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Trabalho de TFC – Robson da Silva Fonseca

REFERÊNCIAL TEORICO

HISTÓRIA DO MAGNETISMO

Desde o século VII a.c. já se observavam os fenômenos


magnéticos. O nome magnetismo tem origem na cidade da Magnésia na Grécia
Antiga (hoje Manisia na Turquia). Lá foi descoberto a magnetita, um minério que
atraia objetos de metal. Hoje sabemos que esse material é um ímã natural
composto por Óxido de Ferro (Fe3O4).

No século X os chineses já conseguiam criar imãs e fazer bússolas


primitivas para navegação. Em 1269, Pierre Pelerin de Maricourt, engenheiro
militar francês, denominou os polos norte e sul para as extremidades de um ímã,
baseando-se na orientação da bússola.

Mais tarde com o surgimento da pilha de Volta foi possível relacionar


eletricidade e magnetismo. A pilha foi importante pois era uma fonte de energia
douradora o suficiente para aprofundarem as pesquisas. (GASPAR, 2013)

ÍMÃS
Os ímãs são materiais com propriedades magnéticas. Eles podem ser
naturais como a magnetita ou artificiais, como os compostos de ligas metálicas
ou materiais cerâmicos.

Segundo Sadiku (2004) e Gaspar (2013) os materiais magnéticos podem


ser classificados de acordo com sua permeabilidade magnética (µ) como
ferromagnéticos, paramagnéticos e diamagnéticos. A permeabilidade magnética
é a característica que permite que linhas fluxos os atravessem.

• Ferromagnéticos (µ≫1) – é o que costumamos chamar de “material


magnético”, são fortemente atraídos por ímãs, e quando expostos sobre
a ação de um campo podem se tornar ímãs. São formados de ferro,
níquel, terras-raras e inúmeras ligas.

• Paramagnéticos (µ≳1) – São fracamente atraídos por ímãs. Como por


exemplo, magnésio, platina e paládio.
• Diamagnéticos (µ≲1). – São repelidos por ímãs não importa qual polo,
embora seja um efeito fraco. Como por exemplo, cobre, prata e bismuto.

Todo ímã é um dipolo, ou seja, tem dois polos, e eles são denominados
de sul e norte. Nessas regiões o campo magnético é mais intenso. Eles
receberam esses nomes devido a sua atração com polos geográficos terrestres.
A Terra também se comporta como um ímã, onde seus polos estão localizados
em suas extremidades (TEXEIRA, 2020).

Os polos tem propriedades de atração e repulsão. Ao aproximarmos dois


ímãs, os polos diferentes se atraem e os iguais se repelem. O fato de não haver
polos isolados, faz com que toda divisão de um ímã sempre dê origem a outro
ímã.

Os ímãs artificiais podem ser permanentes, temporários ou eletroímãs. Os


ímãs temporários são criados ao se esfregar um material ferromagtico em um
ímã, ou passando esse material várias vezes no interior de campo magnético
intenso. Porém eles perdem rapidamente sua propriedade magnética.

Os ímãs permanentes são feitos materiais ferromagnéticos como ferro,


cobalto, níquel, metais de terras-raras e algumas de suas ligas. Segundo Gaspar
(2013) esses materiais tem em sua estrutura regiões chamadas de domínios
magnéticos, que agem como microímãs. A figura X a mostra como são esses
domínios nos materiais ferromagnéticos encontrados naturalmente. Depois de
passarem por um processo de imantação os domínios se alinham e o material
se magnetiza permanentemente, como é mostrado na figura X b. Os métodos
mais comuns de imantação são compressão, aquecimento a altas temperaturas,
e fundição. Esses métodos variam de acordo com o tipo de material usado na
fabricação do imã.

Figura – Domínio magnético nos materiais ferromagnéticos. Fonte: Gaspar (2013)


Atualmente existem uma grande variedade de ímãs, tanto por parte dos
materiais que os constituem quanto dos formatos. Os ímãs mais comuns são
feitos de alnico, ferrite (cerâmica), neodímio-ferro-boro e samário-cobalto
(RIBEIRO, 2012).

Figura – Ímãs de ferrite e ímãs de terras raras. Fonte: Gaspar (2013)

FORÇA DE LORENTZ

Segundo Halliday (2009) quando uma partícula que possui carga elétrica
se move em um campo magnético surge uma força magnética sobre ela.
Diferente da força elétrica, ela não acontece se a carga estiver parada.

Figura - Carga se movimentando na presença de um campo magnético. Fonte: Kítor (2010).

Essa força é perpendicular a velocidade e a direção do campo, sendo


possível observa-la pela regra da mão esquerda.
Figura – Regra da mão esquerda. Fonte: Silva (2013).

