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o amor é a verdade Ainda que mal

Ainda que mal pergunte,


ainda que mal respondas;
ainda que mal te entenda,
ainda que mal repitas;
ainda que mal insista,
ainda que mal desculpes;
ainda que mal me exprima,
ainda que mal me julgues;
ainda que mal me mostre,
ainda que mal me vejas;
ainda que mal te encare,
ainda que mal te furtes;
ainda que mal te siga,
ainda que mal te voltes;
ainda que mal te ame,
ainda que mal o saibas;
ainda que mal te agarre,
ainda que mal te mates;
ainda assim te pergunto
e me queimando em teu seio,
me salvo e me dano: amor.

Carlos Drummond de Andrade


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VERBO SER

Que vai ser quando crescer? Vivem perguntando em redor. Que é ser? É ter um corpo,
um jeito, um nome? Tenho os três. E sou? Tenho de mudar quando crescer? Usar outro
nome, corpo e jeito? Ou a gente só principia a ser quando cresce? É terrível, ser?
Dói? É bom? É triste? Ser: pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas? Repito:
ser, ser, ser. Er. R. Que vou ser quando crescer? Sou obrigado a? Posso escolher?
Não dá para entender. Não vou ser. Não quero ser Vou crescer assim mesmo. Sem ser.
Esquecer.

Carlos Drummond de Andrade


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Poema de sete faces

Quando nasci, um anjo torto


desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens


que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:


pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode


é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste


se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo


se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer


mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

Carlos Drummond de Andrade


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O Homem Escrito

Ainda está vivo ou


virou peça de arquivo
sua vida é papel
a fingir de jornal?

Dele faz-se bom uso


seu texto é confuso?
Numa velha gaveta
o esquecem, a caneta?

Após tantos escapes


arredonda-se em lápis?
Essa indelével tinta
é para que não minta
mas do que o necessário
é uma sigla no armário?

Recobre-se de letras
ou são apenas tretas?
Entrará em catálogo
a custa de monólogo?

Terá número, barra


e borra de carimbo?
Afinal, ele é gente
ou registro pungente?

Carlos Drummond de Andrade


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Os Ombros Suportam o Mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.


Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Carlos Drummond de Andrade


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AMOR E SEU TEMPO

Amor é privilégio de maduros


estendidos na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o céu do corpo.

É isto, amor: o ganho não previsto,


o prêmio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe

valendo a pena e o preço do terrestre,


salvo o minuto de ouro no relógio
minúsculo, vibrando no crepúsculo.

Amor é o que se aprende no limite,


depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.

Carlos Drummond de Andrade


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Congresso Internacional do Medo
Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

Carlos Drummond de Andrade


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Organiza o Natal
Alguém observou que cada vez mais o ano se compõe de 10 meses; imperfeitamente
embora, o resto é Natal. É possível que, com o tempo, essa divisão se inverta: 10
meses de Natal e 2 meses de ano vulgarmente dito. E não parece absurdo imaginar
que, pelo desenvolvimento da linha, e pela melhoria do homem, o ano inteiro se
converta em Natal, abolindo-se a era civil, com suas obrigações enfadonhas ou
malignas. Será bom.

Então nos amaremos e nos desejaremos felicidades ininterruptamente, de manhã à


noite, de uma rua a outra, de continente a continente, de cortina de ferro à
cortina de nylon — sem cortinas. Governo e oposição, neutros, super e
subdesenvolvidos, marcianos, bichos, plantas entrarão em regime de fraternidade. Os
objetos se impregnarão de espírito natalino, e veremos o desenho animado, reino da
crueldade, transposto para o reino do amor: a máquina de lavar roupa abraçada ao
flamboyant, núpcias da flauta e do ovo, a betoneira com o sagüi ou com o vestido de
baile. E o supra-realismo, justificado espiritualmente, será uma chave para o
mundo.

Completado o ciclo histórico, os bens serão repartidos por si mesmos entre nossos
irmãos, isto é, com todos os viventes e elementos da terra, água, ar e alma. Não
haverá mais cartas de cobrança, de descompostura nem de suicídio. O correio só
transportará correspondência gentil, de preferência postais de Chagall, em que
noivos e burrinhos circulam na atmosfera, pastando flores; toda pintura, inclusive
o borrão, estará a serviço do entendimento afetuoso. A crítica de arte se
dissolverá jovialmente, a menos que prefira tomar a forma de um sininho cristalino,
a badalar sem erudição nem pretensão, celebrando o Advento.

A poesia escrita se identificará com o perfume das moitas antes do amanhecer,


despojando-se do uso do som. Para que livros? perguntará um anjo e, sorrindo,
mostrará a terra impressa com as tintas do sol e das galáxias, aberta à maneira de
um livro.

A música permanecerá a mesma, tal qual Palestrina e Mozart a deixaram; equívocos e


divertimentos musicais serão arquivados, sem humilhação para ninguém.

Com economia para os povos desaparecerão suavemente classes armadas e semi-armadas,


repartições arrecadadoras, polícia e fiscais de toda espécie. Uma palavra será
descoberta no dicionário: paz.

