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O autor, o prof. Marcos Antonio Lopes, em seu texto sobre trata da produção
de Lucien Febvre, o ensaio O problema da descrença do século XVI: a religião de
Rabelais. O autor nos mostra os métodos nos quais Febvre utilizou para apontar os erros
e acertos relativos a escrita histórica em meado do século XX. Utilizando a obra de
Rabelais como principais “lentes” de como se via e viviam num mundo quinhentista.
O autor dá um destaque fundamental a figura de Lucien Febvre, importante
colaborador da Escola dos Annales, e o livro que foi objeto de estudo tornou-se um
clássico para a produção historiográfica contemporânea. Febvre nos traz algo novo,
mesmo que indiretamente, sobre o “equipamento mental” através de um “banco de
ideias”, onde um banco de ideias consistiria em todo aparato cultural que uma
determinada civilização tem e produz em determinado período da história, dando
exemplo do mundo cristão do século XVI, a obra rabelaisiana ainda serve para ilustrar,
segundo Febvre, os problemas da escrita historiográfica que são causados pelos
anacronismos históricos, o qual os considerava perigosos.
O autor do texto discute o valor historiográfico que as obras de Lucien Febvre
deixaram, este que por anos esteve defendendo a renovação da escrita histórica que em
muito era ditada a partir do ponto de vista de um grupo em específico. Além disso,
diante da obra de Rabelais, Febvre provou o quanto diversos historiadores estavam
desconexos com a proposta de Rabelais e reforçando a tese dos problemas causados
pelos anacronismos históricos, impedindo que os demais vissem através da mesma ótica
que a sociedade a qual Rabelais estava inserido, considerado por Febvre alguém a frente
de seu tempo, sendo considerado até mesmo o ponto de partida para o racionalismo e a
descrença, mito que foi derrubado por Febvre, segundo autor, e Febvre conseguiu
provar que Rabelais era cristão, onde está a genialidade de Rabelais, onde sua produção
poderia ser interpretada por gerações futuras.
No texto, Lopes discorre sobre o ensaio de Febvre sobre Rabelais utilizando,
partindo da utilização de trechos próprios do livro de Febvre e demais autores para
embasar sua tese, deixando a todo momento claro que Febvre renovou a escrita histórica
e a forma de olhar para ela o que ao ganhar a alcunha de “reformador”, além de ter em
Françoise Rabelais um grande apreço, para combater também o anacronismo histórico
que apontava Rabelais como um ateu.
Vemos que o autor expõe outros historiadores durante a construção de sua tese,
como exemplo de Abel Lefranc, respeitado historiador em assuntos relacionados ao
Renascentismo, no qual Lopes discorda e nos mostra como um “adversário” a Febvre,
justamente por crer que Rabelais era um adepto a “fé racionalista”, e Febvre se propõe a
provar que Lefranc errou, ao analisar os teses rabelaisianas de forma imersa na cultura e
no momento que viviam a sociedade francesa do século XVI.
Ao observar com a ótica quinhentista, Febvre nos diz:
Pois hoje, escolhe-se. Ser cristão ou não. No século XVI, não havia
escolha. Era-se cristão de fato. (...) Do nascimento até a morte,
estendia-se toda uma cadeia de cerimônias, de tradições, de costumes,
de práticas – que, sendo todos cristãos ou cristianizados, atavam o
homem involuntariamente, mantinham-no cativo mesmo que ele se
pretendesse livre (FEBVRE, 2009, p. 292)
Com esse trecho destacado referendamos o que Lopes quer nos afirmar sobre
Febvre e Rabelais sobre os anacronismos da história.
O autor também nos fala de como Febvre enfrentou o problema da forma de
construção de textos e utilização das palavras, tratando como um obstáculo para
pesquisa histórica e implicaria em dificuldades de compreensão considerando as
mudanças semânticas que a língua poderia ter sofrido.
Para comprovar sua tese, Lopes evoca também o historiador neozelandês John
Pocock, no qual o historiador precisa aprender a linguagem de outrem para estar imerso
naquela civilização e cultura, porém deve expressar o que aprendeu sobre seus
“ancestrais” em sua língua, dando espaço para o distanciamento crítico e histórico.
Em diversos pontos do texto, Lopes crer e confirma a tese de Febvre sobre seu
Rabelais e a forma como a escrita histórica deve ser feita, Febvre afirma que existe um
abismo em o modo de vida dos homens do século XVI e do século XX, esse efeito
causaria barreiras históricas difíceis de serem ultrapassadas, no paragrafo seguinte
Lopes concordo com Febvre, ao afirmar que a linguagem é uma “instituição social”,
dependente de uma época e um grupo, e não de um ator privado. Ainda para corroborar
com a tese de imersão histórica e as especificidades da língua em determinado recorte
histórico, cita Peter Burke, Roger Chartier e Denis Crouzet.
Neste trecho, Lopes confirma sua tese:
Construindo uma tese através do texto de Lucien Febvre, Lopes nos leva para a
crer na importância dos ensaios produzidos por Febvre para o campo historiográfico e
forma como ele influenciou diversos historiadores nos séculos que se sucederam e que
produção historiográfica necessita de uma imersão a civilidade da época, ver através da
janela das sociedade para uma compreensão dos costume e culturas para construção da
pesquisa histórica.