Podemos expressar a força magnética através da equação vetorial:

⃗⃗⃗⃗ ⃗)
𝐹𝐵 = 𝑞 (𝑣 𝑥 𝐵 (1)

Usando produto vetorial podemos escrever 𝐹𝐵 na forma:

𝐹𝐵 = |𝑞| 𝑣 𝐵 𝑠𝑒𝑛∅ (2)

Onde 𝐹𝐵 é a força magnética, |q| é o módulo da carga elétrica, v é a velocidade da carga,


B é o campo magnético e ∅ é o seno do ângulo entre a direções da velocidade e do campo
magnético.

Contudo se uma partícula movimenta na presença de um campo


magnético e um campo elétrico, duas forças atuam sobre ela, a força elétrica (F
= q E) e a força magnética (F = q (v x B)). A soma dessas forças é chamada de
força de Lorentz e é dada pela equação:

𝐹 = 𝑞 𝐸⃗ + (𝑣 𝑥 𝐵
⃗) ou 𝐹 = 𝑞 (𝐸⃗ + 𝑣 𝑥 𝐵
⃗) (3)

A força de Lorentz é essencial para entender o efeito hall.

EFEITO HALL

Em 1870, o físico americano Edwin H. Hall fez um experimento para


observar o efeito de um campo magnético em um condutor. Para isso usou folhas
de ouro, nas quais foram percorridas uma corrente, e as colocou entre um
eletroímã. Com um galvanômetro ligado nas bordas das folhas, observou que
surgia uma força eletromotriz. Então Hall pode concluir que essa força era
proporcional ao campo magnético e a corrente do condutor. (BALBINOT, 2011).
O Efeito Hall acontece quando um condutor retangular percorrido por uma
corrente é exposto a um campo magnético transversal, isso faz com que os
elétrons sejam desviados para uma das bordas. Esse efeito pode ser visto em
qualquer material condutor, porém nos materiais semicondutores ele é mais
intenso.

Figura – Material percorrido por uma corrente, quando aplicado um campo as cargas são
desviadas. Fonte: Honeywell (2016).

As origens desse fenômeno podem ser explicadas pela atuação da força


de Lorentz sobre os elétrons. As cargas concentradas nas extremidades do
condutor produzem um campo elétrico transversal a corrente, que
consequentemente produz uma força elétrica. Essa força é contraria a força
magnética, e elas atingem o equilíbrio. O campo elétrico também gera uma
diferença de potencial chamada de tensão de Hall e pode ser medida nas bordas
do condutor (PINTO, 2010).

𝐼 ∙𝐵┴
𝑉𝐻 = (4)
𝜌𝑛 ∙ 𝑞 ∙ 𝑡

Onde 𝑉𝐻 é a tensão [V] Hall através da placa condutora, I é a corrente [A] que passa
através da placa, 𝜌𝑛 é o número de portadores de carga por unidade de volume [C/m³], q é a
magnitude da carga [C] das transportadoras e t é a espessura [m] da placa (MILANO, 2020).

SENSOR DE EFEITO HALL

Há mais de cem anos já se conhece o efeito hall, porém sua aplicação


pratica em sensores foi feita nas últimas décadas. O primeiro uso foi em 1950
em um sensor de micro-ondas. A evolução dos semicondutores fez com que os
sensores de efeito hall fossem produzidos em massa (HONEYWELL, 2016).
Segundo Milano (2020), a Alegro, fabricante do sensor utilizado nesse
trabalho, desenvolve seus sensores utilizando substrato de silício dopado com
diferentes materiais, para obter um material composto de lacunas ou portadores.
Despois disso, são montados nesse substrato o elemento de efeito hall, os
elementos ativos (transistores) e elementos passivos (resistores, indutores e
capacitores) e juntos formam um CI monolítico bastante denso, devido a sua
pequena dimensão (MILANO, 2020).

Os sensores fabricados atualmente são baratos, robustos, confiáveis,


minúsculos e fáceis de usar, por isso podemos encontrá-los em várias
aplicações, entre elas, detecção de movimento em tacômetros, chaves ou
sensores de proximidade, medidores de corrente e também em magnetômetros,
instrumentos que medem a intensidade de um campo magnético da Terra. Estão
presentes também no nosso dia a dia em teclados de computador, ignição de
carros, bicicletas de exercício, e vários outros equipamentos (WOODFORD,
2019).

O sensor hall pode ser analógico ou digital. Sensores analógicos são mais
simples e normalmente são do tipo ratiométricos, onde a tensão da saída
depende da tensão de alimentação.

