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Meteorologia
Poluição Atmosférica
Rita Yuri Ynoue
Michelle S. Reboita
Tércio Ambrizzi
Gyrlene A. M. da Silva
Nathalie T. Boiaski
10.1 Introdução
10.2 Tipos e fontes de poluentes atmosféricos
10.2.1 Classificação dos poluentes
10.2.2 Principais poluentes atmosféricos
10.3 Ozônio na troposfera
10.3.1 Química básica do ozônio
10.4 Ozônio na Estratosfera
10.4.1 Buraco da camada de ozônio
10.4.2 Medida da concentração de O3 na camada de ozônio
10.5 Fatores atmosféricos que afetam a poluição
10.5.1 Vento
10.5.2 Estabilidade e Inversão Térmica
10.6 Poluição atmosférica e ambientes urbanos
10.6.1 Ilha de calor
10.6.2 Deposição ácida
Referências
10.1 Introdução
Este texto trata da poluição atmosférica. Iniciaremos com as definições de poluentes
atmosféricos e apresentaremos os principais compostos presentes numa atmosfera urbana
poluída: material particulado, monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e de enxofre e ozônio.
Neste momento, será oportuno distinguir o ozônio troposférico do ozônio estratosférico
e introduzir o conceito de camada de ozônio mostrando como ela está sendo destruída.
É importante destacar que os poluentes atmosféricos estão concentrados nas camadas mais
próximas da superfície da Terra, na baixa troposfera, enquanto que a camada de ozônio
encontra-se na estratosfera.
Os principais fatores meteorológicos que afetam a poluição do ar nas camadas mais baixas da
troposfera também serão discutidos. Uma vez que, as atividades urbanas têm se destacado como
principais fontes de poluição atmosférica. Outro tema abordado neste texto será os efeitos da
poluição nos ambientes urbanos (ilhas de calor e deposição ácida).
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Antes de iniciarmos a descrição dos poluentes atmosféricos é importante destacar que nem
todos os gases poluentes são gases de efeito estufa e vice-versa. Por exemplo, o dióxido de
carbono (CO2) é um gás de efeito estufa, mas não é considerado poluente atmosférico.
O CONAMA, entre outras competências, estabelece normas, critérios e padrões relativos ao
controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente. O CONAMA define os padrões de
qualidade do ar da seguinte forma:
(...) as concentrações de poluentes atmosféricos que, ultrapassadas, poderão
afetar a saúde, a segurança e o bem-estar da população, bem como ocasionar danos
à flora e à fauna, aos materiais e ao meio ambiente em geral.
I. Padrões Primários de Qualidade do Ar são as concentrações de poluentes que,
ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população.
II. Padrões Secundários de Qualidade do Ar são as concentrações de poluentes
abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem-estar da
população, assim como o mínimo dano à fauna, à flora, aos materiais e ao
meio ambiente em geral.
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Tabela 10.1: Padrões nacionais de qualidade do ar (Resolução do CONAMA, nº 3, de 28/6/90). / Fonte: adaptado de CETESB,2010.
40.000 40.000
Monóxido de 1 hora1 35 ppm 35 ppm Infravermelho
carbono 8 horas1 10.000 10.000 não dispersivo
9 ppm 9 ppm
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ficar suspensas na atmosfera por volta de um dia, antes de se depositar nas superfícies. A esse
processo denominamos de deposição seca (por exemplo, a poeira que se acumula nos móveis
de casa). Entretanto, quanto menor a partícula, mais tempo ela tende a ficar na atmosfera.
Partículas menores que 1mm podem ficar várias semanas suspensas na atmosfera. Além da
deposição seca, os processos de deposição úmida também auxiliam na remoção deste MP
da atmosfera. A deposição úmida pode ser dividida em duas classes: “dentro de nuvens
(in cloud)” e “fora de nuvens (below cloud)”. A remoção de MP por processos “dentro de nuvens
(in cloud)” ocorre quando o MP age como um núcleo de condensação e, ao seu redor, a água é
incorporada, originando uma gota de nuvem. A remoção “fora de nuvens (below cloud)” ocorre
quando o MP é carregado por gotas de nuvem ou chuva já formadas.
