Fevereiro – 2020
Introdução:
A reflexão proposta pela a autora inicia-se constituída por uma variedade de forças (um campo
de força) que se influenciam reciprocamente, definindo uma personalidade. Para ela, esse
campo de forças é determinado pelo modo como as pessoas agem e reagem, a partir, de
valores, mitos e modos de percepção.
Luck lembra que pesquisas identificam que os esforços por melhorias da qualidade de ensino
são mais efetivos se levar em consideração a natureza do modo de ser e de fazer da escola,
seus processos internos, os valores assumidos em suas decisões e respectivas ações.
Pode-se afirmar que o comportamento no interior da escola tem sido determinado muito mais
pelo sistema sociocultural interno, por seus significados, crenças e valores do que por
interferências externas.
Tal contexto pode ser assim representado:
Pode-se compreender que apesar de semelhanças entre si, cada escola possui um modo de ser,
possui uma história diferenciada, uma identidade e imagem própria, explicável por um
conjunto de fatores e de características subjetivas, devido aos dinâmicos processos sociais que
ocorrem em seu interior.
Vale pontuar que associado aos estudos sociológicos, outros campos contribuíram com a
compreensão do clima e cultura organizacional como: interacionismo simbólico, a etnografia
educacional, o estudo de representações sociais, dentre outros.
O fato é que clima e cultura organizacional são conceitos multidimensionais formados de uma
variedade de fatores, assim como constituídos a partir da influencia as mais diversas;
influências que são ao mesmo tempo, causas e consequências do modo de ser e de fazer da
escola.
Desta forma, é possível afirmar que a identidade da escola resulta da natureza do processo
educacional, assentando-se sobre e demandando um processo de relacionamento interpessoal
e cultural, que por natureza, é único e irrepetível.
Conclui-se, portanto, que a fim de se ter ensino de qualidade efetiva a partir dos objetivos
educacionais, é necessário que o clima e a cultura organizacional sejam conhecidos,
compreendidos e organizados de maneira que possam promover a melhoria do processo e das
aprendizagens postas para o século XXI.
Para a autora, é necessário que o gestor escolar se aproprie dos diversos enfoques que
compõem esse conjunto na escola:
Só assim pode
constituir ações de
qualidade do ensino.
+ do entender a escola
real (clima e cultura
organizacional). Papel da gestão
Compreender a
instituição escolar escolar
decorre: = LIDERANÇA.
- legislação, diretrizes,
politicas educacionais
e até o PPP.
Para Luck, clima e cultura organizacional são dois conceitos comumente referidos de forma
associada, interligando-os num mesmo conjunto de significados.
Desta forma, é importante destacar que o clima e cultura, embora vinculados a mesma base
factual e conceitual, tem conteúdos e expressões distintas. Na literatura sobre os conceitos
identificam mais referências a cultura organizacional, pois apresenta um caráter mais
duradouro, denso e potente, já o clima organizacional é mais estudado, por ser mais
percebido.
Depreende-se assim dessa distinção o caráter mais denso dos valores, associados à cultura
organizacional, e o caráter mais volátil do clima organizacional.
Portanto, como um iceberg, a cultura mantém invisível e subjacente grande parte de seus
componentes, que são muitas vezes inferidos a partir do que pode ser direta e facilmente
observado.
Desta maneira Luck pontua que grande parte da dificuldade de gestores escolares em
promover sua gestão e liderança, decorre do desconhecimento da cultura organizacional da
escola, pois para compreendê-la implicaria um processo de desvelamento de camadas
submersas, ressaltando que a cultura escola é invisível não apenas para aqueles que estão fora
da escola e não fazem parte dela, como também para os sujeitos que a constituem.
Para a autora, compete aos gestores não apenas conhecer as características da cultura
organizacional de sua escola, mas sobretudo, fazê-lo participativamente, envolvendo os
membros da comunidade escolar nesse processo. Tal metodologia é condição da gestão
democrática e da transformação evolutiva da cultura organizacional.
Cultura
organizacional:
Aspectos visíveis
Aspectos invisíveis.
Luck ressalta que em geral, clima e cultura organizacional são descritos como dois conceitos
intimamente associados, sendo que comumente um é explicado pelo outro, assim, retomando
Iasbeck(2007), sinaliza que o clima organizacional traduz a dinâmica cultural e que a
temperatura desse clima corresponde a uma fotografia da cultura organizacional, isto é, um
conceito corresponderia ao outro.
