 5,02 0,70 3,79
σ 0,223 1,313 0,150 0,852 0,130 0,614 0,279 1,093 0,122 0,571
Média 0,66 3,66 0,63 3,11 0,74 4,27 0,88 4,68 0,67 3,72
214
gerado para a usinagem da superfície G0xG0 cuja foto foi mostrada na Figura 4.11.
50
45
40
35
Posição do eixo Y [mm]
30
25
20
15
10
5
55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110
Posição do eixo X
215
Máquina-Ferramenta
C 600 U, fabricado pela empresa alemã Hermle. Sua construção é do tipo mesa rotatória e
µm. Possui ainda sistema de refrigeração para adução por fora da ferramenta de ar
comprimido e fluido de corte, com reservatório de 200 l, exaustor, magazine com capacidade
ferramentas, e apalpador (probe) com ponta de rubi para referenciar a peça no espaço de
O CNC com a qual esta máquina está equipada é o Sinumerik 840D, da Siemens,
ahead.
217
Sistema CAD/CAM
máquina durante a execução das operações foi utilizada uma rotina de aquisição de dados
através de um adaptador de rede modelo SIMATIC NET CP 5611 module, da SIEMENS, que
microcomputador ao qual a placa está acoplada possuiu um processador de 1,7 GHz, e 256
MB de memória RAM.
Signal Calc ACE - two-channel dynamic signal analyzer) acoplado a um notebook via PC
Card. A aquisição de dados foi feita com o software Data Physics Signal Calc ACE que vem
Type-S, da Heerburg Switzerland, capaz de ampliações de até 40x, com uma câmera de vídeo
colorida JVC TK-C1380 acoplada. Esta está ligada a um computador com placa de captura de
Através do programa Image Tool, próprio para este tipo de aplicação, as imagens
usinadas foi o rugosímetro SJ-201P da Mitutoyo, mostrado na Tabela F.2, que contém