É o principal poluente em áreas urbanas. É um gás incolor e inodoro que resulta da queima
incompleta de combustíveis de origem orgânica (combustíveis fósseis, biomassa etc). Assim,
sua principal fonte é a frota veicular. Altas concentrações de CO são encontradas em áreas de
intensa circulação de veículos.
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Apesar de não serem poluentes legislados pelo CONAMA, são importantes no estudo da
química atmosférica. Representam uma classe de compostos orgânicos formados principalmente
de hidrocarbonetos. À temperatura ambiente, podem ser encontrados na forma de gás, sólido
ou líquido. A variedade de compostos é enorme, mas o metano (que se encontra na forma
gasosa, é emitido também por fontes naturais e não apresenta risco à saúde) é o COV mais
abundante. Assim, quando nos referirmos aos COVs, estaremos considerando os compostos
orgânicos voláteis, com exceção do metano. Nas cidades, esses gases e vapores resultam da
queima incompleta e evaporação de combustíveis e de outros produtos orgânicos voláteis.
Diversos hidrocarbonetos, como o benzeno, são cancerígenos e mutagênicos, não havendo
uma concentração no ambiente totalmente segura. Eles participam ativamente das reações de
formação da “névoa fotoquímica”.
A névoa fotoquímica, também chamada de smog fotoquímico, recebe tal denominação por
causar a diminuição de visibilidade na atmosfera.
São as somas de óxido de nitrogênio (NO) e dióxido de nitrogênio (NO2), que são gases
formados durante processos de combustão em altas temperaturas, quando o gás nitrogênio
(N2) do ar reage com o oxigênio (O2). Em grandes cidades, os veículos geralmente são os
principais responsáveis pela emissão dos óxidos de nitrogênio. O NO é oxidado rapidamente
na atmosfera para NO2 e tem papel importante na formação de oxidantes fotoquímicos,
como o ozônio. Dependendo das concentrações, o NO2 pode causar prejuízos à saúde.
Ozônio (O3)
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Além de prejuízos à saúde, o ozônio pode causar danos à vegetação. É sempre bom
ressaltar que o ozônio encontrado na faixa de ar próxima ao solo (troposfera, onde respiramos)
é chamado de “mau ozônio”, pois é tóxico. Entretanto, na estratosfera (a cerca de 25 km
de altitude), o ozônio tem a importante função de proteger a Terra dos raios ultravioleta
emitidos pelo Sol, como se fosse um filtro.
A luz solar, com radiação de comprimentos de onda menores que 0,41 µm (aqui representada
como hν), dissocia o dióxido de nitrogênio em óxido nítrico e oxigênio atômico:
10.1
NO2 + hν → NO + O
O oxigênio atômico, por sua vez, combina-se com um oxigênio molecular na presença de
uma terceira molécula (M, normalmente N2, pois é a molécula mais abundante na atmosfera),
formando o ozônio:
O + O2 + M → O3 + M 10.2
O3 + NO → NO2 + O2 10.3
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Figura 10.1: Esquema simplificado das reações que formam eventos de “smog fotoquímico”. / Fonte: adaptado de Adalgiza Fornaro, IAG/USP.
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Figura 10.6: Média mensal do Ozônio Total para o mês de setembro de 1995 a 2007. Fonte: WDC.
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Além disso, nota-se que, mesmo com a estabilização das concentrações de CFCs na tropos-
fera, a área do buraco de ozônio aumenta a cada ano, começando cada vez mais cedo (meados
de agosto) e terminando cada vez mais tarde (dezembro).
Figura 10.7: Variação da área do buraco de ozônio entre 1995 e 2006. / Fonte: adaptado de WDC.
10.5.1 Vento
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Figura 10.8: (a) atmosfera instável e (b) atmosfera estável, caracterizando uma inversão térmica.
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Figura 10.9: Acúmulo da poluição emitida pelos veículos e outras fontes poluidoras em
uma região metropolitana.
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É uma anomalia térmica, onde o ar da cidade se torna mais quente que o das regiões
vizinhas. Os efeitos da ilha de calor são bons exemplos das modificações causadas pelo homem
na atmosfera. As ilhas de calor surgem a partir do momento em que se modifica o uso do
solo, ou seja, superfícies “naturais” são pavimentadas, ocupadas por edifícios e outros tipos de
infraestrutura. Algumas modificações que contribuem para que as temperaturas urbanas sejam
maiores são:
• retirar árvores e vegetação implica diminuir os efeitos naturais do resfriamento, como
sombreamento e evapotranspiração.