Podemos pontuar desta forma, que as reflexões postas para explorar os conceitos implicam
que:
Para Luck, o importante é a utilização dos conceitos como referencial, pois possibilita a
compreensão da realidade escolar, permitindo assim uma atuação voltada para tornar a escola
um espaço mais eficaz na realização dos objetivos educacionais.
Em que consiste clima organizacional
Considerando que o clima faz parte da cultura escolar, constituindo-se em seu elemento mais
aparente, por conseguinte é o mais fácil e rapidamente influenciado. Assim, o papel e a
influência do diretor escolar sobre o clima organizacional da instituição são reconhecidos.
A autora lembra que cada escola apresenta uma cultura diversa, sendo constituída por uma
trama diferenciada de circunstâncias e relações entre pessoas, por uma dinâmica interpessoal
diversificada.
De certo modo, a cultura organizacional da escola se refere a tudo que diz respeito às práticas
interativas manifestadas de modo a constituir-se em regularidades, tendo seu caráter tácito,
não explicito, é difícil de ser objetivamente reconhecida, o que torna mais difícil seu processo
de mudança.
Vale pontuar que no cotidiano escolar vários aspectos expressam esta cultura, como:
A autora ressalta que existe uma aproximação muito grande entre clima e cultura
organizacional, no entanto é possível estabelecer diferenças entre esses conceitos, cujo
papel importante para auxiliar o gestor escolar na liderança e intervenção em relação a
esse fenômeno tomado em conjunto.
Luck retoma que o clima e a cultura organizacional da escola são conceitos complexos por
expressarem um conjunto de múltiplos e dinâmicos fatores, dimensões e características,
todos relacionados e de grande importância na determinação da qualidade dos processos
educacionais.
Desta forma, Luck apresenta para nossa compreensão, enquanto gestão, que o foco de
atuação se faz é sobre esses aspectos e não diretamente sobre o clima e a cultura como
um todo.
Tal perspectiva sinaliza uma ruptura em relação a ideia de administração, demanda para
os gestores um olhar sobre a escola de formar integrada no que tange as relações de
poder, correlações de forças, manifestações de interesses, das tensões e conflitos que
caracterizam o modo de ser e fazer escolar.
Desta forma, o olhar dos gestores apreende fatores e pressupostos que interferem na
qualidade do processo educacional e não são apreendidos numa visão linear e
administrativa da escola.
Assim, a atenção dos gestores para os processos socioculturais requer a compreensão que:
Desta forma, para a autora, focalizar o cotidiano escolar representa ver a escola como ela
é em seu dia a dia, de modo a se poder ajudá-la a tornar-se o que deve ser para
desempenhar seu papel social, pois é no cotidiano escolar que o clima e a cultura
organizacional se manifestam.
Isto posto, conclui-se que não se melhora uma escola melhorando seus planos de ação, seu
projeto político pedagógico, suas condições físicas e materiais, suas normas e
regulamentos, a organização de seu espaço e a distribuição de seu tempo.
Para a autora, debruçar-se sobre o cotidiano escolar com um olhar observador e perspicaz,
a fim de que se possa vislumbrar a alma da escola é algo inerente a gestão escolar em sua
atuação, pois é no cotidiano escolar que a equipe gestora atua, observa e leva em
consideração as regularidades, as práticas construídas coletivamente.
Luck lembra que o cotidiano escolar tem permanecido como uma caixa preta,
desvalorizado e desconsiderado como menos importante, verificando-se nas práticas
escolares ideias que associam melhoras nas escolas através de estratégias ou alternativas
que quase sempre desconsideram o cotidiano.
Desta maneira, o estudo do cotidiano revela o que ocorre na escola e seu clima, enquanto
a cultura organizacional revela o que esta por trás do que o corre, a teia de significados
que se estabelece e que mantém o que ocorre.
Em vista disso, defende Luck que para se conhecer o clima e a cultura organizacional da
escola é preciso se debruçar sobre como os sujeitos se percebem e percebem sua atuação
na escola, em sua ação cotidiana; o que determina essas percepções e quais as maiores
influências das práticas regulares.
Desta forma, a cultura escolar será promissora, inovadora, orientada para a melhoria
contínua e superação de obstáculos na medida que a gestão escolar e os responsáveis pela
escola assim orientarem.
Uma organização cultural pode ser aberta ou fechada, isto é, pode ser conectada com o
mundo ou fechada em si mesma.