O trabalho deixará de ser imposição para constituir o sentido natural da vida, sob
a jurisdição desses incansáveis trabalhadores, que são os lírios do campo. Salário
de cada um: a alegria que tiver merecido. Nem juntas de conciliação nem tribunais
de justiça, pois tudo estará conciliado na ordem do amor.

Todo mundo se rirá do dinheiro e das arcas que o guardavam, e que passarão a
depósito de doces, para visitas. Haverá dois jardins para cada habitante, um
exterior, outro interior, comunicando-se por um atalho invisível.

A morte não será procurada nem esquivada, e o homem compreenderá a existência da


noite, como já compreendera a da manhã.

O mundo será administrado exclusivamente pelas crianças, e elas farão o que bem
entenderem das restantes instituições caducas, a Universidade inclusive.

E será Natal para sempre.

Ah! Seria ótimo se os sonhos do poeta se transformassem em realidade.

Texto extraído do livro "Cadeira de Balanço", Livraria José Olympio Editora - Rio
de Janeiro, 1972, pág. 52.
Carlos Drummond de Andrade
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...ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar.
Enfeite-se com margaridas e ternura e escove a alma com leves fricções de
esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e
descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem
passe debaixo de sua janela.
Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de névoa de borboletas,
cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de
galanteria.

Carlos Drummond de Andrade


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Vi gente chorando na rua, quando o juiz apitou o final do jogo perdido; vi homens e
mulheres pisando com ódio os plásticos verde-amarelos que até minutos antes eram
sagrados; vi bêbados inconsoláveis que já não sabiam por que não achavam consolo na
bebida; vi rapazes e moças festejando a derrota para não deixarem de festejar
qualquer coisa, pois seus corações estavam programados para a alegria; vi o técnico
incansável e teimoso da Seleção xingado de bandido e queimado vivo sob a aparência
de um boneco, enquanto o jogador que errara muitas vezes ao chutar em gol era
declarado o último dos traidores da pátria; vi a notícia do suicida do Ceará e dos
mortos do coração por motivo do fracasso esportivo; vi a dor dissolvida em uísque
escocês da classe média alta e o surdo clamor de desespero dos pequeninos, pela
mesma causa; vi o garotão mudar o gênero das palavras, acusando a mina de pé-fria;
vi a decepção controlada do presidente, que se preparava, como torcedor número um
do país, para viver o seu grande momento de euforia pessoal e nacional, depois de
curtir tantas desilusões de governo; vi os candidatos do partido da situação
aturdidos por um malogro que lhes roubava um trunfo poderoso para a campanha
eleitoral; vi as oposições divididas, unificadas na mesma perplexidade diante da
catástrofe que levará talvez o povo a se desencantar de tudo, inclusive das
eleições; vi a aflição dos produtores e vendedores de bandeirinhas, flâmuIas e
símbolos diversos do esperado e exigido título de campeões do mundo pela quarta
vez, e já agora destinados à ironia do lixo; vi a tristeza dos varredores da
limpeza pública e dos faxineiros de edifícios, removendo os destroços da esperança;
vi tanta coisa, senti tanta coisa nas almas...

Chego à conclusão de que a derrota, para a qual nunca estamos preparados, de tanto
não a desejarmos nem a admitirmos previamente, é afinal instrumento de renovação da
vida. Tanto quanto a vitória estabelece o jogo dialético que constitui o próprio
modo de estar no mundo. Se uma sucessão de derrotas é arrasadora, também a sucessão
constante de vitórias traz consigo o germe de apodrecimento das vontades, a
languidez dos estados pós-voluptuosos, que inutiliza o indivíduo e a comunidade
atuantes. Perder implica remoção de detritos: começar de novo.

Certamente, fizemos tudo para ganhar esta caprichosa Copa do Mundo. Mas será
suficiente fazer tudo, e exigir da sorte um resultado infalível? Não é mais sensato
atribuir ao acaso, ao imponderável, até mesmo ao absurdo, um poder de transformação
das coisas, capaz de anular os cálculos mais científicos? Se a Seleção fosse à
Espanha, terra de castelos míticos, apenas para pegar o caneco e trazê-lo na mala,
como propriedade exclusiva e inalienável do Brasil, que mérito haveria nisso? Na
realidade, nós fomos lá pelo gosto do incerto, do difícil, da fantasia e do risco,
e não para recolher um objeto roubado. A verdade é que não voltamos de mãos vazias
porque não trouxemos a taça. Trouxemos alguma coisa boa e palpável, conquista do
espírito de competição. Suplantamos quatro seleções igualmente ambiciosas e
perdemos para a quinta. A Itália não tinha obrigação de perder para o nosso gênio
futebolístico. Em peleja de igual para igual, a sorte não nos contemplou.
Paciência, não vamos transformar em desastre nacional o que foi apenas uma
experiência, como tantas outras, da volubilidade das coisas.
Perdendo, após o emocionalismo das lágrimas, readquirimos ou adquirimos, na maioria
das cabeças, o senso da moderação, do real contraditório, mas rico de
possibilidades, a verdadeira dimensão da vida. Não somos invencíveis. Também não
somos uns pobres diabos que jamais atingirão a grandeza, este valor tão relativo,
com tendência a evaporar-se. Eu gostaria de passar a mão na cabeça de Telê Santana
e de seus jogadores, reservas e reservas de reservas, como Roberto Dinamite, o
viajante não utilizado, e dizer-lhes, com esse gesto, o que em palavras seria
enfático e meio bobo. Mas o gesto vale por tudo, e bem o compreendemos em sua
doçura solidária. Ora, o Telê! Ora, os atletas! Ora, a sorte! A Copa do Mundo de 82
acabou para nós, mas o mundo não acabou. Nem o Brasil, com suas dores e bens. E há
um lindo sol lá fora, o sol de nós todos.

