Você está na página 1de 3

Destruição da camada de ozônio

O ozônio (03) é uma substância que apresenta efeitos distintos conforme a camada
da atmosfera em que se encontra. Ele é um dos principais poluentes encontrados na
baixa atmosfera nos grandes centros urbanos, pois entre seus formadores estão os
gases emitidos pelos veículos automotores que se transformam em ozônio por meio
de processos fotoquímicos. O ozônio é um gás tóxico para as plantas e animais, sendo
que uma exposição prolongada pode causar lesões pulmonares graves. Nas plantas,
ele reduz a capacidade de transpiração e respiração, afetando, portanto, a capacidade
de realizar a fotossíntese. No entanto, na estratosfera, numa faixa entre 15km a 50km
da superfície terrestre, o ozônio gera um efeito benéfico aos seres vivos, por isso é
comum dizer que este é o ozônio bom, enquanto na troposfera ele seria um ozônio
mau. O ozônio estratosférico, produzido naturalmente pela ação dos raios solares
sobre as moléculas de oxigênio (02), forma uma camada, daí expressão camada de
ozônio, que envolve a Terra e a protege das radiações ultravioleta do Sol. Os raios
ultravioleta (UV), com comprimento de onda de 280 a 320 nanômetros denominados
UV-B, são prejudiciais aos seres vivos, pois estes não desenvolveram defesas
naturais contra estas radiações devido a sua ausência durante milhões de anos,
graças à função de filtro desempenhada pela camada ele ozônio. Nos humanos,
quantidades ainda que pequenas de UV-B provocam queimaduras, afetam o sistema
imunológico, causam câncer de pele, doenças oculares e outros males. O UV-B
também produz efeitos adversos nas plantas e animais. Nos ecossistemas marinhos,
ele afeta a reprodução de fitoplanctons e de outros organismos, reduzindo os recursos
pesqueiros.
No início, as preocupações com o ozônio estratosférico referiam-se aos efeitos do
tráfego aéreo por aviões supersônicos. Depois, observou-se que a diminuição desse
ozônio estava relacionada com a presença de substâncias que alteram seu ciclo
natural de formação e dissociação, dentre elas as emissões de clorofluorcarbonos
(CFCs), hidrobromofluorcarbonos (CFBr), hidroclorofluorcarbonos (CHFCI), metano,
óxido nitroso e outros. Muitas dessas substâncias não existiam na natureza, como é
o caso dos CFCs, que começaram a ser produzidos comercialmente por volta de 1930
pela DuPont com o nome comercial de Freon. Por serem gases inertes na baixa
atmosfera, não corrosivos, não tóxicos e não inflamáveis, os CFCs passaram a ser
usados para muitas finalidades, como fluidos para transferência de calor em
equipamentos de refrigeração e ar condicionado, solventes na indústria
eletroeletrônica, agentes de expansão para produzir espumas plásticas, propelentes
em aerossóis etc. Os CFCs foram saudados pela comunidade científica, tecnológica
e empresarial como substâncias altamente benéficas, pois não eram corrosivos,
inflamáveis ou tóxicos, podendo substituir com vantagens o gás de amônia na
refrigeração, este sim um gás considerado muito perigoso. Levou quase 40 anos para
se verificar que eles causavam danos significativos ao meio ambiente. Em meados da
década de 1980, foi descoberto o buraco na camada de ozônio correspondente à
região da Antártida. Esse é um exemplo importante a respeito das incertezas que
cercam a criação de novos produtos quanto aos seus impactos ambientais negativos.
Com o reconhecimento da gravidade desse problema de natureza planetária, em 1985
foi assinada a Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio. Com o
Protocolo de Montreal de 1987 a essa Convenção, deu-se o início efetivo de uma
gestão internacional para eliminar as substâncias destruidoras do ozônio
estratosférico. Inicialmente foram estabelecidas metas para a redução da produção e
consumo de apenas oito substâncias dentre as mais usadas, sendo cinco CFCs e três
halons (substâncias que contêm bromo). Outras substâncias controladas foram
acrescentadas em outras Conferências das Partes, como mostra o Quadro 2.2.

Ao aderir à Convenção de Viena e ao Protocolo de Montreal, o país deve realizar


pesquisas e avaliações científicas, cooperar com outros em matéria de transferência
de tecnologia e estabelecer medidas de controle da produção e consumo das
substâncias controladas, com o objetivo de eliminá-las gradualmente de acordo com
cronogramas acordados entre as Partes. Essas medidas de controle são
estabelecidas em termos de níveis calculados de produção e consumo para cada
grupo de substância controlada (CFCs, HCFCs etc.), incluindo no consumo a
produção interna somada às importações e excluindo as exportações. Com isso,
procura-se evitar o aumento das exportações decorrentes da desativação do consumo
interno. Além disso, os países que aderirem ao Protocolo de Montreal devem proibir
as importações dessas substâncias de qualquer outro país que não fizer parte deste
acordo. O prazo final para eliminar completamente as substâncias controladas pelo
Protocolo de Montreal e suas Emendas é o ano de 2010 nos países em
desenvolvimento, como é o caso do Brasil.
Para apoiar as medidas de redução da produção e consumo das substâncias
controladas nos países em desenvolvimento, foi criado em 1990 um Fundo Multilateral
constituído por contribuições dos países desenvolvidos, tendo como órgãos de apoio
o PNUMA, PNUD, Unido e o Banco Mundial. Desde a sua criação, esse Fundo já
investiu cerca de US$ 1,4 bilhão em projetos e programas para reduzir as substâncias
controladas pelo Protocolo de Montreal. Muitas oportunidades de negócios surgiram
em decorrência da implementação das medidas estabelecidas pelo Protocolo de
Montreal e suas emendas, desencadeando uma verdadeira corrida tecnológica para
encontrar substitutos para as substâncias controladas, como o hidrofluoreter (HFE),
desenvolvido pela 3M. Os hidrofluorcarbonos (HFC) têm sido usados no lugar dos
CFCs, mas deverão ser substituídos futuramente por serem também gases ele efeito
estufa. Os halons usados em extintores ele incêndio estão sendo substituídos por C02,
água e outras substâncias inertes à camada de ozônio.
Com a implementação desse Protocolo e suas emendas, já se observam boas notícias
nesse front, embora haja muito ainda a ser feito. O consumo de CFC caiu de 1,1
milhão de toneladas em 1986 para 156 mil em 1998. O uso dos CFCs em espumas
foi reduzido em mais de 90%, considerando o valor máximo observado em 1988. O
uso do HCFC também registra redução em relação ao ano de 2000, quando se
observou a sua máxima utilização.
Também é significativa a redução do brometo de metila e de muitas outras substâncias
controladas. A taxa anual negativa de Mudança da Concentração de CFC-11
mostrada na Tabela 2.1 é resultado desse esforço de gestão ambiental de
abrangência global, conduzido por um acordo multilateral. Diferentemente do que
ocorre com o aquecimento global, esse é um exemplo razoavelmente bem-sucedido
de gestão ambiental global.

Você também pode gostar