• o ar quente pode ficar preso entre prédios altos e ruas estreitas, diminuindo a circulação do ar.
• o calor emitido por veículos, indústrias e diversos equipamentos podem aquecer o ar mais
próximo, intensificando o efeito da ilha de calor.
• uma grande quantidade de poluentes na atmosfera (dióxido de carbono) absorve mais a
radiação terrestre.
O ar frio rodeia a ilha de calor: a zona rural, com sua vegetação natural, torna-se uma região
mais fria; a zona urbana, com seu material característico na construção de prédios, áreas comer-
ciais e residenciais, cria uma região mais quente (Figura 10.10). Esse contraste térmico pode
gerar circulações locais, intensificando movimentos verticais sobre as ilhas de calor, como mos-
trado na figura. O acoplamento entre movimentos verticais mais intensos e a entrada da brisa
marítima na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, pode levar à maior precipitação
sobre a região urbana quando comparada à região mais periférica. Essa região (urbana) quase
totalmente pavimentada e sem superfícies de infiltração, ao receber uma grande quantidade de
chuva, acaba sofrendo com enchentes, como vem sendo sempre noticiado nos meses de verão.
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a b
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Referências
Ahrens, C. D. Meteorology today: an introduction to weather, climate, and the environment.
Belmont, CA: Brooks/Cole, Cengage Learning, 2009.
Blogspot. Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_H7FikL4Q7oY/SfifwVlpo9I/
AAAAAAAAACc/TfKMRA4BwEI/s320/imagem1.JPG>. [s.d].
Canal Ciência. Disponível em: <http://www.canalciencia.ibict.br/manutencao/arquivos/
pesquisa/00108_4.jpg>.[s.d].
CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental/Secretaria do Meio Ambiente.
Relatório de qualidade do ar no estado de São Paulo: Relatório técnico. São Paulo: CETESB, 2009.
Chapman, S. A. Theory of Upper Atmospheric Ozone. Q. J. Roy. Meteorol.Soc., Mem. 3,
p.103-125, 1930.
Lombardo, M. A. Ilha de calor nas metrópoles: o exemplo de São Paulo. São Paulo: Editora
Hucitec, 1985, 244 p.
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Disponível em: <http://www.ccpo.odu.edu/~lizsmith/SEES/ozone/oz_class.htm>. Acesso
em: 08/2011.
NOAA - National Oceanic and Atmospheric Administration. Disponível em: <http://www.
esrl.noaa.gov/research/themes/o3/pdf/OzoneIntro.pdf>. [s.d].
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Glossário
Chuva ácida: qualquer forma de precipitação (envolvendo ou não a água) com elevados níveis de ácidos
nétrico e sulfúrico. Portanto, a chuva ácida está associada tanto com a deposição seca e úmida.
Deposição seca: queda de pequenas partículas e gases sobre a superfície terrestre, sem haver chuva,
granizo, neve e nevoeiro.
Deposição úmida: processo pelo qual os aerossóis e gases são removidos da atmosfera e depositados na
superfície terrestre através da chuva, granizo, neve e nevoeiro.
Evapotranspiração: O termo evapotranspiração está relacionado à evaporação da água do solo, rios,
lagos, represas, oceanos etc. e à transpiração das plantas.
Hidrocarbonetos: Compostos orgânicos formados por carbono e hidrogênio.
Inversão térmica: quando uma camada de ar frio encontra-se abaixo de uma de ar quente. Como o ar
frio é mais denso ele não consegue ascender verticalmente. Assim, em geral, não haverá dispersão
de poluentes.
Poluente atmosférico: qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em quantidade,
concentração, tempo ou características em desacordo com os níveis estabelecidos pelo conselho
nacional do meio ambiente (CONAMA) e que causem problemas ao homem, fauna e flora.
Poluentes primários: aqueles que são emitidos diretamente por uma fonte.
Poluentes secundários: aqueles que são formados na atmosfera, por exemplo, por reações químicas entre
poluentes primário e constituintes naturais da atmosfera.
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