E agora, amigos torcedores, que tal a gente começar a trabalhar, que o ano já está
na segunda metade?

Carlos Drummond de Andrade


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Bati no portão do tempo perdido, ninguém atendeu.
Bati segunda vez e mais outra e mais outra.
Resposta nenhuma.
A casa do tempo perdido está coberta de hera
pela metade; a outra metade são cinzas.
Casa onde não mora ninguém, e eu batendo e chamando
pela dor de chamar e não ser escutado.
Simplesmente bater. O eco devolve
minha ânsia de entreabrir esses paços gelados.
A noite e o dia se confundem no esperar,
no bater e bater.

O tempo perdido certamente não existe.


É o casarão vazio e condenado.

Carlos Drummond de Andrade


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Todo dia é menos um dia
Todo dia é menos um dia; menos um dia para ser feliz;
É menos um dia para dar e receber;
É menos um dia para amar e ser amado;
É menos um dia para ouvir e, principalmente, calar !
Sim, porque calando nem sempre quer dizer que concordamos com o que ouvimos ou
lemos,

mas estamos dando a outrem a chance de pensar, refletir, saber o que falou ou
escreveu.
Saber ouvir é um raro dom, reconheçamos.
Mas saber calar, mais raro ainda.
E como humanos estamos sujeitos a errar, e nosso
erro mais primário, é não saber ouvir e calar !
Todo dia é menos um dia para dar um sorriso.
Muitas vezes alguém precisa, apenas de um sorriso
para sentir um pouco de felicidade !
Todo dia é menos um dia para dizer:- Desculpe, eu errei!
Ou para dizer: - Perdoe-me por favor, fui injusto !
Todo dia é menos um dia
para voltarmos sobre os nossos passos.
De repente, descobrimos que estamos muito longe,

e já não há mais como encontrar onde pisamos, enquanto íamos.


Já não conseguiremos distinguir nossos passos
de tantos outros que vieram depois dos nossos.
E se esse dia chega, por mais que voltemos;
estaremos seguindo um caminho, que jamais
nos trará ao ponto de partida.
Por isso, use cada dia com sabedoria.
Ouça e cale se não se sentir bem;
Leia e deixe de lado; outra hora você vai conseguir interpretar e saber o que quis
ser dito.

Assim seja...

_Carlos Drummond de Andrade_

Carlos Drummond de Andrade


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O Mundo é um Moinho

Cartola

Ainda é cedo, amor


Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho.
Vai reduzir as ilusões a pó
Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés

Carlos Drummond de Andrade

“Alguns, como Cartola, são trigo de qualidade especial. Servem de alimento


constante. A gente fica sentindo e pensamenteando sempre o gosto dessa comida. O
nobre, o simples, não direi o divino, mas humano Cartola, que se apaixonou pelo
samba e fez do samba o mensageiro de sua alma delicada. O som calou-se, e "fui à
vida", como ele gosta de dizer, isto é, à obrigação daquele dia. Mas levava uma
companhia, uma amizade de espírito, o jeito de Cartola botar lirismo a sua vida, os
seus amores, o seu sentimento do mundo, esse moinho, e da poesia, essa iluminação.

(Carlos Drummond de Andrade)

Cartola e Carlos Drummond de AndradeInserida por Filigranas


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“A beleza ainda me emociona muito. Não só a beleza física, mas a beleza natural.
Hoje, com quase oitenta e cinco anos, tenho uma visão da natureza muito mais rica
do que eu tinha quando era jovem”.

( trecho da última entrevista. in: "O suplemento Idéias", do Jornal do Brasil, de


22 de agosto de 1987.)
Carlos Drummond de AndradeInserida por portalraizes
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“Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança”.

(Trecho dos versos publicados originalmente no livro "Sentimento do Mundo", Irmãos


Pongetti - Rio de Janeiro, 1940. Foram extraídos do livro "Nova Reunião", José
Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1985, pág. 78.)

Carlos Drummond de Andrade


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“Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco”.

(trecho extraído de versos do livro "Nova Reunião", José Olympio Editora - Rio de
Janeiro, 1985, pág. 78. Projeto releituras)

Carlos Drummond de AndradeInserida por portalraizes


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"Quando me acontecer alguma pecúnia, passante de um milhão de cruzeiros, compro uma
ilha; não muito longe do litoral, que o litoral faz falta; nem tão perto, também,
que de lá possa eu aspirar a graxa e a fumaça do porto. Min

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