Os sensores digitais podem ser classificados de acordo com sua condição


de condução, em quatro tipos: unipolar, bipolar, omnipolar e latch (Unipolar Hall-
Effect Sensor IC Basics, 2020). Os sensores unipolares só alteram sua saída na
presença de um campo magnético positivo (polo sul) e ela é desligada quando o
campo é afastado. Os bipolares alteram sua saída na presença de um polo
positivo e ela é deligada quando o campo é afastado ou o se inverte. Os
omnipolares alteram sua saída na presença dos polos sul ou norte, e ela é
deligada quando o campo é afastado. Já os sensores do tipo latch são parecidos
com os bipolares, tem sua saída alterada na presença de um polo positivo,
porém permanecem nesse estado mesmo quando o polo for afastado, a saída
só será desligada quando um polo negativo for aproximado.

Existem ainda três importantes parâmetros de operação destes sensores.


Esses parâmetros dependem da sua construção e podem ser observados no
datasheet, são eles:
• Bop - ponto de operação (operate point) - é o campo mínimo necessário
para o sensor ligar,
• Brp - ponto de liberação (release point) - quando o campo magnético cai
abaixo desse valor o dispositivo desliga.
• Bhys - histerese - é quando o campo magnético está entre os dois limites,
isso evita que o sensor oscile entre ligado e desligado, o valor é
determinado por |Bop – Brp| (RAMSDEN, 2006).

A tensão na saída do sensor hall é proporcional ao campo magnético ao


qual o ele é submetido, até atingir um certo valor e saturar.
REFERÊNCIAS

SADIKU, Matthew N.. Elementos de Eletromagnetismo. 3. ed. Porto Alegre:


Bookman, 2004.

TEIXEIRA, Mariane Mendes. Ímãs. Disponível em:


https://alunosonline.uol.com.br/fisica/imas.html. Acesso em: 17 mar. 2020.

GASPAR, Alberto. Compreendendo a Física volume 3: eletromagnetismo e


física moderna. Eletromagnetismo e Física Moderna. 2. ed. São Paulo: Ática,
2013. 458 p.

RIBEIRO, G. O. P. LIBANIO, M. A. B. SOUZA, M. A.; Movimento Moto-Perpétuo.


Anais do Congresso de Iniciação Cientifica do INATEL, Santa Rita do
Sapucaí, Brasil, pp. 138-142, 2012

HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; KRANE, Kenneth S. Fundamentos de


Física Volume 3. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.

SILVA, João Freitas da. Força magnética - carga em movimento - Regra da


mão esquerda e Força de Lorentz. 2013. Disponível em:
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/fisica/forca-magnetica---carga-em-
movimento-regra-da-mao-esquerda-e-forca-de-lorentz.htm. Acesso em: 16 mar.
2020.

KÍTOR, Glauber L. Força de Lorentz. 2010. Disponível em:


http://www.infoescola.com/fisica/forca-de-lorentz/. Acesso em: 16 mar. 2020.

BALBINOT, Alexandre; BRUSAMARELLO, Valner João. Instrumentação e


Fundamentos de Medidas - Volume 2. 2. ed. [s. L.]: Ltc, 2011.

HONEYWELL (Illinois). Hall Effect Sensing and Application. Freeport:


Honeywell Inc., 2016. 121 p. Disponível em:
sensing.honeywell.com/Hallbook.pdf. Acesso em: 4 mar. 2020.

PINTO, Janeth Fernández. Magnetomotria por Efeito Hall. 2010. 76 f.


Dissertação (Mestrado) - Curso de Física, UFPE, Recife, 2010.

MILANO, Shaun. Allegro Microsystems. Allegro Hall-Effect Sensor ICs.


Disponível em: https://www.allegromicro.com/en/Insights-and-
Innovations/Technical-Documents/Hall-Effect-Sensor-IC-Publications/Allegro-
Hall-Effect-Sensor-ICs.aspx. Acesso em: 14 mar. 2020.

WOODFORD, Chris. Explain That Stuff. Hall-effect sensors. 2019. Disponível


em: https://www.explainthatstuff.com/hall-effect-sensors.html. Acesso em: 15
mar. 2020.

Allegro. Unipolar Hall-Effect Sensor IC Basics. Disponível em:


https://www.allegromicro.com/en/Insights-and-Innovations/Technical-
Documents/Hall-Effect-Sensor-IC-Publications/Unipolar-Hall-Effect-Sensor-IC-
Basics.aspx. Acesso em: 15 mar. 2020.

RAMSDEN, Edward. Hall-Effect Sensors Theory and Applications. 1 ed.


Elsevier, 2006

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