Assim, Luck sinaliza que culturas fechadas formam um círculo vicioso em seu modo de
interpretar a realidade e enfrentá-la, criando evidências que justifiquem suas crenças. No
caso das culturas abertas, sendo unitárias e coesas dirigem suas energias na alimentação e
cultivo de valores em que aprender, renovar e desenvolver são práticas comuns, aceitando
desta forma a ideia da incerteza como parte do processo organizacional.
Dessa forma, ela constitui-se em uma força coletiva que atua como defesa de interesses
em caráter homogeneizante e que atende a quatro funções:
Assim a função de organização que a cultura organizacional assume tem por objetivo ordenar
no interior da escola, as relações interpessoais e de poder, a divisão do trabalho, a tomada de
decisões, a comunicação, dentre outros aspectos de modo a garantir a regularidade de
processos, o conforto e o bem estar.
Luck lembra que o clima e a cultura organizacional de uma escola são formados ao longo da
história do estabelecimento de ensino em sua vinculação externa com a comunidade, e o
sistema de ensino de que faz parte, mediante a dinâmica de interações internas.
A formação de subculturas
Luck pontua que embora se possa identificar traços predominantes na cultura de uma escola, é
possível identificar a presença de subculturas, formadas por subgrupos e que são portadores
de afinidades, tendendo a se isolar dos demais e são portadores de acordos tácitos
Para a autora, algumas condições contribuem para tornar essas subculturas diferenciadas e
isoladas no interior da escola:
Falta de ou fraca liderança por parte da gestão escolar no sentido de formação de uma
cultura na orientação do trabalho para todos;
Falta de oportunidades de entrosamento, comunicação ou troca de experiencias
Falta de valorização de esforços pelos próprios profissionais e,
Existência de espaços específicos para diferentes grupos de profissionais.
Para isso, necessita estar atento as múltiplas expressões do clima estabelecido, de modo a
conhece sua natureza, sua dinâmica, seus resultados e assim atuar sobre o modo de ser e fazer
da organização educacional para efetivação (mobilização) de processos e ações voltadas aos
objetivos educacionais postos para a formação no século XXI.
Luck aponta para os leitores que a teia de relações, ações e reações práticas na escola é
mantida e explicada por um sistema de valores que mobiliza e desmobiliza as pessoas.
Para ela o que as escolas fazem ou deixam de fazer revela um sistema de valores que são a
alma da escola, sendo que aa explicação dos valores subjacentes as ações constituídas
permitem entendê-las, assim como vislumbrar seu alcance.
A autora convida os gestores a entenderem que sua capacidade de atuar de modo efetivo em
relação ao trabalho das pessoas passa pela compreensão de que somos o que pensamos, isto é,
as pessoas agem e reagem às estimulações do ambiente de acordo com a representação que
fazem dele.
Para a autora é importante reconhecer que o que falamos revela o que pensamos e, pelo
discurso, impulsionamos ou cristalizamos nosso pensamento e justificamos nossas ações.
Assim, é necessário que a gestão preste atenção ao discurso presente na escola, analisando e
interpretando sues pressupostos, pois permite compreender os elementos importantes dos
modos de ser e fazer da escola.
Luck sinaliza que o estudo da cultura organizacional da escola emerge como uma necessidade
a partir da constatação de há elementos internos diferentes em cada realidade escolar, mesmo
que sejam pautadas por um sistema de ensino.
Desse modo, o âmbito escolar constitui-se em ambiente marcado por uma continua tensão
entre o ideal proposto pela legislação, por políticas educacionais e, o real pensado e
representado nas escolas pelos eu fazem seu cotidiano.
Novamente, a autora retoma que é fundamental ter em mente que a cultura é aquilo que é
cultivado continuamente, diante disso, o que é cultivado na escola em seu dia a dia compõem
sua cultura organizacional.
Desta maneira, uma cultura educacional positiva, revela de forma efetiva um ambiente escolar
que realiza os objetivos educacionais. Para isso, a autora identifica algumas características que
respondem a qualidade de ensino desejada:
Assim, os gestores escolares têm um conjunto de aspectos os quais devem prestar atenção no
cotidiano a fim de construírem em sua escola um ambiente educacional promissor para o
atendimento imediato das necessidades educacionais dos alunos, mas também para a criação
de um clima e cultura organizacional mais próximos do ideário educacional.
Palavras finais
Luck finaliza seu trabalho pontuando para nós leitores que compreender os elementos culturais
da escola- clima e cultura organizacional- não representa aceitá-los legitimamente como são.
Marcelo Feitosa
Fevereiro - 2020